Capítulo Único
I. Début
A última vez que null pisou em Marble Hill High foi pra pedir a transferência. Acho que não teve época que a garota ficou mais feliz, estava finalmente saindo da cidade pequena pra finalmente conhecer o mundo. Entretanto, o que ela não esperava é que um dia ela teria que voltar pro mesmo fim de mundo por conta do emprego de seu pai. Quando ele disse que eles passariam três anos fora ela pensou que as coisas iriam mudar e eles podiam estender esses três anos, mas não, seu chefe precisava dele de volta então ele tinha que voltar a todo custo. null tentou persuadir seu pai para que ela ficassem na cidade grande sozinha, mas depois do incidente da desastrosa festa que quase destruiu a casa em que eles moravam, ele nunca mais deixaria a garota sozinha. null tinha mudado, mas não tanto assim pra esquecer dos seus velhos hábitos.
null ajeitou a bolsa no ombro enquanto andava em direção a diretoria, conhecia o caminho muito bem, passou várias manhãs fazendo visitas a Dena, a diretora. Toda escola tinha seu bad boy, mas Marble Hill High, tinha null e Deus os ajudassem porque essa garota era perigo na certa. Ela era conhecida pela as pegadinhas com os funcionários e os alunos, as festas de arromba que sempre organizava e as brigas que se metia. Podia se dizer que null era a garota mais popular do colégio antes de ir embora. Ela sabia que as coisas tinham mudado e ela estava mais do que feliz com isso, só queria terminar o colegial e sair dessa cidade outra vez.
- O bom filho à casa retorna, veja quem voltou Dena, null. – Vera era a secretaria da diretoria disse. Não sabia porque, mas a mulher sempre gostou muito dela.
- Olá Vera, olá Dena. – a garota respondeu colocando a bolsa em cima do balcão. Ela escutou a diretora grunhir e não pode conter o riso.
- Pelo menos me diz que você voltou mudada. – ela falou ainda de costas.
- Juro pra você que não vou destruir o colégio até o final do ano.
- Vindo de você posso esperar que você destrua isso aqui até a hora do almoço.
- Você não tem nenhum pouco de fé em mim, Dena? Fazem três anos, não vai dizer que não estava com saudades?
- Saudades eu vou ter da minha paz que está preste a acabar. – ela se virou pra menina. Dena quase tomou um susto quando viu null, não era só as roupas e as afeições da menina que não pareciam a mesma, mas algo nos olhos da garota também – Você mudou.
- Gostou do que eu fiz no cabelo? – ela perguntou dando um voltinha.
- Não null, você mudou. – null deixou o sorriso desaparecer. Sabia do que a diretora estava falando. Quando null deixou a sua cidade natal junto com seu pai, ela era uma garota mimada que fazia o que lhe dava na telha. Dena só não tinha lhe expulsado ainda porque seu pai prometeu dá um jeito na menina e parecia que ele finalmente tinha conseguido – O que seu pai fez com você?
- Abriu meus olhos.
- Fico feliz que ele tenha conseguido.
- Eu também. – a garota respirou fundo – Aqui a minha transferência e o meu histórico escolar. – ela entregou os documentos da sua antiga escola.
- Você está nas turmas avançadas? – Dena não conteve o choque.
- Menos em matemática, você sabe que eu odeio essa matéria. – ela colocou os braços em cima do balcão – Então, você vai me dar meu horário ou eu vou perder a segunda aula também?
- Claro. – null esperou um pouco enquanto a diretora preparava seus horários.
- Como é que anda seu pai?
- Está bem, feliz por estar de volta.
- E você? Está feliz por está de volta?
- Isso eu ainda não posso responder. – Dena voltou com o horário da garota em mãos.
- Você ficou na turma dos avançados em todas as matérias, menos em matemática.
- Gibbs ainda é professor?
- Sim e aposto que ele vai está muito feliz em lhe ver. Vamos, eu te acompanho.
- Pera ai, como assim?
- Sua primeira aula é de matemática. – null grunhiu enquanto seguia a diretora para fora da diretoria. Elas andaram em silêncio pelo corredor vazio até a sala do professor Gibbs. A diretora bateu na porta chamando a atenção de todo mundo que estava na sala, ela entrou e null se culpou mentalmente, deveria ter exigido ao seu pai que a colocassem em um colégio diferente.
- Desculpa atrapalhar sua aula professor, mas nós temos uma nova-velha aluna. – a diretora falou procurando por null que ainda estava do lado de fora, ela a chamou com a mão e null respirou fundo antes de entrar na sala com a cabeça erguida. Gibbs foi o primeiro a arregalar os olhos e deixar o queixo quase cair no chão, null se virou para os alunos e viu que conhecia a maioria deles. Todos estavam chocados olhando pra garota, até que os seus antigos conhecidos começaram a comemorar. Alguns deles, a maioria do time de futebol, se levantaram e foram em direção a ela, a abraçando um por um.
- Tudo bem garotos, podem me colocar no chão agora. – null falou, se afastando deles.
- Finalmente você voltou, null. – null a colocou no chão depois de rodopiá-la mais vezes que ela gostaria – Esse colégio estava uma droga sem você.
- Olha o vocabulário, senhor Williams. – a diretora falou.
- Desculpa. – ele disse, levantando as mãos.
- Agora vamos, façam o favor de sentar. – Dena falou e todos voltaram para os seus assentos – Você também, null.
null assentiu avistando uma cadeira no final da sala ao lado de uma desconhecida. Ela olhou pra ela e a garota sorriu, se jogando na cadeira logo depois. Todos pareciam analisar a garota e null se sentiu desconfortável se mexendo na cadeira. Gibbs olhou para a ela e vendo o pânico nos olhos dela, pigarreou alto e voltou para a sua aula. null agradeceu mentalmente por seu pai e Gibbs serem amigos de faculdade, ele era praticamente como um tio para ela e sempre cuidou dela como se fossem da mesma família.
O tempo voou e logo depois que o sinal tocou, null correu pra fora da sala, evitando qualquer interação que podia vir dos seus velhos conhecidos. O professor de Química Avançada se assustou quando viu a garota na porta, perguntou se ela estava perdida e null apenas lhe mostrou o seu horário vendo o espanto na cara dele. Ela quis dar uma gargalhada alta, mas apenas pegou seu horário outra vez e se sentou no fundo da sala novamente. Da mesma maneira que seus amigos a olhavam com espanto, os nerds faziam do mesmo jeito, esperando que isso fosse algum tipo de brincadeira. Bem que eu gostaria, null pensou.
Quando o sinal tocou para o intervalo null correu para fora da sala se deixando levar pelos corredores da sua antiga escola. Por onde ela passava, as pessoas sussurravam, algo que null já tinha esquecido o quanto irritante era. Cogitou a ideia de inventar alguma doença pra poder voltar pra casa, porém sabia que uma hora teria que encarar os seus problemas. Mais especificamente um com mais de um metro e oitenta que null sabia que podia ser a sua ruína.
- null! – a garota parou de andar na mesma hora e aparentemente não tinha sido só ela. Sabia a quem pertencia aquela voz, sua melhor amiga sempre foi conhecida pela seu irreconhecível tom. A garota virou-se pra trás a ponto de ver sua melhor amiga pular em cima dela quase derrubando as duas no chão.
- Você voltou!
- Meio óbvio!
- Idiota! – ela abraçou a amiga outra vez – Sua mentirosa, por que não me disse que estava voltando?
- Surpresa! – null abriu os braços, colocando o melhor sorriso no rosto.
- Eu pensei que você ia passar mais tempo com sua mãe.
- O chefe do meu pai precisava dele aqui então nós voltamos. Ele já não estava mais aguentando ter que viajar e me deixar sozinha em casa.
- E sua mãe? O que ela disse sobre isso?
- Ficou triste, mas aceitou depois que eu me inscrevi em quase todas as faculdades perto de onde ela mora.
- Então você só veio terminar o colégio aqui e depois vai embora?
- Sim.
null sabia que null podia descobrir todos os seus segredos apenas com um olhar, as duas eram amigas desde que se conheciam por gente, null conseguia ler null como se ela fosse um livro pra criança. Antes mesmo que null perguntasse o que ela estava morrendo de vontade de perguntar desde que colocou os pés naquele colégio, null disse:
- Ele não estuda mais aqui.
- Não?
- Se você me deixasse falar no nome dele, saberia que no ano seguinte depois que você foi embora ele se transferiu para Bishop.
- Mas Bishop é a nossa escola rival! E null? Eles não são mais melhores amigos?
- Calma, null. Você acha que o nosso bromance favorito ia acabar por causa de uma rivalidade de colégio? Devo até dizer que estão mais fortes do que antes. – null abaixou a cabeça e null deu um passo pra frente colocando a mão em seu ombro – Eu sei o que você está pensando, null, e não foi culpa sua. Ele já não estava mais feliz aqui.
- Eu não quero falar sobre isso, null. – null levantou a cabeça – Será que a gente pode ir comer? Eu estou faminta!
- Eu também. – null jogou o braço pelos ombros da amiga, começando a andar pelo corredor. – Então, null me disse que todo mundo vai.
- Todo mundo vai pra onde?
- Pra sua festa.
- Minha festa? Mas eu não vou dar nenhuma festa, null.
- Bem, não é todo dia que Marble Hill tem a sua bad girl favorita de volta então sexta vai ter uma festa na casa do null em sua homenagem.
- Mas eu acabei de chegar.
- Ah null, null só quer uma desculpa pra dar uma festa e arrumou uma perfeita.
- Eu tenho que falar com meu pai antes.
- Desde quando você tem que pedir permissão?
- Muita coisa mudou nesses três anos, null.
- Eu aposto que sim e por isso pode começar a contar, em detalhes sórdidos, por favor.
null conseguiu sobreviver a primeira semana de aula, pra falar a verdade, foi bem mais fácil do que ela esperava. Quando seu pai disse que eles teriam que voltar, null gritou, esperneou, bateu o pé tentando convencer seu pai que ela poderia terminar o colegial e morar sozinha na cidade grande. Sabia que era um movimento arriscado, principalmente com o seu passado meio que sombrio, mas mesmo assim seu pai lhe deu uma chance. Então quando ele teve que ir pra mais de uma das suas viagens que demoravam dias, ela ficou sozinha em casa em vez de com sua mãe. null tinha tudo planejado, iria passar o final de semana assistindo filme e comendo, porém velhos hábitos eram difíceis de largar e na segunda noite depois de mais uma miserável tentativa de assistir uma maratona de Gossip Girl, ela decidiu dar uma festa. Era pra ser apenas uma reunião pequena, pra alguns amigos próximo, só que logo a garota percebeu toda a escola decidiu aparecer. null sabia que não era certo, mas tinha prometido que essa era sua última vez e no dia seguinte ia arrumar tudo como se nada tivesse acontecido. O que ela não esperar era que seu pai chegasse antes do tempo a tempo de flagrar a garota pulando do segundo andar da casa pra dentro da piscina. A partir dali null sabia que qualquer chance de morar sozinha tinha acabado então ela aceitou seu destino e se preparou psicologicamente para o que ela estava preste a enfrentar.
Uma das coisas que null tinha apreendido com o tempo era que depois da calma, sempre vinha a tempestade e mesmo que ela se preparasse, não tinha como ela calcular o tamanho do estrago. Ela sabia que algo estava prestes a acontecer, sabia até o nome que daria ao seu desastre pessoal, mas ela não conseguia resistir, era melhor acabar com tudo do que viver na dúvida.
- Onde você pensa que vai? – seu pai perguntou quando ela passou por ele na sala.
- Pra uma festa.
- Mas já? Não tem nem uma semana direito que a gente voltou.
- Bem, não é todo dia que a bad girl favorita de Marble Hill volta não é mesmo paizinho?! – ela abriu os braços – Prometo não voltar tarde, eu só vou mesmo pra não fazer desfeita com os meninos, já foi ruim o bastante ir embora sem me despedir.
- Meninos? Todos os meninos?
- Todos, menos um. – null colocou as mãos nos bolsos de trás – Ele não estuda mais no Marble, ele está em Bishop.
- Verdade? Boa garoto! Bishop sempre foi a escola pra ele, melhor programa de futebol do estado, lembro bem quando vocês dois faziam planos de irem juntos.
- Pai, eu não quero falar sobre isso, você sabe.
- Desculpa, não falo mais. Tenta voltar antes da uma da manhã.
- Seu desejo é uma ordem.
- Odeio seu sarcasmo.
- Difícil resistir, você sabe, é coisa de família.
- E como sei.
null dirigiu ao som de um rock pesado preparando-se para o que estava por vir. Gostava de festas, isso era certo, mas tanto tempo passado suas sextas à noite com sua mãe fizeram a garota perceber que as festas não eram assim tão essenciais na sua vida. null ainda morava na mesma casa, o que fez um arrepio subir pela espinha de null quando ela encarou a fachada. Quando vezes a casa do seu amigo serviu como palco para os dramas do colégio? Quantas vezes ela não usou a casa dele como refugiu? Quantas vezes null acobertou o romance entre seus dois melhores amigos? Quantas vezes ela não se viu encarando, essa mesma fachada, com o coração na mão por saber quem poderia estar lá dentro?
null sabia no seu inconsciente que ele poderia estar do outro lado da porta, null e ele eram amigos desde que se conheciam por gente, era mais do que sensato que ele viesse. Porém null tinha esperança que null não o tivesse convidado, aliás, as coisas entre eles dois não tinham terminados em bons termos e null sabia disso.
- null! – null pulou em meus braços, logo quando a garota entrou pela porta da frente – Você veio!
- A festa é em minha homenagem, claro que eu vim.
- Você sabe o que eu quis dizer.
- null, nossa rainha. – os caras do time de futebol se curvaram pra ela, fazendo null balançar a cabeça. Os garotos sempre a respeitaram muito, null parecia a única é melhor escolha quando se tratava controla
- los, até o técnico não conseguia acalma-los do jeito que ela fazia. Era como um domadora tentando dominar os leões.
- Aqui sua bebida, do jeito que você gosta. – null estendeu um copo pra garota do qual ela pegou.
- Vamos null, vamos pra pista de dança. – null a puxou a garota para a pista de dança. Antes mesmo que elas chegassem null derramou o conteúdo do copo todo dentro de um dos jarros da mãe de null, ela provavelmente arrancaria o couro do garoto e a garota não podia esperar pra ouvir a história. Dançaram durante quase meia hora e toda bebida que lhe entregavam a garota arrumava um jeito de jogar fora sem ninguém perceber. Não estava com saco pra festa ou muito menos encher a cara, pra falar a verdade, não via a hora de chegar em casa pra sua cama e mais uma maratona no Netflix.
- O que aconteceu com você? – null perguntou enquanto null se sentava no balcão da cozinha.
- Do que você está falando?
- Toda as bebidas que te ofereceram você jogou fora e eu vi você lavando o copo e colocando água. Agua, null, desde quando você bebe água em uma festa?! Principalmente uma em sua homenagem?!
- Minhas habilidades de esconder as coisas de você parecem que não são tão boas como antigamente.
- Eu estou mais alerta dessa vez. O que aconteceu com você? Você não está grávida, não é, null? Porque você já quase me deu um ataque do coração voltando antes do que me disse, você grávida eu já vou logo pedindo pra minha mãe ligar pra funerária que eu não vou sobreviver.
- Por Deus, não null. Eu só estou cansada.
- Cansada? Você quer que eu te leve pra casa?
- Não null, cansada da mesma porcaria o tempo todo. Festa, ficar bêbada, acordar de ressaca, parar, repetir. Não vejo mais finalidade nisso, entende?! Acho que tem mais da vida do que isso.
- Você fez curso com Dalai Lama nesses três anos?
- Não, eu só vi que a vida tem mais a oferecer, só isso. – ela olhou pra amiga – Você vai ficar chateada?
- Claro que não, chega uma hora que todo mundo muda, a sua só chegou mais rápido do que a minha. – ela abraçou a amiga – Fico feliz que você esteja de volta e que você tenha mudado, – ela se separou da amiga – estou gostando dessa nova null.
- Só não conta pros meninos, não quero acabar com a festa deles.
- Não se preocupe, seu segredo está a salvo comigo, como sempre. – null arrumou o decote e disse: – Agora deixa eu ir porque o irmão mais velho do null está aqui e eu tenho que jogar um charme pra ele.
- Vai lá, garota. – null balançou a cabeça, rindo da amiga. Agora tudo que precisava era arrumar um lugar quieto pra passar o resto da festa.
- null, null! – A paz que null procurava tinha acabado de ir embora. Foi impossível fingir que ela não sabia de quem era aquela voz. Sabia muito bem de onde vinha, quem era o dono, estava com esperança já que ele mudou de colégio que não o visse, mas não, o universo gostava de rir na cara dela. Acho que a pior parte não foi saber que ele estava ali, foi seu coração dar um pulo como se três anos e vários casos com garotos da cidade grande não tivessem acontecido – Você realmente está de volta.
