09. Broken Arrows

Fanfic Finalizada

Capítulo Único

POV’
Ergui meus olhos para o céu enquanto soltava a fumaça do cigarro que eu tinha em mãos mais uma vez. Eu estava no meio do nada, na divisa do estado, sentado em cima do capô do meu carro, fumando e pensando no quanto minha vida estava fodida.
Eu conseguira ferrar tudo com a melhor garota que iria conhecer em toda a minha vida. Ela já deveria saber que se meter com alguém como eu daria nisso. Um filho da puta com fama de encrenqueiro conseguira chamar a atenção de um anjo. Um anjo chamado .
Deixei um sorriso aparecer em meus lábios ao pensar nela e em como ela me envolvera, a ponto de me ter completamente apaixonado por ela.
Foram os melhores 6 meses da minha vida.

Flashback 2 meses atrás.
- Anda, a voz dela soou com aquele tom divertido, enquanto ela subia a colina correndo, como se sua vida dependesse daquilo. Ri, começando a correr, tomando cuidado para não ultrapassá-la; isso sempre a deixava brava.
Quando nós chegamos ao topo, ela já havia diminuído consideravelmente o passo, mas eu ainda continuava atrás, abraçando-a pela cintura e a ouvindo rir.
- Percebeu que eu ganhei, né? – disse, só para me provocar, virando o rosto em minha direção e mordendo o lábio.
- Claro que percebi, você sempre ganha – disse, irônico, dando um selinho nela logo em seguida. Ela abriu a boca para dizer algo, mas desistiu, olhando para cima e encarando o céu extremamente estrelado. Eu me sentei no chão e a puxei pela mão, deixando-a encaixada entre minhas pernas.
Ela apoiou a cabeça em meu ombro e segurou minhas mãos, trazendo-as para sua barriga, num silêncio que estava me incomodando.
era uma garota que pensava demais, e isso sempre a deixava triste, pois o que tomava seus pensamentos nesses momentos eram, quase sempre, seus problemas.
- Um beijo por seus pensamentos – eu disse, tentando soar casual, depositando um beijo em seu pescoço.
- Eu sonhei com isso – disse séria, e eu franzi a testa em confusão.
- Com isso...? – ela me olhou com um sorrisinho torto.
- Com o dia em que alguém me seguraria como se nada no mundo pudesse me atingir – ela passou o dedo por minhas mãos. – E olha só quanta ironia. Encontrei isso com um garoto problema – eu ri do termo dela e a beijei, deixando aquilo durar por um tempo e encostando minha testa na dela, permanecendo com os olhos fechados.
- Eu estou aqui com você, , e não vou deixar ninguém te machucar – eu disse em um sussurro.
- Eu não sei como você consegue ser capaz de se detestar – ela se afastou para me olhar e eu abri meus olhos. – Você é incrível, . Todos nós temos defeitos, é claro. Mas você... – ela sorriu. – Você não faz nem ideia do quanto eu te amo – aquilo me pegou desprevenido. Não era como se eu não soubesse. Mas ela nunca havia dito aquilo para mim. Ninguém nunca havia dito.
Engoli em seco, sem saber o que responder. É claro que eu a amava, mas como dizer aquilo para ela? Ela sorriu, como se entendesse meu conflito interno, e voltou a olhar para as estrelas. Meu corpo estava tenso e meus pensamentos, confusos. Já , parecia ter esquecido a situação, completamente relaxada em meus braços.
- Eu sou paciente, sabe? – a voz dela soou novamente. – Eu sei que você ainda vai dizer – senti vontade de rir da forma como ela parecia me entender. – E você também sabe.
É, eu sabia.

Flashback off

Sai de cima do capô do carro e joguei meu cigarro no chão, pisando em cima dele em seguida, amassando-o e passando as mãos pelo cabelo.
Eu estava perdido. Ela nunca voltaria para mim. Por que diabos eu fui beber naquela noite? E por que droga de motivo eu não me lembrava de nada? Quando jogara todas aquelas fotos em mim enquanto chorava, eu juro que nunca me senti tão miserável em toda a minha vida. Então eu havia comido a vadia da sob efeito do álcool? Isso só podia ser um puto azar mesmo.
Encarei a estrada minha frente e pesei minha opções. Eu tinha quase certeza de que ela estaria me odiando, e com razão, mas eu não podia perdê-la. Isso seria admitir para mim mesmo que eu fracassara, até mesmo com ela. E, com esse pensamento, eu abri a porta do carro e fui, o mais rápido possível, ao encontro de minha garota.

