Capítulo Único
encarava o mar com um sorriso sereno no rosto, seus dedos dos pés brincavam com a areia, que fazia cócegas em sua pele. Fechou os olhos, feliz, realizado, nunca imaginou que teria uma última chance de estar em um lugar sozinho, longe de todos os holofotes que o seguiam quase que diariamente. Quando fosse embora daquela ilha, assumiria um cargo que lhe garantiria nunca mais ter privacidade para sequer dormir em paz, quem dirá viajar de férias para uma ilha deserta e passar suas próximas semanas olhando o céu, o mar e ter incontáveis momentos de paz. Ou quase aquilo, já que mesmo numa ilha, seu futuro cargo o impedia de ficar tão sozinho assim.
tinha finalmente conquistado o maior sonho de sua vida adulta, não saberia dizer quando tudo começou, como um sonho tão único e impossível quanto aquele havia entrado em sua cabeça, não é o tipo de coisa que se almeja quando se tem 20 anos, mas ele sim, desde novo sabia que para alcançar o topo, precisava começar por baixo e batalhar. E como dizia o velho ditado: "Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez". E como tinha feito, em poucas semanas se tornaria o 45º Presidente dos Estados Unidos da América. O cargo mais cobiçado e importante de todo o mundo, o qual ele pretendia exercer de forma justa e democrática, já que gostaria de continuar o legado deixado pelo seu antecessor e tinha muita fé que conseguiria.
Saiu de seus próprios pensamentos quando um Golden Retriever apareceu latindo do meio da floresta e correu em direção a ele, curioso e preocupado se levantou, mas o cachorro o ignorou completamente e entrou no mar, o deixando ainda mais confuso.
- Ei, garoto. - chamou pelo cachorro que parecia agitado e feliz ao encarar seja lá o que fosse no mar - Vem aqui.
Mas logo entendeu o motivo da felicidade do animal, do mar saía uma mulher usando apenas um biquíni, snorkel e um sorriso enorme, que ela abriu assim que emergiu e viu o cachorro chegar até ela. Por um momento se sentiu em 007 e o Satânico Dr. No, trocando apenas as conchas pelo Golden, que agora seguia a dona para fora do mar. Colocou as mãos no bolso e encarou o chão por um segundo, incerto, tímido, sabia que ela estaria lá, mas não sabia que ela era…tão linda.
Se levantou, chamando a atenção da mulher, que assim que o viu franziu o cenho.
- Você é o Brad? - questionou incerta, se aproximando - Achei que chegassem apenas amanhã, na quinta feira.
- Hoje é quinta! - o homem afirmou vendo a mulher abrir uma cara de espanto adorável - E eu não sou o Brad, me chamo , mas pode me chamar de . - estendeu a mão à mulher, que o cumprimentou cordialmente.
- Prazer, ! Me desculpe, é raro eu olhar o calendário, só me atento aos dias 10 e 20 que é quando o barco traz provisões para mim e para a ilha. Encontraram tudo da forma que gostariam? Eu não sou muito boa em arrumar cama e o Sr. Moore me pediu que fizesse tudo da melhor maneira possível, nunca o vi tão preocupado com um convidado quanto com você.
- Eu ainda não entrei na casa, mas tenho certeza que vai estar tudo perfeito, qual o seu nome mesmo?
- , mas me chame de , sim? Esse é o Jack, meu companheiro nessa jornada. - comentou afagando a cabeça do cachorro.
- O Robert me disse que, apesar de ser o dono da ilha, quem manda é você. - comentou curioso, querendo saber um pouco mais da guardiã do local. - Só esqueceu de mencionar o Jack - sua mão se aproximou do animal, deixando que ele o cheirasse.
- Ah, Robert é um chefe maravilhoso, nos falamos todas as semanas, envio fotos, novidades e relatórios aqui da ilha.
- Há quanto tempo você está aqui?
Seis meses. Fazia seis meses que tinha colocado os pés naquele paraíso pela primeira vez e até então não se arrependia por um segundo que fosse. Quando viu o anúncio em um site, procurando uma pessoa para morar em uma ilha deserta sem nenhum custo e ainda por cima com um salário que qualquer mortal gostaria de ganhar, ela sabia que tinha encontrado a desculpa perfeita. Era exatamente aquilo que vinha procurando há um ano e meio, queria fugir para encontrar a si mesma, se redescobrir e, principalmente, se re-construir.
Quando recebeu a chamada de Robert Moore, informando que era uma das finalistas, ficou feliz, mas disse que só continuaria na corrida para ganhar a vaga se Jack pudesse ir junto e aquilo, somado a história de vida da mulher, foi o que fez o dono daquela ilha ter a certeza que ninguém mais poderia cuidar do seu maior tesouro melhor do que .
- Uau! E você não sente falta do mundo civilizado, fast food, notícias de jornal? - a questionou, querendo saber se ela sabia quem ele era.
- Nenhuma. - respondeu sincera, começando a andar em direção a casa e ele a acompanhou - Eu respondo alguns dos comentários que fazem na página da Ilha, as fotos do Jack são geralmente as que fazem mais sucesso. Converso uma vez ao mês com meus pais, às vezes com alguma amiga. Essa ilha me encontrou quando eu mais precisava me distanciar do mundo. Estar aqui sem telefone, notícias ruins e ainda acordar todos os dias sabendo que estou no paraíso, era exatamente o que eu estava precisando. E você, o que te traz aqui? Serão três semanas, certo?
- Eu lido com pessoas todos os dias e horas da minha vida. Foi o que escolhi pra mim e não me arrependo, mas às vezes eu gostaria de fechar os olhos e não ouvir nada além dos meus próprios pensamentos. Acho que assim como você eu precisava me distanciar do mundo, me reconectar comigo mesmo. Quando o Robert me fez o convite e mostrou as fotos desse lugar... Eu tive que aceitar, mesmo que ele venha acompanhado do Brad e do Mick. - encarou , que riu para ele.
- Eu prometo que não vou ficar no seu pé, são tantas coisas pra fazer por dia que me faltam horas, você nem vai me ver. Também passo dois dias fora por semana, faço uma ronda na ilha toda e demoro a voltar.
- Oh não, quero que mantenha sua rotina, eu sou a visita aqui. Confesso que quando ele me disse que tinha uma guardiã que morava aqui, fiquei com um pouco de inveja da sua vida, gostaria, se me permitir, de ver um pouco do que faz aqui.
- Claro, muitas pessoas são curiosas pra saber quem posta na página da Ilha, o que eu faço, como cheguei aqui, mas eu gosto de manter o suspense. Combinei com o Brad que servirei o café da manhã e o jantar, hoje à noite explico um pouco, você deve estar cansado da viagem, lembro que no meu primeiro dia aqui dormi ele todo. - disse ao chegarem na entrada da casa, onde lavaram os pés para não sujarem o local de areia.
- Estou um pouco sim.
- Eu vou te mostrar a cozinha e seu quarto agora e depois fique à vontade para andar pelo resto da casa. - falou colocando o vestido que havia deixado ao lado do chuveiro, como sempre fazia.
estava nervosa, primeiro por ter esquecido de confirmar o dia da semana e não estar presente na chegada dos convidados. Sabia que eles eram importantes para Robert, já que dos três grupos que havia recebido durante sua estadia na ilha, esse viera com o maior número de pedidos e recomendações para a pequena quantidade de pessoas vindas. Tivera que fazer pedido extra ao barco que lhe trazia suprimentos e checou seu e-mail todos os dias, sempre encontrando um novo e-mail do tal Brad. Em segundo porque sempre estranhava voltar a interagir com pessoas, mas dessa vez sentiu-se particularmente incomodada, parecia ser mais velho que ela, mas era bonito, elegante, sexy. Tinha uma postura diferente da maioria das pessoas que conhecia, havia algo nele que a deixava incerta, mas ao mesmo tempo curiosa. Uma coisa que havia lhe chamado atenção fora o fato dele ter sido um cavalheiro, mesmo ela usando apenas um biquíni, o olhar dele sequer desviou dos seus e isso a fez lembrar de alguém que vinha tentando esquecer.
A casa de Robert Moore era enorme, mas pequena se comparada com o tamanho da Ilha, o empresário era um bilionário do mercado financeiro americano e há três anos havia comprado aquele pedaço de paraíso próximo a Austrália. Quando acordou naquele local à primeira vez, sabia que nunca mais teria uma oportunidade tão incrível quanto aquela. Além de fotografar e cuidar da ilha, se encarregava de preservar a fauna e a flora, já que por sua localização era ponto de descanso de focas e, em outro local, onde mergulhava para observar os corais, peixes e outros animais marinhos, também encontrava tartarugas que estavam por ali de passagem. Adorava cada parte de seu trabalho, até mesmo a ronda que fazia semanalmente onde acabava dormindo em duas pequenas cabanas ecológicas estrategicamente construídas para que ela tivesse um abrigo e pudesse fazer toda a volta de uma vez, já que até então fazia metade em um dia e a outra no outro, aumentando ainda mais as horas que andava.
Ter Jack com ela, a seguindo por todo o lugar, era tudo que poderia precisar, havia adotado o animal um ano antes e desde então eram inseparáveis.
- Brad, Mick - se virou na direção de ao ouvi-lo falar com alguém e se assustou ao ver dois armários se aproximando. - Essa é .
- Sr. ... - um deles disse e a mulher estranhou a interação – Digo, . Srta. , sou o Brad.
- Um prazer te conhecer, foram dois meses de negociações e o Brad aqui não ficou muito contente que eu só abria o e-mail uma vez na semana, agora entre Natal e Ano Novo acabei entrando quase todo dia pra dar conta de todos os pedidos. - comentou dando a mão aos dois homens, Brad parecia mais simpático, já Mick parecia um robô com cara de mau.
- Peço desculpas por isso, Srta. .
- Vocês são seguranças do , é isso? - perguntou curiosa, devido toda a postura dos dois, que permaneceram calados - Tudo bem, já entendi, segredo de estado. - riu sozinha, indo em direção a suíte principal. - Aqui fica seu quarto, , a vista daqui de manhã é espetacular, uma das mais lindas desse lado da ilha. Janto por volta das 19 horas, se for tudo bem para vocês? - perguntou olhando os três homens.
- Ah, seria apenas pro Sr... - Brad respondeu após um tempo - Nós podemos nos virar.
- Imagina, eu cozinharei para todos vocês, mas vou precisar aumentar o cardápio, com esse tamanho todo de vocês o que imaginei vai servir só a entrada. Deixem comigo e descansem, por favor.
, assim que mostrou ao convidado principal as suas dependências, foi para o seu quarto, que ficava no andar térreo próximo a cozinha, para tomar banho e continuar seu trabalho. Apesar de ajudar na manutenção e limpeza da casa, por seu tamanho, todos os meses ia uma pequena equipe fazer limpeza geral e consertos. Quando convidados se hospedavam tinham toda uma equipe de apoio para servi-los, mas desde o início foi especificado que o convidado queria total discrição e nenhum funcionário extra, e no final das contas não se importava, ela mais do que ninguém entendia o desejo e a vontade de querer ficar sozinho, longe de todos.
Naquela noite, os quatro tiveram uma noite um tanto quanto estranha, parecia ser o mais tranquilo em relação a tudo, os dois outros homens tentaram comer na cozinha, mas foi firme e após o pedido de , que pareceu muito mais como uma ordem, os dois se sentaram a mesa de jantar. A conversa fluiu aos trancos e barrancos até que pareceu desistir dos dois e focou apenas em .
se viu encantado pela mulher, era visível sua paixão pelo trabalho, ela lhe explicou o que fazia no dia a dia e contou alguns casos marcantes que aconteceram nos últimos 6 meses. Foi renovador conversar com alguém que não tinha um telefone para ficar checando mensagens, alguém que o olhava nos olhos ao conversar e não queria nada dele, sequer sabia quem era ele. Também reparou que não usava maquiagem, seus cabelos eram naturais e bem cuidados, estava sempre descalça. Há tempos não convivia com alguém tão leve e de bem com a vida como ela, e aquilo foi libertador para ele, como se uma força maior o fizesse querer se aproximar dela, entender como ele também poderia se sentir assim.
(...)
No terceiro dia, acordou completamente renovado, dormira como há tempos não fazia. A ausência de vozes atrás da porta era sua parte favorita, o som do mar e das árvores eram quase como uma canção de ninar. Desceu animado e percebeu que ninguém na casa ainda tinha acordado, a cozinha estava num completo silêncio. Aproveitou para ver o final do nascer do Sol e entrar no mar, coisa que não fazia há muito tempo.
terminou de servir a mesa do café quando Brad e Mick surgiram preocupados, procurando por . Claro que era curiosa e queria entender o que é que eles faziam, mesmo tendo quase certeza que eram seguranças dele, mas jamais perguntaria. Havia aprendido com o tempo que para passar despercebida pela curiosidade das pessoas, precisaria se despir de sua própria curiosidade.
Viu os seguranças saírem porta afora e, preocupada, os acompanhou. Jack a seguiu como sempre, mas o cachorro virou para o lado oposto e ela estranhou, mas foi atrás dele e riu sozinha ao ver nadando um pouco afastado da costa, onde as ondas eram menores. O homem deve ter ouvido o cachorro latir, pois parou de nadar e acenou para ela. praguejou a si mesma por ter sido curiosa, ver Jack entrar no mar atrás de e os dois virem correndo em sua direção, um rindo e o outro latindo, trouxe de volta sensações que há muito havia esquecido.
era homem, viril e deixava isso bem claro no seu andar, na forma que se portava e principalmente no modo em que passou a mão no cabelo para ajeitá-lo, extremamente sexy, quase como se estivesse numa cena de cinema que ela gostaria de deixar no repeat. Seu corpo não era muito malhado, mas era definido e podia ver que ele trabalhava para se manter em forma. Sem perceber mordeu o lábio inferior, deixando que aquele sentimento se firmasse dentro de si. Há tanto tempo tinha se fechado para sequer olhar um homem com interesse, que ser atingida por tamanho desejo era como ter um sentimento completamente novo e desconhecido tomando conta de si.
- Bom dia, , não queria te atrapalhar, mas os dois ali - apontou para os homens, agora vindo para aquele lado da praia - ficaram preocupados quando disse que não tinha te visto hoje.
- Inacreditável, onde mais eu poderia ter ido aqui nesse lugar? - riu fazendo um gesto para que os dois não se aproximassem - Bom dia, !
- Você gosta de surfar? - perguntou curiosa ao ver que ele nadava bem.
- Muito, a última vez já faz um tempo, infelizmente.
- Você realmente foi pego pelo mundo capitalista, não? - colocou as duas mãos na cintura, tirando um sorriso lindo do homem à sua frente.
- Você não imagina o quanto.
- Acho que vai gostar de saber que temos várias pranchas aqui, depois mostro onde tudo fica guardado e se quiser usar o jet ski, eu vou deixar as chaves acessíveis.
- Posso te convidar para um passeio mais tarde? - mesmo não vendo nenhuma malícia em seu pedido, corou.
- Hoje eu não posso, preciso refazer uma das trilhas que a chuva que teve no Natal cobriu. Não tive tempo com a sua chegada.
- Outro dia? - a mulher concordou e os dois caminharam em silêncio de volta para casa.
(...)
ria sozinha ao ver Brad e Mick lavarem a louça do jantar, ela não sabia, mas a observava. Podia ver que ela havia queimado as maçãs do rosto durante o dia, aumentando o contraste de sua pele com o vestido que usava.