- null, ninguém disse que essa é uma festa só pra amigos? – ela disse sem nem ao menos olhar pra trás. null tomou um gole da sua água e quando abaixou o copo, ele estava na sua frente.
null null tinha mudado, ele não tinha mais aquela feição de garoto e corpo de um. A academia que ele tanto falava que ia frequentar deu resultado e ele estava mais forte e ela apostou que debaixo daquela camisa tinha um tanquinho só esperando pra ser mostrado. A linha do seu maxilar – a eterna fraqueja de null quando se tratava de null null – estava mais marcado do que nunca. Ele estava com cara de homem agora, tinha até deixado a barba crescer. null grunhiu mentalmente, filho da mãe, conseguia ficar ainda mais gostoso do que antes.
- Pensei que nós éramos amigos. – ele disse, cruzando os braços. Tinham dois brutamontes tão altos e fortes quanto ele ao seu lado, usando as cores do outro colégio da cidade na sua jaqueta do time. null odiava ser classificado com o estereótipo de jogador de futebol por isso quase nunca usava sua jaqueta, pra falar a verdade, quem usava sua jaqueta era nada menos, nada mais do que null.
- Você sabe que não.
- Mas eu senti tanto sua falta. – a menina balançou a cabeça, sentindo ele se aproximar – Não vai dizer que não sentiu minha falta?!
- Não.
- Você sempre foi uma péssima mentirosa.
- E você sempre foi muito bom. – ela falou vendo o sorriso dele desaparecer – Soube que você mudou de colégio.
- É, não dava pra ficar no Marble depois de tudo.
- null finalmente percebeu que o nosso era o melhor colégio então decidiu que se juntar aos campeões. – um dos brutamontes disse e null rolou os olhos.
null analisava a garota de cima a baixo reparando o quanto ela tinha mudado nesses três anos que ela passou fora. Era ela, a sua null e três anos separados podiam ter mudado muitas coisas, porém não o jeito que ele se sentia em relação a ela.
null reparou que algo sobre ela não estava o mesmo, não era só a aparecia física, algo dentro dela.
null reparou que null não estava na pista de dança improvisada como sempre fazia quando estava em uma dessas festas ou que ela jogando algum jogo que envolvesse bebida, ela estava sentada no balcão e com um copo na mão. null tinha quase certeza que ela não estava bebendo, mas mesmo assim, tinha que ter a certeza. Então ele pegou o copo da sua mão e tomou um gole percebendo que suas suspeitas estavam certas.
- null, que porra é essa? – ele cuspiu a água – Você está bebendo água? – null falou, limpando a boca com a mão – null, você sabia que a null está bebendo água?
- null gritou para o garoto que estava do outro lado da cozinha.
- O que? – null gritou, surpreso olhando pra null – Cadê a vodka que eu te dei, null?!
- Babaca! – null desceu do balcão, furiosa, e derrubou o resto do conteúdo na camisa de null antes de sair pela porta dos fundos. null pegou o copo da mão dele e tomou um gole.
- Ela mudou. – ele disse, se virando para o melhor amigo. Mesmo jogando para times diferentes, null e null permaneceram amigos, não tinha porque jogar anos de amizades só por um rivalidade estupida de colégios. null entendia porque null tinha que mudar de colégio, até ele tinha cogitado a ideia de seguir o amigo, Marble Hill High tinha essa energia estranha, principalmente quando a sua bad girl favorita decidiu ir embora sem nem ao menos dizer um adeus.
- Eu sei, deu pra perceber quando ela entrou na sala essa semana. – null colocou o copo em cima do balcão – Mas uma coisa não mudou.
- O que?
- O jeito que você olhar pra ela. – null se encostou no balcão, olhando para o melhor amigo, incrédulo – Por Deus, null, mesmo depois de todos esses anos?
- Mesmo depois de todos esses anos. – ele olhou para o amigo – Eu vou atrás dela.
- Vê se não fode com tudo com da ultima vez.
- Eu vou tentar, mas você sabe, null é imprevisível.
null procurou por todos os cantos da casa por null. Subiu e checou todos os quartos encontrando alguns conhecidos em algumas posições bem comprometedoras; foi no jardim procurando com cada canto que ele sabia que ela podia esconder até que quando estava prestes a se dar por vencido e confirmar que null tinha ido pra casa, ele olhou pela janela e viu a garota encostada na bancada na parte de fora da casa. null abriu a porta lateral da casa, fechando-a atrás de si. Isso fez um barulho que chamou a atenção de Ariela que virou o rosto.
- Não vai voltar para a festa? – ele perguntou começando a andar em sua direção.
- Não.
- Vai ficar aqui fora sozinha?
- Vou.
- Vai me responder monosilibicamente?
- Sim.
- Ah, null, deixa de ser chata.
- Chata? Só porque eu não estou afim de ficar na festa, agora eu sou chata? – null riu sabendo que se tinha coisa que null não gostava de ser chamada era de chata – Eu te odeio!
- null, bem que você gostaria que isso fosse verdade. – ele se aproximou dela, prendendo ela entre seu corpo e o balcão da varanda. Era um movimento arriscado, sabia que as coisas entres os dois tinham mudado, porém três anos separados foram o suficiente para null. Ficar longe de null quando ela estava em outra cidade, tudo bem, mas ela estando tão perto dele seria uma tarefa quase impossível. – Eu senti sua falta. – a garota abaixou a cabeça evitando olhar para null. O conhecia tão bem à ponto de saber que ele poderia saber o que ela estava sentindo apenas com um olhar. Por Deus, não acreditava que estava nervosa por está perto dele outra vez. – null...
- Não, null. Por favor, não.
- null se você ao menos me escutasse, não fugisse como da última vez.
- null...
- Eu sei que eu fiz errado em esconder de você, mas se eu te contasse você ia me odiar e eu ia te perder.
- Você fala como pudesse prever o futuro, null. – ela levantou a cabeça, o encarando.
- Eu posso não prever o futuro, mas eu te conheço, null, até melhor do que você.
- Então você deveria saber que eu iria sim ficar chateada por você não me contar, mas eu tentaria entender. Mas não, você me categorizou junto com o resto do seus amigos que só andam com você por conta do seu status e grana não porque te amam. null se arrependeu no segundo seguinte de ter falado aquelas palavras, pior ainda foi o sorriso de lado que apareceu nos lábios de null mostrando de leve suas covinhas. Deus, três anos e aquele homem ainda a fazia sentir formigamentos na ponta dos dedos.
- Não se preocupe, null, eu também te amo. Nesses três anos...
- Eu não quero saber, null. Você realmente espera que eu simplesmente esqueça tudo que aconteceu e tudo volte a ser como era antes? Nada mudou, null, eu ainda não quero saber nada de você.
- Tudo mudou, null, tudo mudou. null não esperou que ele falasse mais alguma coisa, empurrou null para trás, correndo pra fora da casa sem nem ao menos olhar por cima do ombro. Entrou no carro, arrancando com o mesmo, tentando afastar todas as lembranças de três anos atrás. Mas era inevitável, ela poderia ver as cenas passarem por seus olhos.
22 de maio de 2012
null entrou no hospital apreensiva, seu coração batia tão forte que podia senti-los nas orelhas. Quando null ligou dizendo que null tinha sofrido um acidente de carro, a garota abandonou o jantar com seu pai e dirigiu o mais rápido possível para o hospital. Tinham coisas que null aceitava perder, mas null não era uma delas, não quando todas as suas suspeitas de que o amavam tinham acabado de se confirmar. Sabia que esse não era o melhor momento, mas ela apreendeu que quando se tratava de null tudo sempre parecia confuso, não existia essa de "o momento certo". Então, ali estava ela, andando pelos corredores daquele hospital, decidindo que iria dizer que o amava e que queria que ele fosse seu namorado. Sem mais essa ideia de sexo casual, null queria o pacote inteiro quando se tratava de um relacionamento sério. null avistou a mãe de null no corredor, de costas pra ela conversando com um médico. Decidiu que não queria atrapalhar a conversar então parou um pouco atrás esperando que eles terminasse.
- Seu filho está bem, nada grave aconteceu com ele. – null já sentiu seu coração ficar mais aliviado – Porém a garota corre risco de vida, ela está na sala de cirurgia agora. – null sentiu seu sorriso desaparecer. Garota? Do que eles estavam falando?
- Você acha que vocês conseguem salva-la doutor?
- Nós vamos fazer o possível, a situação da mãe está um pouco crítica, nós tivemos que fazer um parto prematuro quando ela chegou.
- E minha neta? Ela está bem?
- Sua neta é uma pequena lutadora, ela está em observação por conta de vir ao mundo algumas semanas antes do combinado, tirando isso ela está fora de perigo.
- Neta? – foram as únicas que null conseguiu expressar.
- null? – a mãe de null se virou pra trás, olhando para null.
- Neta? – null olhou para Mindy, já sentindo as lágrimas começarem a se forma em seus olhos. De alguma maneira, ela esperava que ela tivesse escutado errado. – Ele falou sua neta?
- null, querida, é melhor você sentar. – Mindy tentou se aproximar, mas null se afastou – null vai te explicar tudo.
- Oh meu Deus! – ela colocou as mãos na sua testa – null vai ser pai?
- null, espere por ele, por favor.
- Não, não, não pode ser. Mas como... – null levantou o olhar e viu quem estava no final do corredor, ela sentiu seu coração pesar e teve certeza que não iria aguentar, se null falasse com ela era capaz dela ter um ataque do coração. Então ela virou seus pés e começou a andar em direção à saída, suas pernas estavam bambas impossibilitando-a de correr. Ah pernas traidoras, por que não colaboram com ela agora?
- null, espera! – null o viu parar em sua frente e quando ele tentou se aproximar, ela deu dois passos pra trás.
- Você não tem o direito de me pedir isso, null! – ela disse e ficou até assustada o quanto dura seu tom de voz saiu.
- Por favor, me deixa explicar! Eu juro pra você que tem uma explicação pra isso.
- Uma filha null, você tem uma filha agora! – null olhou para ele, sentindo as lágrimas começarem a descer por seu rosto – Deus como eu sou burra! É claro que você estava dormindo com outra garota, porcaria de prima atendendo o celular sem querer o caralho, você estava com outra.
- null, você mesma disse que não queria nada sério, que não a gente não passava de sexo casual, você não tem o direito de ficar com raiva. Você nunca ao menos quis ser vista comigo!
- Você sabe o por quê disso! Você sabe que odeio as pessoas dando pitaco na minha vida, você sabe que se nós fossemos vistos juntos, eu ia virar conversa na boca de todo mundo! E quem se importa se eles sabiam ou não, que se foda todo mundo null, eu queria você, só você e mais ninguém! Não queria ninguém dando opinião, fazendo brincadeira escrota ou achando que o que a gente tinha era seriado de tv pra eles esperarem sentado pelo próximo drama. E não venha me dizer que só nós éramos só sexo casual porque você sabe que você sabe que nós éramos mais, muito mais.
- Você dormia com outros caras também, null, você não pode ficar com raiva de mim por ter dormido com a Tiffany.
- null, você ainda não entendeu?! Eu estou pouco me importando se você dormiu com essa garota ou não, eu não te pedi pra sermos exclusivos porque eu sempre soube que nenhum de nós dois estava preparados pra ter um relacionamento sério ainda. Nós somos um vulcão a ponto de erupção, nunca ia dar certo.
- Então por que você está com raiva?
- Porque você mentiu pra mim, null! A única coisa que eu sempre te pedi foi honestidade, você podia foder com quem você quisesse contado que você me falassem antes de eu escutar da boca de alguém. E agora eu descubro que você está esperando uma filha! Não uma piriguete qualquer que você pegou porque estava bêbado ou simplesmente a achou super gostosa. Uma filha, null! Você teve nove meses pra me contar e enquanto a gente dormia juntos, você tinha uma garota esperando uma filha sua.
- Você tem que me entender, null, eu quis te contar, mas eu tive medo.
- Medo de que, null? De eu te julgar? Você sabe que eu tenho o QI maior do que todos os seus amigos juntos, eu iria entender ou pelo menos tentar.
- Eu tive medo de te perder, porra! – ele gritou – Eu te conheço, null, eu sei que quando você descobrisse que eu menti pra você sobre eu ser pai você ia me odiar pra sempre! Entender eu sei que você iria, sua mãe fez a mesma coisa, mas me perdoar?! Você iria fazer o que você faz de melhor, me afastar de você mesmo que me amasse.
- Então uma coisa você acertou em cheio, null, você me perdeu. – null se virou para ir embora, correndo em direção à saída tentando ao máximo fugir daquele lugar. Dirigiu até em casa, sabia o que tinha que fazer.
null balançou a cabeça entrando em casa e jogando as chaves em cima da mesa da sala.
- Sua mãe ligou! – seu pai apareceu da cozinha fazendo null soltar um grito.
- Porra! Que susto! – null colocou a mão no coração – Não tem como você fazer pelo um barulho antes de fazer isso? Tem que dar uma de serialkiller?
- Não sou eu que tenho pés de elefantes, isso aí é com sua mãe. – ele passou por ela e se jogou no sofá. Seu pai olhou pra ela e já sabia que algo tinha acontecido – Você viu null.
- Não fala no nome dele. – null fechou os olhos.
- Impossível! Não quando você ainda o ama.
- Quem falou alguma coisa sobre amor aqui?
- null, você sempre foi boa em muitas coisas, mas mentir nunca foi uma delas. Eu sei porque você foi embora a três anos, e eu também sei que mesmo que você tenha saído com um monte de garotos, null sempre foi e sempre será seu grande amor.
- Grandes amores sempre terminam em tragédia.
- Me poupa o drama, Shakespeare! Só termina em tragédia se você quiser. – ele colocou a tigela na mesa a sua frente – A vida te deu uma segunda chance, null, já está na hora de parar de brincar de esconde-esconde e dar as caras, quem sabe você não sai ganhando e salva todo mundo. Especialmente a si mesma.
- Não é saudável ter alguém que tem tanto controle sobre você desse jeito.
- Não é controle, null, é amor. Você confunde muito os dois, mas eu sei, que lá dentro do seu coração você sabe que esse acordo que vocês dois tinham quando eram mais novos era, na verdade, só dois adolescente com medo do que sentiam. E quem não se assustaria? Com 15 e 16 anos já sentirem algo que gente com mais de 30 ainda procura, deve ser assustador mesmo.
- Você parece ter muita certeza disso.
- Pergunte a null onde ele estava no dia 23 de agosto de 2014.
- Meu aniversário há dois anos atrás? O que você está tramando?
- Apenas pergunte. – ele se encostou no sofá outra vez – Boa noite, null.
- Boa noite, pai.
null sabia que poderia evitar null o máximo que ela pudesse, porém, nada evitaria que ela sonhasse com ele quase todos as noites.
II. Trois chanceux
- Eu tenho que ir mesmo pra isso?
- É o jogo do ano, todo mundo vai estar lá. – null respondeu, arrastando a garota em direção ao estádio.
- Precisamente por isso que eu não preciso ir, ninguém vai sentir minha falta.
- Você que pensa que todo mundo não espera que você esteja nesse jogo. Até a galera de Bishop já sabe que você voltou. – null grunhiu e fez questão de fazer bem alto para que null a deixasse ir.
- Eu estou falando sério, null. Eu tenho prova de Química Avançada na segunda e ainda faltam três capítulos pra eu terminar.
- Eu não acredito que você quer trocar um bando de homens gostoso, correndo por um campo com aquelas pernas torneadas por Química avançada. Realmente null, você mudou mesmo . Quando os amigos de null descobriam o porquê dela não estar nas outras turmas com ele, todos pararam o que estavam fazendo pra encara-lá como se ela fosse de outro planeta. null foi a primeira que acordou do transe enquanto null marcava de ir pra casa de uns garotos da sua sala para um projeto que eles tinham que fazer. null apenas riu da cara de seus amigos enquanto continuava a comer.
- Química Avançada? – null perguntou.
- É, e ela é muito boa por sinal. – Jess, um dos caras da sua sala, disse.
- Melhor do que você. – null riu, dando um soco no braço do garoto.
- Vai sonhando.
- Então fechou, na casa do Gil amanhã. Que a força esteja com você!
- Que a força esteja com você, minha rainha. – null encenou uma batalha de sabre de luz com cada um dos garotos até que eles saíram da cafeteria.
- Isso foi uma referência a Star Wars? – null perguntou.
- Foi.
- Uau!
- Não sei por que a surpresa, null, você e null me obrigaram a assistir todos os filmes mais de dez vezes. – null sorriu, mas logo sentiu seu sorriso desaparecer quando percebeu que tinha falado no nome de null como se ainda fossem aquele casal de três anos atrás. Os outros começaram uma conversa entre eles enquanto null abaixou a cabeça.
- É a primeira vez que você fala no nome dele desde que voltou. – null falou fazendo com que null levantasse a cabeça – Normalmente você usa: seu melhor amigo, null ou capitão de Bishop, nunca null.
- null...
- null, você sabe que ele não fez por mal, te perder era a única coisa que ele não ia suportar. null te ama mais até do que você pode imaginar. – null balançou a cabeça.
- Você sabe que ele mentiu pra mim. Uma filha, null, ele mentiu sobre uma filha.
