Capítulo Único
Never wanna stop doing her thing.
Apertou o casaco contra o corpo na falha tentativa de se esquentar. Era o frio de Nova Iorque, afinal. se xingava a cada batida de vento em suas pernas e rosto, praguejando-se pela seleção de um vestido curtíssimo de alça. Sempre se arrependia das decisões que tomava e queria muito que isso servisse apenas para roupas. se arrependia de cada decisão que tomava, menos a de mudar-se de Allentown para a cidade que nunca dorme. Por essa sentia um alívio. Além de ter sido sempre seu sonho morar em uma cidade grande e movimentada, deixar a família problemática e religiosa para trás foi a melhor coisa que poderia ter feito para o bem de sua saúde mental.
Alguns minutos de caminhada depois, após distribuir xingamentos para velhos nojentos que insistiam em atacá-la com palavras ainda mais nojentas, entrou na cafeteria. Procurou pela mesa de sempre, estratégica o suficiente para que não fossem vistos pelas câmeras do estabelecimento e nem por absolutamente ninguém que passasse na rua.
Não foi preciso esperar mais que três minutos. Joseph possuía uma pontualidade britânica e agradecia muito por isso, já que depois de fazer seu corre, a mulher iria encontrar Camilla, sua melhor amiga, em uma balada não muito perto dali e só poderia entrar VIP até às onze. Era aquilo ou não conseguia pagar pelo preço da entrada. Gastaria todo o dinheiro no pó da Tinker Bell, como gostava de chamar.
O homem a comprimentou como se fossem grandes amigos para não levantarem suspeitas. Já estava tão acostumado com a presença de , principalmente nas últimas semanas, que a considerava uma amiga.
— Tá linda hoje, — a mulher revirou os olhos ao mesmo tempo em que sorria. Ele nunca cansava de elogiá-la e em todos os encontros tinha um adjetivo diferente.
— E você continua a mesma coisa, meio estranho — ele riu. Sabia que brincava e com ele não tinha tempo ruim. Nunca levava nada a sério.
— Um dia vou te conquistar, anota aí — piscou galanteador.
— Por favor, espere sentado que de pé vai te cansar — piscou de volta, com o sorrisinho debochado no canto dos lábios.
— Mesmo que eu queira ficar mais tempo aqui contigo, preciso ser rápido hoje. Meu amigo tá com pressa — apontou para o moreno sentado em uma das mesas enquanto os olhava atentamente e com curiosidade.
E então o viu. Como uma cena de filme romântico barato, sentiu como se o mundo tivesse parado por um instante. Manteve o olhar preso no dele por tempo o suficiente e com tanta intensidade que até Joseph havia ficado constrangido de estar ali no meio. Era atraída por ele como um ímã. Reparou nos olhos castanhos, nos lábios desenhados e barba rala. Tinha o cabelo raspado e os braços cobertos por tatuagens. Ele era muito lindo.
O corpo da mulher começou a dar alguns sinais de que ela ainda estava acordada e não sonhando, pois por um momento havia se esquecido disso. O coração disparado, as mãos suando e as borboletas no estômago. se questionava o que raios o homem tinha para que lhe prendesse tanto à atenção. Talvez fosse algum sintoma desconhecido da abstinência. Chegou à conclusão de que sim, era aquilo. Só podia ser aquilo.
— Você ouviu algo que eu disse? — a mulher foi tirada de seu transe e olhou para Joseph que sorria. Ele tinha plena noção do efeito que causava na calcinha das mulheres. não era a única que se sentia atraída por ele, pensou.
— Desculpe, pode repetir? — seu olhar prendeu no rapaz mais uma vez e o traficante virou-se para trás novamente, vendo o amigo dividido entre sustentar o olhar dela e digitar algo no celular.
— Ele tá solteiro.
— Vai se foder, Joseph. Não tô interessada nele. Queria saber apenas de onde era a camiseta dele, achei legal. — mentiu com a maior naturalidade e deu de ombros.
— Aham.
— O que você tinha dito antes mesmo? — revirou os olhos e apoiou a cabeça em uma das mãos com cara de entediada.
