Finalizada em: 02/02/2021

Capítulo Único

“Têm sido difícil me ajustar, eu tinha as rodas mais brilhantes, agora elas estão enferrujando. Eu não sabia se você iria se importar se eu voltasse, eu me arrependo bastante disso! Estacionei o carro na estrada para o mirante, poderia ter seguido meus medos até o fim do caminho. E talvez eu não saiba exatamente o que dizer, mas eu estou aqui na sua porta…
.”


Eu reli a mensagem escrita no visor do celular pela terceira vez, minhas mãos tremiam. Meus lábios estavam secos, então passei a língua sobre eles. Eu estava há meses sóbria dos remédios para ansiedade e depressão, e não sofri nenhuma crise durante esse período. Mas estar ali, naquela cidade, passar pela escola que estudei durante tantos anos, pela antiga casa onde morávamos, pelos campos, bosques, vislumbrar o local em que nasci e tive meus melhores e piores momentos, fez com que eu sentisse novamente os sintomas já conhecidos pelo meu corpo e mente, especialmente ali, em frente à casa de .
Eu não deveria estar ali e sei muito bem disso. Provavelmente ele não queria olhar na minha cara, provavelmente sentia ódio de mim, e honestamente eu o entendia. Mas fazia parte do meu processo de cura, eu precisava vê-lo, tocá-lo, sentir outra vez sua respiração quente e pesada sobre meu rosto, queimando minhas bochechas. Ele não precisava dizer nada se não quisesse, ele não precisava dizer que me odiava, que não me queria ali, eu só precisava vê-lo e dedilhar meus dedos sobre suas bochechas rosadas. Só Deus sabe o quanto partir me custou, e só eu sei a falta que senti de . Mas era necessário, ou pelo menos na época, eu achei que era necessário, foi a única saída que encontrei naquele momento de profunda dor.
Apertei enviar, ainda trêmula e com medo da reação de àquela inesperada - acredito eu - mensagem, eu não tinha o seu número de telefone, mas sabia o usuário de uma de suas redes sociais. Eu não tinha nenhuma conta, apenas a profissional, para mostrar meus quadros e tentar vender minha arte. Era através dela que eu via , suas postagens… Fazia apenas um mês que eu havia criado coragem de segui-lo. Foi bem quando decidi que precisava voltar para Traverse City. Minha cidade natal, onde eu vivi até o auge da minha loucura aos dezenove anos. Precisava voltar lá, visitar os poucos parentes que eu ainda tinha (minha mãe está inclusa nessa lista), rever os amigos que ainda estavam lá, rever os locais que fizeram parte da minha história; eu senti que precisava disso para deixar todos os fantasmas que me assombravam irem embora, finalmente. E, especialmente, eu precisava procurar , nem que fosse só para vê-lo de longe, aquilo já me traria conforto e paz.
Eu não sabia se ele responderia, ou sequer se visualizaria a mensagem, controlei minha ansiedade, bloqueei o celular e o joguei no banco de carona do carro que eu havia alugado para a viagem. Segurei o volante com as duas mãos, ajeitando meu corpo no banco, e senti um arrepio percorrer minha espinha enquanto fechava os olhos e me lembrava de quando nos beijamos pela primeira vez… Suas mãos seguravam firme a minha cintura e eu não acreditava que ele estava fazendo aquilo, eu não sabia dizer ao certo se era apaixonada pelo meu melhor amigo ou se estava apenas confundindo as coisas, eu tinha um medo enorme de estragar as coisas entre a gente se pensasse demais nos meus sentimentos e acabasse concluindo que sim, que era perdidamente apaixonada por ele. Mal sabia eu naquela época que eu estragaria sim as coisas entre a gente, mas fugindo da cidade…