- Como você nunca tivesse mentido pra ele, null. – null arregalou os olhos – Você escondeu dele.
- Isso não tem nada haver.
- Você sabe que tem. – null respirou fundo – Você vai pro jogo contra Bishop hoje?
- Eu tenho prova de Química na segunda. – null balançou e se virou para null.
- null, null vai pro jogo hoje?
- Com certeza.
E aqui estava ela, entrando pelos portões do estádio de Bishop. null já sentia os olhares de alguns estudantes do seu colégio em cima dela, não era pra menos, fazia três meses que tinha voltado e nesse meio tempo já tinham acontecido seis jogos, todo dos quais null fez questão de ignorar que estavam acontecendo.
- null, espera. – null puxou seu braço, fazendo com que null parasse – Eu não acho que isso seja uma boa ideia.
- null, eu não ia falar nada, até porque você mudou e eu acho maravilhoso mudanças, mas sério, cadê você null?
- O que?
- Cadê você, null? Cadê a garota que não deixava ninguém olhar torto pra ela? Cadê a garota lutadora que eu conheço que passou por maus bocados e ainda conseguia ter um sorriso no rosto? Eu sei que você mudou, mas isso não quer dizer que você tem que deixar as pessoas passarem por cima de você. Você podia muito bem ter dito não, mas você veio.
- Eu não queria que você ficasse chateada, esse jogo é tão importante pra você.
- Mas você é mais importante. – ela segurou nos ombros da amiga – Eu não te odeio sabe? Por você ter ido embora, digo. Eu entendo porque você fez o que fez então não precisa fazer as coisas só pra me agradar.
- Você quer dizer metade pra te agradar e a outra metade pra ver o null? – null perguntou marota. null tinha sido um empurrão pra ela vir assistir ao jogo, mas a outra metade dela queria está aqui e já que ela estava admitindo coisas que normalmente guardava pra si, não esperava a hora de ver null correndo pelo campo com aqueles shorts que null esperava que fossem curtos.
- Que bom que você admite.
- Bem, se já tá no inferno, nada melhor que dançar com o Diabo.
- Falando no nome de null e fazendo piada com ao cara lá de baixo? Sabia que minha null ainda estava aí dentro. – null sorriu – Se você quiser, a gente pode ir embora.
- Eu não quero, eu quero assistir o jogo e ver um bando de cara gostoso correndo pelo campo.
- Um mais do que os outros. – null riu, puxando a amiga em direção às arquibancadas do time da escola. null e os outros já estavam no campo aquecendo e quando null avistou as duas, correu para abraça-las.
- Você realmente veio. – null disse, surpreso.
- Mas é claro que vim. – ela olhou para o amigo com o coração na mão.
- Espero que null não tenha te obrigado.
- Ela é bem persuasiva, mas não tanto assim. Eu quero está aqui null.
- Fico feliz em saber, e pode ter certeza que eu não sou o único. – null abaixou a cabeça, sorrindo. Só em pensar em null ela voltava a ser uma adolescente apaixonada que sentia borboletas no estômago toda vez que ele estava por perto. Porcaria de 1,80 de altura e sorriso de lado. – null, sobre hoje de manhã...
- Tio null! – uma garota nos seus três anos mais ou menos correu em direção a null, se agarrando nas suas pernas.
- E aí, tampinha?! – null pegou a garota nos braços fazendo cócegas nela fazendo a garota rir – Você cresceu da última vez que eu te vi, seu pai anda te dando fermento?!
- Ele disse que eu vou ser alta que nem ele.
- Ou você vai continuar sendo minha tampinha. – null segurou o rosto da garotinha, dando vários beijos em sua bochecha. Ela riu, empurrando o rosto de null pra longe. A garotinha se virou pra null e sorriu, null pode jurar que conhecia aquele sorriso de algum lugar, só não sabia de onde.
- Sua irmã decidiu ter filhos? Pra mim ela não gostava de crianças.
- Ela não é filha da minha irmã, é filha do...
- Sophie!
- Papai! – ela gritou quando null apareceu ao seu lado. Ele vestia um uniforme da escola rival e null pode jurar que ele ficava ainda mais bonito com ele. Foi então que ela percebeu da onde tinha reconhecido aquele sorriso, era o mesmo de null, o mesmo que há anos atrás ela jurava que era só seu.
- O que foi que eu disse sobre correr pelo campo? – ele pegou Sophie dos braços de null.
- Mas eu queria falar com o tio null. – null viu a garota falar toda manhosa com pai e logo null se derreter com isso.
- Eu sei, meu amor, mas o papai ficar preocupado quando você desaparece assim.
- Desculpa.
- Tudo bem, meu amor, só cuidado próxima vez.
- Você é muito bobão mesmo, – null começou – basta só uma carinha dela pra você se derreter todo.
- Imbecil! – Sophie arregalou os olhos e cruzou os braços. null não conteve o sorriso, tinha conhecido Sophie há poucos minutos, mas já sabia que ela tão mandona quanto o pai – Tudo bem, desculpa, não falo mais. – ele se virou pra mim com um sorriso de orelha a orelha – Oi null!
- Oi null.
- Como vocês não vão falar nada mesmo, eu falo. null essa é a Sophie, Sophie essa é a null.
- Oi Sophie, tudo bem?
- Papai é a princesa. – null olhou para null que arregalou os olhos.
- Princesa?
- null, você acha que não está do lado errado do campo? – um dos cara do time disse, fazendo com que null rolasse os olhos.
- E essa é minha deixa. Bom jogo, null, tchau null.
- Tchau, null. – Sophie disse antes de null levá-la pro outro lado do gramado.
- Acho que o jogo já vai começar. – null deu uma última olhada para null andando em direção ao banco de Bishop com Sophie nos braços. Como se ele sentisse que ela estivesse olhando, null olhou pra trás e sorriu quando viu que a menina estava encarando. null apenas balançou a cabeça, e se deixou levar por null.
O jogo tinha sido exatamente como null esperava: extremamente emocionante. Se ela achava emocionante quando null e null jogavam no mesmo time, os dois jogando em times rivais era mais ainda. null se pegou torcendo pelo time do seu colégio durante uma parte da partida, mas em outras horas ela se pegava sussurrando um "vai null, você consegue" enquanto tirava as cutículas com os dentes. Quando faltava alguns minutos para o final do jogo – que estava empatado, por sinal –, null correu pro outro lado do campo fazendo com que null se levantasse da arquibancada e agarrasse na grade a sua frente. null corria mais rápido que os outros, facilidade que null sabia que tinha adquirido dos anos de correr com seu pai, e quando ele chutou a bola atingindo a rede do gol, null não se conteve antes de soltar um grito e começar a bater palmas. Foi só quando as líderes de torcidas a sua frente olharam pra ela com sorrisos no rosto que ela percebeu o que tinha acabado de fazer. null virou pra trás recebendo alguns olhares desaprovadores até que olhou pra null que gargalhava alto.
- Você poderia ter me segurado. – null falou, pegando null pelo braço e a arrastando pela escada.
- Nem que eu quisesse eu conseguiria te parar, null. Não é como se ninguém não soubesse que você está do lado errado do campo. – null sorriu, olhando pra frente bem a tempo de ver Sophie correndo pros braços de null. Por mais de todas as complicações, null tinha que admitir, null com Sophie era a coisa mais linda que ela já viu, foi quase impossível não pensar em como seria ter uma família com null. null colocou a mão na barriga, ao mesmo tempo que null parou ao seu lado e disse:
- Vai ter uma festa agora pra comemorar a vitória.
- Mas nós perdemos. – null falou, a olhando confusa.
- Não importa, null e null comemoram do mesmo jeito. Toda vez que eles jogam um contra o outro, eles fazem uma festa com a maior quantidade de bebida. Normalmente quem bebe mais é quem perde.
- As coisas realmente mudaram.
- Você não imagina o quanto.
O que null esqueceu de dizer que a festa de comemoração era na casa de null então quando null se viu parada na fachada da casa dele quase teve um pequeno um mini ataque cardíaco. Porém, sabia que não poderia evitar o garoto por tanto tempo, era uma cidade pequena, eles iriam se esbarrar uma outra. Então decidiu que a partir dali não evitaria null, quem sabe eles poderiam até ser amigos como antes, afinal de contas, faziam três longos anos.
Só que todos esses pensamentos foram pro espaço quando null viu null null rindo alto com nada mais nada menos que Lori Stevens enquanto ela tinha um braço ao redor dos ombros deles. A mesma Lori que se jogava pra cima de null quando ela e eleestavam juntos. O sangue de null ferveu ao ver a cena e já estava pronta pra ir lá acabar com a festa daquela desmiolada, porém se lembrou que não tinha mais esse direito, null não era mais seu. Esse pensamento fez com que um balde de água fria imaginário caísse sobre null.
- null...
- Eu não me importo. – null respondeu, pegando null pela mão e a levando até a cozinha. A primeira coisa que achou foi uma garrafa de tequila aberta, colocou uma dose e tomou de uma vez. Pegou um copo e começou a fazer um drink dos quais não tinha perdido o manha na hora de fazer.
- Pensei que você tivesse mudado.
- Não tanto assim, null. Tem coisas que mudaram pra caramba, mas nem tudo, tem coisa que mesmo que você tente não dá pra mudar.
- Tipo o fato que você ainda ama o null.
- É, tipo o fato que eu ainda amo o null e Lori está agarrada no pescoço dele. Nada mudou.
- Na verdade, você não tá se dando tanto crédito assim. A velha null teria ido lá e tirado Lori de cima do null.
- Teria, mas a velha null tinha alguma coisa com o null mesmo que ela ignorasse o fato de que todo mundo sabia que eles dois estavam juntos.
- Talvez você devesse ir lá e mostrar que a nova null também tem alguma coisa com null.
- Mas ela não tem.
- Porque ela não quer. – null se calou. Sabia exatamente o que tinha que fazer e não era muito, então ela tomou mais um gole de coragem e depois andou a passos largos até onde null, null, Lori e outros caras do time de futebol estavam. null foi o primeiro que a viu, olhando fixamente para a garota se afastando de Lori, Lori que percebeu o que null tinha feito, olhou para onde o garoto olhava. null viu o sorriso da mesma desaparecer enquanto null escondia o riso. Os outros caras do time, velhos amigos de null, quase esmagaram a garota em um abraço quando a viram.
- Não sabia que vocês tinham ficado tão péssimos depois que eu fui embora, deixaram Bishop esmagar vocês com vocês não fossem nada. – null brincou.
- Fazer o que se nossa musa inspiradora nos abandonou. – Gale disse, colocando a mão no coração.
- Olá Lori.
- Não sabia que você tinha voltado, null. – Lori falou sentindo o tom seco da outra – É bom tê-la de volta.
- Obrigada, Lori. É bom está de volta. – a cara que Lori fez foi impagável, null sabia que ela esperava que a garota desse uma resposta sarcástica, mas null tinha aprendido que matar os outros com gentileza era muito mais gratificante – Como estão as coisas em Bishop? Você ainda é a chefe das líderes de torcidas?
- Sim, eu sou. Estamos ótimo, graças a null liderando o nosso time.
- Aposto que sim. – null sorriu para Lori que olhava surpresa pra garota – null já era quando estava em Marble Hill imagina agora me Bishop com um dos melhores programas do estado. – null viu Lori se desconsertar em menos de um segundo fazendo com que a garota sorrisse.
- É sim. Erm... Eu vou atrás das minhas amigas, vejo vocês depois. – Lori desapareceu mais rápido que null esperava e a garota não pode conter o riso.
- Você é diabólica, null. – null falou, arrancando risada de todos – Eu nunca vi Lori correr tão rápido.
- Mas eu não fiz nada.
- Precisamente por isso. – null olhou para null que sorria para ela, por um momento null quis puxa-lo pra perto, mas três anos e muita merda a impediram.
- Então null, meu primo de Nova York disse que você também era a rainha do East High também. – null olhou para Gale, surpresa – Soube que seu pai flagrou você pulando do telhado pra piscina da sua casa.
- Pensei que você tinha mudado, null. – null falou fazendo com que a garota sorrisse.
- Eu mudei, mas tem certas coisas que não mudam mesmo que você tente. – null passou a mão pelo braço de null em um ato involuntário, coisa que pra ela era a mais normal do mundo. Então ela percebeu o que tinha feito e tirou a mão rapidamente, null, filho de um puto, estava com o sorriso no rosto junto com o resto dos caras do time de futebol – Eu só vim dizer oi mesmo, eu vou buscar mais bebida. Tchau.
null nem esperou que eles respondesse e logo desapareceu pela multidão, não conseguiu achar null em lugar nenhum então decidiu procurar um pouco de paz enquanto esperava a festa acabar pra poder procurar a amiga. null foi em direção ao andar de cima onde sabia que null tinha trancado todos os quartos, se tivesse sorte, ele ainda escondia as chaves dentro de um vaso ao lado do seu quarto. null riu quando viu que estava certa e achou a chave do quarto de null e outra com um chaveiro de coroa. Olhou para o final do corredor quando viu uma porta roxa com uma plaquinha com o nome "Sophie".
null abriu a porta do quarto de null e percebeu que várias coisas mudaram, como por exemplos os pôsteres de bandas tinham sido substituídos por fotos de Sophie. null podia jurar que se null fizesse mais um ato de extrema fofura, era iria agarra-lo sem nem ao menos pensar nas consequências. Deixou a chave em cima da mesa do computador e andou em direção ao telhado, não era o silêncio que ela procura, mas era alguma coisa. null mandou uma mensagem para null que disse que estava aos beijos com o irmão de null e não iria embora agora então null fez a única coisa que ela detestava fazer: esperar pela amiga enquanto ela se agarrava quando ela mesma queria está se agarrando, mas não podia.
- Eu não acredito que você invadiu meu quarto. – null virou pra trás, colocando a mão no coração.
- Porra, null! Você e esses seus pés de Cinderela, não dava pra pelo menos derrubar alguma coisa pra eu saber que você estava vindo?
- E perder a oportunidade de te assustar? Nunca! – ele se sentou ao seu lado – Por que você não está na festa?
- Precisava de um pouco de paz, lugares lotados não são meus favoritos nos dias de hoje.
- Por que não vai pra casa?
- null está se agarrando com o irmão do null, eu estou de carona com ela. – null apenas assentiu, olhando pra frente.
- Vejo que a Lori ainda não desistiu de você. – null jurou que não ia falar nada, mas o ciúmes falou mais alto e quando ela viu, as palavras já estava saindo.
- É, nós namoramos por um tempo. Não deu muito certo, ela queria o velho null e eu não podia ser mais ele, Sophie virou o centro do meu mundo depois que nasceu. – null olhou pra ela – null...
- null, está tudo bem, foram três anos e eu não esperava que você me esperasse. Você podia ficar com quem quisesse, não é como se eu tivesse feito o mesmo.
- Gale disse que você namorou um cara enquanto estava em Nova York. – null fez uma nota mental de matar Gale da próxima vez que o visse – Ele disse que foi sério.
- Pra ele sim, pra mim não. Nosso relacionamento demorou menos de um ano, ele não era o que eu queria. – ele não era você, null pensou.
- Eu entendo. – null respirou fundo e continuou: – Eu sei que as coisas não estão muito boas entre nós dois, mas eu tenho que te perguntar uma coisa.
- Vai em frente.
- Por que você foi embora?
- Minha mãe, ela estava doente. – null abaixou a cabeça – Meu pai me obrigou a morar com ela por uns bons seis meses, ela queria recuperar todo o tempo perdido. Claro que eu fiz um escândalo, há três anos eu era uma pirralha mimada e minha mãe não facilitou pra mim. No começo foi estranho, éramos duas desconhecidas, e a única coisa que a gente sabia fazer era brigar ou como ela gostava de dizer, me ensinar uma lição. Demorou um pouco, mas nós conseguimos nos acertar. Eu a perdoei por ter me deixado pra trás e ela me perdoou por ter se tornado uma garota fútil, eu aprendi com ela o tanto que ela apreendeu comigo. Nós temos mais coisas em comum que eu pensava, sabia?! Esse gênio forte que não consegue ouvir um não é dela, esse negócio de lutar pelo o que quer é dela também. Ela é uma mulher incrível, mais durona do que meu pai, minha carinha de cachorro sem dono não funcionou com ela. – null parou encostando a cabeça no ombro de null – Eu percebi que estava fazendo tudo errado, eu era mimada, sem coração, egoísta e que não sentia um pingo de empatia. Ela me ajudou a trabalhar tudo isso, não estou dizendo que virei a Madre Thereza, mas sou uma pessoa melhor.
- Engraçado como tem gente que entra na nossa vida pra mudar tudo de vez, né?! – null olhou para ele – Sophie fez isso comigo, posso dizer que sou uma pessoa melhor por causa dela.
- O que aconteceu com a mãe da Sophie? – null se virou pra ele. Era a pergunta que não queria calar, null estava planejando perguntar na hora certa, porém essa hora nunca chegava – Vocês estão juntos agora?
- Tiffany morreu no dia em que Sophie nasceu.
- Eu sinto muito, eu não sabia. Aí meu Deus, null, me desculpa.