- Ainda bem que estamos em uma ilha deserta quase sem comunicação, se minha esposa descobre que estou lavando louça, nunca mais tenho sossego. - Brad resmungou, tirando uma gargalhada de todos, menos Mick, que apenas esboçou o projeto de um sorriso.
- Ah, Brad, não está fazendo mais que sua obrigação, ela cozinha, você lava. - riu ao vê-lo dar uma piscadinha escondida para ela, o suficiente para entender que era aquilo que ele sempre fazia.
- Terminamos por aqui. - Mick disse saindo do local com Brad.
- Está cansada? - perguntou despretensioso, mas ansioso.
- Um pouco, preciso descarregar as fotos de hoje, quer ver? Passei pela Ilha dos Pássaros.
- Quero sim. - disse a seguindo, mas parou na porta de seu quarto, era espaçoso, tinha uma cama de casal e logo à frente uma enorme TV. No canto o computador e diversos livros. Por respeito, não entrou para ver o que tinha do outro lado. - Mas o que é a Ilha dos Pássaros?
- Ah é um nome que acho que o antigo dono deu e acabou ficando, no lado nordeste da ilha tem um lugar onde vários tipos de pássaros e papagaios moram, um mais lindo que o outro, eles voam por toda ilha, mas a concentração daquele lado é enorme - comentou ao reaparecer com uma câmera em mãos - Vamos na sala de TV.
Os dois passaram um tempo vendo fotos e explicou a um pouco sobre cada tipo de pássaro, ele riu quando ela confessou que tinha dado nome há alguns. Ao fim, ele ainda estava extasiado com o dia que tivera e a convidou para assistir um filme, com um pouco de reticência ela aceitou e o homem não sabia se era por querer ou por educação, tentava convencer a si mesma que era pelo segundo motivo e não por estar gostando da presença do outro.
Nenhum dos dois soube dizer em que ponto da noite a mulher caiu no sono, só percebeu quando o filme acabou e Jack, que tinha deitado sob seus pés, se levantou para se aconchegar a dona. Sem querer perturbar um sono que parecia pacífico e necessário, a cobriu com um cobertor que tinha ao lado do grande sofá e desligou a TV, indo para o seu quarto, mas não sem antes dar uma última olhada nela e sorrir sozinho.
(...)
Na manhã seguinte, acordou com um sorriso no rosto, que logo se fechou ao perceber que não estava em seu quarto, olhou ao redor e se praguejou por ter dormido na sala. Não que já não o tivesse feito muitas vezes, mas nunca quando convidados estavam por lá e muito menos ao assistir um filme com um deles.
Sabia seu lugar, que era uma funcionária da ilha, mas os convidados sempre a chamavam para jantar, assistir alguma coisa ou jogar com eles, o que eles mais gostavam era de saber histórias sobre a ilha e ela sempre tinha o maior prazer em responder todas as dúvidas. Apesar de tudo, adorava pessoas, suas histórias, o que as tornavam únicas e, por mais que amasse os longos períodos que ficava sozinha, gostava de ter pessoas para conversar.
Ao chegar à cozinha, se surpreendeu ao ver Brad cozinhando:
- Sou tão ruim assim? - ela questionou e o viu mostrar um pedaço de bacon pra ela. - Estou sendo muito natural, não? - comentou, pois estava acostumada a viver de peixes, vegetais e frutas, mas sempre tinha também um bom estoque de doces, pizzas e hambúrgueres para quando desse vontade - Hoje à noite faço um bolo, tá?
- Obrigado - o homem brincou agradecendo.
- Brad, por que o Mick é sempre tão fechado? Ele não gostou de ter que vir pra cá com vocês?
- Não é nada com a Srta., até peço desculpas por ele, ele é novo ainda e não há muito mais que posso falar.
- Tá tudo bem, eu sei que não podem me contar nada, mas também sei que vocês trabalham pro , é meio óbvio sabe… não dá pra imaginar vocês três jogando conversa fora.
- Tão óbvio assim, huh?
- Bastante.
- Bom dia! - entrou na cozinha, chamando a atenção de , ela logo notou que sua barba começava a aparecer, preenchendo parte de seu rosto, dando um ar ainda mais interessante a ele - Conseguiu descansar?
- Sim. - respondeu - Me desculpe por ontem, não percebi que estava tão cansada.
- Não tem problema, o Jack me fez companhia, assistiu o filme comigo até o fim. - brincou dando uma piscada para a mulher, se abaixando para falar com o cão.
- Hoje vocês vão ficar livres de mim, vou passar o dia fora e só volto tarde, ok?
- Tudo bem - disse um pouco decepcionado, tinha a intenção de tentar mais uma vez chamá-la para andar de jet ski com ele.
tinha sua mochila nas costas e tudo que precisava para o trabalho do dia. Quando saiu da casa, se surpreendeu ao ver a esperando:
- Tudo bem?
- Sim, é só que... Imagino que esteja acostumada, mas se você tiver alguma emergência... Como procura por ajuda?
O rosto de se iluminou, de todos os convidados, nunca ninguém havia lhe feito aquela pergunta.
- Eu tenho um telefone por satélite programado com discagem rápida para o serviço de emergência - disse mostrando o aparelho preso ao shorts - Eles ficam a 20 minutos daqui de barco e eu sei a maioria dos primeiros socorros. Eles também recebem em que parte da ilha estarei em cada dia, então se acontecer alguma coisa, sabem onde me procurar.
- Enquanto estivermos aqui, se precisar de nós... Pode não parecer, mas temos experiência com primeiros socorros, inclusive eu e acredito que podemos chegar mais rápido - encarou o chão sem saber o que dizer e também tentando controlar uma dor que estava bem esquecida dentro de si e se sentiu tolo por um instante - Desculpa, eu imaginei q...
- Não, não é isso. Não se preocupa, é fofo. - respondeu sabendo que não estava pensando nas consequências ao ir até ele e lhe dar um beijo no rosto, mas logo tratou de se virar e seguir seu caminho.
- Fofo? - a encarou curioso, mas ela não olhou pra trás.
(...)
e Madison acabaram não se vendo por três longos dias, quando a mulher chegou tarde da noite, os três homens estavam trancados no escritório e não quis incomodá-los, tinha uma nota informando que não precisava fazer o jantar, então se ocupou em fazer o bolo e preparar o café da manhã do dia seguinte, já que seria dia de fazer a ronda na ilha e só voltaria dois dias depois.
Como sempre fazia, saiu assim que o sol começou a nascer e só retornou pela manhã do terceiro dia, apesar de ser seu dia de folga e estar cansada, uma ideia lhe veio à cabeça e, pelo visto, o homem pensava parecido.
- O que é isso? - sorriu ao ver a mesa do café posta. - Tá querendo roubar meu posto?
- Um agradecimento por estar cuidando de nossa estadia há uma semana, também imaginei que chegaria cansada e me sentiria mal se você se sentisse obrigada a fazer nosso café.
- Normalmente eu falaria que não precisava, mas eu estou muito cansada e morta de fome. - sorriu se aproximando da mesa - Você que fez?
- Não fica muito feliz, é uma das únicas três coisas que sei fazer na cozinha - o viu encarar a mesa e um sorriso ladino um tanto quanto brincalhão e sedutor surgiu nos lábios do homem.
- Eu gosto de panquecas - disse simplesmente, ao olhar a mesa cheia delas e algumas frutas – Obrigada! Como foram os dias por aqui?
- No primeiro dia surfei durante ele todo, as primeiras horas foram lamentáveis, mas logo voltei a ficar em pé, nem acredito o quanto senti falta disso e nem percebi.
- É fácil se esquecer do que realmente importa e do que nos faz felizes quando estamos ocupados demais tentando ganhar dinheiro, não?
- Muito! - se perguntou se estaria falando aquilo sobre si mesma - Ontem fizemos a trilha vermelha que você deixou anotada e, apesar de desligado do mundo, tive que resolver algumas coisas do trabalho depois do almoço.
- E hoje? - perguntou, vendo-o a encarar curioso - Se não estiver cansado, gostaria de te levar para conhecer a Ilha dos Pássaros e a piscina natural. Ida e volta, devemos demorar por volta de 6 horas.
- Eu adoraria.
- O Tom e o Jerry também vão? - perguntou vendo a encarar surpreso e depois dar risada.
- Eu pergunto.
- OK. Eu vou tomar um banho e preparar alguns sanduíches para levarmos. Antes de sair preciso dar um banho de mangueira rápido no Jack também.
- Por que você não vai descansar um pouco e eu coloco o… Tom e o Jerry pra fazerem o lanche e eu dou um banho no Jack?
- Tem certeza? E….
- Será um prazer.
- Tudo bem então, saímos em uma hora?
- Sim, senhora.
A caminhada era longa e já tinha previsto dentro das seis horas paradas para descanso, fotos e o tempo que ficariam observando os pássaros, répteis e nadando na piscina natural.
Embora não quisesse admitir a si mesma, se sentia cada vez mais próxima de , ele sempre lhe oferecia a mão quando chegavam em algum ponto mais íngreme e, mesmo fazendo aquilo todos os dias de sua vida e estar mais que acostumada com as trilhas e seus defeitos, o deixou fazer seu papel de cavalheiro, ainda mais quando sentiu sua mão em suas costas e percebeu o quanto sentia falta do toque humano, de um abraço, de sentir o cheiro de alguém, das pequenas ações do dia a dia. Sem que percebesse sua mente se encheu de memórias de seu antigo cotidiano e seus olhos encheram de lágrimas, mas conseguiu se livrar delas antes que percebessem.
Brad e Mick andavam bem atrás deles, às vezes se virava para ter certeza que eles ainda estavam lá e eles sempre estavam.
- Eles não vão se perder, nem nos perder de vista. - disse simplesmente. - Fica tranquila.
- Não é isso, é só... Não é estranho? Andar com alguém te seguindo o tempo todo?
- Pode falar…
- O quê?
- Você deve ter alguma teoria do por que eles estão aqui.
- Tenho várias, mas não me importa, eu só estou interessada em quem as pessoas são aqui na ilha, fora dela você pode ser quem quiser.
- Interessante, você também é uma pessoa aqui e outra fora?
- Eu era... Agora gosto de acreditar que o dia que for embora continuarei a ser a mesma que sou aqui.
- Eu gosto dela. - falou um pouco baixo, mas alto o suficiente para que a mulher ouvisse.
- Eu também - respondeu focando nos passos que dava - Quem eu estava sendo antes de chegar aqui... Aliás, se não tivesse chego aqui, talvez não tivesse ido a lugar algum.
Quando chegaram à Ilha dos Pássaros, nem mesmo Mick conseguiu se manter na sua forma coração de gelo, se sentou com Jack em uma pedra e deixou que os três homens se despissem de toda sua pose de macho e ficassem encantados com a quantidade de pássaros, periquitos, cacatuas e papagaios que moravam no local durante o verão e se dividiam entre diversas árvores por toda a área.
- Isso é magnífico - dizia animado - Quais outros animais têm aqui?
- Infelizmente não muitos, temos bastante lagartos. Em uma praia que fica pro lado oposto que estamos, sempre vejo focas tomando sol e dependendo da época muitas tartarugas marinhas e de longe baleias…
- Podemos ir lá? - todos encararam Mick, que ficou tímido.
- Claro que podem, fica na trilha amarela, a mais longa, podem ir qualquer dia. Prontos para conhecerem a piscina natural?
Durante a segunda parte da trilha, convidou os dois homens para se juntar a eles e foram conversando sobre diversos assuntos, mas o principal foi o interesse de Mick em tentar ver as focas e tartarugas, aparentemente ele era apaixonado pelo fundo do mar e se ofereceu para ir com no dia seguinte até a praia das focas ajudá-la no que fosse necessário e, sabendo que ele era mais que apto a fazer tudo que ela fazia, aceitou. A mulher ria de algo que Brad havia dito quando perguntou se ali era a piscina natural e se assustou ao ver que já tinham chego. Geralmente fazia a caminhada presa em seus pensamentos, se certificando que Jack estava bem, mas dessa vez a ida foi tão diferente, mais divertida, viva, que novamente um aperto no seu peito se formou. O que estaria acontecendo com ela?
- Tira sua mochila - a mulher disse com cara de quem ia aprontar, mesmo curioso cedeu, já que ela fazia o mesmo.
- Não vamos descer até lá? - questionou vendo-a tirar a blusa e o shorts, ficando dessa vez com um maiô, que, mesmo cobrindo mais partes de seu corpo, teve o mesmo efeito no homem que vinha causando todos os dias quando ele a via.
- Vamos. - ela respondeu rindo e se aproximou dele - Mas vamos pegar um atalho.
Dito isso, abraçou e impulsionou seu corpo para que os dois se jogassem do topo da pedra e caíssem no ponto mais fundo da piscina. Quando ambos ressurgiram, ria abertamente, um sorriso que jamais esqueceria. Era felicidade, vontade de viver e saber que é livre, livre de dor, de realidade. Um sorriso que ele nunca tinha visto em sua vida antes.
- Isso não é mais valioso que qualquer coisa que o dinheiro possa comprar? - perguntou a ele, dando uma volta sob si mesma, braços abertos, admirando o local.
- Você é linda! - exclamou quando ela voltou a encará-lo, sem se importar com mais nada, além dela.
- … - as palavras morreram em sua boca quando o homem a encarou sério, com aquele olhar que ela sabia, conhecia, ele a iria beijar.
Quando ele se aproximou, teve certeza que congelaria, mas quando as mãos dele encontraram sua cintura, ela fez o oposto do que sua mente pedia, ela não se afastou, ela na verdade levou sua mão à nuca do homem, enquanto a outra foi para o cabelo e percebeu que tinha tido vontade de fazer aquilo desde que o viu sair do mar dias antes. Os dois se encararam pelo que pareceu uma eternidade, teve medo do que viu, era algo que só tinha visto uma vez, mas quando piscou ela desistiu de ouvir seja lá o que seu corpo estivesse tentando lhe dizer, ela apenas fechou os olhos e sentiu os lábios dele tocarem os dela.
Presos em seus próprios pensamentos, e sabiam que só aquilo não seria suficiente, precisavam de mais, muito mais do que apenas beijos nos lábios. Queria sentir o cheiro dele, o toque de sua mão por todo seu corpo. Ele queria puxar o cabelo dela, expor seu pescoço para que ele deixasse uma marca ali, do quanto a vinha desejando desde que a viu à primeira vez. Queria sentir como era tê-la completamente entregue a ele. Queria voltar a experimentar algo que há muito não sentia.
Sabendo que Brad e Mick ainda estavam ali, um relutante separou o beijo e abraçou a mulher, aproveitando para pedir com um gesto que os dois fossem embora. Apesar de preocupados ao ver a mulher se jogar de uma altura considerável com o próximo presidente dos EUA, os dois não puderam fazer nada a respeito, pois antes que chegassem à base da piscina, os dois já se beijavam. Sem saber o que fazer, e nada contentes, ambos se afastaram um pouco e aguardaram, e ver o homem pedir que eles fossem embora os deixaram bastante preocupados, mas, apesar de tudo, não podiam fazer nada, além de aceitar.
- . - o chamou, se soltando do abraço dele - Isso, nós… - falou incerta das palavras que usar - O que acontecer aqui, fica aqui.
- Fica aqui. - concordou sem pensar, no momento a boca da mulher era chamativa demais para que perdesse tempo pensando.
- Só saiba que... Faz um tempo que não faço isso e…
- Eu não me importo - disse se aproximando dela, fazendo com que a mulher novamente entrelaçasse suas pernas na cintura dele.
- O que acontece aqui, fica aqui. - ela repetiu soltando os braços das alças de seu maiô.
