Última atualização: 14/05/2021

Capítulo Único

You and I are two oceans apart

We're on earth to break each others hearts, in two

And it's hard with you

When I'm too far from you

I look at the stars, do you?



(Você e eu somos dois oceanos separados

Estamos na terra para quebrar o coração um do outro, em dois

E é difícil com você

Quando eu estou muito longe

Eu olho para as estrelas, e você?)

Ferrari - The Neighbourhood




A noite do encontro havia sido terrível.

Começou com o fato de que queimou seu vestido, na pressa de passá-lo. E sim, ela queria ir com um vestido específico, que não foi possível, graças ao grande ferro de passar roupa marcado no abdômen. Depois de todas as peças decentes de roupa serem tiradas do guarda-roupa, pensou se poderia sair para comprar um novo, mas estava chovendo tanto que desistiu apenas ao olhar para a janela. Maldita Nova York!

Alice assistia tudo sentada na cama. Estava lá desde que chegou em casa, pois ela deu um grito tão alto que assustou a melhor amiga e a fez saltar da cama em um segundo. Desesperada, contou em múltiplos detalhes tudo o que havia acontecido, desacreditada. Alice gargalhou do início ao fim, as coisas são engraçadas, não? Quem imaginava que ela estaria flertando às escuras com a pessoa mais insuportável da face da terra, que se tornava cada vez mais civilizado e suportável. Quem diria, não é?

Logo após o drama do vestido, usaria um que não gostava tanto. Quer dizer, ela gostava, mas já havia usado tantas vezes que pensava que não seria suficiente para impressionar . Além disso, odiava estar preocupada com esse tipo de coisa! Principalmente quando se tratava dele, extremamente inesperado.

A tarde passou voando, nem se tocou de que horas eram e se atrasou para entrar no banho e se arrumar. O chuveiro não esquentava de jeito nenhum, merda!

Eram 19:35, já estava esperando na sala de estar, conversando com Alice e Damon. Qual o ponto dele em buscá-la, afinal? Eles iriam de táxi de qualquer forma, é impossível andar de carro em NY, principalmente em uma sexta-feira à noite. Bom, talvez fosse melhor que ele estivesse ali vendo o desastre que estava sendo todo o processo para encontrar com ele. Ela ouvia gargalhadas e pratos batendo, provavelmente Damon estava tentando lavar os pratos de novo, coisa que ele não era muito bom em fazer.

Tentou se apressar ao máximo que podia, tropeçando entre fios de secador e maletas de maquiagem, ficou pronta as 19:50. Teria que provavelmente implorar o perdão de por seu atraso, como fazia com Peter... Balançou sua cabeça, tentando esquecer esses pensamentos que insistiam em voltar de vez em quando.

Olhou-se no espelho, gostando 99% do que via. Estava faltando o vestido, é claro. Seu cabelo estava jogado por cima de seus ombros, juntamente a duas presilhas que prendiam alguns fios de franja que sobraram do último corte. Havia colocado um vestido vermelho simples, no qual a barra era um pouco acima de seus joelhos e um salto. Nem sabia aonde iriam, afinal.

pegou sua bolsa e andou rapidamente até onde seus amigos se encontravam, seu queixo caiu quando olhou para . Diferentemente de todos os dias, ele usava uma camisa vinho aberta até o segundo botão, com um lenço preto enrolado na gola, uma calça social wide leg preta e um sapato social. Quem era aquele e o que estava fazendo em sua cozinha, estendendo os braços em sua direção com uma caixa de chocolate da Lindt? Como ele ao menos sabia que aquele era seu chocolate preferido? Por que ele havia trazido? Meu Deus, ela não tinha comprado nada!

chamou-a, arrastando-a para fora de seus pensamentos inacabáveis.

— O que é isso? — Ela encarou a caixa de chocolate.

Caixas de chocolate e flores eram algo que ela recebia logo após descobrir alguma traição ou uma briga longa e dolorosa. Não tinha lembranças boas sobre isso, por que tentaria agradá-la desta forma se eles nem se conheciam direito?

— Uma caixa de chocolate para você? — Ele olhou-a, estranhando.

— Que eu vou guardar para vocês irem logo, antes que não achem mais táxis por aí. — Alice interferiu, olhando as expressões confusas de e de .

— Obrigada — disse, sorrindo. — Eu não comprei nada.

riu, balançando a cabeça negativamente.