- Não, tudo bem. – ele abaixou a cabeça e depois olhou para frente – A culpa foi minha, null.
- null...
- Tiffany disse que eu não deveria dirigir na chuva, mas eu não aguentava mais, eu simplesmente não aguenta mais.
- Não aguentava mais o que?
- Mentir pra você, null. Eu sei que há três anos você deve ter achado que foi fácil pra mim esconder de você que eu ia ser pai, mas pra falar a verdade foi uma das coisas mais difíceis de fazer. Todo dia eu acordava pensando em te contar, eu dormia criando cenários de como te contar, alguns você me batia, outros você me perdoava, mas nenhum deles se comparou quando eu soube que você tinha ido embora. Eu sempre tive muito medo de te perder, eu aceitei os seus termos sobre o nosso relacionamento porque eu sabia que você estava certa. Nós éramos um vulcão a ponto de erupção e quando a gente explodiu foi pedaço pra todo lado, até hoje deve ter pedaço da gente espalhado.
- Mas isso não é uma coisa ruim, null, coisas ruins acontecem pra coisas melhores vierem. Pra você foi a Sophie, pra mim a relação com a minha mãe.
- Eu sei null, mas e a gente, quando é que a gente vai poder aproveitar as coisas boas? – ele respirou fundo – Eu estava voltado da casa dos pais da Tiffany quando aconteceu, eles estavam aceitando aos poucos a ideia de que nós iríamos dar o melhor pra nossa filha mesmo não sendo um casal. Quando eu e Tiffany ficamos, ela estava tão chateada quanto eu, foi uma estupida noite onde duas pessoas com corações partidos decidiram beber demais e esquecer os seus respectivos amores nos braços de desconhecidos. Claro, bêbado sempre faz burrice e no mês seguinte ela me aparece dizendo que estava grávida, ela já disse que ia ficar com o bebê e eu não a forcei a tirá
- lo. O corpo dela, as regras delas, eu não tinha um dizer no que ela deveria fazer então eu disse que ia apoia
- lá em tudo que ela precisasse. Eu estava lá quando ela contou pros seus pais, ela estava quando eu contei pros meus. Nós viramos amigos nesse meio tempo, ela sempre me dizia que eu deveria contar pra você, mas eu sempre dizia que o que nós tínhamos não era nada sério. – null se virou pra null – Mas ela sabia, até eu sabia, que eu sempre te amei. Mesmo eu dizendo que não era nada sério, que não passava de uma coisa carnal, eu sabia que meu coração pular toda vez que eu te via não era só tesão. Por isso, eu sabia que no dia que eu te contasse a verdade seria o dia em que eu te perderia pra sempre. Então eu menti pra você, guardei tudo pra mim, fiz o máximo de memórias contigo pra poder guardar tudo quando você finalmente fosse embora. O que você fez, eventualmente.
- Mas quem você não pode me conquistar de volta?
- null...
- Eu sei que você consegue me conquistar de novo, se você quiser, é claro. – ela olhou pra ele – Lembra quando você sofreu o acidente e eu apareci no hospital? No dia que eu descobri sobre sua filha? – ele assentiu – Quando eu recebi aquele telefonema de null, dizendo que você sofreu um acidente de carro e ele não sabia qual era o seu estado, eu juro que nunca senti tanto medo na minha vida. Enquanto eu dirigia, eu percebi que eu estava a ponto de te perder e ainda não tinha tido que te amava e isso tudo por medo. Eu nunca tive os melhores exemplos quando se tratavam de amor, digo, meu avô trocou minha avó por uma modelo com a metade da idade dele, meus pais eram separados e mal se falavam e sem falar da minha mãe que falava comigo uma vez por mês numa conversa que demorava pelo menos uns 15 minutos. Só que eu sabia que eu não podia mais sentir medo, eu te amava e mesmo que você quebrasse meu coração e não dissesse de volta, eu ia te dizer dei qualquer maneira.
- Foi por isso que você foi embora?
- Quando eu descobri que você estava mentindo pra mim, parecia que tudo dentro de mim estava desmoronando, eu cheguei à conclusão que eu não era nada pra você e que você estava apaixonado por outra e ia ter um filho com ela. Então eu fui embora, sem nem ao menos olhar pra trás. Tudo parecia certo na época, sabe?! Minha mãe querendo que eu fosse morar com ela, você tendo um filho com outra, não tinha época melhor pra ir embora. – null ficou quieto por alguns minutos deixando null quase à beira da loucura. Sabia que era um movimento arriscado, mas não estava ligando, por null null, toda loucura era válida.
- Três encontros. – ele disse de repente fazendo null franzir o cenho.
- O que?
- Tudo que o que eu preciso são três encontros.
- Você não acha que é muito pouco?
- Não, três sempre foi nosso número da sorte, a não ser daquela vez que você recusou um ménage com aquela garota da faculdade. – null disse, se virando pra garota, que sorriu.
- Você continua um tarado. – null deu um tapa no ombro de null. Eles dois se olharam por um tempo, aproximando seus rostos.
- Não acho que deveríamos fazer isso ainda.
- Eu concordo. – null se levantou – É melhor eu ir embora, meu pai não gosta que eu fique fora de casa até tarde. Eu posso arrumar uma carona com alguém.
- Quem diria, que a bad girl favorita do Marble Hill estaria preocupada em chegar em casa no horário. Você realmente mudou, null.
- E você também, null null. – ela entrou em seu quarto sendo seguida por ele – Por mais que eu não goste de admitir. – ela estava a ponto de ir embora quando null segurou a mão de null.
- Eu sei que é muito cedo pra nós termos alguma coisa mais séria, mas eu ganho pelo menos um abraço? Pelos velhos tempos?
- Claro.
null a puxou pra perto e null se deixou derreter nos braços dele. Foi nesse momento que ela se lembrou de todos os momentos bons que teve com null, se lembrou do tão bem que null fazia pra ela mesmo quando não estavam falando nada. Só em está perto de null, já trazia a paz que null que sempre procurou, ele era seu porto seguro e nem três anos e muito merda iam mudar isso.
- Eu posso te levar pra casa de você quiser. – null sussurrou em seu ouvido.
- Eu adoraria. – null se separou dele, olhando-o nos olhos. null estava prestes a sair do quarto, quando null o segurou pelo braço – Será que eu posso ganhar outro abraço? – null assentiu antes de abraçar a garota outra vez – Pelos velhos tempos?
- Tudo por você, null.
III. Horrible Vérité
null estava tão nervosa que jurava que arrancaria a cabeça do dedo de tanto roer as unhas. Fazia algumas semanas que ela e null tinham conversado e nesse meio tempo, os dois tinha trocando mensagens constantemente e até alguns telefonemas aqui e acolá. null tinha finalmente conseguido a paz que procurava e tudo isso graças a null. Conversar com ele, às vezes, era a única que a deixava sã com tudo que acontecia na sua vida há três anos.
Foram várias as madrugadas conversando sobre os mais asssuntos diversos, desde os primeiros passos de Sophie, ao desastre que foi a festa que levou a null a voltar. Um dia, do nada, null trouxe o assunto dos três encontros e chamou null pra sair, a garota quase deu uma cambalhota de tão feliz, mas se conteve em dizer apenas um "sim". null já tinha tudo preparado, mas na tarde do seu encontro, null teve que cancelar tudo por conta que Sophie tinha ficado doente. E por isso null se encontrava na situação que estava agora: em frente à casa de null, com o coração na mão. Não exatamente um coração, mas um urso de pelúcia gigante.
Era o final da tarde e seu pai teve a brilhante ideia de dizer pra null que ela deveria visitar Sophie. Seu pai pegou um urso velho de null e disse pra ela levar e antes mesmo que null pudesse protestar estava dentro do carro, em direção à casa de null. null bateu na porta da casa de null, mas logo se arrependeu. Isso era uma ideia ridícula, null pensou pronta pra ir embora, porém, como a vida gostava de rir na cara dela a porta se abriu.
- null? – Mindy, a mãe de null perguntou quase engasgando na sua marguerita.
- Oi Mindy!
- Aí meu Deus, null! – Mindy puxou a garota pra um abraço tão apertado que null jurou que ia quebra-lá no meio – Você voltou, eu senti tanto sua falta. – ela seguro a garota pelos ombros – E olha o tanto que você cresceu, menina, você está linda.
- Você também, Mindy, conseguiu ficar mais linda do que antes.
- Não acredito que você acabou de voltar e já está dando em cima da minha mulher. – o pai de null, Chris, falou andando até elas, com os braços cruzados.
- Fazer o que se você se casou com uma mulher tão linda? – todos riram. null tinha um relacionamento bom com os pais de null, era claro e evidente que os dois apoiavam a relação deles do mesmo jeito que o pai de null apoiava. Entendiam que os filhos eram que tinham que resolver o que eram, mas isso não queria dizer que uma vez ou outra eles não deixavam escapar um seu namorado/sua namorada enquanto falando deles.
- Você acabou de voltar?
- Não, já tem alguns meses.
- Veio visitar o null?!
- É, nós íamos sair, mas Sophie estava doente então nós tivemos que cancelar.
- Se null tivesse dito, nós poderíamos ficar olhando Sophie por algumas horas.
- Ah querido até parece que não conhece o filho que tem, nem amarrado o null sai de perto da Sophie.
- Mãe? Pai? Quem está na porta? – null sabia que null era praticamente alérgico a camisas, mas não esperava vê-lo usando apenas uma calça de moletom que estava perigosamente baixa. null estava certa, null realmente tinha tanquinho debaixo da blusa e ela não esperava a hora de poder toca-lo – null?
- Oi null. – ela sorriu, vendo o garoto parar na sua frente – Meu pai me deu uma ideia de trazer um ursinho pra Sophie, ele disse que era o meu ursinho da sorte e eu sempre melhorava com ele ao meu lado, achei que Sophie poderia testar, que tal?
null olhou para a garota como se a visse pela primeira vez em anos. null sempre soube que null tinha um bom coração que não mostrava pra quase ninguém, inúmeras foram às vezes que ele pediu que ela mostrasse esse lado dela, porém null sempre se recusava porque achava que mostrar qualquer tipo de empatia era sinal de fraqueza. O garoto estava estonteado com tal ato vindo dela, null sempre pensou que null iria guarda algum tipo de rancor porque ele mentiu sobre Sophie e, de certa forma, foi por causa dela que os dois tinhas se separado. Talvez todas as expectativas que ele tinha sobre a velha null já não se aplicava com a nova null, parecia que a garota finalmente tinha se deixado mostrar o lado que fez com que ele se apaixonasse por ela.
- null, não vai convidar null pra entrar? – a mãe de null perguntou, fazendo-o acordar do transe.
- Ah, claro. Eu vou te mostrar onde fica o quarto da Sophie. – null pegou a garota pela mão e foi arrastando-a pela escada em direção ao corredor. Quando eles chegaram ao quarto de Sophie, null empurrou null pra dentro e depois de fechar a porta, abraçou a menina em um abraço quase que esmagador.
- Eu senti sua falta. – null sussurrou no ouvido dela.
- Percebe-se pelo abraço esmagador. – ela respondeu se afastando. Olhou para o lado vendo Sophie dormindo serena na sua cama – Eu também senti sua falta. Como ela está?
- Está melhor, o médico disse que é só uma gripe. Desculpa ter que cancelar nosso encontro.
- Não precisa se desculpar null, a sua filha sempre vai ser prioridade. – null andou até a cama de Sophie – Sabia que ela tem o seu sorriso? – null olhou pro garoto enquanto colocava o urso ao lado de Sophie. null se abaixou, acariciando o rosto da menina. – Quando eu a vi no campo com null toda sorridente eu percebi que eu conhecia aquele sorriso. Foi aí que eu percebi que era o mesmo sorriso que você me dava toda vez que a gente se encontrava, eu costumava dizer que aquele sorriso era só meu. – null viu Sophie se remexendo na cama e percebeu que a conversa dos dois estava atrapalhando o sonho da pequena – Acho melhor nós saímos daqui, se não nós vamos acorda-lá e ela precisa descansar. – null pegou null pela mão e saiu do quarto. Por algum motivo null tinha entrado em modo mudo e isso incomodava null, odiava ter que falar sozinha.
- null, fala alguma coisa! Você sabe que eu detesto quando você fica calado. – Clase apenas sorriu de lado fazendo com que a garota desse um soco em seu braço.
- Você sabe que eu sou um cara mais de fazer do que falar.
- Fazer o que, null?! Larga de ser... – null não pode terminar a frase porque logo sentiu as mãos de null em seu rosto e logo em seguida os lábios deles nos seus. null pode jurar que tinha uma escola de samba em seu coração porque com certeza não era normal um coração bater tão rápido. Ou talvez fosse perfeitamente normal, principalmente quando se tratava de null null, a eterna franqueza de null.
O beijo demorou por alguns minutos e só acabou porque os dois precisavam de ar. null tinha acabado de lembrar o porquê de não ter nenhum relacionamento bem sucedido nesses três anos, os garotos da cidades não chegavam nem aos pés de null null, ninguém a beijava do jeito que ele beijava, ninguém fazia null se sentir do jeito que ele a fazia.
null abraçou null pela cintura enquanto o garoto deu um beijo no topo de sua cabeça antes de abraçá-la pelos ombros e enterrar o rosto em seu pescoço.
- Fica comigo essa noite? – null sussurrou em seu ouvido fazendo com que a menina olhasse pra ele.
- E os nosso três encontros?
- Eles ainda vão acontecer, mas fica comigo essa noite? – ele olhou para ele – Eu juro que não vou tentar nenhuma gracinha, eu só... – null respirou fundo.
- Você só o que?
- Eu só sinto sua falta pra caralho. Quando você estava longe, tudo bem, mas agora que eu sei que você está aqui, a minha vontade é de passar o tempo todo com você pra matar a saudade desses três anos agonizantes.
- Você sabe que a gente ainda tem que resolver muita coisa, não sabe?
- Claro que sei e não estou pedindo pra gente esquecer. – null colocou as mãos em seu rosto – O que eu quero é que a gente resolva tudo enquanto ficamos juntos.
- O que você diz sobre comida chinesa e um filme? – null perguntou vendo null sorrir.
- Perfeito. – null deu um beijo no queixo do menino e começou a andar pelo corredor.
- Vai adiantando a comida enquanto eu procuro uma roupa sua pra eu vestir.
- Continua folgada hein null.
- Algumas coisas não mudam, null null.
null podia até sentir até seu coração mais leve depois de segurar null a noite inteira em seus braços enquanto eles faziam uma maratona de Star Wars. O garoto sempre se sentiu extremamente feliz depois que Sophie nasceu, mas ele sempre soube que algo faltava e agora com null em seus braços finalmente sentia que tudo estava no seu devido lugar. Sabia que os dois tinham muito o que resolver, não dava pra resolver todos os maus entendidos, brigas e confusões que os dois passados em uma noite, mas ele acreditava que juntos eles poderiam resolver qualquer desavenças do passado, já tinham ficado muito tempo separados. Em algum momento null teve certeza que esses três anos que passaram separados foram necessários para os dois, já não eram as mesmas pessoas de antes e por isso o garoto estava agradecido.
Quando null conheceu null sabia que a garota era complicada, sabia que não poderia ser mais do que amigos, porém quando se tratava de null, todos os planos que o garoto tinha iam para o espaço. Meses depois de conhecer a garota mais a fundo ele se viu apaixonado por ela, era algo que null não esperava que acontecesse, mas não teve dúvida alguma quando teve a certeza. Sabia que ambos ainda não estavam prontos para ter um relacionamento sério então aceitou a proposta de null quando ela ofereceu um relacionamento casual, sem nenhum compromisso. Entretanto, null nunca foi muito bom em seguir regras e se viu querendo muito mais do que uma relação casual com null, e aos poucos ele foi deixando de lado seus velhos hábitos de ficar com garotas aleatórias em festas dedicando seu tempo inteiramente a ela esperando um dia que ela percebesse o mesmo que ele percebeu. null queria que null soubesse que eles foram feitos um para o outro, porém parecia que a garota não enxergava as coisas do mesmo jeito que ele e quando rumores de que ela tinha ficado com outro garoto em uma festa que null não pode compareceu se espalharam pelo colégio, ele percebeu que era uma luta perdida e desistiu antes mesmo de lutar.
- No que você está pensando? – null perguntou, acariciando o cabelo de null. Os dois estavam deitados na cama de null depois que null ligou para o seu pai para dizer dormiria não dormiria em casa.
- Sobre quanto sofrimento nós poderíamos ter evitado se tivéssemos sido sinceros um com o outro.
- Já ouviu dizer que a dor existi pra ser sentida? Se o ser humano não soubesse o que é o sofrimento nunca apreciaria a felicidade do mesmo jeito.
- Talvez você esteja certa. – null beijou o topo de sua cabeça.
- Você quer dizer: você está sempre certa, null.
- Espertinha. – null sorriu, abraçando-se mais null.
- Meu pai pediu pra eu te perguntar uma coisa. – null disse depois de um tempo em silêncio – Onde você estava em 23 de agosto de 2014? – null respirou fundo e disse:
- Na porta da sua casa vendo você beijar outro cara. – null se sentou na cama, olhando para null surpresa.
