Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Era uma tarde quente no meio do verão, em que eu estava testando receitas de bebidas alcoólicas enquanto meus pais estavam fora, quando uma coruja acinzentada caiu dentro da minha piscina.
Astoria, que estava deitada em uma espreguiçadeira tomando o banho de sol diário que o curandeiro lhe recomendara, soltou uma exclamação de espanto quando pulei na água para resgatar a pobre ave, toda estropiada e se debatendo com uma carta encharcada presa à pata.
— Uma toalha, Tori — pedi.
Minha irmã se apressou a levá-la para mim. Aninhei a coruja no tecido macio e saí de dentro d’água ouvindo os guinchos incomodados do animal.
— Pronto, está tudo bem, tudo bem.
Coloquei-a sobre a espreguiçadeira onde estava um livro (Dom Casmurro, um romance brasileiro que eu vira Alicia Gomes, a intercambista, lendo pela escola e logo senti curiosidade de lê-lo também), e logo Astoria se debruçou sobre ela, executando feitiços simples de secagem. Essa era a vantagem de morar em uma casa com outros bruxos maiores de idade; não recebíamos notificações do Ministério pelos encantamentos de minha irmã, pois a atividade mágica era registrada por morada e não por varinha.
Enquanto a coruja se recuperava, pesquei a carta que se soltara de sua pata e flutuava sobre a água, executei um Feitiço Secante e abri, torcendo para que a tinta não tivesse borrado a ponto de ficar ilegível. Meu coração se acelerou como batidas de asas de borboletas quando li.

,
pensei em algo interessante para este fim de semana. Já disse aos meus pais que vou dormir na sua casa, e sugiro a você que diga a seus pais que vem pra minha. Arrume as malas com roupas frescas, aquele lenço de seda da Gucci que eu adoro e o vestido azul que você usou na festa de Halloween ano passado, porque você fica linda nele. Escreva aqui neste papel para me responder.
.


