Finalizada em: 14/04/2017

“I can just hear them now: "How could you let us down?"
But they don't know what I felt or see it from this way around, feeling it overtake... All that I used to hate! Wonder, what if we trade? I tried but it's way too late. All the slides I don't read, two sides of me can't agree when I breathe in too deep, going with what I always longed for...”

Capítulo Único

Ele estava escorado à porta com as mãos tapando seu belo rosto enquanto eu estava sentada na beirada de nossa cama, com a cabeça baixa e os cabelos cobrindo meu rosto.
É como se eu pudesse ouvir toda a minha família questionando, resmungando, apontando o dedo na minha cara: “Como você pôde?”, ou “O que você tem na cabeça, garota?”
Está ai uma boa pergunta. O que eu tinha na cabeça? Tudo estava desmoronando, mas algo dentro de mim estava na mais absoluta paz, eu estava tranquila. Havia tomado minha decisão, é claro que eu poderia me arrepender amargamente daqui há cinco minutos, assim que saísse por aquela porta. Mas meu coração estava no comando, como sempre!
Levantei-me e fitou-me nos olhos, cheios d’água e então eu respirei fundo sentindo a dor me invadir finalmente.
- Você está certa do que está fazendo? Tantos anos se passaram, o que você acha que mudou? Eu fiz algo que tenha te feito deixar de amar assim? Ou você nunca me amou?
- Não diga uma coisa dessas, ! Eu amei você, claro que amei! Talvez não do jeito que você me ama, ou talvez não do jeito que você mereça!
Segurei seu rosto entre minhas mãos e aproximei nossas faces uma da outra:
- Me perdoe! Apenas me perdoe!
- Para te perdoar eu preciso entender porque está fazendo isso...
Respirei fundo enquanto sentia as mãos dele apertarem a minha cintura, então fechei meus olhos:
- Precisa entender? Nem eu entendo, ! Eu só preciso ir, eu preciso ir para tentar entender também!
- Você acha que volta?
Engoli seco, e selei nossos lábios rapidamente.
- Não faça isso com você mesmo! Pare de se torturar desta forma. – ele me interrompeu:
- Como você fez a vida toda?
Um tapa teria doido menos.
- Exatamente, como eu fiz a vida toda! Não desejo isso para você, então, por favor, não crie expectativas! Hum?
- Eu sei que você vai voltar!
- Por favor, ! – suspirei alto.
- Eu conheço você feito a palma da minha mão, ! Você vai quebrar a cara e vai voltar para mim!
Ouvi-lo dizer aquelas coisas, que normalmente era eu quem dizia no passado fez com que o meu estômago desse voltas e voltas.
Eu sabia o que estava fazendo? Claro que sabia, eu amava e também amava !
Você deve achar isso a maior loucura e completamente impossível de acontecer, mas eu lhe digo uma coisa: não julgue uma situação a qual você não vive!
- E se eu voltar, você vai me querer de volta?
Assim que abri a porta com a mochila nas costas, ouvi me chamar:
- Acostume-se. Ele vai e resolve aparecer, assim do nada, com palavras que ele sabe que de algum modo mexem com os seus sentimentos!

***


Feel like a brand new person
(But you make the same old mistakes)
I finally know what is love
(You don't have what it takes)
(Stop while it's not too late)
(I know there's too much at stake)
(Making the same mistakes)
And I still don't know why it's happening
(Stop before it's too late)
And I still don't know”