— Você vai pagar o jantar, Darling. Já se esqueceu?

Alice deu um tchauzinho para e Damon se despediu de com um abraço apertado. Eles voltaram para o quarto, deixando os dois próximos a porta, encarando um ao outro.

— Gostei do outfit, — Olhou-o de cima a baixo. — Quem diria que você poderia ser estiloso assim?

— Você está dizendo que não gosta dos meus ternos caros da Armani?

— Não, estou dizendo que você os encontra muito fácil em Nova York. — Piscou, abrindo a porta e indo para o elevador — A gente não encontra isso facilmente por aqui. — Apontou para sua roupa.

— Obrigado — ele respondeu, sorrindo e ajeitando sua gola. — Também gostei do seu vestido, mas gosto mais de você sem ele.

! — protestou. — Você nunca viu.

— E precisa?

balançou a cabeça e apertou o elevador para o térreo. Ambos estavam olhando para o espelho, quando ouviram um estrondo forte, acompanhado de um blackout e o súbito parar do elevador. De repente, as luzes de emergência foram ativadas. Seria possível que entraram no elevador bem na hora de um apagão? Que, provavelmente, perderiam sua reserva que estava marcada para as 20:30? encarou , que bufou repetidamente e procurou chamar por ajuda, mas o interfone daquele elevador pré-histórico não funcionava de forma alguma.

— Só pode ser brincadeira — disse, enfurecida. — Socorro?

procurou algum sinal em seu celular, mas não havia nenhum. Tinha começado a se desesperar mais que o normal, estava morrendo de fome e odiava lugares apertados. encontrou apenas um pontinho de sinal, o suficiente para avisar Damon que eles estavam presos e receber uma mensagem de volta dizendo que todo o bairro estava sem energia e que estavam procurando acender o gerador do prédio.

— Que inferno — resmungou, sincero.

— Eu estou morrendo de fome — também resmungou. — Qual o horário da reserva?

— 20:30.

— Ah, já era. Até acharmos um táxi...

— Calma, eu estou de carro. Se tirarem a gente em 15 minutos dá para chegar a tempo, eles têm alguns minutos de tolerância — respondeu, calmo.

— Como você tem um carro em Nova York? — perguntou, curiosa.

— Eu não sou de Nova York, preciso visitar minha mãe fora de vez em quando e esse foi o melhor jeito.

— E se a gente morrer?

— Não vamos morrer, Collins. Mas nós poderíamos ter um remember, não é? Aproveitar o escurinho...

aproximou-se da colega, enquanto ela dava um sorrisinho de lado sem graça. Mas não seria dessa vez. estava morrendo de fome e seu estômago deixou bem claro no momento, parecendo que estava com um autofalante.

gargalhou, pensando se aquela noite poderia ficar mais irônica. A pessoa que ele menos suportava nesse mundo todo, presa em um elevador ao seu lado, indo em direção a um dos restaurantes mais caros de Nova York: Eleven Madison Park, eleito um dos melhores do mundo. Óbvio que ela não sabia, mas gostaria de pagar a conta, ele estava levando-a em seu restaurante favorito como um encontro, no qual ele havia escolhido o local. Além de tudo, não entendia de forma alguma como que aquele específico restaurante teria sido o primeiro a vir em sua cabeça quando descobriu quem sua foda anônima era. Em outro caso, apenas levaria a pessoa em um restaurante normal (para ele) e fim. Mas não, ele gostaria que ela provasse do bom e do melhor aquela noite porque ela merecia, não só por conta do cargo, ele só sentia que deveria dar seu melhor para aquela mulher e mesmo com as dúvidas jogadas pelo ar, que o deixavam inquieto, seu coração pulsava ao estar do lado dela.

poderia não estar notando, mas as mãos de estavam tão trêmulas que provavelmente não conseguiria assinar a conta. Tão irônico, logo o cara que mais amava assinar cheques.

— Eu tenho uma barrinha de cereal, você quer? — colocou sua mão no bolso.

— Por que você tem uma barrinha no bolso?

— Porque eu sempre deixo comida no bolso. Você nunca sabe se vai encontrar alguém que precise dela mais que você, estamos em Nove York.

