Capítulo 1 – DE VOLTA A IRLANDA
Era um sábado ensolarado em Dublin e estava feliz, pois desembarcava em seu país natal, não só para visitar seus pais, como também passar o St. Patricks Day, seu feriado preferido, ao lado de seus amigos de infância. Ele sentia que esses dias de descanso seriam incríveis.
Mas, não imaginou que também seriam recheados de surpresa vindas diretamente de seu passado: Assim que cumprimentou seus pais, foi em direção a Greg, seu irmão, que estava sentado na frente da TV e, assim que pôs os olhos no aparelho que o mais velho estava tão vidrado, arregalou os olhos ao ver o nome da repórter que apresentava a matéria:
- ! – falou em voz alta, sem se dar conta – Não pode ser a...
- Sua ex-namorada? – Greg completou a frase do irmão – Ao vivo e a cores!
Mas o mais novo mal ouviu, pois estava com a atenção completa na ruiva e em como ela estava diferente da época em que eles foram namorados. Não que faça muito tempo – seus caminhos se separaram apenas há dois anos atrás – entretanto, ela não parecia com nada da estudante de jornalismo tímida, que tinha receio do novo. A mulher dentro da televisão parecia completamente a vontade em frente as câmeras, sorrindo singelamente enquanto apresentava o casal no qual dividia a tela. Teria ela se esquecido dele ou guardado rancor de como seu relacionamento terminou?
- ! – chamou o outro, mais uma vez, não obtendo resposta. Resolveu chegar perto do irmão, gritando ao pé do seu ouvido – ACORDA PRA VIDA!
- Ahhh! – deu um pulo, colocando automaticamente a mão no ouvido – Pra que fazer isso, desgraça? – esbravejou
- Pra ver se você para de babar em cima da TV! – alfinetou – Pensa que eu não percebi você com os olhos vidrados na !
- Que engraçadinho você! Virou piadista, agora? – cerrou os olhos, fazendo Greg dar a língua com a ironia do mais novo.
- Hora do almoço, meninos! – Maura apareceu, com sua voz angelical, logo mudando o tom quando viu a expressão dos filhos – O que estão aprontando? – Colocou a mão na cintura
- Nada mãe! – O moreno disse
- Nada demais, só o salivando pela !
- Fica quieto, Greg! – Fez cara feia
- Para de mexer com seu irmão, filho! – A matriarca se dirigiu para o mais alto – Ele tem razão de notar a , ela está linda e radiante nessa reportagem! – completou, antes de seguir para a cozinha novamente, gritando um “Venham!” para os garotos.
- ? O que eu perdi? – estava com um ponto de interrogação no meio da testa. Sua mãe nunca tinha chamado pelo apelido quando os dois namoraram.
- A mamãe não te contou? – Greg perguntou, recebendo um balançar negativo de cabeça como resposta – sempre vem aqui em casa quando está de folga, e elas passam horas conversando.
- Desde quando isso? E como nunca fiquei sabendo? – O moreno estava perplexo
- Ah, faz um ano e pouquinho – respondeu - E ninguém contar pra você é coisa da mamãe! – falou simplesmente, deixando a pior parte da explicação para Maura.
Depois do almoço, se ofereceu para secar a louça, somente para enquadrar a mais velha, procurando por respostas: Como sua própria família convive com a mulher que ele namorou durante três anos e esconde isso na cara dura?
- Ah, querido! Eu sei que eu não era muito próxima dela na época do seu namoro, mas foi quem me ajudou com minha depressão! – A mãe explicou – Trouxe a pintura para minha vida, o que diminuiu essa angústia de ter todos vocês longe de mim. Com o tempo ela se revelou uma grande amiga.
- E por que não me avisou, mãe? Sabe que ela sempre foi importante pra mim!
- Exatamente para não te magoar, meu bem. Vocês pararam de se falar depois que você foi para Londres e, pensei que falando dela, você não conseguiria seguir em frente!
Na verdade amava e, quando se mudou para a Inglaterra para assumir a nova franquia do hotel da sua família, a dor consumiu seu peito, pois ele não sabia se a escolha feita era a certa, só queria cumprir o dever como o filho que estava no ultimo semestre de administração.
Mal sabia ele que, para a garota, a ferida tinha ficado ainda maior. Ela tinha como seu porto seguro, alguém com quem contava todas as horas e que, nas piores, conseguia deixar o clima mais leve com seu abraço e suas piadas sem graça, que, mesmo assim, tiravam belos sorrisos de seu rosto.
Entretanto, a brasileira sabia que o assunto profissão era um tabu para o namorado, que fazia de tudo para agradar o pai. Ela sabia que isso não o fazia feliz, mas aceitava, pois era a escolha dele, tanto que, quando disse a ela que assumiria a direção da nova franquia do Seamair Hotel em Londres, argumentou, porém, logo depois concordou com sua vontade. Todavia, foi quando o homem pronunciou que eles deveriam “dar um tempo”, que ela se sentiu traída:
-Como assim? – questionou, depois do pedido de – Londres fica a poucas horas de Dublin, podemos nos ver todo o fim de semana – falou – Vai ser mais dificil, a saudade vai apertar, mas podemos conseguir.
- Só que eu preciso estar 100% focado no trabalho, principalmente que é um novo hotel num lugar diferente, tudo vai ser desconhecido.
- Mas o Greg administra o hotel aqui tranquilamente enquanto namora a Denise, por que nós não poderíamos seguir o mesmo caminho? Eu vou à Londres pra te ver.
- A questão não é essa, amor! Meu irmão já está há anos a frente do hotel, eu estou só começando. Qualquer distração pode colocar tudo a perder!
- Qualquer distração? – exprimiu entredentes – É isso que eu sou pra você, , um brinquedo que você pode se divertir? – Se levantou, chateada – Quer saber? Pode ficar com sua vida em Londres, completamente solteiro!
Depois dessa tarde, seus caminhos realmente se separaram. tentou levar a vida, escondendo seu coração quebrado, não só por ter se separado de , como também o loiro nunca tê-la procurado para ter uma ultima conversa, o que, em sua cabeça, era auto explicativo: Para ele, era um brinquedo.
O que mudou um ano depois, foi o reaparecimento da ex-sogra em sua vida, em um encontro no shopping que as levou até uma cafeteria, onde houve uma conversa e um reestabelecimento de relação: Apesar de não estar mais com , ainda tinha um carinho enorme por aquela família, que só cresceu com o tempo, principalmente por estar morando em definitivo na Inglaterra, o que evitava situações estranhas um com o outro.
A mulher só não esperava que, enquanto estivesse editando sua próxima matéria para a ITV, seu passado apareceria repentinamente através de uma ligação:
- Alô! – Ela disse, ao atender a chamada do número desconhecido.
- ? – A voz era inconfundível, o que a fez paralisar na hora
- ? – perguntou, apenas para confirmar. Não poderia ser!
- Eu mesmo! – confirmou – Minha mãe me passou seu número.
- E a que devo a honra da sua ligação depois de dois anos? – Mudou sua postura, falando com um tom mais sério.
- Eu..eu sei que nosso término não foi muito amigável – gaguejou, nervoso – Mas queria conversar com você!
- Sou toda ouvidos! – disse, direta
- Eu preferia pessoalmente, mas sei que não tenho direito de exigir nada! – começou – Eu soube que você e mamãe ficaram bem próximas nos ultimos tempos...
- Não foi nada premeditado! – explicou, antes que houvesse algum tipo de acusação – Nos reencontramos por acaso, conversamos e encontramos muita coisa em comum.
- E eu agradeço por tê-la ajudado nos momentos mais difíceis, principalmente porque eu estava longe – O irlandês pronunciou
- Dona Maura me ajudou também! – disse – Então...era só isso?– Queria que ele fosse direto ao ponto
- Também queria saber se podemos ter uma relação amigável. Fico feliz que tenha se aproximado da minha família, mas é a minha família – frisou a ultima parte – E eu não quero que a cada vez que nos encontremos, ou veja você na minha casa, fique um clima estranho, entende?
- Sim, eles são a sua familia, porém, você mora em Londres, certo? – Fez uma pergunta retórica – Então , tirando a possibilidade de você vir a Dublin mais que quatro vezes por ano, não precisamos ser amigos, pois não vamos nos encontrar – pronunciou, fria, desligando o telefone em seguida.
Por mais que negasse, a ferida aberta há dois anos atrás foi aberta com o aparecimento inesperado do ex em sua vida. A garota tinha seguido em frente, estava feliz com sua carreira e com o atual namorado Steve, que a apoiava em tudo. Como tinha a petulância de surgir das cinzas e mexer com seu coração novamente, pedindo para voltarem a se falar? Talvez, porque não soubesse que ela nunca o tinha esquecido. Foi isso que sua melhor amiga, , a fez entender, depois que soube da ligação:
- Você ainda sente algo por ele, amiga? – a mulher cacheada questionou – Porque você é sempre calma e centrada, mas se tornou outra pessoa nessa ligação.
- Eu não sei, está bem? - respondeu – Eu só...surtei! Não esperava que ele aparecesse desse jeito – continuou, colocando as mãos na cabeça, de nervosismo – Steve me faz bem, mas ouvi-lo depois de tanto tempo me fez relembrar o dia do nosso término.
- Mas sabia que, mais cedo ou mais tarde, iriam se reencontram – A outra alertou – Você praticamente vai toda semana na casa da Maura. Ela é mãe dele!
- Mas mora em Londres, era só eu não ir pra lá quando ele estivesse. Eu ser amiga da familia dele não significa que devo conviver com meu ex.