— As duas gramas ficam 150 dólares — o homem quase riu ao vê-la arregalar os olhos. Ele sempre passava o valor errado. Se o cliente aceitasse, maravilha. Se não aceitasse, ele abaixava um pouco. Assim havia conquistado uma bela casa e um carro confortável.
— 150 dólares, Joseph? Quer me foder, me beija, meu — nem tinha tudo isso ali. O coração, até então já extremamente acelerado, acelerou-se ainda mais. Se fosse possível. não podia ficar sem seu pó. Ela precisava daquilo. Festa sem pó era só… um lugar amarrotado de gente chata e fedida se beijando.
— Você é patricinha, . Para de graça — o traficante estendeu a mão enquanto a olhava em expectativa. Bufou irritado quando percebeu que não cederia. — Tá, faço por 100 dólares as duas gramas, mas só dessa vez — a mulher sorriu e retirou as notas do bolso, o entregando e pegando a droga por baixo da mesa em uma velocidade incrível. — Esse valor é só porque você é bem gata.
Camilla a olhava com o deboche presente no olhar enquanto sustentava sua pose com os braços cruzados. comentava algo sobre um cara que viu em algum lugar, Cami não tinha certeza de onde. Duvidava que tivesse sido alguma alucinação da amiga e por um segundo se preocupou com o tipo de droga e remédio que ela poderia estar usando.
As duas aguardavam a liberação para poderem entrar na balada. Quase não conseguiram entrar pelo atraso de , mas Camilla Máximo tinha seus contatos, sempre tinha. Cami torcia internamente para que liberassem logo, a fim de fazer com que tivesse um foco diferente do que toda aquela baboseira e pudesse parar de ouvir tudo aquilo.
— Tô te dizendo, Camilla — disse pela quinta vez consecutiva. A mais velha colocou uma goma de mascar na boca.
— Você tá lendo muitos livros do Nicholas Sparks, — a mulher revirou os olhos com o comentário da amiga. Odiavam quando duvidavam dela. Ainda mais quando duvidavam da sanidade mental dela e isso vinha acontecendo com certa frequência quando falava algo para os amigos.
— É sério, droga. Eu fiquei toda distraída e ele tava a uns dois metros de distância de onde eu estava, acho. Parecia que, eu não sei, parecia que só tinha eu e ele no mundo, sabe?
— Não.
— Porra, Cami. Eu queria te explicar melhor pra você não me olhar com esse olhar de julgamentos, mas eu não sei. Foi simplesmente surreal. Eu senti uma puta conexão com o cara e nunca nem o vi na vida — riu de si mesma. Até ela se considerava uma piada. — Joseph até riu da minha cara.
— Joseph ri de tudo que você faz, não é novidade — Camilla buscou o celular na pequena bolsa e começou a rolar o feed do Instagram na intenção de passar o tempo. — Aliás, quanto deu tudo com ele?
— Tudo que eu sei sobre o moreno misterioso é que ele e Joseph são amigos — Máximo riu. Teve certeza então que o homem era traficante também ou pelo menos alguém que não prestasse. sempre se envolvia com esse tipo de gente. — Deu cem dólares tudo. Depois você me transfere sua parte. — A amiga assentiu e deram uns passos para frente quando a fila andou.
— Cem? Porra, vou te fazer comprar pra mim toda vez. Ele me cobra uma nota — gargalhou e passou as mãos pela lateral do corpo curvilíneo, ouvindo a risada de Cami em seguida.
— É que eu sou muito gostosa, baby.
A primeira coisa que fez, depois de pegar um copo gigante de água, foi correr para o banheiro. Entrou em uma das cabines e se agachou no chão, tomando cuidado para não encostar em nada, pois tudo estava imundo e molhado. Típico banheiro de balada, pensou.
Tirou do bolso o saquinho com o conteúdo branco e pegou na capinha do celular o cartão de crédito. Prezando pela higiene, pegou um papel higiênico e estendeu em cima da privada, despejando a cocaína e fazendo a fileira com a ajuda do cartão. Enrolou a nota de um dólar e a levou até o nariz, inalando todo o pó rapidamente. Sorriu quando sentiu o formigamento conhecido no nariz e se levantou para sair da cabine, com a energia que não tinha durante a semana.
