Capítulo Único
POV’ null
Ergui meus olhos para o céu enquanto soltava a fumaça do cigarro que eu tinha em mãos mais uma vez. Eu estava no meio do nada, na divisa do estado, sentado em cima do capô do meu carro, fumando e pensando no quanto minha vida estava fodida.
Eu conseguira ferrar tudo com a melhor garota que iria conhecer em toda a minha vida. Ela já deveria saber que se meter com alguém como eu daria nisso. Um filho da puta com fama de encrenqueiro conseguira chamar a atenção de um anjo. Um anjo chamado null null.
Deixei um sorriso aparecer em meus lábios ao pensar nela e em como ela me envolvera, a ponto de me ter completamente apaixonado por ela.
Foram os melhores 6 meses da minha vida.
Flashback 2 meses atrás.
- Anda, null a voz dela soou com aquele tom divertido, enquanto ela subia a colina correndo, como se sua vida dependesse daquilo. Ri, começando a correr, tomando cuidado para não ultrapassá-la; isso sempre a deixava brava.
Quando nós chegamos ao topo, ela já havia diminuído consideravelmente o passo, mas eu ainda continuava atrás, abraçando-a pela cintura e a ouvindo rir.
- Percebeu que eu ganhei, né? – disse, só para me provocar, virando o rosto em minha direção e mordendo o lábio.
- Claro que percebi, você sempre ganha – disse, irônico, dando um selinho nela logo em seguida. Ela abriu a boca para dizer algo, mas desistiu, olhando para cima e encarando o céu extremamente estrelado. Eu me sentei no chão e a puxei pela mão, deixando-a encaixada entre minhas pernas.
Ela apoiou a cabeça em meu ombro e segurou minhas mãos, trazendo-as para sua barriga, num silêncio que estava me incomodando.
null era uma garota que pensava demais, e isso sempre a deixava triste, pois o que tomava seus pensamentos nesses momentos eram, quase sempre, seus problemas.
- Um beijo por seus pensamentos – eu disse, tentando soar casual, depositando um beijo em seu pescoço.
- Eu sonhei com isso – disse séria, e eu franzi a testa em confusão.
- Com isso...? – ela me olhou com um sorrisinho torto.
- Com o dia em que alguém me seguraria como se nada no mundo pudesse me atingir – ela passou o dedo por minhas mãos. – E olha só quanta ironia. Encontrei isso com um garoto problema – eu ri do termo dela e a beijei, deixando aquilo durar por um tempo e encostando minha testa na dela, permanecendo com os olhos fechados.
- Eu estou aqui com você, null, e não vou deixar ninguém te machucar – eu disse em um sussurro.
- Eu não sei como você consegue ser capaz de se detestar – ela se afastou para me olhar e eu abri meus olhos. – Você é incrível, null. Todos nós temos defeitos, é claro. Mas você... – ela sorriu. – Você não faz nem ideia do quanto eu te amo – aquilo me pegou desprevenido. Não era como se eu não soubesse. Mas ela nunca havia dito aquilo para mim. Ninguém nunca havia dito.
Engoli em seco, sem saber o que responder. É claro que eu a amava, mas como dizer aquilo para ela? Ela sorriu, como se entendesse meu conflito interno, e voltou a olhar para as estrelas. Meu corpo estava tenso e meus pensamentos, confusos. Já null, parecia ter esquecido a situação, completamente relaxada em meus braços.
- Eu sou paciente, sabe? – a voz dela soou novamente. – Eu sei que você ainda vai dizer – senti vontade de rir da forma como ela parecia me entender. – E você também sabe.
É, eu sabia.
Flashback off
Sai de cima do capô do carro e joguei meu cigarro no chão, pisando em cima dele em seguida, amassando-o e passando as mãos pelo cabelo.
Eu estava perdido. Ela nunca voltaria para mim. Por que diabos eu fui beber naquela noite? E por que droga de motivo eu não me lembrava de nada? Quando null jogara todas aquelas fotos em mim enquanto chorava, eu juro que nunca me senti tão miserável em toda a minha vida. Então eu havia comido a vadia da null sob efeito do álcool? Isso só podia ser um puto azar mesmo.