- Ninguém pode fugir para sempre! – constatou – Principalmente se você nutre ainda algo pelo . Se não houvesse nada, você não estaria tão incomodada.
A irlandesa de sangue brasileiro só não sabia que o moreno tinha ficado tão incomodado quanto ela com a chamada de voz.
- Ela desligou na minha cara irmão, na minha cara! – desabafou, exasperado – Só porque decidi ser adulto e tentar ser amigo dela.
- Eu disse que ligar pra ela não seria uma boa ideia! – disse, Greg, enquanto olhava Theo, seu filho, brincar no tapete da sala – Dá um tempo pra , dude! Vocês terminaram há dois anos e você nunca mais entrou em contato com ela.
- Agora a culpa é minha? – questionou, irritado – Ela também poderia ter entrado em contato comigo, já que vive aqui em casa.
- Ela é sua ex cara, que você trocou pelo trabalho. Mulheres negam até a morte que ficaram chateadas. Mas da pra ver que ela ficou.
- Como sabe?
- Aprendi a ler a Denise nas entrelinhas, sempre que faço burrada ela fecha a cara. Só constatei o óbvio.
- Do jeito que você só apronta, ela deve é fazer greve de sexo toda a semana – O moreno disse, rindo
- Idiota! – O mais velho resmungou, empurrando o irmão levemente
- A questão é que eu fiz uma escolha dificil, mas tive que fazer. Papai contava comigo! – Voltou a ficar sério
- E não se arrepende de ter preferido cortar relações com ela para se dedicar a empresa? Está feliz com o rumo da sua vida? – O fez pensar
- Você devia estar do meu lado, Greg! Não confundir minha cabeça! – Deu um soquinho no ombro do outro.
- Só quero sua felicidade, duende!
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Dois dias tinham passado voando e ainda martelava na cabeça a ultima conversa com seu irmão. Porém, hoje ele decidiu esquecer qualquer preocupação e apenas aproveitar o St Patricks Day, não só assistindo o grande desfile que reunia centenas de pessoas pelas ruas, como também, comemorar à noite com muita musica e bebida em um dos pubs irlandeses, que estariam lotados até o amanhecer.
Vestido a caráter - com uma cartola verde em sua cabeça, uma camisa da mesma cor que estampava trevos da sorte e, é claro, uma pequena bandeira do seu país pintado em nas bochechas – se reunia com seus amigos de infância no Double Drink Bar, rindo de histórias do passado enquanto copos de chopp ficavam vazios.
- Vocês lembram da banda que criamos no colegial? – Patrick, um dos amigos, perguntou, um pouco bêbado?
- And The Potatoes? Claro! Eramos um desastre! – deu uma gargalhada, lembrando das duas apresentações que fizeram na escola. Bons tempos.
- Pelo menos conseguimos gatinhas para o baile naquele ano! – William disse com o sorriso maroto, fazendo os outros assentirem
Depois da quinta rodada, era a vez do moreno ir até o bar do pub pedir por mais cerveja, afinal, a diversão só estava no inicio. Porém, no meio do caminho, seus olhos azuis se arregalaram e o coração bateu mais forte: Há 50 metros de distância estava , sentada confortavelmente ao lado de um casal. Seu visual típico irlandês era mais discreto – apenas uma tiara brilhante escrito St Patricks e uma maquiagem com as cores da Irlanda – mas seus olhos brilhantes, o sorriso sincero e a beleza inconfundível eram o bastante para tirar o fôlego de qualquer um...ou ao menos do moreno que a fitava.
You walk into the room I go quiet I catch your eyes and don't blink an eyelid Feels like the world locked us on an island An island without waves
Com uma súbita coragem, deu dois passos na direção da mesa dela, entretanto, parou no mesmo lugar logo depois, ao vê-la se levantar e beijar um cara alto e musculoso que tinha acabado de chegar ao pub. Ela tinha namorado? O pior foi saber que, desde que ele chegou, ninguém tinha o alertado sobre nada. Foi nesse minuto, vendo seu coração ser quebrado pelo ato inocente do casal, que o moreno viu que nunca tinha superado sua ex e, ao mesmo tempo, em um momento de lucidez, decidiu que deveria esquecê-la.
Mas, não imaginou que também seriam recheados de surpresa vindas diretamente de seu passado: Assim que cumprimentou seus pais, foi em direção a Greg, seu irmão, que estava sentado na frente da TV e, assim que pôs os olhos no aparelho que o mais velho estava tão vidrado, arregalou os olhos ao ver o nome da repórter que apresentava a matéria:
- ! – falou em voz alta, sem se dar conta – Não pode ser a...
- Sua ex-namorada? – Greg completou a frase do irmão – Ao vivo e a cores!
Mas o mais novo mal ouviu, pois estava com a atenção completa na ruiva e em como ela estava diferente da época em que eles foram namorados. Não que faça muito tempo – seus caminhos se separaram apenas há dois anos atrás – entretanto, ela não parecia com nada da estudante de jornalismo tímida, que tinha receio do novo. A mulher dentro da televisão parecia completamente a vontade em frente as câmeras, sorrindo singelamente enquanto apresentava o casal no qual dividia a tela. Teria ela se esquecido dele ou guardado rancor de como seu relacionamento terminou?
- ! – chamou o outro, mais uma vez, não obtendo resposta. Resolveu chegar perto do irmão, gritando ao pé do seu ouvido – ACORDA PRA VIDA!
- Ahhh! – deu um pulo, colocando automaticamente a mão no ouvido – Pra que fazer isso, desgraça? – esbravejou
- Pra ver se você para de babar em cima da TV! – alfinetou – Pensa que eu não percebi você com os olhos vidrados na !
- Que engraçadinho você! Virou piadista, agora? – cerrou os olhos, fazendo Greg dar a língua com a ironia do mais novo.
- Hora do almoço, meninos! – Maura apareceu, com sua voz angelical, logo mudando o tom quando viu a expressão dos filhos – O que estão aprontando? – Colocou a mão na cintura
- Nada mãe! – O moreno disse
- Nada demais, só o salivando pela !
- Fica quieto, Greg! – Fez cara feia
- Para de mexer com seu irmão, filho! – A matriarca se dirigiu para o mais alto – Ele tem razão de notar a , ela está linda e radiante nessa reportagem! – completou, antes de seguir para a cozinha novamente, gritando um “Venham!” para os garotos.
- ? O que eu perdi? – estava com um ponto de interrogação no meio da testa. Sua mãe nunca tinha chamado pelo apelido quando os dois namoraram.
- A mamãe não te contou? – Greg perguntou, recebendo um balançar negativo de cabeça como resposta – sempre vem aqui em casa quando está de folga, e elas passam horas conversando.
- Desde quando isso? E como nunca fiquei sabendo? – O moreno estava perplexo
- Ah, faz um ano e pouquinho – respondeu - E ninguém contar pra você é coisa da mamãe! – falou simplesmente, deixando a pior parte da explicação para Maura.
Depois do almoço, se ofereceu para secar a louça, somente para enquadrar a mais velha, procurando por respostas: Como sua própria família convive com a mulher que ele namorou durante três anos e esconde isso na cara dura?
- Ah, querido! Eu sei que eu não era muito próxima dela na época do seu namoro, mas foi quem me ajudou com minha depressão! – A mãe explicou – Trouxe a pintura para minha vida, o que diminuiu essa angústia de ter todos vocês longe de mim. Com o tempo ela se revelou uma grande amiga.
- E por que não me avisou, mãe? Sabe que ela sempre foi importante pra mim!
- Exatamente para não te magoar, meu bem. Vocês pararam de se falar depois que você foi para Londres e, pensei que falando dela, você não conseguiria seguir em frente!
Na verdade amava e, quando se mudou para a Inglaterra para assumir a nova franquia do hotel da sua família, a dor consumiu seu peito, pois ele não sabia se a escolha feita era a certa, só queria cumprir o dever como o filho que estava no ultimo semestre de administração.
Mal sabia ele que, para a garota, a ferida tinha ficado ainda maior. Ela tinha como seu porto seguro, alguém com quem contava todas as horas e que, nas piores, conseguia deixar o clima mais leve com seu abraço e suas piadas sem graça, que, mesmo assim, tiravam belos sorrisos de seu rosto.
Entretanto, a brasileira sabia que o assunto profissão era um tabu para o namorado, que fazia de tudo para agradar o pai. Ela sabia que isso não o fazia feliz, mas aceitava, pois era a escolha dele, tanto que, quando disse a ela que assumiria a direção da nova franquia do Seamair Hotel em Londres, argumentou, porém, logo depois concordou com sua vontade. Todavia, foi quando o homem pronunciou que eles deveriam “dar um tempo”, que ela se sentiu traída:
-Como assim? – questionou, depois do pedido de – Londres fica a poucas horas de Dublin, podemos nos ver todo o fim de semana – falou – Vai ser mais dificil, a saudade vai apertar, mas podemos conseguir.
- Só que eu preciso estar 100% focado no trabalho, principalmente que é um novo hotel num lugar diferente, tudo vai ser desconhecido.
- Mas o Greg administra o hotel aqui tranquilamente enquanto namora a Denise, por que nós não poderíamos seguir o mesmo caminho? Eu vou à Londres pra te ver.
- A questão não é essa, amor! Meu irmão já está há anos a frente do hotel, eu estou só começando. Qualquer distração pode colocar tudo a perder!