Eram em momentos como aquele que se sentia viva, que se sentia confortável consigo mesma. Confortável em olhar-se no espelho, em refletir sobre a vida que levava e a que havia levado. Ela até mesmo fazia uma piada ou outra sobre o fanatismo de seus pais por religião e como isso foi um dos fatores principais para a saída de casa.
se olhou no espelho do banheiro e se apoiou na pia, fazendo uma careta ou outra para si mesma. Invencível. Era assim que se sentia. Ajeitou a bolsa no ombro e arrumou os peitos no sutiã, deixando o decote ainda mais cavado. Conversou com a menina que estava lavando as mãos na pia ao lado e prometeu para si mesma que chegaria nela assim que tivesse a oportunidade. não resistia nunca à uma linda boquinha com batom vermelho.
Não gostava de misturar. Para , cocaína e bebida não combinavam e ela achava uma loucura usar os dois juntos. Quando usava o pó, preferia ficar somente na água, assim tinha em mente que era uma drogada consciente e o pensamento aliviava quando, às vezes, batia brisa errada.
Nesse momento estava na fila do bar para pegar vodka com energético. Não para ela, para Camilla. Cami tinha pavor de enfrentar a temida fila do bar, com diversas pessoas pisando no pé e empurrando sedentos por um mísero copo com vodka falsificada. Odiava que a tocassem muito, principalmente um bando de macho escroto na faixa de vinte e cinco anos, que se aproveitavam da situação para encoxa-la. O trabalho sujo sobrava para , que tinha que lidar com tudo isso pelo bem da amiga e para que ela não ficasse com cara de cu.
— Cacete, para de empurrar — disse alto o suficiente para que o homem ao lado fosse capaz de escutar, fazendo com que este se virasse para ela.
— Desculpas, tão empurrando de trás e acaba sobrando pra gente — respondeu sem graça e sentiu o rosto ruborizar. Era o amigo de Joseph ali.
Agradeceu ao destino e ao universo por tê-los feito se encontrar ali, há dez quilômetros de onde se viram pela primeira vez, em uma balada com gente estranha. Não esperava nunca que ele frequentasse aquele tipo de lugar, tinha cara de um daqueles mauricinhos que iam ao The Blond, um lugar onde pagava uma caralhada para entrar e ainda gastava outra caralhada lá dentro.
Se pudesse fugir dali e correr bem rápido, com certeza faria. Conseguiu se enfiar mais um pouquinho perto da multidão e o homem ficou logo atrás dela. O pessoal voltou a empurrar sem parar e a segurou pela cintura, numa tentativa de protegê-la. Ela olhou para trás assustada e sorriu como forma de agradecimento quando o viu a olhando. quase desmaiou com o toque dele. O coração batia com força no peito e pensou que fosse atravessar a pele e pular para fora do corpo. Respirava fundo disfarçadamente para que ele não reparasse e nem pensasse no quão maluca ela era. Era só um garoto normal, . Ficou quieta e manteve o olhar fixo no bar, ele ainda mantinha a mão na cintura da mulher. Ela estava confortável e acesa, não disse por onde.
— Vodka com energético, por favor. Capricha na vodka — berrou para o barman que a atendeu prontamente. estava sendo atendido por outro e não estava mais com a mão a tocando. sentiu muito por isso. — Obrigada — pegou o copo com delicadeza, tentando não derrubar tudo no chão, já que estava cheio até a boca ou, como Camilla gostava de dizer, o famoso drink passa régua.
A mulher não sabia se esperava ou não, se deveria avisá-lo que estava saindo, se deveria agradecê-lo ou sei lá. Ficou algum tempinho olhando sem saber o que fazer, até levar xingos por atrapalhar a fila do bar. O cutucou com a mão livre, já que não sabia seu nome e achava sem educação chamá-lo por “moço”, “rapaz”, “parceiro” e ele a olhou imediatamente com um sorriso no canto da boca.
— Vou pra lá. A gente se encontra por aí — ele assentiu e ela sorriu, virando-se para enfrentar os jogos vorazes versão balada.
Chegou a Camilla com as bochechas rosadas e o olhar perdido. A amiga pegou o copo da mão dela e viu que a expressão facial da mulher não havia mudado.
— Eita, que brisa foi essa que você pegou? — deu uma boa golada no copo e deu risada. mostrou a língua.
— Você não vai acreditar quem tá aqui — disse animada.
— Josh? Cacete, , eu já te disse que esse lance de pegar o ex não é a coisa mais certa do mundo — revirou os olhos.
Infelizmente Máximo não falava de Josh Hutcherson, era apenas de Josh Rodrigues, filho de uma brasileira com um americano.
Ele era o típico garoto de classe média alta que tinha na cabeça que era rebelde apenas por fumar maconha e usar preto. gostou dele, gostou muito mais do que deveria ter gostado.
Começaram a ficar pouco tempo depois da mudança para Nova Iorque e logo se viram perdidamente apaixonados. Pelo menos era isso que achava.
Um belo dia, depois de trabalhar feito condenada, resolveu que seria uma boa ideia o surpreendê-lo e o visitar para matar as saudades e recarregar as energias. Mal sabia ela que aquilo era uma péssima ideia.
Abriu a porta da casa do menino com a chave que tinha e subiu as escadas na ponta dos pés, preparada para tirar a roupa e transar loucamente. Assim que entrou no quarto, quem se surpreendeu foi ela. Por um segundo cogitou se não tinha aceitado abrir o relacionamento, mas percebeu que ele tinha aberto somente pra ele e sem que ela soubesse, claro. A única reação que a mulher teve foi de dizer: “Poxa, poderia ter me convidado.” E riu. Riu mais ainda quando viu a cara de assustado dele, que estava de joelhos na cama comendo uma menina desconhecida. Aquela havia sido a última vez que tinham se visto.
— Deus me livre, Camilla — fingiu uma expressão de nojo. — Era o amigo do Joseph, o que eu te falei.
— Mais uma vez com essa história, cobrinha? Vem, vamos dançar — tentou a puxar pela mão, mas a interrompeu e apontou para uma multidão.
— Tá vendo? Ele tá ali — Máximo estreitou os olhos para que conseguisse ver melhor e não o viu.
— Você tá louca.
— Merda, a menina tá tampando ele.
Blinding Lights tocava no volume máximo e dançava como se o amanhã não fosse chegar. Amava a sensação que a música trazia. Gostava de escutá-la com os olhos fechados. Era ali, naquele momento, que sabia que estava em Nova Iorque, que se sentia na cidade grande, que se sentia em casa. Sempre achou que as músicas do The Weeknd trouxesse a vibe garota rica em uma limousine lotada de caras gatos e sarados, algumas garrafas de bebida como um esquenta para a melhor balada de todas e que ainda tinham a vibe fim de festa, quando chega a hora que mais gostava: de transar.
— Te achei — abriu os olhos quando ouviu a voz grossa no pé do ouvido. — Fiquei te procurando desde que fugiu de mim no bar — olhou para o homem por cima do ombro e deu um sorriso sacana, rebolando ainda mais com o ritmo da música, que já havia trocado para The Hills remixado. Levantou as mãos, segurando o cabelo e desceu rebolando até o chão. não conseguia tirar os olhos dela. Quando a mulher levantou, ele a segurou pela cintura, fazendo com que a bunda dela ficasse encostada no seu pau, que já queria dar sinais de vida. Foi o suficiente para , que o olhava mordendo o lábio inferior.
— Nunca fugiria de você — virou-se para ele enquanto a música acabou e começava outra.
— Eu já te achava gata te vendo de longe conversando com Joseph, de pertinho assim é irresistível — sussurrou no ouvido da mulher, que se arrepiou quando ele depositou um beijo rápido embaixo da orelha.
— Pensei que não me reconheceria.
— Não é todo dia que vemos alguém tão linda assim.
— Estamos em Nova Iorque, isso é bem comum — não sabia direito como reagir a elogios, ainda mais quando vinham de alguém tão lindo quanto ele. Sua reação de costume era se diminuir, o que já havia sido dito pelo terapeuta que era errado.
— Mas nunca alguém linda e com um nome tão exótico, — ela sorriu e ele deu de ombros sorrindo também.
— Pelo visto alguém perguntou meu nome para o Joseph.
— Vem, vamos conversar em outro lugar — mudou de assunto numa tentativa de fugir dele. tinha se ligado. Procurou por Camilla pelo olhar antes que aceitasse a proposta dele, mas não a encontrou. Supôs que ela estivesse em alguma cabine do banheiro masculino chupando alguém. Depois a procuraria. — E então?
— Vamos — deram as mãos e ele a guiou até o terraço do prédio. Estavam no Brooklyn, do topo do prédio era possível ver toda ilha de Manhattan. Perdeu-se por uns instantes admirando a vista e se apoiou no parapeito.
a acompanhou, se encostando ao lado dela. puxou o saquinho com drogas da bolsa e preparou a carreirinha, achando poético cheirar com uma vista daquelas. Ofereceu para o moreno, que recusou com um gesto.
— Não uso drogas.
— Você vende e não usa? Quanta hipocrisia — riu quando o viu acender um cigarro e dar a primeira tragada.
— Eu vendia pra sobreviver, você consome pra se sentir viva.
— Tem funcionado — deu de ombros.
— Pra mim também funcionava — tragou o cigarro mais uma vez. — Por qual motivo você não se sente viva sóbria, ?
— Não gostei da pergunta, acho que a certa é: por que você perguntou meu nome pro Joseph? — pegou o cigarro da mão dele e repetiu o gesto dele, o devolvendo em seguida.
— Na verdade eu não perguntei, ele me contou. Comentou algo sobre você estar muito interessada — frisou o advérbio de intensidade e ela gargalhou.
— Eu disse que tinha gostado apenas da sua camiseta e queria saber de onde era.
— Comprei na Ross.
— Obrigado — ambos sabiam que aquela não era bem a verdade. Digo, que o interesse dela não era apenas na blusa preta com rosas desenhadas em vermelho, mas no que estava por baixo dela.
— E então, qual história por trás desse nome? Ele me contou que tinha uma legal.
— Minha mãe viajou pro Brasil na adolescência e queria entrar no mato, sabe? Sempre amou a natureza. Ela conta que estava andando feliz da vida e conversando com um dos guias quando sentiu uma dor absurda, pior que dor de parto, segundo ela, e então a perna começou a inchar absurdamente — ele a olhava atentamente, prestando atenção em cada palavra que ela dizia. — Foi picada por uma cobra-. Quase morreu.
— E então ela quis homenagear a quase assassina dela e colocou seu nome de ?
— Tipo isso. Nessas horas eu fico feliz que tenha sido picada por uma e não por uma jararaca.
— Ela parece legal.
— Ela era quando adolescente, agora é o próprio basilisco — riu da própria piada.
— Pelo jeito usa droga por causa de Mommy Issues, né? — a ouviu suspirar. passeou o olhar pela paisagem mais uma vez.
— É complicado tê-la como mãe. É a típica velha rica estadunidense branca que votou no Trump — deu de ombros. — Uso drogas por ser uma mulher de vinte e seis anos que se mata de trabalhar e só consegue pagar um quartinho no quinto dos infernos, ainda rezo pro dinheiro dar pra comida — começa a analisá-la. Sabia que seria muito mais simples que ela continuasse em casa sem passar um pingo de dificuldade na vida, como ele, mas achou legal a coragem que teve de seguir seus ideais.
Ela o olhou e perderam o olhar um no outro. não era muito de contar da própria vida por aí, mas ficou feliz que tivesse sido com ele, não sabia o por quê. Chutava que fosse por ter certeza que nunca mais fosse vê-lo na vida e por isso saber que qualquer julgamento que ele tivesse, não era importante.
— Eu só gosto da sensação. Gosto de como fazer com que eu me sinta invencível, como me deixa feliz e corajosa.
— Você gosta de fingir ser o que não é.
— Exatamente.
Os dois olharam para o saco de cocaína apoiado na laje. Para cada um deles, aquilo tinha um significado, aquilo representava alguma época complicada.