Encarei a estrada minha frente e pesei minha opções. Eu tinha quase certeza de que ela estaria me odiando, e com razão, mas eu não podia perdê-la. Isso seria admitir para mim mesmo que eu fracassara, até mesmo com ela. E, com esse pensamento, eu abri a porta do carro e fui, o mais rápido possível, ao encontro de minha garota.
POV’ null null
- Você pode, por favor, sair dessa droga de cama, null? – a voz de null soou alta e eu sequer abri meus olhos. – É sério, eu vim dormir aqui hoje pra fazer você sair desse transe, e você sabe que eu nunca desisto.
- null, cala a boca. Eu só quero ficar aqui. Quieta. Sem ninguém pra perturbar. Eu estou bem – tentei parecer convincente, mas não funcionou.
- Você é minha amiga desde que eu me entendo por gente. Eu sei que você está tudo, menos bem – suspirei e me sentei na cama.
- Okay, o que você quer que eu faça? Não vou sair de casa – ela revirou os olhos.
- Sei que não, idiota. Mas pelo menos levante, vamos conversar, como nos velhos tempos, lembra? Você terminou um relacionamento com um idiota, não comigo – cerrei os olhos por ela ter tocado no assunto proibido e ela ergueu as como mãos, como se dissesse eu sou inocente.
- Você sabe que eu não quero falar dele – comentei baixo.
- Amiga... – ela começou meio incerta. – Você sabe que precisa desabafar. Não adianta nada ficar aí, calada. Isso faz mal.
- Eu sei, mas é que... – passei as mãos pelo meu cabelo, frustrada. – Se eu começar a falar dele, eu vou começar a chorar, e vou começar a falar do quanto eu o amo, e da vontade louca de perdoá-lo que eu estou sentindo neste exato segundo – desabafei ,vendo a expressão vazia de null enquanto ela me observava.
- Então é isso? – ela me perguntou e eu a olhei, sem entender. – Você quer perdoá-lo?
- Eu o amo, null. Muito. Eu faria qualquer coisa por ele – suspirei. – Eu sou uma imbecil.
- Você acha que dormir com a null significou algo para ele? – ela perguntou, parecendo pensativa.
- Sinceramente? Eu acho que não – admiti. – Mas, ainda assim, ele fez.
- Liga pra ele – ela disse, simplesmente, e eu abri a boca, em choque.
- O quê? Eu não vou ligar pra ele!
- Vai sim. Quer saber, null? Eu nunca vi você tão feliz, e acho que eu posso afirmar que algo mudou no imbecil do null no tempo em que ele esteve com você. Eu ainda não gosto muito dele, mas eu te amo. E se ficar com ele é o que vai te fazer feliz, por que desistir de tudo por uma simples transa que ele teve com uma vadia enquanto estava sem condições de ficar de pé? E quem garante que aconteceu? Você sabe o quanto a null te odeia. Ela seria capaz – me sobressaltei com o toque de meu celular e li o nome de null escrito, indicando que ele estava ligando, e meu coração acelerou.
null me encarou e ergueu a sobrancelha. Peguei o telefone, hesitante, fechei os olhos enquanto respirava fundo e atendi.
- Não desliga na minha cara, por favor – a voz dele soou do outro lado, fazendo-me morder o lábio. Eu sentira tanta falta daquele som. – null, eu preciso que você me perdoe. Você não tem ideia do quanto eu preciso disso. Eu sei que ferrei tudo, mas... Droga! – eu o ouvi respirar fundo. – Eu te amo. – finalizou baixo, parecendo ter medo até mesmo de se ouvir.
O quanto aquilo era irônico? Ficamos juntos durante seis meses e ele resolve me dizer isso quando estava tudo acabado.
- null? – a voz dele soou fraca.
- Eu realmente não sei o que você quer que eu diga – engoli em seco e segurei as lágrimas.
- Olha, eu tô em frente a sua casa – ele disse e eu finalmente abri os olhos. – Se você resolver me dar outra chance, vem pra mim. Eu juro que nunca mais bebo na minha vida. Só me deixa tentar. Por favor – respirei fundo e desliguei o telefone.
