Capítulo Único
- Vocês vão realmente me forçar a ir? – Era a milionésima vez que eu perguntava aos meus pais.
- , não vamos entrar nessa discussão novamente. Você vai e pronto. A festa anual da empresa é importante, novos sócios serão apresentados e nós temos que estar lá para apoiar seu pai. – Minha mãe já tinha feito aquele discurso inúmeras vezes, mas ainda não me convencia. Apenas bufei e virei as costas, subindo para o meu quarto e terminando de me arrumar.
Em momentos assim que eu apenas pegaria uma mochila contendo apenas o necessário e sumiria por alguns dias. Ficar longe de toda a pressão e responsabilidade que eram colocadas sobre mim, sendo que o primeiro semestre da faculdade nem havia começado.
A famosa faculdade de Administração, tão importante para o “legado da família”. Toda a minha vida planejada em cima de expectativas que nem minhas eram. Encarei meu reflexo no espelho, mas parei com a análise ao notar o bilhete colado no canto superior direito.
- , aonde você vai? Volta aqui! – Minha mãe gritava atrás de mim, mas nada me impediria de sair daquela casa. Segui para o ponto de táxi mais perto. Quando já estava dentro do carro, pedi para o taxista me levar para a empresa de excursões mais próxima.
Com o bilhete que me prometia levar para a Nova Inglaterra e parte francesa do Canadá, segui para o centro de Nova York, de onde o ônibus sairia. Cinco dias longe de casa era tudo que eu poderia pedir.
Já acomodada nas duas poltronas que havia comprado, coloquei os fones nos ouvidos e uma música qualquer para tocar, deixando-me levar pela melodia. Encarei o resto das pessoas entrarem no ônibus, que logo partiria para New Haven.
Com todas as pessoas já em seus devidos lugares, o ônibus partiu. Os guias falavam em diferentes idiomas, mas, no momento, eu não estava interessada nas histórias, queria apenas desligar minha mente do mundo ao meu redor.
Na hora do almoço, permaneci isolada do resto das pessoas da excursão, ainda fechada demais no meu pequeno mundo e nas razões que me fizeram estar ali. Eu só precisava aliviar a tensão, não encontrar alguém para ficar se intrometendo na minha vida.
Após a última visita do dia e a parada para que todos pudéssemos nos limpar para seguirmos viagem, voltei para os meus assentos. Enquanto seguíamos para New Hampshire, o sono e o cansaço estavam se apossando de mim. Quando estava quase caindo na inconsciência, senti alguém se sentando ao meu lado.
Tirei meus fones, já me preparando para mandar a pessoa voltar para o lugar dela. Assim que me virei, deparei-me com olhos brilhantes e pedintes em minha direção. Encarei o estranho ao meu lado, com as sobrancelhas arqueadas, em um questionamento mudo.
Ele se acomodou ao meu lado e lançou-me um enorme sorriso, não sabendo muito bem o que falar.
- Então... – Comecei.
- Ah, você fala inglês! – Ele disse, com um forte sotaque britânico. Me derreti um pouco, confesso.
- Você vai começar a se explicar agora, ou... – Disse, não contendo o deboche. Ele apenas sorriu mais, me encarando. Meu coração parou uma batida, mas não desviei o olhar.
- Me desculpe. – Ele começou, mas eu estava tendo sérios problemas para me concentrar nas palavras que saíam da sua boca. – Meu lugar é um pouco mais atrás. – Eu revirei meus olhos. Ótimo. Permaneci em silêncio, esperando que ele continuasse com sua explicação. – Eu notei que esse lugar está vazio desde que saímos, então supus que você tivesse comprado os dois assentos. – Assenti. – Também supus que fez isso porque quer ficar sozinha.
- O que você está atrapalhando, se quer saber. – Disse, mas já achando extremamente fofo o seu jeito de se explicar. É o sotaque. Certeza que é o sotaque.
- Me desculpe. Mas... – Ele fez uma pausa. – Olha, eu posso comprar esse assento, sério. Mas não me peça pra voltar lá pra trás. – Seus olhos estavam suplicantes e eu quase me peguei dizendo sim, sem nem ao menos pensar.
- Eu realmente prefiro seguir viagem sozinha. – Disse. Ele suspirou.
- Tem um casal transando bem atrás da minha poltrona. Eles estão se pegando desde o início dessa excursão. Eu acho que vou ter um ataque se tiver que aguentar isso por mais quatro dias. Na verdade, acho que a qualquer minuto eu posso ter um colapso. – Antes que eu desse por mim, soltei uma gargalhada, não conseguindo segurar o riso e as lágrimas, que já escorriam pelo meu rosto. Após a surpresa pela minha reação, o rapaz ao meu lado também se entregou ao riso.
Aos poucos, meu riso foi cessando e um sentimento estranho se apossou de mim. Como se a risada estivesse deslocada, tanto no momento quando no local. Apenas balancei minha cabeça, não querendo me aprofundar em sentimentos estranhos que me levaram novamente a momentos que eu apenas queria esquecer.
- Tudo bem. – Me peguei dizendo, ainda surpresa pela minha decisão. – Pode ficar com a poltrona. – O rapaz ao meu lado sorriu, demonstrando uma eterna gratidão. Não consegui não sorrir ao olhá-lo.
- Muito obrigado! Eu posso tirar o dinheiro na próxima parada...
- Não quero o seu dinheiro. – O interrompi, com a voz séria. Acredito que o meu tom o fez não insistir no assunto.
- Eu sou o . – Ele estendeu a mão para mim, já se recompondo. Um sorriso novamente se instalou em seu rosto, me fazendo acreditar que era quase fixo em seus lábios.
- . – Disse, apenas.
- E então, companheira, como aproveitaremos esses quatro dias que passaremos juntos?
- Já está pronta, filha? – Minha mãe entrou no meu quarto, me despertando dos meus devaneios. Coloquei o bilhete no lugar, me virando para encará-la.
- Sim. – Revirei meus olhos, demonstrando toda a minha insatisfação de ter que ir a esse evento.
- Ótimo. – Minha mãe se aproximou, tocando meu braço. – Não fique assim. Tenho certeza que terão outros jovens da sua idade, não vai ser tão chato assim. – Ela tentou me animar, mas não estava funcionando.
- Eu não vou fazer uma cena, mãe. Pode ficar tranquila. – Me desvencilhei dela e segui em direção à escada, não querendo visitar aquelas memórias novamente.
Encontrei meu pai no andar de baixo. Seus olhar parou em mim e logo um sorriso surgiu em seus lábios.
- Você está linda, minha querida. – Sorri para ele, mesmo que ainda irritada por não poder ficar em casa.
- Obrigada. – Disse, apenas. Meu pai ia dizer algumas coisa, mas seu celular tocou e ele se afastou para atender. E essa atitude...
- ? – Eu estava distraída comendo sorvete e olhando para as pessoas que passeavam perto da fábrica do sorvete Ben & Jerry. Virei meus olhos para , que me olhava de um jeito estranho.
- Oi? – Respondi, ainda meio perdida.
- Tem um pouco de sorvete... no seu nariz! – Dito isso, sujou meu rosto com sorvete e saiu correndo. Antes que eu desse por mim, já tinha me levantado e ido atrás dele.
