Capítulo 1
— Miss , o que você mais quer, no momento, para si mesma?
— Oh! O que eu mais quero no momento, para mim? — repeti, procurando uma resposta que soasse verdadeira. Ao menos uma tinha de ser, certo? — Eu quero... Eu quero ser feliz. — completei, sorrindo para a câmera.
Feliz. Uma palavra tão pequena, mas com um significado tão grande e distinto. Para você, o que é ser feliz?
Mas nem tudo na vida é felicidade, não é? Afinal, se fosse, eu não estaria aqui. Isso aqui nunca foi um desejo meu ou algo que me agradasse, mas para minha mãe, isso era um sonho, sonho esse que eu estava realizando sem nem ao menos ter a opção de não querer fazer isso com a minha vida. Por que me perguntar o que eu quero fazer da minha vida, não é? Eu sou apenas a dona dela, mas do que isso importa?
— Obrigado, Miss . Palmas para ela.
Sorri e acenei, lembrando-me dos pinguins de Madagascar, e fui para junto das outras concorrentes.
Permaneci ali com um sorriso bem forçado no rosto, observando as outras candidatas responderem às mesmas perguntas que eu respondi – com a mesma falsidade e tudo.
— Você foi ótima, querida! — minha mãe sorriu, entregando-me uma garrafa de água. — Mas o que foi aquilo de ser feliz? Tinha que ter dado uma resposta melhor para agradá-los.
Forcei um sorriso em concordância e voltei a observar as outras meninas que estavam com o desespero estampado no rosto e bebendo muita água – já que não deviam estar comendo há dias para o primeiro dia dessa competição.
Avistei Maddie e sorri. O primeiro sorriso verdadeiro que eu tinha dado hoje, para ser sincera.
Maddie era simplesmente o oposto de todas as garotas que estavam aqui hoje: tranquila, gordinha e feliz. Um dia eu queria ser que nem Maddie.
— Cadê o sorriso? Pensei que ele tivesse ficado preso em você pelo tempo que você o forçou. — brincou, me dando um abraço. Minha mãe não fez questão de disfarçar ao revirar os olhos.
— Ele já deve estar acostumado. — dei de ombros, entrando na brincadeira.
— Sinceramente, eu não sei como essas meninas aguentam, . — fez uma careta ao olhar para as meninas que passavam por ali.
Nenhuma das garotas que estavam ali tentavam disfarçar o olhar torto para Maddie como se ela fosse uma aberração, coisa que estava longe de ser. Olhavam-na torto, com caretas e comentários do tipo “o que essa baleia faz fora do mar?” ou “é só ela, ou o clima aqui pesou?”, acompanhados de risinhos e gracinhas. Como eu odiava aquilo, mas minha amiga não dava a mínima para isso, o que eu admirava.
Minha mãe bufou alto, me matando de vergonha, e eu a pedi para que pegasse alguma barra nutritiva para que eu comesse e sua resposta foi dócil e claramente de uma mãe preocupada:
— Você está louca, ? Em pleno concurso me vem querendo comer? No máximo uma garrafinha de água e olhe lá, ora essa. — respondeu, irritada com minha pergunta. Estão vendo? Essa é a minha realidade: morrer de fome.
— Sou obrigada a morrer de fome, então? — perguntei, irônica. Ela massageou as têmporas, pedindo a Deus por paciência.
— Sim, , é obrigada a morrer de fome e espero que não reclame por isso.
Maddie murmurou um “ihh...” e eu a puxei para longe dali, longe da minha mãe. Eu não era obrigada a morrer de fome, não, e sabia muito bem que minha amiga não faria isso comigo.
— Me diga que você tem algo de comer aí? — pedi, juntando minhas mãos e com a cara mais piedosa que eu tinha.
Ela abriu um sorriso fraco e tirou uma barra de chocolate de sua bolsa, entregando-me. O meu sorriso foi, com certeza, de uma criança que tinha ganhado o maior e mais saboroso pirulito da sua loja de doces favorita. Nem liguei para os modos que minha mãe fez tanta questão de passar para mim para que eu não “a envergonhasse” ao jantar com alguém importante que ela provavelmente gostaria que fosse o futuro pai do meu filho, e devorei aquela barra com gosto. Não só aquela, como mais outra duas que Maddie tinha trazido em sua mochila e não foi egoísta ao me oferecer. Eu via em seus olhos que ela ficava feliz em ser minha salvadora aqui dentro.
Quando acabei de comê-las, me despedi de Maddie e voltei para onde minha mãe estava, teria mais uma passada naquele palco antes de retornar ao hotel.
Fiquei ao seu lado enquanto ela discutia com algumas pessoas da equipe sobre maquiagem, cabelo e roupas, como sempre fazia. Do nada, minha mãe se virou para mim e me puxou para o canto.
— Isso é cheiro de chocolate, ? — cerrou os olhos, cheirando minha boca. Neguei rapidamente, por Deus, que faro era esse? Coisa de cachorro. — Isso é chocolate, sim!
Arregalou os olhos e eu a acompanhei, sem saber como a responder.
— Foi só um bombom, mãe. — mordi o lábio, em uma clara mentira.
— Só um bombom, ? — riu alto, inconformada. — Como você ainda me diz isso? Você está na porta do concurso mais importante do ano! Você sabe o que é isso? Dê um pingo de valor a tudo que eu faço por você, por Deus, garota. — tocou meu rosto, obrigando-me a olhar para as meninas que se acomodavam ali, nervosas. — Está vendo essas meninas?! Todas elas estão magras, intactas. Não foram comer porcaria de bombom nenhum e estão bem dispostas, concentradas e levando isso a sério. — virou meu rosto para olhá-la novamente. — E olhe para você! Fugindo com aquela baleia que você chama de amiga para comer um bombom e arruinar todos os meus esforços. Eu não estou acreditando nisso...
— Desculpa, mãe. — pedi, baixinho. Ela tinha esse poder sobre mim, fazia com que eu me sentisse mal com os mesmo esforços que piscava os olhos.
— Desculpa? — ela riu mais uma vez. — Faça algo sobre isso, Miss . — olhou-me, séria.
Eu sabia muito bem do que ela estava falando. Sabia o que eu tinha de fazer, mas não me sentia bem o fazendo depois de ter prometido a Ethan que não faria mais. Porém, certo é certo.
Eu comi, eu que arcasse com as consequências.
Foquei meu olhar novamente e vi minha mãe, um pouco mais à frente, conversando com um dos patrocinadores do concurso animadamente. Aproximei-me deles, com um falso sorriso no rosto, e disse:
— Com licença, vou ao toalete.
Andei em passos lentos até o banheiro. Eu sabia o que eu tinha de fazer, mas me faltava coragem. Mil desculpas, Ethan, eu não vou descumprir minha promessa por mal, eu juro.
Abri uma das portas do banheiro onde tinha o vaso sanitário e entrei no pequeno cômodo, fechando a porta atrás de mim e a trancando. Vamos lá, , você tem que fazer isso.
Fechei os olhos e levei meu dedo indicador até minha boca, o enfiei na minha garganta até onde dava, trazendo o vômito ao retirá-lo dali. Cuspi tudo dentro do vaso sanitário e repeti o gesto mais algumas vezes. Parei de fazê-lo quando vi que já não tinha mais o que pôr pra fora. Cuspi mais algumas vezes, a fim de tirar qualquer vestígio da minha boca, e saí da cabine indo em direção à pia. Lavei todo o meu rosto, com cuidado para não estragar meu penteado ou minha maquiagem, e o enxuguei com o papel.
Respirei fundo algumas vezes e sai do banheiro, deixando para trás a culpa do que eu tinha acabado de fazer. Voltei de encontro à minha mãe, que não se encontrava mais conversando com o homem de antes. Assim que me viu, sorriu.
— Tudo certo? — perguntou, arqueando a sobrancelha. Ela queria saber se eu tinha feito.
Afirmei com a cabeça, silenciosamente, e ela sorriu, murmurando dizendo um “você é uma garota linda, querida”.
— Vamos até a Sam para que ela retoque a sua maquiagem, sim? — disse, sorrindo.
Ela me puxou pela mão de volta para o camarim onde eu arrumara meu cabelo e fizera minha maquiagem algumas horas antes.
Estávamos finalmente no hotel. O resto do primeiro dia de concurso foi tranquilo, era apenas a apresentação. Esse concurso seria diferente de todos os outros que já participei e era também o mais importante. O primeiro dia – no caso, hoje – seria apenas nossa “apresentação” para os patrocinadores, que dariam opiniões importantes sobre qual das Misses eles queriam como ganhadoras, por isso era tão importante. Nós teríamos um mês para conquistá-los e vocês devem imaginar como seria complicado, não é? São trinta garotas diferentes, todas morando no mesmo hotel durante um mês e com o mesmo objetivo. Se mulheres brigam normalmente, imaginem com algo tão grande no topo.
Cada uma cuidaria do seu, mas sempre teria aquelas que fariam de tudo para destruir os das outras também, vocês sabem.
O meu medo maior era que minha mãe me fizesse ser uma dessas garotas, eu não queria agir assim e nem prejudicar ninguém, mas vocês já devem ter uma ideia de como minha mãe é, certo? Eu não teria muita escolha.
Depois de tomar um banho relaxante de banheira e passar alguns – ou vários – produtos no meu corpo e rosto que minha mãe mandou, saí do banheiro enrolada em um roupão. Peguei uma água no freezer, tirei a tampinha e dei alguns goles longos. Em frente ao espelho, tirei o roupão e comecei a avaliar o meu corpo... Os meus braços sempre foram assim tão gordos? E por que minha barriga estava tão para frente? Minhas coxas eram tão grossas assim mesmo?
O que estava acontecendo com meu corpo, por Deus?
Primeira semana...
O concurso iria começar de verdade agora. A competição seria séria e cada fracasso seria uma eliminatória, até que ficassem apenas cinco garotas, para que os patrocinadores escolhesse apenas uma – a ganhadora.
Se os nervos já estavam à flor da pele na apresentação aos patrocinadores, imagine agora, no início do concurso.
— Penteie melhor esse cabelo. — minha mãe disse, e jogou um pente em minha direção. — E mostre esse sorriso, não paguei branqueamentos para que você fique com a porra da sua boca fechada, .
Respirei fundo. Tudo por um bem maior, , tudo por um bem maior.
— Tá bom assim? — me referi ao meu cabelo, após penteá-lo de um jeito diferente.
— Está. — respondeu, e me observou melhor dos pés à cabeça. — Por que você está tão composta? Estamos indo para um jantar com um homem importantíssimo, por Deus, você não vai para a igreja!
Andou até meu armário e começou a mexer em minhas roupas.
— Valorize seus peitos e sua barriga seca, por favor, não pago um personal particular para que você desperdice não expondo seu corpo do jeito certo. — me jogou um cropped que deixaria meus peitos espremidos e vulgares. — Essa saia também não tá bonita. Trouxe aquela branca na mala?
Afirmei com a cabeça e ela foi procurá-la, enquanto eu trocava a roupa pela que ela jogou em mim. Quando ela jogou a saia, eu também tratei de logo a vestir. Minha mãe andou até onde eu estava e me encarou, falando bem séria:
— , ouça bem, esse homem é muito importante. Ele é o maior patrocinador desse concurso, não podemos perder um mês das nossas vidas aqui pra que você não leve essa coroa para casa, entendeu? — afirmei com a cabeça, sem dar tanta atenção. Era o mesmo sermão de sempre. Então ela seguiu com a bomba: — Durma com ele hoje a qualquer custo.
Arregalei meus olhos. Passei de modelo à prostituta de uma hora para outra, então?
— Como? — apertei os olhos, sem ter certeza se ouvi direito.
— Durma com o cara a todo custo. — sibilou, olhando-me nos olhos. — Ainda não entendeu?
— Mãe... — as palavras sumiram. Neguei com a cabeça rapidamente. — Mãe... Você tá se ouvindo? Eu sou virgem! Você sabe disso.
— Esse cara é muito poderoso, filha, você vai ganhar essa coroa se conquistá-lo em tempo. E o que é uma virgindade, hein? Você vai perder isso um dia, de qualquer jeito. Invista agora por algo melhor, do que com qualquer um por aí por algo que você ache que é amor.
Abri a boca algumas vezes, mas não consegui pronunciar nada. Apenas mordi o lábio e voltei a me sentar na cama, ela entendeu isso como um tudo bem, apesar de não ser.
— Nem se sente! — gritou, e eu me levantei rapidamente. — Tire essa roupa e vá descer e subir as escadas para ver se perde um pouco mais de peso, você está cada dia mais gorda.
Olhei rapidamente para o meu corpo e, droga, ela tinha razão. Assenti, fiz o que ela disse e fui para as escadas, subi-las e descê-las algumas vezes. Subia os quatro primeiros degraus e os descia rapidamente. Repeti o gesto várias vezes seguidas.
— Ahn... Oi? — procurei de onde vinha a voz e encontrei um rapaz ali, sorrindo fraco.
— Oi. — respondi, parando para olhá-lo.
— Tá tudo... bem? — riu, arqueando a sobrancelha.
— Está, ué. Por que não estaria?
— Você está subindo e descendo as escadas há um bom tempo, talvez por isso? — respondeu, como se fosse óbvio.
— Exercícios. — dei de ombros.
— Você sabe que o hotel tem academia, não é? — zombou, e eu arqueei a sobrancelha. — Quer dizer, não que você precise...
— Eu sei, sim. — forcei um sorriso, sem querer dar muita atenção.
— Eu me chamo...
— ! Por que você parou? — minha mãe apareceu nas escadas e olhou rapidamente para o garoto à minha frente. — Nós conhecemos você?
— Eu me chamo . — ele se apresentou, sorrindo fraco.
— Ah, bom. Continue o que estava fazendo, , iremos à academia às sete, esteja aquecida. – ela forçou um sorriso, e voltou para o quarto.
Voltei o meu olhar para , que ainda via minha mãe se afastar.
- Um pouco diferente sua mãe, não é? – comentou, ainda sem me olhar.
- Aham. – respondi, sem dar muita importância, e voltando para os meus exercícios.
sentou-se no canto da escada e se virou de lado, me observando durante meus exercícios.
- O que foi? – perguntei, depois de alguns minutos com o seu olhar em cima de mim.
- Você não gosta muito disso, não é? – ele perguntou, sorrindo de canto.
- Disso o quê?
- Desses concursos, você sabe, dessa coisa toda.
- Se eu não gostasse, não estaria aqui. – forcei um sorriso, sendo rude. Era só o que me faltava, um garoto pra se meter no que eu gosto ou deixo de gostar.
- Quer me contar o motivo pelo qual você tá aqui? Porque, por gostar, não é.
- Garoto, você nem me conhece.
- E já sei que você não é desse mundo aqui, imagine se eu conhecesse...
- Não se pode mais nem se exercitar em paz, mas que droga! – bufei, parando meus exercícios e indo até o elevador. Iria para a academia.
- E pra onde você vai? – perguntou, vindo atrás de mim.
- Pro inferno! – respondi, e entrei rapidamente no elevador, apertando o botão para que a porta se fechasse logo.
Ainda bem que ele não tentou vim atrás ou a porta não se fecharia e a minha paciência iria completamente para o espaço.
— Oh! O que eu mais quero no momento, para mim? — repeti, procurando uma resposta que soasse verdadeira. Ao menos uma tinha de ser, certo? — Eu quero... Eu quero ser feliz. — completei, sorrindo para a câmera.
Feliz. Uma palavra tão pequena, mas com um significado tão grande e distinto. Para você, o que é ser feliz?
Mas nem tudo na vida é felicidade, não é? Afinal, se fosse, eu não estaria aqui. Isso aqui nunca foi um desejo meu ou algo que me agradasse, mas para minha mãe, isso era um sonho, sonho esse que eu estava realizando sem nem ao menos ter a opção de não querer fazer isso com a minha vida. Por que me perguntar o que eu quero fazer da minha vida, não é? Eu sou apenas a dona dela, mas do que isso importa?
— Obrigado, Miss . Palmas para ela.
Sorri e acenei, lembrando-me dos pinguins de Madagascar, e fui para junto das outras concorrentes.
Permaneci ali com um sorriso bem forçado no rosto, observando as outras candidatas responderem às mesmas perguntas que eu respondi – com a mesma falsidade e tudo.
— Você foi ótima, querida! — minha mãe sorriu, entregando-me uma garrafa de água. — Mas o que foi aquilo de ser feliz? Tinha que ter dado uma resposta melhor para agradá-los.
Forcei um sorriso em concordância e voltei a observar as outras meninas que estavam com o desespero estampado no rosto e bebendo muita água – já que não deviam estar comendo há dias para o primeiro dia dessa competição.
Avistei Maddie e sorri. O primeiro sorriso verdadeiro que eu tinha dado hoje, para ser sincera.
Maddie era simplesmente o oposto de todas as garotas que estavam aqui hoje: tranquila, gordinha e feliz. Um dia eu queria ser que nem Maddie.
— Cadê o sorriso? Pensei que ele tivesse ficado preso em você pelo tempo que você o forçou. — brincou, me dando um abraço. Minha mãe não fez questão de disfarçar ao revirar os olhos.
— Ele já deve estar acostumado. — dei de ombros, entrando na brincadeira.
— Sinceramente, eu não sei como essas meninas aguentam, . — fez uma careta ao olhar para as meninas que passavam por ali.
Nenhuma das garotas que estavam ali tentavam disfarçar o olhar torto para Maddie como se ela fosse uma aberração, coisa que estava longe de ser. Olhavam-na torto, com caretas e comentários do tipo “o que essa baleia faz fora do mar?” ou “é só ela, ou o clima aqui pesou?”, acompanhados de risinhos e gracinhas. Como eu odiava aquilo, mas minha amiga não dava a mínima para isso, o que eu admirava.
Minha mãe bufou alto, me matando de vergonha, e eu a pedi para que pegasse alguma barra nutritiva para que eu comesse e sua resposta foi dócil e claramente de uma mãe preocupada:
— Você está louca, ? Em pleno concurso me vem querendo comer? No máximo uma garrafinha de água e olhe lá, ora essa. — respondeu, irritada com minha pergunta. Estão vendo? Essa é a minha realidade: morrer de fome.
— Sou obrigada a morrer de fome, então? — perguntei, irônica. Ela massageou as têmporas, pedindo a Deus por paciência.
— Sim, , é obrigada a morrer de fome e espero que não reclame por isso.
Maddie murmurou um “ihh...” e eu a puxei para longe dali, longe da minha mãe. Eu não era obrigada a morrer de fome, não, e sabia muito bem que minha amiga não faria isso comigo.
— Me diga que você tem algo de comer aí? — pedi, juntando minhas mãos e com a cara mais piedosa que eu tinha.
Ela abriu um sorriso fraco e tirou uma barra de chocolate de sua bolsa, entregando-me. O meu sorriso foi, com certeza, de uma criança que tinha ganhado o maior e mais saboroso pirulito da sua loja de doces favorita. Nem liguei para os modos que minha mãe fez tanta questão de passar para mim para que eu não “a envergonhasse” ao jantar com alguém importante que ela provavelmente gostaria que fosse o futuro pai do meu filho, e devorei aquela barra com gosto. Não só aquela, como mais outra duas que Maddie tinha trazido em sua mochila e não foi egoísta ao me oferecer. Eu via em seus olhos que ela ficava feliz em ser minha salvadora aqui dentro.
Quando acabei de comê-las, me despedi de Maddie e voltei para onde minha mãe estava, teria mais uma passada naquele palco antes de retornar ao hotel.
Fiquei ao seu lado enquanto ela discutia com algumas pessoas da equipe sobre maquiagem, cabelo e roupas, como sempre fazia. Do nada, minha mãe se virou para mim e me puxou para o canto.
— Isso é cheiro de chocolate, ? — cerrou os olhos, cheirando minha boca. Neguei rapidamente, por Deus, que faro era esse? Coisa de cachorro. — Isso é chocolate, sim!
Arregalou os olhos e eu a acompanhei, sem saber como a responder.
— Foi só um bombom, mãe. — mordi o lábio, em uma clara mentira.
— Só um bombom, ? — riu alto, inconformada. — Como você ainda me diz isso? Você está na porta do concurso mais importante do ano! Você sabe o que é isso? Dê um pingo de valor a tudo que eu faço por você, por Deus, garota. — tocou meu rosto, obrigando-me a olhar para as meninas que se acomodavam ali, nervosas. — Está vendo essas meninas?! Todas elas estão magras, intactas. Não foram comer porcaria de bombom nenhum e estão bem dispostas, concentradas e levando isso a sério. — virou meu rosto para olhá-la novamente. — E olhe para você! Fugindo com aquela baleia que você chama de amiga para comer um bombom e arruinar todos os meus esforços. Eu não estou acreditando nisso...
— Desculpa, mãe. — pedi, baixinho. Ela tinha esse poder sobre mim, fazia com que eu me sentisse mal com os mesmo esforços que piscava os olhos.
— Desculpa? — ela riu mais uma vez. — Faça algo sobre isso, Miss . — olhou-me, séria.
Eu sabia muito bem do que ela estava falando. Sabia o que eu tinha de fazer, mas não me sentia bem o fazendo depois de ter prometido a Ethan que não faria mais. Porém, certo é certo.
Eu comi, eu que arcasse com as consequências.
Foquei meu olhar novamente e vi minha mãe, um pouco mais à frente, conversando com um dos patrocinadores do concurso animadamente. Aproximei-me deles, com um falso sorriso no rosto, e disse:
— Com licença, vou ao toalete.
Andei em passos lentos até o banheiro. Eu sabia o que eu tinha de fazer, mas me faltava coragem. Mil desculpas, Ethan, eu não vou descumprir minha promessa por mal, eu juro.
Abri uma das portas do banheiro onde tinha o vaso sanitário e entrei no pequeno cômodo, fechando a porta atrás de mim e a trancando. Vamos lá, , você tem que fazer isso.
Fechei os olhos e levei meu dedo indicador até minha boca, o enfiei na minha garganta até onde dava, trazendo o vômito ao retirá-lo dali. Cuspi tudo dentro do vaso sanitário e repeti o gesto mais algumas vezes. Parei de fazê-lo quando vi que já não tinha mais o que pôr pra fora. Cuspi mais algumas vezes, a fim de tirar qualquer vestígio da minha boca, e saí da cabine indo em direção à pia. Lavei todo o meu rosto, com cuidado para não estragar meu penteado ou minha maquiagem, e o enxuguei com o papel.
Respirei fundo algumas vezes e sai do banheiro, deixando para trás a culpa do que eu tinha acabado de fazer. Voltei de encontro à minha mãe, que não se encontrava mais conversando com o homem de antes. Assim que me viu, sorriu.
— Tudo certo? — perguntou, arqueando a sobrancelha. Ela queria saber se eu tinha feito.
Afirmei com a cabeça, silenciosamente, e ela sorriu, murmurando dizendo um “você é uma garota linda, querida”.
— Vamos até a Sam para que ela retoque a sua maquiagem, sim? — disse, sorrindo.
Ela me puxou pela mão de volta para o camarim onde eu arrumara meu cabelo e fizera minha maquiagem algumas horas antes.
Estávamos finalmente no hotel. O resto do primeiro dia de concurso foi tranquilo, era apenas a apresentação. Esse concurso seria diferente de todos os outros que já participei e era também o mais importante. O primeiro dia – no caso, hoje – seria apenas nossa “apresentação” para os patrocinadores, que dariam opiniões importantes sobre qual das Misses eles queriam como ganhadoras, por isso era tão importante. Nós teríamos um mês para conquistá-los e vocês devem imaginar como seria complicado, não é? São trinta garotas diferentes, todas morando no mesmo hotel durante um mês e com o mesmo objetivo. Se mulheres brigam normalmente, imaginem com algo tão grande no topo.
Cada uma cuidaria do seu, mas sempre teria aquelas que fariam de tudo para destruir os das outras também, vocês sabem.
O meu medo maior era que minha mãe me fizesse ser uma dessas garotas, eu não queria agir assim e nem prejudicar ninguém, mas vocês já devem ter uma ideia de como minha mãe é, certo? Eu não teria muita escolha.
Depois de tomar um banho relaxante de banheira e passar alguns – ou vários – produtos no meu corpo e rosto que minha mãe mandou, saí do banheiro enrolada em um roupão. Peguei uma água no freezer, tirei a tampinha e dei alguns goles longos. Em frente ao espelho, tirei o roupão e comecei a avaliar o meu corpo... Os meus braços sempre foram assim tão gordos? E por que minha barriga estava tão para frente? Minhas coxas eram tão grossas assim mesmo?
O que estava acontecendo com meu corpo, por Deus?
Primeira semana...
O concurso iria começar de verdade agora. A competição seria séria e cada fracasso seria uma eliminatória, até que ficassem apenas cinco garotas, para que os patrocinadores escolhesse apenas uma – a ganhadora.
Se os nervos já estavam à flor da pele na apresentação aos patrocinadores, imagine agora, no início do concurso.
— Penteie melhor esse cabelo. — minha mãe disse, e jogou um pente em minha direção. — E mostre esse sorriso, não paguei branqueamentos para que você fique com a porra da sua boca fechada, .
Respirei fundo. Tudo por um bem maior, , tudo por um bem maior.
— Tá bom assim? — me referi ao meu cabelo, após penteá-lo de um jeito diferente.
— Está. — respondeu, e me observou melhor dos pés à cabeça. — Por que você está tão composta? Estamos indo para um jantar com um homem importantíssimo, por Deus, você não vai para a igreja!
Andou até meu armário e começou a mexer em minhas roupas.
— Valorize seus peitos e sua barriga seca, por favor, não pago um personal particular para que você desperdice não expondo seu corpo do jeito certo. — me jogou um cropped que deixaria meus peitos espremidos e vulgares. — Essa saia também não tá bonita. Trouxe aquela branca na mala?
Afirmei com a cabeça e ela foi procurá-la, enquanto eu trocava a roupa pela que ela jogou em mim. Quando ela jogou a saia, eu também tratei de logo a vestir. Minha mãe andou até onde eu estava e me encarou, falando bem séria:
— , ouça bem, esse homem é muito importante. Ele é o maior patrocinador desse concurso, não podemos perder um mês das nossas vidas aqui pra que você não leve essa coroa para casa, entendeu? — afirmei com a cabeça, sem dar tanta atenção. Era o mesmo sermão de sempre. Então ela seguiu com a bomba: — Durma com ele hoje a qualquer custo.
Arregalei meus olhos. Passei de modelo à prostituta de uma hora para outra, então?
— Como? — apertei os olhos, sem ter certeza se ouvi direito.
— Durma com o cara a todo custo. — sibilou, olhando-me nos olhos. — Ainda não entendeu?
— Mãe... — as palavras sumiram. Neguei com a cabeça rapidamente. — Mãe... Você tá se ouvindo? Eu sou virgem! Você sabe disso.
— Esse cara é muito poderoso, filha, você vai ganhar essa coroa se conquistá-lo em tempo. E o que é uma virgindade, hein? Você vai perder isso um dia, de qualquer jeito. Invista agora por algo melhor, do que com qualquer um por aí por algo que você ache que é amor.
Abri a boca algumas vezes, mas não consegui pronunciar nada. Apenas mordi o lábio e voltei a me sentar na cama, ela entendeu isso como um tudo bem, apesar de não ser.
— Nem se sente! — gritou, e eu me levantei rapidamente. — Tire essa roupa e vá descer e subir as escadas para ver se perde um pouco mais de peso, você está cada dia mais gorda.
Olhei rapidamente para o meu corpo e, droga, ela tinha razão. Assenti, fiz o que ela disse e fui para as escadas, subi-las e descê-las algumas vezes. Subia os quatro primeiros degraus e os descia rapidamente. Repeti o gesto várias vezes seguidas.
— Ahn... Oi? — procurei de onde vinha a voz e encontrei um rapaz ali, sorrindo fraco.
— Oi. — respondi, parando para olhá-lo.
— Tá tudo... bem? — riu, arqueando a sobrancelha.
— Está, ué. Por que não estaria?
— Você está subindo e descendo as escadas há um bom tempo, talvez por isso? — respondeu, como se fosse óbvio.
— Exercícios. — dei de ombros.
— Você sabe que o hotel tem academia, não é? — zombou, e eu arqueei a sobrancelha. — Quer dizer, não que você precise...
— Eu sei, sim. — forcei um sorriso, sem querer dar muita atenção.
— Eu me chamo...
— ! Por que você parou? — minha mãe apareceu nas escadas e olhou rapidamente para o garoto à minha frente. — Nós conhecemos você?
— Eu me chamo . — ele se apresentou, sorrindo fraco.
— Ah, bom. Continue o que estava fazendo, , iremos à academia às sete, esteja aquecida. – ela forçou um sorriso, e voltou para o quarto.
Voltei o meu olhar para , que ainda via minha mãe se afastar.
- Um pouco diferente sua mãe, não é? – comentou, ainda sem me olhar.
- Aham. – respondi, sem dar muita importância, e voltando para os meus exercícios.
sentou-se no canto da escada e se virou de lado, me observando durante meus exercícios.
- O que foi? – perguntei, depois de alguns minutos com o seu olhar em cima de mim.
- Você não gosta muito disso, não é? – ele perguntou, sorrindo de canto.
- Disso o quê?
- Desses concursos, você sabe, dessa coisa toda.
- Se eu não gostasse, não estaria aqui. – forcei um sorriso, sendo rude. Era só o que me faltava, um garoto pra se meter no que eu gosto ou deixo de gostar.
- Quer me contar o motivo pelo qual você tá aqui? Porque, por gostar, não é.
- Garoto, você nem me conhece.
- E já sei que você não é desse mundo aqui, imagine se eu conhecesse...
- Não se pode mais nem se exercitar em paz, mas que droga! – bufei, parando meus exercícios e indo até o elevador. Iria para a academia.
- E pra onde você vai? – perguntou, vindo atrás de mim.
- Pro inferno! – respondi, e entrei rapidamente no elevador, apertando o botão para que a porta se fechasse logo.
Ainda bem que ele não tentou vim atrás ou a porta não se fecharia e a minha paciência iria completamente para o espaço.
Capítulo 2
Para ser sincera, eu mal dormi. Passei praticamente o resto da minha noite na academia, subi, tomei um banho e fui provar roupa e ensaiar para a primeira etapa do concurso. Hoje, nós conquistaríamos os patrocinadores com o que eles mais gostam: o corpo. Usaríamos um biquíni na piscina do hotel enquanto tirávamos umas fotos e os patrocinadores estariam lá, observando.
Eu me sentia nervosa com meu corpo, apesar de estar sem comer há alguns dias e ter me matado em exercícios, eu estava cada dia mais insatisfeita com ele. Não sabia se vomitava, se praticava mais exercícios ou se chorava, e minha mãe não ajudava em nada.
- Vamos, levante! – ela dizia, enquanto abria todas as cortinas possíveis do quarto. – Nós temos que ir até a Sam para poder escolher o que usará hoje.
- Eu já decidi, mãe. – resmunguei, tentando voltar a dormir.
- Você não decide as coisas sem mim, . Ande, levante logo.
- O que achou, querida? – Sam me perguntou, sorrindo.
- Eu adorei! – retribui seu sorriso, me olhando melhor no espelho. – Eu estou muito gorda, Sam? Por favor, seja sincera.
- Claro que não, ! Nem ouse pensar...
- Está, sim. Não minta para a garota, Samantha, ela está cada dia pior, porque não colabora comigo. Vamos, diga a ela! – minha mãe disse, firme, olhando para Samantha.
- Ela não está, Sra. , e já está na hora de deixá-la comer algo antes que ela desmaie. – Sam respondeu, brava. Virou-se e saiu do quarto, deixando apenas eu e minha mãe.
- Não escute o que ela diz, ela morre de inveja de você, querida. – ela disse, mudando seu tom para um mais dócil. – Dê uma voltinha para que eu veja.
Fiz o que ela me pediu, apreensiva, enquanto minha mãe me observava cuidadosamente. Ela observava cada detalhe e eu tinha certeza absoluta que ela acharia mil defeitos.
- Bom, não está perfeito, mas dá para o gasto. – ela suspirou. – Vamos, não quero que chegue atrasada.
- Ok, meninas, vamos fotografar uma por vez de acordo com seus números, tá? – o fotógrafo explicou, arrumando a lente da sua câmera. – Enquanto isso, vocês irão desfilar para os convidados e responder perguntas, se necessário.
- Vamos começar com a garota número um. – sua assistente completou, e a garota em questão andou até o local arrumado.
Olhei ao redor e vi a área, na sombra, onde os patrocinadores estavam. Avistei James, o principal, como minha mãe explicou, e vi que era aquele o meu alvo. Respirei fundo e murchei a barriga, caminhando com toda a postura do mundo – e um sorriso dócil no rosto – até o lado de onde ele estava. Algumas meninas vieram para o mesmo lado que eu, outras para o lado oposto – estas provavelmente não sabiam quem era peixe grande ali e quem não era. Eu não era uma pessoa que sabia como ser sexy ou como seduzir algum homem, afinal, eu nunca namorei ou fui de ir a baladas, vivia por concursos e as únicas experiências que tive eram com amigos de longas datas e, mesmo assim, passageiras. Não passava de alguns beijos e mãos bobas, o que não era necessária toda uma sedução.
Tentei sorrir de forma provocante, mas acho que foi em vão. Vi que as meninas ao meu redor se saiam muito bem nesse quesito e isso me deixo um pouco – muito – nervosa.
- Continue assim, está indo bem. – sussurrou em meu ouvido. Reconheci sua voz no mesmo segundo, tinha me irritado demais com ela no dia anterior.
- O que você está fazendo aqui, garoto? – perguntei, entredentes.
- . O meu nome é . – sorriu, canalha. – Me chame pelo meu nome.
- O que você está fazendo aqui, ?
- Eu vim ver as opções... – respondeu, simplesmente, olhando ao redor. Mais precisamente para o corpo da morena ao meu lado, que sorriu para ele, dando um tchauzinho. Ele devolveu o tchauzinho, sorrindo de volta.
- Esse é um evento fechado. Como você entrou?
- O meu pai é um dos patrocinadores. – deu de ombros. – Mais precisamente, aquele ali. – ele apontou com a cabeça para o que eu nomeei de “peixe grande”. – Então, sugiro que você me trate muito bem, .
E então, ele mordeu a minha bochecha antes de ir para o lado de seu pai, que mal o olhou. continuou sorrindo cafajeste para mim por alguns minutos, até que dirigi minha atenção para o seu pai, e ele para as outras modelos dali.
Era só o que me faltava, ter de me submeter a filhinho de papai mimado.
Por sorte, eu me dei bem. Enquanto eu tirava as fotos pedidas, o peixe grande ficou me observando durante todo o tempo em que fiquei ali e, assim que terminei, me chamou para jantar com ele à noite. O melhor de tudo era: não estava perto dele em nenhum momento. Na verdade, ele havia sumido, o que era ótimo, porque eu conseguiria o que tanto queria. Melhor, o que tanto minha mãe queria.
- Eu sabia que você conseguiria jantar com ele, querida. Eu tinha certeza absoluta! Você irá usar a roupa que escolhemos ontem, ela valoriza bastante o seu corpo e Sam está vindo para fazer sua maquiagem. Por favor, , não pense duas vezes antes de ir para o quarto com ele. Como eu disse: ele é peixe grande. Conquiste-o, use de todos os seus dotes e leve esse homem para a cama, pelo amor de Deus. – minha mãe dizia, andando de um lado para o outro no quarto, mais nervosa que eu.
Eu, na verdade, não estava nem um pouco animada para esse jantar, principalmente pelo fato do que eu teria de fazer.
- Eu combinei com a garçonete do hotel, aquela bonitinha lá, sabe? Você pode descer e comer o que eu selecionei porque está fraca demais. Mas, escute bem, só o que eu deixei dito, ouviu? Se você comer uma uva a mais, ficará sem comer até o fim do mês. – disse, firme, me encarando. – Estamos entendidas, querida?
- Claro, mamãe. – forcei um sorriso para ela, e peguei meu celular, descendo para a lanchonete do hotel.
Procurei pela tal garçonete que me trouxe o pedido da minha mãe: um cacho de uvas, um suco e uma barrinha de cereal. O cacho tinha algumas uvas faltando, era notável. Sorri, agradecendo, e comecei a comê-las.
Que sensação ótima. Estava morta de fome e, com certeza, aquela comida não me satisfaria.
- Parece que o destino me quer junto de você. – disse, sorrindo ao se sentar ao meu lado.
Revirei os olhos, pondo outra uva na minha boca.
- “Oi, , que bom te ver! Você sabe, né, tenho que te mimar porque o seu pai pode me ajudar dentro do concurso.” – ele afinou a voz, tentando me imitar. Em seguida, engrossou-a, completando: - Que isso, minha linda, não precisa me mimar. É só não fingir que não gosta da minha companhia...
Gargalhei alto com aquele péssimo diálogo e o fitei, arqueando a sobrancelha. sorriu, piscando um dos olhos.
- Olha só, eu consegui sua atenção, palmas para mim...
- Quer ser mimado, é? – brinquei, arrancando outra uva do cacho e levando até a boca de , que a abriu, prendendo o riso.
- Boa garota... – ele sorriu, também arrancando uma uva do cacho e direcionando para a minha boca. Abri-la, recebendo a uva de bom grado, enquanto ele dizia: - Mas fica muito mais sexy quando é você comendo.
Revirei os olhos, sorrindo enquanto mastigava a uva.
- Você vai comer só isso?
- Sim, minha mãe só deixou dito isso aqui. – respondi, fazendo uma carinha triste.
levantou a mão e chamou a garçonete, que veio até nós arrumando os seios e o cabelo. Ela abriu um sorriso enorme para , e disse, com segundas e terceiras intenções:
- Em que posso ajudar, ? Estou completamente ao seu dispor.
Ele riu, e me olhou.
- Traz a maior taça de sorvete que você tiver aí, com muita cobertura... Que sabor você gosta, linda?
- Não, . – neguei rapidamente, arregalando os olhos. – Eu não vou comer isso!
- Ela realmente não pode se dar esse luxo, , mas, se quiser, eu como com você. – a garçonete se ofereceu, sorrindo maliciosamente.
olhou dela para mim, para ela de novo, e sorriu.
- Tem certeza, ?
- Você realmente acha que eu não posso “me dar o luxo” de comer algo do tipo, garota? – uni as sobrancelhas, indignada. A puta deu de ombros, rindo. – Pode trazer porque eu posso, sim, comer isso e vou continuar com um corpo mil vezes melhor que o seu! Corpo esse, que faz o me preferir a você.
gargalhou alto da cara de raiva que a garçonete fez.
- Pode ir, querida, coloque na conta do meu pai, tá? – ele disse, sorrindo.
Era por isso que essa garotas ficavam louquinhas por ele: ele não parava de sorrir.
- Acha que me conquista até o fim do concurso? – perguntou.
- Eu já conquistei. – respondi, piscando um dos olhos para ele.
Eu me sentia nervosa com meu corpo, apesar de estar sem comer há alguns dias e ter me matado em exercícios, eu estava cada dia mais insatisfeita com ele. Não sabia se vomitava, se praticava mais exercícios ou se chorava, e minha mãe não ajudava em nada.
- Vamos, levante! – ela dizia, enquanto abria todas as cortinas possíveis do quarto. – Nós temos que ir até a Sam para poder escolher o que usará hoje.
- Eu já decidi, mãe. – resmunguei, tentando voltar a dormir.
- Você não decide as coisas sem mim, . Ande, levante logo.
- O que achou, querida? – Sam me perguntou, sorrindo.
- Eu adorei! – retribui seu sorriso, me olhando melhor no espelho. – Eu estou muito gorda, Sam? Por favor, seja sincera.
- Claro que não, ! Nem ouse pensar...
- Está, sim. Não minta para a garota, Samantha, ela está cada dia pior, porque não colabora comigo. Vamos, diga a ela! – minha mãe disse, firme, olhando para Samantha.
- Ela não está, Sra. , e já está na hora de deixá-la comer algo antes que ela desmaie. – Sam respondeu, brava. Virou-se e saiu do quarto, deixando apenas eu e minha mãe.
- Não escute o que ela diz, ela morre de inveja de você, querida. – ela disse, mudando seu tom para um mais dócil. – Dê uma voltinha para que eu veja.
Fiz o que ela me pediu, apreensiva, enquanto minha mãe me observava cuidadosamente. Ela observava cada detalhe e eu tinha certeza absoluta que ela acharia mil defeitos.
- Bom, não está perfeito, mas dá para o gasto. – ela suspirou. – Vamos, não quero que chegue atrasada.
- Ok, meninas, vamos fotografar uma por vez de acordo com seus números, tá? – o fotógrafo explicou, arrumando a lente da sua câmera. – Enquanto isso, vocês irão desfilar para os convidados e responder perguntas, se necessário.
- Vamos começar com a garota número um. – sua assistente completou, e a garota em questão andou até o local arrumado.
Olhei ao redor e vi a área, na sombra, onde os patrocinadores estavam. Avistei James, o principal, como minha mãe explicou, e vi que era aquele o meu alvo. Respirei fundo e murchei a barriga, caminhando com toda a postura do mundo – e um sorriso dócil no rosto – até o lado de onde ele estava. Algumas meninas vieram para o mesmo lado que eu, outras para o lado oposto – estas provavelmente não sabiam quem era peixe grande ali e quem não era. Eu não era uma pessoa que sabia como ser sexy ou como seduzir algum homem, afinal, eu nunca namorei ou fui de ir a baladas, vivia por concursos e as únicas experiências que tive eram com amigos de longas datas e, mesmo assim, passageiras. Não passava de alguns beijos e mãos bobas, o que não era necessária toda uma sedução.
Tentei sorrir de forma provocante, mas acho que foi em vão. Vi que as meninas ao meu redor se saiam muito bem nesse quesito e isso me deixo um pouco – muito – nervosa.
- Continue assim, está indo bem. – sussurrou em meu ouvido. Reconheci sua voz no mesmo segundo, tinha me irritado demais com ela no dia anterior.
- O que você está fazendo aqui, garoto? – perguntei, entredentes.
- . O meu nome é . – sorriu, canalha. – Me chame pelo meu nome.
- O que você está fazendo aqui, ?
- Eu vim ver as opções... – respondeu, simplesmente, olhando ao redor. Mais precisamente para o corpo da morena ao meu lado, que sorriu para ele, dando um tchauzinho. Ele devolveu o tchauzinho, sorrindo de volta.
- Esse é um evento fechado. Como você entrou?
- O meu pai é um dos patrocinadores. – deu de ombros. – Mais precisamente, aquele ali. – ele apontou com a cabeça para o que eu nomeei de “peixe grande”. – Então, sugiro que você me trate muito bem, .
E então, ele mordeu a minha bochecha antes de ir para o lado de seu pai, que mal o olhou. continuou sorrindo cafajeste para mim por alguns minutos, até que dirigi minha atenção para o seu pai, e ele para as outras modelos dali.
Era só o que me faltava, ter de me submeter a filhinho de papai mimado.
Por sorte, eu me dei bem. Enquanto eu tirava as fotos pedidas, o peixe grande ficou me observando durante todo o tempo em que fiquei ali e, assim que terminei, me chamou para jantar com ele à noite. O melhor de tudo era: não estava perto dele em nenhum momento. Na verdade, ele havia sumido, o que era ótimo, porque eu conseguiria o que tanto queria. Melhor, o que tanto minha mãe queria.
- Eu sabia que você conseguiria jantar com ele, querida. Eu tinha certeza absoluta! Você irá usar a roupa que escolhemos ontem, ela valoriza bastante o seu corpo e Sam está vindo para fazer sua maquiagem. Por favor, , não pense duas vezes antes de ir para o quarto com ele. Como eu disse: ele é peixe grande. Conquiste-o, use de todos os seus dotes e leve esse homem para a cama, pelo amor de Deus. – minha mãe dizia, andando de um lado para o outro no quarto, mais nervosa que eu.
Eu, na verdade, não estava nem um pouco animada para esse jantar, principalmente pelo fato do que eu teria de fazer.
- Eu combinei com a garçonete do hotel, aquela bonitinha lá, sabe? Você pode descer e comer o que eu selecionei porque está fraca demais. Mas, escute bem, só o que eu deixei dito, ouviu? Se você comer uma uva a mais, ficará sem comer até o fim do mês. – disse, firme, me encarando. – Estamos entendidas, querida?
- Claro, mamãe. – forcei um sorriso para ela, e peguei meu celular, descendo para a lanchonete do hotel.
Procurei pela tal garçonete que me trouxe o pedido da minha mãe: um cacho de uvas, um suco e uma barrinha de cereal. O cacho tinha algumas uvas faltando, era notável. Sorri, agradecendo, e comecei a comê-las.
Que sensação ótima. Estava morta de fome e, com certeza, aquela comida não me satisfaria.
- Parece que o destino me quer junto de você. – disse, sorrindo ao se sentar ao meu lado.
Revirei os olhos, pondo outra uva na minha boca.
- “Oi, , que bom te ver! Você sabe, né, tenho que te mimar porque o seu pai pode me ajudar dentro do concurso.” – ele afinou a voz, tentando me imitar. Em seguida, engrossou-a, completando: - Que isso, minha linda, não precisa me mimar. É só não fingir que não gosta da minha companhia...
Gargalhei alto com aquele péssimo diálogo e o fitei, arqueando a sobrancelha. sorriu, piscando um dos olhos.
- Olha só, eu consegui sua atenção, palmas para mim...
- Quer ser mimado, é? – brinquei, arrancando outra uva do cacho e levando até a boca de , que a abriu, prendendo o riso.
- Boa garota... – ele sorriu, também arrancando uma uva do cacho e direcionando para a minha boca. Abri-la, recebendo a uva de bom grado, enquanto ele dizia: - Mas fica muito mais sexy quando é você comendo.
Revirei os olhos, sorrindo enquanto mastigava a uva.
- Você vai comer só isso?
- Sim, minha mãe só deixou dito isso aqui. – respondi, fazendo uma carinha triste.
levantou a mão e chamou a garçonete, que veio até nós arrumando os seios e o cabelo. Ela abriu um sorriso enorme para , e disse, com segundas e terceiras intenções:
- Em que posso ajudar, ? Estou completamente ao seu dispor.
Ele riu, e me olhou.
- Traz a maior taça de sorvete que você tiver aí, com muita cobertura... Que sabor você gosta, linda?
- Não, . – neguei rapidamente, arregalando os olhos. – Eu não vou comer isso!
- Ela realmente não pode se dar esse luxo, , mas, se quiser, eu como com você. – a garçonete se ofereceu, sorrindo maliciosamente.
olhou dela para mim, para ela de novo, e sorriu.
- Tem certeza, ?
- Você realmente acha que eu não posso “me dar o luxo” de comer algo do tipo, garota? – uni as sobrancelhas, indignada. A puta deu de ombros, rindo. – Pode trazer porque eu posso, sim, comer isso e vou continuar com um corpo mil vezes melhor que o seu! Corpo esse, que faz o me preferir a você.
gargalhou alto da cara de raiva que a garçonete fez.
- Pode ir, querida, coloque na conta do meu pai, tá? – ele disse, sorrindo.
Era por isso que essa garotas ficavam louquinhas por ele: ele não parava de sorrir.
- Acha que me conquista até o fim do concurso? – perguntou.
- Eu já conquistei. – respondi, piscando um dos olhos para ele.
Capítulo 3
Outra semana tinha se passado de vários e vários testes. Sim, após comer meia taça de sorvete com o , eu vomitei e lavei minha boca diversas vezes antes de voltar para o quarto e me arrumar para o jantar.
Ah, e sobre o jantar? O ligou para o pai dele logo no comecinho e inventou que estava passando mal, me salvando de ter de fazer algo. Sim, eu comentei com ele sobre o jantar que eu teria e que estava nervosa para ir e ele o “adiou” para mim. Nós até que estávamos com uma relação boa, apesar de provocações inevitáveis, e as garotinhas que davam em cima dele e, de quebra, me irritavam ao me xingar por estar perto dele. Maturidade, a gente se ver por aqui.
- Que saco essas garotas!
- Ciúme? – perguntou, e arqueou a sobrancelha.
- Falta de paciência. – respondi, sem me virar para ele.
Nós estávamos voltando da piscina do hotel. Ele se ofereceu para me acompanhar até o meu quarto e depois iria para o dele, porque teria outra etapa mais tarde, infelizmente.
- Elas estão agindo que nem você, investindo em mim. Porque, afinal, bajular o filho lindo e gostoso é bem melhor do que o pai velho, não é?
- Eu prefiro seu pai.
- Eu vi como você evitou aquele jantar... Bom, se prefere, o próximo jantar eu não estrago.
- Não estrague. Minha mãe disse que eu tenho que dormir com ele, então, vamos logo com isso. – disse, sem nem pensar antes.
parou de andar imediatamente e se virou para mim, com os olhos arregalados e uma expressão de... Nojo?
- Como? Você vai dormir com meu pai por causa dessa... Merda de concurso? – perguntou, incrédulo. Ele forçou uma risada negando com a cabeça. – Eu pensei que você não fosse desse tipinho.
- Eu sou desse tipinho, , você se enganou comigo. Todas nós somos e, é isso, faremos de tudo para ganhar, quer você queira ou não. Aproveite e use isso para dormir com todas as meninas daqui... Pode valer para algo.
- Não! Você não é assim, . Eu sei que não é... Eu sempre soube. Você nem ao menos quer ser assim, me diga por que você ainda assim tenta?
- Eu sou assim.
- Não é!
- Tudo bem, , de hoje não passa. Pergunte ao seu pai amanhã se eu não sou igual a todas as outras. – disse e saí, forçando um sorriso para ele.
Ele nem ao menos tentou me impedir ou disse algo, apenas se virou e foi para o lado oposto, o seu quarto.
Ah, e sobre o jantar? O ligou para o pai dele logo no comecinho e inventou que estava passando mal, me salvando de ter de fazer algo. Sim, eu comentei com ele sobre o jantar que eu teria e que estava nervosa para ir e ele o “adiou” para mim. Nós até que estávamos com uma relação boa, apesar de provocações inevitáveis, e as garotinhas que davam em cima dele e, de quebra, me irritavam ao me xingar por estar perto dele. Maturidade, a gente se ver por aqui.
- Que saco essas garotas!
- Ciúme? – perguntou, e arqueou a sobrancelha.
- Falta de paciência. – respondi, sem me virar para ele.
Nós estávamos voltando da piscina do hotel. Ele se ofereceu para me acompanhar até o meu quarto e depois iria para o dele, porque teria outra etapa mais tarde, infelizmente.
- Elas estão agindo que nem você, investindo em mim. Porque, afinal, bajular o filho lindo e gostoso é bem melhor do que o pai velho, não é?
- Eu prefiro seu pai.
- Eu vi como você evitou aquele jantar... Bom, se prefere, o próximo jantar eu não estrago.
- Não estrague. Minha mãe disse que eu tenho que dormir com ele, então, vamos logo com isso. – disse, sem nem pensar antes.
parou de andar imediatamente e se virou para mim, com os olhos arregalados e uma expressão de... Nojo?
- Como? Você vai dormir com meu pai por causa dessa... Merda de concurso? – perguntou, incrédulo. Ele forçou uma risada negando com a cabeça. – Eu pensei que você não fosse desse tipinho.
- Eu sou desse tipinho, , você se enganou comigo. Todas nós somos e, é isso, faremos de tudo para ganhar, quer você queira ou não. Aproveite e use isso para dormir com todas as meninas daqui... Pode valer para algo.
- Não! Você não é assim, . Eu sei que não é... Eu sempre soube. Você nem ao menos quer ser assim, me diga por que você ainda assim tenta?
- Eu sou assim.
- Não é!
- Tudo bem, , de hoje não passa. Pergunte ao seu pai amanhã se eu não sou igual a todas as outras. – disse e saí, forçando um sorriso para ele.
Ele nem ao menos tentou me impedir ou disse algo, apenas se virou e foi para o lado oposto, o seu quarto.
Capítulo 4
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Mais uma etapa do concurso. Dessa vez, desfilaríamos de biquíni em rede internacional e os jurados dariam notas ao nosso corpo. Estávamos todas em uma sala, de maiô, onde mediriam nossa cintura, peso, etc.
Eu acho que nunca senti uma sensação tão ruim quanto aquela ao ver meu peso na bina. 56 quilos? Era isso mesmo? Por que Deus estava fazendo isso comigo? Por que me mandou tanta gordura? Eu estava fazendo tudo direitinho...
(Coloque a música para tocar agora!)
De repente, me bateu uma vontade incontrolável de chorar. Olhei ao redor, os patrocinadores estavam todos distraídos, conversando entre si. Sai à francesa para o banheiro e meti água molhada no meu rosto, observando meu reflexo no espelho. Respirei fundo e andei até a cabine onde tinha o vaso sanitário. Observei, por alguns segundos, a tampa do vaso e tomei coragem para levantá-la. Os próximos gestos foram rápidos e certos: meti o dedo na garganta e vomitei, fazendo um barulho alto porque não tinha muito mais o que sair dali.
- ? – ouvi a voz de e em seguida a porta batendo.
Fiquei imóvel, não queria que ele soubesse que eu estava ali. Ouvi mais algumas portas batendo, provavelmente ele estava abrindo as outras cabines.
- , eu sei que você está aqui...
Não respondi. Porém, não demorou muito para ele abrisse a cabine em que eu estava: a última. Ele me olhou dos pés a cabeça, seu olhar era triste e confuso. Ele seguiu com o olhar para minha mão e depois para o vaso aberto.
- Me diga que você não estava fazendo o que eu acho que estava, por favor... – pediu, de olhos fechados.
- Eu não... – minha voz falhou, não consegui terminar a frase.
levou sua mão até a minha e me puxou para um abraço. Um abraço que me passou a confiança que ninguém nunca tinha me passado antes, confiança que eu nunca havia sentindo vindo de ninguém. Ele fazia um carinho repetidamente no meu cabelo e na minha cintura. O toque dele era tão bom... Tão acolhedor.
- Não perca a cabeça... Por favor. – ele sussurrou, suplicante. – Ninguém lá fora te conhece, eles vão te julgar, mas eu... Eu não. Eu conheço o seu interior, eu sei que você não é pra isso, não deixa eles te pressionarem a esse ponto, não deixa.
- , eu... – tentei falar, mas o choro me tomou conta.
- Shhh... Vamos embora. – decidiu, tirando seu celular do bolso. – Sebastian, é o , eu tô no hotel do concurso, vá para a saída imediatamente que eu preciso ir embora daqui. Não, depois eu explico.
- Eu não posso! Minha mãe, ela vai...
- Não importa! Você não pode continuar nisso. Nós vamos embora e ligo para a sua mãe e aviso tudo quando estivermos longe daqui.
- E pra onde vamos, ? Pelo amor de Deus, isso é idiotice.
- Vamos para Nova Jersey, tenho casa lá. – deu de ombros, simplesmente.
- Claro que não, garoto! – me soltei do abraço.
revirou os olhos, mostrando-se impaciente.
- Para de cu doce! – disse, antes de me puxar e pressionar os seus lábios nos meus, brutamente.
Em nenhum momento ele pediu passagem para aprofundar o beijo ou fez algo além de manter seus lábios grudados nos meus.
Quando se afastou, me olhou no olhos e disse, sorrindo:
- Vou mandar comprar as passagens, ok?
- Ok...?
Mais uma etapa do concurso. Dessa vez, desfilaríamos de biquíni em rede internacional e os jurados dariam notas ao nosso corpo. Estávamos todas em uma sala, de maiô, onde mediriam nossa cintura, peso, etc.
Eu acho que nunca senti uma sensação tão ruim quanto aquela ao ver meu peso na bina. 56 quilos? Era isso mesmo? Por que Deus estava fazendo isso comigo? Por que me mandou tanta gordura? Eu estava fazendo tudo direitinho...
(Coloque a música para tocar agora!)
De repente, me bateu uma vontade incontrolável de chorar. Olhei ao redor, os patrocinadores estavam todos distraídos, conversando entre si. Sai à francesa para o banheiro e meti água molhada no meu rosto, observando meu reflexo no espelho. Respirei fundo e andei até a cabine onde tinha o vaso sanitário. Observei, por alguns segundos, a tampa do vaso e tomei coragem para levantá-la. Os próximos gestos foram rápidos e certos: meti o dedo na garganta e vomitei, fazendo um barulho alto porque não tinha muito mais o que sair dali.
- ? – ouvi a voz de e em seguida a porta batendo.
Fiquei imóvel, não queria que ele soubesse que eu estava ali. Ouvi mais algumas portas batendo, provavelmente ele estava abrindo as outras cabines.
- , eu sei que você está aqui...
Não respondi. Porém, não demorou muito para ele abrisse a cabine em que eu estava: a última. Ele me olhou dos pés a cabeça, seu olhar era triste e confuso. Ele seguiu com o olhar para minha mão e depois para o vaso aberto.
- Me diga que você não estava fazendo o que eu acho que estava, por favor... – pediu, de olhos fechados.
- Eu não... – minha voz falhou, não consegui terminar a frase.
levou sua mão até a minha e me puxou para um abraço. Um abraço que me passou a confiança que ninguém nunca tinha me passado antes, confiança que eu nunca havia sentindo vindo de ninguém. Ele fazia um carinho repetidamente no meu cabelo e na minha cintura. O toque dele era tão bom... Tão acolhedor.
- Não perca a cabeça... Por favor. – ele sussurrou, suplicante. – Ninguém lá fora te conhece, eles vão te julgar, mas eu... Eu não. Eu conheço o seu interior, eu sei que você não é pra isso, não deixa eles te pressionarem a esse ponto, não deixa.
- , eu... – tentei falar, mas o choro me tomou conta.
- Shhh... Vamos embora. – decidiu, tirando seu celular do bolso. – Sebastian, é o , eu tô no hotel do concurso, vá para a saída imediatamente que eu preciso ir embora daqui. Não, depois eu explico.
- Eu não posso! Minha mãe, ela vai...
- Não importa! Você não pode continuar nisso. Nós vamos embora e ligo para a sua mãe e aviso tudo quando estivermos longe daqui.
- E pra onde vamos, ? Pelo amor de Deus, isso é idiotice.
- Vamos para Nova Jersey, tenho casa lá. – deu de ombros, simplesmente.
- Claro que não, garoto! – me soltei do abraço.
revirou os olhos, mostrando-se impaciente.
- Para de cu doce! – disse, antes de me puxar e pressionar os seus lábios nos meus, brutamente.
Em nenhum momento ele pediu passagem para aprofundar o beijo ou fez algo além de manter seus lábios grudados nos meus.
Quando se afastou, me olhou no olhos e disse, sorrindo:
- Vou mandar comprar as passagens, ok?
- Ok...?
FIM
Nota da autora: Oi, gente!! Bom, eu sei que não ficou algo tão bom quando poderia, mas eu tive que finalizar logo porque tinha ultrapassado o prazo e ficaria sem computador, então, não tive escolha. Eu quis muito postar essa história porque tenho uma boa base sobre e essa é a realidade de várias garotas (o relacionamento com a mãe e tal). Não pude desenvolver melhor essa história por tempo curto, mesmo, mas espero que vocês gostem e compreendam o que eu quis passar. Sei que alguns vão achar a música nada a ver com a história, mas, para mim, foi tudo a ver, principalmente pelos sentimentos que a música mostra... e foi o primeiro – e único – enredo que veio para a minha cabeça e não saiu mais. Então, é isso, beijocas!!!!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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