— Você está me dizendo que deixa comida no bolso para dar aos moradores de rua? — olhou-o, surpreendida.

não respondeu nada, apenas sorriu. acompanhou seu sorriso, desacreditada com o que ele acabara de lhe “dizer”. Nem parecia que ele era real, como isso era possível? Passou de transparecer por pessoa mais irritante já existente para o cara estiloso, educado e que se preocupava com causas sociais. Estava sonhando. Com certeza estava sonhando. Piscou algumas vezes, procurando acordar, mas não conseguia.

— Mas eu aceito, fico chata com fome.

— Você é sempre chata, Collins — Brincou .

— Estou vendo o tanto de esforço que você está fazendo para sair com uma pessoa tão chata. — Ela o encarou.

— Às vezes a gente faz umas coisas dessas, né?

levantou o queixo e sorriu para o colega em sua frente. Antes que pudesse dizer algo, retrucando, o elevador voltou a funcionar e a luz acendeu. Como era possível seu encontro ainda nem ter começado e ela já estar sorridente dessa forma? Em outras circunstâncias, ficar presa no elevador seria o fim do resto do mês. Mas, não dessa vez. Quem diria que ela estaria se divertindo, sem ao menos começar?

Ambos avisaram seus amigos de que haviam conseguido sair do elevador e seguiram para a entrada do prédio, onde havia deixado seu carro. Dividiram um guarda-chuva que carregava, procurando onde estava sua Ferrari. Eles andavam de um lado para o outro, naquele temporal infinito e não conseguiam achar o carro de forma alguma.

— Tem certeza de que você parou o carro aqui?

— Tenho! Ele estava estacionado bem ali em frente daquela... — olhou bem para onde tinha estacionado. — Garagem.

. . Você parou seu carro em frente a uma garagem? Você tem um pinto no lugar do cérebro? — gracejou. — Seu carro foi guinchado.

— Nós nunca vamos chegar ao restaurante, vai ser impossível achar um táxi agora.

Que ideia idiota, andar de carro em Nova York! Ted Mosby sempre ensinou que isso não é coisa que se faça, é impossível de estacionar. E, se você achar uma vaga, é porque tem algo de errado. Um desastre, eles já estavam atrasados, tudo já havia dado errado desde o início, agora estavam parados no meio da rua, no temporal, dividindo um guarda-chuva minúsculo, sem saber o que fazer.

começou a ficar incomodado, ele tentava demonstrar que estava bem por não ter pegado a promoção e fingia que não ligava em ir para Paris. Algo dizia que essa noite precisava ser importante para tomar sua decisão. A decisão que não queria tomar e ficava cada hora mais difícil entender o porquê.

começou a pensar que talvez tivesse sido um erro sair de casa naquela noite, como todas as outras noites que tentou se abrir após seu passado tenebroso. Já estava na hora de desistir, como todos os outros?

Parados no meio da rua, ambos se encararam pensando o que aconteceria agora.

— Foda-se o Eleven Madison Park — exclamou, sincero. — Vem, vamos.

Ele a puxou pelo braço, fazendo-a atravessar a rua junto a ele.

— A gente ia para o Eleven Madison Park? Está me zoando, não é? — parou imediatamente. — Como você conseguiu reserva do dia para a noite?

— Não importa, vamos para um lugar melhor.

A chuva ia diminuindo aos poucos e com ela, o vento gelado aumentava, levando a fina garoa diretamente em suas roupas. Não estavam encharcados, pois andaram praticamente grudados por um quilômetro e alguns metros, até pararem em frente ao Mc Donald’s. não estava querendo, fast food, né? Na verdade, estava sim. Ele tinha algo novo em mente, algo que nunca havia pensado antes. Não estava pensando em levá-la a um restaurante caro e depois para seu apartamento, queria que ela se divertisse.

Ambos os estômagos roncaram juntos, dizendo que eles estavam morrendo de fome. Sem pensar suas vezes, eles entraram pela porta da frente do Mc Donald’s. estava com as pernas molhadas e a calça de estava encharcada. Deram risada um do outro por finalmente estarem em um lugar fechado, naquele estado.

Trataram logo de ir para a fila, que estava praticamente vazia.

— O que você vai querer? — indagou, olhando para o cardápio na parede.

— Você vai pagar?

— Óbvio, agora eu ganho mais que você, ahm — raspou a garganta, brincando.

— Tudo bem, só aceito porque o combo que eu quero é 15 dólares.

revirou os olhos.

— Eu vou deixar você passar fome, isso sim. — Ela riu.

Dessa vez, foi a vez de revirar os olhos.