(...)
admirava a lua tarde da noite em seu quarto, com um sorriso que não conseguia deixar seu rosto. Passara horas com na piscina natural, vendo os peixes que iam e vinham, a beijando, abraçando. O fato de poderem fazer tudo aquilo nus era por si só libertador, algo que nunca esqueceria. Há anos não se sentia tão livre quanto naquela tarde. Gostaria de pegar aquele dia e carregar consigo pelos próximos quatro anos, poder lembrar da sensação de felicidade e paz interior nos seus momentos de tensão.
Brad o tirou de seus pensamentos ao colocar uma pasta à sua frente.
- O que é isso? - perguntou curioso
- Me desculpe, Sr. , estou apenas fazendo meu trabalho.
abriu a pasta do governo dos Estados Unidos e seu coração doeu ao ver uma foto de anexada ao arquivo. Abaixou seus olhos e encontrou o nome completo da mulher e sua data de nascimento, mas antes que sequer chegasse no local, a fechou.
- Ela cometeu algum crime? - perguntou encarando o homem ao seu lado.
- Não Senhor, m…
- Ela é um perigo para mim, para o país?
- Não, m…
- Eu não vou ver isso, Brad, desde o início Robert deixou bem claro que a pessoa que morava aqui era importante para ele e que ela tinha um passado que tentava esquecer e que ela não deveria ser pressionada. Se ela não matou ninguém, não é uma inimiga do estado e não vai tentar me matar ao dormir, eu não quero saber.
- Estou apenas fazendo meu trabalho.
- E já fez, pode sair e não me incomodar mais, por favor.
Se pudesse, atiraria aquela pasta varanda afora, tamanho era o seu ódio naquele momento. Era protocolo que todas as pessoas que fosse conhecer a partir de agora fossem vetadas pelo serviço secreto e ele sabia que tinha sido e, se na época não se opuseram à sua vinda, o que mudava agora que tinham ficado juntos? sabia que como um presidente solteiro e jovem, chamaria uma atenção da mídia ainda maior que já vinha tendo, mas o que ele não tinha se dado conta até então era o que seria da pessoa que um dia ele pretendia conhecer, amar e se casar. Teria sua vida revirada como tinham feito com ?
Só de pensar nela envolta no mundo político e midiático seu coração se apertava, quem ele era ia absolutamente contra tudo quem ela era e por isso que , assim como , iria deixar o que quer que fosse acontecer entre eles, ali. A Ilha seria a única testemunha do que os dois viveriam e quando ele entrasse naquele barco para ir embora, ela seria esquecida, como se nunca tivesse passado em sua vida.
(...)
Faziam quatro dias desde que e tinham ficado juntos na piscina natural pela primeira vez, ela achou que seria apenas coisa de um dia e durante toda a tarde que passaram sozinhos tentou compreender os sentimentos antagônicos que tinha dentro de si. Parte dizia que estava ok com isso, que estava mais do que na hora, a outra a fazia aproveitar aquelas horas como se elas não fossem acontecer novamente.
Há dois anos que não ficava com ninguém, não porque queria, mas porque o destino havia assim escolhido. Claro que ela tivera algumas oportunidades até chegar à Ilha, mas nenhuma lhe chamou atenção o suficiente, nunca ninguém havia sido ele. E quando se viu desejando , não soube o que fazer consigo mesma e com toda a dor que isso lhe trazia. Talvez, mas só talvez, ela estivesse finalmente superando o passado. Talvez fosse hora de recomeçar.
Na noite em que ficaram, foi para seu quarto assim que voltaram para casa e de lá não saiu mais, e, por mais que tenha sentido sua falta, entendeu que ela pudesse precisar de um tempo. Ele mesmo precisava entender o que queria a partir dali até o final de sua estadia. Quando ela lhe disse que ele fora o primeiro homem que ela ficava há algum tempo, sentiu-se responsável, mas também feliz, gostava de saber que fosse lá o que tivesse acontecido com ela, fora ele o homem a fazê-la sentir novamente. Sentir desejo, vontade. E foi com esse pensamento que no dia seguinte ele bateu em sua porta logo pela manhã e, antes que ela pudesse sequer falar bom dia, a beijou, deixando claro que não queria que eles fossem por apenas um dia. Queria que fossem pelo resto de seus dias naquela Ilha.
Naquela manhã assistiram ao nascer do sol junto a Jack, antes que ela fosse com Mick para a praia das focas. À noite, quando ela chegou jantaram juntos, sem os seus seguranças, e assim se seguiu pelos dias que passaram. sentia seu coração se abrir e seu sorriso aumentar a cada nova manhã. não estava muito diferente, mas com ela ainda vinha a incerteza, a culpa, o medo de estar indo rápido demais.
(...)
- Bom dia! - se deitou na cama da mulher, puxando seu corpo junto ao dele.
- Bom dia! Você dormiu aqui mesmo? - perguntou ainda sonolenta, se virando para ele.
- Dormi. - respondeu dando um beijo em sua boca - E ainda fiz o café da manhã, pensei que pudéssemos comer aqui.
abriu os olhos, vendo a mesa de sua varanda posta e Jack os encarando divertido.
- Isso não vai ajudar muito com as caras feias que ganho de Brad e Mick desde que ficamos.
- Não se preocupa com eles, o que importa somos nós dois.
- Eu… você não é casado, certo?
- Não - riu da pergunta da mulher - Eu posso ser muitas coisas, mas isso eu não faria nem com você, nem com minha esposa.
- Eu estava pensando na nossa conversa de ontem, que mesmo você estando aqui ainda não teve um tempo só seu. Gostaria de ir comigo naquela ronda que faço por toda a ilha? Pensei em fazer metade hoje e depois vou sozinha daqui dois, três dias e faço o outro lado. Assim, enquanto trabalho você pode fazer o que quiser.
- Não vai ser cansativo pra você?
- Depende, você diz que você vai me cansar ou pelo trabalho que vou ter de ir duas vezes? - questionou trazendo o homem para que ele deitasse sob ela.
- Agora que você mencionou, os dois. - apoiou o peso de seu corpo sob seus braços e com uma mão acariciou o rosto da mulher, ainda não conseguia acreditar que podia beijá-la sempre que quisesse.
- Não tem problema, eu amo essa ilha e adoro como você me cansa.
- Combinado então, depois eu falo com aqueles dois.
Mesmo sob protestos, discussões e cara feia, Brad e Mick permitiram que fosse à tal ronda, contanto que deixasse a rota que fariam, ligassem a cada três horas e voltassem na hora combinada no dia seguinte. Aquele passeio era exatamente o que o homem precisava, poder ficar a sós com , sem preocupações e com a certeza que não tinha ninguém a 200m de distância. sentia-se um pouco tolo, quase como um adolescente, tudo que a mulher fazia lhe causava um sorriso. Tirava algumas fotos para ela e dela enquanto a via fazer algumas de suas atividades, pararam na hora do almoço para comer e durante a tarde o levou para conhecer seu ponto favorito da Ilha, onde podia-se ver o pôr do sol e para onde ela geralmente ia quando seu coração pedia.
- Você tem o Jack desde filhote? - perguntou curioso, o carinho que tinham um pelo outro era muito além do que já havia visto.
- Não, nos encontramos há um ano e pouco. - a mulher sorriu pro animal, que tinha o rosto deitado em sua perna - Eu fui ao abrigo em busca de um cachorro pequeno, que não desse muito trabalho e me fizesse companhia, nenhum me chamou a atenção. Mas, no final da visita, chegou um animal maltratado, sem pelo na maior parte do corpo e um olhar de quem estava pronto para desistir. Eu me vi no Jack, sozinho, com medo, sem esperança. Falei que queria ele e tentaram me convencer que ele não estava pronto, e que como eu nunca tinha tido um cachorro era melhor um filhote, mas eu estava decidida, era o Jack ou não seria nenhum. Duas semanas depois me ligaram dizendo que ele estava piorando no canil e queriam tentar um lar temporário. E eu disse que ou ele vinha pra mim permanente ou que achassem outra pessoa.
- Eu sinto muito, .
- Pelo quê?
- Pelo que você e o Jack passaram, sei que temos um acordo de não trazer nossas vidas do lado de lá pra cá. Não sei quem você era, o que passou, mas essa mulher que vejo hoje aqui é difícil acreditar que um dia ela não teve esperança, porque quando eu olho pra você é uma das primeiras coisas que consigo enxergar.
não tinha palavras para o que tinha acabado de ouvir, então fez o que acreditou ser a resposta muda ao que ele dissera: o beijou. O beijou como há muito tempo não o fazia, com a alma e o coração. E os dois perceberam ali que alguma coisa tinha mudado.
se virou no tronco de árvore que fazia as vezes de banco e se aproximou da mulher para beijá-la mais uma vez, mas sem pressa, eles tinham todo o tempo do mundo e o aproveitaram. tirou uma mecha de cabelo do rosto da mulher e fechou os olhos, trazendo suas duas mãos para o rosto dela, traçando com os dedos cada centímetro de seu rosto. Os lábios sempre protegidos do sol, as sardas que ela tinha no rosto depois de tanto tempo em uma ilha, os olhos que por vezes eram frios, com dor, mas em outras, como aquela em que ela o olhava com tanto calor, paixão. Seus dedos deslizaram pelo rosto de , lendo uma história incompleta e em cada ponto que ele acreditou ter uma dor ou uma lágrima ele beijou. Beijou com a esperança que pudesse, nem que por alguns minutos, tirar dela tudo que a havia feito se esconder ali.
O homem à sua frente a olhava como se ela fosse um grande tesouro que tinha acabado de ser descoberto. gostava da forma que a olhava, beijava, cuidava. gostava de , ponto. Ela resolveu admitir aquilo para si mesma, ignorando os poucos dias que se conheciam, a pequena quantidade de dias que tinham ficado juntos e ainda mais os dias que ainda teriam. Porque apesar de tudo, já era parte fundamental em sua vida, ele era quem a havia feito entender que estava tudo bem recomeçar, que amar novamente não era motivo para sentir culpa, mas sim para sorrir.
- Oi. - falou depois do que devem ter sido longos minutos em que os dois apenas se beijaram, se tocaram.
- Oi. - respirou fundo, abrindo os olhos pela primeira vez, para uma nova vida.
O pôr do sol era realmente algo único, mais uma das coisas que seria forçado a reviver em memórias pelo resto de sua vida. Sabia que era o certo a se fazer, mas nem por isso era algo fácil.
Naquela noite, na cabana em que se aconchegaram em uma cama pequena demais para os dois, tiveram a melhor noite que podiam lembrar em anos. Eram apenas eles dois, sem um passado, sem um futuro, apenas um presente onde eram e , onde eram um.
- ! - murmurou antes de se deixar levar por mais uma onda de prazer, uma das muitas que tinha tido naqueles últimos dias.
- Eu gosto quando você me chama assim. - disse dando um último beijo em sua boca, antes de puxá-la para que deitasse em seu peito, ambos suados e com a respiração ofegante.
- Pelo seu apelido? - ela o questionou, fazendo um carinho no peito do homem.
- Ninguém me chama assim, é sempre , até meu pai me chama pelo meu nome.
- Eu prefiro . - disse depositando um beijo em seu peito.
- Eu prefiro você.
(...)
A volta, embora ainda recheada de dias, era agridoce. A bolha que havia sido criada nas últimas 24h entre eles era visível, eles mesmos conseguiam vê-la e não faziam a mínima questão de esconder. sentia falta de assim que ela saia da cama para trabalhar e ela, como há muito não fazia, contava as horas para voltar pra casa. Quando um não estava olhando, o outro sempre estava. Os sorrisos, os toques, os beijos, tudo que faziam os conectava ainda mais e fazia se sentir cada vez mais inteira, já estava ansioso, olhava os dias passar sabendo que em sete dias teria que ir embora sem olhar pra trás, e ele não tinha mais certeza que estava pronto para isso.
Seria mágico se todos os dias tivessem sido tão perfeitos quanto os primeiros, mas sentimentos começaram a aumentar e o fim próximo começou a trazer à tona a vontade de que pudessem ser mais, ir além.
- Oi.
- Oi. - sorriu ao sentir os lábios da mulher nos seus pela manhã.
- Você tinha que ter me convencido a dormir aqui antes, acordar com essa vista e olhar pro lado e ver você… - o homem abriu os olhos, vendo a mulher morder o lábio, vestindo nada mais que o lençol que os cobria.
- Onde foi que eu tirei a sorte grande de ser você a pessoa a estar aqui?
- Fico feliz de termos nos conhecido, , você está marcando minha vida de uma forma que nem imagina.
- , o que te aconteceu? - perguntou disposto a talvez buscarem uma solução.
- , por favor, nós combinamos, é o melhor para todos. - falou puxando o lençol para si - Daqui uma semana você vai embora e eu vou ficar aqui. Não tem por que agirmos como se fossemos ir além.
- E por que não podemos? - a questionou se sentando na cama, e foi inevitável que a mulher não encarasse o abdômen dele, que ela tanto amava tocar e beijar.
- Ir além? Não é óbvio? Moro aqui, você em outro continente. Não sabemos nada um sobre o outro, a não ser as meias verdade que contamos. Isso tudo que sentimos é só uma paixão de verão, passageira, assim que você entrar no barco vamos nos esquecer.
- É isso que você pensa? - sentiu toda sua vontade de sorrir ser soterrada pelas palavras de - Você é americana, um dia vai voltar, não? Ou vai ficar escondida da sua vida aqui pra sempre?
- Eu não sei nada sobre você, você não sabe nada sobre mim.
- Podemos passar os próximos sete dias nos conhecendo de verdade, isso não precisa ser passageiro.
- Você é bonito, educado, inteligente, aparentemente tem dinheiro ou não andaria com dois seguranças, eu tenho certeza que você tem todo um passado e futuro de mulheres interessantes para escolher. Em sete dias você vai embora e vamos nos dar adeus. - finalizou se levantando apressada.
- . - se levantou, a observando colocar a roupa - Você não acha, não sente que podemos ser muito mais do que apenas duas semanas nesse fim de mundo? - questionou se aproximando dela, não era possível que tudo que vinha sentindo era somente por parte dele.
- Fim de mundo pra você, , pra mim é o meu mundo e eu não vou abandonar tudo isso por qualquer um. - no segundo que as últimas palavras saíram de sua boca, sabia que tinha exagerado, deu dois passos para trás, como se tivesse levado um soco no estômago, porque era assim que ele se sentia.
Quando acordou naquela manhã, depois de mais uma noite inesquecível, foi impossível não sorrir ao ver o homem que dormia ao seu lado. era lindo, a barba que agora estava bem aparente dava vez a um homem completamente diferente do que havia chegado, o deixava ainda mais sexy e ela não se cansava de sentir o olhar dele sobre ela, de seus beijos por todo seu corpo e de se perder no paraíso que era o corpo e mente de . Ela sabia que ele era diferente de qualquer homem que tinha conhecido antes, no começo achou que a diferença de idade pudesse ser estranha, mas era uma das maiores qualidades que tinha encontrado nele.
A paciência, a sabedoria, o conhecimento, o altruísmo, valia a pena, mas quando se deu conta que só tinham mais uma semana juntos, uma tristeza enorme invadiu seu peito e desejou por um único momento que ele pudesse ficar mais um, dois meses ali, apenas eles e mais ninguém. Mas a ilha, sabia, era o seu refúgio do mundo lá fora e pertencia fora dela.
- , me… - tentou em vão se aproximar do homem, que colocou a mão à sua frente, pedindo que ela não desse nem mais um passo que fosse.