- Você me paga, ! Volta aqui! – Eu gritava e ria da situação, tentando equilibrar o pote de sorvete nas minhas mãos. Quem diria que uma visita a uma fábrica de sorvete pudesse ficar tão divertida.
- Ok, ok. Trégua! – tentou e eu apenas fingi que cederia, lógico.
- Tá certo, só porque sou muito boazinha. – Ele sorriu e eu me aproximei aos poucos, ainda comendo meu sorvete. – Não imaginei que esse passeio na fábrica seria divertido. – Falei e sorri para ele.
- Concordo, talvez seja a companhia. – Antes que eu suspirasse audivelmente e parecesse uma idiota, passei um pouco de sorvete em sua bochecha e logo me afastei. – Ops, foi sem querer.
- Ah, você me enganou! – estava vindo na minha direção, mas seu celular tocou. Ele encarou a tela e desviou o olhar para mim, logo voltando a olhar para o aparelho. – Eu tenho que atender. – Antes que eu pudesse responder, ele se afastou.
Sentei no banco mais próximo, encarando a paisagem. Por mais que tentasse não pensar com quem ele poderia estar falando, as teorias apontavam na minha cabeça. Fechei meus olhos, fazendo o possível para esvaziar a mente. logo voltou para perto de mim, sentando no banco, ao meu lado.
- É bonito aqui. – Eu disse, quando notei que ele nada diria. permaneceu em silêncio, o que me fez fechar os olhos novamente. Uma voz bem fraquinha ecoava na minha mente “por favor, não esteja apaixonado por outra pessoa”. Abri meus olhos e encarei seu perfil. “Por favor, não tenha ninguém esperando por você.”
Meus pais já estavam deixando a casa e indo em direção ao carro.
- Vamos? – Meu pai parou ao meu lado, estendendo seu braço para mim.
Já dentro do carro, seguimos para o local da festa. Só de me imaginar tendo que forçar sorrisos a noite inteira, fazia-me querer saltar do carro, mesmo com ele em movimento. Esse tipo de festa costumava ser um batalhão de pessoas falsas, que ficam esperando por qualquer deslize seu para tomar o seu lugar. Suspirei, me permitindo voltar no tempo mais uma vez.
- Sabe, você nunca me disse se é de Nova Iorque mesmo. – começou aquela conversa de maneira sutil. Até então, eu não tinha dado muita abertura para que conversássemos acerca do que estávamos realmente fazendo ali. Pensei um pouco antes de responde-lo, não querendo ser grossa.
- Eu só... Prefiro não me apegar a alguém que eu posso ver nunca mais. – Falei e desviei o olhar, encarando a imensidão azul do Rio St. Lawrence. e eu estávamos em um lugar mais afastado do barco, presos em nossas mentes.
- Você não pode ter certeza sobre isso. – Ele disse, ainda sem olhar para mim.
- Eu sei. Eu só não posso me permitir fantasiar nada agora. – O ouvi suspirar, mas não tive coragem para encará-lo.
- Eu entendo. – Ele disse após alguns minutos. – Não posso mesmo dizer de onde sou e para onde vou? – Eu virei meu rosto para ele, nossos olhares se encontrando pela primeira vez durante a conversa. Apenas balancei minha cabeça, negando, não consegui encontrar minha voz. – Tudo bem então. – Ele respirou fundo e sorriu para mim. – Acho que se tiver que ser, será.
- Com certeza.
Assim que chegamos ao local, a maioria dos convidados vieram nos cumprimentar. Papai me apresentava para cada amigo seu, orgulhoso por eu seguir os seus passos e cursar Administração na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde ele também estudou.
Após falar com todo mundo, procurei um canto do salão para poder ficar um pouco sozinha. Tinham poucas pessoas da minha idade, e ninguém com quem eu realmente quisesse manter uma conversa, sendo bem sincera.
As pessoas andavam de um lado para o outro, preocupadas demais em fazer contatos e contar suas vantagens. O evento certo para aquele que quer expandir o negócio, ou até mesmo divulgar um novo produto. Meus olhos percorriam o salão, observando as senhoras conversarem e julgarem as roupas de cada pessoa presente; os homens fumando seus charutos em uma área aberta; os adolescentes com a cara emburrada, tão felizes quanto eu por estarem ali. Sorri comigo mesma, sentindo-me um pouquinho melhor por não ser a única querendo sair correndo.
Continuei encarando a multidão até que meus olhos pararam em uma pessoa no outro lado do salão. Minha respiração falhou e eu podia sentir meu coração na garganta. Um nervosismo começou a percorrer meu corpo enquanto minha mente pensava em milhares de possibilidades para ele estar ali.
- Uau, isso aqui é muito lindo. – Eu disse, enquanto olhava, encantada, a Basílica de Notre Dame.
- Sim, eu já tinha visto algumas fotos, mas nada que chegasse perto da realidade, pelo que vejo. – estava tão vidrado como eu, absorvendo cada detalhe da construção.
Ouvimos o guia chamando para irmos embora, já estava na hora do jantar e iríamos passar a noite ali para voltarmos para Nova Iorque, no dia seguinte. e eu seguimos lado a lado, um silêncio confortável instalado entre nós, mesmo que meus pensamentos estivessem a mil.
- Bom, seu quarto é aqui. – disse quando estávamos de frente para a porta de onde eu dormiria.
- Sim, esse mesmo. – Conferi no papel e voltei a olhar para ele, mas tinha algo diferente em seu olhar. – O que foi? – Eu perguntei. Ele balançou a cabeça, como se para afastar um pensamento.
- Nada, só pensando que esses quatro dias foram muito bons. – Eu sorri para ele, concordando.
- Sim, bem melhor do que eu imaginava. – Falei, mas seu sorriso se perdeu.
- Eu queria agradecer pela companhia, foi realmente muito bom te conhecer, . – deu um beijo na minha bochecha, após hesitar perto demais dos meus lábios, e saiu, seguindo para o final do corredor.
Depois do que pareceu uma eternidade, eu entrei no quarto, me apoiando na porta e ainda confusa com o que tinha acontecido. Tomei um banho e deitei, ainda pensando nas palavras e atitudes de e querendo me bater por não ter dito alguma coisa antes dele sair.
Encarei o relógio sobre o criado-mudo ao lado da cama, não acreditando que já eram duas da manhã. Não aguentando mais rolar na cama, levantei, inquieta, e comecei a andar de um lado para o outro do quarto. Apoiei minha testa na porta, não acreditando que estava até àquela hora acordada pensando “quem ele ama?”, porque era a única explicação que eu encontrava para ele ter hesitado e não me beijado.
Encarei a porta a minha frente, desejando que ele estivesse ali, que ele me chamasse e que eu pudesse dizer o quão encantada eu estava por conhecê-lo. Mas ninguém bateu e eu apenas voltei para a cama, fazendo o possível para conseguir dormir.
Levantei, no dia seguinte, mal me aguentando em pé. Procurei na sala onde todos estavam tomado o café da manhã, mas não o encontrei. Estranhei, mas apenas procurei um lugar para sentar.
Assim que terminei, levantei e dei mais uma volta pelo local, mas ainda sem sinal dele. O guia logo chamou todos para o ônibus e um certo pânico se apossou de mim. Onde ele estava? Me aproximei do guia responsável pelo nosso grupo e falei:
- Eu não estou conseguindo achar um passageiro.