— Eu vou querer o combo 3 e um número 4 sem picles, por favor. — Ela pediu.

— Você não gosta de picles? Quem não gosta de picles no século 21?

— Eu, idiota. Picles é ruim e deveria ser excluído do mundo.

— Do que mais você não gosta? — Caminharam até a retirada do pedido, com a senha.

— Além de você? — parou e pensou — Brócolis, beterraba, qualquer tipo de legume, carne de porco...

— Então você tem paladar infantil?

— Sim. Gosto também, aparentemente.

A atendente então, chamou o número dos dois. Eles pegaram as bandejas e foram para a mesa mais afastada do local, com tanta rapidez que quase se trombaram e foi por pouco que não derrubaram o jantar. Não tiveram tanto tempo de conversar, os lanches, as batatas e os nuggets foram apressadamente enfiados goela abaixo. Eles riam de seus estados deploráveis, com molhos espalhados em torno dos lábios e farelos de pão por toda a mesa.

Logo, decidiu puxar assunto sobre qualquer outra coisa que não fosse relacionada a comida. Ele perguntou de onde era, onde cresceu, o que fez a vida toda, seus hobbies, paixões, medos e ouvia cada detalhe do que a mulher relutava tanto em dizer.

Era difícil demais se abrir para alguém novo, era complicado demais estar à frente de alguém que não sabia se podia confiar e finalmente abrir o coração que estava fechado por tanto tempo. Aconteceu que, em algum ponto, já estava falando da morte do seu primeiro cachorro, enquanto tentava sugar do copo os últimos resquícios de gelo que tinha ali, até olhar em seu relógio. Como duas horas dentro de um fast food haviam passado tão rápido?

Quando ela pegou seu relógio, se assustou com a horas. Porém, não queria sair dali de forma alguma. Não queria deixar aquele momento — precioso — se tornar apenas uma memória, nem imaginava como voltaria a ser tão feliz quanto estava sendo ali. No intuito de prolongar sua noite, sugeriu a que ela o levasse para um local misterioso, dessa vez. E ele cedeu. Cedeu a seus planos para fazer as vontades da companheira, que se encontrava sorrindo abertamente, como se quisesse mostrar para o mundo todo que estava se divertindo.

De alguma forma, ela queria. Queria deixar claro que, por fim, seu coração não estava mais tão lesionado assim e que sentiu tanta falta de encontrar-se nesse estado de perder a noção do tempo e não querer deixar o momento.

— Você não vai me contar mesmo para onde estamos indo? — Perguntou , que segurava o guarda-chuva com uma mão, enquanto a outra deslizava pelas costas de , até chegar em sua cintura.

— Não, mas não espere muito. Não vou te levar para o restaurante mais caro de Nova York — brincou.

— Ah, então eu não quero ir não.

A chuva havia cessado, as nuvens foram embora e deixaram um céu completamente estrelado por cima de toda Nova York. Era como se ela nunca tivesse passado por ali, como se não tivesse deixado ambos presos em um elevador, sem táxi e encharcados dentro de um Mc Donald’s. , para surpreender , voltou por um caminho diferente, em direção ao seu prédio. Ele jurava que estivesse indo para outro lugar ou que ela fosse em direção a linha de metrô, não fazia ideia de onde estava indo.

Espantado, se perguntou o que estava fazendo de volta em frente ao prédio dela. Ela nem o deixou pensar, apenas disse:

— Vem, eu vou te mostrar.

logo pensou que eles iriam para dentro do apartamento. Mas, não. Pegaram o elevador e foram até o último andar, depois subiram mais um degrau de escada, chegando ao terraço do telhado do prédio. Havia um sofá em L ao canto, que cercava uma mesinha pequena com lenhas, que se completava com luzes amareladas pendurada pelos postes e paredes de tijolos. Com uma vista incrível para a cidade toda, tratou de sentar-se em seu lugar preferido e abrir uma caixa que tinha entre os sofás, retirando mantas e cobertores dali.

— Esse, , é meu lugar preferido na cidade toda. O cantinho que eu e Alice decoramos para noites como essa — ela dizia, animada.

— É incrível, . As estrelas parecem tão mais bonitas daqui. — tratou de se juntar a mulher no sofá. — Mas ninguém usa aqui?

— Não, nesse prédio só tem idosos e pais com crianças, eles não ligam muito — falou , apreciando a vista. — E, adivinha, quando querem vir até aqui, eles ligam perguntando se podem.

— E você deixa?

— Eu não tenho que deixar nada, o prédio também é deles. Mas vou confessar que tenho um ciúminho, sim.

— Eu sabia que você não era tão boazinha assim.

— Vá para o inferno, .

— Dá tempo de ir para lá ainda — respondeu, se referindo a boate.

— Duvido que você vá preferir ir para lá do que apreciar minha companhia aqui.

— Nunca pensei que fosse dizer isso, porém prefiro ficar por aqui mesmo. Não dá para desperdiçar essa vista, né?

sorriu, e passou os braços em volta da garota.

— Até parece que você não tem uma dessa no seu quarto.

— Você acha que eu sou milionário? — perguntou, mas ela não respondeu. — Nah, no máximo na sala.

— Idiota. — Balançou a cabeça. — Afinal, como nós dois temos o mesmo cargo e você anda de Ferrari?

— São coisas de família, mas a gente pode falar disso outra hora?

— Claro, sinto muito. — Eles ficaram em silencio, até pegar o celular. — Alice e Damon estão subindo aqui para trazerem o projeto e um bolão de chocolate. Vamos ver um filme?

— Onde você vai reproduzir isso?

— Ali. — levantou e puxou um pano branco sobre a parede mais próxima.

— Posso escolher?

— Não, ela disse que já escolheu, ou perderíamos tempo demais.

Não demorou dois minutos, os melhores amigos apareceram sobre a portinha da escada, com um balde de pipoca e uma bandeja cheia de chocolate. Alice brincou sobre o fato de que era um milagre estar ali, porque tinha muito ciúme do lugar e só trazia quem realmente gostava.

Damon sentou-se ao lado do amigo, enquanto a namorada ajeitava o projetor e o computador.

— Quatro é par, né? — o olhou, rindo.

— Quem te viu quem te vê, .

Alice terminou de arrumar as coisas e se alojou embaixo dos braços do namorado, ao lado de e , que se ficaram entretidos logo após o filme começar. Já o outro casal, se irritaram com a monotonia das cenas bagunçadas e infinitas de Meia Noite em Paris.

[...]

virou o pescoço e Alice estava dormindo profundamente. Damon disse que iria acordá-la e que voltariam para o apartamento, tanto que se despediu dos dois alguns minutos antes do filme terminar.

— Até que paris não é tão ruim, não é? — disse, enquanto ambos ainda estavam prestando atenção no projetor.

— Quer ir para Paris e voltar para o passado? — olhou em seus olhos rindo.

— Eu nem sei se quero mais ir, gosto do meu presente — respondeu, sincero. — Gosto do meu apartamento, do meu carro, da minha rotina, do meu trabalho...

— O que mais? — mordeu os lábios, observando o colega aproximar o rosto do seu.

— Gosto do meu salário, da minha boate preferida... — Ele apertou a cintura de com uma das mãos e repousou a outra envolta do seu pescoço.

— Só isso? — Ela se contraiu, sentindo a respiração de passando pelas veias pulsantes por toda extensão de sua nuca.

— Acho que sim, né? O que mais me faria ficar?

─ Só nesse sofá, consigo imaginar algumas coisas bem convincentes a te fazerem ficar, se quiser posso te mostrar ─ ela diz, a malícia escorrendo por seus lábios.

Era quase palpável a tensão que se formava entre os dois.

─ Eu adoraria. ─ sorri, sacana, levando a atenção de diretamente a sua boca.

Agora, com apenas alguns centímetros separando seus rostos, a garota se perguntava como o rapaz conseguia ser tão bonito, desde sua pele macia, seus olhos verde-piscina, as covinhas em suas bochechas e o sorriso encantador. E enquanto isso, tentava recordar-se qual o grande feito que havia feito a humanidade para ser recompensado com tamanha preciosidade que se encontrava bem ali, em seus braços.

Sem querer perder mais tempo, colou seus lábios aos de , segurando sua nuca como se tivesse medo de que ela escapasse de seus dedos. O que era loucura, já que a mesma se encontrava tão inebriada quanto ele, e a última coisa no mundo que passava pela sua cabeça era desprender daquele aperto. Pelo contrário, ela queria mais. Fazia semanas desde seu primeiro encontro naquele bar e , naquele momento, não conseguia pensar em mais nada, a não ser em repetir a dose. Por esse motivo, abandonou seu lugar naquele sofá e encaixou suas pernas, uma em cada lado, no corpo de , procurando por mais contato físico.