- Eu entendo, você pode descer agora, tomarei meu café daqui uma hora.
- … - a mulher sabia que as palavras ditas eram a forma do homem de se defender, mas nem por isso doeram menos.
- É só isso, obrigado.
Com os documentos da mulher em mãos, voltou a encarar a foto de . O que poderia ser tão difícil e doloroso, que ela estava disposta a tudo para não voltar ao mundo real, não dar a eles nem uma chance? estava certa, ele tinha um passado de mulheres e sabia que teria um futuro, mas com seu cargo, vinha a desconfiança e ele não queria qualquer uma, queria uma mulher que gostasse dele em todos os momentos, que o amasse não como o Presidente, não como , mas que o amasse como , e justamente aquela que via como especial, o via como qualquer um.
- Sr. ? - ouviu Brad bater na porta e escondeu a pasta de embaixo da almofada de seu assento.
- Oi, Brad. - fez um gesto para que ele se aproximasse.
- Peço desculpas pela intromissão, mas está tudo bem com o Senhor e a Srta. ?
- Por quê?
- Não era hoje que iríamos fazer o passeio de barco para mergulhar no coral onde dá pra ver tartarugas marinhas?
- Sim, por quê?
- É que ela saiu faz vinte minutos e me avisou que não voltaria hoje, perguntei do passeio e ela disse que foi cancelado porque tem uma tempestade vindo.
- O quê?
(...)
A tempestade viera muito mais cedo que podia esperar, não que ela se importasse, suas lágrimas se misturavam às gotas de chuva que caíam em seu rosto, enquanto andava a caminho da cabana. Jack a seguia como sempre, vestindo sua capa de chuva amarela.
Decidiu antecipar a segunda parte de sua ronda, pois ambos precisavam de um tempo, sozinhos, sem a presença do outro. Precisavam entender que era o fim e ponto final. tinha uma vida para voltar e ela um trabalho a cumprir. Entendia as palavras duras dele, como esperava que ele entendesse as suas.
As lágrimas de não eram pela briga que tiveram, eram pelo seu passado, seu presente e, principalmente, seu futuro. A caminhada até a cabana a ajudou colocar as coisas em perspectiva, entender que seu passado deveria ficar para trás, que seu presente era exatamente aquilo, um presente que haviam lhe enviado na forma de . Ele viera com a intenção de libertá-la de si mesma, de aprender que estava pronta para começar a rascunhar como seria seu futuro. E ela mal podia esperar por isso.
havia sido impedido de sair por Mick e Brad, e sabia que eles tinham razão, apesar dos três já terem servido no exército e na força aérea no passado, não conheciam a ilha tanto quanto e ele sabia, e esperava, que ela fosse ficar bem, mas mesmo assim não podia evitar ficar preocupado. Só conseguiu sossegar quando Brad finalmente conseguiu falar com ela pelo telefone e embora quisesse pedir desculpas, esperou para que as pudesse fazer pessoalmente.
No dia seguinte, quando acordou, a primeira coisa que fez foi descer para ver se a mulher tinha voltado, mas o local ainda silencioso o fez suspirar desolado. Apesar da tempestade ter passado em algum momento da madrugada, era possível ver os rastros que tinha deixado por todo o lugar. Voltou para seu quarto, mas ficou atento a todo movimento na casa. Na hora do almoço, enquanto cozinhavam, os três se assustaram ao ouvirem um latido de dentro do quarto da mulher.
- ? - bateu na porta e foi ignorado, mas decidiu abri-la quando Jack começou a raspar a pata para que ele abrisse e quando o fez, o cão saiu desesperado para o lado de fora da casa.
- Eu vou atrás dele. - disse Mick, enquanto entrava no quarto.
- ? - perguntou mais uma vez, já que o local estava todo escuro e a encontrou na cama, dormindo. - ? Você está bem?
- Hm? - perguntou cansada, sem encontrar nem forças pra abrir os olhos.
- Você está doente! - se assustou ao tocar na mulher e sentir seu corpo quente. - Quando você chegou?
- Hoje de manhã, antes do nascer do sol.
- Por que não me chamou? O que você tá sentindo?
- …
- Xiii. - o homem pediu, tirando o edredom do corpo da mulher, que vestia apenas sua lingerie - Vem comigo.
já tinha enfrentado várias chuvas e tempestades desde que chegou à ilha, sabia se cuidar, mas claro que vez ou outra acabava adoecendo por conta da chuva e vento que tomava. Embora depois da discussão com tenha visto a chegada da tempestade, calculou errado o tempo que faltava para chegar à cabana e acabou tomando mais chuva do que o necessário.
Sempre preocupada com Jack, acabou prestando mais atenção na saúde do animal que na própria e adoeceu. Decidiu voltar para casa ao sentir sua garganta doer e os olhos ficarem pesados, pois já sabia o que acontecia quando a gripe se alojava de vez e não conseguiria se mover por um dia inteiro e não tinha trazido mantimentos e roupas secas o suficiente para mais um dia fora de casa. Saiu assim que a chuva acabou e quando chegou em casa, ainda conseguiu dar um banho quente em Jack, mas quando chegou a sua vez o cansaço bateu, a única coisa que encontrou forças para fazer foi tirar as roupas que usava, tomar um remédio e se deitar na cama toda enrolada em seu edredom.
a pegou no colo e a levou até a banheira, ligando-a para que pudesse tomar um banho quente. Enquanto a água caía, colocou uma toalha para servir de travesseiro e correu na cozinha para fazer um chá.
- Ele queria ir ao banheiro - Mick comentou rindo quando reapareceu na cozinha com um Jack mais aliviado, que voltou correndo pro quarto.
- está fervendo, onde fica a caixa de remédios?
- Deixa comigo, minha avó tinha uma receita de chá horrorosa, mas que ajuda bastante - Mick tirou a chaleira da mão de e se ocupou em encontrar os ingredientes que precisava. - Pode ficar com ela, Sr. , nós fazemos a nossa parte aqui.
Quando retornou ao quarto, Jack estava deitado na porta do banheiro observando sua dona, o homem andou a passos largos até ela, lhe dando o remédio que ela tinha na mesa de cabeceira para ir fazendo o efeito, antes que Mick chegasse com sua receita milagrosa.
- O que você está fazendo? - a mulher perguntou ao vê-lo tirar a camiseta e bermuda, ficando apenas de cueca.
- Cuidando de você - disse entrando com ela na banheira, se sentando atrás dela para lhe dar conforto. - Eu ainda tenho seis dias aqui e pretendo passar todos eles com você.
- … - o chamou, levando sua mão à nuca do homem e virou a cabeça para dar um beijo em seu maxilar. - Eu não quis dizer o que eu disse.
- Nem eu, . - respondeu beijando sua cabeça. - Me desculpe.
- Eu também peço desculpas, você é tudo, menos qualquer um. Queria que você pudesse ficar mais algumas semanas.
- Eu também, , eu também!!! - murmurou apertando seu abraço ainda mais ao redor do corpo dela, queria que aquele fosse mais um momento que nunca se esqueceria.
Quando se tem apenas seis dias para aproveitar ao lado de quem se tem vontade de passar a vida inteira, você faz aqueles seis dias serem inesquecíveis. e não se desgrudaram um segundo, ele ficou ao seu lado o dia todo, trocou sua roupa de cama, levou o almoço e a janta para ela e à noite, com a mulher um pouco melhor devido ao chá milagroso da avó de Mick, os quatro passaram algumas horas jogando cartas e dando risada.
No dia seguinte, os levou para mergulhar, mas ficou no barco, não seria maluca de entrar no mar ainda doente. Mick finalmente tinha se rendido aos encantos da mulher, quando ela lhe passou a câmera fotográfica já protegida para que ele tirasse todas as fotos que quisesse. observava seu segurança de 2.10m sorrir largo ao mostrar pra mulher as fotos que havia tirado do fundo do mar, enquanto Brad pilotava a lancha de volta pra casa. se sentiu observada e piscou para .
- Obrigada! - disse em certo momento quando o homem a abraçou por trás e juntos observavam o mar.
- Pelo que, exatamente? - perguntou lhe dando um beijo na nuca.
- Por essas semanas, por me entender e respeitar meu silêncio. Talvez um dia eu possa te dizer tudo o que fez por mim, mas não hoje, não agora. Eu quero que esses dias sejam só nossos, que eles sejam todos sobre você. - disse ao se virar de frente para o homem e passar seus braços pelos ombros dele para beijá-lo uma das milhões de vezes que ainda pretendia fazer antes que ele fosse embora.
não queria que os dias acabassem, pensou que se tivessem ficado logo no primeiro dia, teriam tido mais sete dias juntos. Já sentia saudade de coisas que nem tinham acontecido, gostaria de ter feito muito mais com . Tempo, aquele que parecia sempre estar contra ela.
(...)
A última noite. Era sua última noite com ele e não tinha dormido nada. Queria lembrar da sensação de ter alguém dormindo ao seu lado todas as noites, sentir mãos a tocando inesperadamente, entrelaçar seus pés ao de , que estavam sempre mais quentes que o seu. Mesmo em seu sono ele deve ter percebido que ela já sentia falta dele, porque se movimentou na cama de forma a ficar ainda mais próximo dela, que não resistiu e beijou seus lábios, tendo como resposta seu nome surgir no sono do homem. Um sorriso e uma lágrima, um beijo em seus lábios e o sonho de que um dia, talvez, o visse de novo.
Só mais três horas com ele. se levantou com cuidado, em silêncio. Tinha preparado uma surpresa para de despedida. Foi à cozinha, preparou o café da manhã para dois, pegou a única foto que tinham tirado juntos, apoiado em um dos muitos coqueiros que ficavam em frente à casa e ela com seu corpo encostado ao dele. Ele falava alguma coisa em seu ouvido, já que ela tinha um sorriso aberto, sincero, no rosto.
Brad havia tirado a foto no dia anterior e lhe prometeu duas cópias, uma para ela e outra para . Antes que lhe entregasse, a lembrou do contrato de confidencialidade que assinou antes da chegada deles, e sob a promessa que aquela foto ficasse junto com ela, naquela Ilha, lhe entregou as cópias.
A bandeja estava posta, a frase no verso da foto escrita. Ajeitou as almofadas nas cadeiras e encontrou um documento embaixo de uma delas. O pegou para deixar sob a mesa dentro do quarto, mas parou no meio do caminho quando viu uma etiqueta com seu nome e o símbolo da Agência Nacional Americana. Abriu o documento e no mesmo instante sentiu seu peito doer. Toda sua vida estava ali, seu nome, sua idade, seu estado civil.
Viúva.
Aquela palavra que vinha tentando esquecer há dois anos e que lhe assombrou por tanto tempo estava de volta, nas mãos de .
Mais páginas, Major Ethan morto em combate. A vida de seu marido descrita em algumas páginas, como se sua vida pudesse ser resumida em algumas letras à tinta, num papel branco. Havia sido um bom soldado? Sim. Havia servido o seu país corretamente? Sim. Mais uma página, uma foto de Ethan,tão lindo.
“Obrigada... por essas semanas, por me entender e respeitar meu silêncio.”
A foto de e fora rasgada, a pasta com toda sua vida registrada colocada em cima dela. E, logo em seguida, uma porta se fechou em silêncio.
(...)
acordou feliz, embora fossem suas últimas horas com , tinha colocado na cabeça que ia ignorar o fato que talvez nunca mais se vissem e focar na parte em que ainda a tinha ao alcance de suas mãos. Se levantou da cama, pronto para descer e tomarem o café da manhã juntos, mas parou no caminho ao ver a mesa posta em sua varanda. Sorriu encarando a porta do quarto fechada, devia ter descido com Jack para fazer suas necessidades e voltaria em breve.
Abriu a grande porta de vidro e conforme o ar fresco entrava, seu sorriso diminuía. Seu café da manhã já estava lá e logo ao lado a pasta de , pegou o documento em mãos e viu que a página que antes era a primeira, estava diferente. Sentiu um pânico tomar conta de si, que só piorou ao ver a foto rasgada na mesa. Juntou os pedaços e sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos, nem que quisesse poderia controlá-las, sabia que nunca mais a veria.
Se surpreendeu com Mick e Brad, que ao invés de o impedirem de ir atrás dela, usaram as últimas horas que tinham no local tentando encontrá-la. O barco já os esperava há 40 minutos além do horário marcado, não podia fazer mais nada.
Quando seu barco circundou uma parte da ilha, seguindo o percurso que o levaria para a cidade mais próxima, ouviu um latido. Jack e estavam sentados na ponta de uma rocha os observando de longe. Não conseguia ver daquela distância o rosto da mulher, mas se levantou mesmo assim, lá estava ela, a mulher por quem estava apaixonado.
Brad lhe entregou a foto que a mulher tinha rasgado, agora colada com fita adesiva, mas mesmo querendo guardar aquela lembrança, da última vez que a veria, seus olhos foram para o verso da foto:
“I'm not alone, I say to myself
I found my home
Under a coconut tree”
tinha finalmente conquistado o maior sonho de sua vida adulta, não saberia dizer quando tudo começou, como um sonho tão único e impossível quanto aquele havia entrado em sua cabeça, não é o tipo de coisa que se almeja quando se tem 20 anos, mas ele sim, desde novo sabia que para alcançar o topo, precisava começar por baixo e batalhar. E como dizia o velho ditado: "Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez". E como tinha feito, em poucas semanas se tornaria o 45º Presidente dos Estados Unidos da América. O cargo mais cobiçado e importante de todo o mundo, o qual ele pretendia exercer de forma justa e democrática, já que gostaria de continuar o legado deixado pelo seu antecessor e tinha muita fé que conseguiria.
Saiu de seus próprios pensamentos quando um Golden Retriever apareceu latindo do meio da floresta e correu em direção a ele, curioso e preocupado se levantou, mas o cachorro o ignorou completamente e entrou no mar, o deixando ainda mais confuso.
- Ei, garoto. - chamou pelo cachorro que parecia agitado e feliz ao encarar seja lá o que fosse no mar - Vem aqui.
Mas logo entendeu o motivo da felicidade do animal, do mar saía uma mulher usando apenas um biquíni, snorkel e um sorriso enorme, que ela abriu assim que emergiu e viu o cachorro chegar até ela. Por um momento se sentiu em 007 e o Satânico Dr. No, trocando apenas as conchas pelo Golden, que agora seguia a dona para fora do mar. Colocou as mãos no bolso e encarou o chão por um segundo, incerto, tímido, sabia que ela estaria lá, mas não sabia que ela era…tão linda.
Se levantou, chamando a atenção da mulher, que assim que o viu franziu o cenho.
- Você é o Brad? - questionou incerta, se aproximando - Achei que chegassem apenas amanhã, na quinta feira.
- Hoje é quinta! - o homem afirmou vendo a mulher abrir uma cara de espanto adorável - E eu não sou o Brad, me chamo , mas pode me chamar de . - estendeu a mão à mulher, que o cumprimentou cordialmente.
- Prazer, ! Me desculpe, é raro eu olhar o calendário, só me atento aos dias 10 e 20 que é quando o barco traz provisões para mim e para a ilha. Encontraram tudo da forma que gostariam? Eu não sou muito boa em arrumar cama e o Sr. Moore me pediu que fizesse tudo da melhor maneira possível, nunca o vi tão preocupado com um convidado quanto com você.
- Eu ainda não entrei na casa, mas tenho certeza que vai estar tudo perfeito, qual o seu nome mesmo?
- , mas me chame de , sim? Esse é o Jack, meu companheiro nessa jornada. - comentou afagando a cabeça do cachorro.