— Eu usava também, quando comecei nessa vida de vender e eu me internei por isso.
— Por que decidiu se internar?
— No lugar de vender, eu consumia. Tava me dando prejuízo — sorriu debochado.
— Uau, eu esperava uma frase inteligente ou de auto-ajuda.
Vez ou outra isso acontecia, aparecia um casal desesperado para foder no rooftop, mas a cara de bravo de os fazia desistir da ideia e procurar outro lugar. Riam quando isso acontecia também.
— Lembro de cantar uma música de natal, que eu tinha inventado, e depois do sangue na minha mão — contou rindo. tinha reparado na pequena cicatriz que a mulher tinha no queixo. contou toda a história, com todos os detalhes, de como estava fazendo um show no banheiro sem box enquanto tomava banho e como escorregou e caiu de boca na privada. O homem ria pela forma que ela contava.
— Como é a música?
— Eu não vou cantar, né?
— Por que não?
— Acabei de te conhecer, vai que rouba minha música pra fazer sucesso.
— Eu com certeza faria isso — revirou os olhos enquanto ria. o mostrou a língua. Ele voltou o olhar para ela e reparou em cada traço do rosto. Os olhos expressivos, o nariz arrebitado e pequeno, a sobrancelha bem feita, a boca avermelhada, a pele que parecia pedir para que ele a tocasse. — Você me lembra alguém.
— Grinch? Todo mundo falo que pareço ele — o homem gargalhou depois que viu que realmente tinha semelhança entre os dois, talvez pelo nariz pequeno.
— Você estragou minha cantada, mas dizer Grinch foi a melhor coisa que você poderia ter feito com essa boquinha — ela sorriu e se aproximou, roçando o nariz dela com o dele.
— Tem muitas coisas que eu faço com a boca que você vai gostar.
Provocar. O delicioso ato de provocar. A atração, a tensão sexual, a química, os hormônios borbulhando. Uma mordidinha no pescoço, o roçar de nariz na nuca, o toque, o simples esbarrar no pau dele sem querer. A maneira como se curvava o suficiente para que os peitos ficassem quase a mostra e ainda mais atraentes e deliciosos. O cruzar de pernas para deixá-las chamativas. amava a provocação e era incrivelmente boa nessa arte.
tentava não cair no conto da sereia para que não ficasse de pau duro ali mesmo. O homem viu o plano ir por água abaixo quando se aproximou e sussurrou no pé do ouvido do moreno:
— Essa é boa pra um striptease — Earned It havia começado a tocar. O som abafado pela porta fechada deixava a música distante, mas ainda assim presente no ambiente. Era o único som ali, além das próprias respirações.
O céu clareava aos poucos, dando sinais de como estavam ali há muito tempo, perdidos de mais um no outro para notar.
— Mas será que você é boa? — arqueou uma das sobrancelhas desafiador. mordeu o lábio com força e levantou-se.
A primeira peça a cair foi o casaco preto, deixando a mostra os ombros e o decote nas costas. rebolava de costas para o homem, que já não se segurava mais. Mordia o lábio inferior e mantinha as mãos repousadas no colo, numa tentativa de cobrir o pau duro. já tinha percebido.
Virou-se novamente, colocando uma perna em cada lado do corpo dele, pressionando-se contra o corpo dele. tinha as mãos presas pelas mãos dela. Queria tocá-la, queria fodê-la. movimentava o quadril lentamente, no ritmo da música, vez ou outra aumentando um pouco a velocidade. Soltou as mãos dele e estas foram diretamente para a cintura dela, enquanto a morena tirava os sapatos de salto de uma maneira tão sexy que se viu perguntando como isso era sequer possível.
but I’d rather be kissing your waist
Levantou-se um pouco e puxou a barra do vestido para cima. a olhava com expectativa enquanto a via subir lentamente a peça. Quando passou a roupa pela cabeça, ficando somente com o sutiã de renda branco e a calcinha fio dental, não aguentou. Com uma mão apertou a bunda dela com força e com a livre a segurou pela nuca, trazendo-a para mais perto.
o provocaria ainda mais, mas não aguentava mais não saber qual era o sabor do beijo dele. Foi intenso, desesperado, feroz, cheio de tesão. Sentia como se tivesse esperado por aquilo a vida inteira, como se tivesse sonhado com aquele toque e com aquele homem desde que descobriu como sexo era bom.