O beijo, que já não era um dos mais inocentes, intensificou-se de forma que nenhum dos dois ousaria parar, se é que tinham força para tal. Ali, naquele sofá, e provavam, mais uma vez, que paixão e ódio eram uma ótima combinação.

[...]

Era a terceira vez naquela semana que assistia, com um sorrisinho idiota pendendo de seus lábios, dando a volta no carro apenas para abrir a porta para ela. Pessoalmente, sua feminista interior achava aquilo uma grande besteira machista de filme romântico, porém, ao mesmo tempo, sua parte boba apaixonada insistia no lado extremamente fofo daquele gesto.

─ Senhorita ─ ele diz de forma teatral, oferecendo sua mão.

Collins deixou uma risada escapar, enquanto aceitava a ajuda para sair do veículo.

─ Você não cansa de ser cafona? ─ pergunta, zombeteira, por mais que, secretamente, amasse aquilo.

─ Qualquer outra mulher diria que estou sendo cavalheiro.

─ Acontece que eu não sou qualquer mulher.

─ Isso eu sei bem. ─ Ele dá um sorriso de tirar o fôlego, o que faz as pernas de , instantaneamente, virarem geleia.

fez menção de se aproximar para unir os lábios da garota aos seus, porém a mesma, no mesmo momento, saiu de seu transe e afastou-se rapidamente, logo varrendo com os olhos o local onde se encontravam.

─ Está louco, ? Se pegarem a gente nos amassos no estacionamento da empresa, ou em qualquer outro lugar daqui, estamos ferrados.

O rapaz solta todo o ar de seus pulmões, parecendo frustrado.

─ Eu sei, eu sei. Regras da empresa ─ conclui, rendendo-se a obedecer às normas, por mais que acabasse de decidir que odiava essa regra em específico. ─ Vou me comportar, eu juro.

─ Como se comportou ontem no almoxarifado? ─ recorda-se da cena quente que se desenrolou na sala fechada, disfarçando o arrepio que subiu pela sua espinha ao lembrar dos dedos de em lugares intocados pela luz solar.

─ Vai jogar toda a culpa em mim agora? Você, claramente, me seduziu ─ protestou, fingindo incredulidade. ─ Já te falei o quanto você fica gostosa nessas saias sociais?

─ Só o tempo todo, mas não ouse parar. ─ morde o lábio inferior ao segurar um sorriso. Então, ela olha ao seu redor, certificando-se de que não há ninguém por ali, antes de encontrar a boca de ambos em um selinho rápido. ─ Vamos.

concorda e, ao mesmo tempo, os dois fazem menção de dar as mãos, parando no meio do caminho ao perceberem que não poderiam passar pelas portas de vidro da empresa de dedos entrelaçados. Logo, puseram-se a andar um ao lado do outro, até adentrarem o grande prédio. Ambos cumprimentaram algumas pessoas em seu caminho até o elevador, onde agradeceram por ficarem sozinhos novamente.

Um silêncio agradável se fez após as portas se fecharem, tendo como trilha sonora apenas a música ambiente baixinha saída por uma caixa de som acima de suas cabeças. , então, encarou quando o mesmo começou a olhar de um lado ao outro do elevador, parecendo procurar por algo.

─ O que foi? ─ perguntou, estranhando sua movimentação.

─ Está vendo?

A mulher vasculha o espaço, imitando seu colega, mas não consegue entender do que ele está falando.

─ Vendo o que, doido? Não estou vendo nada.

─ Exatamente. ─ Ele sorri abertamente e tem a impressão de capturar um sinal de malícia entre seus lábios. ─ Ninguém para nos ver fazendo isso.

não é nem um pouco gentil ao puxar Collins pela cintura, pegando-a de surpresa, o que faz a garota soltar um gritinho agudo, que logo foi abafado pela boca do parceiro. sente seu corpo todo relaxar, conforme deixa que a sensação dos lábios quentes de sobre os seus tome conta dos seus sentidos. Ela leva uma de suas mãos até a nuca do rapaz, procurando aprofundar o beijo. Quando suas línguas se encontram, não há mais nada e nem ninguém, apenas a consciência da presença um do outro, flutuando em um vazio preenchido de paixão e desejo.

não demora a prensar contra a parede do elevador, ansiando por mais contato, se é que isso fosse possível, já que estavam a ponto de se tornarem um só. A essa altura, as mãos bobas passeavam livremente pelos dois corpos.