O salto machucava meus calcanhares, mas eu andava como se estivesse completamente confortável com a situação. Adentrei o bar e senti todos aqueles olhares imundos sobre mim, mas nada daquilo me abalava de verdade, eu só queria vê-lo.
Talvez fosse isso, eu só queria ou precisava vê-lo, nem que fosse pela última vez...
- Eu juro que tive dúvidas se você realmente viria, ou não!
Meu coração parou por cerca de oito segundos, até que eu subi o olhar e encontrei os olhos castanhos – e sedentos – de .
Foi como se naquele momento eu levasse incontáveis socos na boca do estômago e fosse vomitar a qualquer momento, e a razão que ainda habitava em mim dissesse: “Fuja!”.
Abri a boca algumas vezes, mas minhas cordas vocais se recusavam a falar, ou simplesmente emitir qualquer som que fosse.
Eu achei durante longos cinco anos que eu havia superado , que ele não faria efeito nenhum em minha vida, em meu organismo. Achei que tivesse aprendido a lição, virado a página e me transformado em tudo o que eu realmente quis ser a vida toda. Uma boa esposa, uma futura boa mãe, uma profissional de respeito, a filha perfeita!
Mas vê-lo ali na minha frente, o velho cigarro na boca, a jaqueta preta de couro, o mesmo capacete na mão direita e aqueles olhos que sempre me olhavam com o mesmo fogo de sempre...
- Sei o que deve estar pensando! – ele se sentou a minha frente. – Que deveria ter me dado o bolo, não é?
Balancei a cabeça em negação, e dei um sorriso de canto enquanto olhava para baixo.
- Muita coisa mudou nesses seis anos, ! Muita coisa!
- A julgar por essa aliança no seu dedo esquerdo! – ele riu. – Você me disse que jamais iria se casar, nem comigo você queria!
- Será que eu realmente não queria? Será mesmo que você sabe tudo sobre mim?
Nós dois nos olhamos por alguns segundos.
- Talvez eu realmente não saiba nada sobre você! Mas você pode me contar agora! Que tal começarmos exatamente de onde paramos?
Ele pediu dois drinks, os nossos favoritos, e então eu mesma comecei:
- Por que voltou?
se remexeu na cadeira, visivelmente incomodado e eu umedeci meus lábios esperando ansiosamente sua resposta.
Você deve estar se perguntando que diabos de história é essa, não é? Pois eu lhe explico, ou melhor, eu tento te explicar. Pode ser?
Conhecemo-nos ainda na infância, na escola! Éramos da mesma sala, e ele vivia me atormentando! foi o meu primeiro beijo, meu primeiro homem, minha primeira e única decepção.
Lembro-me que foram várias noites sem dormir após as várias brigas, pelo meu ciúme excessivo, pelas noites em que ele simplesmente ficou chapado e sumiu por dias!
Nosso estilo de vida também não ajuda em nada! Não tínhamos moradia fixa, o vivia de bicos e eu também! Com 16 anos eu fugi de casa para viver assim, de beira em beira com , na garupa de sua moto. Os pais de o abandonaram com avós quando ele tinha 3 anos, e aos 15 ele ficou sozinho após a morte dos mesmos.
Ele só tinha a mim, e eu de certa forma só tinha a ele. As brigas eram constantes, e por motivos diversos. Eu vivia voltando para a casa dos meus pais e fugindo de novo com ele, foi assim até os meus 20 anos.
Um dia, eu estava completamente sozinha num motel em uma cidade que eu não conhecia ninguém e sem um centavo no bolso.
não atendia ao celular, e anoiteceu... Eu estava ainda meio chapada e completamente perdida sem saber o que fazer.
Quando a vibe da maconha passou, eu tomei um banho e decidi que estava na hora de finalmente mudar de vida, e até mesmo dar uma lição em já que nós sempre terminávamos e eu voltava ao final do dia, ou dias depois.
Aquela altura eu estava cansada de andar em círculos e não chegar em lugar algum.
Houveram dias que eu sequer pensei no ou no que vivemos, conseguiu tirar o de dentro de mim durante os primeiros anos da separação, mas depois começou a mandar-me algumas mensagens e eu simplesmente esqueci de tudo o que estava vivendo com , de tudo o que eu havia me tornado.
Era como se houvessem duas garotas diferentes vivendo em mim, uma dupla personalidade onde em uma delas eu era completamente apaixonada por e pela vida pacata de boa esposa que eu levava, e a outra era uma completa viciada pela vida que o me oferecia: bebidas, drogas, sexo, e amor, porque eu sabia que me amava, isso eu sentia, aliás, qualquer pessoa que visse nós dois sabia que existia entre nós um amor inexplicável.

***


“Finally taking flight. I know you don't think it's right, I know that you think it's fake, maybe fake's what I like on this side of the rut! I'm thinking like what I'm thinking it's worth the fight. Soon to be out of sight, moving it out this time going with what I always longed for...”