- O que?
- Era seu aniversário e eu já não aguentava de tantas saudades suas. Eu deixei meus pais cuidando de Sophie e peguei o primeiro avião para te ver, seu pai sabia de tudo e ficou mais feliz de saber que eu finalmente tinha deixado minha covardia de lado e estava indo atrás de você, porém o que nenhum de nós esperava era que você estivesse namorando. – null se sentou também – Seu pai me escondeu na cozinha enquanto você contava pra ele que tinha conhecido esse cara incrível e estava namorando com ele, quando você subiu pro seu quarto seu pai ainda me encorajou a esperasse até o dia seguinte, porém algo na sua voz me disse que eu já não tinha chance então eu fui embora.
- O buquê de flores, foi você! – null disse um pouco mais alto do que ela desejava – Eu não sabia de que tipo elas eram até que meu pai disse que era da espécie miosótis ou como é habitualmente chamada não-me-esqueças. – null e null falaram a última parte juntos – Oh, null. – null tocou o rosto de null fazendo o mesmo olhar pra ela.
- Eu percebi que eu ainda precisava comer muito arroz e feijão pra ser o homem certo pra você.
- O que está valendo muito a pena porque, vamos combinar, você está ainda mais gostoso do que antes, algo que eu pensei que nunca poderia acontecer. Essa barba por fazer fez seu sorriso de lado ficar ainda mais irresistível. – null apenas riu – O que eu quero dizer null é que você não se dá credito o suficiente, você é um cara incrível, todo mundo pode ver isso só pelo jeito que você trata Sophie. Você criou aquela menina sozinho, não que você não tenha tido ajuda dos seus pais e dos avós maternos dela, mas mesmo assim, a garota tem todos os seus trejeitos até mandona que nem você ela é. – null jogou a cabeça pra trás rindo – Como você mesmo disse, tem gente que vem pra mudar o nosso mundo e mesmo que você admita que Sophie mudou seu mundo acho que você ainda não vê o tamanho da proporção dessa mudança. Eu juro, null, quando eu te vi na minha festa de boas-vindas eu percebi que algo tinha mudado. É como você mesmo disse, tudo mudou.
- Você também mudou, null.
- Porém não quer dizer que eu ainda não tenha alguns fantasmas. – null engoliu o seco. Não era exatamente o cenário que esperava contar toda verdade para null, mas agora era melhor do que nunca, não sabia quando juntaria toda essa coragem outra vez. – null, tem algo que eu preciso te contar. – null viu que null esperava que ela falasse e quando a menina abriu a boca pra falar, a porta do quarto de null se abriu.
- Papai? – null pulou para o outro lado da cama encarando Sophie na porta do quarto de null agarrada ao urso que ela deixado ao lado da sua cama. Sophie coçava os olhos e quando ela viu null abriu o maior sorriso.
-null! – a garotinha correu para o lado da cama onde null estava e esticou os braços para que a mesma a pegasse. Quando null a pegou nos braços para colocá-la na cama, Sophie a abraçou pelo pescoço – Papai porque não disse que ela vinha? – null percebeu a voz rouca da menina enquanto a colocava na cama. Sophie se levantou e andou até o pai, se jogando no colo dele.
- null veio fazer uma surpresa pra você e ainda trouxe esse urso que você está segurando.
- Ele já tem nome? – Sophie perguntou e null apenas balançou a cabeça dizendo que não – Eu posso chama-lo de Steve?
- Claro que pode, o urso é seu agora. Ele era meu urso da sorte. – Sophie riu, se abraçando mais ao urso.
- Obrigada, null. Ele vai ser o meu urso favorito a partir de agora.
- E aquela coleção de ursos que eu comprei pra você? Não conta?
- Mas esse é um urso da sorte, pai. – Sophie disse com uma cara séria – Você vai dormir aqui? – Sophie se virou para null que ficou sem saber o que dizer – Eu posso dormir com vocês? Por favor?
- Claro. – Sophie deitou no meio dos dois enquanto ambos deitavam um de cada lado da cama. null viu Sophie chegar um pouco mais perto de null fazendo com que o mesmo sorrisse. Quando Sophie perguntou sobre a foto de null escondida em um dos livros de contos de fadas de Sophie há alguns meses atrás, null ficou sem saber o que fazer até que Sophie perguntou se null era uma princesa e null usou toda a sua imaginação pra transformar a sua história complicada e quase trágica com null em um conto de fadas do qual Sophie tinha se convencido que era seu favorito a partir daquele momento. Antes de dormir Sophie disse que gostaria de conhecer essa princesa e null apenas respondeu que um dia ela iria. Naquele momento, olhando para as duas garotas mais importantes da sua vida, percebeu que finalmente tinha tudo que sempre sonhou. Ou melhor dizendo, quase tudo.
~*~
As semanas passaram e aos poucos null e null foram construindo o seu relacionamento, null tentou ao máximo levar as coisas mais devagar o possível, porem toda vez que ia pra casa de null e Sophie a pedia pra ficar e dormir com ela, a mesma se via numa posição na qual não podia recusar. Sophie, como o pai, sabia usar aqueles olhinhos de cachorro sem dono muito bem e null caia como um patinho. Não sabia por que, mas tinha se apegado a Sophie em pouco tempo que elas se conheciam, null chegou a pensar que a filha de null chegaria a odiá-la, mas esse definitivamente não era o caso, Shopie a adorava tanto quando null a adorava.
E por isso que ela se encontrava em uma sexta à noite, usando um vestido velho de sua mãe, no banco de passageiro de null indo para o recital de balé da Sophie. null teve que ir mais cedo porque Sophie tinha que chegar antes e como null era padrinho de Sophie, null achou melhor ir com ele.
- Você está nervosa. – null não perguntou, apenas afirmou fazendo com que null olhasse para ele.
- Está muito na cara?
- null, você está usando um vestido! Você odeia vestidos.
- A situação pede, não é como se eu fosse pra uma festa, é um recital. Uma coisa mais formal.
- Tudo bem, se você diz. – null cerrou os olhos e deu um soco no braço de null – Agora eu vou ficar pensando que escolher um vestido foi uma péssima escolha.
- Não sei pra que o alvoroço, não é como se Sophie não gostasse de você. Eu juro, você a conhece a menos tempo que eu e ela já gosta mais de você do que de mim.
- Vamos parar com o drama, drama queen, não é pra tanto.
- Você tinha que ver a decepção nos olhos delas quando eu fui à casa de null hoje à tarde e ela viu que era eu em vez de você. Ela perguntou que horas você vinha e fico chateada porque você não apareceu.
- Eu tinha um projeto de Literatura Clássica, fazia dias que eu deixava de lado pra passar mais tempo com null e Sophie. Chega uma hora que você não pode mais ignorar.
- Você é muito boa em ignorar certos assuntos.
- De novo isso, null?! É o que? A quarta vez só essa semana que você fica jogando indireta.
- É porque eu acho que você deveria contar a verdade pra null.
- Eu vou contar, mas não agora.
- null, ele merece saber, especialmente agora.
- Por que agora? – null ficou calado e focou seu olhar na estrada – Por que agora?
- Eu só acho que ele merece saber, ok?! Ele merece saber o que aconteceu, só assim vocês dois podem ser felizes de verdade.
- Nós estamos felizes agora.
- Não null, a verdade sempre alcança e ela vem quando você menos espera, você deveria saber disso melhor do que ninguém porque foi um mentira que separou vocês dois há três anos. – null parou o carro no estacionamento e null abaixou a cabeça – Eu só acho que ele deveria saber, sabe?! Eu não estou te pressionando ou nada, mas eu só não quero que vocês voltem à estaca zero outra vez. Vocês são meus melhores amigos e vê-los infelizes é a última coisa que eu quero.
- Eu vou contar, null, eu só preciso de tempo. Não é tão fácil assim contar um dos seus segredos mais tenebrosos pra alguém, principalmente quando esse é alguém é null. Por Deus null, as vezes eu acho que meu coração vai explodir por tanto amor que eu sinto por aquele garoto.
- E eu não duvido, você não sabe o quanto eu torci pra vocês dois deixarem de frescura e ficarem logo juntos. Eu vi o estado que o null ficou depois que você ficou embora e eu só posso imaginar o estado que você ficou. – null pegou a mão de null – Se você precisar de ajuda, você sabe que eu vou sempre estar aqui, não sabe?!
- Obrigada, nullzinho. – null olhou pra null que fez uma careta.
- Eu te odeio.
- Bem que você gostaria que fosse verdade. – os dois saíram do carro e andaram em direção ao teatro do colégio de Sophie. O sorriso de null desapareceu que ela entrou no teatro e a primeira coisa que viu com Lori Stevens passando a mão pelo braço de null, null podia jurar que essa garota aparecia apenas pra tirar a pouca paciência que ela tinha em relação a ela.
null olhou pro lado vendo null e null se aproximar, foi impossível conter o sorriso e quando menos esperou, null já estava pegando null pela cintura, a rodopiando no ar enquanto a beijava.
- Pensei que vocês não conseguiriam chegar a tempo. – null disse colocando-a no chão, passando o braço pela cintura de null em seguida.
- A culpa foi minha, eu quase não termino meu trabalho. – null respondeu vendo Lori se aproximar – Olá, Lori.
- Olá, null. – Lori olhou diretamente para a mão de null e ela viu a expressão da mesma mudar.
- Não sabia que você vinha.
- É, minha prima vai se apresentar também. Eu vou sentar com minha família, vejo vocês depois. – Lori sorriu antes de desaparecer pela multidão.
- Acho que a Lori tem mais medo dessa null mansa do que da velha null barraqueira.
- Quem você está chamando de barraqueira, nullzinho?!
- Vamos sentar logo e para de falar meu nome no diminutivo. – null passou na frente, indo em direção aonde os pais de null estavam sentados.
- Esse vestido é pra mim? – null sussurrou no ouvido de null enquanto ambos sentavam.
- Claro, e se você quiser, - null sussurrou de volta vendo o sorriso de null aumentar – eu ficarei mais do que feliz em te emprestar depois. A cor com certeza vai realçar seus olhos. – null jogou a cabeça pra trás rindo recebendo olhares reprovadores de alguns pais. Nada pôde ele responder já que as luzes começaram a ser apagadas indicando o início da apresentação. A turma de Sophie foi uma das primeiras e mesmo não sendo mãe da pequena, null se sentiu extremamente orgulhosa quando viu Sophie dançando no palco cheia de atitude. Se Tifanny estivesse viva, com certeza morreria de orgulho da filha.
As apresentações não foram longas, eram poucas as turmas, quando tudo terminou os pais podiam se dirigir ao backstage pra buscar suas filhas e filhos. null pegou null pela mão, a levando em direção ao backstage do qual Sophie estava junto com suas colegas, quando elas os viu não conteve o sorriso e correu em direção aos dois, abraçando null primeiro. A mesma se abaixou pra pegar Sophie nos braços e enche-la de beijos.
- Você estava linda, Sophie. A melhor dançarina de todas. – Sophie apenas sorriu em resposta – O que você acha, null, ela não foi a melhor dançarina de todas?
- Sim, sim, a melhor. – null disse, sorrindo – O que vocês acham da gente sair pra tomar um milk shake e comer um hambúrguer comemorar? – Sophie soltou um “uhul” fazendo com que null sorrisse. null estava prestes a falar outra vez quando uma senhora o interrompeu.
- null, meu querido! – a senhora abraçou null, olhando para null por cima do ombro dele – Vejo que trouxe companhia hoje.
- É, essa é a minha namorada, null. – Demorou um pouco para null se recuperar da declaração de null, mas quando o fez, se apresentou para a senhora.
- Muito prazer em conhece-la, eu sou Chloe, a professora de balé da Sophie.
- O prazer é meu, Sophie arrasou no recital.
- É, Sophie é uma garotinha cheia de atitude. – ela sorriu – Se vocês me dão licença, eu preciso ir. Até segunda, Sophie.
- Tchau, professora. – a mulher acenou antes de desaparecer na multidão – Vamos, papai, eu tô com fome.
- Claro, vamos sim. – null pegou null pela mão e os três saíram em direção a saída.
Os pais de null decidiram ir no carro de null enquanto null e Sophie foram com null, no caminho as duas foram cantando uma música da qual null podia ver nos olhos do null que o estava torturando, tornando tudo ainda mais prazeroso para null. O pai de null ligou no meio do caminho e null fez questão de chama-lo para se juntar a eles.
Quando todos chegaram ao restaurante, o pai de null já estava sentando à mesa os esperando, null pode ver a surpresa em seus olhos logo que null entrou no recinto com Sophie que ria alto nos seus braços. null tinha contado ao pai o que tinha acontecido nas últimas semanas, mas nada mais do que a ver com os próprios olhos pra tornar tudo mais real.
- Sophie, esse daqui é o meu pai, Alex, pai essa é a Sophie, filha do null.
- É um prazer finalmente conhece-la, null fala muito de você.
- Fala? – Sophie perguntou sorrindo.
- Claro que fala. Ela disse que você ficou com o urso da sorte dela, não é verdade?! Espero que você esteja cuidando bem dele.
- Estou sim, eu durmo todo dia com ele.
- Que bom então.
O jantar tinha sido um sucesso, entre os pais e null e o pai de null, ambos tinham decidido contar as histórias mais embaraçosas que tinham acontecidos nesses três anos que eles ficaram separados tais como null pulando do telhado em direção a piscina de sua casa ou quando null foi a farmácia no meio da noite só de samba-canção comprar o leite para Sophie. null e null não sabia qual história era pior do que a outra e a cada uma ambos se afundavam mais ainda em suas cadeiras. Porém, null sentia que pela primeira vez, estava finalmente completa, não que o tempo com sua mãe não tivesse sido incrível, mas, ao lado de null e Sophie tudo parecia que estava em seu devido lugar.
Como já estava ficando tarde e Sophie já dormia serena nos braços de null, todos decidiriam ir embora, porém quando estavam indo em direção ao carro, o pai de null fez questão de levar os pais de null e Sophie pra casa para que os dois tivessem um tempo sozinhos. Antes mesmo que algum dos dois pudessem protestar, Mindy já estava pegando Sophie nos braços e a levando para o carro ao lado do Chad e Alex.
null sugeriu que os dois fossem se sentar em algum banco do parque que ali tinha perto. Mesmo estando tarde, os dois viram que ainda tinham algumas crianças brincando fazendo com que null pensasse nas indiretas de null.
- Sua mãe teve algum filho? – null perguntou do nada, fazendo com que null se assustasse um pouco.
- Não. Ela disse que já fez um péssimo trabalho sendo minha mãe, ela não faria outra criança passar pelo o que eu passei.
- E seu pai? Não pensa em ter outros filhos?
- Eu não faço a menor ideia, o que eu sei é que ele tem uma namorada que ainda não me disse quem é. Ela é de Nova York, isso eu sei, eles dois vivem trocando cartas.
- Cartas?
- É, aparentemente meu pai é um romântico nato que não acredita em e-mails. Ele acha que eu não sei e eu procuro não pressiona-lo pra me contar nada, tudo tem seu tempo. – null olhou para null – E você, quer ter outros filhos, null?
- Sophie vive me perguntando quando ela vai poder ter um irmãzinho.
- Então você quer?
- Claro. – ele se virou pra ela, sorrindo – Já imaginou, vários nulls e nulls pela casa. Sophie vai adorar ser irmã mais velha. – o sorriso de null desapareceu. Sabia o que tinha que fazer, a conversa com null há umas semanas atrás tinha ficado gravada na sua cabeça.
- null, eu tenho uma coisa pra te contar. – null respirou fundo – Por favor, não me odeie.
- null, o que foi? – ele se ajeitou no banco – Você está pálida!
- Você lembra há uns anos quando nós fomos pra uma festa na casa de praia do Gregory, e a gente se deixou levar e esqueceu de usar proteção?
- Claro que lembro, foi a primeira vez que a gente agiu como um casal em público.
- E eu te disse que ali era apenas o começo. – ela sorriu por um breve momento antes de abaixar a cabeça – null, é que...
- null não me diga...
- Eu engravidei. Descobri quase um mês depois da festa. Eu desmaiei no meio da aula de educação física, null me levou pra enfermaria e ela me aconselhou a ir ao médico, você não estava na cidade, tinha viajado pra visitar seus avós. null me tirou da cama no dia seguinte e me levou pro consultório da mãe dele. – null olhou pra null que estava com os olhos arregalados – Quando eu descobri, fiquei desesperada, aqui estava eu, nos meus 15 anos esperando um filho de um cara que eu não tinha nem ao menos coragem de dizer amava por medo. null disse que iria me ajudar a te contar e em qualquer coisa que fosse preciso, foi a primeira vez que ele disse que você me amava mesmo eu achando que não. Eu pensei que você ia voltar mais cedo, mas você disse que precisava ficar mais e contar uma notícia dessas por telefone não era uma opção então eu decidi esperar. Uns dias antes de você voltar, eu comecei a sentir fortes dores na barriga, null me levou pro hospital, mas... – null já estava chorando a esse ponto. Tinha guardado esse segredo por todos esses anos, null fez null prometer nunca contar isso pra ninguém.