Minha decisão estava tomada.
Flashback 6 meses atrás.
Eu procurava null pelo pátio do colégio e tinha certeza de que já havia ido pelo menos duas vezes em cada canto daquele espaço, e a garota não estava em lugar algum. Parei, já cansada, e coloquei as mãos na cintura, enquanto olhava ao meu redor. E foi ai que eu o vi.
null null era o garoto-problema do colégio. Pelo menos metade da população feminina dali já havia dado em cima dele. Os boatos sobre quem ele pegava eram inevitáveis, mas, ainda assim, estava sempre sozinho. O observei sentado abaixo de uma árvore, perto de onde eu estava, vendo-o retirar o cigarro da boca e soltar a fumaça, e revirei os olhos. Podia não parecer, mas aquilo ainda era um colégio. A diretora devia seguir os clichês e suspendê-lo por qualquer besteira, e não fingir que não via o que ele aprontava. Comecei a caminhar na direção dele e me joguei ao seu lado, encarando-o e esperando que ele me desse atenção.
- Você sabe que é proibido fumar dentro da área do colégio, certo? – eu disse, após um tempo.
- E você é o quê? A nova inspetora? – disse irônico, mas ainda não me olhava.
- Não, mas queria avisar. A senhora Dawson não vai cobrir suas violações para sempre – ele me encarou e arqueou a sobrancelha.
- E o que te faz pensar que ela cobre minhas violações? – eu ri.
- Ninguém aqui apronta tanto sem ser pego. E você não é discreto – ele deu de ombros e tragou novamente o cigarro, em seguida jogando-o no chão e amassando com o sapato.
- Meu nome é null – estendi a mão para ele, numa tentativa de apresentação, e ele novamente arqueou a sobrancelha.
- Oi, null – ele disse, apertando minha mão e se levantando depois.
- Ei, não é assim que as pessoas se apresentam! – eu disse, também me levantando.
- Se você sabe o que eu faço, também sabe meu nome – disse, como se fosse óbvio, e eu revirei os olhos, mas então avistei null do outro lado do pátio, pendurada no pescoço do novo namorado.
- Okay, null. Eu preciso ir. Te vejo na aula de química. Você será meu novo parceiro – ele me encarou meio chocado e eu ri. – Acabei de perder minha parceira e você não tem dupla – pisquei para ele. – Não precisa agradecer – então me virei e saí dali, sem aguardar resposta.
Flashback off
POV’ null
Então era isso.
Não haveria volta. Ela finalmente estava farta de mim.
Eu não me permiti chorar, apenas abri a porta do carro e me sentei ali, batendo-a em seguida e apoiando minha cabeça no volante. De todas as merdas que eu fizera, nada se comparava ao fato de tê-la feito ir embora. Quando eu tomei coragem para dizer que eu a amava, ela decidia que não me queria. O que isso dizia sobre mim?
Me sobressaltei com batidas em minha janela e ergui a cabeça para ver quem era, deparando-me com a minha garota ali. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios e quando ela deu um passo para trás, eu abri a porta e saí, ficando parado em sua frente, controlando-me para não beijá-la. Seu cabelo estava preso em uma trança de lado e ela abraçava a si mesma, provavelmente com frio, já que a blusa que vestia era fina.
- Você veio – eu disse, como o grande idiota que sou, e ela me encarou sem expressão.
- É – respondeu. – Mas isso não significa que eu te perdoei – Não. Qualquer vestígio de sorriso sumiu de meus lábios.
- null... – comecei, mas ela me interrompeu.
- null... – meu nome soou como tortura em sua voz. Como se dizê-lo fosse difícil. – Eu não consigo simplesmente te perdoar agora. Mas eu não consigo parar de amar você, também. Acredite, eu tentei – somente imaginá-la tentando seguir em frente fez meu estômago revirar. Eu era um filho da puta egoísta. – Não dá para ignorar os fatos, null – ela avançou para perto de mim, os olhos marejados. – Não dá pra fingir que você não dormiu com outra. Não dá pra fingir que você não fodeu toda a nossa relação, mas também não dá pra fingir que você não significa nada pra mim. Porque eu te amo mais do que a mim mesma – ela riu sem humor. – Isso não é loucura?
