Ooh, I wish I could give you my set of eyes
'Cause I know your eyes ain't working, hmmm
I wish I could tell you that you're fine, so fine
But you will find that disconcerting

Quando chegou na casa da mãe após a consulta, era notável em sua expressão que havia algo de errado. Ela estava calada e suas sobrancelhas se juntavam quando ela se desconcentrava do assunto na mesa entre a mãe e a tia.
— O que você tem? – Sua mãe perguntou, assim que a tia as deixou sozinhas.
— Não consigo parar de pensar no que o médico disse.
— Sobre o seu peso de novo?
— Sim, ganhei mais dois quilos desde a última consulta.
— Você devia trocar de obstetra. Esse homem está sendo um babaca.
— Mãe, ele é obstetra, sabe o que está falando.
— Não, não sabe. – Ela disse, servindo mais uma xícara de café para si. – Ele deveria ser, no mínimo, profissional e não falar de qualquer forma com uma grávida.
— Mas ele está certo, eu estou virando uma bola.
— Filha, eu tive cinco gestações, você foi uma delas. Se tem uma certeza de que eu tenho sobre gravidez é que você vai ganhar peso e isso faz parte desse processo. Mas você precisa de um médico que te dê suporte durante o pré-natal, não um que encha sua cabeça de abobrinhas e te faça acreditar que você, entre as trocentas mulheres grávidas no mundo, é a única ganhando peso.
— E não sou?
— Claro que não, já viu minhas fotos grávida? Cada uma de vocês me fizeram engordar e no fim deu tudo certo com todas.
— Mas por que ele tem que ser assim?
— Sei lá! Só não vá nas ideias dele, troque de médico e cuide do seu emocional, porque, se meu neto tiver qualquer problema durante a gestação, eu vou ter que ir atrás desse médico e gastar meu réu primário.
mentiria se dissesse que não se sentia um pouco melhor depois dos conselhos da mãe, mas, ainda assim, quando chegou em casa e foi trocar de roupas, não pode deixar de parar na frente do espelho e conferir seu reflexo que a cada mês, desde que havia descoberto a gravidez, parecia aumentar para os lados.
— Sua mãe me falou o que aconteceu no médico hoje. – disse, entrando no quarto, começando a se livrar das roupas do trabalho.
— Já está resolvido, eu vou procurar outro médico.
— Se está resolvido, por que você está parada na frente do espelho em vez de vestir seu pijama?
— Ele está tão errado assim afinal de contas?
— Sim.
— Amor, é sério. – Ela suspirou se virando para ele. – Eu não entro mais em nenhuma das minhas calças e são pouquíssimas as roupas que ainda consigo vestir.
— Você está grávida, pelo amor de Deus!
— Isso não significa que eu deva estar assim.
— Amor… Você está gerando uma vida dentro de você, é óbvio que seu corpo vai passar por mudanças. E continua sendo gostosa.
— Eu não me sinto assim.
— Então deixa eu te mostrar. – Pediu afastando parte do cabelo dela do ombro e deixando um beijo na pele exposta, fazendo ela se encolher na frente do espelho.
O primeiro beijo foi seguido de outros, que trilharam um caminho pelo pescoço até o ponto sensível atrás da orelha, que, em segundos, deixou o corpo de fraco e necessitado.
— Você é linda. – Ele murmurou, erguendo o rosto dela com uma mão, e encontrando os olhos dela através do espelho. – Queria te emprestar meu par de olhos.
As mãos dele agora passeavam pelas laterais do corpo dela, o queixo apoiado no ombro onde segundos antes ele beijara. Os olhos nunca perdendo contato através do reflexo mesmo quando a maior vontade dela era fechar os olhos e apenas apreciar os toques que recebia.
— Eu já tenho os meus. - Ela disse, virando o rosto, mas ele fez um som de repreensão.
— Mas eles parecem não estar funcionando tão bem. Olhos no espelho, quero te mostrar o quão linda você é.
O brincar das digitais dele pelo corpo dela já havia a deixado ofegante o suficiente, mas as palavras pareciam atingir um ponto específico no meio das pernas dela, as bochechas se aquecendo violentamente, ele pôde sentir o calor que ela emanava.
— Não fique desconcertada.
— Não é isso.
— Oh… Então o plano está dando certo. – Ele murmurou, deixando mais um beijo no ponto fraco da mulher, que sabia bem onde ele queria chegar.

Naquele fim de tarde, se sentiu bem consigo, com sua gravidez e com seu marido. Talvez ele estivesse certo, afinal de contas.

Nota da autora: Essa história é curtinha, mas tem um significado imenso pra mim, recentemente convivendo com gestantes, percebi que existem mil e uma questões se passando pela cabeça de futuras mães e a autoestima é uma das áreas mais afetadas. Vi uma situação parecida como essa acontecer com uma pessoa próxima e precisava escrever algo que acalentasse o meu coração.
Espero que tenham gostado.
BRB.




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Nota da beta: Carou, eu AMEI a história!!! Mesmo sendo curtinha, foi tão interessante de ler, de viver a visão da pp, de sentir o que ela sentiu (e deu muito para viver o olhar dela!!), que, olha, eu amei muito!! Obrigada por compartilhar essa história com a gente, vale mesmo muito a pena de ler <3

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