- Qualquer distração? – exprimiu entredentes – É isso que eu sou pra você, , um brinquedo que você pode se divertir? – Se levantou, chateada – Quer saber? Pode ficar com sua vida em Londres, completamente solteiro!
Depois dessa tarde, seus caminhos realmente se separaram. tentou levar a vida, escondendo seu coração quebrado, não só por ter se separado de , como também o loiro nunca tê-la procurado para ter uma ultima conversa, o que, em sua cabeça, era auto explicativo: Para ele, era um brinquedo.
O que mudou um ano depois, foi o reaparecimento da ex-sogra em sua vida, em um encontro no shopping que as levou até uma cafeteria, onde houve uma conversa e um reestabelecimento de relação: Apesar de não estar mais com , ainda tinha um carinho enorme por aquela família, que só cresceu com o tempo, principalmente por estar morando em definitivo na Inglaterra, o que evitava situações estranhas um com o outro.
A mulher só não esperava que, enquanto estivesse editando sua próxima matéria para a ITV, seu passado apareceria repentinamente através de uma ligação:
- Alô! – Ela disse, ao atender a chamada do número desconhecido.
- ? – A voz era inconfundível, o que a fez paralisar na hora
- ? – perguntou, apenas para confirmar. Não poderia ser!
- Eu mesmo! – confirmou – Minha mãe me passou seu número.
- E a que devo a honra da sua ligação depois de dois anos? – Mudou sua postura, falando com um tom mais sério.
- Eu..eu sei que nosso término não foi muito amigável – gaguejou, nervoso – Mas queria conversar com você!
- Sou toda ouvidos! – disse, direta
- Eu preferia pessoalmente, mas sei que não tenho direito de exigir nada! – começou – Eu soube que você e mamãe ficaram bem próximas nos ultimos tempos...
- Não foi nada premeditado! – explicou, antes que houvesse algum tipo de acusação – Nos reencontramos por acaso, conversamos e encontramos muita coisa em comum.
- E eu agradeço por tê-la ajudado nos momentos mais difíceis, principalmente porque eu estava longe – O irlandês pronunciou
- Dona Maura me ajudou também! – disse – Então...era só isso?– Queria que ele fosse direto ao ponto
- Também queria saber se podemos ter uma relação amigável. Fico feliz que tenha se aproximado da minha família, mas é a minha família – frisou a ultima parte – E eu não quero que a cada vez que nos encontremos, ou veja você na minha casa, fique um clima estranho, entende?
- Sim, eles são a sua familia, porém, você mora em Londres, certo? – Fez uma pergunta retórica – Então , tirando a possibilidade de você vir a Dublin mais que quatro vezes por ano, não precisamos ser amigos, pois não vamos nos encontrar – pronunciou, fria, desligando o telefone em seguida.
Por mais que negasse, a ferida aberta há dois anos atrás foi aberta com o aparecimento inesperado do ex em sua vida. A garota tinha seguido em frente, estava feliz com sua carreira e com o atual namorado Steve, que a apoiava em tudo. Como tinha a petulância de surgir das cinzas e mexer com seu coração novamente, pedindo para voltarem a se falar? Talvez, porque não soubesse que ela nunca o tinha esquecido. Foi isso que sua melhor amiga, , a fez entender, depois que soube da ligação:
- Você ainda sente algo por ele, amiga? – a mulher cacheada questionou – Porque você é sempre calma e centrada, mas se tornou outra pessoa nessa ligação.
- Eu não sei, está bem? - respondeu – Eu só...surtei! Não esperava que ele aparecesse desse jeito – continuou, colocando as mãos na cabeça, de nervosismo – Steve me faz bem, mas ouvi-lo depois de tanto tempo me fez relembrar o dia do nosso término.
- Mas sabia que, mais cedo ou mais tarde, iriam se reencontram – A outra alertou – Você praticamente vai toda semana na casa da Maura. Ela é mãe dele!
- Mas mora em Londres, era só eu não ir pra lá quando ele estivesse. Eu ser amiga da familia dele não significa que devo conviver com meu ex.
- Ninguém pode fugir para sempre! – constatou – Principalmente se você nutre ainda algo pelo . Se não houvesse nada, você não estaria tão incomodada.
A irlandesa de sangue brasileiro só não sabia que o moreno tinha ficado tão incomodado quanto ela com a chamada de voz.
- Ela desligou na minha cara irmão, na minha cara! – desabafou, exasperado – Só porque decidi ser adulto e tentar ser amigo dela.
- Eu disse que ligar pra ela não seria uma boa ideia! – disse, Greg, enquanto olhava Theo, seu filho, brincar no tapete da sala – Dá um tempo pra , dude! Vocês terminaram há dois anos e você nunca mais entrou em contato com ela.
- Agora a culpa é minha? – questionou, irritado – Ela também poderia ter entrado em contato comigo, já que vive aqui em casa.
- Ela é sua ex cara, que você trocou pelo trabalho. Mulheres negam até a morte que ficaram chateadas. Mas da pra ver que ela ficou.
- Como sabe?
- Aprendi a ler a Denise nas entrelinhas, sempre que faço burrada ela fecha a cara. Só constatei o óbvio.
- Do jeito que você só apronta, ela deve é fazer greve de sexo toda a semana – O moreno disse, rindo
- Idiota! – O mais velho resmungou, empurrando o irmão levemente
- A questão é que eu fiz uma escolha dificil, mas tive que fazer. Papai contava comigo! – Voltou a ficar sério
- E não se arrepende de ter preferido cortar relações com ela para se dedicar a empresa? Está feliz com o rumo da sua vida? – O fez pensar
- Você devia estar do meu lado, Greg! Não confundir minha cabeça! – Deu um soquinho no ombro do outro.
- Só quero sua felicidade, duende!
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Dois dias tinham passado voando e ainda martelava na cabeça a ultima conversa com seu irmão. Porém, hoje ele decidiu esquecer qualquer preocupação e apenas aproveitar o St Patricks Day, não só assistindo o grande desfile que reunia centenas de pessoas pelas ruas, como também, comemorar à noite com muita musica e bebida em um dos pubs irlandeses, que estariam lotados até o amanhecer.
Vestido a caráter - com uma cartola verde em sua cabeça, uma camisa da mesma cor que estampava trevos da sorte e, é claro, uma pequena bandeira do seu país pintado em nas bochechas – se reunia com seus amigos de infância no Double Drink Bar, rindo de histórias do passado enquanto copos de chopp ficavam vazios.
- Vocês lembram da banda que criamos no colegial? – Patrick, um dos amigos, perguntou, um pouco bêbado?
- And The Potatoes? Claro! Eramos um desastre! – deu uma gargalhada, lembrando das duas apresentações que fizeram na escola. Bons tempos.
- Pelo menos conseguimos gatinhas para o baile naquele ano! – William disse com o sorriso maroto, fazendo os outros assentirem
Depois da quinta rodada, era a vez do moreno ir até o bar do pub pedir por mais cerveja, afinal, a diversão só estava no inicio. Porém, no meio do caminho, seus olhos azuis se arregalaram e o coração bateu mais forte: Há 50 metros de distância estava , sentada confortavelmente ao lado de um casal. Seu visual típico irlandês era mais discreto – apenas uma tiara brilhante escrito St Patricks e uma maquiagem com as cores da Irlanda – mas seus olhos brilhantes, o sorriso sincero e a beleza inconfundível eram o bastante para tirar o fôlego de qualquer um...ou ao menos do moreno que a fitava.
You walk into the room I go quiet I catch your eyes and don't blink an eyelid Feels like the world locked us on an island An island without waves
Com uma súbita coragem, deu dois passos na direção da mesa dela, entretanto, parou no mesmo lugar logo depois, ao vê-la se levantar e beijar um cara alto e musculoso que tinha acabado de chegar ao pub. Ela tinha namorado? O pior foi saber que, desde que ele chegou, ninguém tinha o alertado sobre nada. Foi nesse minuto, vendo seu coração ser quebrado pelo ato inocente do casal, que o moreno viu que nunca tinha superado sua ex e, ao mesmo tempo, em um momento de lucidez, decidiu que deveria esquecê-la.
Capítulo 2 - DÚVIDAS
Após ver , deu meia volta, sentando junto ao seu grupo, dessa vez com o sorriso murcho, situação que mudou depois de mais umas rodadas de cerveja gelada, que o fizeram esquecer até o seu próprio nome. Naquela hora parecia ser uma boa ideia, mas, quando a ressaca apareceu no dia seguinte, ele constatou que beber para não lembrar dos problemas tinha lá suas consequências.
Entretanto, logo teve que tomar uma aspirina e um café forte, pois seu pai tinha pedido para que conversassem em seu escritório. Se perguntando qual seria o assunto da pauta, o garoto seguiu até lá para descobrir:
- O que aconteceu, pai?
- Nada demais, filho! – pronunciou o patriarca, sentado em sua poltrona – Apenas queria te pedir para ficar o resto da semana aqui em Dublin. Implantei algumas mudanças no Seamair Hotel daqui e queria que você visse, para que pudesse estabelecer na franquia de Londres.
- Uma semana? – Engoliu em seco, pensando imediatamente em . O objetivo era ir embora amanhã para que ficasse o mais longe possível dela. Ela seguiu em frente, ele deveria seguir também.
- Sim, algum problema?
- Não, não, pai! Apenas pensei nas reuniões que tenho essa semana com alguns fornecedores, mas posso pedir para Liam cuidar de tudo! – Arranjou uma desculpa, colocando seu melhor amigo e vice presidente da empresa no meio da história.