- É. Muita loucura – eu me aproximei a ponto de colar nossos corpos e pegar o rosto dela em minhas mãos. – Mas acredite, eu te entendo perfeitamente. Essa sensação de que eu nunca ficaria bem novamente se você não estivesse comigo me atormentou durante toda a droga desse mês. Eu não estou pedindo pra você esquecer, meu amor. Eu só quero tentar. Tentar fazer isso dar certo com você. Porque eu te amo mais do que a mim mesmo – repeti sua frase e ela riu. – Você pode fazer isso? Você pode tentar comigo? – colei nossas testas e fechei os olhos.
- Eu acho que sim – a voz dela era baixa, quase um sussurro, e eu sorri, enlaçando sua cintura com meus braços, e ela apoiou as mãos em meu peito.
Então eu a beijei. Primeiro seu lábio superior e em seguida o inferior. Quando sua boca se entreabriu, eu a invadi com minha língua, sentindo a resposta dela instantaneamente.
Aquilo nunca perderia a graça. A forma como ela puxava meu cabelo agora e se deixava ser beijada por mim nunca iria me enjoar, simplesmente porque eu a amava. Ela partiu o beijo, mas continuou com o rosto próximo ao meu, nossas bocas ainda roçando uma na outra.
- Essa é sua segunda chance, null – sussurrou. – Não a jogue fora – eu capturei novamente seus lábios com os meus em resposta.
Eu não iria.
Ergui meus olhos para o céu enquanto soltava a fumaça do cigarro que eu tinha em mãos mais uma vez. Eu estava no meio do nada, na divisa do estado, sentado em cima do capô do meu carro, fumando e pensando no quanto minha vida estava fodida.
Eu conseguira ferrar tudo com a melhor garota que iria conhecer em toda a minha vida. Ela já deveria saber que se meter com alguém como eu daria nisso. Um filho da puta com fama de encrenqueiro conseguira chamar a atenção de um anjo. Um anjo chamado null null.
Deixei um sorriso aparecer em meus lábios ao pensar nela e em como ela me envolvera, a ponto de me ter completamente apaixonado por ela.
Foram os melhores 6 meses da minha vida.
Flashback 2 meses atrás.
- Anda, null a voz dela soou com aquele tom divertido, enquanto ela subia a colina correndo, como se sua vida dependesse daquilo. Ri, começando a correr, tomando cuidado para não ultrapassá-la; isso sempre a deixava brava.
Quando nós chegamos ao topo, ela já havia diminuído consideravelmente o passo, mas eu ainda continuava atrás, abraçando-a pela cintura e a ouvindo rir.
- Percebeu que eu ganhei, né? – disse, só para me provocar, virando o rosto em minha direção e mordendo o lábio.
- Claro que percebi, você sempre ganha – disse, irônico, dando um selinho nela logo em seguida. Ela abriu a boca para dizer algo, mas desistiu, olhando para cima e encarando o céu extremamente estrelado. Eu me sentei no chão e a puxei pela mão, deixando-a encaixada entre minhas pernas.
Ela apoiou a cabeça em meu ombro e segurou minhas mãos, trazendo-as para sua barriga, num silêncio que estava me incomodando.
null era uma garota que pensava demais, e isso sempre a deixava triste, pois o que tomava seus pensamentos nesses momentos eram, quase sempre, seus problemas.
- Um beijo por seus pensamentos – eu disse, tentando soar casual, depositando um beijo em seu pescoço.
- Eu sonhei com isso – disse séria, e eu franzi a testa em confusão.
- Com isso...? – ela me olhou com um sorrisinho torto.
- Com o dia em que alguém me seguraria como se nada no mundo pudesse me atingir – ela passou o dedo por minhas mãos. – E olha só quanta ironia. Encontrei isso com um garoto problema – eu ri do termo dela e a beijei, deixando aquilo durar por um tempo e encostando minha testa na dela, permanecendo com os olhos fechados.