POV’
- Você pode, por favor, sair dessa droga de cama, ? – a voz de soou alta e eu sequer abri meus olhos. – É sério, eu vim dormir aqui hoje pra fazer você sair desse transe, e você sabe que eu nunca desisto.
- , cala a boca. Eu só quero ficar aqui. Quieta. Sem ninguém pra perturbar. Eu estou bem – tentei parecer convincente, mas não funcionou.
- Você é minha amiga desde que eu me entendo por gente. Eu sei que você está tudo, menos bem – suspirei e me sentei na cama.
- Okay, o que você quer que eu faça? Não vou sair de casa – ela revirou os olhos.
- Sei que não, idiota. Mas pelo menos levante, vamos conversar, como nos velhos tempos, lembra? Você terminou um relacionamento com um idiota, não comigo – cerrei os olhos por ela ter tocado no assunto proibido e ela ergueu as como mãos, como se dissesse eu sou inocente.
- Você sabe que eu não quero falar dele – comentei baixo.
- Amiga... – ela começou meio incerta. – Você sabe que precisa desabafar. Não adianta nada ficar aí, calada. Isso faz mal.
- Eu sei, mas é que... – passei as mãos pelo meu cabelo, frustrada. – Se eu começar a falar dele, eu vou começar a chorar, e vou começar a falar do quanto eu o amo, e da vontade louca de perdoá-lo que eu estou sentindo neste exato segundo – desabafei ,vendo a expressão vazia de enquanto ela me observava.
- Então é isso? – ela me perguntou e eu a olhei, sem entender. – Você quer perdoá-lo?
- Eu o amo, . Muito. Eu faria qualquer coisa por ele – suspirei. – Eu sou uma imbecil.
- Você acha que dormir com a significou algo para ele? – ela perguntou, parecendo pensativa.
- Sinceramente? Eu acho que não – admiti. – Mas, ainda assim, ele fez.
- Liga pra ele – ela disse, simplesmente, e eu abri a boca, em choque.
- O quê? Eu não vou ligar pra ele!
- Vai sim. Quer saber, ? Eu nunca vi você tão feliz, e acho que eu posso afirmar que algo mudou no imbecil do no tempo em que ele esteve com você. Eu ainda não gosto muito dele, mas eu te amo. E se ficar com ele é o que vai te fazer feliz, por que desistir de tudo por uma simples transa que ele teve com uma vadia enquanto estava sem condições de ficar de pé? E quem garante que aconteceu? Você sabe o quanto a te odeia. Ela seria capaz – me sobressaltei com o toque de meu celular e li o nome de escrito, indicando que ele estava ligando, e meu coração acelerou.
me encarou e ergueu a sobrancelha. Peguei o telefone, hesitante, fechei os olhos enquanto respirava fundo e atendi.
- Não desliga na minha cara, por favor – a voz dele soou do outro lado, fazendo-me morder o lábio. Eu sentira tanta falta daquele som. – , eu preciso que você me perdoe. Você não tem ideia do quanto eu preciso disso. Eu sei que ferrei tudo, mas... Droga! – eu o ouvi respirar fundo. – Eu te amo. – finalizou baixo, parecendo ter medo até mesmo de se ouvir.
O quanto aquilo era irônico? Ficamos juntos durante seis meses e ele resolve me dizer isso quando estava tudo acabado.
- ? – a voz dele soou fraca.
- Eu realmente não sei o que você quer que eu diga – engoli em seco e segurei as lágrimas.
- Olha, eu tô em frente a sua casa – ele disse e eu finalmente abri os olhos. – Se você resolver me dar outra chance, vem pra mim. Eu juro que nunca mais bebo na minha vida. Só me deixa tentar. Por favor – respirei fundo e desliguei o telefone.
Minha decisão estava tomada.

Flashback 6 meses atrás.
Eu procurava pelo pátio do colégio e tinha certeza de que já havia ido pelo menos duas vezes em cada canto daquele espaço, e a garota não estava em lugar algum. Parei, já cansada, e coloquei as mãos na cintura, enquanto olhava ao meu redor. E foi ai que eu o vi.
era o garoto-problema do colégio. Pelo menos metade da população feminina dali já havia dado em cima dele. Os boatos sobre quem ele pegava eram inevitáveis, mas, ainda assim, estava sempre sozinho. O observei sentado abaixo de uma árvore, perto de onde eu estava, vendo-o retirar o cigarro da boca e soltar a fumaça, e revirei os olhos. Podia não parecer, mas aquilo ainda era um colégio. A diretora devia seguir os clichês e suspendê-lo por qualquer besteira, e não fingir que não via o que ele aprontava. Comecei a caminhar na direção dele e me joguei ao seu lado, encarando-o e esperando que ele me desse atenção.
- Você sabe que é proibido fumar dentro da área do colégio, certo? – eu disse, após um tempo.
- E você é o quê? A nova inspetora? – disse irônico, mas ainda não me olhava.
- Não, mas queria avisar. A senhora Dawson não vai cobrir suas violações para sempre – ele me encarou e arqueou a sobrancelha.
- E o que te faz pensar que ela cobre minhas violações? – eu ri.
- Ninguém aqui apronta tanto sem ser pego. E você não é discreto – ele deu de ombros e tragou novamente o cigarro, em seguida jogando-o no chão e amassando com o sapato.
- Meu nome é – estendi a mão para ele, numa tentativa de apresentação, e ele novamente arqueou a sobrancelha.
- Oi, – ele disse, apertando minha mão e se levantando depois.
- Ei, não é assim que as pessoas se apresentam! – eu disse, também me levantando.
- Se você sabe o que eu faço, também sabe meu nome – disse, como se fosse óbvio, e eu revirei os olhos, mas então avistei do outro lado do pátio, pendurada no pescoço do novo namorado.
- Okay, . Eu preciso ir. Te vejo na aula de química. Você será meu novo parceiro – ele me encarou meio chocado e eu ri. – Acabei de perder minha parceira e você não tem dupla – pisquei para ele. – Não precisa agradecer – então me virei e saí dali, sem aguardar resposta.
Flashback off