- Ele pode já estar no ônibus. – O homem me respondeu, sorrindo. Bati a mão levemente na minha testa, achando ridícula a minha reação. Segui com o grupo para o ônibus, me controlando para não sair atropelando todo mundo para conseguir chegar ao meu lugar.
Sentei na poltrona e encarei o lado de fora, pela janela. não estava ali. Suspirei, encarando o guia que vinha na minha direção.
- Acredito que a pessoa que esteja procurando seja o rapaz que veio com você, certo? – Eu assenti, não tendo certeza se queria ouvir o resto. – Esse é o ponto final dele. – O homem me olhou com pesar, como se eu estivesse sido abandonada, o que, de certo modo, não era mentira.
- Ok, muito obrigada. – Dei o meu melhor sorriso, quer dizer, meu melhor falso sorriso. Ele apenas assentiu e saiu, me deixando sozinha. Fechei meus olhos assim que eu senti o ônibus se mover, suspirei fundo, me concentrando em uma oração silenciosa para que esse não tenha sido o final da linha, que a história não acabasse daquele jeito.
Apoiei minha testa no vidro da janela, tendo aquela voz bem fraquinha mais uma vez me fazendo companhia. Seu nome ecoava em minha mente, e eu sabia que seria assim até eu vê-lo novamente. Se um dia isso realmente acontecesse.
Fazia um mês. Um mês que minha mente sempre me sabotava e me levava de volta aos dias em que passamos juntos. Bastou nossos olhares se encontrarem para que o salão ao meu redor se silenciasse e as pessoas sumissem. De repente, apenas ele e eu estávamos ali, era como se um universo paralelo acabasse de ser criado apenas para que aquele momento existisse e nós nos encontrássemos novamente.
parecia tão surpreso quanto eu, seu corpo pareceu relaxar e o sorriso que eu tanto imaginei em todos esses dias estava sendo mostrado para mim novamente. Seu olhar brincalhão perguntava “já nos conhecemos?” e eu cedi, abrindo um enorme sorriso em sua direção.
Ele começou a fazer seu caminho até mim, suas mãos em seus bolsos e o caminhar despojado. Sem desviar o olhar, ele parecia se aproximar na velocidade contrária do meu coração, que estava tão acelerado que poderia sair do meu peito a qualquer momento. Depois do que pareceu uma eternidade, estava parado na minha frente. Uma cena que pensei que nunca mais aconteceria.
Nós apenas nos encarávamos, sem saber o que dizer. Os sorrisos ainda estavam estampados em nossos rostos e nossos olhares não conseguiam se desconectar. Eu tentei falar alguma coisa, mas não consegui encontrar minha voz.
- Bom... – começou. Ouvir sua voz novamente, seu sotaque que eu estava com medo de ter esquecido, fez com que arrepios percorressem todo o meu corpo. – Nos encontramos novamente, confesso que nunca imaginei que isso pudesse acontecer.
- Somos dois, então. Uau. – Eu disse, ainda abismada. Seu cabelo estava um pouco maior, sua barba por fazer... Tão lindo quanto eu me lembrava. Voltamos a ficar em silêncio. Meus olhos buscavam por cada pedacinho seu, uma saudade que eu não sabia que sentia, até então.
- Acho que nunca ficamos tanto tempo juntos sem falar alguma coisa. – Ele disse e sorriu, mas antes que eu pudesse respondê-lo, me abraçou. Meus braços pareciam sentir tanta falta daquele contato, que logo o envolveu, sem um segundo de hesitação. Senti a respiração de no meu pescoço e meus pelos logo se arrepiaram. Apoiei minha cabeça em seu ombro, sendo embriagada pelo seu cheiro.
- Você foi embora sem se despedir de mim. – Eu soltei. Senti seu corpo tencionar, mas ele logo relaxou novamente.
- Você disse que não queria que conversássemos sobre isso, então eu apenas fui embora. – se explicou, sua voz soando mais baixa, como se estivesse magoado. Ele nos moveu, ainda abraçados, para a pista de dança. – Acredito que manter essa conversa dessa maneira, enquanto dançamos chamará menos atenção.
O silêncio novamente se instalou entre nós, mas, dessa vez, não era aquele constrangedor. manteve uma das suas mãos no final das minhas costas, fazendo um leve carinho ali. Minhas mãos estavam cruzadas na sua nuca e meu rosto no vão entre o seu ombro e pescoço. Um momento de intimidade que aqueles poucos dias não nos proporcionaram, mas me fizeram ansiar por ele.
- Eu não estava no meu melhor momento naquela viagem, mas você tornou tudo mais fácil, pelo menos até ir embora. – Eu disse, bem baixinho.
- Eu espero que as coisas tenham se resolvido. – Ele disse, tentando não soar intrometido.
- Sim, estão melhores. – Eu disse e ele deu um beijo no meu pescoço. Eu suspirei, sentindo minhas pernas trêmulas.
- Você acha que irão sentir muito a nossa falta se sairmos para o jardim? – Ele perguntou, de repente as vozes ao nosso redor ficando mais altas do que anteriormente.
- Você se importa? – Perguntei e afastou o rosto para me olhar. O sorriso brincando em seus lábios enquanto ele me puxava pela mão, nos levando para longe de toda aquela agitação. Eu não fazia ideia de para onde estava indo, mas liderava o caminho e não parecia nada perdido.
- Acho que não seremos interrompidos aqui. – Encarei o jardim ao nosso redor, encantada com as luzes do local, deixando bastante aconchegante e... romântico.
- Como sabia desse lugar? – Perguntei, ainda encantada.
- Eu moro aqui. – Ele disse. Logo me virei para ele, o encarando, surpresa.
- Você mora em Nova Iorque também? – Perguntei, sentindo minha respiração falhar.
- Também? – Ele perguntou de volta, sorrindo para mim. Eu apenas assenti, não contendo o sorriso que surgia em meus lábios. sentou em um banco e logo apontou o lugar ao seu lado para que eu o acompanhasse.
- Acho que está na hora de termos aquela conversa. – Eu disse, mais para mim do que para ele. Permanecemos em silêncio, apenas admirando a paisagem a nossa volta.
- A gente podia começar com perguntas simples. – sugeriu, ainda sem me encarar. Antes que eu fizesse minha primeira pergunta, seu celular tocou. Senti um aperto no meu peito pela lembrança das inúmeras vezes que isso aconteceu durante aqueles poucos dias que passamos juntos. Entretanto, dessa vez, ele apenas ignorou a ligação.
- Tem certeza que não vai atender? Pode ser importante. – Eu disse, com a voz fraca. Ele olhou para mim, com a sobrancelha arqueada.
- É só a minha irmã mais nova. – Soltei minha respiração que eu nem sabia que estava prendendo.
- Era... – Comecei, mas achei melhor parar. – Deixa pra lá.
- O que foi? – Ele parecia confuso.
- Era ela que ficava te ligando durante a excursão? – Perguntei, desviando meu olhar. Ouvi uma risada baixa de e voltei a olhar para ele.
- Era minha irmã, sim. Eu avisei que sairia da cidade, mas não disse para aonde estava indo, então ela ficava ligando pra saber se estava tudo bem. – Eu sorri, encarando o nada a nossa frente. – Agora é minha vez.
- Ei, essa não valeu. – Eu disse.