- Faça isso! Sua estadia aqui é fundamental! Sabe que o nosso lema é...
- Eficiência em primeiro lugar!
- Isso mesmo, pois nossos clientes merecem sempre o melhor que a Seamair pode oferecer!
Com o pensamento na cabeça de que ele não veria – com aquela resposta no telefonema ficou claro de que a garota iria ficar o mais longe possível de – o irlandês respirou aliviado, certo de que a semana passaria tranquila. Mal sabia o moreno que o destino tinha seu próprio plano para os dias que se seguiriam, nos quais começariam a se revelar logo no dia seguinte.
De carona no carro de Greg, ambos seguiam direto para o Seamair Hotel, já conversando sobre algumas mudanças nos setores do estabelecimento. estava atento, apenas ouvindo seu irmão enquanto esperavam o sinal de trânsito abrir. Mas, bastou um segundo, onde ele conferia se a sinaleira ainda estava vermelha, que sua atenção mudou completamente para a faixa de pedestres a sua frente: Junto à algumas pessoas que a atravessavam de forma apressada, estava , andando enquanto conversava com uma garotinha ao seu lado.
The ground beneath my feet's a bit colder
I see your face in people I don't know
Feels like the world is twisting in slow-mo
And I'm stuck in one place
-? – O garoto pronunciou em voz alta
- O que? – Seu irmão perguntou, olhando na mesma direção que o outro, não vendo a garota – Onde?
- Bem ali! – apontou, olhando de novo, dessa vez para q calçada. Ele balançou a cabeça: Ao lado da criança agora estava outra garota completamente diferente – Mas...Eu juro que a vi!
- Acho que está pensando demais na , parceiro!
- Pode ser! – confessou – Depois daquela nossa conversa, o que você me disse ficou em minha cabeça!
- É porque ainda não foi apagada da sua vida.
- E como poderia? Ela convive com vocês!
- Mas se você a tivesse esquecido, esse fato não te incomodaria tanto.
- Ela tem namorado, eu mesmo vi lá no pub. Nossa história acabou e ponto.
- Okay, não está mais aqui quem falou! – Greg se rendeu, descendo do carro. Eles tinham finalmente chegado.
A semana seguiu lentamente, entretanto, a brasileira não desapareceu da vida de : Em uma das manhãs rotineiras, durante o café da manhã, o garoto começou a ler o jornal, querendo ficar informado sobre as notícias, principalmente relacionadas aos Brexit, separação da Inglaterra da União Européia, que poderia interferir muito na economia de todo o continente, quando viu, virando a página, uma foto de ao lado de um casal de idosos, que ilustrava a pequena manchete:
“A GARRAFA QUE UNIU DOIS DESCONHECIDOS
A história de amor de um casal irlandês que começou por uma mensagem na garrafa e acabou em um casamento em pleno St. Patricks day”
A matéria ele nem precisou ler, pois narrava o encontro falado há dias atrás na televisão: 20 anos atrás um jovem jogou uma pequena mensagem dentro de uma garrafa no mar, enquanto viajava de barco com seu pai pela América do Norte e, 16 anos depois, uma mulher a encontrou na costa de um rio na Irlanda, o que deu inicio a uma saga que levou a uma conversa, um romance e, parece que, dias atrás, um casamento. já tinha visto sobre no programa televisivo mas, seu foco foi na foto, onde , com o cabelo amarrado e microfone na mão, sorria ao lado dos protagonistas de sua matéria. Ela não podia ser linda assim fora do alcance dos olhos do moreno?
Feels like every time I turn a corner, you're standing right there
Over my shoulder, you're everywhere
I swear it's hard to think, it's hard to breathe when you're in the air
I try to run, but you're everywhere I go
When I think I'm all alone
And my heart's under control
Why is loving you not fair?
You're everywhere
-Está vendo isso? Só pode ser perseguição! – pronunciou, mostrando o papel para seu irmão, que tinha chegado à cozinha.
- É só coincidência, cara! Você que não para de pensar nela! – Greg fez uma expressão de esperto, pois sabia que tinha razão.
Mais tarde, já tinha deixado as duvidas sobre no canto de sua mente, pois deveria assumir uma postura mais profissional para focar sua atenção total e completa no hotel, desde as papeladas, novos fornecedores, até a análise de cada setor do estabelecimento, que já vivia conforme as mudanças feitas. Porém, foi na cozinha que seu sorriso abriu sem qualquer esforço.
- , esse é o chef Hugo! Ele é formado pela Le Cordon Blue e é responsável pelo cardápio dos vegetarianos ou quem tem restrição alimentar – Greg apresentou
- Muito prazer, chef! – cumprimentou, apertando a mão do homem – Me fale mais sobre seu trabalho aqui.
Essa conversa seguiu por algumas horas a fio, com o moreno maravilhado pelo profissional ser tão jovem e tão eficiente – em menos de dez anos de profissão, já trabalhou em dois restaurantes de quatro estrelas michelan, algo importante no ramo da culinária – Tanto que, nos dias que se seguiram, o irlandês dava sempre algumas escapulidas até a cozinha, onde conversava um pouco mais com Hugo, e seu irmão percebeu isso.
- Já está pronto para irmos, Greg? – O mais novo perguntou, sentando na poltrona de seu escritório.
Era final de expediente da quinta-feira e o mais velho estava atarefado com alguns contratos, mas decidiu conversar com o caçula assim que ele entrou na sala.
- Já estou terminando aqui! – Olhou para – Senta aqui, duende! – Chamou-o pelo apelido carinhoso, apontando para a cadeira em sua frente.
- O que aconteceu?
- Percebi que você se interessou muito pelas dependências da cozinha... – começou
- Vocês fizeram muitas mudanças por lá! – explicou – Achei interessante um chef próprio para quem tem limitação na alimentação.
- Não é de hoje que você gosta de estar na cozinha, irmão! Eu te conheço! – Greg falou – Nunca pensou em seguir nesse ramo? Eu lembro que, quando adolescentes, você amava ver Masterchef e Top Chef.
- Ah! Cozinhar pra mim é mais um hobbie. Sabe que meu dever é cuidar do nosso negócio em Londres.
- Aí eu volto a perguntar... – disse sério – O hotel é só dever ou você está feliz com o rumo que sua vida tomou?
- Pergunta difícil essa hora não, Greg! Eu escolhi o caminho que deveria escolher.
- Está tentando me convencer ou te convencer, cara? Porque não tem problema querer mudar de profissão depois de um tempo.
odiava como seu irmão o conhecia tão bem, até as coisas que ele escondia dele mesmo. É verdade que, quando mais jovem, tinha o sonho de participar de programas culinários e montar seu próprio restaurante, principalmente depois que trabalhou no Nando's e conheceu um pouco mais desse mundo na prática, mas tudo isso ficou pra trás, ele deveria honrar o que seu pai fez por ele, pela família. Não poderia decepcioná-lo, era o que sua cabeça dizia, porém, o coração guardava uma opinião completamente diferente.
A noite, o tio coruja guardava um tempo para brincar com Theo de carrinho, enquanto todos olhavam TV juntos na sala, coisa que sentia falta quando estava em Londres, um tempo de lazer com a família. Entretanto, hoje, especialmente, ele estava meio aéreo, por conta das sementes de dúvida que o irmão plantou em sua cabeça.
- Papai! – chamou o garotinho enquanto arrumava a pista de Hot Wheels – Quando a tia vai vir pra cá? – perguntou, sincero – Tô com saudades dela.
- Dela ou do presente que ela te prometeu? – O mais velho falou, fazendo o outro dar uma risadinha
- Ela vem semana que vem, querido! – Maura respondeu quando o pequeno insistiu na pergunta, pois ela viu como retraiu a postura. O nome da ex ainda o incomodava.
E ela estava certa, pois não tardou para ele dar uma desculpa e rumar para o quarto. Logo quando pensou que tinha deixado as preocupações com ela de lado, a brasileira volta através da boca de seu sobrinho. Sua cabeça estava explodindo: O que fazer quanto ao seu amor pela culinária? Seu futuro? Ele estava realmente feliz com tudo? E, o pior, como tirar de sua mente? pensou que, conforme os dias passassem, ele pararia de pensar na garota. Porém, parece que essa semana até seus amigos resolveram lembrar do seu nome, tocando no assunto de sua linda matéria no meio de uma das conversas no pub.
I try and try to forget you
But, your mother thinks that I'm the best for you
I, try and try to erase you
But, you won't disappear
O moreno queria conversar com alguém de fora dessa zona toda, precisava desabafar. Cogitou fazer uma chamada de vídeo com Liam, mas ele era seu braço direito no hotel, não poderia aconselhá-lo sobre sua profissão. Além disso, a pessoa perfeita para esse assunto seria , que analisava todos os fatores calmamente, entretanto, essa opção estava fora de cogitação. A não ser que...
Com o celular em mãos, ligou para seu telefone residencial – tinha pegado o número na lista telefônica de sua mãe, que ainda colocava essas informações na agenda – imaginando que ela estaria com seu namorado, então poderia desabafar em um recado e apagar logo depois, sem qualquer chance da ex saber. E ele teria a sensação de que estaria falando com alguém.