- Eu estou aqui com você, null, e não vou deixar ninguém te machucar – eu disse em um sussurro.
- Eu não sei como você consegue ser capaz de se detestar – ela se afastou para me olhar e eu abri meus olhos. – Você é incrível, null. Todos nós temos defeitos, é claro. Mas você... – ela sorriu. – Você não faz nem ideia do quanto eu te amo – aquilo me pegou desprevenido. Não era como se eu não soubesse. Mas ela nunca havia dito aquilo para mim. Ninguém nunca havia dito.
Engoli em seco, sem saber o que responder. É claro que eu a amava, mas como dizer aquilo para ela? Ela sorriu, como se entendesse meu conflito interno, e voltou a olhar para as estrelas. Meu corpo estava tenso e meus pensamentos, confusos. Já null, parecia ter esquecido a situação, completamente relaxada em meus braços.
- Eu sou paciente, sabe? – a voz dela soou novamente. – Eu sei que você ainda vai dizer – senti vontade de rir da forma como ela parecia me entender. – E você também sabe.
É, eu sabia.
Flashback off
Sai de cima do capô do carro e joguei meu cigarro no chão, pisando em cima dele em seguida, amassando-o e passando as mãos pelo cabelo.
Eu estava perdido. Ela nunca voltaria para mim. Por que diabos eu fui beber naquela noite? E por que droga de motivo eu não me lembrava de nada? Quando null jogara todas aquelas fotos em mim enquanto chorava, eu juro que nunca me senti tão miserável em toda a minha vida. Então eu havia comido a vadia da null sob efeito do álcool? Isso só podia ser um puto azar mesmo.
Encarei a estrada minha frente e pesei minha opções. Eu tinha quase certeza de que ela estaria me odiando, e com razão, mas eu não podia perdê-la. Isso seria admitir para mim mesmo que eu fracassara, até mesmo com ela. E, com esse pensamento, eu abri a porta do carro e fui, o mais rápido possível, ao encontro de minha garota.
POV’ null null
- Você pode, por favor, sair dessa droga de cama, null? – a voz de null soou alta e eu sequer abri meus olhos. – É sério, eu vim dormir aqui hoje pra fazer você sair desse transe, e você sabe que eu nunca desisto.
- null, cala a boca. Eu só quero ficar aqui. Quieta. Sem ninguém pra perturbar. Eu estou bem – tentei parecer convincente, mas não funcionou.
- Você é minha amiga desde que eu me entendo por gente. Eu sei que você está tudo, menos bem – suspirei e me sentei na cama.
- Okay, o que você quer que eu faça? Não vou sair de casa – ela revirou os olhos.
- Sei que não, idiota. Mas pelo menos levante, vamos conversar, como nos velhos tempos, lembra? Você terminou um relacionamento com um idiota, não comigo – cerrei os olhos por ela ter tocado no assunto proibido e ela ergueu as como mãos, como se dissesse eu sou inocente.
- Você sabe que eu não quero falar dele – comentei baixo.
- Amiga... – ela começou meio incerta. – Você sabe que precisa desabafar. Não adianta nada ficar aí, calada. Isso faz mal.
- Eu sei, mas é que... – passei as mãos pelo meu cabelo, frustrada. – Se eu começar a falar dele, eu vou começar a chorar, e vou começar a falar do quanto eu o amo, e da vontade louca de perdoá-lo que eu estou sentindo neste exato segundo – desabafei ,vendo a expressão vazia de null enquanto ela me observava.
- Então é isso? – ela me perguntou e eu a olhei, sem entender. – Você quer perdoá-lo?
- Eu o amo, null. Muito. Eu faria qualquer coisa por ele – suspirei. – Eu sou uma imbecil.
- Você acha que dormir com a null significou algo para ele? – ela perguntou, parecendo pensativa.
- Sinceramente? Eu acho que não – admiti. – Mas, ainda assim, ele fez.
- Liga pra ele – ela disse, simplesmente, e eu abri a boca, em choque.