Entretanto, ambos foram trazidos à realidade quando um barulho agudo se fez presente, avisando que o elevador havia acabado de chegar ao seu andar e que as portas seriam abertas. Em uma velocidade quase fisicamente impossível, e separam-se, os cabelos rapidamente sendo colocados em seus devidos lugares. Quando as portas se encontraram escancaradas diante de ambos, só tiveram que se entreolhar brevemente para entender que aquela cena teria continuação na sala de , a mais próxima dali.

─ Bom dia! Sr. , preciso que assine uns papéis para... ─ a recepcionista começou, assim que colocou os olhos nos dois.

─ Desculpe, Regina, mas o Sr. e eu temos uma reunião urgente agora ─ Collins falou rapidamente, arrastando consigo, logo fechando a porta do escritório às suas costas.

Regina apenas balançou a cabeça negativamente, porém o sorriso malicioso cresceu em seus lábios, tendo plena consciência do que estava acontecendo. Não deixou de se vangloriar internamente, pois sempre soube que todo aquele ódio, algum dia, se transformaria em amor.

[...]

Cada momento se tornava mais intenso a cada toque, a cada beijo, a cada esconderijo e a cada dose de adrenalina que passavam por suas veias. Desde idas até a cozinha até passeios com a Ferrari — que precisou buscar —, tudo se encaixava perfeitamente.

nunca havia se sentido dessa forma. Seus dias se tornaram mais bonitos. O sol raiava mais forte e claro, os pássaros nunca cantaram tanto e apostava que a branca de neve estava com inveja de até a natureza estar feliz por ele. Em apenas poucas semanas, havia se tornado a pessoa mais importante em seu dia a dia. A pessoa com quem ele passaria o dia e a noite toda conversando, sem preguiça alguma, algo que parecia impossível se ele o imaginasse dessa forma a alguns meses atrás.

estava radiante. O sorriso que dava a todo momento entregava as pontadas de felicidade que sentia quando sentia o cheiro de pelas salas e quando o via andando em sua direção, antes de tomarem café para irem ao trabalho. Era como se estivesse em uma realidade alternativa, como se finalmente tivesse superado as sombras do seu passado.

N/a: o relato dela sobre o passado está em 01. Starboy

E, como toda manhã, se preparou para tomar seu café com na cafeteria próxima ao trabalho. Mas, recebeu uma mensagem um pouco antes de virar à direita na esquina.

[08:34]: Não vou poder tomar café com você hoje, me encontra lá em cima. Beijos.

Ela deu de ombros se seguiu para o prédio. Chegando, não encontrou em sua sala e nem da dele, algo lhe dizia que tinha algo errado. Sentiu um frio na barriga, procurando por ele com os olhos em todos os lugares que sua visão alcançava do centro do escritório. Quando finalmente o viu, ele estava na sala de Matthew, com os braços para trás e assentindo com a cabeça, enquanto o chefe se encontrava com uma expressão que nunca havia visto igual.

Quando seu chefe rolou os olhos para o lado e viu-a parada fora da sala, fez sinal para que ela entrasse.

— Senhorita Collins, logo quem estávamos esperando.

— Me desculpe, foi o único jeito — disse, antes que pudesse pensar em qualquer coisa.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou preocupada.

— Sim, estou decepcionado com vocês — ele respondeu, direto. — As medidas que tomarei a partir de agora são totalmente responsabilidade de vocês e gostaria que entendessem que é pelo bem da empresa. Ambos são ótimos funcionários e é com profunda tristeza que descubro que vocês dois quebraram a política da empresa. Através deste apontamento, nós fizemos uma reunião e esperava você para decidirmos se alguém seria desligado ou o relacionamento de vocês chegaria um fim. Porém, Sr. tomou a decisão e está indo para Paris no próximo mês.


Fim...



FINALMENTE SAIUUUUUUY HDJDJDKSJAKDKDKDHDKDBKSJSLSKS QUEM AMOUUUUU?????????

tô mtmtmt feliz de escrever essa continuação do meu ficstape preferido e do que EUUU organizei!!!!

muito feliz em ter vc aqui!

será que vai ter mais uma parte?

leram a 01. Starboy?

COMENTEM MUITO POR FAVORRR ENTREM NO GRUPO DO FACE P ACOMPANHAR!!!!


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