- O Robert me disse que, apesar de ser o dono da ilha, quem manda é você. - comentou curioso, querendo saber um pouco mais da guardiã do local. - Só esqueceu de mencionar o Jack - sua mão se aproximou do animal, deixando que ele o cheirasse.
- Ah, Robert é um chefe maravilhoso, nos falamos todas as semanas, envio fotos, novidades e relatórios aqui da ilha.
- Há quanto tempo você está aqui?
Seis meses. Fazia seis meses que tinha colocado os pés naquele paraíso pela primeira vez e até então não se arrependia por um segundo que fosse. Quando viu o anúncio em um site, procurando uma pessoa para morar em uma ilha deserta sem nenhum custo e ainda por cima com um salário que qualquer mortal gostaria de ganhar, ela sabia que tinha encontrado a desculpa perfeita. Era exatamente aquilo que vinha procurando há um ano e meio, queria fugir para encontrar a si mesma, se redescobrir e, principalmente, se re-construir.
Quando recebeu a chamada de Robert Moore, informando que era uma das finalistas, ficou feliz, mas disse que só continuaria na corrida para ganhar a vaga se Jack pudesse ir junto e aquilo, somado a história de vida da mulher, foi o que fez o dono daquela ilha ter a certeza que ninguém mais poderia cuidar do seu maior tesouro melhor do que .
- Uau! E você não sente falta do mundo civilizado, fast food, notícias de jornal? - a questionou, querendo saber se ela sabia quem ele era.
- Nenhuma. - respondeu sincera, começando a andar em direção a casa e ele a acompanhou - Eu respondo alguns dos comentários que fazem na página da Ilha, as fotos do Jack são geralmente as que fazem mais sucesso. Converso uma vez ao mês com meus pais, às vezes com alguma amiga. Essa ilha me encontrou quando eu mais precisava me distanciar do mundo. Estar aqui sem telefone, notícias ruins e ainda acordar todos os dias sabendo que estou no paraíso, era exatamente o que eu estava precisando. E você, o que te traz aqui? Serão três semanas, certo?
- Eu lido com pessoas todos os dias e horas da minha vida. Foi o que escolhi pra mim e não me arrependo, mas às vezes eu gostaria de fechar os olhos e não ouvir nada além dos meus próprios pensamentos. Acho que assim como você eu precisava me distanciar do mundo, me reconectar comigo mesmo. Quando o Robert me fez o convite e mostrou as fotos desse lugar... Eu tive que aceitar, mesmo que ele venha acompanhado do Brad e do Mick. - encarou , que riu para ele.
- Eu prometo que não vou ficar no seu pé, são tantas coisas pra fazer por dia que me faltam horas, você nem vai me ver. Também passo dois dias fora por semana, faço uma ronda na ilha toda e demoro a voltar.
- Oh não, quero que mantenha sua rotina, eu sou a visita aqui. Confesso que quando ele me disse que tinha uma guardiã que morava aqui, fiquei com um pouco de inveja da sua vida, gostaria, se me permitir, de ver um pouco do que faz aqui.
- Claro, muitas pessoas são curiosas pra saber quem posta na página da Ilha, o que eu faço, como cheguei aqui, mas eu gosto de manter o suspense. Combinei com o Brad que servirei o café da manhã e o jantar, hoje à noite explico um pouco, você deve estar cansado da viagem, lembro que no meu primeiro dia aqui dormi ele todo. - disse ao chegarem na entrada da casa, onde lavaram os pés para não sujarem o local de areia.
- Estou um pouco sim.
- Eu vou te mostrar a cozinha e seu quarto agora e depois fique à vontade para andar pelo resto da casa. - falou colocando o vestido que havia deixado ao lado do chuveiro, como sempre fazia.
estava nervosa, primeiro por ter esquecido de confirmar o dia da semana e não estar presente na chegada dos convidados. Sabia que eles eram importantes para Robert, já que dos três grupos que havia recebido durante sua estadia na ilha, esse viera com o maior número de pedidos e recomendações para a pequena quantidade de pessoas vindas. Tivera que fazer pedido extra ao barco que lhe trazia suprimentos e checou seu e-mail todos os dias, sempre encontrando um novo e-mail do tal Brad. Em segundo porque sempre estranhava voltar a interagir com pessoas, mas dessa vez sentiu-se particularmente incomodada, parecia ser mais velho que ela, mas era bonito, elegante, sexy. Tinha uma postura diferente da maioria das pessoas que conhecia, havia algo nele que a deixava incerta, mas ao mesmo tempo curiosa. Uma coisa que havia lhe chamado atenção fora o fato dele ter sido um cavalheiro, mesmo ela usando apenas um biquíni, o olhar dele sequer desviou dos seus e isso a fez lembrar de alguém que vinha tentando esquecer.
A casa de Robert Moore era enorme, mas pequena se comparada com o tamanho da Ilha, o empresário era um bilionário do mercado financeiro americano e há três anos havia comprado aquele pedaço de paraíso próximo a Austrália. Quando acordou naquele local à primeira vez, sabia que nunca mais teria uma oportunidade tão incrível quanto aquela. Além de fotografar e cuidar da ilha, se encarregava de preservar a fauna e a flora, já que por sua localização era ponto de descanso de focas e, em outro local, onde mergulhava para observar os corais, peixes e outros animais marinhos, também encontrava tartarugas que estavam por ali de passagem. Adorava cada parte de seu trabalho, até mesmo a ronda que fazia semanalmente onde acabava dormindo em duas pequenas cabanas ecológicas estrategicamente construídas para que ela tivesse um abrigo e pudesse fazer toda a volta de uma vez, já que até então fazia metade em um dia e a outra no outro, aumentando ainda mais as horas que andava.
Ter Jack com ela, a seguindo por todo o lugar, era tudo que poderia precisar, havia adotado o animal um ano antes e desde então eram inseparáveis.
- Brad, Mick - se virou na direção de ao ouvi-lo falar com alguém e se assustou ao ver dois armários se aproximando. - Essa é .
- Sr. ... - um deles disse e a mulher estranhou a interação – Digo, . Srta. , sou o Brad.
- Um prazer te conhecer, foram dois meses de negociações e o Brad aqui não ficou muito contente que eu só abria o e-mail uma vez na semana, agora entre Natal e Ano Novo acabei entrando quase todo dia pra dar conta de todos os pedidos. - comentou dando a mão aos dois homens, Brad parecia mais simpático, já Mick parecia um robô com cara de mau.
- Peço desculpas por isso, Srta. .
- Vocês são seguranças do , é isso? - perguntou curiosa, devido toda a postura dos dois, que permaneceram calados - Tudo bem, já entendi, segredo de estado. - riu sozinha, indo em direção a suíte principal. - Aqui fica seu quarto, , a vista daqui de manhã é espetacular, uma das mais lindas desse lado da ilha. Janto por volta das 19 horas, se for tudo bem para vocês? - perguntou olhando os três homens.
- Ah, seria apenas pro Sr... - Brad respondeu após um tempo - Nós podemos nos virar.
- Imagina, eu cozinharei para todos vocês, mas vou precisar aumentar o cardápio, com esse tamanho todo de vocês o que imaginei vai servir só a entrada. Deixem comigo e descansem, por favor.
, assim que mostrou ao convidado principal as suas dependências, foi para o seu quarto, que ficava no andar térreo próximo a cozinha, para tomar banho e continuar seu trabalho. Apesar de ajudar na manutenção e limpeza da casa, por seu tamanho, todos os meses ia uma pequena equipe fazer limpeza geral e consertos. Quando convidados se hospedavam tinham toda uma equipe de apoio para servi-los, mas desde o início foi especificado que o convidado queria total discrição e nenhum funcionário extra, e no final das contas não se importava, ela mais do que ninguém entendia o desejo e a vontade de querer ficar sozinho, longe de todos.
Naquela noite, os quatro tiveram uma noite um tanto quanto estranha, parecia ser o mais tranquilo em relação a tudo, os dois outros homens tentaram comer na cozinha, mas foi firme e após o pedido de , que pareceu muito mais como uma ordem, os dois se sentaram a mesa de jantar. A conversa fluiu aos trancos e barrancos até que pareceu desistir dos dois e focou apenas em .
se viu encantado pela mulher, era visível sua paixão pelo trabalho, ela lhe explicou o que fazia no dia a dia e contou alguns casos marcantes que aconteceram nos últimos 6 meses. Foi renovador conversar com alguém que não tinha um telefone para ficar checando mensagens, alguém que o olhava nos olhos ao conversar e não queria nada dele, sequer sabia quem era ele. Também reparou que não usava maquiagem, seus cabelos eram naturais e bem cuidados, estava sempre descalça. Há tempos não convivia com alguém tão leve e de bem com a vida como ela, e aquilo foi libertador para ele, como se uma força maior o fizesse querer se aproximar dela, entender como ele também poderia se sentir assim.
No terceiro dia, acordou completamente renovado, dormira como há tempos não fazia. A ausência de vozes atrás da porta era sua parte favorita, o som do mar e das árvores eram quase como uma canção de ninar. Desceu animado e percebeu que ninguém na casa ainda tinha acordado, a cozinha estava num completo silêncio. Aproveitou para ver o final do nascer do Sol e entrar no mar, coisa que não fazia há muito tempo.
terminou de servir a mesa do café quando Brad e Mick surgiram preocupados, procurando por . Claro que era curiosa e queria entender o que é que eles faziam, mesmo tendo quase certeza que eram seguranças dele, mas jamais perguntaria. Havia aprendido com o tempo que para passar despercebida pela curiosidade das pessoas, precisaria se despir de sua própria curiosidade.
Viu os seguranças saírem porta afora e, preocupada, os acompanhou. Jack a seguiu como sempre, mas o cachorro virou para o lado oposto e ela estranhou, mas foi atrás dele e riu sozinha ao ver nadando um pouco afastado da costa, onde as ondas eram menores. O homem deve ter ouvido o cachorro latir, pois parou de nadar e acenou para ela. praguejou a si mesma por ter sido curiosa, ver Jack entrar no mar atrás de e os dois virem correndo em sua direção, um rindo e o outro latindo, trouxe de volta sensações que há muito havia esquecido.
era homem, viril e deixava isso bem claro no seu andar, na forma que se portava e principalmente no modo em que passou a mão no cabelo para ajeitá-lo, extremamente sexy, quase como se estivesse numa cena de cinema que ela gostaria de deixar no repeat. Seu corpo não era muito malhado, mas era definido e podia ver que ele trabalhava para se manter em forma. Sem perceber mordeu o lábio inferior, deixando que aquele sentimento se firmasse dentro de si. Há tanto tempo tinha se fechado para sequer olhar um homem com interesse, que ser atingida por tamanho desejo era como ter um sentimento completamente novo e desconhecido tomando conta de si.
- Bom dia, , não queria te atrapalhar, mas os dois ali - apontou para os homens, agora vindo para aquele lado da praia - ficaram preocupados quando disse que não tinha te visto hoje.
- Inacreditável, onde mais eu poderia ter ido aqui nesse lugar? - riu fazendo um gesto para que os dois não se aproximassem - Bom dia, !
- Você gosta de surfar? - perguntou curiosa ao ver que ele nadava bem.
- Muito, a última vez já faz um tempo, infelizmente.
- Você realmente foi pego pelo mundo capitalista, não? - colocou as duas mãos na cintura, tirando um sorriso lindo do homem à sua frente.
- Você não imagina o quanto.
- Acho que vai gostar de saber que temos várias pranchas aqui, depois mostro onde tudo fica guardado e se quiser usar o jet ski, eu vou deixar as chaves acessíveis.
- Posso te convidar para um passeio mais tarde? - mesmo não vendo nenhuma malícia em seu pedido, corou.
- Hoje eu não posso, preciso refazer uma das trilhas que a chuva que teve no Natal cobriu. Não tive tempo com a sua chegada.
- Outro dia? - a mulher concordou e os dois caminharam em silêncio de volta para casa.
ria sozinha ao ver Brad e Mick lavarem a louça do jantar, ela não sabia, mas a observava. Podia ver que ela havia queimado as maçãs do rosto durante o dia, aumentando o contraste de sua pele com o vestido que usava.
- Ainda bem que estamos em uma ilha deserta quase sem comunicação, se minha esposa descobre que estou lavando louça, nunca mais tenho sossego. - Brad resmungou, tirando uma gargalhada de todos, menos Mick, que apenas esboçou o projeto de um sorriso.
- Ah, Brad, não está fazendo mais que sua obrigação, ela cozinha, você lava. - riu ao vê-lo dar uma piscadinha escondida para ela, o suficiente para entender que era aquilo que ele sempre fazia.
- Terminamos por aqui. - Mick disse saindo do local com Brad.
- Está cansada? - perguntou despretensioso, mas ansioso.
- Um pouco, preciso descarregar as fotos de hoje, quer ver? Passei pela Ilha dos Pássaros.
- Quero sim. - disse a seguindo, mas parou na porta de seu quarto, era espaçoso, tinha uma cama de casal e logo à frente uma enorme TV. No canto o computador e diversos livros. Por respeito, não entrou para ver o que tinha do outro lado. - Mas o que é a Ilha dos Pássaros?
- Ah é um nome que acho que o antigo dono deu e acabou ficando, no lado nordeste da ilha tem um lugar onde vários tipos de pássaros e papagaios moram, um mais lindo que o outro, eles voam por toda ilha, mas a concentração daquele lado é enorme - comentou ao reaparecer com uma câmera em mãos - Vamos na sala de TV.
Os dois passaram um tempo vendo fotos e explicou a um pouco sobre cada tipo de pássaro, ele riu quando ela confessou que tinha dado nome há alguns. Ao fim, ele ainda estava extasiado com o dia que tivera e a convidou para assistir um filme, com um pouco de reticência ela aceitou e o homem não sabia se era por querer ou por educação, tentava convencer a si mesma que era pelo segundo motivo e não por estar gostando da presença do outro.
Nenhum dos dois soube dizer em que ponto da noite a mulher caiu no sono, só percebeu quando o filme acabou e Jack, que tinha deitado sob seus pés, se levantou para se aconchegar a dona. Sem querer perturbar um sono que parecia pacífico e necessário, a cobriu com um cobertor que tinha ao lado do grande sofá e desligou a TV, indo para o seu quarto, mas não sem antes dar uma última olhada nela e sorrir sozinho.
Na manhã seguinte, acordou com um sorriso no rosto, que logo se fechou ao perceber que não estava em seu quarto, olhou ao redor e se praguejou por ter dormido na sala. Não que já não o tivesse feito muitas vezes, mas nunca quando convidados estavam por lá e muito menos ao assistir um filme com um deles.
Sabia seu lugar, que era uma funcionária da ilha, mas os convidados sempre a chamavam para jantar, assistir alguma coisa ou jogar com eles, o que eles mais gostavam era de saber histórias sobre a ilha e ela sempre tinha o maior prazer em responder todas as dúvidas. Apesar de tudo, adorava pessoas, suas histórias, o que as tornavam únicas e, por mais que amasse os longos períodos que ficava sozinha, gostava de ter pessoas para conversar.
Ao chegar à cozinha, se surpreendeu ao ver Brad cozinhando:
- Sou tão ruim assim? - ela questionou e o viu mostrar um pedaço de bacon pra ela. - Estou sendo muito natural, não? - comentou, pois estava acostumada a viver de peixes, vegetais e frutas, mas sempre tinha também um bom estoque de doces, pizzas e hambúrgueres para quando desse vontade - Hoje à noite faço um bolo, tá?
- Obrigado - o homem brincou agradecendo.