- Você teve um aborto espontâneo.
- Sim, o que foi extremamente irônico porque eu já estava me acostumando com a ideia de ter um pequeno null ou null dentro de mim. – null limpou seu rosto – Depois disso, eu fiz null prometer nunca tocar nesse assunto e nunca comentar com você. Eu disse que ia contar, mas eu não conseguia, toda vez que eu te via, eu lembrava e me matava por dentro.
- Por isso você me ignorou quando eu voltei.
- E meses depois eu descubro que você engravidou outra garota.
- Por que você não me contou, null?
- Porque eu tive medo de te perder.
- E você acha que eu não tive medo quando não te contei sobre a Sophie? Um filho, null, você escondeu um filho nosso.
- null, o que você queria que eu fizesse? "Oi null, eu sei que nosso relacionamento é sem compromisso, mas agora eu estou esperando um filho seu e quero alguma coisa mais séria ", você sabe que eu não faria isso, eu não te forçaria a ter um relacionamento sério se isso não era o que você queria.
- Mas eu queria! – null gritou – Eu sempre quis, mas foi você que decidiu que o que a gente tinha não precisava ser nada sério.
- Então por que você não falou nada? Por que você não disse que queria algo mais?
- Porque eu sempre tive medo de te perder então eu aceitei os seus termos porque ter alguma coisa contigo era melhor do que nada.
- Eu só criei esses termos porque eu achava o que você queria. – null respirou fundo – Já percebeu que a gente poderia ter evitado tudo isso com uma conversa? Comunicação é bem underrated.
- Isso não justificava, null, você deveria ter me contado.
- null...
- Você sempre faz isso, tira conclusões precipitadas, me julga e depois me ignora quando eu tento conversar. Você escuta o diabo, mas não me escuta. – null tentou tocar o rosto de null, mas ele se levantou – Eu preciso de um tempo pra pensar.
- null, por favor.
- Eu vou andando, você pode levar meu carro.
E null, pela primeira vez em todos esses anos que conhecia null e todas as brigas e desentendimentos, sentiu que o tinha perdido de vez.
IV. Dernière Commande
null fez um trabalho maravilhoso em ignorar null. Toda as suas ligações iam direto pra caixa postal, todas as suas visitas em vão porque por alguma razão ele tinha decido levar Sophie pra passar um tempo com seus avós maternos que tinha se mudado para a costa leste depois da morte da filha. Mindy sabia que algo tinha acontecido, mas não teve coragem de perguntar a null. O pai de null notou que a garota não estava dormindo direito e chorava pelos cantos da casa, tentou tirar alguma coisa dela, mas null não cooperava, respondia tudo monosilibicamente. Quando finalmente criou coragem pra perguntar o que estava acontecendo, null tinha deixado um bilhete em cima da bancada da cozinha avisando que ia dormir na casa da null.
Entretando o que null não esperava era que quando chegasse na casa de null, a mesma estivesse se arrumando pra festa de aniversário do irmão de null, null tinha falado alguma coisa sobre a festa, mas a cabeça de null estava em outro lugar. Como não tinha criado coragem pra contartudo para null, null se deixou arrastar pela mesma para casa de null. Chegando ela poderia se esconder no quarto dele até que null decidisse ir embora.
Porém quando chegou na festa null quase caiu no chão, porque na cozinha, como um copo na mão e rindo alto com o irmão de null estava null, o mesmo null que a ignorou fenomenalmente durante dias. null quis ir até lá gritar com ele e, talvez até beija-lo até que matasse toda a saudade que sentiu dele, porém bastou um olhar frio de null em sua direção pra que null abandonasse todos os seus planos.
- Não vai falar com null? – null perguntou, olhando pra amiga, enquanto a puxava em direção aos garotos.
- Eu vou no banheiro primeiro, eu te encontro depois.
- Eu provavelmente estarei agarrada no pescoço do irmão de null.
- Como se eu já não soubesse disso. – null subiu as escadas na esperança de se trancar no quarto de null até a festa acabar. Porém quando estava na metade do corredor viu null saindo do seu quarto, null entrou em estado de pânico e se virou rapidamente pra fugir, porém, como a vida gostava de rir da cara dela, null consegui vê-la.
- Ei, null! – null xingou baixinho e se virou para null sorrindo.
- Oi, null. - a garota falou um pouco alto fazendo com que null a olhasse desconfiado. De repente, como se uma luz tivesse acendido em cima da cabeça de null, ele disse: - Você contou pra ele, não foi?! É por isso que ele está se comportando como um idiota comigo, me ignorando a torto e a direita. Até me chamou pelo sobrenome, coisa que ele só faz quando está com muita raiva.
- Eu não tive como não contar, null. Eu penso nisso todos os dias desde aconteceu, não tenha um dia que eu não pense no que poderia ter sido se eu não tivesse perdido nosso filho.
- Eu sempre pensei que você não quisesse aquele filho.
- Eu não queria, mas dá pra não imaginar quão pai maravilhoso o null seria quando ele segurava qualquer bebê no braço? Pior ainda, agora que eu sei que pai incrível ele seria pelo jeito que ele é com Sophie? Eu posso ser a pessoa mais problemática que existe, mas não quer dizer que eu não tenha sonhos, tais quais ter vários nulls e nulls correndo pela casa.
- Você já disse isso pra ele?
- Mas é claro que não, quando eu contei o que aconteceu, ele...
- Ele o que null?
- Ele me olhou como se não tivesse volta e pela primeira vez em anos eu senti que eu o perdi de verdade.
- Talvez você só deva fazê-lo escutar.
- E como eu vou fazer isso? Ele nem olha pra minha cara direito.
- Me espera lá no meu quarto.
- null...
- Vai null, eu vou conseguir que null fale com você. – null apenas fez o que null disse e foi em direção ao seu quarto. Sentou na cama enquanto esperar que null voltasse. Um tempo depois, a porta do quarto de null abre de uma vez e um null apreensivo entrar no mesmo.
- null, meu amor, você está bem? Você quer que eu chame um médico? – null falou segurando as mãos de null. null vendo que null estava o olhando confusa, viu que era apenas uma armação de null – Você é um idiota, null! Você não deveria brincar com esse tipo de coisa, eu pensei que null realmente estava passando mal. – null se levantou virando para o seu melhor amigo.
- Você não me deu nenhuma opção, não foi null?! Se comportando como um tremendo babaca.
- null, sai da minha frente.
- Você sabe que está sendo um estupido, não sabe, null?! Porque se não sabe eu faço questão de te dizer: você está se comportando como um completo imbecil.
- Estupido? Imbecil? Você mentiu pra mim, null! – null falou um pouco mais alto – Todos esses anos você guardou esse segredo de mim.
- Porque não era o meu segredo pra contar.
- Mas você poderia ter me avisado.
- E você ia fazer o que? Dar uma de Jesus e sair ressuscitando os outros? Você está sendo estupido sim null, você acha que foi fácil esconder esse segredo de você?
- Bem, não pareceu muito difícil enquanto eu falava que queria montar uma família com null pra você. Você sabia muito bem, você sabia melhor do que ninguém que null sempre foi o amor da minha vida.
- Bem, não está parecendo. – null apontou para null que não sabia como reagir – Olha o que você está fazendo com ela, sendo um filho de um puto de um escroto com ela sem nem ao menos pensar no quão difícil tudo isso foi pra ela. – null gritou de volta – null perdeu um filho seu, null, e meses depois você aparece com uma filha, como você acha que isso fez com que ela se sentisse? Porra, ela se sentiu pior do que você pode imaginar porque alguém estava dando pra você o filho que ela tinha perdido, pra null foi um sinal de que vocês não pertenciam um ao outro e foi por isso que ela foi embora, mas você não sabe disso porque você prefere ser um idiota a conversar com ela porque afinal de contas vocês dois não são tão diferentes assim. Não adianta falar que null não conversar com você, quando você faz o mesmo, mas não é como se eu já não soubesse, hipocrisia sempre foi seu forte, null.
E foi aí que null perdeu toda compostura que tinha e deu um soco em seu melhor amigo, null soltou um grito fazendo com que null olhasse pra ela. null não revidou, sabia que brigar com null não adiantaria de nada. null olhou para null e depois para null antes de sair correndo. null andou em direção ao seu melhor amigo, se abaixando pra ver o tamanho do estrago.
- Aí meu Deus, null! Você está sangrando.
- Já era de se esperar. – ele respondeu, se sentando no chão.
- O que a gente faz agora, null?!
- Espero que meu pequeno discurso tenha colocado uma semente na mente de null pra ver se ele pensa sobre isso. Ele só precisava de um empurrão.
- Não poderia ser um empurrão sem pancadaria?!
- null está com a cabeça mil, null, eu entendo, mas não quer dizer que eu não vá dar um soco nas bolas deles quando tudo isso passar. – null sorriu – Vamos, eu vou te levar pra casa.
- Mas eu acabei de chegar.
- Essa festa já estava bosta antes, agora então, deve tá pior ainda.
Eram sete da manhã quando o celular de null tocou, ela pensou que fosse o alarme que ela tinha deixado ligado, mas quando olhou pro visor viu o nome de Mindy. null não entendeu muito bem o que ela estava falando, mas ela conseguiu entender as palavras “null” e “desaparecido” antes de pular da cama e pegar a primeira roupa que viu. A garota foi o caminho inteiro se culpando, se algo de ruim tinha acontecido com null era sua culpa com toda certeza, porcaria de vida que tinha o pior timing que null já viu. Ela até cogitou a ideia de ter voltado para vida de null e bagunçar tudo uma das piores coisas que ela fez, tinha aprendido tanto sobre não ser egoísta, por que diabos tinha feito isso? Ai null lembrou o quanto ama null, o quanto ele a ama também e mesmo com todas as coisas ruins que eles tinham passado, eles mereciam uma segunda chance. null percebeu que não estava sendo egoísta coisa nenhuma, estava apenas amando e amando pra caralho. Três anos sem null somando aos anos que ela suprimiu todo o amor que sentia por ele, e agora ela o tinha de volta e tinha a certeza que ele a amava, ela foi com sede ao pote. Nunca foi egoísmo, ela só não sabia o que fazer com tanto amor. Porém de uma coisa ela tinha certeza de uma coisa, ela iria passar o resto da sua vida tentando demostrar esse amor das mais diversas maneiras possíveis para ele.
null parou na frente da casa de null e pode ver alguns caras do time dele, junto com null e o pai de null. null foi o primeiro que a viu, abraçando-a forte quando ela os alcançou.
- Alguma notícia?
- O celular dele está fora de área. – Chad respondeu, olhando pra null – Eu pensei que ele estava com você, porém, eu lembrei que você disse que null não dormiria na sua casa por conta de Sophie. Ele andou muito triste nesses últimos dias, e pelo roxo na cara de null, a briga foi feia.
- A culpa é minha. – null balançou a cabeça – Vocês já procuraram em todos os lugares que ele frequenta?
- Nós fomos em todos os lugares que nós vamos juntos e checamos na casa de todos do time. – um dos brutamontes de Bishop falou – Nada dele.
- E você null?
- Eu procurei por todos os lugares, nós te ligamos na esperança de você saber onde ele está.
- Eu não falo com ele desde a festa. – null respirou fundo e viu Mindy se juntar ao grupo.
- Sophie acordou e perguntou por null, eu disse que ele estava com você null. – ela cruzou os braços – Alguma notícia dele? – todos balançaram a cabeça negativamente – Quando eu colocar as mãos naquele garoto, eu vou dar umas palmadas nele como nunca antes, não importa que ele seja pai. Onde já se viu desaparecer desse jeito, e não pense que eu não sei que esse roxo no seu rosto foi ele, null. Eu vi a mão dele quando ele chegou em casa.
- Ele veio pra casa?
- Veio. Murmurou um monte de coisa incoerente que eu não prestei atenção direito, alguma coisa com família e praia. – null respirou fundo chamando a atenção de todos. Ela sabia onde ele estava.
- Eu sei onde ele está.
- Então vamos buscar ele. – os brutamontes estavam prestes a ir aos seus carros quando Mindy levantou o braço os impedindo.
- null, traga-o de volta pra casa.
null não teve que enfrentar nenhum transito enquanto dirigia em direção ao litoral, não sabia como não tinha pensado nisso antes, null sempre foi muito dramático e claro que voltaria para o lugar onde as coisas começaram as desandar para os dois. Ela estacionou ao lado do carro de null e logo o avistou sozinho no meio da areia, tirou os sapatos e andou até onde ele estava.
- Como foi que você me achou? – null perguntou, fazendo com que null se assustasse.
- Eu gosto de pensar que eu te conheço tão bem quanto null, mas se estamos sendo brutalmente honestos, todo nós sabemos que eu te conheço melhor que ninguém. – ela respondeu, ainda encarando suas costas.
- Foi aqui que tudo começou a desandar pra gente. – ele olhou para o mar a sua frente.
- Você sempre foi muito dramático. – ela se sentou ao lado dele – null está com um olho roxo, sua mãe disse que você está de castigo quando chegar em casa.
- Eu fui tão estupido, null. Bater em null? O que deu em mim? – ele olhou para frente – Meu Deus, null deve me odiar.
- Não é pra tanto null, null sabe porque você fez o que fez, você deixou a raiva falar mais alto. – null acariciou seus braços – Você falou a verdade?
- Sobre o que?
- Quando disse que sempre pensou em forma uma família comigo, era verdade?
- Sim. Acho que foi por isso que doeu mais ainda quando eu descobri sobre seu aborto. Mesmo quando nós éramos jovens, mesmo você não querendo ter um relacionamento sério, eu sempre dizia para null que quando o colégio acabasse eu iria te pedir em namoro, melhor ainda, eu ia te pedir pra casar comigo e se você aceitasse, nós construiríamos uma vida juntos.
- Você fala com tanta certeza.
- É por que eu sempre soube que você era o amor da minha vida, eu nunca duvidei.
- Nem eu. – ele olhou pra ela – O que? Só porque eu não digo não quer dizer que eu não sinto. Você me arruinou pra todos os caras do mundo, null, não tem um que eu não compare a você porque sempre foi e sempre será você.
- Eu te amo. – null falou aproximando seu rosto do de null – Eu te amo tanto que as vezes eu nem sei o que fazer com tanto amor. Desculpa não ter entendido a sua relutância em me contar a verdade, eu só conseguia pensar que nós poderíamos ter sido caso você não tivesse perdido aquele bebê, até que eu pensei que nós temos a vida inteira pela frente, nós podemos ter quantos filhos a gente quiser.
- Em uma casa grande, na beira da praia, sem falar que Sophie vai adorar ser irmã mais velha. – null sorriu antes de dar um beijo demorado em null.
- Quer ser minha namorada?
- Pensei que eu já era.
- Eu ia fazer o pedido oficial depois do recital, mas com tudo que aconteceu...
- Mas é claro que eu aceito, null. – null jogou os braços ao redor do pescoço de null, o beijando.
- Você acha que nós deveríamos voltar?
- Todos estão preocupado com você, sua mãe disse que ia te dar umas palmadas por desaparecer e bater em null. – null se levantou esperando que null fizesse o mesmo, porém o garoto ficou de joelhos na areia, pegando a mão de null.
- null null, você aceita... – null tirou alguma coisa do bolso – essa concha que eu achei a sua cara?
- null, larga de brincadeira, seu idiota! – null empurrou null pelos ombros fazendo com que ele caísse de costas na areia. null viu o sorriso diabólico de null e começou a correr. No meio do caminho, null pegou null nos braços a carregando em direção ao carro.
- Você sabe que um dia vai acontecer, não sabe?!
- O que?
- Um dia eu vou te pedir em casamento do jeito mais épico que alguém pode pedir alguém em casamento.
- E eu mal posso esperar pra isso, null null. Eu mal posso esperar.
A última vez que null pisou em Marble Hill High foi pra pedir a transferência. Acho que não teve época que a garota ficou mais feliz, estava finalmente saindo da cidade pequena pra finalmente conhecer o mundo. Entretanto, o que ela não esperava é que um dia ela teria que voltar pro mesmo fim de mundo por conta do emprego de seu pai. Quando ele disse que eles passariam três anos fora ela pensou que as coisas iriam mudar e eles podiam estender esses três anos, mas não, seu chefe precisava dele de volta então ele tinha que voltar a todo custo. null tentou persuadir seu pai para que ela ficassem na cidade grande sozinha, mas depois do incidente da desastrosa festa que quase destruiu a casa em que eles moravam, ele nunca mais deixaria a garota sozinha. null tinha mudado, mas não tanto assim pra esquecer dos seus velhos hábitos.
null ajeitou a bolsa no ombro enquanto andava em direção a diretoria, conhecia o caminho muito bem, passou várias manhãs fazendo visitas a Dena, a diretora. Toda escola tinha seu bad boy, mas Marble Hill High, tinha null e Deus os ajudassem porque essa garota era perigo na certa. Ela era conhecida pela as pegadinhas com os funcionários e os alunos, as festas de arromba que sempre organizava e as brigas que se metia. Podia se dizer que null era a garota mais popular do colégio antes de ir embora. Ela sabia que as coisas tinham mudado e ela estava mais do que feliz com isso, só queria terminar o colegial e sair dessa cidade outra vez.