Dobrei a folhei com cuidado, me sentindo idiota por ficar tão boba com um bilhete da minha melhor amiga. Astoria ergueu uma sobrancelha e o canto da boca num sorrisinho malicioso.
?
— Sim — Revirei os olhos quando ela assobiou.
Tori sempre soubera que eu gostava de meninas; apesar de ser mais nova que eu, não duvido que ela tenha chegado a essa conclusão antes mesmo que eu me desse conta do fato. E obviamente ela torcia para que eu e evoluíssemos do estágio de amigas para algo além.
Acho que eu cheguei à conclusão de que realmente não gostava de garotos quando Theo Nott me beijou no Baile de Inverno, no quarto ano. Theo era quieto e bonitinho; não atraía tantos olhares e suspiros quanto Malfoy ou Zabini, mas tinha seu charme. me dera força para sair com ele, e realmente eu curti muito ser par dele. Mas foi naquele dia, mais cedo, quando eu ajeitara presilhas de diamante nos cabelos de , que eu percebi que queria que ela fosse meu par.
O beijo fora legal, ele não insistiu em fazer nada além daquilo e foi simpático o tempo todo, mas eu não sentia nenhum tipo de atração por ele. Nem por Malfoy, nem por Zabini, nem por todos os outros garotos pelos quais a população feminina de Hogwarts sempre babava: Cedrico Diggory, Adrian Pucey, Terence Higgs, os gêmeos Weasley. Achava-os bonitos como achava uma roupa bonita. Mas com as garotas… Com as garotas era diferente. Angelina Johnson, Cho Chang, Gina Weasley, Cassandra Shafiq. Eu me sentia estranha por achá-las muito mais atraentes do que qualquer menino, e na única vez em que soltei um comentário a respeito em meu círculo de amigas, todas me olharam esquisito. Exceto ela.
— Cassandra é surrealmente gata — admitiu , encarando nossa veterana do outro lado do salão comunal. — Pena que ela não larga do pé daquele otário do Jorge Weasley.
As outras meninas arregalaram os olhos e imediatamente exigiram que contasse sobre o que diabos estava falando (“como assim a Shafiq e o Weasley?”), mas o meu foco permanecera no início da frase. “Pena”? Pena por quê? Se ela não estivesse com Weasley, será que se interessaria por ela? Isso significa que talvez… talvez ela pudesse se interessar por mim?
era a mais bonita de todas, e aquele comentário me acalentou de um jeito que eu não imaginava ser possível. Foi quando pela primeira vez senti borboletas baterem suas asas em meu estômago. Depois, elas nunca mais deixaram de bater… Até o dia em que me beijou, naquela noite de Halloween que eu relembrara tantas vezes, porque me senti como se eu mesma fosse uma borboleta que começaria a flutuar dentro do quarto no instante em que minha boca tocou a dela.
E eram aquelas borboletas que se agitavam enquanto eu corria para a varanda e pegava uma caneta dentre meus materiais de estudo, espalhados sobre a mesa externa de jantar. Escrevi logo um “pode vir”, soprei a tinta para secá-la e me virei.
Com um sonoro crack, estava de pé à minha frente, com um sorriso no rosto, o cabelo um pouco mais curto do que estivera da última vez que eu a vira, uma alça de mochila pendurada no ombro e um pedaço de pergaminho na outra mão.
— Mas que…?
— Não me subestime, , você sabe que minha matéria preferida é Feitiços. Eu não perderia a oportunidade de ostentar meu conhecimento executando um impecável Feitiço de Proteu na carta que mandei pra você, então recebi a resposta no instante em que você escreveu. Meio óbvio, né?
Óbvio — debochei, ainda um pouco atônita.
Ela me encarou dos pés à cabeça, não do jeito que ela costumava fazer com meninas que considerava suas rivais, mas como se gostasse muito do que via. Não que houvesse muito para ver; o maiô cinza que eu usava não era exatamente revelador, o que era necessário para sustentar meus peitos. Senti o colo esquentar sob o olhar dela.
— Oi, — cumprimentou Astoria.
— Hey, Tori — respondeu , com os olhos ainda presos nos meus.
— Eu… — comecei, sem saber o que dizer. — Eu tava fazendo uma bebida pra mim. Quer um pouco?
— Eu adoraria.
Caminhei até a beira da piscina, onde havia o balcão de granito que meus pais tinham colocado ali na última reforma da casa, para servir de bar, e entreguei o copo que estivera preparando para .
— É uma caipirinha — falei lentamente, com medo de pronunciar errado o nome da bebida brasileira. Sim, pelo visto a influência que Alicia tivera sobre mim se estendia a meus experimentos na cozinha.
— De morango constatou o óbvio, sugando o líquido pelo canudo.
Agora o calor que esquentou minha pele não se restringiu a meu colo; subiu pelo pescoço e pelo rosto. Eu sabia exatamente o que o sutil comentário queria dizer. “Você tem gosto de morango”, ela dissera naquela noite, bêbada, deitada sob mim na própria cama. Eu rira baixinho, afastara a franja de frente de seus olhos e a beijara de novo. “E você tem gosto de vodka”, foi minha resposta sussurrada, mas aquilo não resumia bem o sabor que eu acabara de sentir. tinha gosto de eletricidade, de desconhecido, de voar numa vassoura pela primeira vez. Não era a primeira vez que eu beijava uma garota (aliás, já tinha feito bem mais que aquilo com outras), mas nunca me sentira tão vulnerável. Tão poderosa. Nunca parecera tão certo.
Aquela sensação se repetiu no instante em que Astoria se despediu de nós após trocar sussurros com e entrou na casa, obviamente querendo nos deixar sozinhas, e me prensou contra o balcão do bar para me dar um beijo com gosto de chiclete de menta. Gosto de beijo roubado. Os lábios dela me deixaram formigando, não sei se pelo gloss especial para aumentar a boca ou simplesmente pelo efeito que ela tinha sobre mim.
— Vamos para Paris.
— O-o quê?
— Vamos. Para. Pa…
— Eu entendi da primeira vez. Eu só… Uau.
— Já reservei um hotelzinho que é uma graça.
, eu não posso deixar a Tori sozinha… Meus pais não estão aí.
— Eu sei que eles não estão aí… — Ela segurou meu queixo e começou a beijar minha mandíbula. — Encontrei com eles quando passei no Gringotes trocar alguns galeões por dinheiro trouxa. Já avisei que você vai “dormir lá em casa”.
Era notável a mudança dela em relação a nossos beijos desde Hogwarts, desde a primeira vez que nos beijamos. No início, ela sempre estava um pouco sem graça, certamente em dúvida do que sentia, mas era ela quem tomava a iniciativa quase todas as vezes; eu não queria pressioná-la. Sabia que era muito informação para processar, ainda mais que ela já se envolvera com homens, e estar com uma mulher era diferente.
choraminguei, meio rindo. — A Astoria.
— Ela entrou pra nos deixar à vontade. Relaxa um pouco, — ela disse, jogando meu cabelo para longe do meu ombro. — Mandei ela arrumar sua mala.
Quê?
Astoria tinha um… problema. Ninguém da família gostava de falar sobre aquilo, mas sabíamos que era uma maldição de sangue que acometia as mulheres de gerações em gerações. Me pulara, mas atingira minha irmãzinha, e eu me sentia responsável por cuidar dela, pois ela tinha fraquezas, febres, vômitos estranhos e convulsões razoavelmente frequentes. No entanto, ela já me confessara uma vez, ao fim de uma das crises, que se sentia mal por eu sempre abrir mão da minha diversão e do que quer que eu estivesse fazendo para cuidar dela. Talvez ela enxergasse a minha ida a Paris com como uma forma de me “recompensar” ou qualquer coisa do tipo que fizesse sentido na cabeça dela.
— Como eu disse, já falei com os seus pais. Eles deixaram. Daqui a pouco eles chegam para ficar com a Tori.
Era difícil raciocinar o suficiente para me opor ao que ela dizia quando beijava meu pescoço. Em Hogwarts, nossos toques mais afetuosos tinham que ser escondidos e rápidos, então a intensidade de estar sendo beijada daquele jeito literalmente em plena luz do dia me deixava eufórica, ainda mais ante a perspectiva de ir para Paris. Passar o fim de semana em Paris.
Ouvi os passos de Astoria chegando, e me afastei um pouco de .
Minha irmã segurava uma bolsa grande de viagem da Louis Vuitton e usava uma boina na cabeça. Um sorriso enorme adornava seu rosto.
— Vão logo ou vocês vão perder o trem.
— Mas o que... Vocês tramaram essa viagem juntas pelas minhas costas?
— Óbvio, princesa — disse , pegando minha bolsa das mãos de Tori. — Vem logo, coloca uma saia por cima desse maiô e você se arruma no trem.
Ela sacudiu a varinha e me entregou uma jaqueta preta e uma saia jeans saídas de dentro da bagagem que Tori arrumara, executou um feitiço de secagem sobre mim e, assim que eu estava vestida e tinha soprado um beijo para minha irmãzinha, agarrou meu braço e desaparatamos.