- O quê? Eu não vou ligar pra ele!
- Vai sim. Quer saber, null? Eu nunca vi você tão feliz, e acho que eu posso afirmar que algo mudou no imbecil do null no tempo em que ele esteve com você. Eu ainda não gosto muito dele, mas eu te amo. E se ficar com ele é o que vai te fazer feliz, por que desistir de tudo por uma simples transa que ele teve com uma vadia enquanto estava sem condições de ficar de pé? E quem garante que aconteceu? Você sabe o quanto a null te odeia. Ela seria capaz – me sobressaltei com o toque de meu celular e li o nome de null escrito, indicando que ele estava ligando, e meu coração acelerou.
null me encarou e ergueu a sobrancelha. Peguei o telefone, hesitante, fechei os olhos enquanto respirava fundo e atendi.
- Não desliga na minha cara, por favor – a voz dele soou do outro lado, fazendo-me morder o lábio. Eu sentira tanta falta daquele som. – null, eu preciso que você me perdoe. Você não tem ideia do quanto eu preciso disso. Eu sei que ferrei tudo, mas... Droga! – eu o ouvi respirar fundo. – Eu te amo. – finalizou baixo, parecendo ter medo até mesmo de se ouvir.
O quanto aquilo era irônico? Ficamos juntos durante seis meses e ele resolve me dizer isso quando estava tudo acabado.
- null? – a voz dele soou fraca.
- Eu realmente não sei o que você quer que eu diga – engoli em seco e segurei as lágrimas.
- Olha, eu tô em frente a sua casa – ele disse e eu finalmente abri os olhos. – Se você resolver me dar outra chance, vem pra mim. Eu juro que nunca mais bebo na minha vida. Só me deixa tentar. Por favor – respirei fundo e desliguei o telefone.
Minha decisão estava tomada.
Flashback 6 meses atrás.
Eu procurava null pelo pátio do colégio e tinha certeza de que já havia ido pelo menos duas vezes em cada canto daquele espaço, e a garota não estava em lugar algum. Parei, já cansada, e coloquei as mãos na cintura, enquanto olhava ao meu redor. E foi ai que eu o vi.
null null era o garoto-problema do colégio. Pelo menos metade da população feminina dali já havia dado em cima dele. Os boatos sobre quem ele pegava eram inevitáveis, mas, ainda assim, estava sempre sozinho. O observei sentado abaixo de uma árvore, perto de onde eu estava, vendo-o retirar o cigarro da boca e soltar a fumaça, e revirei os olhos. Podia não parecer, mas aquilo ainda era um colégio. A diretora devia seguir os clichês e suspendê-lo por qualquer besteira, e não fingir que não via o que ele aprontava. Comecei a caminhar na direção dele e me joguei ao seu lado, encarando-o e esperando que ele me desse atenção.
- Você sabe que é proibido fumar dentro da área do colégio, certo? – eu disse, após um tempo.
- E você é o quê? A nova inspetora? – disse irônico, mas ainda não me olhava.
- Não, mas queria avisar. A senhora Dawson não vai cobrir suas violações para sempre – ele me encarou e arqueou a sobrancelha.
- E o que te faz pensar que ela cobre minhas violações? – eu ri.
- Ninguém aqui apronta tanto sem ser pego. E você não é discreto – ele deu de ombros e tragou novamente o cigarro, em seguida jogando-o no chão e amassando com o sapato.
- Meu nome é null – estendi a mão para ele, numa tentativa de apresentação, e ele novamente arqueou a sobrancelha.
- Oi, null – ele disse, apertando minha mão e se levantando depois.
- Ei, não é assim que as pessoas se apresentam! – eu disse, também me levantando.
- Se você sabe o que eu faço, também sabe meu nome – disse, como se fosse óbvio, e eu revirei os olhos, mas então avistei null do outro lado do pátio, pendurada no pescoço do novo namorado.
- Okay, null. Eu preciso ir. Te vejo na aula de química. Você será meu novo parceiro – ele me encarou meio chocado e eu ri. – Acabei de perder minha parceira e você não tem dupla – pisquei para ele. – Não precisa agradecer – então me virei e saí dali, sem aguardar resposta.