- O bom filho à casa retorna, veja quem voltou Dena, null. – Vera era a secretaria da diretoria disse. Não sabia porque, mas a mulher sempre gostou muito dela.
- Olá Vera, olá Dena. – a garota respondeu colocando a bolsa em cima do balcão. Ela escutou a diretora grunhir e não pode conter o riso.
- Pelo menos me diz que você voltou mudada. – ela falou ainda de costas.
- Juro pra você que não vou destruir o colégio até o final do ano.
- Vindo de você posso esperar que você destrua isso aqui até a hora do almoço.
- Você não tem nenhum pouco de fé em mim, Dena? Fazem três anos, não vai dizer que não estava com saudades?
- Saudades eu vou ter da minha paz que está preste a acabar. – ela se virou pra menina. Dena quase tomou um susto quando viu null, não era só as roupas e as afeições da menina que não pareciam a mesma, mas algo nos olhos da garota também – Você mudou.
- Gostou do que eu fiz no cabelo? – ela perguntou dando um voltinha.
- Não null, você mudou. – null deixou o sorriso desaparecer. Sabia do que a diretora estava falando. Quando null deixou a sua cidade natal junto com seu pai, ela era uma garota mimada que fazia o que lhe dava na telha. Dena só não tinha lhe expulsado ainda porque seu pai prometeu dá um jeito na menina e parecia que ele finalmente tinha conseguido – O que seu pai fez com você?
- Abriu meus olhos.
- Fico feliz que ele tenha conseguido.
- Eu também. – a garota respirou fundo – Aqui a minha transferência e o meu histórico escolar. – ela entregou os documentos da sua antiga escola.
- Você está nas turmas avançadas? – Dena não conteve o choque.
- Menos em matemática, você sabe que eu odeio essa matéria. – ela colocou os braços em cima do balcão – Então, você vai me dar meu horário ou eu vou perder a segunda aula também?
- Claro. – null esperou um pouco enquanto a diretora preparava seus horários.
- Como é que anda seu pai?
- Está bem, feliz por estar de volta.
- E você? Está feliz por está de volta?
- Isso eu ainda não posso responder. – Dena voltou com o horário da garota em mãos.
- Você ficou na turma dos avançados em todas as matérias, menos em matemática.
- Gibbs ainda é professor?
- Sim e aposto que ele vai está muito feliz em lhe ver. Vamos, eu te acompanho.
- Pera ai, como assim?
- Sua primeira aula é de matemática. – null grunhiu enquanto seguia a diretora para fora da diretoria. Elas andaram em silêncio pelo corredor vazio até a sala do professor Gibbs. A diretora bateu na porta chamando a atenção de todo mundo que estava na sala, ela entrou e null se culpou mentalmente, deveria ter exigido ao seu pai que a colocassem em um colégio diferente.
- Desculpa atrapalhar sua aula professor, mas nós temos uma nova-velha aluna. – a diretora falou procurando por null que ainda estava do lado de fora, ela a chamou com a mão e null respirou fundo antes de entrar na sala com a cabeça erguida. Gibbs foi o primeiro a arregalar os olhos e deixar o queixo quase cair no chão, null se virou para os alunos e viu que conhecia a maioria deles. Todos estavam chocados olhando pra garota, até que os seus antigos conhecidos começaram a comemorar. Alguns deles, a maioria do time de futebol, se levantaram e foram em direção a ela, a abraçando um por um.
- Tudo bem garotos, podem me colocar no chão agora. – null falou, se afastando deles.
- Finalmente você voltou, null. – null a colocou no chão depois de rodopiá-la mais vezes que ela gostaria – Esse colégio estava uma droga sem você.
- Olha o vocabulário, senhor Williams. – a diretora falou.
- Desculpa. – ele disse, levantando as mãos.
- Agora vamos, façam o favor de sentar. – Dena falou e todos voltaram para os seus assentos – Você também, null.
null assentiu avistando uma cadeira no final da sala ao lado de uma desconhecida. Ela olhou pra ela e a garota sorriu, se jogando na cadeira logo depois. Todos pareciam analisar a garota e null se sentiu desconfortável se mexendo na cadeira. Gibbs olhou para a ela e vendo o pânico nos olhos dela, pigarreou alto e voltou para a sua aula. null agradeceu mentalmente por seu pai e Gibbs serem amigos de faculdade, ele era praticamente como um tio para ela e sempre cuidou dela como se fossem da mesma família.
O tempo voou e logo depois que o sinal tocou, null correu pra fora da sala, evitando qualquer interação que podia vir dos seus velhos conhecidos. O professor de Química Avançada se assustou quando viu a garota na porta, perguntou se ela estava perdida e null apenas lhe mostrou o seu horário vendo o espanto na cara dele. Ela quis dar uma gargalhada alta, mas apenas pegou seu horário outra vez e se sentou no fundo da sala novamente. Da mesma maneira que seus amigos a olhavam com espanto, os nerds faziam do mesmo jeito, esperando que isso fosse algum tipo de brincadeira. Bem que eu gostaria, null pensou.
Quando o sinal tocou para o intervalo null correu para fora da sala se deixando levar pelos corredores da sua antiga escola. Por onde ela passava, as pessoas sussurravam, algo que null já tinha esquecido o quanto irritante era. Cogitou a ideia de inventar alguma doença pra poder voltar pra casa, porém sabia que uma hora teria que encarar os seus problemas. Mais especificamente um com mais de um metro e oitenta que null sabia que podia ser a sua ruína.
- null! – a garota parou de andar na mesma hora e aparentemente não tinha sido só ela. Sabia a quem pertencia aquela voz, sua melhor amiga sempre foi conhecida pela seu irreconhecível tom. A garota virou-se pra trás a ponto de ver sua melhor amiga pular em cima dela quase derrubando as duas no chão.
- Você voltou!
- Meio óbvio!
- Idiota! – ela abraçou a amiga outra vez – Sua mentirosa, por que não me disse que estava voltando?
- Surpresa! – null abriu os braços, colocando o melhor sorriso no rosto.
- Eu pensei que você ia passar mais tempo com sua mãe.
- O chefe do meu pai precisava dele aqui então nós voltamos. Ele já não estava mais aguentando ter que viajar e me deixar sozinha em casa.
- E sua mãe? O que ela disse sobre isso?
- Ficou triste, mas aceitou depois que eu me inscrevi em quase todas as faculdades perto de onde ela mora.
- Então você só veio terminar o colégio aqui e depois vai embora?
- Sim.
null sabia que null podia descobrir todos os seus segredos apenas com um olhar, as duas eram amigas desde que se conheciam por gente, null conseguia ler null como se ela fosse um livro pra criança. Antes mesmo que null perguntasse o que ela estava morrendo de vontade de perguntar desde que colocou os pés naquele colégio, null disse:
- Ele não estuda mais aqui.
- Não?
- Se você me deixasse falar no nome dele, saberia que no ano seguinte depois que você foi embora ele se transferiu para Bishop.
- Mas Bishop é a nossa escola rival! E null? Eles não são mais melhores amigos?
- Calma, null. Você acha que o nosso bromance favorito ia acabar por causa de uma rivalidade de colégio? Devo até dizer que estão mais fortes do que antes. – null abaixou a cabeça e null deu um passo pra frente colocando a mão em seu ombro – Eu sei o que você está pensando, null, e não foi culpa sua. Ele já não estava mais feliz aqui.
- Eu não quero falar sobre isso, null. – null levantou a cabeça – Será que a gente pode ir comer? Eu estou faminta!
- Eu também. – null jogou o braço pelos ombros da amiga, começando a andar pelo corredor. – Então, null me disse que todo mundo vai.
- Todo mundo vai pra onde?
- Pra sua festa.
- Minha festa? Mas eu não vou dar nenhuma festa, null.
- Bem, não é todo dia que Marble Hill tem a sua bad girl favorita de volta então sexta vai ter uma festa na casa do null em sua homenagem.
- Mas eu acabei de chegar.
- Ah null, null só quer uma desculpa pra dar uma festa e arrumou uma perfeita.
- Eu tenho que falar com meu pai antes.
- Desde quando você tem que pedir permissão?
- Muita coisa mudou nesses três anos, null.
- Eu aposto que sim e por isso pode começar a contar, em detalhes sórdidos, por favor.
null conseguiu sobreviver a primeira semana de aula, pra falar a verdade, foi bem mais fácil do que ela esperava. Quando seu pai disse que eles teriam que voltar, null gritou, esperneou, bateu o pé tentando convencer seu pai que ela poderia terminar o colegial e morar sozinha na cidade grande. Sabia que era um movimento arriscado, principalmente com o seu passado meio que sombrio, mas mesmo assim seu pai lhe deu uma chance. Então quando ele teve que ir pra mais de uma das suas viagens que demoravam dias, ela ficou sozinha em casa em vez de com sua mãe. null tinha tudo planejado, iria passar o final de semana assistindo filme e comendo, porém velhos hábitos eram difíceis de largar e na segunda noite depois de mais uma miserável tentativa de assistir uma maratona de Gossip Girl, ela decidiu dar uma festa. Era pra ser apenas uma reunião pequena, pra alguns amigos próximo, só que logo a garota percebeu toda a escola decidiu aparecer. null sabia que não era certo, mas tinha prometido que essa era sua última vez e no dia seguinte ia arrumar tudo como se nada tivesse acontecido. O que ela não esperar era que seu pai chegasse antes do tempo a tempo de flagrar a garota pulando do segundo andar da casa pra dentro da piscina. A partir dali null sabia que qualquer chance de morar sozinha tinha acabado então ela aceitou seu destino e se preparou psicologicamente para o que ela estava preste a enfrentar.
Uma das coisas que null tinha apreendido com o tempo era que depois da calma, sempre vinha a tempestade e mesmo que ela se preparasse, não tinha como ela calcular o tamanho do estrago. Ela sabia que algo estava prestes a acontecer, sabia até o nome que daria ao seu desastre pessoal, mas ela não conseguia resistir, era melhor acabar com tudo do que viver na dúvida.
- Onde você pensa que vai? – seu pai perguntou quando ela passou por ele na sala.
- Pra uma festa.
- Mas já? Não tem nem uma semana direito que a gente voltou.
- Bem, não é todo dia que a bad girl favorita de Marble Hill volta não é mesmo paizinho?! – ela abriu os braços – Prometo não voltar tarde, eu só vou mesmo pra não fazer desfeita com os meninos, já foi ruim o bastante ir embora sem me despedir.
- Meninos? Todos os meninos?
- Todos, menos um. – null colocou as mãos nos bolsos de trás – Ele não estuda mais no Marble, ele está em Bishop.
- Verdade? Boa garoto! Bishop sempre foi a escola pra ele, melhor programa de futebol do estado, lembro bem quando vocês dois faziam planos de irem juntos.
- Pai, eu não quero falar sobre isso, você sabe.
- Desculpa, não falo mais. Tenta voltar antes da uma da manhã.
- Seu desejo é uma ordem.
- Odeio seu sarcasmo.
- Difícil resistir, você sabe, é coisa de família.
- E como sei.
null dirigiu ao som de um rock pesado preparando-se para o que estava por vir. Gostava de festas, isso era certo, mas tanto tempo passado suas sextas à noite com sua mãe fizeram a garota perceber que as festas não eram assim tão essenciais na sua vida. null ainda morava na mesma casa, o que fez um arrepio subir pela espinha de null quando ela encarou a fachada. Quando vezes a casa do seu amigo serviu como palco para os dramas do colégio? Quantas vezes ela não usou a casa dele como refugiu? Quantas vezes null acobertou o romance entre seus dois melhores amigos? Quantas vezes ela não se viu encarando, essa mesma fachada, com o coração na mão por saber quem poderia estar lá dentro?
null sabia no seu inconsciente que ele poderia estar do outro lado da porta, null e ele eram amigos desde que se conheciam por gente, era mais do que sensato que ele viesse. Porém null tinha esperança que null não o tivesse convidado, aliás, as coisas entre eles dois não tinham terminados em bons termos e null sabia disso.
- null! – null pulou em meus braços, logo quando a garota entrou pela porta da frente – Você veio!
- A festa é em minha homenagem, claro que eu vim.
- Você sabe o que eu quis dizer.
- null, nossa rainha. – os caras do time de futebol se curvaram pra ela, fazendo null balançar a cabeça. Os garotos sempre a respeitaram muito, null parecia a única é melhor escolha quando se tratava controla
- los, até o técnico não conseguia acalma-los do jeito que ela fazia. Era como um domadora tentando dominar os leões.
- Aqui sua bebida, do jeito que você gosta. – null estendeu um copo pra garota do qual ela pegou.
- Vamos null, vamos pra pista de dança. – null a puxou a garota para a pista de dança. Antes mesmo que elas chegassem null derramou o conteúdo do copo todo dentro de um dos jarros da mãe de null, ela provavelmente arrancaria o couro do garoto e a garota não podia esperar pra ouvir a história. Dançaram durante quase meia hora e toda bebida que lhe entregavam a garota arrumava um jeito de jogar fora sem ninguém perceber. Não estava com saco pra festa ou muito menos encher a cara, pra falar a verdade, não via a hora de chegar em casa pra sua cama e mais uma maratona no Netflix.
- O que aconteceu com você? – null perguntou enquanto null se sentava no balcão da cozinha.
- Do que você está falando?
- Toda as bebidas que te ofereceram você jogou fora e eu vi você lavando o copo e colocando água. Agua, null, desde quando você bebe água em uma festa?! Principalmente uma em sua homenagem?!
- Minhas habilidades de esconder as coisas de você parecem que não são tão boas como antigamente.
- Eu estou mais alerta dessa vez. O que aconteceu com você? Você não está grávida, não é, null? Porque você já quase me deu um ataque do coração voltando antes do que me disse, você grávida eu já vou logo pedindo pra minha mãe ligar pra funerária que eu não vou sobreviver.
- Por Deus, não null. Eu só estou cansada.
- Cansada? Você quer que eu te leve pra casa?
- Não null, cansada da mesma porcaria o tempo todo. Festa, ficar bêbada, acordar de ressaca, parar, repetir. Não vejo mais finalidade nisso, entende?! Acho que tem mais da vida do que isso.
- Você fez curso com Dalai Lama nesses três anos?
- Não, eu só vi que a vida tem mais a oferecer, só isso. – ela olhou pra amiga – Você vai ficar chateada?
- Claro que não, chega uma hora que todo mundo muda, a sua só chegou mais rápido do que a minha. – ela abraçou a amiga – Fico feliz que você esteja de volta e que você tenha mudado, – ela se separou da amiga – estou gostando dessa nova null.
- Só não conta pros meninos, não quero acabar com a festa deles.
- Não se preocupe, seu segredo está a salvo comigo, como sempre. – null arrumou o decote e disse: – Agora deixa eu ir porque o irmão mais velho do null está aqui e eu tenho que jogar um charme pra ele.
- Vai lá, garota. – null balançou a cabeça, rindo da amiga. Agora tudo que precisava era arrumar um lugar quieto pra passar o resto da festa.
- null, null! – A paz que null procurava tinha acabado de ir embora. Foi impossível fingir que ela não sabia de quem era aquela voz. Sabia muito bem de onde vinha, quem era o dono, estava com esperança já que ele mudou de colégio que não o visse, mas não, o universo gostava de rir na cara dela. Acho que a pior parte não foi saber que ele estava ali, foi seu coração dar um pulo como se três anos e vários casos com garotos da cidade grande não tivessem acontecido – Você realmente está de volta.
- null, ninguém disse que essa é uma festa só pra amigos? – ela disse sem nem ao menos olhar pra trás. null tomou um gole da sua água e quando abaixou o copo, ele estava na sua frente.
null null tinha mudado, ele não tinha mais aquela feição de garoto e corpo de um. A academia que ele tanto falava que ia frequentar deu resultado e ele estava mais forte e ela apostou que debaixo daquela camisa tinha um tanquinho só esperando pra ser mostrado. A linha do seu maxilar – a eterna fraqueja de null quando se tratava de null null – estava mais marcado do que nunca. Ele estava com cara de homem agora, tinha até deixado a barba crescer. null grunhiu mentalmente, filho da mãe, conseguia ficar ainda mais gostoso do que antes.
- Pensei que nós éramos amigos. – ele disse, cruzando os braços. Tinham dois brutamontes tão altos e fortes quanto ele ao seu lado, usando as cores do outro colégio da cidade na sua jaqueta do time. null odiava ser classificado com o estereótipo de jogador de futebol por isso quase nunca usava sua jaqueta, pra falar a verdade, quem usava sua jaqueta era nada menos, nada mais do que null.
- Você sabe que não.
- Mas eu senti tanto sua falta. – a menina balançou a cabeça, sentindo ele se aproximar – Não vai dizer que não sentiu minha falta?!
- Não.
- Você sempre foi uma péssima mentirosa.