* * *


— Eu juro que se aquele cara encarar os seus peitos mais uma vez, eu vou azarar ele.
Subi os olhos de Dom Casmurro, alternando minha atenção do rosto de para o cara nojento de meia-idade que não desviava o olhar do meu decote.
, não.
— Porra, ele tá de sacanagem. — Ela tirou a varinha de dentro da bolsa de mão e a pôs em cima da mesa.
. — Coloquei minha mão sobre a dela. — Vamos sair desse vagão um pouco.
Entrelacei nossos dedos e fomos até o vagão restaurante do trem que nos levava a Paris. Do lado de fora, tudo estava escuro; estávamos na parte da travessia que passava por baixo do Canal da Mancha.
Ela ainda bufava quando nos sentamos nos pufes próximos à grande janela, com cafés de caramelo e pequenos croissants au chocolat embrulhados em papel pardo.
— Se controla — bronqueei.
— Ele é um trouxa nojento que nem ao menos tem respeito por mulheres — ela cuspiu. — E pra piorar, no mundo dele você ainda é considerada menor de idade.
— Calma, — Ajeitei uma mecha atrás da orelha dela e me aproximei para sussurrar: — Tenho certeza que consigo te recompensar mais tarde pelo estresse.
O rosto dela ficou vermelho, e temi ter sido ousada demais. Nós estávamos ficando já tinha alguns meses, já tínhamos dividido uma cama (mas nada além de beijos rolou), quase todos os nossos colegas da Sonserina sabiam que estávamos… juntas. Mas eu sabia que ela ainda estava em um processo de descoberta e compreensão do que gostava. Era assustador, de início, gostar de algo que você tinha sido ensinada a vida toda a se atrair pelo oposto. Diferente de mim, ela se encantava por homens e mulheres, mas certamente o processo de se assumir como bissexual para si mesma deveria ser mais fácil do que fazê-lo como lésbica.
No entanto, segundos depois veio um clarão; tínhamos saído debaixo do Canal da Mancha, chegando em território francês. As poucas pessoas que ocupavam o vagão junto de nós soltaram exclamações de espanto, e ela se aproveitou da distração dos demais para me dar um selinho travesso.
— Vou cobrar — garantiu, em voz baixa e com uma maliciosa timidez.