Quando os lábios dele finalmente encostaram-se aos meus, ele sussurrou de encontro à pele da minha boca “eu quero tanto beijar você, , eu posso?”, eu nada disse, apenas dei espaço para que ele o fizesse, e eu sabia que não importava quantas bocas eu já havia beijado aos meus quinze anos ou quantas bocas eu beijaria ao longo de minha vida, a dele seria sempre a mais doce, a mais gentil, e a que eu mais amaria.
Nada nunca se comparou a todas as sensações que causava em todo o meu corpo com um simples toque, beijo, olhar… E eu pensava em todos eles, todos os dias. Eu lembrava dele enquanto fazia a terapia, eu lembrava dele quando tomava banho, eu lembrava dele quando me deitava para dormir, quando me levantava, quando tomava meu café da manhã, quando saía para fazer compras, quando saía com as minhas novas e poucas amigas da cidade grande, quando pintava meus quadros… O tempo todo.
Acho que a forma com que tudo acabou - ou com que eu acabei com tudo - ajudou bastante nisso, fez com que eu ficasse obcecada.
Fui tirada de meus devaneios quando ouvi a porta da casa batendo com força. Passei a língua pelos lábios novamente, senti que meu coração estava ainda mais inquieto dentro do peito, fazendo minhas pobres mãos tremerem mais, se é que era possível.
Eu estava preparada, mas no fundo não estava tão preparada assim. Aquilo era o que eu mais queria no mundo, mas eu não sabia como poderia ser, por mais que eu previsse algumas coisas, ou algumas reações. A mente trai a gente o tempo todo.
Levei meus olhos em direção à casa e lá estava ele, em pé, de costas para a escada que dava para a entrada da pequena casa. Casa essa que, aliás, era exatamente do jeito que ele sempre sonhara, exatamente do jeito que ele sempre planejara para nós dois… Ela era pequena, amarela (minha cor preferida), com as janelas brancas, uma escada marrom, o jardim impecavelmente cuidado e delicado. Havia um mustang na garagem, outra coisa que ele sempre quis ter… Era como se tudo o que havíamos planejado anos atrás quando estávamos juntos, tivesse se materializado ali na minha frente; a casa, o carro, as roupas que ele usava, o restaurante que ele havia aberto, só não tinha eu ali, fazendo parte daquilo tudo!
Mirei os grandes olhos verdes me encarando com espanto, as bochechas rosadas agora estavam vermelhas e ele vestia um moletom acinzentado, com uma bermuda da mesma cor e tecido. Eu sei que ele era muito alto, mas parecia ainda maior. Seu semblante me fez ter vontade de chorar. Eu tinha certeza de que ele não estava entendendo nada e que a dor em seu peito havia voltado a latejar, assim como todos os fantasmas dentro de mim haviam agora saído e sussurravam coisas ruins em meus ouvidos.
“Eu só queria que você soubesse que essa sou eu tentando…”, pensei.
- O que você está fazendo em Traverse City? O que está fazendo na porta da minha casa, ?
Ouvi-lo me chamar de outra vez foi como ouvir pássaros cantar num fim de tarde ensolarado sabe? Dentro todas as coisas que eu esperava, ouvi-lo me chamar de outra vez definitivamente não estava nos meus planos, e eu sorri sem mostrar os dentes.
- Me destruir uma vez não foi o suficiente para você? Você vai partir outra vez e me destruir outra vez, para quê?