Só que, quando o irlandês iniciou a ligação, a repórter abria a porta da casa – tinha saído para comer uma pizza com , também andava com a cabeça confusa por conta do namorado da faculdade e precisava de conselhos – E, quando ela pensou que a chamada iria cair, o recado começou a ser pronunciado em sua caixa postal:
- Oi ! É o ! – Era aquela voz inconfundível. Ela iria apertar no botão para desligar o aparelho, quando o ouviu novamente – Acho que você não vai ouvir isso, porque vou apagar, mas precisava, ao menos, saber que desabafei com você – Seu tom era baixo e tristonho – Não é sobre nós, já que sei que você falaria que não existe um “nós”. É sobre mim dessa vez. Lembra da época que namorávamos, que eu era fissurado por Masterchef?
- Você sempre quis ser um deles! – respondeu, mesmo sabendo que ele não ouviria
- Até hoje eu amo cozinhar, me imagino no lugar dos grandes chefs – continuou – Mas o Greg me confrontou e deu um nó em minha mente – Parou um segundo, respirando fundo – E eu não sei o que fazer! Eu fiz uma carreira, você mesma sabe o quanto sacrifiquei por isso – Ela não via, mas seus olhos já lacrimejavam – E hoje, ainda não sei responder se sou feliz. Eu sou adulto e tenho responsabilidades, porém, o garoto dentro de mim ainda sonha. O que eu devo fazer? Como eu posso seguir esse caminho, procurar minha felicidade sem desapontar minha família? – perguntou – Bem, acho melhor eu desligar, talvez eu nunca tenha...
- Oi ! – atendeu em súbito, sensibilizada pela sua confidência.
- ? – O irlandês arregalou os olhos. Ela estava em casa? Tinha o ouvido?
- Eu não deveria me importar tanto, mas conheço esse tipo de demônio que você luta.
- Eu sei...
- Me deixe falar, está bem? Antes que eu perca a coragem! – pronunciou – Não digo isso como ex-namorada, mas como alguém que viu seu fascínio pela culinária e sua felicidade quando ia para a cozinha: A opinião dos outros não importa, não lutar pelo seu sonho de cozinhar só vai significar algo se você decepcionar a si mesmo – expressou, sincera, sentando no sofá – Só você sabe da sua vida, mais ninguém. E, seja aqui em Dublin, Londres ou qualquer parte do mundo, só você pode decidir o rumo que quer seguir. Não eu, não Greg, não seu pai, somente . Correr atrás dos próprios sonhos nunca foi um ato de desperdício para ninguém.
- Sempre tem as palavras certas para acalmar meu coração, não é?
- Eu só expressei o que vi dentro de você por anos!
- Obrigado!
- Bem, boa noite então! – disse, antes que o clima ficasse estranho.
- Antes de desligar, apenas me deixe saber: Você já esqueceu tudo o que vivemos? Já me esqueceu?
- Boa noite, ! – falou, simplesmente, finalizando a chamada.
não queria responder, mas nunca tinha esquecido do único homem que fez seu coração bater mais forte.
Entretanto, logo teve que tomar uma aspirina e um café forte, pois seu pai tinha pedido para que conversassem em seu escritório. Se perguntando qual seria o assunto da pauta, o garoto seguiu até lá para descobrir:
- O que aconteceu, pai?
- Nada demais, filho! – pronunciou o patriarca, sentado em sua poltrona – Apenas queria te pedir para ficar o resto da semana aqui em Dublin. Implantei algumas mudanças no Seamair Hotel daqui e queria que você visse, para que pudesse estabelecer na franquia de Londres.
- Uma semana? – Engoliu em seco, pensando imediatamente em . O objetivo era ir embora amanhã para que ficasse o mais longe possível dela. Ela seguiu em frente, ele deveria seguir também.
- Sim, algum problema?
- Não, não, pai! Apenas pensei nas reuniões que tenho essa semana com alguns fornecedores, mas posso pedir para Liam cuidar de tudo! – Arranjou uma desculpa, colocando seu melhor amigo e vice presidente da empresa no meio da história.
- Faça isso! Sua estadia aqui é fundamental! Sabe que o nosso lema é...
- Eficiência em primeiro lugar!
- Isso mesmo, pois nossos clientes merecem sempre o melhor que a Seamair pode oferecer!
Com o pensamento na cabeça de que ele não veria – com aquela resposta no telefonema ficou claro de que a garota iria ficar o mais longe possível de – o irlandês respirou aliviado, certo de que a semana passaria tranquila. Mal sabia o moreno que o destino tinha seu próprio plano para os dias que se seguiriam, nos quais começariam a se revelar logo no dia seguinte.
De carona no carro de Greg, ambos seguiam direto para o Seamair Hotel, já conversando sobre algumas mudanças nos setores do estabelecimento. estava atento, apenas ouvindo seu irmão enquanto esperavam o sinal de trânsito abrir. Mas, bastou um segundo, onde ele conferia se a sinaleira ainda estava vermelha, que sua atenção mudou completamente para a faixa de pedestres a sua frente: Junto à algumas pessoas que a atravessavam de forma apressada, estava , andando enquanto conversava com uma garotinha ao seu lado.
The ground beneath my feet's a bit colder
I see your face in people I don't know
Feels like the world is twisting in slow-mo
And I'm stuck in one place
-? – O garoto pronunciou em voz alta
- O que? – Seu irmão perguntou, olhando na mesma direção que o outro, não vendo a garota – Onde?
- Bem ali! – apontou, olhando de novo, dessa vez para q calçada. Ele balançou a cabeça: Ao lado da criança agora estava outra garota completamente diferente – Mas...Eu juro que a vi!
- Acho que está pensando demais na , parceiro!
- Pode ser! – confessou – Depois daquela nossa conversa, o que você me disse ficou em minha cabeça!
- É porque ainda não foi apagada da sua vida.
- E como poderia? Ela convive com vocês!
- Mas se você a tivesse esquecido, esse fato não te incomodaria tanto.
- Ela tem namorado, eu mesmo vi lá no pub. Nossa história acabou e ponto.
- Okay, não está mais aqui quem falou! – Greg se rendeu, descendo do carro. Eles tinham finalmente chegado.
A semana seguiu lentamente, entretanto, a brasileira não desapareceu da vida de : Em uma das manhãs rotineiras, durante o café da manhã, o garoto começou a ler o jornal, querendo ficar informado sobre as notícias, principalmente relacionadas aos Brexit, separação da Inglaterra da União Européia, que poderia interferir muito na economia de todo o continente, quando viu, virando a página, uma foto de ao lado de um casal de idosos, que ilustrava a pequena manchete:
“A GARRAFA QUE UNIU DOIS DESCONHECIDOS
A história de amor de um casal irlandês que começou por uma mensagem na garrafa e acabou em um casamento em pleno St. Patricks day”
A matéria ele nem precisou ler, pois narrava o encontro falado há dias atrás na televisão: 20 anos atrás um jovem jogou uma pequena mensagem dentro de uma garrafa no mar, enquanto viajava de barco com seu pai pela América do Norte e, 16 anos depois, uma mulher a encontrou na costa de um rio na Irlanda, o que deu inicio a uma saga que levou a uma conversa, um romance e, parece que, dias atrás, um casamento. já tinha visto sobre no programa televisivo mas, seu foco foi na foto, onde , com o cabelo amarrado e microfone na mão, sorria ao lado dos protagonistas de sua matéria. Ela não podia ser linda assim fora do alcance dos olhos do moreno?
Feels like every time I turn a corner, you're standing right there
Over my shoulder, you're everywhere
I swear it's hard to think, it's hard to breathe when you're in the air
I try to run, but you're everywhere I go
When I think I'm all alone
And my heart's under control
Why is loving you not fair?
You're everywhere
-Está vendo isso? Só pode ser perseguição! – pronunciou, mostrando o papel para seu irmão, que tinha chegado à cozinha.
- É só coincidência, cara! Você que não para de pensar nela! – Greg fez uma expressão de esperto, pois sabia que tinha razão.
Mais tarde, já tinha deixado as duvidas sobre no canto de sua mente, pois deveria assumir uma postura mais profissional para focar sua atenção total e completa no hotel, desde as papeladas, novos fornecedores, até a análise de cada setor do estabelecimento, que já vivia conforme as mudanças feitas. Porém, foi na cozinha que seu sorriso abriu sem qualquer esforço.
- , esse é o chef Hugo! Ele é formado pela Le Cordon Blue e é responsável pelo cardápio dos vegetarianos ou quem tem restrição alimentar – Greg apresentou
- Muito prazer, chef! – cumprimentou, apertando a mão do homem – Me fale mais sobre seu trabalho aqui.
Essa conversa seguiu por algumas horas a fio, com o moreno maravilhado pelo profissional ser tão jovem e tão eficiente – em menos de dez anos de profissão, já trabalhou em dois restaurantes de quatro estrelas michelan, algo importante no ramo da culinária – Tanto que, nos dias que se seguiram, o irlandês dava sempre algumas escapulidas até a cozinha, onde conversava um pouco mais com Hugo, e seu irmão percebeu isso.
- Já está pronto para irmos, Greg? – O mais novo perguntou, sentando na poltrona de seu escritório.
Era final de expediente da quinta-feira e o mais velho estava atarefado com alguns contratos, mas decidiu conversar com o caçula assim que ele entrou na sala.
- Já estou terminando aqui! – Olhou para – Senta aqui, duende! – Chamou-o pelo apelido carinhoso, apontando para a cadeira em sua frente.
- O que aconteceu?
- Percebi que você se interessou muito pelas dependências da cozinha... – começou
- Vocês fizeram muitas mudanças por lá! – explicou – Achei interessante um chef próprio para quem tem limitação na alimentação.
- Não é de hoje que você gosta de estar na cozinha, irmão! Eu te conheço! – Greg falou – Nunca pensou em seguir nesse ramo? Eu lembro que, quando adolescentes, você amava ver Masterchef e Top Chef.