* * *


— O que você acha dessa aqui? — perguntei.
virou pra mim, observando a pequena bolsa Dior saddle lilás que eu segurava. Fazer compras com ela sempre fora divertido, pois ela sempre me ajudava a pensar “fora da caixa” em relação a minhas roupas.
— Linda. Mas acho que rosa combina mais com seu tom de pele.
— Hmm, bom ponto.
Ela passava pelos cabides de roupas sem dar muita atenção, claramente entediada. apreciava alta costura trouxa porque era o que mais se assemelhava ao estilo ousado mágico que ganhava as passarelas e as ruas do mundo bruxo, mas eu sempre fora adepta à moda dos não-mágicos. Gostava da praticidade dos jeans de cintura baixa, das pedrinhas brilhantes de strass, dos moletons confortáveis, dos óculos escuros estilosos.
— Vou pagar e depois vamos em uma loja que eu acho que você vai curtir. — avisei.
Minutos depois, atravessávamos a Rue Saint-Honoré em direção à boutique parisiense da marca britânica Vivienne Westwood. Tudo ali gritava ; uma coisa alternativa, mas que, com as peças chave certas, traria a elegância que ela e sua família apreciavam.
— Eu amei — ela confessou, baixinho, indo em direção a uma imitação parodiada de estátua grega que tinha o pescoço adornado por um colar de pérolas.

* * *


— Sorria! — falei, clicando minha câmera instantânea na direção dela.
A máquina fora um presente dela, comprada minutos antes; era uma daquelas polaroides que os trouxas adoravam e que eu sempre quisera, mas que meus pais nunca tinham me dado por temerem o que as outras famílias sangue-puro iriam achar daquela “excessiva concessão” ao modo de vida dos trouxas.
A fotografia saiu em branco, e eu peguei a folha de papel fotográfico e comecei a sacudi-la para que fosse revelada mais rápido. Quando a imagem começou a se formar, vi que tinha saído mostrando o dedo do meio e com um sorriso debochado.
!
— O que foi? Quem mandou me pegar desprevenida? Deixa eu tirar uma foto sua.
Revirei os olhos e concordei, colocando os óculos escuros no rosto e me posicionando para que ela conseguisse captar a luz incrível do fim de tarde no Trocadero, com a Torre Eiffel ao fundo.
— Ficou linda — ela disse ao chacoalhar a foto.
— Mas nem revelou ainda!
— Eu sei que não, mas não preciso olhar pra foto pra saber disso.
Contive a vontade de beijá-la ali mesmo. Sem pressa, , pensei. Vocês têm a noite toda. Não vale a pena arriscar se expor aqui.
Uma mágoa apertou meu coração. Não era justo que eu não pudesse dar um simples beijo em por medo do que as pessoas ao redor pudessem fazer ou pensar, mas infelizmente a realidade era daquele jeito. Eu esperava e ansiava por um futuro em que meu receio se tornasse infundado e inútil, e que eu pudesse demonstrar o que sentia como todo mundo.