Flashback off
POV’ null
Então era isso.
Não haveria volta. Ela finalmente estava farta de mim.
Eu não me permiti chorar, apenas abri a porta do carro e me sentei ali, batendo-a em seguida e apoiando minha cabeça no volante. De todas as merdas que eu fizera, nada se comparava ao fato de tê-la feito ir embora. Quando eu tomei coragem para dizer que eu a amava, ela decidia que não me queria. O que isso dizia sobre mim?
Me sobressaltei com batidas em minha janela e ergui a cabeça para ver quem era, deparando-me com a minha garota ali. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios e quando ela deu um passo para trás, eu abri a porta e saí, ficando parado em sua frente, controlando-me para não beijá-la. Seu cabelo estava preso em uma trança de lado e ela abraçava a si mesma, provavelmente com frio, já que a blusa que vestia era fina.
- Você veio – eu disse, como o grande idiota que sou, e ela me encarou sem expressão.
- É – respondeu. – Mas isso não significa que eu te perdoei – Não. Qualquer vestígio de sorriso sumiu de meus lábios.
- null... – comecei, mas ela me interrompeu.
- null... – meu nome soou como tortura em sua voz. Como se dizê-lo fosse difícil. – Eu não consigo simplesmente te perdoar agora. Mas eu não consigo parar de amar você, também. Acredite, eu tentei – somente imaginá-la tentando seguir em frente fez meu estômago revirar. Eu era um filho da puta egoísta. – Não dá para ignorar os fatos, null – ela avançou para perto de mim, os olhos marejados. – Não dá pra fingir que você não dormiu com outra. Não dá pra fingir que você não fodeu toda a nossa relação, mas também não dá pra fingir que você não significa nada pra mim. Porque eu te amo mais do que a mim mesma – ela riu sem humor. – Isso não é loucura?
- É. Muita loucura – eu me aproximei a ponto de colar nossos corpos e pegar o rosto dela em minhas mãos. – Mas acredite, eu te entendo perfeitamente. Essa sensação de que eu nunca ficaria bem novamente se você não estivesse comigo me atormentou durante toda a droga desse mês. Eu não estou pedindo pra você esquecer, meu amor. Eu só quero tentar. Tentar fazer isso dar certo com você. Porque eu te amo mais do que a mim mesmo – repeti sua frase e ela riu. – Você pode fazer isso? Você pode tentar comigo? – colei nossas testas e fechei os olhos.
- Eu acho que sim – a voz dela era baixa, quase um sussurro, e eu sorri, enlaçando sua cintura com meus braços, e ela apoiou as mãos em meu peito.
Então eu a beijei. Primeiro seu lábio superior e em seguida o inferior. Quando sua boca se entreabriu, eu a invadi com minha língua, sentindo a resposta dela instantaneamente.
Aquilo nunca perderia a graça. A forma como ela puxava meu cabelo agora e se deixava ser beijada por mim nunca iria me enjoar, simplesmente porque eu a amava. Ela partiu o beijo, mas continuou com o rosto próximo ao meu, nossas bocas ainda roçando uma na outra.
- Essa é sua segunda chance, null – sussurrou. – Não a jogue fora – eu capturei novamente seus lábios com os meus em resposta.
Eu não iria.
Fim
Nota da autora: Olá, amorzinhos, como vão vocês?
Ai está a primeira short pra um ficstape que eu escrevo, e eu preciso agradecer a Lara que me apresentou essa banda perfeita. Eu, uma grande amante do piano, me apaixonei por Broken Arrows no momento em que ouvi.
Bom, é isso. Deixem a opinião de vocês na caixinha de comentários pode ser? Até a próxima.
Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Ai está a primeira short pra um ficstape que eu escrevo, e eu preciso agradecer a Lara que me apresentou essa banda perfeita. Eu, uma grande amante do piano, me apaixonei por Broken Arrows no momento em que ouvi.
Bom, é isso. Deixem a opinião de vocês na caixinha de comentários pode ser? Até a próxima.