- Ah! Cozinhar pra mim é mais um hobbie. Sabe que meu dever é cuidar do nosso negócio em Londres.
- Aí eu volto a perguntar... – disse sério – O hotel é só dever ou você está feliz com o rumo que sua vida tomou?
- Pergunta difícil essa hora não, Greg! Eu escolhi o caminho que deveria escolher.
- Está tentando me convencer ou te convencer, cara? Porque não tem problema querer mudar de profissão depois de um tempo.
odiava como seu irmão o conhecia tão bem, até as coisas que ele escondia dele mesmo. É verdade que, quando mais jovem, tinha o sonho de participar de programas culinários e montar seu próprio restaurante, principalmente depois que trabalhou no Nando's e conheceu um pouco mais desse mundo na prática, mas tudo isso ficou pra trás, ele deveria honrar o que seu pai fez por ele, pela família. Não poderia decepcioná-lo, era o que sua cabeça dizia, porém, o coração guardava uma opinião completamente diferente.
A noite, o tio coruja guardava um tempo para brincar com Theo de carrinho, enquanto todos olhavam TV juntos na sala, coisa que sentia falta quando estava em Londres, um tempo de lazer com a família. Entretanto, hoje, especialmente, ele estava meio aéreo, por conta das sementes de dúvida que o irmão plantou em sua cabeça.
- Papai! – chamou o garotinho enquanto arrumava a pista de Hot Wheels – Quando a tia vai vir pra cá? – perguntou, sincero – Tô com saudades dela.
- Dela ou do presente que ela te prometeu? – O mais velho falou, fazendo o outro dar uma risadinha
- Ela vem semana que vem, querido! – Maura respondeu quando o pequeno insistiu na pergunta, pois ela viu como retraiu a postura. O nome da ex ainda o incomodava.
E ela estava certa, pois não tardou para ele dar uma desculpa e rumar para o quarto. Logo quando pensou que tinha deixado as preocupações com ela de lado, a brasileira volta através da boca de seu sobrinho. Sua cabeça estava explodindo: O que fazer quanto ao seu amor pela culinária? Seu futuro? Ele estava realmente feliz com tudo? E, o pior, como tirar de sua mente? pensou que, conforme os dias passassem, ele pararia de pensar na garota. Porém, parece que essa semana até seus amigos resolveram lembrar do seu nome, tocando no assunto de sua linda matéria no meio de uma das conversas no pub.
I try and try to forget you
But, your mother thinks that I'm the best for you
I, try and try to erase you
But, you won't disappear
O moreno queria conversar com alguém de fora dessa zona toda, precisava desabafar. Cogitou fazer uma chamada de vídeo com Liam, mas ele era seu braço direito no hotel, não poderia aconselhá-lo sobre sua profissão. Além disso, a pessoa perfeita para esse assunto seria , que analisava todos os fatores calmamente, entretanto, essa opção estava fora de cogitação. A não ser que...
Com o celular em mãos, ligou para seu telefone residencial – tinha pegado o número na lista telefônica de sua mãe, que ainda colocava essas informações na agenda – imaginando que ela estaria com seu namorado, então poderia desabafar em um recado e apagar logo depois, sem qualquer chance da ex saber. E ele teria a sensação de que estaria falando com alguém.
Só que, quando o irlandês iniciou a ligação, a repórter abria a porta da casa – tinha saído para comer uma pizza com , também andava com a cabeça confusa por conta do namorado da faculdade e precisava de conselhos – E, quando ela pensou que a chamada iria cair, o recado começou a ser pronunciado em sua caixa postal:
- Oi ! É o ! – Era aquela voz inconfundível. Ela iria apertar no botão para desligar o aparelho, quando o ouviu novamente – Acho que você não vai ouvir isso, porque vou apagar, mas precisava, ao menos, saber que desabafei com você – Seu tom era baixo e tristonho – Não é sobre nós, já que sei que você falaria que não existe um “nós”. É sobre mim dessa vez. Lembra da época que namorávamos, que eu era fissurado por Masterchef?
- Você sempre quis ser um deles! – respondeu, mesmo sabendo que ele não ouviria
- Até hoje eu amo cozinhar, me imagino no lugar dos grandes chefs – continuou – Mas o Greg me confrontou e deu um nó em minha mente – Parou um segundo, respirando fundo – E eu não sei o que fazer! Eu fiz uma carreira, você mesma sabe o quanto sacrifiquei por isso – Ela não via, mas seus olhos já lacrimejavam – E hoje, ainda não sei responder se sou feliz. Eu sou adulto e tenho responsabilidades, porém, o garoto dentro de mim ainda sonha. O que eu devo fazer? Como eu posso seguir esse caminho, procurar minha felicidade sem desapontar minha família? – perguntou – Bem, acho melhor eu desligar, talvez eu nunca tenha...
- Oi ! – atendeu em súbito, sensibilizada pela sua confidência.
- ? – O irlandês arregalou os olhos. Ela estava em casa? Tinha o ouvido?
- Eu não deveria me importar tanto, mas conheço esse tipo de demônio que você luta.
- Eu sei...
- Me deixe falar, está bem? Antes que eu perca a coragem! – pronunciou – Não digo isso como ex-namorada, mas como alguém que viu seu fascínio pela culinária e sua felicidade quando ia para a cozinha: A opinião dos outros não importa, não lutar pelo seu sonho de cozinhar só vai significar algo se você decepcionar a si mesmo – expressou, sincera, sentando no sofá – Só você sabe da sua vida, mais ninguém. E, seja aqui em Dublin, Londres ou qualquer parte do mundo, só você pode decidir o rumo que quer seguir. Não eu, não Greg, não seu pai, somente . Correr atrás dos próprios sonhos nunca foi um ato de desperdício para ninguém.
- Sempre tem as palavras certas para acalmar meu coração, não é?
- Eu só expressei o que vi dentro de você por anos!
- Obrigado!
- Bem, boa noite então! – disse, antes que o clima ficasse estranho.
- Antes de desligar, apenas me deixe saber: Você já esqueceu tudo o que vivemos? Já me esqueceu?
- Boa noite, ! – falou, simplesmente, finalizando a chamada.
não queria responder, mas nunca tinha esquecido do único homem que fez seu coração bater mais forte.
Capítulo 3 - Recomeços
tinha ficado surpreso com o ato de : Ela parecia não querer ter mais nenhuma ligação com ele, mas deixou qualquer briga de lado para aconselhá-lo sobre esse assunto que estava despertando sua ansiedade. Isso só lhe mostrou que, mesmo o tempo tendo passado, a essência da garota de ajudar os outros continua lá. Ele só não sabia que, aquela pequena ligação, também tinha esclarecido algo para a brasileira: O menino sonhador que ela namorou na faculdade ainda existia em seu interior. Será que isso mudaria alguma coisa?
Para , só reafirmou que ele nunca poderia esquecê-la, mesmo que jamais voltassem a se relacionar. Entretanto, foi em uma vídeo-chamada com Liam, onde ele desabafou sobre os últimos contatos com a ex, que o irlandês decidiu tomar vergonha na cara:
- Você a quer, dude? – O britânico perguntou – Lute por ela. Ficar se lamentando não vai resolver nada! – discursou
- Mas ela tem namorado!
- E daí? Ele vai te impedir de se aproximar? – questionou, retórico – Desde do dia que você terminou com ela, nunca namorou ninguém, é porque ainda tem espaço em seu coração. Vai deixá-la escapar por medo e se arrepender do que não fez no futuro?
Não, decidiu, não seria mais um covarde em sua vida. Não negaria mais seus sentimentos por aquela mulher. Entretanto, se perguntava, como fazer para reconquistá-la?
Durante a noite, o moreno mal conseguiu pregar o olho, pois a mente insistia em pensar na ruiva. Porém, quando levantou, sentiu seus olhos brilhando ao ouvir dona Maura conversando por telefone:
- Terminou com Steve? – a mulher espantou-se, escutando a pessoa do outro lado – Claro, claro, querida! Nos vemos as 14h no Starbucks de sempre! – completou, finalizando a chamada
- Estava falando com a , mãe? – O irlandês pronunciou, pegando a mãe de surpresa
- Ai, garoto! Não mata sua mãe do coração! – Maura ralhou, depois de quase infartar de susto.
- Desculpe! – O mais novo disse – Mas era a no telefone? – pressionou
- Era, filho! – falou, simplesmente
- E se eu bem escutei, ela está solteira..É verdade?– sorriu só de pensar na possibilidade
- Está ouvindo por trás da porta, ? Não foi essa criação que te dei, menino! – O mais novo continuou em silêncio, esperando sua resposta – Por que isso te interessa tanto?
- Porque eu a amo mãe! – desabafou, sentando no sofá – E estou cansado de lutar contra isso. Meu maior arrependimento foi ter terminado com ela quando fui pra Londres – revelou – E, se ela estiver sozinha, é uma chance que tenho de reconquistá-la.
- Okay! – emitiu a matriarca – Me convenceu! Ela terminou com o namorado e me chamou para conversar mais tarde! – explicou – Mas, ela estar solteira não significa nada.
- Eu sei! – disse, muxoxo – Pode descobrir se ela sente algo por mim?
- O que?
- Se ela não tiver me esquecido, posso ter uma chance de me reaproximar e com essa informação vou saber que os meus esforços não serão em vão – falou – Por favor, mãe! – Fez uma cara de pidão.