* * *


Chegamos ao hotel que ela tinha reservado, na Champs-Élysées, quando a noite começara. A pequena sacada tinha vista para as luzes de Paris, e se eu me debruçasse o suficiente sobre o guarda corpo, conseguia enxergar o Arc du Triomphe. Meu cabelo caía molhado nas costas, umedecendo a parte de trás do roupão felpudo.
Tomei um gole da taça de champanhe que tínhamos comprado no mercado, junto com pãezinhos recheados com creme, chocolates finos em formato de coração e uma caixinha de morangos suculentos. Uma festa estava acontecendo na esquina do hotel, luzes cor de rosa se derramando na calçada de uma forma tão mágica que eu custava a acreditar que aquilo pudesse ser obra de trouxas. Tudo ali era tão lindo... Peguei um morango, pensando se deveria sugerir a que fôssemos para lá. Eu estava no meio da mordida quando ouvi a porta do banheiro abrir, liberando vapor quente e uma visão mil vezes mais linda do que qualquer vista iluminada de Paris.
estava usando uma camisola verde esmeralda, com alças de lacinhos de cetim, um discreto bordado em renda no decote e uma óbvia ausência de sutiã. Não que houvesse necessidade. A intenção dela era muito clara; ficou muito clara quando ela me puxou de fora da sacada e me beijou com vontade. Música tocava do lado de fora, chegando aos meus ouvidos e resumindo como eu me sentia.

You got me all up in my feels, in all kind of ways
(Você me deixou toda sensível, em todos os sentidos)
I be tryna wait, but, lately, I just wanna keep it real
(Eu estou tentando esperar, mas ultimamente eu só quero fazer acontecer)


— suspirei.
— Shhh — ela me puxou pela mão, se sentou sobre a escrivaninha do quarto e me puxou pela faixa do roupão amarrada em volta da minha cintura. — Só me beija, ok?
— Sim — ofeguei, pousando as mãos em suas coxas e descendo uma trilha até os joelhos.
Ela colocou as mãos por dentro do meu cabelo, puxando as mechas até eu soltar um som agudo em seus lábios, e, tímida, ela se arriscou a descer as mãos por baixo do meu roupão, sentindo as laterais do sutiã. O contato frio fez eu me arrepiar e ousar um pouco mais ao tocá-la. Meus dedos subiram, subiram e subiram até encontrar a renda da calcinha que ela usava por baixo da camisola. Dava pra sentir que ela estava molhada, tão molhada quanto eu. Certamente fantasiara no banho sobre o que estávamos prestes a fazer, o que só me deixava mais ansiosa para atender e superar suas expectativas.
— Tudo bem? O que você tá sentindo?

No more playing safe, let’s take it all the way
(Chega de ir pelo lado seguro, vamos até o fim)
I'm just sayin’
(Só estou dizendo)


— Eu não sei — ela falou, sem ar, enquanto beijava meu pescoço. Ouvi o som de suas unhas raspando contra a madeira enquanto eu a explorava por baixo do vestido. — É como se… é como se nós sempre... é como se eu estivesse estado sozinha o tempo todo antes de… antes de estarmos juntas.
— O que… — Parei de falar quando seus dentes se pressionaram sob minha orelha. Em retaliação, subi um pouco os dedos sobre a renda, que era mais esparsa naquela região. Era quase como senti-la sem nada. — Como… o que você quer dizer?
gemeu na minha boca quando desci bem devagar o tecido que separava minha mão da pele dela.
— É como se eu nunca tivesse sido tocada antes quando você me toca. E, por Merlim, como eu quero que você me toque. — Ela agarrou meu punho que estava sob a saia do vestido. — Me toque mais que isso…
A música reverberou de novo, tão alta como se estivesse tocando dentro do quarto.

Tonight I wanna get nasty
(Esta noite eu quero ficar indecente)
What you waiting for?
(O que você está esperando?)


Por nada. Eu não estava esperando mais por nada. Então foi minha vez de segurar os cabelos dela pela nuca, dar mais um beijo forte, e pedir:
— Deita na cama.
Ela me empurrou levemente com o joelho para ter espaço para descer da mesa. Antes que ela chegasse ao colchão, desfiz os laços que formavam as alças da camisola e o tecido caiu no chão como uma poça acetinada. A pele dela era como uma peça de veludo inteiriça, macia e quente, só oculta pela calcinha ainda no lugar. Ela sorriu, segurando os próprios pequenos seios, tão diferentes dos meus. Desfiz o laço do roupão e senti os dois volumes descerem um pouco pela gravidade quando abri o fecho do sutiã. desceu os olhos para meu peito e me beijou de novo, nossos mamilos se tocando, seus dedos incertos descendo o roupão pelos meus ombros até que eu a direcionasse para deitar.
A garota à minha frente não parecia a garota sexualmente ativa, debochada e que adorava uma boa fofoca dentro de Hogwarts. Parecia ser o que eu estava sentindo que eu mesma era naquele momento: virgem. Vulnerável. Inexperiente. Ansiosa de um jeito tímido para o que estava por vir… o que ela sabia que estava por vir quando eu abaixei entre as pernas dela e desci sua calcinha pelas coxas, joelhos, canelas, pés. E mergulhei nela. Fiquei feliz que aquela não fosse a minha primeira vez, porque eu poderia mostrar para ela como aquilo era bom. De certa forma, era a primeira vez dela.
tinha gosto de eletricidade, de desconhecido, de voar numa vassoura pela primeira vez, de uma loucura estupidamente doce, de desejo, de descoberta. Pessoas não tinham como ter gosto de comidas ou doces, mas eu sabia que nunca sentiria um sabor melhor quando minha língua tocou minha melhor amiga daquele jeito. Soube que não provaria algo mais delicioso quando ouvi o som que provoquei nela; um som estrangulado de prazer, como se ela não quisesse se permitir sentir o que queria, mas fosse demais para conter. Forte demais, rápido demais, intenso demais. Como nós duas éramos, naquele instante, desde o nosso primeiro beijo na festa de Halloween.
… — ela suspirou.
— Alguém já te tocou assim? — questionei, afundando um dedo nela. Suas costas se arquearam um pouco, o quadril se empurrando na minha direção. — Já?
— S-sim…
— E assim? — e abaixei a cabeça de novo, minha língua concentrada em estimular o ponto mais sensível do corpo dela, meus dedos entrando em saindo em movimentos gentis mas ritmados. Ela gemeu alto dessa vez.
— Nunca — ela sussurrou. — Só você, , só você…
As palavras me acariciaram lentamente. Só você. Só eu a tinha tocado daquele jeito. Só eu… só eu o que? Só eu que a valorizara como deveria? Malfoy fora um babaca com ela o tempo todo. Os outros caras com quem ela transara não se incomodavam nem um pouco com o prazer dela. Só eu a entendia? Realmente, eu sabia a sensação de querer alguém que a sociedade toda dizia que você não deveria querer.
Todas essas respostas talvez estivessem certas, mas, minutos depois, quando as coxas dela tremeram perto do meu rosto, as unhas compridas se rasparam no meu couro cabeludo e ela gemeu meu nome como se fosse chocolate derretido, eu entendi. Só eu que amava ela do jeito que ela precisava ser amada. Do jeito que ela queria ser amada. E enquanto ela chegava ao clímax, meu coração batia forte e rápido, cada batida soando como “eu te amo, eu te amo, eu te amo”.


FIM



Nota da autora: E aí, gatinhas? Gostaram dessa short fofa mas spicy sobre a viagem das nossas princesinhas sonserinas para a Cidade Luz? Não podia deixar passar a oportunidade de escrever algo assim para o ficstape da minha musa Ariana Grandde, ainda mais tendo como título uma das minhas músicas preferidas do álbum! Espero que tenham curtido ler tanto quanto eu gostei de escrever. Fiquem tranquilas que ainda veremos muito elas em “Dancing with the devil 2”!
Beijos,
Bela Nottrix.

Nota da scripter: Nossa, esquentou foi tudo aqui com essa história. A química dessas duas é simplesmente MARAVILHOSA! Eu to completamente apaixonada por elas.
Parabéns, você arrasou de novo! ♥

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