- Brad, por que o Mick é sempre tão fechado? Ele não gostou de ter que vir pra cá com vocês?
- Não é nada com a Srta., até peço desculpas por ele, ele é novo ainda e não há muito mais que posso falar.
- Tá tudo bem, eu sei que não podem me contar nada, mas também sei que vocês trabalham pro , é meio óbvio sabe… não dá pra imaginar vocês três jogando conversa fora.
- Tão óbvio assim, huh?
- Bastante.
- Bom dia! - entrou na cozinha, chamando a atenção de , ela logo notou que sua barba começava a aparecer, preenchendo parte de seu rosto, dando um ar ainda mais interessante a ele - Conseguiu descansar?
- Sim. - respondeu - Me desculpe por ontem, não percebi que estava tão cansada.
- Não tem problema, o Jack me fez companhia, assistiu o filme comigo até o fim. - brincou dando uma piscada para a mulher, se abaixando para falar com o cão.
- Hoje vocês vão ficar livres de mim, vou passar o dia fora e só volto tarde, ok?
- Tudo bem - disse um pouco decepcionado, tinha a intenção de tentar mais uma vez chamá-la para andar de jet ski com ele.
tinha sua mochila nas costas e tudo que precisava para o trabalho do dia. Quando saiu da casa, se surpreendeu ao ver a esperando:
- Tudo bem?
- Sim, é só que... Imagino que esteja acostumada, mas se você tiver alguma emergência... Como procura por ajuda?
O rosto de se iluminou, de todos os convidados, nunca ninguém havia lhe feito aquela pergunta.
- Eu tenho um telefone por satélite programado com discagem rápida para o serviço de emergência - disse mostrando o aparelho preso ao shorts - Eles ficam a 20 minutos daqui de barco e eu sei a maioria dos primeiros socorros. Eles também recebem em que parte da ilha estarei em cada dia, então se acontecer alguma coisa, sabem onde me procurar.
- Enquanto estivermos aqui, se precisar de nós... Pode não parecer, mas temos experiência com primeiros socorros, inclusive eu e acredito que podemos chegar mais rápido - encarou o chão sem saber o que dizer e também tentando controlar uma dor que estava bem esquecida dentro de si e se sentiu tolo por um instante - Desculpa, eu imaginei q...
- Não, não é isso. Não se preocupa, é fofo. - respondeu sabendo que não estava pensando nas consequências ao ir até ele e lhe dar um beijo no rosto, mas logo tratou de se virar e seguir seu caminho.
- Fofo? - a encarou curioso, mas ela não olhou pra trás.
e Madison acabaram não se vendo por três longos dias, quando a mulher chegou tarde da noite, os três homens estavam trancados no escritório e não quis incomodá-los, tinha uma nota informando que não precisava fazer o jantar, então se ocupou em fazer o bolo e preparar o café da manhã do dia seguinte, já que seria dia de fazer a ronda na ilha e só voltaria dois dias depois.
Como sempre fazia, saiu assim que o sol começou a nascer e só retornou pela manhã do terceiro dia, apesar de ser seu dia de folga e estar cansada, uma ideia lhe veio à cabeça e, pelo visto, o homem pensava parecido.
- O que é isso? - sorriu ao ver a mesa do café posta. - Tá querendo roubar meu posto?
- Um agradecimento por estar cuidando de nossa estadia há uma semana, também imaginei que chegaria cansada e me sentiria mal se você se sentisse obrigada a fazer nosso café.
- Normalmente eu falaria que não precisava, mas eu estou muito cansada e morta de fome. - sorriu se aproximando da mesa - Você que fez?
- Não fica muito feliz, é uma das únicas três coisas que sei fazer na cozinha - o viu encarar a mesa e um sorriso ladino um tanto quanto brincalhão e sedutor surgiu nos lábios do homem.
- Eu gosto de panquecas - disse simplesmente, ao olhar a mesa cheia delas e algumas frutas – Obrigada! Como foram os dias por aqui?
- No primeiro dia surfei durante ele todo, as primeiras horas foram lamentáveis, mas logo voltei a ficar em pé, nem acredito o quanto senti falta disso e nem percebi.
- É fácil se esquecer do que realmente importa e do que nos faz felizes quando estamos ocupados demais tentando ganhar dinheiro, não?
- Muito! - se perguntou se estaria falando aquilo sobre si mesma - Ontem fizemos a trilha vermelha que você deixou anotada e, apesar de desligado do mundo, tive que resolver algumas coisas do trabalho depois do almoço.
- E hoje? - perguntou, vendo-o a encarar curioso - Se não estiver cansado, gostaria de te levar para conhecer a Ilha dos Pássaros e a piscina natural. Ida e volta, devemos demorar por volta de 6 horas.
- Eu adoraria.
- O Tom e o Jerry também vão? - perguntou vendo a encarar surpreso e depois dar risada.
- Eu pergunto.
- OK. Eu vou tomar um banho e preparar alguns sanduíches para levarmos. Antes de sair preciso dar um banho de mangueira rápido no Jack também.
- Por que você não vai descansar um pouco e eu coloco o… Tom e o Jerry pra fazerem o lanche e eu dou um banho no Jack?
- Tem certeza? E….
- Será um prazer.
- Tudo bem então, saímos em uma hora?
- Sim, senhora.
A caminhada era longa e já tinha previsto dentro das seis horas paradas para descanso, fotos e o tempo que ficariam observando os pássaros, répteis e nadando na piscina natural.
Embora não quisesse admitir a si mesma, se sentia cada vez mais próxima de , ele sempre lhe oferecia a mão quando chegavam em algum ponto mais íngreme e, mesmo fazendo aquilo todos os dias de sua vida e estar mais que acostumada com as trilhas e seus defeitos, o deixou fazer seu papel de cavalheiro, ainda mais quando sentiu sua mão em suas costas e percebeu o quanto sentia falta do toque humano, de um abraço, de sentir o cheiro de alguém, das pequenas ações do dia a dia. Sem que percebesse sua mente se encheu de memórias de seu antigo cotidiano e seus olhos encheram de lágrimas, mas conseguiu se livrar delas antes que percebessem.
Brad e Mick andavam bem atrás deles, às vezes se virava para ter certeza que eles ainda estavam lá e eles sempre estavam.
- Eles não vão se perder, nem nos perder de vista. - disse simplesmente. - Fica tranquila.
- Não é isso, é só... Não é estranho? Andar com alguém te seguindo o tempo todo?
- Pode falar…
- O quê?
- Você deve ter alguma teoria do por que eles estão aqui.
- Tenho várias, mas não me importa, eu só estou interessada em quem as pessoas são aqui na ilha, fora dela você pode ser quem quiser.
- Interessante, você também é uma pessoa aqui e outra fora?
- Eu era... Agora gosto de acreditar que o dia que for embora continuarei a ser a mesma que sou aqui.
- Eu gosto dela. - falou um pouco baixo, mas alto o suficiente para que a mulher ouvisse.
- Eu também - respondeu focando nos passos que dava - Quem eu estava sendo antes de chegar aqui... Aliás, se não tivesse chego aqui, talvez não tivesse ido a lugar algum.
Quando chegaram à Ilha dos Pássaros, nem mesmo Mick conseguiu se manter na sua forma coração de gelo, se sentou com Jack em uma pedra e deixou que os três homens se despissem de toda sua pose de macho e ficassem encantados com a quantidade de pássaros, periquitos, cacatuas e papagaios que moravam no local durante o verão e se dividiam entre diversas árvores por toda a área.
- Isso é magnífico - dizia animado - Quais outros animais têm aqui?
- Infelizmente não muitos, temos bastante lagartos. Em uma praia que fica pro lado oposto que estamos, sempre vejo focas tomando sol e dependendo da época muitas tartarugas marinhas e de longe baleias…
- Podemos ir lá? - todos encararam Mick, que ficou tímido.
- Claro que podem, fica na trilha amarela, a mais longa, podem ir qualquer dia. Prontos para conhecerem a piscina natural?
Durante a segunda parte da trilha, convidou os dois homens para se juntar a eles e foram conversando sobre diversos assuntos, mas o principal foi o interesse de Mick em tentar ver as focas e tartarugas, aparentemente ele era apaixonado pelo fundo do mar e se ofereceu para ir com no dia seguinte até a praia das focas ajudá-la no que fosse necessário e, sabendo que ele era mais que apto a fazer tudo que ela fazia, aceitou. A mulher ria de algo que Brad havia dito quando perguntou se ali era a piscina natural e se assustou ao ver que já tinham chego. Geralmente fazia a caminhada presa em seus pensamentos, se certificando que Jack estava bem, mas dessa vez a ida foi tão diferente, mais divertida, viva, que novamente um aperto no seu peito se formou. O que estaria acontecendo com ela?
- Tira sua mochila - a mulher disse com cara de quem ia aprontar, mesmo curioso cedeu, já que ela fazia o mesmo.
- Não vamos descer até lá? - questionou vendo-a tirar a blusa e o shorts, ficando dessa vez com um maiô, que, mesmo cobrindo mais partes de seu corpo, teve o mesmo efeito no homem que vinha causando todos os dias quando ele a via.
- Vamos. - ela respondeu rindo e se aproximou dele - Mas vamos pegar um atalho.
Dito isso, abraçou e impulsionou seu corpo para que os dois se jogassem do topo da pedra e caíssem no ponto mais fundo da piscina. Quando ambos ressurgiram, ria abertamente, um sorriso que jamais esqueceria. Era felicidade, vontade de viver e saber que é livre, livre de dor, de realidade. Um sorriso que ele nunca tinha visto em sua vida antes.
- Isso não é mais valioso que qualquer coisa que o dinheiro possa comprar? - perguntou a ele, dando uma volta sob si mesma, braços abertos, admirando o local.
- Você é linda! - exclamou quando ela voltou a encará-lo, sem se importar com mais nada, além dela.
- … - as palavras morreram em sua boca quando o homem a encarou sério, com aquele olhar que ela sabia, conhecia, ele a iria beijar.
Quando ele se aproximou, teve certeza que congelaria, mas quando as mãos dele encontraram sua cintura, ela fez o oposto do que sua mente pedia, ela não se afastou, ela na verdade levou sua mão à nuca do homem, enquanto a outra foi para o cabelo e percebeu que tinha tido vontade de fazer aquilo desde que o viu sair do mar dias antes. Os dois se encararam pelo que pareceu uma eternidade, teve medo do que viu, era algo que só tinha visto uma vez, mas quando piscou ela desistiu de ouvir seja lá o que seu corpo estivesse tentando lhe dizer, ela apenas fechou os olhos e sentiu os lábios dele tocarem os dela.
Presos em seus próprios pensamentos, e sabiam que só aquilo não seria suficiente, precisavam de mais, muito mais do que apenas beijos nos lábios. Queria sentir o cheiro dele, o toque de sua mão por todo seu corpo. Ele queria puxar o cabelo dela, expor seu pescoço para que ele deixasse uma marca ali, do quanto a vinha desejando desde que a viu à primeira vez. Queria sentir como era tê-la completamente entregue a ele. Queria voltar a experimentar algo que há muito não sentia.
Sabendo que Brad e Mick ainda estavam ali, um relutante separou o beijo e abraçou a mulher, aproveitando para pedir com um gesto que os dois fossem embora. Apesar de preocupados ao ver a mulher se jogar de uma altura considerável com o próximo presidente dos EUA, os dois não puderam fazer nada a respeito, pois antes que chegassem à base da piscina, os dois já se beijavam. Sem saber o que fazer, e nada contentes, ambos se afastaram um pouco e aguardaram, e ver o homem pedir que eles fossem embora os deixaram bastante preocupados, mas, apesar de tudo, não podiam fazer nada, além de aceitar.
- . - o chamou, se soltando do abraço dele - Isso, nós… - falou incerta das palavras que usar - O que acontecer aqui, fica aqui.
- Fica aqui. - concordou sem pensar, no momento a boca da mulher era chamativa demais para que perdesse tempo pensando.
- Só saiba que... Faz um tempo que não faço isso e…
- Eu não me importo - disse se aproximando dela, fazendo com que a mulher novamente entrelaçasse suas pernas na cintura dele.
- O que acontece aqui, fica aqui. - ela repetiu soltando os braços das alças de seu maiô.
admirava a lua tarde da noite em seu quarto, com um sorriso que não conseguia deixar seu rosto. Passara horas com na piscina natural, vendo os peixes que iam e vinham, a beijando, abraçando. O fato de poderem fazer tudo aquilo nus era por si só libertador, algo que nunca esqueceria. Há anos não se sentia tão livre quanto naquela tarde. Gostaria de pegar aquele dia e carregar consigo pelos próximos quatro anos, poder lembrar da sensação de felicidade e paz interior nos seus momentos de tensão.
Brad o tirou de seus pensamentos ao colocar uma pasta à sua frente.
- O que é isso? - perguntou curioso
- Me desculpe, Sr. , estou apenas fazendo meu trabalho.
abriu a pasta do governo dos Estados Unidos e seu coração doeu ao ver uma foto de anexada ao arquivo. Abaixou seus olhos e encontrou o nome completo da mulher e sua data de nascimento, mas antes que sequer chegasse no local, a fechou.
- Ela cometeu algum crime? - perguntou encarando o homem ao seu lado.
- Não Senhor, m…
- Ela é um perigo para mim, para o país?
- Não, m…
- Eu não vou ver isso, Brad, desde o início Robert deixou bem claro que a pessoa que morava aqui era importante para ele e que ela tinha um passado que tentava esquecer e que ela não deveria ser pressionada. Se ela não matou ninguém, não é uma inimiga do estado e não vai tentar me matar ao dormir, eu não quero saber.
- Estou apenas fazendo meu trabalho.
- E já fez, pode sair e não me incomodar mais, por favor.
Se pudesse, atiraria aquela pasta varanda afora, tamanho era o seu ódio naquele momento. Era protocolo que todas as pessoas que fosse conhecer a partir de agora fossem vetadas pelo serviço secreto e ele sabia que tinha sido e, se na época não se opuseram à sua vinda, o que mudava agora que tinham ficado juntos? sabia que como um presidente solteiro e jovem, chamaria uma atenção da mídia ainda maior que já vinha tendo, mas o que ele não tinha se dado conta até então era o que seria da pessoa que um dia ele pretendia conhecer, amar e se casar. Teria sua vida revirada como tinham feito com ?
Só de pensar nela envolta no mundo político e midiático seu coração se apertava, quem ele era ia absolutamente contra tudo quem ela era e por isso que , assim como , iria deixar o que quer que fosse acontecer entre eles, ali. A Ilha seria a única testemunha do que os dois viveriam e quando ele entrasse naquele barco para ir embora, ela seria esquecida, como se nunca tivesse passado em sua vida.
Faziam quatro dias desde que e tinham ficado juntos na piscina natural pela primeira vez, ela achou que seria apenas coisa de um dia e durante toda a tarde que passaram sozinhos tentou compreender os sentimentos antagônicos que tinha dentro de si. Parte dizia que estava ok com isso, que estava mais do que na hora, a outra a fazia aproveitar aquelas horas como se elas não fossem acontecer novamente.
Há dois anos que não ficava com ninguém, não porque queria, mas porque o destino havia assim escolhido. Claro que ela tivera algumas oportunidades até chegar à Ilha, mas nenhuma lhe chamou atenção o suficiente, nunca ninguém havia sido ele. E quando se viu desejando , não soube o que fazer consigo mesma e com toda a dor que isso lhe trazia. Talvez, mas só talvez, ela estivesse finalmente superando o passado. Talvez fosse hora de recomeçar.