***


Algumas horas antes:

- Eles disseram que todas as minhas jaulas eram mentais! Então eu me perdi, assim como todo o meu potencial… Minhas palavras atiram para matar quando estou brava.
- coloquei minhas mãos trêmulas ao redor do copo.
Olhei o líquido âmbar dentro do copo, minha boca pedia desesperadamente para que eu despejasse aquele saboroso líquido dentro da minha garganta. Havia pelo menos uns quatro anos que eu não bebia nada que continha álcool, tendo em vista que, quando tudo aconteceu, e alguns dias antes de eu fugir de Traverse City, beber era algo que eu andava fazendo com uma certa frequência, eu sentia que estava prestes a me tornar uma alcoólatra. O álcool era única coisa que fazia todos aqueles pensamentos e lembranças desaparecerem por completo da minha mente. Mas eu não podia beber aquele uísque, eu não poderia ceder. Minha mente dizia que beber aquele líquido era a única forma de ter coragem de ir até a casa de . Todos na cidade o conheciam, afinal de contas, hoje ele era filho do prefeito de Traverse City… Então não foi muito difícil conseguir o endereço dele.
- Mas você tem certeza de que vai lá atrás dele? - o garçom me perguntou enquanto limpava o balcão. – Por que você fugiu?
- Eu me arrependo bastante disso. - respondi simplesmente. - Eu estava tão à frente na curva, a curva se tornou uma esfera…
Meus olhos ainda estavam cravados no copo à minha frente.
- Fiquei para trás de todos os meus colegas de classe e acabei aqui, despejando meu coração para um estranho! - balancei a cabeça em negativa enquanto dizia mais para mim do que para o coitado do garçom.
Mas eu não despejei o uísque… Coloquei algumas notas de dinheiro amassadas ao lado do copo e saí do bar.
“Eu só queria que você soubesse que essa sou eu tentando…”, pensei outra vez enquanto ligava o carro e me dirigia para o cemitério.
Andei alguns metros até que achei a lápide onde o corpo já sem vida de meu irmão habitava há exatos cinco anos. Senti o nó já presente em minha garganta se apertar mais, como se quisesse me sufocar. Depois do enterro eu nunca mais havia ido ao cemitério visitar sua lápide. Ela estava bem cuidada, a grama aparada e verde, havia várias flores depositadas lá, a maioria de plástico para não morrerem, acredito eu. Senti uma estranha felicidade de ver que ele continuava querido como sempre fora.
As pessoas se lembravam dele, de visitá-lo, de deixar presentes. Ele era lembrado e eu gostava dessa sensação. Ajoelhei-me em frente a lápide de cor cinza e preta, e passei delicadamente meus dedos pelas letras em alto relevo que formavam seu nome “Jacob Dallas”, e fechei meus olhos enquanto sentia as lágrimas geladas escorrerem por minhas bochechas. Deixei minha alma chorar todo o choro necessário para aquele momento, me deixei sentir novamente aquela dor que dilacerou meu peito, aquela dor que apenas foi adormecendo com o tempo, com as terapias e remédios. Mas ela ainda estava ali em meu peito, e eu sei que jamais me livraria daquele sentimento e daquelas lembranças, eu só havia, finalmente, depois de anos, aprendido a conviver com elas.
Jacob era meu porto seguro desde que nosso pai e mãe se separaram. Como ele mesmo gostava de dizer, ele era o homem da casa e servia como nossa rocha, nosso apoio em todos os momentos. Nossa mãe era uma mulher muito forte, mas a separação a balançou bastante no começo, e Jacob foi o responsável por não deixar que ruíssemos. Quando ele morreu na minha frente, eu senti como se tivesse morrido junto com ele. Eu sonhava todas as noites com a cena do assassinato: foram muitos tiros, muito sangue, eu sempre repetia na minha mente a cena onde ele caía sem vida no chão, enquanto eu o envolvia em meus braços e banhava minha roupa e corpo com seu sangue.
Todos os dias, todas as noites, era infalível, era só isso que se passava em minha mente. Eu ouvia ele me chamar pela casa, eu via sua silhueta no meu quarto, e sempre ouvia ele me chamando para ficar com ele, para encontrá-lo… Aquilo consumia minha mente, eu não aceitava sua morte, sonhava com ela inclusive acordada. Então eu comecei a beber, passar dias sumida, eu vagava pelas estradas próximas a Traverse City, invadia propriedades privadas de fazendeiros da região. Eu fiquei um ano fora de mim, apenas existindo. esteve ao meu lado em todos os momentos, fez de tudo para me salvar, mas ele também estava quase enlouquecendo vendo-me naquela situação, assim como minha mãe e meu pai.
Foi aí que eu decidi que não queria mais viver em Traverse City, pois ali, tudo me fazia pensar em Jacob, ali minha alma jamais teria paz. Tentei suicídio diversas vezes antes de decidir que o melhor seria ir embora dali e nunca mais voltar. Eu não pensei em ninguém, eu só queria acabar com aquele sofrimento, ir para longe de tudo que me fizesse lembrar ou pensar em Jacob. E assim eu fiz, supliquei ao meu pai que viesse me buscar para viver com ele e ele concordou, desde que minha mãe autorizasse.
No começo ela estava relutante, não queria me deixar ir, tinha medo do que poderia acontecer. Ela não queria ficar sozinha também… Mas acabou concordando quando em uma das minhas últimas tentativas de suicídio eu de fato quase morri. Lembro-me que ela me disse: “Não posso perder mais ninguém! Prefiro você longe e viva, do que morta e enterrada aqui na cidade!”
Limpei as lágrimas que insistiam em continuar caindo e passei os olhos pela frase escrita na lápide, “Sua alma nos deixou, mas a saudade para sempre manterá sua memória viva nos nossos corações!”
Fiquei ali por mais algumas horas, conversando com Jacob, como eu faria se ele estivesse vivo. E deixei que finalmente ele fosse em paz. Ele precisa descansar.