- Não me venha com essa expressão que não vou cair nessa! – Maura pronunciou – Vou tentar saber, mas não prometo nada!
- Ah, te amo, mãe! – Abraçou a mais velha, animado.
O sábado passou lentamente, com ansioso em saber a resposta e nervoso, pois planejava um jeito de conversar com seu pai sobre a faculdade de gastronomia. Ele estava decidido que iria fazer, independente das consequências, só não sabia como revelar isso a Bobby.
Para passar o tempo, procurou na internet as universidades com os melhores cursos, tanto na Inglaterra como na Irlanda. Quando se deu conta, sua mãe tinha irrompido pela porta, com algumas sacolas nas mãos.
- Venha me ajudar! – chamou o filho – Aproveitei para passar no mercado e comprar o que faltava para o almoço de amanhã!
O homem concordou, pegando algumas compras no carro. Entretanto, quando estavam guardando, não aguentou mais esperar:
- Como foi o encontro com , mãe?
- Quer saber como foi ou se perguntei o que você queria? – questionou, retoricamente – Eu fui sutil, mas consegui que ela me revelasse – Parou, se virando para o filho – Ela terminou com Steve porque você mexeu com os sentimentos dela, a deixou confusa.
- Ah, eu sabia! – gritou, eufórico
- ...
- Desculpe mãe! – emitiu – Obrigada por isso! – Se acalmou – Agora preciso planejar algo para que eu consiga conversar com sem que ela fuja!
- Bem, espero que pense rápido! – falou, sem pretensão – Porque marquei de ela vir aqui amanhã a tarde pra tomar um chá! – explicou – Disse que você iria embora hoje!
- Sério? – Arregalou os olhos – Fez isso por mim?
- Fiz porque vi que ela ainda gosta de você também.
- Ah mãe! – Se jogou sobre a mais velha, dando mil beijos em sua bochecha. Ele teria uma chance!
pensou, pensou, até a ideia perfeita surgiu em sua mente. Ele só esperava que tudo pudesse sair perfeito.
Na hora marcada, estacionava seu carro em frente a casa dos , feliz por Maura ter sugerido a tarde de chá. A garota precisava espairecer, esquecer um pouco da tempestade de confusão que tinha deixado nela – Duas ligações e os sentimentos escondidos tinham ressurgido, a derrubando feito um forte furacão. Ela não nega que o reaparecimento do ex em sua vida tenha a feito enxergar um fato óbvio: Seu namoro com Steve já não era mais o mesmo, tinha se tornado apenas uma zona confortável para ela, uma forma de pensar que estava com a vida nos eixos, mas a realidade do relacionamento não era essa. A decisão de terminar tinha sido dificil, porém, necessária.
Agora, só o que a repórter precisava era passar horas pintando ao lado de alguém que, mesmo não entendendo muito sobre sua confusão interior, não faria perguntas. Entretanto, quando chegou até a soleira da porta, viu a mesma com uma pequena fresta aberta. Será que tinha acontecido algo? Chamou o nome de Maura enquanto a empurrava, encontrando todas as luzes apagadas.
- Maura? – Acendeu a lâmpada da sala, não ouvindo nenhuma resposta ao seu chamado. Será que ela tinha saído?
Reparou um bilhete sobre a mesinha ao lado do sofá. Percebeu que a letra cursiva era de Maura:
“, vá direto para a sala de pintura. Estou te esperando com uma surpresa! xMaura”
A garota abriu um sorriso singelo: Provavelmente a mais velha tinha terminado sua pintura mais cedo e queria mostrar a ela, só para lhe alegrar.
Subiu um lance de escadas até o antigo quarto de hóspedes, que Maura transformou em um cantinho da pintura. Mas, quando entrou no cômodo, nada havia, apenas um caminho de rosas até a porta de vidro da varanda, que estava fechada. Estreitou os olhos, o que estava acontecendo? Se aproximou. Então, o silêncio foi quebrado por uma melodia no violão, juntamente com uma musica que começava a ser cantada:
You walk into the room I go quiet
I catch your eyes and don't blink an eyelid
Feels like the world locked us on an island
An island without waves
I try and try to forget you
But your mother thinks that I'm the best for you
Try and try to erase you
But, you won't disappear
Feels like every time I turn a corner, you're standing right there
Over my shoulder, you're everywhere
I swear it's hard to think, it's hard to breathe when you're in the air
I try to run, but you're everywhere I go
When I think I'm all alone
And my heart's under control
Why is loving you not fair?
You're everywhere
Ao chegar até onde a voz estava, paralisou em seu lugar: Sentado em uma cadeira tocando violão estava , sendo iluminado pelas velas em todo o chão enquanto soltava sua linda voz. Olhando em seus olhos azuis piscina que estava fixos em sua direção, sentiu as borboletas revirarem seu estômago e, enquanto a canção não terminava, ela se viu reparando em seu ex-namorado: O loiro fofo de anos atrás tinha se transformado num moreno de tirar o fôlego. Além dos cabelos castanho-escuro, uma barba rala permanecia em seu rosto, mostrando como o homem amadureceu desde que se viram pela ultima vez. Seus músculos eram evidentes por baixo da roupa despojada, todavia, as bochechas rosadas que apareciam quando ele estava nervoso, continuavam ali. Ela se perguntava se alguma coisa do garoto que conheceu no começo da faculdade ainda existia.
- O que esta acontecendo? – questionou, quando o ultimo acorde foi tocado.
- É minha forma de dizer que nunca te esqueci! De mostrar que você sempre teve meu amor! – O irlandês falou, se levantando e chegando perto dela
- Você me dispensou, ! Disse que eu só seria um empecilho na sua vida em Londres!
- , me desculpe, minha linda! – começou – Eu fui burro, medroso, achando que não daria conta de um relacionamento a distância. Mas agora sei que esse foi o pior erro da minha vida.
- ..
- Não tem um dia que eu não me arrependa de ter te perdido! Seu apoio, seu amor eram tão preciosos pra mim e eu só percebi depois que te perdi – falou – Me desculpe por te fazer sofrer, por não ir atrás de você e gritar o quanto te amava, o quanto você fazia diferença na minha vida. Eu tive que viver minhas escolhas para entender que a felicidade estava muito longe de tudo aquilo.
- Por dois anos eu me senti usada, quebrada por dentro – As lágrimas surgiam de seus olhos sem que ela percebesse – Eu te amava e me senti um lixo!
- Eu sei que não mereço você! – As piscinas azuis de também lacrimejavam – Mas preciso de uma chance, pra consertar meus erros, te mostrar que sou digno de estar ao seu lado, fazer você ver que o seu ainda existe e sempre quis te reencontrar – pediu – Diz que me perdoa, que podemos ser, ao menos, amigos, por favor! – Seus lábios tremiam e havia um nó em sua garganta.
A brasileira não estava muito diferente: Tinha as pernas bambas enquanto o choro banhava seu rosto. As palavras sinceras de fizeram qualquer barreira que ela tinha, se tornarem poeira.
- Ah, ! – estava sem palavras, então fez a única coisa que conseguiu: Avançou sobre a boca do moreno, demonstrando todos os seus sentimentos através de um beijo ardente.
Enquanto suas linguas batalhavam por espaço, ela percebeu como tinha sentido falta do cheiro, do beijo e da presença de em sua vida. Ela só esperava não se arrepender da decisão de recomeçar ao lado dele.
- Eu te amo! – Ele disse, quando finalizaram o beijo – E quero que esteja ao meu lado quando for falar com meu pai que vou fazer gastronomia e abrir meu próprio restaurante!
- Eu vou adorar estar com você em todos os momentos daqui pra frente! – recitou, o beijando de novo, sorrindo.
Porém, logo ambos sentiram um cheiro de fumaça: Era a calça de que começava a pegar fogo.
- Ai meu deus! – A garota arregalou os olhos, jogando o copo de água, que viu ao lado da cadeira, no local em chamas. Respirou aliviada – Acho que as velas não foram uma boa ideia! – pronunciou, rindo.
- É, acho que não! – soltou aquela gargalhada gostosa que a fez rir mais.
Ela estava com saudades desses instantes cheios de leveza que só conseguia proporcionar. Naquela hora teve um pressentimento de que, enfim, tudo ficaria bem.
Para , só reafirmou que ele nunca poderia esquecê-la, mesmo que jamais voltassem a se relacionar. Entretanto, foi em uma vídeo-chamada com Liam, onde ele desabafou sobre os últimos contatos com a ex, que o irlandês decidiu tomar vergonha na cara:
- Você a quer, dude? – O britânico perguntou – Lute por ela. Ficar se lamentando não vai resolver nada! – discursou
- Mas ela tem namorado!
- E daí? Ele vai te impedir de se aproximar? – questionou, retórico – Desde do dia que você terminou com ela, nunca namorou ninguém, é porque ainda tem espaço em seu coração. Vai deixá-la escapar por medo e se arrepender do que não fez no futuro?
Não, decidiu, não seria mais um covarde em sua vida. Não negaria mais seus sentimentos por aquela mulher. Entretanto, se perguntava, como fazer para reconquistá-la?
Durante a noite, o moreno mal conseguiu pregar o olho, pois a mente insistia em pensar na ruiva. Porém, quando levantou, sentiu seus olhos brilhando ao ouvir dona Maura conversando por telefone:
- Terminou com Steve? – a mulher espantou-se, escutando a pessoa do outro lado – Claro, claro, querida! Nos vemos as 14h no Starbucks de sempre! – completou, finalizando a chamada
- Estava falando com a , mãe? – O irlandês pronunciou, pegando a mãe de surpresa
- Ai, garoto! Não mata sua mãe do coração! – Maura ralhou, depois de quase infartar de susto.