Na noite em que ficaram, foi para seu quarto assim que voltaram para casa e de lá não saiu mais, e, por mais que tenha sentido sua falta, entendeu que ela pudesse precisar de um tempo. Ele mesmo precisava entender o que queria a partir dali até o final de sua estadia. Quando ela lhe disse que ele fora o primeiro homem que ela ficava há algum tempo, sentiu-se responsável, mas também feliz, gostava de saber que fosse lá o que tivesse acontecido com ela, fora ele o homem a fazê-la sentir novamente. Sentir desejo, vontade. E foi com esse pensamento que no dia seguinte ele bateu em sua porta logo pela manhã e, antes que ela pudesse sequer falar bom dia, a beijou, deixando claro que não queria que eles fossem por apenas um dia. Queria que fossem pelo resto de seus dias naquela Ilha.
Naquela manhã assistiram ao nascer do sol junto a Jack, antes que ela fosse com Mick para a praia das focas. À noite, quando ela chegou jantaram juntos, sem os seus seguranças, e assim se seguiu pelos dias que passaram. sentia seu coração se abrir e seu sorriso aumentar a cada nova manhã. não estava muito diferente, mas com ela ainda vinha a incerteza, a culpa, o medo de estar indo rápido demais.
- Bom dia! - se deitou na cama da mulher, puxando seu corpo junto ao dele.
- Bom dia! Você dormiu aqui mesmo? - perguntou ainda sonolenta, se virando para ele.
- Dormi. - respondeu dando um beijo em sua boca - E ainda fiz o café da manhã, pensei que pudéssemos comer aqui.
abriu os olhos, vendo a mesa de sua varanda posta e Jack os encarando divertido.
- Isso não vai ajudar muito com as caras feias que ganho de Brad e Mick desde que ficamos.
- Não se preocupa com eles, o que importa somos nós dois.
- Eu… você não é casado, certo?
- Não - riu da pergunta da mulher - Eu posso ser muitas coisas, mas isso eu não faria nem com você, nem com minha esposa.
- Eu estava pensando na nossa conversa de ontem, que mesmo você estando aqui ainda não teve um tempo só seu. Gostaria de ir comigo naquela ronda que faço por toda a ilha? Pensei em fazer metade hoje e depois vou sozinha daqui dois, três dias e faço o outro lado. Assim, enquanto trabalho você pode fazer o que quiser.
- Não vai ser cansativo pra você?
- Depende, você diz que você vai me cansar ou pelo trabalho que vou ter de ir duas vezes? - questionou trazendo o homem para que ele deitasse sob ela.
- Agora que você mencionou, os dois. - apoiou o peso de seu corpo sob seus braços e com uma mão acariciou o rosto da mulher, ainda não conseguia acreditar que podia beijá-la sempre que quisesse.
- Não tem problema, eu amo essa ilha e adoro como você me cansa.
- Combinado então, depois eu falo com aqueles dois.
Mesmo sob protestos, discussões e cara feia, Brad e Mick permitiram que fosse à tal ronda, contanto que deixasse a rota que fariam, ligassem a cada três horas e voltassem na hora combinada no dia seguinte. Aquele passeio era exatamente o que o homem precisava, poder ficar a sós com , sem preocupações e com a certeza que não tinha ninguém a 200m de distância. sentia-se um pouco tolo, quase como um adolescente, tudo que a mulher fazia lhe causava um sorriso. Tirava algumas fotos para ela e dela enquanto a via fazer algumas de suas atividades, pararam na hora do almoço para comer e durante a tarde o levou para conhecer seu ponto favorito da Ilha, onde podia-se ver o pôr do sol e para onde ela geralmente ia quando seu coração pedia.
- Você tem o Jack desde filhote? - perguntou curioso, o carinho que tinham um pelo outro era muito além do que já havia visto.
- Não, nos encontramos há um ano e pouco. - a mulher sorriu pro animal, que tinha o rosto deitado em sua perna - Eu fui ao abrigo em busca de um cachorro pequeno, que não desse muito trabalho e me fizesse companhia, nenhum me chamou a atenção. Mas, no final da visita, chegou um animal maltratado, sem pelo na maior parte do corpo e um olhar de quem estava pronto para desistir. Eu me vi no Jack, sozinho, com medo, sem esperança. Falei que queria ele e tentaram me convencer que ele não estava pronto, e que como eu nunca tinha tido um cachorro era melhor um filhote, mas eu estava decidida, era o Jack ou não seria nenhum. Duas semanas depois me ligaram dizendo que ele estava piorando no canil e queriam tentar um lar temporário. E eu disse que ou ele vinha pra mim permanente ou que achassem outra pessoa.
- Eu sinto muito, .
- Pelo quê?
- Pelo que você e o Jack passaram, sei que temos um acordo de não trazer nossas vidas do lado de lá pra cá. Não sei quem você era, o que passou, mas essa mulher que vejo hoje aqui é difícil acreditar que um dia ela não teve esperança, porque quando eu olho pra você é uma das primeiras coisas que consigo enxergar.
não tinha palavras para o que tinha acabado de ouvir, então fez o que acreditou ser a resposta muda ao que ele dissera: o beijou. O beijou como há muito tempo não o fazia, com a alma e o coração. E os dois perceberam ali que alguma coisa tinha mudado.
se virou no tronco de árvore que fazia as vezes de banco e se aproximou da mulher para beijá-la mais uma vez, mas sem pressa, eles tinham todo o tempo do mundo e o aproveitaram. tirou uma mecha de cabelo do rosto da mulher e fechou os olhos, trazendo suas duas mãos para o rosto dela, traçando com os dedos cada centímetro de seu rosto. Os lábios sempre protegidos do sol, as sardas que ela tinha no rosto depois de tanto tempo em uma ilha, os olhos que por vezes eram frios, com dor, mas em outras, como aquela em que ela o olhava com tanto calor, paixão. Seus dedos deslizaram pelo rosto de , lendo uma história incompleta e em cada ponto que ele acreditou ter uma dor ou uma lágrima ele beijou. Beijou com a esperança que pudesse, nem que por alguns minutos, tirar dela tudo que a havia feito se esconder ali.
O homem à sua frente a olhava como se ela fosse um grande tesouro que tinha acabado de ser descoberto. gostava da forma que a olhava, beijava, cuidava. gostava de , ponto. Ela resolveu admitir aquilo para si mesma, ignorando os poucos dias que se conheciam, a pequena quantidade de dias que tinham ficado juntos e ainda mais os dias que ainda teriam. Porque apesar de tudo, já era parte fundamental em sua vida, ele era quem a havia feito entender que estava tudo bem recomeçar, que amar novamente não era motivo para sentir culpa, mas sim para sorrir.
- Oi. - falou depois do que devem ter sido longos minutos em que os dois apenas se beijaram, se tocaram.
- Oi. - respirou fundo, abrindo os olhos pela primeira vez, para uma nova vida.
O pôr do sol era realmente algo único, mais uma das coisas que seria forçado a reviver em memórias pelo resto de sua vida. Sabia que era o certo a se fazer, mas nem por isso era algo fácil.
Naquela noite, na cabana em que se aconchegaram em uma cama pequena demais para os dois, tiveram a melhor noite que podiam lembrar em anos. Eram apenas eles dois, sem um passado, sem um futuro, apenas um presente onde eram e , onde eram um.
- ! - murmurou antes de se deixar levar por mais uma onda de prazer, uma das muitas que tinha tido naqueles últimos dias.
- Eu gosto quando você me chama assim. - disse dando um último beijo em sua boca, antes de puxá-la para que deitasse em seu peito, ambos suados e com a respiração ofegante.
- Pelo seu apelido? - ela o questionou, fazendo um carinho no peito do homem.
- Ninguém me chama assim, é sempre , até meu pai me chama pelo meu nome.
- Eu prefiro . - disse depositando um beijo em seu peito.
- Eu prefiro você.
A volta, embora ainda recheada de dias, era agridoce. A bolha que havia sido criada nas últimas 24h entre eles era visível, eles mesmos conseguiam vê-la e não faziam a mínima questão de esconder. sentia falta de assim que ela saia da cama para trabalhar e ela, como há muito não fazia, contava as horas para voltar pra casa. Quando um não estava olhando, o outro sempre estava. Os sorrisos, os toques, os beijos, tudo que faziam os conectava ainda mais e fazia se sentir cada vez mais inteira, já estava ansioso, olhava os dias passar sabendo que em sete dias teria que ir embora sem olhar pra trás, e ele não tinha mais certeza que estava pronto para isso.
Seria mágico se todos os dias tivessem sido tão perfeitos quanto os primeiros, mas sentimentos começaram a aumentar e o fim próximo começou a trazer à tona a vontade de que pudessem ser mais, ir além.
- Oi.
- Oi. - sorriu ao sentir os lábios da mulher nos seus pela manhã.
- Você tinha que ter me convencido a dormir aqui antes, acordar com essa vista e olhar pro lado e ver você… - o homem abriu os olhos, vendo a mulher morder o lábio, vestindo nada mais que o lençol que os cobria.
- Onde foi que eu tirei a sorte grande de ser você a pessoa a estar aqui?
- Fico feliz de termos nos conhecido, , você está marcando minha vida de uma forma que nem imagina.
- , o que te aconteceu? - perguntou disposto a talvez buscarem uma solução.
- , por favor, nós combinamos, é o melhor para todos. - falou puxando o lençol para si - Daqui uma semana você vai embora e eu vou ficar aqui. Não tem por que agirmos como se fossemos ir além.
- E por que não podemos? - a questionou se sentando na cama, e foi inevitável que a mulher não encarasse o abdômen dele, que ela tanto amava tocar e beijar.
- Ir além? Não é óbvio? Moro aqui, você em outro continente. Não sabemos nada um sobre o outro, a não ser as meias verdade que contamos. Isso tudo que sentimos é só uma paixão de verão, passageira, assim que você entrar no barco vamos nos esquecer.
- É isso que você pensa? - sentiu toda sua vontade de sorrir ser soterrada pelas palavras de - Você é americana, um dia vai voltar, não? Ou vai ficar escondida da sua vida aqui pra sempre?
- Eu não sei nada sobre você, você não sabe nada sobre mim.
- Podemos passar os próximos sete dias nos conhecendo de verdade, isso não precisa ser passageiro.
- Você é bonito, educado, inteligente, aparentemente tem dinheiro ou não andaria com dois seguranças, eu tenho certeza que você tem todo um passado e futuro de mulheres interessantes para escolher. Em sete dias você vai embora e vamos nos dar adeus. - finalizou se levantando apressada.
- . - se levantou, a observando colocar a roupa - Você não acha, não sente que podemos ser muito mais do que apenas duas semanas nesse fim de mundo? - questionou se aproximando dela, não era possível que tudo que vinha sentindo era somente por parte dele.
- Fim de mundo pra você, , pra mim é o meu mundo e eu não vou abandonar tudo isso por qualquer um. - no segundo que as últimas palavras saíram de sua boca, sabia que tinha exagerado, deu dois passos para trás, como se tivesse levado um soco no estômago, porque era assim que ele se sentia.
Quando acordou naquela manhã, depois de mais uma noite inesquecível, foi impossível não sorrir ao ver o homem que dormia ao seu lado. era lindo, a barba que agora estava bem aparente dava vez a um homem completamente diferente do que havia chegado, o deixava ainda mais sexy e ela não se cansava de sentir o olhar dele sobre ela, de seus beijos por todo seu corpo e de se perder no paraíso que era o corpo e mente de . Ela sabia que ele era diferente de qualquer homem que tinha conhecido antes, no começo achou que a diferença de idade pudesse ser estranha, mas era uma das maiores qualidades que tinha encontrado nele.
A paciência, a sabedoria, o conhecimento, o altruísmo, valia a pena, mas quando se deu conta que só tinham mais uma semana juntos, uma tristeza enorme invadiu seu peito e desejou por um único momento que ele pudesse ficar mais um, dois meses ali, apenas eles e mais ninguém. Mas a ilha, sabia, era o seu refúgio do mundo lá fora e pertencia fora dela.
- , me… - tentou em vão se aproximar do homem, que colocou a mão à sua frente, pedindo que ela não desse nem mais um passo que fosse.
- Eu entendo, você pode descer agora, tomarei meu café daqui uma hora.
- … - a mulher sabia que as palavras ditas eram a forma do homem de se defender, mas nem por isso doeram menos.
- É só isso, obrigado.
Com os documentos da mulher em mãos, voltou a encarar a foto de . O que poderia ser tão difícil e doloroso, que ela estava disposta a tudo para não voltar ao mundo real, não dar a eles nem uma chance? estava certa, ele tinha um passado de mulheres e sabia que teria um futuro, mas com seu cargo, vinha a desconfiança e ele não queria qualquer uma, queria uma mulher que gostasse dele em todos os momentos, que o amasse não como o Presidente, não como , mas que o amasse como , e justamente aquela que via como especial, o via como qualquer um.
- Sr. ? - ouviu Brad bater na porta e escondeu a pasta de embaixo da almofada de seu assento.
- Oi, Brad. - fez um gesto para que ele se aproximasse.
- Peço desculpas pela intromissão, mas está tudo bem com o Senhor e a Srta. ?
- Por quê?
- Não era hoje que iríamos fazer o passeio de barco para mergulhar no coral onde dá pra ver tartarugas marinhas?
- Sim, por quê?
- É que ela saiu faz vinte minutos e me avisou que não voltaria hoje, perguntei do passeio e ela disse que foi cancelado porque tem uma tempestade vindo.
- O quê?
A tempestade viera muito mais cedo que podia esperar, não que ela se importasse, suas lágrimas se misturavam às gotas de chuva que caíam em seu rosto, enquanto andava a caminho da cabana. Jack a seguia como sempre, vestindo sua capa de chuva amarela.
Decidiu antecipar a segunda parte de sua ronda, pois ambos precisavam de um tempo, sozinhos, sem a presença do outro. Precisavam entender que era o fim e ponto final. tinha uma vida para voltar e ela um trabalho a cumprir. Entendia as palavras duras dele, como esperava que ele entendesse as suas.
As lágrimas de não eram pela briga que tiveram, eram pelo seu passado, seu presente e, principalmente, seu futuro. A caminhada até a cabana a ajudou colocar as coisas em perspectiva, entender que seu passado deveria ficar para trás, que seu presente era exatamente aquilo, um presente que haviam lhe enviado na forma de . Ele viera com a intenção de libertá-la de si mesma, de aprender que estava pronta para começar a rascunhar como seria seu futuro. E ela mal podia esperar por isso.
havia sido impedido de sair por Mick e Brad, e sabia que eles tinham razão, apesar dos três já terem servido no exército e na força aérea no passado, não conheciam a ilha tanto quanto e ele sabia, e esperava, que ela fosse ficar bem, mas mesmo assim não podia evitar ficar preocupado. Só conseguiu sossegar quando Brad finalmente conseguiu falar com ela pelo telefone e embora quisesse pedir desculpas, esperou para que as pudesse fazer pessoalmente.
No dia seguinte, quando acordou, a primeira coisa que fez foi descer para ver se a mulher tinha voltado, mas o local ainda silencioso o fez suspirar desolado. Apesar da tempestade ter passado em algum momento da madrugada, era possível ver os rastros que tinha deixado por todo o lugar. Voltou para seu quarto, mas ficou atento a todo movimento na casa. Na hora do almoço, enquanto cozinhavam, os três se assustaram ao ouvirem um latido de dentro do quarto da mulher.