- Não me leve a mal, e nem me ache grosseiro! Voltei porque quis, porque estava na hora!
Balancei a cabeça, assentindo enquanto terminava de tomar meu drink. O gosto daquela bebida era o gosto de ...
- Eu senti a sua falta! – ouvi a voz dele dizer.
- Já ouviu aquele ditado: Deixa o amor ir navegar, porque se esse amor for seu logo o mar devolverá?
Ele gargalhou e eu também, finalmente me rendendo a presença dele, me rendendo ao que eu sentia.
- Não desta forma, mas já! Mas as coisas com você nunca foram convencionais, não é?
- Não! As coisas com você nunca foram convencionais!
- E as coisas com ?
Encaramo-nos e eu senti minha garganta queimar, e não era pelo álcool.
- Por que quer saber?
- Porque não me contou que estava casada?
- Porque não te interessava!
- Não me interessava, ? Como não me interessava? Como a vida da mulher que eu amo não me interessaria?
- Você me ama, então?
Incontáveis segundos se passaram, e ele levantou.
- Vem!
E como se ele tivesse pleno controle do meu corpo, dos meus movimentos, eu o segui.
Andar em sua moto em plena velocidade com as minhas mãos em torno de seu corpo miúdo que eu tanto amava era incomparável, era como se fosse a primeira vez e eu senti tudo de novo, como se tivesse meus 14 anos de volta e me apaixonasse outra vez por ele...
Assim que desci eu o encarei, era ruim olhar para ele e não saber se ele havia mudado muito ou não já que eu nem me lembrava de suas feições da última vez que nos vimos!
- O que vem na sua cabeça quando você fica me olhando assim?
- O quanto eu amo você, o quanto tudo isso é uma loucura!
- Me amar?
Eu bufei e dei as costas para enquanto começava minha caminhada, sabendo que ele não viria atrás de mim. Quando me afastei o suficiente, virei novamente e abri meus braços:
- É, ! Te amar é uma loucura, é quase um suicídio! Você tá sempre indo e vindo, nada te prende, nada te conserta! Nem eu! Nem o meu amor, então por que amar você?
- Se você tivesse escolha, não me amaria?
Engoli em seco, e deixei que as lágrimas teimosas descessem pela minha face.
- Eu amaria, ! Mil vezes eu amaria você! Eu só...
Virei-me de costas outra vez enquanto colocava as mãos sobre minha própria face, deixando que o desespero tomasse conta de mim.
- Você só...? – senti as mãos dele me apertarem a cintura e meu corpo reagiu com arrepios. – , você sabe que eu sempre detestei ver você chorar, me quebra!
- Tem certeza que te quebra?
Virei-me de frente para ele e passei meus braços em seu pescoço enquanto ele limpava minhas lágrimas.
- Não sou só eu que não sei muitas coisas sobre você, você também parece não saber tudo sobre mim!
- Por que não me mostra agora então?

“Feel like a brand new person
(But you make the same old mistakes)
I don't care I'm in love
(Stop before it's too late)
Feel like a brand new person
(But you make the same old mistakes)
I finally know what is love
(You don't have what it takes)
(Stop before it's too late)”


Nossos lábios se tocaram, dando vazão á todo desejo adormecido dentro de mim, e então nos beijamos como se pudéssemos simplesmente sugar a alma um do outro, como se o tempo pudesse parar ali e me deixar sentindo os lábios macios e ferozes de sobre os meus enquanto suas mãos não encontravam descanso em meu corpo.

“Man, I know that it's hard to digest but baby this love is so different from the rest! And I know it seems hard to accept, but you've got to do it, and she's got her regrets. And I know that it's hard to digest... I really know this shit is as good as it gets and I know it seems hard to accept but you've got your demons and she's got her regrets. But you've got your demons, and she's got her regrets...”

- Você acha que nós dois teríamos dado certo?
Vislumbrei o céu azul enquanto tragava o cigarro que havia me dado, aliás, quantos anos fazia que eu não fumava? Aquela pergunta ficou ecoando em minha mente por alguns minutos e não me pressionou pela resposta, ele sabia que eu precisava pensar. Devolvi a pergunta:
- Você acha que nós dois teríamos dado certo?
Ele respirou fundo e me fitou:
- Não sei ao certo! Nós fizemos tudo errado, do começo ao fim!
- Nós? – eu gargalhei alto.
- Por que você tem que jogar a culpa do nosso fim só em mim? Acha que não cometeu erros?
- Talvez! Talvez eu tenha! Mas vamos falar estatisticamente, – foi a vez dele gargalhar. – É sério, ! De 100%, quanto é minha culpa para você?
- Não sejamos patéticos, !
- Sempre fomos, , do começo ao fim!
Fitamo-nos novamente, e ele me beijou com suavidade dessa vez.
- Você provavelmente já assistiu ou leu “A Culpa é das Estrelas”, to certo?
- Ah qual é, ? – gargalhamos juntos dessa vez e eu assenti que sim. – Já sim, porque essa pergunta?
- Eu sou a granada!
- Qual das granadas? Você é a Hazel ou o Gus?
- Isso não vem ao caso, você só precisa saber que eu sou a granada e eu posso explodir a qualquer momento!
Abaixei a cabeça, terminei de tragar o meu cigarro e me levantei.
- Quando estávamos juntos, no começo era tudo tão maravilhoso! A gente se dava tão bem! Mas depois de um tempo parecia que eu estava fazendo amor com o inimigo.
Vi o olhar dele passar de curioso para ferido, e então ele fez menção de falar mas eu continuei:
- Eu não queria me apaixonar! Juro que não! Eu achei que ia tomar só uma dose, e cair fora! Ia descartar você, e seguir em frente como os adolescentes fazem!
- Mas você sempre foi diferente! – ele balançou a cabeça. – Acha que eu nunca amei você? Que eu não a amo?
Balancei a cabeça e segui em frente:
- Eu descobri que só posso tomar você em pequenas doses, amar você é explosivo e você sabe disso! O problema é que eu não havia blindado meu coração então eu ficava despedaçada todas as vezes! Enquanto você ficava inteiro!
- Eu parecia inteiro! Eu parecia!
- Por que não me mostra quem você é de verdade, então?
- Por que não vamos embora? Juntos? Hã? Viver juntos, ter nossos filhos?
Deixei que algumas lágrimas teimosas escapassem, limpei as mesmas com as costas das mãos:
- Porque simplesmente você e eu somos como óleo e água, sem mistura! Você não vai se prender a mulher nenhuma nunca, pode me amar o quanto for, mas a ideia de se ver preso a alguém, a algum lugar, te desespera, da mesma forma que não ter nada fixo, não ter segurança, me desespera! Já se passaram seis anos, , não dá mais para vivermos como se tivesses dezesseis anos para sempre, de cidade em cidade, de bar em bar, de motel em motel, de bico em bico. Hoje eu sou uma mulher! Eu vou amar você para o resto da minha vida, mas não vou deixar tudo o que eu já construí para terminar jogada as traças e sofrendo por amar você sem ter você de verdade!
abaixou a cabeça e então levantou-se, me entregando o capacete.
- Quer que eu te leve para o ?

***


“Feel like a brand new person
So happy to know that it's right
In a new direction
So happy to know I've come to fall
Stop thinking that the only option was
Feel like a brand new person
I finally know what it's like
Stop thinking that the only option was
So happy to know I've come to fall
Stop thinking that the only option was
And I know it's hard to describe
Stop thinking that the only option was
So happy to know that it's right...”


estava deitado em sua rede lendo um livro qualquer que depois eu acabaria lendo e nós dois passaríamos horas falando sobre.
Nem percebeu que eu o observava de longe, parada ao lado de , que me observava.
- ! – ouvi me chamar e então vire-me para ele. – Você sabe que eu vou voltar um dia, não sabe? Vai querer ouvir falar de mim? Ou isso aqui é um adeus oficial?
Eu o deixei falando sozinho na metade da frase enquanto caminhava de volta para minha casa, para , para a minha vida.
voltaria, mas e eu? Eu voltaria vê-lo?


Fim.



Nota da autora: Oi gatassssss! Eu sinceramente não sei se acertei ou não com essa fic, tive muitas dificuldades para escrevê-la haha, um enorme bloqueio criativo me atrapalhou, espero ter agrado tá?



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.




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