POV’
Então era isso.
Não haveria volta. Ela finalmente estava farta de mim.
Eu não me permiti chorar, apenas abri a porta do carro e me sentei ali, batendo-a em seguida e apoiando minha cabeça no volante. De todas as merdas que eu fizera, nada se comparava ao fato de tê-la feito ir embora. Quando eu tomei coragem para dizer que eu a amava, ela decidia que não me queria. O que isso dizia sobre mim?
Me sobressaltei com batidas em minha janela e ergui a cabeça para ver quem era, deparando-me com a minha garota ali. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios e quando ela deu um passo para trás, eu abri a porta e saí, ficando parado em sua frente, controlando-me para não beijá-la. Seu cabelo estava preso em uma trança de lado e ela abraçava a si mesma, provavelmente com frio, já que a blusa que vestia era fina.
- Você veio – eu disse, como o grande idiota que sou, e ela me encarou sem expressão.
- É – respondeu. – Mas isso não significa que eu te perdoei – Não. Qualquer vestígio de sorriso sumiu de meus lábios.
- ... – comecei, mas ela me interrompeu.
- ... – meu nome soou como tortura em sua voz. Como se dizê-lo fosse difícil. – Eu não consigo simplesmente te perdoar agora. Mas eu não consigo parar de amar você, também. Acredite, eu tentei – somente imaginá-la tentando seguir em frente fez meu estômago revirar. Eu era um filho da puta egoísta. – Não dá para ignorar os fatos, – ela avançou para perto de mim, os olhos marejados. – Não dá pra fingir que você não dormiu com outra. Não dá pra fingir que você não fodeu toda a nossa relação, mas também não dá pra fingir que você não significa nada pra mim. Porque eu te amo mais do que a mim mesma – ela riu sem humor. – Isso não é loucura?
- É. Muita loucura – eu me aproximei a ponto de colar nossos corpos e pegar o rosto dela em minhas mãos. – Mas acredite, eu te entendo perfeitamente. Essa sensação de que eu nunca ficaria bem novamente se você não estivesse comigo me atormentou durante toda a droga desse mês. Eu não estou pedindo pra você esquecer, meu amor. Eu só quero tentar. Tentar fazer isso dar certo com você. Porque eu te amo mais do que a mim mesmo – repeti sua frase e ela riu. – Você pode fazer isso? Você pode tentar comigo? – colei nossas testas e fechei os olhos.
- Eu acho que sim – a voz dela era baixa, quase um sussurro, e eu sorri, enlaçando sua cintura com meus braços, e ela apoiou as mãos em meu peito.
Então eu a beijei. Primeiro seu lábio superior e em seguida o inferior. Quando sua boca se entreabriu, eu a invadi com minha língua, sentindo a resposta dela instantaneamente.
Aquilo nunca perderia a graça. A forma como ela puxava meu cabelo agora e se deixava ser beijada por mim nunca iria me enjoar, simplesmente porque eu a amava. Ela partiu o beijo, mas continuou com o rosto próximo ao meu, nossas bocas ainda roçando uma na outra.
- Essa é sua segunda chance, – sussurrou. – Não a jogue fora – eu capturei novamente seus lábios com os meus em resposta.
Eu não iria.




Fim



Nota da autora: Olá, amorzinhos, como vão vocês?
Ai está a primeira short pra um ficstape que eu escrevo, e eu preciso agradecer a Lara que me apresentou essa banda perfeita. Eu, uma grande amante do piano, me apaixonei por Broken Arrows no momento em que ouvi.
Bom, é isso. Deixem a opinião de vocês na caixinha de comentários pode ser? Até a próxima.




Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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