- ? - bateu na porta e foi ignorado, mas decidiu abri-la quando Jack começou a raspar a pata para que ele abrisse e quando o fez, o cão saiu desesperado para o lado de fora da casa.
- Eu vou atrás dele. - disse Mick, enquanto entrava no quarto.
- ? - perguntou mais uma vez, já que o local estava todo escuro e a encontrou na cama, dormindo. - ? Você está bem?
- Hm? - perguntou cansada, sem encontrar nem forças pra abrir os olhos.
- Você está doente! - se assustou ao tocar na mulher e sentir seu corpo quente. - Quando você chegou?
- Hoje de manhã, antes do nascer do sol.
- Por que não me chamou? O que você tá sentindo?
- …
- Xiii. - o homem pediu, tirando o edredom do corpo da mulher, que vestia apenas sua lingerie - Vem comigo.
já tinha enfrentado várias chuvas e tempestades desde que chegou à ilha, sabia se cuidar, mas claro que vez ou outra acabava adoecendo por conta da chuva e vento que tomava. Embora depois da discussão com tenha visto a chegada da tempestade, calculou errado o tempo que faltava para chegar à cabana e acabou tomando mais chuva do que o necessário.
Sempre preocupada com Jack, acabou prestando mais atenção na saúde do animal que na própria e adoeceu. Decidiu voltar para casa ao sentir sua garganta doer e os olhos ficarem pesados, pois já sabia o que acontecia quando a gripe se alojava de vez e não conseguiria se mover por um dia inteiro e não tinha trazido mantimentos e roupas secas o suficiente para mais um dia fora de casa. Saiu assim que a chuva acabou e quando chegou em casa, ainda conseguiu dar um banho quente em Jack, mas quando chegou a sua vez o cansaço bateu, a única coisa que encontrou forças para fazer foi tirar as roupas que usava, tomar um remédio e se deitar na cama toda enrolada em seu edredom.
a pegou no colo e a levou até a banheira, ligando-a para que pudesse tomar um banho quente. Enquanto a água caía, colocou uma toalha para servir de travesseiro e correu na cozinha para fazer um chá.
- Ele queria ir ao banheiro - Mick comentou rindo quando reapareceu na cozinha com um Jack mais aliviado, que voltou correndo pro quarto.
- está fervendo, onde fica a caixa de remédios?
- Deixa comigo, minha avó tinha uma receita de chá horrorosa, mas que ajuda bastante - Mick tirou a chaleira da mão de e se ocupou em encontrar os ingredientes que precisava. - Pode ficar com ela, Sr. , nós fazemos a nossa parte aqui.
Quando retornou ao quarto, Jack estava deitado na porta do banheiro observando sua dona, o homem andou a passos largos até ela, lhe dando o remédio que ela tinha na mesa de cabeceira para ir fazendo o efeito, antes que Mick chegasse com sua receita milagrosa.
- O que você está fazendo? - a mulher perguntou ao vê-lo tirar a camiseta e bermuda, ficando apenas de cueca.
- Cuidando de você - disse entrando com ela na banheira, se sentando atrás dela para lhe dar conforto. - Eu ainda tenho seis dias aqui e pretendo passar todos eles com você.
- … - o chamou, levando sua mão à nuca do homem e virou a cabeça para dar um beijo em seu maxilar. - Eu não quis dizer o que eu disse.
- Nem eu, . - respondeu beijando sua cabeça. - Me desculpe.
- Eu também peço desculpas, você é tudo, menos qualquer um. Queria que você pudesse ficar mais algumas semanas.
- Eu também, , eu também!!! - murmurou apertando seu abraço ainda mais ao redor do corpo dela, queria que aquele fosse mais um momento que nunca se esqueceria.
Quando se tem apenas seis dias para aproveitar ao lado de quem se tem vontade de passar a vida inteira, você faz aqueles seis dias serem inesquecíveis. e não se desgrudaram um segundo, ele ficou ao seu lado o dia todo, trocou sua roupa de cama, levou o almoço e a janta para ela e à noite, com a mulher um pouco melhor devido ao chá milagroso da avó de Mick, os quatro passaram algumas horas jogando cartas e dando risada.
No dia seguinte, os levou para mergulhar, mas ficou no barco, não seria maluca de entrar no mar ainda doente. Mick finalmente tinha se rendido aos encantos da mulher, quando ela lhe passou a câmera fotográfica já protegida para que ele tirasse todas as fotos que quisesse. observava seu segurança de 2.10m sorrir largo ao mostrar pra mulher as fotos que havia tirado do fundo do mar, enquanto Brad pilotava a lancha de volta pra casa. se sentiu observada e piscou para .
- Obrigada! - disse em certo momento quando o homem a abraçou por trás e juntos observavam o mar.
- Pelo que, exatamente? - perguntou lhe dando um beijo na nuca.
- Por essas semanas, por me entender e respeitar meu silêncio. Talvez um dia eu possa te dizer tudo o que fez por mim, mas não hoje, não agora. Eu quero que esses dias sejam só nossos, que eles sejam todos sobre você. - disse ao se virar de frente para o homem e passar seus braços pelos ombros dele para beijá-lo uma das milhões de vezes que ainda pretendia fazer antes que ele fosse embora.
não queria que os dias acabassem, pensou que se tivessem ficado logo no primeiro dia, teriam tido mais sete dias juntos. Já sentia saudade de coisas que nem tinham acontecido, gostaria de ter feito muito mais com . Tempo, aquele que parecia sempre estar contra ela.
A última noite. Era sua última noite com ele e não tinha dormido nada. Queria lembrar da sensação de ter alguém dormindo ao seu lado todas as noites, sentir mãos a tocando inesperadamente, entrelaçar seus pés ao de , que estavam sempre mais quentes que o seu. Mesmo em seu sono ele deve ter percebido que ela já sentia falta dele, porque se movimentou na cama de forma a ficar ainda mais próximo dela, que não resistiu e beijou seus lábios, tendo como resposta seu nome surgir no sono do homem. Um sorriso e uma lágrima, um beijo em seus lábios e o sonho de que um dia, talvez, o visse de novo.
Só mais três horas com ele. se levantou com cuidado, em silêncio. Tinha preparado uma surpresa para de despedida. Foi à cozinha, preparou o café da manhã para dois, pegou a única foto que tinham tirado juntos, apoiado em um dos muitos coqueiros que ficavam em frente à casa e ela com seu corpo encostado ao dele. Ele falava alguma coisa em seu ouvido, já que ela tinha um sorriso aberto, sincero, no rosto.
Brad havia tirado a foto no dia anterior e lhe prometeu duas cópias, uma para ela e outra para . Antes que lhe entregasse, a lembrou do contrato de confidencialidade que assinou antes da chegada deles, e sob a promessa que aquela foto ficasse junto com ela, naquela Ilha, lhe entregou as cópias.
A bandeja estava posta, a frase no verso da foto escrita. Ajeitou as almofadas nas cadeiras e encontrou um documento embaixo de uma delas. O pegou para deixar sob a mesa dentro do quarto, mas parou no meio do caminho quando viu uma etiqueta com seu nome e o símbolo da Agência Nacional Americana. Abriu o documento e no mesmo instante sentiu seu peito doer. Toda sua vida estava ali, seu nome, sua idade, seu estado civil.
Viúva.
Aquela palavra que vinha tentando esquecer há dois anos e que lhe assombrou por tanto tempo estava de volta, nas mãos de .
Mais páginas, Major Ethan morto em combate. A vida de seu marido descrita em algumas páginas, como se sua vida pudesse ser resumida em algumas letras à tinta, num papel branco. Havia sido um bom soldado? Sim. Havia servido o seu país corretamente? Sim. Mais uma página, uma foto de Ethan,tão lindo.
“Obrigada... por essas semanas, por me entender e respeitar meu silêncio.”
A foto de e fora rasgada, a pasta com toda sua vida registrada colocada em cima dela. E, logo em seguida, uma porta se fechou em silêncio.
acordou feliz, embora fossem suas últimas horas com , tinha colocado na cabeça que ia ignorar o fato que talvez nunca mais se vissem e focar na parte em que ainda a tinha ao alcance de suas mãos. Se levantou da cama, pronto para descer e tomarem o café da manhã juntos, mas parou no caminho ao ver a mesa posta em sua varanda. Sorriu encarando a porta do quarto fechada, devia ter descido com Jack para fazer suas necessidades e voltaria em breve.
Abriu a grande porta de vidro e conforme o ar fresco entrava, seu sorriso diminuía. Seu café da manhã já estava lá e logo ao lado a pasta de , pegou o documento em mãos e viu que a página que antes era a primeira, estava diferente. Sentiu um pânico tomar conta de si, que só piorou ao ver a foto rasgada na mesa. Juntou os pedaços e sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos, nem que quisesse poderia controlá-las, sabia que nunca mais a veria.
Se surpreendeu com Mick e Brad, que ao invés de o impedirem de ir atrás dela, usaram as últimas horas que tinham no local tentando encontrá-la. O barco já os esperava há 40 minutos além do horário marcado, não podia fazer mais nada.
Quando seu barco circundou uma parte da ilha, seguindo o percurso que o levaria para a cidade mais próxima, ouviu um latido. Jack e estavam sentados na ponta de uma rocha os observando de longe. Não conseguia ver daquela distância o rosto da mulher, mas se levantou mesmo assim, lá estava ela, a mulher por quem estava apaixonado.
Brad lhe entregou a foto que a mulher tinha rasgado, agora colada com fita adesiva, mas mesmo querendo guardar aquela lembrança, da última vez que a veria, seus olhos foram para o verso da foto:
I found my home
Under a coconut tree”
Epílogo
4 meses depois
Vinha acompanhando a página da Ilha e sempre sorria ao ver uma nova foto postada. Ele também preferia as fotos de Jack, que de certa forma diminuía um pouco que fosse a saudade que ele tinha de ouvir a risada de sua dona, mas naquela noite, antes de dormir, abriu a página como sempre fazia e sentiu seu coração começar a bater mais rápido, porque há algumas horas tinha feito um novo post. Não um qualquer, um em que ela estava na foto e, o mais importante, junto a foto um texto em que ela se despedia de todos, dizendo que estava finalmente deixando o local.
não teria sequer pensado que talvez ela ainda pensasse nele, mas no final do texto seus olhos se embaçaram:
I found my love
Under a coconut tree”
tinha chegado nos Estados Unidos há algumas horas, estava exausta após quase um dia inteiro de viagens. Seu pulso doía, estava preocupada com Jack, que apesar de curado, ainda sentia dores. Não entendia por que a imigração havia pedido para analisar os documentos do animal, sendo que ela tinha feito tudo certo para evitar qualquer problema.
Cansada, tinha suas mãos na cabeça e nem se importou quando ouviu a porta se abrir mais uma vez:
- Oi. - quando ouviu aquela voz que tanto sentira falta, o mundo inteiro parou ao seu redor.
- Oi. - respondeu e sentiu lágrimas se formarem imediatamente, ele estava ali.
- Me desculpe ter te feito esperar, não foi fácil chegar aqui sem que ninguém soubesse. - O homem se aproximou dela e se ajoelhou à sua frente, fazendo um carinho em Jack, sem tirar os olhos, também marejados, dela.
- Claro. - a mulher riu entre um soluço - Imagino que deve ser difícil andar por aí quando se é o Presidente dos EUA. - completou rindo em meio ao choro.
- Quando você descobriu? - perguntou secando as lágrimas do rosto da mulher.
- Uma semana depois que você foi embora.
- Por que nunca me respondeu?
- Eu não estava pronta.
- O que mudou? - segurou com cuidado a mão da mulher que estava imobilizada.
- O Jack caiu de uma rocha e quebrou a pata, precisou operar. - disse chamando a atenção do animal, que estava deitado no sofá junto com ela, a cabeça em seu colo. - Eu fiquei desesperada e tentei resgatá-lo sozinha, acabei quebrando o pulso. Foram 10 dias com ele internado no continente e quando voltamos pra ilha tudo fez sentido, aquela não era mais minha casa. Eu pertencia a outro lugar. Você chegou a ler aquela pasta?
- No caminho vindo pra cá. - confessou - Eu p…
- Tá tudo bem – o interrompeu - Eu queria que você tivesse lido. Eu passei dois anos tentando me reconstruir, , tive que aprender a ser sozinha, depois de cinco anos ao lado do Ethan. Sem o Jack, sem aquela Ilha, eu não sei o que teria sido de mim. Não é fácil continuar quando o tempo parou para a pessoa que você mais amou. Mas com você, eu finalmente aprendi que é possível dividir nosso coração, em um canto muito importante mora Ethan, mas sem que eu percebesse você entrou aqui - disse apontando para o seu peito - E por mais que eu tente tirá-lo, eu não consigo.Você é a minha casa, .
- Sou? – a lágrima que tanto segurava caiu, dando liberdade para que outras rolassem por seu rosto. alcançou algumas delas e as secou.
- É. E sabe o que mais aprendi nesses últimos meses?
- O quê? - sua voz era um sussurro, tentava se manter são. Parecia até irreal o que estava ouvindo, havia sonhando com aquele dia, todas as noites.
- O Ethan se foi sem que eu pudesse fazer nada e tudo que eu sempre quis foi poder ter feito alguma coisa. Com ele já é tarde demais, mas se eu não tentasse nada com você, a culpa seria toda minha. Eu achei que pudesse ter demorado demais e ter te perdido...
- , antes mesmo de eu ser a sua casa, você já era a minha..
Fim!
Nota da autora: Oie!!!! Espero que tenham gostado, eu tive essa ideia quando estava super viciada em Scandal e no Fitz, mas confesso que escrevi pensando em outro pp.
Espero que tenham gostado e se quiserem saber o que mais escrevo é só clicar no link do Facebook aqui embaixo.
Muito obrigada e por favor, façam uma autora feliz e deixem um comentário. Até um “gostei” significa muito.
Carol xx
Nota da beta: MEU DEUS 😭 😭 Que coisa linda, ai que lindos, eu tô tão apaixonada nesses dois, socorro!
Nunca que eu ia imaginar algo tão bom pra essa música, meus parabéns mesmo, Carol! Tô muito feliz e orgulhosa aqui hahaha Mas quero uma long desses dois, de ela conhecendo o mundo dele, dos dramas, deles casando, tendo filhos... Socorro, quero mais, nunca te pedi nada!
Mas se não der, eu leio essa fic mais umas 3 vezes, não tem problema. Mas fica o pedido.
Espero que todo mundo goste como eu e deixe muitos comentários aqui pra ti antes de irem ler as outras fics desse ficstape lindo clicando no ícone aqui em cima ;)
xx
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Espero que tenham gostado e se quiserem saber o que mais escrevo é só clicar no link do Facebook aqui embaixo.
Muito obrigada e por favor, façam uma autora feliz e deixem um comentário. Até um “gostei” significa muito.
Carol xx
Nota da beta: MEU DEUS 😭 😭 Que coisa linda, ai que lindos, eu tô tão apaixonada nesses dois, socorro!
Nunca que eu ia imaginar algo tão bom pra essa música, meus parabéns mesmo, Carol! Tô muito feliz e orgulhosa aqui hahaha Mas quero uma long desses dois, de ela conhecendo o mundo dele, dos dramas, deles casando, tendo filhos... Socorro, quero mais, nunca te pedi nada!
Mas se não der, eu leio essa fic mais umas 3 vezes, não tem problema. Mas fica o pedido.
Espero que todo mundo goste como eu e deixe muitos comentários aqui pra ti antes de irem ler as outras fics desse ficstape lindo clicando no ícone aqui em cima ;)
xx
COMENTÁRIOS: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI