Capítulo único
Contemplei a janela uma outra vez. Meu chá estava frio sob a janela, e uma brisa forte corria pra dentro da sala.
Era o dia 733. Mais de dois anos esmurravam a saudade. Eu não tinha sequer uma notícia. Não acreditava mesmo que fosse receber um cartão postal.
Mas as iniciais de ainda eram as letras que eu escrevia com o vapor que condensava a janela. Como de se eu pensar nele, ele iria se materializar ali, bem na minha frente.
Hoje eu era dois anos mais velha do que a de 15 anos que teve seu par do baile de debutantes e noivo em uma só pessoa. Porque ali, éramos pré destinados a nos unir em matrimônio. queria. Eu queria. Nossa família implorava por. Mas ele havia ido embora. E o passado ficou apenas lá, 733 dias atrás.
Subi as escadas em direção ao meu quarto. Eu me olhava no espelho e marcas de saudade manchavam meu corpo. Como a tatuagem que ele mesmo fez em mim, minha águia, minha liberdade. Era engraçado ele viver livre e eu hoje ser o sabiá dentro da gaiola.
Era de brincadeira que eu falava que as vezes a brisa trazia o perfume dele pra mim. Mas hoje especificamente, estávamos em mente, conectados. Eu sentia seu cheiro. O cheiro do seu amor pairava no ar. E eu olhei a janela. Olhei a janela como se a frustração de não o ver não me corrompesse a cada dia.
Ele se foi e eu não comemorava mais nada. Meu natal era pedir pro papai Noel o meu . E esse pedido se repetia até para o dia de nossa senhora aparecida.
Eu tentava superar, até. Mas a cada dia, a falta se sobressaía em algum momento. Naquele sabor que só ele gostava, um filme que havíamos assistido juntos.
Ele era meu . O cara que me acordava com um belo sorriso e muita nudez. Que me amava no banho, no carro, na casa dos seus pais. O cara que mandava um emoji no final de cada frase por saber que me irritava. Me ensinou a dirigir, mesmo que até hoje eu nunca tenha tirado minha habilitação. Os olhos que me corrompiam. O sorriso que me desmontava.
"Você não merece o que fui pra você". Suas últimas palavras se tornaram meu carma particular. Pegar a distância e a tornar real foram minha ferida principal, mas vê-lo partir por culpa minha nunca fez nenhum machucado cicatrizar. Eu não o merecia mesmo. E merecia viver a sofrer. Deveria eu ter ido embora antes de deixar uma obsessão desnecessária nos destruir.
Mas agora eu estava 733 dias atrasada.
E o tempo de distância me fazia chorar. Meus olhos borrados me faziam escorrer a dor. Os mesmos olhos, embaçados, quase calaram toda minha voz ao ouvir mais uma vez Marley latir animado. Eu costumava pensar que a cada excitação de nosso cachorro, era ele reconhecendo o dono. Era entrando normalmente por nosso portão depois de uma tarde de trabalho, ou uma noite cansativa na faculdade. Normalmente nos trazia algo para comer, já que ambos éramos um desastre na cozinha. Hoje eu já devo ter perdido uns cinco kilos.
- Ele faz falta né. - Marley sentia também. O jardim morto em frente a casa também. Até a caixa de correios que estava sempre cheia de encomendas compradas da Internet. Eu já não era nem virtual.
A moça do mercado já me oferecia descontos nas comidas semi prontas. A farmacêutica nem me lembrava mais quando vencia a injeção do meu anti concepcional.
O pessoal do meu serviço nem comentava. Lanay que ia casar, não me convidou para ser madrinha. Eu me via monótona. Morta. E minha morte em vida me remetia a saudades. Dele.
Era como se ele tivesse levado minha vontade de viver. Minha alma.
Eu vivia a constante sensação de ouvir uma música melancólica. Eu me sentia um fã que tem a série cancelada. O fim sem um devido final. Eu eesperava minha cena pós créditos, no entanto. Um final digno de um Oscar. E é por isso que eu contemplava a janela outra vez. Já não havia uma gota de chá. Eu só fazia o bom uso de tantas coisas que havia aprendido nesse tempo. A ser paciente. Contar setecentos e trinta e três dias de esperança.
Era o dia 733. Mais de dois anos esmurravam a saudade. Eu não tinha sequer uma notícia. Não acreditava mesmo que fosse receber um cartão postal.
Mas as iniciais de ainda eram as letras que eu escrevia com o vapor que condensava a janela. Como de se eu pensar nele, ele iria se materializar ali, bem na minha frente.
Hoje eu era dois anos mais velha do que a de 15 anos que teve seu par do baile de debutantes e noivo em uma só pessoa. Porque ali, éramos pré destinados a nos unir em matrimônio. queria. Eu queria. Nossa família implorava por. Mas ele havia ido embora. E o passado ficou apenas lá, 733 dias atrás.
Subi as escadas em direção ao meu quarto. Eu me olhava no espelho e marcas de saudade manchavam meu corpo. Como a tatuagem que ele mesmo fez em mim, minha águia, minha liberdade. Era engraçado ele viver livre e eu hoje ser o sabiá dentro da gaiola.
Era de brincadeira que eu falava que as vezes a brisa trazia o perfume dele pra mim. Mas hoje especificamente, estávamos em mente, conectados. Eu sentia seu cheiro. O cheiro do seu amor pairava no ar. E eu olhei a janela. Olhei a janela como se a frustração de não o ver não me corrompesse a cada dia.
Ele se foi e eu não comemorava mais nada. Meu natal era pedir pro papai Noel o meu . E esse pedido se repetia até para o dia de nossa senhora aparecida.
Eu tentava superar, até. Mas a cada dia, a falta se sobressaía em algum momento. Naquele sabor que só ele gostava, um filme que havíamos assistido juntos.
Ele era meu . O cara que me acordava com um belo sorriso e muita nudez. Que me amava no banho, no carro, na casa dos seus pais. O cara que mandava um emoji no final de cada frase por saber que me irritava. Me ensinou a dirigir, mesmo que até hoje eu nunca tenha tirado minha habilitação. Os olhos que me corrompiam. O sorriso que me desmontava.
"Você não merece o que fui pra você". Suas últimas palavras se tornaram meu carma particular. Pegar a distância e a tornar real foram minha ferida principal, mas vê-lo partir por culpa minha nunca fez nenhum machucado cicatrizar. Eu não o merecia mesmo. E merecia viver a sofrer. Deveria eu ter ido embora antes de deixar uma obsessão desnecessária nos destruir.
Mas agora eu estava 733 dias atrasada.
E o tempo de distância me fazia chorar. Meus olhos borrados me faziam escorrer a dor. Os mesmos olhos, embaçados, quase calaram toda minha voz ao ouvir mais uma vez Marley latir animado. Eu costumava pensar que a cada excitação de nosso cachorro, era ele reconhecendo o dono. Era entrando normalmente por nosso portão depois de uma tarde de trabalho, ou uma noite cansativa na faculdade. Normalmente nos trazia algo para comer, já que ambos éramos um desastre na cozinha. Hoje eu já devo ter perdido uns cinco kilos.
- Ele faz falta né. - Marley sentia também. O jardim morto em frente a casa também. Até a caixa de correios que estava sempre cheia de encomendas compradas da Internet. Eu já não era nem virtual.
A moça do mercado já me oferecia descontos nas comidas semi prontas. A farmacêutica nem me lembrava mais quando vencia a injeção do meu anti concepcional.
O pessoal do meu serviço nem comentava. Lanay que ia casar, não me convidou para ser madrinha. Eu me via monótona. Morta. E minha morte em vida me remetia a saudades. Dele.
Era como se ele tivesse levado minha vontade de viver. Minha alma.
Eu vivia a constante sensação de ouvir uma música melancólica. Eu me sentia um fã que tem a série cancelada. O fim sem um devido final. Eu eesperava minha cena pós créditos, no entanto. Um final digno de um Oscar. E é por isso que eu contemplava a janela outra vez. Já não havia uma gota de chá. Eu só fazia o bom uso de tantas coisas que havia aprendido nesse tempo. A ser paciente. Contar setecentos e trinta e três dias de esperança.
Fim.
Nota da autora: Segue a fanfic baseada em Stars, Alessia Cara. E grata ao site por nos proporcionar momentos como esse!.
Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
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