***********


- Me perdoa pela tristeza estampada no seu rosto e cravada nas mãos que te puxam para o olho do furacão. Mas é que eu só tenho você. - foi a única coisa que eu consegui dizer.
Eu abri a porta do carro com certa dificuldade e finalmente me pus de pé, em frente à . Não o suficiente para tocá-lo, ou sentir sua respiração como eu gostaria, mas em pé e de frente para ele, finalmente. Eu não sentia nada da cintura para baixo e fiquei com medo de ter uma crise de ansiedade ali, aquele momento era muito importante, então eu precisava me controlar.
- Há quanto tempo você não aparecia por aqui? Quatro malditos anos, não é?
Eu assenti com a cabeça.
- Você disse que se arrependia na mensagem, mas se arrepende do que, no caso? De ter ido embora sem me avisar ou de ter voltado e aparecido aqui na minha casa?
Joguei a cabeça para trás tentando controlar a ansiedade e logo voltei a fitá-lo. Eu queria me jogar em seus enormes braços e nunca mais soltá-lo. Eu não queria ouvi-lo falar, eu só queria abraçá-lo e dizer para ele o quanto o amava ainda. Mas não o fiz.
- Me arrependi de ter ido embora. De estar aqui frente a você hoje, não. Isso não!
- E quando foi que, de repente, você se arrependeu? - cruzou os braços abaixo do tórax em defensiva. - Você nunca me escreveu uma carta sequer! Você nunca me mandou notícias suas, nunca perguntou por mim, ! Eu tinha que ficar indo à casa da sua mãe para saber notícias suas, para ler as cartas que você mandava para ela. Passou pela sua cabeça em algum momento o quanto me doía saber que você nem sequer lembrava de mim nas cartas? Você tem ideia do pesadelo que eu vivi nesses quatros anos? Você tomou uma decisão e nem sequer me comunicou o que havia decidido fazer com a sua vida!
A cada palavra eu sentia um soco no estômago, e eu falaria o quê? Ele tinha toda a razão e eu não tinha como argumentar com a dor dele.
- Eu também estava em dor, em estado de pânico. Eu só queria acabar com toda a dor que eu sentia. - cuspi, olhando para o chão.
- Causando dor nos outros? Sua mãe, , ela ficou arrasada com a sua partida! Sozinha! Sabe quem cuidou dela esses anos todos?
- Você! - eu sussurrei enquanto sentia meus olhos lacrimejarem e arderem.
- Eu! - ele bateu uma das mãos no peito, com força. - Eu cuidei dela, ! E sabe quem cuidou de mim?
Eu balancei a cabeça, já me entregando outra vez ao choro.
- Ninguém! - ele respondeu, virando-se de costas para mim e abaixando a cabeça.
Ele também chorava, eu sabia disso!
- Não havia explicação para o que eu estava sentindo. Apenas queria desesperadamente parar de sentir.
Ficamos em silêncio por duros minutos, apenas chorando e deixando que a dor se manifestasse. Até que eu cortei o silêncio sepulcral:
- Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui a pouco eu vou embora, prometo. Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor, chegue mais perto.
Mais alguns minutos de silêncio, até que eu me atrevi a chegar perto o suficiente, para esticar meu braço e tocar uma parte suas costas.
- Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir, de novo. - se virou, cortando o toque. - Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Tenho medo de que dia após dia, cada vez mais, não estarei no que você vê. E tanto tempo terá passado, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado o esforço, excessiva dor, e você esquecerá, como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto.
Eu balancei a cabeça em negativa diversas vezes enquanto enxugava algumas lágrimas.
- Isso é impossível, ! É difícil demais não pensar em você! Não me lembrar de você, não me importar com você! E é difícil estar em uma festa quando me sinto como uma ferida aberta! É difícil estar em qualquer lugar hoje em dia, quando tudo que eu quero é você! Você é um flashback em um rolo de filme em uma tela na minha cidade! - eu abri os braços, exasperada.
- Eu ainda te olho com olhos de amor, mas já não te reconheço mais. Eu não sei mais quem é você, ! Tem um limbo de quatro anos que separa quem você era, quem eu conhecia, de quem você é hoje! Quem é você hoje?
Deixei meus braços caírem e respirei fundo, bem fundo.
- Eu só queria que você soubesse que essa sou eu tentando, e talvez eu não saiba o que dizer! - eu pausei, encarando os olhos verdes de e repeti. - Eu só queria que você soubesse que essa sou eu tentando, que pelo menos estou tentando. O cansaço tomou conta de mim, e as coisas começaram a perder a forma. Pensei no quão estranho era o lado esquerdo da cama vazio, sem você para me acordar. Pensei no quanto sentia falta disso, das noites mal dormidas por conta das conversas de madrugada, das risadas abafadas para não acordar a casa, e de quando eu pegava no sono enquanto você me olhava. Eu sinto falta de você, . - pausei, sem fôlego. - E é tão doloroso. Faz tempo que eu não te vejo, que não sinto o gosto do teu beijo, e isso me traz uma dor imensa quando lembro. Queria tanto poder deitar a cabeça no teu colo e te pedir cafuné. Queria poder te abraçar, receber teus carinhos e te ouvir dizer que me ama. Saudade é mesmo uma coisa que a gente não controla… Mas acaba deixando ela ficar, sem perceber que fica cada dia mais é difícil viver assim.
Ele finalmente virou-se frente a mim, os olhos verdes dele estavam profundos, tinha dor ali. Ele ergueu o braço, me estendendo a mão, e eu a segurei, sentindo choques percorrerem minha espinha pelo toque. Apertei forte sua mão e ele retribuiu.
- Apesar de tudo, continuamos dividindo o mesmo sol, e eu espero que você tenha aprendido a arder sem queimar quem se aproxima.
E então me puxou para um abraço inesperado. Me aninhei em seu peito, como eu fazia anos atrás, ele passou uma das mãos em volta do meu corpo franzino e com a outra mãos ele acariciava meus cabelos loiros. Eu me senti definitivamente em casa. Levantei o rosto e segurei o dele entre minhas mãos, depositei um longo beijo em sua bochecha esquerda e mirei seus olhos verdes que eu tanto amava.
- Você, , foi o grande amor da minha vida. Ou ainda é, não sei, tenho medo… Tive as paixões efêmeras, os casos sem compromisso, os amores que inventei sozinho e os que ainda estão por vir. Em parte, somos um aglomerado de coisas que ficaram, de pessoas que partiram. E você me deixou muita coisa boa… Você me deixou com um coração mais maduro. Me deixou mais leve por saber que romances arrebatadores existem em pleno século XXI. Porque eu experimentei você em cada centímetro do meu corpo e te amei com cada sinapse do meu cérebro. Eu te amei no modo plural porque amei tudo que veio com você, e eu estou te amando agora, de longe, porque hoje eu sei, o término também precisa de amor para acontecer. Não vou correr atrás de você, e muito menos correr de você. Tô aqui, no mesmo lugar, você sabe o caminho.
Eu sorri sem mostrar os dentes e encostei minha testa na dele, fechei os olhos, sentindo meu coração desacelerar. Hoje, meus fantasmas, finalmente estão em paz!



Fim!



Nota da autora: Oieee! Espero que tenham gostado! Qualquer coisa me chama no twitter, eu tenho mais de 20 fanfics no site!

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Nota da beta: Nossa, eu senti o impacto, sério hahahaha quanto sentimento intenso, senti em cada palavra, em cada frase. Fico feliz que ela tenha tentado e ele tenha dado essa chance a ela. Eu amo essa música, amei a história 💙

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