Não soube explicar para si mesma, mas aquilo parecia certo, parecia ter vindo de outras vidas.
levou uma das mãos até o pescoço dela, apertando devagar. gemeu e como resultado, rebolou. Rebolava ainda mais toda vez que sentia o pau dele encostar no seu clitóris.
O homem começou com selinhos e foi distribuindo pequenos beijos pelo maxilar marcado de , pelo pescoço desnudo. Beijou cada parte do peito, tirando o sutiã da mulher com uma facilidade tremenda enquanto ainda a beijava.
Chupou o bico do peito e o apertava forte o suficiente para não machucá-la. arranhava-o a nuca e apertava o ombro.
— Tira a calça — ele não contestou. Abaixou as calças e a cueca. se ajoelhou no meio das pernas dele e distribuiu beijos pelas coxas, chegando até a virilha. Lambeu as bolas e a base do pau, subindo com a língua até a cabeça.
O olhou nos olhos antes de abocanhar todo o pau grande e grosso do moreno.
Ele arfava. Sentia o coração acelerado e respirava fundo. Nunca tinha recebido um boquete tão bem feito como esse antes. batia uma para ele enquanto o chupava. Aumentou a velocidade dos movimentos e a interrompeu antes que pudesse gozar.
Ela o olhou sem entender, mas logo se situou quando o moreno a ajudou a levantar e a prendeu contra o parapeito, de costas pra ele.
O sol nascia, fazendo com que a vista ficasse ainda mais linda, tirava o ar. sorriu com o pensamento de transar no topo de um prédio em Nova Iorque enquanto o sol nascia. Aquilo era meta de sexo.
Se segurou no ferro e empinou a bunda, o esperando colocar a camisinha e enfiar devagar na boceta. Gemeu quando entrou completamente. Contraia e relaxava a boceta e queria gozar cada vez que ela fazia isso.
O rapaz metia devagar. Admirava a linda vista que tinha em sua frente, a bunda de .
— Tá com dó? — e como um estimulante, a apertou e meteu com toda força que tinha, na maior velocidade que conseguia. — Porra — revirava os olhos de tesão. Sentiu o corpo de relaxar e a velocidade diminuir, imaginou que tivesse gozado.
Antes que ela pudesse dizer algo, o homem estava de joelhos com o rosto na boceta dela, massageando o clitóris com a língua, fazendo movimentos circulares. Enfiou três dedos na boceta dela e os movimentou dentro dela, fazendo com que ela gemesse e sentisse ainda mais tesão.
passou uma das pernas pelo ombro dele, o pressionando ainda mais contra sua parte. Gozou assim, com a língua e os dedos dele na sua intimidade.
O dia já estava completamente claro e a música não estava no volume de antes. Ouviam a cidade acordar, com buzinas e barulho de carros por todos os lados.
Ele vestiu a calça rapidamente e a ajudou a colocar o vestido e o casaco. Estava frio em Nova Iorque e esperavam que não tivessem pegado nenhum tipo de pneumonia.
— É, não era só a música que é boa.
Antes que sequer pudesse responder algo, ouviu o barulho da porta abrindo e os dois olharam pensando em quem espantariam dessa vez. Era Camilla.
A mulher estava com os cabelos curtos completamente bagunçados, a maquiagem borrada e pôde jurar que junto com ela vinha o cheiro de suor de bêbado.
— , eu te procurei a festa inteira.
— Esse batom borrado te denuncia que não, amiga — deu risada. se afastava das duas a passos lentos.
— Engraçadinha. Vamos embora, já fechou tudo — a pegou pela mão e procurou pelo com o olhar, o achando perto da porta.
— EI! — gritou chamando a atenção dele. — Você não me disse seu nome!
— Você descobre quando a vida trombar a gente de novo, Grinch.
E saiu, a deixando com um sorriso no rosto e o coração acelerado.
Fim.
Nota da autora: Sem nota.
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