- O sorriso no seu rosto diz outra coisa. – Ele soltou. Abri minha boca, em descrença, e desviei o olhar. gargalhou.
- Pergunta logo. – Disse, ainda sem encará-lo.
- O que você está fazendo nessa festa? – Ele logo perguntou. Quando viu que eu ainda não o encarava, tocou meu queixo e, delicadamente, puxou meu rosto para que ficasse de frente para ele. – Olha pra mim, por favor. Já fiquei tempo demais preso apenas em memórias. – Suspirei graças as suas palavras, sendo pega completamente de surpresa.
- Meu pai é o dono e CEO da empresa que está dando essa festa. – arregalou os olhos. – Acho que posso te fazer a mesma pergunta, porque ainda não entendi por que a festa está sendo na sua casa. – apoiou suas costas no banco, ainda perdido em seus pensamentos. – O que foi?
- Isso é inacreditável. – Ele disse, sorrindo.
- , não tô entendendo.
- Meu pai é o novo sócio da empresa do seu pai, por isso nos mudamos pra cá.
- Que mundo pequeno. – Falei, ainda sem acreditar. estava prestes a dizer alguma coisa, mas uma mulher surgiu, nos interrompendo.
- Até que enfim te achei! O papai vai ser apresentado em alguns minutos e está louco atrás de você. – logo se levantou. Sua irmã, acredito, logo veio na sua direção. – O que você está... – E então seu olhar caiu sobre mim. – Eu conheço você...
- Sim, ela é a filha do novo sócio do papai, eu já estou indo. Vai, vai. – Ele logo empurrou sua irmã, que apenas deu um sorriso na minha direção e trocou um olhar significativo com .
- Acho que temos que ir. – Disse, assim que sua irmã saiu.
- Sim, temos. Você pode, pelo menos, me dar o número do seu celular dessa vez? – Ele perguntou, com os olhos brilhando e contendo um sorriso.
- Acredito que sim. – Sorri e anotei meu número no celular que ele estendeu para mim. Assim que pegou de volta, ele deu um toque no meu celular.
- Assim fica bem mais fácil. – Ele falou e já estava saindo.
- Espera. – Disse e segurei em seu braço. se virou para mim e me encarou. – Por que... – Eu abaixei a cabeça, mas ele logo colocou uma mão no meu queixo e me fez o encarar. – Por que você não me beijou quando se despediu de mim? – suspirou e se aproximou de mim, olhando bem fundo nos meus olhos.
- Porque você disse que não queria se apegar a ninguém, ainda mais não tendo certeza se nos veríamos novamente. Eu nunca poderia te beijar e depois partir. – Ele levou uma de suas mãos a minha nuca, aproximando nossos corpos. Senti minha respiração ficar pesada à medida que seu rosto se aproximava do meu. – Eu iria esperar pelo menos até o final da noite, mas acho que não consigo mais. – E então ele me beijou. juntou nossos corpos, aprofundando o beijo, como se nunca conseguisse ter o suficiente. Suas mãos não ficavam paradas em um único lugar, como se me tocar fosse tão necessário quanto oxigênio. Puxei seus cabelos e mordi seus lábios levemente, precisando respirar, mas sem querer interromper as sensações que seu toque causava em mim.
Aos poucos, foi parando o beijo, mas ainda não tinha afastado um centímetro sequer. Ele distribui beijos pelo meu rosto e apoiou sua testa na minha. Nossas respirações estavam falhando e eu estava me segurando para não agarrá-lo novamente.
- Nós realmente precisamos ir. – Ele disse, mas ainda não tinha se afastado de mim.
- Precisamos. – Disse, não querendo arriscar dizer mais que uma palavra. suspirou e se afastou, mas ainda apoiando uma das suas mãos nas minhas costas. – Vamos. – Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele me deu um breve beijo nos lábios e me encarou. – Isso não acaba aqui. – Meio perdida com a intensidade das suas palavras e ainda abalada pelo beijo, apenas o segui de volta para o salão de festas.
Assim que pisamos no salão, minha mãe veio ao meu encontro, sua feição não era das melhores.
- Onde você estava? – Ela disse entredentes, mas com um sorriso falso nos lábios. Ah, as aparências. Eu também sorri e apontei para .
- Esse é o filho do novo sócio do papai, nós estávamos... conversando. – Minha mãe me olhou desconfiada, mas nada disse. A irmã de logo chegou ao seu lado e o levou até sua família.
Após as apresentações para todos os presentes, papai se aproximou de mim e da minha mãe.
- Não te vi a maior parte da festa, mocinha. – Arregalei meus olhos, surpresa. Ele com certeza tinha me visto sair. – Quem era?
- Era o filho do seu novo sócio. – Mamãe disse e eles trocaram um olhar bastante suspeito.
- O ? – Eu apenas assenti. – É um bom rapaz.
- Pai! – Falei e desviei o olhar, encontrando e sua família vindo em nossa direção.
- Comporte-se. – Minha mãe disse em meu ouvido. Mordi meu lábio inferior ao encarar sorrindo para mim. Meu pai nos apresentou para a família de , tornando nosso aperto de mãos bem estranho.
- E então, , parece que já conheceu minha filha. – Eu encarei meu pai, atônita. O pai de segurava o riso enquanto olhava para o filho, como se soubesse um segredo.
- Sim, senhor. Nós conversamos um pouco. – Eu sentia meu rosto queimando, eu não conseguia acreditar que aquela cena estava acontecendo.
- Deixa as crianças, eles ainda são jovens. – O pai de disse, sorrindo para nós. – Vão dançar! – Ele nos empurrou, gentilmente, para a pista de dança. Eu sorri para ele, em agradecimento.
- Estou amando muito o seu pai neste momento. – Falei enquanto me guiava para o meio do salão. Ele apenas sorriu, nem um pouco abalado com a fala do meu pai. Uma música lenta começou a tocar e não demorou a juntar nossos corpos, me abraçando pela cintura.
- A sua cara foi impagável. – Ele disse, rindo contra a minha nuca.
- Nossa, muito engraçado. Estou morrendo de rir. – Falei, irônica.
- Ei, essa noite está maravilhosa, não vamos estragá-la, ok? – disse, olhando fundo nos meus olhos. Apenas assenti, voltando a apoiar minha cabeça em seu ombro.
...
Já no carro, de volta para casa, eu não conseguia parar de sorrir.
- Você podia tentar disfarçar, pelo menos. – Meu pai disse, com o humor não muito bom. Eu apenas mordi meu lábio, tentando conter o sorriso. – Eu não estou preparado para isso. – Soltei uma gargalhada.
- Relaxa, papai. – Falei e mandei um beijo para ele, que apenas fechou a cara.
Eu encarava as ruas pela janela do carro, não conseguindo esquecer o momento do beijo. Se eu fechasse meus olhos, eu ainda podia sentir as mãos de em mim.
Enquanto ia para o meu quarto, me peguei dançando sozinha, completamente maravilhada com os acontecimentos de uma noite que esperava ser extremamente entediante. Passei em frente a um espelho e notei o rubor nas minhas bochechas. Eu apenas não queria que esse dia acabasse.
Deitada em minha cama, ainda sem conseguir dormir, encarei meu celular. Respirei fundo e abri o campo da mensagem, selecionando o número de . Após muito pensar, consegui colocar em uma frase o sentimento predominante em mim:
“Estou encantada por conhecer você.”