- Desculpe! – O mais novo disse – Mas era a no telefone? – pressionou
- Era, filho! – falou, simplesmente
- E se eu bem escutei, ela está solteira..É verdade?– sorriu só de pensar na possibilidade
- Está ouvindo por trás da porta, ? Não foi essa criação que te dei, menino! – O mais novo continuou em silêncio, esperando sua resposta – Por que isso te interessa tanto?
- Porque eu a amo mãe! – desabafou, sentando no sofá – E estou cansado de lutar contra isso. Meu maior arrependimento foi ter terminado com ela quando fui pra Londres – revelou – E, se ela estiver sozinha, é uma chance que tenho de reconquistá-la.
- Okay! – emitiu a matriarca – Me convenceu! Ela terminou com o namorado e me chamou para conversar mais tarde! – explicou – Mas, ela estar solteira não significa nada.
- Eu sei! – disse, muxoxo – Pode descobrir se ela sente algo por mim?
- O que?
- Se ela não tiver me esquecido, posso ter uma chance de me reaproximar e com essa informação vou saber que os meus esforços não serão em vão – falou – Por favor, mãe! – Fez uma cara de pidão.
- Não me venha com essa expressão que não vou cair nessa! – Maura pronunciou – Vou tentar saber, mas não prometo nada!
- Ah, te amo, mãe! – Abraçou a mais velha, animado.
O sábado passou lentamente, com ansioso em saber a resposta e nervoso, pois planejava um jeito de conversar com seu pai sobre a faculdade de gastronomia. Ele estava decidido que iria fazer, independente das consequências, só não sabia como revelar isso a Bobby.
Para passar o tempo, procurou na internet as universidades com os melhores cursos, tanto na Inglaterra como na Irlanda. Quando se deu conta, sua mãe tinha irrompido pela porta, com algumas sacolas nas mãos.
- Venha me ajudar! – chamou o filho – Aproveitei para passar no mercado e comprar o que faltava para o almoço de amanhã!
O homem concordou, pegando algumas compras no carro. Entretanto, quando estavam guardando, não aguentou mais esperar:
- Como foi o encontro com , mãe?
- Quer saber como foi ou se perguntei o que você queria? – questionou, retoricamente – Eu fui sutil, mas consegui que ela me revelasse – Parou, se virando para o filho – Ela terminou com Steve porque você mexeu com os sentimentos dela, a deixou confusa.
- Ah, eu sabia! – gritou, eufórico
- ...
- Desculpe mãe! – emitiu – Obrigada por isso! – Se acalmou – Agora preciso planejar algo para que eu consiga conversar com sem que ela fuja!
- Bem, espero que pense rápido! – falou, sem pretensão – Porque marquei de ela vir aqui amanhã a tarde pra tomar um chá! – explicou – Disse que você iria embora hoje!
- Sério? – Arregalou os olhos – Fez isso por mim?
- Fiz porque vi que ela ainda gosta de você também.
- Ah mãe! – Se jogou sobre a mais velha, dando mil beijos em sua bochecha. Ele teria uma chance!
pensou, pensou, até a ideia perfeita surgiu em sua mente. Ele só esperava que tudo pudesse sair perfeito.
Na hora marcada, estacionava seu carro em frente a casa dos , feliz por Maura ter sugerido a tarde de chá. A garota precisava espairecer, esquecer um pouco da tempestade de confusão que tinha deixado nela – Duas ligações e os sentimentos escondidos tinham ressurgido, a derrubando feito um forte furacão. Ela não nega que o reaparecimento do ex em sua vida tenha a feito enxergar um fato óbvio: Seu namoro com Steve já não era mais o mesmo, tinha se tornado apenas uma zona confortável para ela, uma forma de pensar que estava com a vida nos eixos, mas a realidade do relacionamento não era essa. A decisão de terminar tinha sido dificil, porém, necessária.
Agora, só o que a repórter precisava era passar horas pintando ao lado de alguém que, mesmo não entendendo muito sobre sua confusão interior, não faria perguntas. Entretanto, quando chegou até a soleira da porta, viu a mesma com uma pequena fresta aberta. Será que tinha acontecido algo? Chamou o nome de Maura enquanto a empurrava, encontrando todas as luzes apagadas.
- Maura? – Acendeu a lâmpada da sala, não ouvindo nenhuma resposta ao seu chamado. Será que ela tinha saído?
Reparou um bilhete sobre a mesinha ao lado do sofá. Percebeu que a letra cursiva era de Maura:
“, vá direto para a sala de pintura. Estou te esperando com uma surpresa! xMaura”
A garota abriu um sorriso singelo: Provavelmente a mais velha tinha terminado sua pintura mais cedo e queria mostrar a ela, só para lhe alegrar.
Subiu um lance de escadas até o antigo quarto de hóspedes, que Maura transformou em um cantinho da pintura. Mas, quando entrou no cômodo, nada havia, apenas um caminho de rosas até a porta de vidro da varanda, que estava fechada. Estreitou os olhos, o que estava acontecendo? Se aproximou. Então, o silêncio foi quebrado por uma melodia no violão, juntamente com uma musica que começava a ser cantada:
You walk into the room I go quiet
I catch your eyes and don't blink an eyelid
Feels like the world locked us on an island
An island without waves
I try and try to forget you
But your mother thinks that I'm the best for you
Try and try to erase you
But, you won't disappear
Feels like every time I turn a corner, you're standing right there
Over my shoulder, you're everywhere
I swear it's hard to think, it's hard to breathe when you're in the air
I try to run, but you're everywhere I go
When I think I'm all alone
And my heart's under control
Why is loving you not fair?
You're everywhere
Ao chegar até onde a voz estava, paralisou em seu lugar: Sentado em uma cadeira tocando violão estava , sendo iluminado pelas velas em todo o chão enquanto soltava sua linda voz. Olhando em seus olhos azuis piscina que estava fixos em sua direção, sentiu as borboletas revirarem seu estômago e, enquanto a canção não terminava, ela se viu reparando em seu ex-namorado: O loiro fofo de anos atrás tinha se transformado num moreno de tirar o fôlego. Além dos cabelos castanho-escuro, uma barba rala permanecia em seu rosto, mostrando como o homem amadureceu desde que se viram pela ultima vez. Seus músculos eram evidentes por baixo da roupa despojada, todavia, as bochechas rosadas que apareciam quando ele estava nervoso, continuavam ali. Ela se perguntava se alguma coisa do garoto que conheceu no começo da faculdade ainda existia.
- O que esta acontecendo? – questionou, quando o ultimo acorde foi tocado.
- É minha forma de dizer que nunca te esqueci! De mostrar que você sempre teve meu amor! – O irlandês falou, se levantando e chegando perto dela
- Você me dispensou, ! Disse que eu só seria um empecilho na sua vida em Londres!
- , me desculpe, minha linda! – começou – Eu fui burro, medroso, achando que não daria conta de um relacionamento a distância. Mas agora sei que esse foi o pior erro da minha vida.
- ..
- Não tem um dia que eu não me arrependa de ter te perdido! Seu apoio, seu amor eram tão preciosos pra mim e eu só percebi depois que te perdi – falou – Me desculpe por te fazer sofrer, por não ir atrás de você e gritar o quanto te amava, o quanto você fazia diferença na minha vida. Eu tive que viver minhas escolhas para entender que a felicidade estava muito longe de tudo aquilo.
- Por dois anos eu me senti usada, quebrada por dentro – As lágrimas surgiam de seus olhos sem que ela percebesse – Eu te amava e me senti um lixo!
- Eu sei que não mereço você! – As piscinas azuis de também lacrimejavam – Mas preciso de uma chance, pra consertar meus erros, te mostrar que sou digno de estar ao seu lado, fazer você ver que o seu ainda existe e sempre quis te reencontrar – pediu – Diz que me perdoa, que podemos ser, ao menos, amigos, por favor! – Seus lábios tremiam e havia um nó em sua garganta.
A brasileira não estava muito diferente: Tinha as pernas bambas enquanto o choro banhava seu rosto. As palavras sinceras de fizeram qualquer barreira que ela tinha, se tornarem poeira.
- Ah, ! – estava sem palavras, então fez a única coisa que conseguiu: Avançou sobre a boca do moreno, demonstrando todos os seus sentimentos através de um beijo ardente.
Enquanto suas linguas batalhavam por espaço, ela percebeu como tinha sentido falta do cheiro, do beijo e da presença de em sua vida. Ela só esperava não se arrepender da decisão de recomeçar ao lado dele.
- Eu te amo! – Ele disse, quando finalizaram o beijo – E quero que esteja ao meu lado quando for falar com meu pai que vou fazer gastronomia e abrir meu próprio restaurante!
- Eu vou adorar estar com você em todos os momentos daqui pra frente! – recitou, o beijando de novo, sorrindo.
Porém, logo ambos sentiram um cheiro de fumaça: Era a calça de que começava a pegar fogo.
- Ai meu deus! – A garota arregalou os olhos, jogando o copo de água, que viu ao lado da cadeira, no local em chamas. Respirou aliviada – Acho que as velas não foram uma boa ideia! – pronunciou, rindo.
- É, acho que não! – soltou aquela gargalhada gostosa que a fez rir mais.
Ela estava com saudades desses instantes cheios de leveza que só conseguia proporcionar. Naquela hora teve um pressentimento de que, enfim, tudo ficaria bem.