- , não vamos entrar nessa discussão novamente. Você vai e pronto. A festa anual da empresa é importante, novos sócios serão apresentados e nós temos que estar lá para apoiar seu pai. – Minha mãe já tinha feito aquele discurso inúmeras vezes, mas ainda não me convencia. Apenas bufei e virei as costas, subindo para o meu quarto e terminando de me arrumar.
Em momentos assim que eu apenas pegaria uma mochila contendo apenas o necessário e sumiria por alguns dias. Ficar longe de toda a pressão e responsabilidade que eram colocadas sobre mim, sendo que o primeiro semestre da faculdade nem havia começado.
A famosa faculdade de Administração, tão importante para o “legado da família”. Toda a minha vida planejada em cima de expectativas que nem minhas eram. Encarei meu reflexo no espelho, mas parei com a análise ao notar o bilhete colado no canto superior direito.
- , aonde você vai? Volta aqui! – Minha mãe gritava atrás de mim, mas nada me impediria de sair daquela casa. Segui para o ponto de táxi mais perto. Quando já estava dentro do carro, pedi para o taxista me levar para a empresa de excursões mais próxima.
Com o bilhete que me prometia levar para a Nova Inglaterra e parte francesa do Canadá, segui para o centro de Nova York, de onde o ônibus sairia. Cinco dias longe de casa era tudo que eu poderia pedir.
Já acomodada nas duas poltronas que havia comprado, coloquei os fones nos ouvidos e uma música qualquer para tocar, deixando-me levar pela melodia. Encarei o resto das pessoas entrarem no ônibus, que logo partiria para New Haven.
Com todas as pessoas já em seus devidos lugares, o ônibus partiu. Os guias falavam em diferentes idiomas, mas, no momento, eu não estava interessada nas histórias, queria apenas desligar minha mente do mundo ao meu redor.
Na hora do almoço, permaneci isolada do resto das pessoas da excursão, ainda fechada demais no meu pequeno mundo e nas razões que me fizeram estar ali. Eu só precisava aliviar a tensão, não encontrar alguém para ficar se intrometendo na minha vida.
Após a última visita do dia e a parada para que todos pudéssemos nos limpar para seguirmos viagem, voltei para os meus assentos. Enquanto seguíamos para New Hampshire, o sono e o cansaço estavam se apossando de mim. Quando estava quase caindo na inconsciência, senti alguém se sentando ao meu lado.
Tirei meus fones, já me preparando para mandar a pessoa voltar para o lugar dela. Assim que me virei, deparei-me com olhos brilhantes e pedintes em minha direção. Encarei o estranho ao meu lado, com as sobrancelhas arqueadas, em um questionamento mudo.
Ele se acomodou ao meu lado e lançou-me um enorme sorriso, não sabendo muito bem o que falar.
- Então... – Comecei.
- Ah, você fala inglês! – Ele disse, com um forte sotaque britânico. Me derreti um pouco, confesso.
- Você vai começar a se explicar agora, ou... – Disse, não contendo o deboche. Ele apenas sorriu mais, me encarando. Meu coração parou uma batida, mas não desviei o olhar.
- Me desculpe. – Ele começou, mas eu estava tendo sérios problemas para me concentrar nas palavras que saíam da sua boca. – Meu lugar é um pouco mais atrás. – Eu revirei meus olhos. Ótimo. Permaneci em silêncio, esperando que ele continuasse com sua explicação. – Eu notei que esse lugar está vazio desde que saímos, então supus que você tivesse comprado os dois assentos. – Assenti. – Também supus que fez isso porque quer ficar sozinha.
- O que você está atrapalhando, se quer saber. – Disse, mas já achando extremamente fofo o seu jeito de se explicar. É o sotaque. Certeza que é o sotaque.
- Me desculpe. Mas... – Ele fez uma pausa. – Olha, eu posso comprar esse assento, sério. Mas não me peça pra voltar lá pra trás. – Seus olhos estavam suplicantes e eu quase me peguei dizendo sim, sem nem ao menos pensar.
- Eu realmente prefiro seguir viagem sozinha. – Disse. Ele suspirou.
- Tem um casal transando bem atrás da minha poltrona. Eles estão se pegando desde o início dessa excursão. Eu acho que vou ter um ataque se tiver que aguentar isso por mais quatro dias. Na verdade, acho que a qualquer minuto eu posso ter um colapso. – Antes que eu desse por mim, soltei uma gargalhada, não conseguindo segurar o riso e as lágrimas, que já escorriam pelo meu rosto. Após a surpresa pela minha reação, o rapaz ao meu lado também se entregou ao riso.
Aos poucos, meu riso foi cessando e um sentimento estranho se apossou de mim. Como se a risada estivesse deslocada, tanto no momento quando no local. Apenas balancei minha cabeça, não querendo me aprofundar em sentimentos estranhos que me levaram novamente a momentos que eu apenas queria esquecer.
- Tudo bem. – Me peguei dizendo, ainda surpresa pela minha decisão. – Pode ficar com a poltrona. – O rapaz ao meu lado sorriu, demonstrando uma eterna gratidão. Não consegui não sorrir ao olhá-lo.
- Muito obrigado! Eu posso tirar o dinheiro na próxima parada...
- Não quero o seu dinheiro. – O interrompi, com a voz séria. Acredito que o meu tom o fez não insistir no assunto.
- Eu sou o . – Ele estendeu a mão para mim, já se recompondo. Um sorriso novamente se instalou em seu rosto, me fazendo acreditar que era quase fixo em seus lábios.
- . – Disse, apenas.
- E então, companheira, como aproveitaremos esses quatro dias que passaremos juntos?
- Já está pronta, filha? – Minha mãe entrou no meu quarto, me despertando dos meus devaneios. Coloquei o bilhete no lugar, me virando para encará-la.
- Sim. – Revirei meus olhos, demonstrando toda a minha insatisfação de ter que ir a esse evento.
- Ótimo. – Minha mãe se aproximou, tocando meu braço. – Não fique assim. Tenho certeza que terão outros jovens da sua idade, não vai ser tão chato assim. – Ela tentou me animar, mas não estava funcionando.
- Eu não vou fazer uma cena, mãe. Pode ficar tranquila. – Me desvencilhei dela e segui em direção à escada, não querendo visitar aquelas memórias novamente.
Encontrei meu pai no andar de baixo. Seus olhar parou em mim e logo um sorriso surgiu em seus lábios.
- Você está linda, minha querida. – Sorri para ele, mesmo que ainda irritada por não poder ficar em casa.
- Obrigada. – Disse, apenas. Meu pai ia dizer algumas coisa, mas seu celular tocou e ele se afastou para atender. E essa atitude...
- ? – Eu estava distraída comendo sorvete e olhando para as pessoas que passeavam perto da fábrica do sorvete Ben & Jerry. Virei meus olhos para , que me olhava de um jeito estranho.
- Oi? – Respondi, ainda meio perdida.
- Tem um pouco de sorvete... no seu nariz! – Dito isso, sujou meu rosto com sorvete e saiu correndo. Antes que eu desse por mim, já tinha me levantado e ido atrás dele.
- Você me paga, ! Volta aqui! – Eu gritava e ria da situação, tentando equilibrar o pote de sorvete nas minhas mãos. Quem diria que uma visita a uma fábrica de sorvete pudesse ficar tão divertida.
- Ok, ok. Trégua! – tentou e eu apenas fingi que cederia, lógico.
- Tá certo, só porque sou muito boazinha. – Ele sorriu e eu me aproximei aos poucos, ainda comendo meu sorvete. – Não imaginei que esse passeio na fábrica seria divertido. – Falei e sorri para ele.
- Concordo, talvez seja a companhia. – Antes que eu suspirasse audivelmente e parecesse uma idiota, passei um pouco de sorvete em sua bochecha e logo me afastei. – Ops, foi sem querer.
- Ah, você me enganou! – estava vindo na minha direção, mas seu celular tocou. Ele encarou a tela e desviou o olhar para mim, logo voltando a olhar para o aparelho. – Eu tenho que atender. – Antes que eu pudesse responder, ele se afastou.
Sentei no banco mais próximo, encarando a paisagem. Por mais que tentasse não pensar com quem ele poderia estar falando, as teorias apontavam na minha cabeça. Fechei meus olhos, fazendo o possível para esvaziar a mente. logo voltou para perto de mim, sentando no banco, ao meu lado.
- É bonito aqui. – Eu disse, quando notei que ele nada diria. permaneceu em silêncio, o que me fez fechar os olhos novamente. Uma voz bem fraquinha ecoava na minha mente “por favor, não esteja apaixonado por outra pessoa”. Abri meus olhos e encarei seu perfil. “Por favor, não tenha ninguém esperando por você.”
Meus pais já estavam deixando a casa e indo em direção ao carro.
- Vamos? – Meu pai parou ao meu lado, estendendo seu braço para mim.
Já dentro do carro, seguimos para o local da festa. Só de me imaginar tendo que forçar sorrisos a noite inteira, fazia-me querer saltar do carro, mesmo com ele em movimento. Esse tipo de festa costumava ser um batalhão de pessoas falsas, que ficam esperando por qualquer deslize seu para tomar o seu lugar. Suspirei, me permitindo voltar no tempo mais uma vez.
- Sabe, você nunca me disse se é de Nova Iorque mesmo. – começou aquela conversa de maneira sutil. Até então, eu não tinha dado muita abertura para que conversássemos acerca do que estávamos realmente fazendo ali. Pensei um pouco antes de responde-lo, não querendo ser grossa.
- Eu só... Prefiro não me apegar a alguém que eu posso ver nunca mais. – Falei e desviei o olhar, encarando a imensidão azul do Rio St. Lawrence. e eu estávamos em um lugar mais afastado do barco, presos em nossas mentes.
- Você não pode ter certeza sobre isso. – Ele disse, ainda sem olhar para mim.
- Eu sei. Eu só não posso me permitir fantasiar nada agora. – O ouvi suspirar, mas não tive coragem para encará-lo.
- Eu entendo. – Ele disse após alguns minutos. – Não posso mesmo dizer de onde sou e para onde vou? – Eu virei meu rosto para ele, nossos olhares se encontrando pela primeira vez durante a conversa. Apenas balancei minha cabeça, negando, não consegui encontrar minha voz. – Tudo bem então. – Ele respirou fundo e sorriu para mim. – Acho que se tiver que ser, será.
- Com certeza.
Assim que chegamos ao local, a maioria dos convidados vieram nos cumprimentar. Papai me apresentava para cada amigo seu, orgulhoso por eu seguir os seus passos e cursar Administração na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde ele também estudou.
Após falar com todo mundo, procurei um canto do salão para poder ficar um pouco sozinha. Tinham poucas pessoas da minha idade, e ninguém com quem eu realmente quisesse manter uma conversa, sendo bem sincera.
As pessoas andavam de um lado para o outro, preocupadas demais em fazer contatos e contar suas vantagens. O evento certo para aquele que quer expandir o negócio, ou até mesmo divulgar um novo produto. Meus olhos percorriam o salão, observando as senhoras conversarem e julgarem as roupas de cada pessoa presente; os homens fumando seus charutos em uma área aberta; os adolescentes com a cara emburrada, tão felizes quanto eu por estarem ali. Sorri comigo mesma, sentindo-me um pouquinho melhor por não ser a única querendo sair correndo.
Continuei encarando a multidão até que meus olhos pararam em uma pessoa no outro lado do salão. Minha respiração falhou e eu podia sentir meu coração na garganta. Um nervosismo começou a percorrer meu corpo enquanto minha mente pensava em milhares de possibilidades para ele estar ali.
- Uau, isso aqui é muito lindo. – Eu disse, enquanto olhava, encantada, a Basílica de Notre Dame.
- Sim, eu já tinha visto algumas fotos, mas nada que chegasse perto da realidade, pelo que vejo. – estava tão vidrado como eu, absorvendo cada detalhe da construção.
Ouvimos o guia chamando para irmos embora, já estava na hora do jantar e iríamos passar a noite ali para voltarmos para Nova Iorque, no dia seguinte. e eu seguimos lado a lado, um silêncio confortável instalado entre nós, mesmo que meus pensamentos estivessem a mil.
- Bom, seu quarto é aqui. – disse quando estávamos de frente para a porta de onde eu dormiria.
- Sim, esse mesmo. – Conferi no papel e voltei a olhar para ele, mas tinha algo diferente em seu olhar. – O que foi? – Eu perguntei. Ele balançou a cabeça, como se para afastar um pensamento.
- Nada, só pensando que esses quatro dias foram muito bons. – Eu sorri para ele, concordando.
- Sim, bem melhor do que eu imaginava. – Falei, mas seu sorriso se perdeu.
- Eu queria agradecer pela companhia, foi realmente muito bom te conhecer, . – deu um beijo na minha bochecha, após hesitar perto demais dos meus lábios, e saiu, seguindo para o final do corredor.
Depois do que pareceu uma eternidade, eu entrei no quarto, me apoiando na porta e ainda confusa com o que tinha acontecido. Tomei um banho e deitei, ainda pensando nas palavras e atitudes de e querendo me bater por não ter dito alguma coisa antes dele sair.
Encarei o relógio sobre o criado-mudo ao lado da cama, não acreditando que já eram duas da manhã. Não aguentando mais rolar na cama, levantei, inquieta, e comecei a andar de um lado para o outro do quarto. Apoiei minha testa na porta, não acreditando que estava até àquela hora acordada pensando “quem ele ama?”, porque era a única explicação que eu encontrava para ele ter hesitado e não me beijado.
Encarei a porta a minha frente, desejando que ele estivesse ali, que ele me chamasse e que eu pudesse dizer o quão encantada eu estava por conhecê-lo. Mas ninguém bateu e eu apenas voltei para a cama, fazendo o possível para conseguir dormir.
Levantei, no dia seguinte, mal me aguentando em pé. Procurei na sala onde todos estavam tomado o café da manhã, mas não o encontrei. Estranhei, mas apenas procurei um lugar para sentar.
Assim que terminei, levantei e dei mais uma volta pelo local, mas ainda sem sinal dele. O guia logo chamou todos para o ônibus e um certo pânico se apossou de mim. Onde ele estava? Me aproximei do guia responsável pelo nosso grupo e falei:
- Eu não estou conseguindo achar um passageiro.
- Ele pode já estar no ônibus. – O homem me respondeu, sorrindo. Bati a mão levemente na minha testa, achando ridícula a minha reação. Segui com o grupo para o ônibus, me controlando para não sair atropelando todo mundo para conseguir chegar ao meu lugar.
Sentei na poltrona e encarei o lado de fora, pela janela. não estava ali. Suspirei, encarando o guia que vinha na minha direção.
- Acredito que a pessoa que esteja procurando seja o rapaz que veio com você, certo? – Eu assenti, não tendo certeza se queria ouvir o resto. – Esse é o ponto final dele. – O homem me olhou com pesar, como se eu estivesse sido abandonada, o que, de certo modo, não era mentira.
- Ok, muito obrigada. – Dei o meu melhor sorriso, quer dizer, meu melhor falso sorriso. Ele apenas assentiu e saiu, me deixando sozinha. Fechei meus olhos assim que eu senti o ônibus se mover, suspirei fundo, me concentrando em uma oração silenciosa para que esse não tenha sido o final da linha, que a história não acabasse daquele jeito.
Apoiei minha testa no vidro da janela, tendo aquela voz bem fraquinha mais uma vez me fazendo companhia. Seu nome ecoava em minha mente, e eu sabia que seria assim até eu vê-lo novamente. Se um dia isso realmente acontecesse.
Fazia um mês. Um mês que minha mente sempre me sabotava e me levava de volta aos dias em que passamos juntos. Bastou nossos olhares se encontrarem para que o salão ao meu redor se silenciasse e as pessoas sumissem. De repente, apenas ele e eu estávamos ali, era como se um universo paralelo acabasse de ser criado apenas para que aquele momento existisse e nós nos encontrássemos novamente.
parecia tão surpreso quanto eu, seu corpo pareceu relaxar e o sorriso que eu tanto imaginei em todos esses dias estava sendo mostrado para mim novamente. Seu olhar brincalhão perguntava “já nos conhecemos?” e eu cedi, abrindo um enorme sorriso em sua direção.
Ele começou a fazer seu caminho até mim, suas mãos em seus bolsos e o caminhar despojado. Sem desviar o olhar, ele parecia se aproximar na velocidade contrária do meu coração, que estava tão acelerado que poderia sair do meu peito a qualquer momento. Depois do que pareceu uma eternidade, estava parado na minha frente. Uma cena que pensei que nunca mais aconteceria.
Nós apenas nos encarávamos, sem saber o que dizer. Os sorrisos ainda estavam estampados em nossos rostos e nossos olhares não conseguiam se desconectar. Eu tentei falar alguma coisa, mas não consegui encontrar minha voz.
- Bom... – começou. Ouvir sua voz novamente, seu sotaque que eu estava com medo de ter esquecido, fez com que arrepios percorressem todo o meu corpo. – Nos encontramos novamente, confesso que nunca imaginei que isso pudesse acontecer.
- Somos dois, então. Uau. – Eu disse, ainda abismada. Seu cabelo estava um pouco maior, sua barba por fazer... Tão lindo quanto eu me lembrava. Voltamos a ficar em silêncio. Meus olhos buscavam por cada pedacinho seu, uma saudade que eu não sabia que sentia, até então.
- Acho que nunca ficamos tanto tempo juntos sem falar alguma coisa. – Ele disse e sorriu, mas antes que eu pudesse respondê-lo, me abraçou. Meus braços pareciam sentir tanta falta daquele contato, que logo o envolveu, sem um segundo de hesitação. Senti a respiração de no meu pescoço e meus pelos logo se arrepiaram. Apoiei minha cabeça em seu ombro, sendo embriagada pelo seu cheiro.
- Você foi embora sem se despedir de mim. – Eu soltei. Senti seu corpo tencionar, mas ele logo relaxou novamente.
- Você disse que não queria que conversássemos sobre isso, então eu apenas fui embora. – se explicou, sua voz soando mais baixa, como se estivesse magoado. Ele nos moveu, ainda abraçados, para a pista de dança. – Acredito que manter essa conversa dessa maneira, enquanto dançamos chamará menos atenção.
O silêncio novamente se instalou entre nós, mas, dessa vez, não era aquele constrangedor. manteve uma das suas mãos no final das minhas costas, fazendo um leve carinho ali. Minhas mãos estavam cruzadas na sua nuca e meu rosto no vão entre o seu ombro e pescoço. Um momento de intimidade que aqueles poucos dias não nos proporcionaram, mas me fizeram ansiar por ele.
- Eu não estava no meu melhor momento naquela viagem, mas você tornou tudo mais fácil, pelo menos até ir embora. – Eu disse, bem baixinho.
- Eu espero que as coisas tenham se resolvido. – Ele disse, tentando não soar intrometido.
- Sim, estão melhores. – Eu disse e ele deu um beijo no meu pescoço. Eu suspirei, sentindo minhas pernas trêmulas.
- Você acha que irão sentir muito a nossa falta se sairmos para o jardim? – Ele perguntou, de repente as vozes ao nosso redor ficando mais altas do que anteriormente.
- Você se importa? – Perguntei e afastou o rosto para me olhar. O sorriso brincando em seus lábios enquanto ele me puxava pela mão, nos levando para longe de toda aquela agitação. Eu não fazia ideia de para onde estava indo, mas liderava o caminho e não parecia nada perdido.
- Acho que não seremos interrompidos aqui. – Encarei o jardim ao nosso redor, encantada com as luzes do local, deixando bastante aconchegante e... romântico.
- Como sabia desse lugar? – Perguntei, ainda encantada.
- Eu moro aqui. – Ele disse. Logo me virei para ele, o encarando, surpresa.
- Você mora em Nova Iorque também? – Perguntei, sentindo minha respiração falhar.
- Também? – Ele perguntou de volta, sorrindo para mim. Eu apenas assenti, não contendo o sorriso que surgia em meus lábios. sentou em um banco e logo apontou o lugar ao seu lado para que eu o acompanhasse.
- Acho que está na hora de termos aquela conversa. – Eu disse, mais para mim do que para ele. Permanecemos em silêncio, apenas admirando a paisagem a nossa volta.
- A gente podia começar com perguntas simples. – sugeriu, ainda sem me encarar. Antes que eu fizesse minha primeira pergunta, seu celular tocou. Senti um aperto no meu peito pela lembrança das inúmeras vezes que isso aconteceu durante aqueles poucos dias que passamos juntos. Entretanto, dessa vez, ele apenas ignorou a ligação.
- Tem certeza que não vai atender? Pode ser importante. – Eu disse, com a voz fraca. Ele olhou para mim, com a sobrancelha arqueada.
- É só a minha irmã mais nova. – Soltei minha respiração que eu nem sabia que estava prendendo.
- Era... – Comecei, mas achei melhor parar. – Deixa pra lá.
- O que foi? – Ele parecia confuso.
- Era ela que ficava te ligando durante a excursão? – Perguntei, desviando meu olhar. Ouvi uma risada baixa de e voltei a olhar para ele.
- Era minha irmã, sim. Eu avisei que sairia da cidade, mas não disse para aonde estava indo, então ela ficava ligando pra saber se estava tudo bem. – Eu sorri, encarando o nada a nossa frente. – Agora é minha vez.
- Ei, essa não valeu. – Eu disse.
- O sorriso no seu rosto diz outra coisa. – Ele soltou. Abri minha boca, em descrença, e desviei o olhar. gargalhou.
- Pergunta logo. – Disse, ainda sem encará-lo.
- O que você está fazendo nessa festa? – Ele logo perguntou. Quando viu que eu ainda não o encarava, tocou meu queixo e, delicadamente, puxou meu rosto para que ficasse de frente para ele. – Olha pra mim, por favor. Já fiquei tempo demais preso apenas em memórias. – Suspirei graças as suas palavras, sendo pega completamente de surpresa.
- Meu pai é o dono e CEO da empresa que está dando essa festa. – arregalou os olhos. – Acho que posso te fazer a mesma pergunta, porque ainda não entendi por que a festa está sendo na sua casa. – apoiou suas costas no banco, ainda perdido em seus pensamentos. – O que foi?
- Isso é inacreditável. – Ele disse, sorrindo.
- , não tô entendendo.
- Meu pai é o novo sócio da empresa do seu pai, por isso nos mudamos pra cá.
- Que mundo pequeno. – Falei, ainda sem acreditar. estava prestes a dizer alguma coisa, mas uma mulher surgiu, nos interrompendo.
- Até que enfim te achei! O papai vai ser apresentado em alguns minutos e está louco atrás de você. – logo se levantou. Sua irmã, acredito, logo veio na sua direção. – O que você está... – E então seu olhar caiu sobre mim. – Eu conheço você...
- Sim, ela é a filha do novo sócio do papai, eu já estou indo. Vai, vai. – Ele logo empurrou sua irmã, que apenas deu um sorriso na minha direção e trocou um olhar significativo com .
- Acho que temos que ir. – Disse, assim que sua irmã saiu.
- Sim, temos. Você pode, pelo menos, me dar o número do seu celular dessa vez? – Ele perguntou, com os olhos brilhando e contendo um sorriso.
- Acredito que sim. – Sorri e anotei meu número no celular que ele estendeu para mim. Assim que pegou de volta, ele deu um toque no meu celular.
- Assim fica bem mais fácil. – Ele falou e já estava saindo.
- Espera. – Disse e segurei em seu braço. se virou para mim e me encarou. – Por que... – Eu abaixei a cabeça, mas ele logo colocou uma mão no meu queixo e me fez o encarar. – Por que você não me beijou quando se despediu de mim? – suspirou e se aproximou de mim, olhando bem fundo nos meus olhos.
- Porque você disse que não queria se apegar a ninguém, ainda mais não tendo certeza se nos veríamos novamente. Eu nunca poderia te beijar e depois partir. – Ele levou uma de suas mãos a minha nuca, aproximando nossos corpos. Senti minha respiração ficar pesada à medida que seu rosto se aproximava do meu. – Eu iria esperar pelo menos até o final da noite, mas acho que não consigo mais. – E então ele me beijou. juntou nossos corpos, aprofundando o beijo, como se nunca conseguisse ter o suficiente. Suas mãos não ficavam paradas em um único lugar, como se me tocar fosse tão necessário quanto oxigênio. Puxei seus cabelos e mordi seus lábios levemente, precisando respirar, mas sem querer interromper as sensações que seu toque causava em mim.
Aos poucos, foi parando o beijo, mas ainda não tinha afastado um centímetro sequer. Ele distribui beijos pelo meu rosto e apoiou sua testa na minha. Nossas respirações estavam falhando e eu estava me segurando para não agarrá-lo novamente.
- Nós realmente precisamos ir. – Ele disse, mas ainda não tinha se afastado de mim.
- Precisamos. – Disse, não querendo arriscar dizer mais que uma palavra. suspirou e se afastou, mas ainda apoiando uma das suas mãos nas minhas costas. – Vamos. – Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele me deu um breve beijo nos lábios e me encarou. – Isso não acaba aqui. – Meio perdida com a intensidade das suas palavras e ainda abalada pelo beijo, apenas o segui de volta para o salão de festas.
Assim que pisamos no salão, minha mãe veio ao meu encontro, sua feição não era das melhores.
- Onde você estava? – Ela disse entredentes, mas com um sorriso falso nos lábios. Ah, as aparências. Eu também sorri e apontei para .
- Esse é o filho do novo sócio do papai, nós estávamos... conversando. – Minha mãe me olhou desconfiada, mas nada disse. A irmã de logo chegou ao seu lado e o levou até sua família.
Após as apresentações para todos os presentes, papai se aproximou de mim e da minha mãe.
- Não te vi a maior parte da festa, mocinha. – Arregalei meus olhos, surpresa. Ele com certeza tinha me visto sair. – Quem era?
- Era o filho do seu novo sócio. – Mamãe disse e eles trocaram um olhar bastante suspeito.
- O ? – Eu apenas assenti. – É um bom rapaz.
- Pai! – Falei e desviei o olhar, encontrando e sua família vindo em nossa direção.
- Comporte-se. – Minha mãe disse em meu ouvido. Mordi meu lábio inferior ao encarar sorrindo para mim. Meu pai nos apresentou para a família de , tornando nosso aperto de mãos bem estranho.
- E então, , parece que já conheceu minha filha. – Eu encarei meu pai, atônita. O pai de segurava o riso enquanto olhava para o filho, como se soubesse um segredo.
- Sim, senhor. Nós conversamos um pouco. – Eu sentia meu rosto queimando, eu não conseguia acreditar que aquela cena estava acontecendo.
- Deixa as crianças, eles ainda são jovens. – O pai de disse, sorrindo para nós. – Vão dançar! – Ele nos empurrou, gentilmente, para a pista de dança. Eu sorri para ele, em agradecimento.
- Estou amando muito o seu pai neste momento. – Falei enquanto me guiava para o meio do salão. Ele apenas sorriu, nem um pouco abalado com a fala do meu pai. Uma música lenta começou a tocar e não demorou a juntar nossos corpos, me abraçando pela cintura.
- A sua cara foi impagável. – Ele disse, rindo contra a minha nuca.
- Nossa, muito engraçado. Estou morrendo de rir. – Falei, irônica.
- Ei, essa noite está maravilhosa, não vamos estragá-la, ok? – disse, olhando fundo nos meus olhos. Apenas assenti, voltando a apoiar minha cabeça em seu ombro.
Já no carro, de volta para casa, eu não conseguia parar de sorrir.
- Você podia tentar disfarçar, pelo menos. – Meu pai disse, com o humor não muito bom. Eu apenas mordi meu lábio, tentando conter o sorriso. – Eu não estou preparado para isso. – Soltei uma gargalhada.
- Relaxa, papai. – Falei e mandei um beijo para ele, que apenas fechou a cara.
Eu encarava as ruas pela janela do carro, não conseguindo esquecer o momento do beijo. Se eu fechasse meus olhos, eu ainda podia sentir as mãos de em mim.
Enquanto ia para o meu quarto, me peguei dançando sozinha, completamente maravilhada com os acontecimentos de uma noite que esperava ser extremamente entediante. Passei em frente a um espelho e notei o rubor nas minhas bochechas. Eu apenas não queria que esse dia acabasse.
Deitada em minha cama, ainda sem conseguir dormir, encarei meu celular. Respirei fundo e abri o campo da mensagem, selecionando o número de . Após muito pensar, consegui colocar em uma frase o sentimento predominante em mim:
Fim.
Nota da autora: Oi, gente! Espero que tenham gostado.
Muito obrigada a todos que leram!
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Muito obrigada a todos que leram!
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