- E você sempre foi muito bom. – ela falou vendo o sorriso dele desaparecer – Soube que você mudou de colégio.
- É, não dava pra ficar no Marble depois de tudo.
- null finalmente percebeu que o nosso era o melhor colégio então decidiu que se juntar aos campeões. – um dos brutamontes disse e null rolou os olhos.
null analisava a garota de cima a baixo reparando o quanto ela tinha mudado nesses três anos que ela passou fora. Era ela, a sua null e três anos separados podiam ter mudado muitas coisas, porém não o jeito que ele se sentia em relação a ela.
null reparou que algo sobre ela não estava o mesmo, não era só a aparecia física, algo dentro dela.
null reparou que null não estava na pista de dança improvisada como sempre fazia quando estava em uma dessas festas ou que ela jogando algum jogo que envolvesse bebida, ela estava sentada no balcão e com um copo na mão. null tinha quase certeza que ela não estava bebendo, mas mesmo assim, tinha que ter a certeza. Então ele pegou o copo da sua mão e tomou um gole percebendo que suas suspeitas estavam certas.
- null, que porra é essa? – ele cuspiu a água – Você está bebendo água? – null falou, limpando a boca com a mão – null, você sabia que a null está bebendo água?
- null gritou para o garoto que estava do outro lado da cozinha.
- O que? – null gritou, surpreso olhando pra null – Cadê a vodka que eu te dei, null?!
- Babaca! – null desceu do balcão, furiosa, e derrubou o resto do conteúdo na camisa de null antes de sair pela porta dos fundos. null pegou o copo da mão dele e tomou um gole.
- Ela mudou. – ele disse, se virando para o melhor amigo. Mesmo jogando para times diferentes, null e null permaneceram amigos, não tinha porque jogar anos de amizades só por um rivalidade estupida de colégios. null entendia porque null tinha que mudar de colégio, até ele tinha cogitado a ideia de seguir o amigo, Marble Hill High tinha essa energia estranha, principalmente quando a sua bad girl favorita decidiu ir embora sem nem ao menos dizer um adeus.
- Eu sei, deu pra perceber quando ela entrou na sala essa semana. – null colocou o copo em cima do balcão – Mas uma coisa não mudou.
- O que?
- O jeito que você olhar pra ela. – null se encostou no balcão, olhando para o melhor amigo, incrédulo – Por Deus, null, mesmo depois de todos esses anos?
- Mesmo depois de todos esses anos. – ele olhou para o amigo – Eu vou atrás dela.
- Vê se não fode com tudo com da ultima vez.
- Eu vou tentar, mas você sabe, null é imprevisível.
null procurou por todos os cantos da casa por null. Subiu e checou todos os quartos encontrando alguns conhecidos em algumas posições bem comprometedoras; foi no jardim procurando com cada canto que ele sabia que ela podia esconder até que quando estava prestes a se dar por vencido e confirmar que null tinha ido pra casa, ele olhou pela janela e viu a garota encostada na bancada na parte de fora da casa. null abriu a porta lateral da casa, fechando-a atrás de si. Isso fez um barulho que chamou a atenção de Ariela que virou o rosto.
- Não vai voltar para a festa? – ele perguntou começando a andar em sua direção.
- Não.
- Vai ficar aqui fora sozinha?
- Vou.
- Vai me responder monosilibicamente?
- Sim.
- Ah, null, deixa de ser chata.
- Chata? Só porque eu não estou afim de ficar na festa, agora eu sou chata? – null riu sabendo que se tinha coisa que null não gostava de ser chamada era de chata – Eu te odeio!
- null, bem que você gostaria que isso fosse verdade. – ele se aproximou dela, prendendo ela entre seu corpo e o balcão da varanda. Era um movimento arriscado, sabia que as coisas entres os dois tinham mudado, porém três anos separados foram o suficiente para null. Ficar longe de null quando ela estava em outra cidade, tudo bem, mas ela estando tão perto dele seria uma tarefa quase impossível. – Eu senti sua falta. – a garota abaixou a cabeça evitando olhar para null. O conhecia tão bem à ponto de saber que ele poderia saber o que ela estava sentindo apenas com um olhar. Por Deus, não acreditava que estava nervosa por está perto dele outra vez. – null...
- Não, null. Por favor, não.
- null se você ao menos me escutasse, não fugisse como da última vez.
- null...
- Eu sei que eu fiz errado em esconder de você, mas se eu te contasse você ia me odiar e eu ia te perder.
- Você fala como pudesse prever o futuro, null. – ela levantou a cabeça, o encarando.
- Eu posso não prever o futuro, mas eu te conheço, null, até melhor do que você.
- Então você deveria saber que eu iria sim ficar chateada por você não me contar, mas eu tentaria entender. Mas não, você me categorizou junto com o resto do seus amigos que só andam com você por conta do seu status e grana não porque te amam. null se arrependeu no segundo seguinte de ter falado aquelas palavras, pior ainda foi o sorriso de lado que apareceu nos lábios de null mostrando de leve suas covinhas. Deus, três anos e aquele homem ainda a fazia sentir formigamentos na ponta dos dedos.
- Não se preocupe, null, eu também te amo. Nesses três anos...
- Eu não quero saber, null. Você realmente espera que eu simplesmente esqueça tudo que aconteceu e tudo volte a ser como era antes? Nada mudou, null, eu ainda não quero saber nada de você.
- Tudo mudou, null, tudo mudou. null não esperou que ele falasse mais alguma coisa, empurrou null para trás, correndo pra fora da casa sem nem ao menos olhar por cima do ombro. Entrou no carro, arrancando com o mesmo, tentando afastar todas as lembranças de três anos atrás. Mas era inevitável, ela poderia ver as cenas passarem por seus olhos.
22 de maio de 2012
null entrou no hospital apreensiva, seu coração batia tão forte que podia senti-los nas orelhas. Quando null ligou dizendo que null tinha sofrido um acidente de carro, a garota abandonou o jantar com seu pai e dirigiu o mais rápido possível para o hospital. Tinham coisas que null aceitava perder, mas null não era uma delas, não quando todas as suas suspeitas de que o amavam tinham acabado de se confirmar. Sabia que esse não era o melhor momento, mas ela apreendeu que quando se tratava de null tudo sempre parecia confuso, não existia essa de "o momento certo". Então, ali estava ela, andando pelos corredores daquele hospital, decidindo que iria dizer que o amava e que queria que ele fosse seu namorado. Sem mais essa ideia de sexo casual, null queria o pacote inteiro quando se tratava de um relacionamento sério. null avistou a mãe de null no corredor, de costas pra ela conversando com um médico. Decidiu que não queria atrapalhar a conversar então parou um pouco atrás esperando que eles terminasse.
- Seu filho está bem, nada grave aconteceu com ele. – null já sentiu seu coração ficar mais aliviado – Porém a garota corre risco de vida, ela está na sala de cirurgia agora. – null sentiu seu sorriso desaparecer. Garota? Do que eles estavam falando?
- Você acha que vocês conseguem salva-la doutor?
- Nós vamos fazer o possível, a situação da mãe está um pouco crítica, nós tivemos que fazer um parto prematuro quando ela chegou.
- E minha neta? Ela está bem?
- Sua neta é uma pequena lutadora, ela está em observação por conta de vir ao mundo algumas semanas antes do combinado, tirando isso ela está fora de perigo.
- Neta? – foram as únicas que null conseguiu expressar.
- null? – a mãe de null se virou pra trás, olhando para null.
- Neta? – null olhou para Mindy, já sentindo as lágrimas começarem a se forma em seus olhos. De alguma maneira, ela esperava que ela tivesse escutado errado. – Ele falou sua neta?
- null, querida, é melhor você sentar. – Mindy tentou se aproximar, mas null se afastou – null vai te explicar tudo.
- Oh meu Deus! – ela colocou as mãos na sua testa – null vai ser pai?
- null, espere por ele, por favor.
- Não, não, não pode ser. Mas como... – null levantou o olhar e viu quem estava no final do corredor, ela sentiu seu coração pesar e teve certeza que não iria aguentar, se null falasse com ela era capaz dela ter um ataque do coração. Então ela virou seus pés e começou a andar em direção à saída, suas pernas estavam bambas impossibilitando-a de correr. Ah pernas traidoras, por que não colaboram com ela agora?
- null, espera! – null o viu parar em sua frente e quando ele tentou se aproximar, ela deu dois passos pra trás.
- Você não tem o direito de me pedir isso, null! – ela disse e ficou até assustada o quanto dura seu tom de voz saiu.
- Por favor, me deixa explicar! Eu juro pra você que tem uma explicação pra isso.
- Uma filha null, você tem uma filha agora! – null olhou para ele, sentindo as lágrimas começarem a descer por seu rosto – Deus como eu sou burra! É claro que você estava dormindo com outra garota, porcaria de prima atendendo o celular sem querer o caralho, você estava com outra.
- null, você mesma disse que não queria nada sério, que não a gente não passava de sexo casual, você não tem o direito de ficar com raiva. Você nunca ao menos quis ser vista comigo!
- Você sabe o por quê disso! Você sabe que odeio as pessoas dando pitaco na minha vida, você sabe que se nós fossemos vistos juntos, eu ia virar conversa na boca de todo mundo! E quem se importa se eles sabiam ou não, que se foda todo mundo null, eu queria você, só você e mais ninguém! Não queria ninguém dando opinião, fazendo brincadeira escrota ou achando que o que a gente tinha era seriado de tv pra eles esperarem sentado pelo próximo drama. E não venha me dizer que só nós éramos só sexo casual porque você sabe que você sabe que nós éramos mais, muito mais.
- Você dormia com outros caras também, null, você não pode ficar com raiva de mim por ter dormido com a Tiffany.
- null, você ainda não entendeu?! Eu estou pouco me importando se você dormiu com essa garota ou não, eu não te pedi pra sermos exclusivos porque eu sempre soube que nenhum de nós dois estava preparados pra ter um relacionamento sério ainda. Nós somos um vulcão a ponto de erupção, nunca ia dar certo.
- Então por que você está com raiva?
- Porque você mentiu pra mim, null! A única coisa que eu sempre te pedi foi honestidade, você podia foder com quem você quisesse contado que você me falassem antes de eu escutar da boca de alguém. E agora eu descubro que você está esperando uma filha! Não uma piriguete qualquer que você pegou porque estava bêbado ou simplesmente a achou super gostosa. Uma filha, null! Você teve nove meses pra me contar e enquanto a gente dormia juntos, você tinha uma garota esperando uma filha sua.
- Você tem que me entender, null, eu quis te contar, mas eu tive medo.
- Medo de que, null? De eu te julgar? Você sabe que eu tenho o QI maior do que todos os seus amigos juntos, eu iria entender ou pelo menos tentar.
- Eu tive medo de te perder, porra! – ele gritou – Eu te conheço, null, eu sei que quando você descobrisse que eu menti pra você sobre eu ser pai você ia me odiar pra sempre! Entender eu sei que você iria, sua mãe fez a mesma coisa, mas me perdoar?! Você iria fazer o que você faz de melhor, me afastar de você mesmo que me amasse.
- Então uma coisa você acertou em cheio, null, você me perdeu. – null se virou para ir embora, correndo em direção à saída tentando ao máximo fugir daquele lugar. Dirigiu até em casa, sabia o que tinha que fazer.
null balançou a cabeça entrando em casa e jogando as chaves em cima da mesa da sala.
- Sua mãe ligou! – seu pai apareceu da cozinha fazendo null soltar um grito.
- Porra! Que susto! – null colocou a mão no coração – Não tem como você fazer pelo um barulho antes de fazer isso? Tem que dar uma de serialkiller?
- Não sou eu que tenho pés de elefantes, isso aí é com sua mãe. – ele passou por ela e se jogou no sofá. Seu pai olhou pra ela e já sabia que algo tinha acontecido – Você viu null.
- Não fala no nome dele. – null fechou os olhos.
- Impossível! Não quando você ainda o ama.
- Quem falou alguma coisa sobre amor aqui?
- null, você sempre foi boa em muitas coisas, mas mentir nunca foi uma delas. Eu sei porque você foi embora a três anos, e eu também sei que mesmo que você tenha saído com um monte de garotos, null sempre foi e sempre será seu grande amor.
- Grandes amores sempre terminam em tragédia.
- Me poupa o drama, Shakespeare! Só termina em tragédia se você quiser. – ele colocou a tigela na mesa a sua frente – A vida te deu uma segunda chance, null, já está na hora de parar de brincar de esconde-esconde e dar as caras, quem sabe você não sai ganhando e salva todo mundo. Especialmente a si mesma.
- Não é saudável ter alguém que tem tanto controle sobre você desse jeito.
- Não é controle, null, é amor. Você confunde muito os dois, mas eu sei, que lá dentro do seu coração você sabe que esse acordo que vocês dois tinham quando eram mais novos era, na verdade, só dois adolescente com medo do que sentiam. E quem não se assustaria? Com 15 e 16 anos já sentirem algo que gente com mais de 30 ainda procura, deve ser assustador mesmo.
- Você parece ter muita certeza disso.
- Pergunte a null onde ele estava no dia 23 de agosto de 2014.
- Meu aniversário há dois anos atrás? O que você está tramando?
- Apenas pergunte. – ele se encostou no sofá outra vez – Boa noite, null.
- Boa noite, pai.
null sabia que poderia evitar null o máximo que ela pudesse, porém, nada evitaria que ela sonhasse com ele quase todos as noites.
II. Trois chanceux
- Eu tenho que ir mesmo pra isso?
- É o jogo do ano, todo mundo vai estar lá. – null respondeu, arrastando a garota em direção ao estádio.
- Precisamente por isso que eu não preciso ir, ninguém vai sentir minha falta.
- Você que pensa que todo mundo não espera que você esteja nesse jogo. Até a galera de Bishop já sabe que você voltou. – null grunhiu e fez questão de fazer bem alto para que null a deixasse ir.
- Eu estou falando sério, null. Eu tenho prova de Química Avançada na segunda e ainda faltam três capítulos pra eu terminar.
- Eu não acredito que você quer trocar um bando de homens gostoso, correndo por um campo com aquelas pernas torneadas por Química avançada. Realmente null, você mudou mesmo . Quando os amigos de null descobriam o porquê dela não estar nas outras turmas com ele, todos pararam o que estavam fazendo pra encara-lá como se ela fosse de outro planeta. null foi a primeira que acordou do transe enquanto null marcava de ir pra casa de uns garotos da sua sala para um projeto que eles tinham que fazer. null apenas riu da cara de seus amigos enquanto continuava a comer.
- Química Avançada? – null perguntou.
- É, e ela é muito boa por sinal. – Jess, um dos caras da sua sala, disse.
- Melhor do que você. – null riu, dando um soco no braço do garoto.
- Vai sonhando.
- Então fechou, na casa do Gil amanhã. Que a força esteja com você!
- Que a força esteja com você, minha rainha. – null encenou uma batalha de sabre de luz com cada um dos garotos até que eles saíram da cafeteria.
- Isso foi uma referência a Star Wars? – null perguntou.
- Foi.
- Uau!
- Não sei por que a surpresa, null, você e null me obrigaram a assistir todos os filmes mais de dez vezes. – null sorriu, mas logo sentiu seu sorriso desaparecer quando percebeu que tinha falado no nome de null como se ainda fossem aquele casal de três anos atrás. Os outros começaram uma conversa entre eles enquanto null abaixou a cabeça.
- É a primeira vez que você fala no nome dele desde que voltou. – null falou fazendo com que null levantasse a cabeça – Normalmente você usa: seu melhor amigo, null ou capitão de Bishop, nunca null.
- null...
- null, você sabe que ele não fez por mal, te perder era a única coisa que ele não ia suportar. null te ama mais até do que você pode imaginar. – null balançou a cabeça.
- Você sabe que ele mentiu pra mim. Uma filha, null, ele mentiu sobre uma filha.
- Como você nunca tivesse mentido pra ele, null. – null arregalou os olhos – Você escondeu dele.
- Isso não tem nada haver.
- Você sabe que tem. – null respirou fundo – Você vai pro jogo contra Bishop hoje?
- Eu tenho prova de Química na segunda. – null balançou e se virou para null.
- null, null vai pro jogo hoje?
- Com certeza.
E aqui estava ela, entrando pelos portões do estádio de Bishop. null já sentia os olhares de alguns estudantes do seu colégio em cima dela, não era pra menos, fazia três meses que tinha voltado e nesse meio tempo já tinham acontecido seis jogos, todo dos quais null fez questão de ignorar que estavam acontecendo.
- null, espera. – null puxou seu braço, fazendo com que null parasse – Eu não acho que isso seja uma boa ideia.
- null, eu não ia falar nada, até porque você mudou e eu acho maravilhoso mudanças, mas sério, cadê você null?
- O que?
- Cadê você, null? Cadê a garota que não deixava ninguém olhar torto pra ela? Cadê a garota lutadora que eu conheço que passou por maus bocados e ainda conseguia ter um sorriso no rosto? Eu sei que você mudou, mas isso não quer dizer que você tem que deixar as pessoas passarem por cima de você. Você podia muito bem ter dito não, mas você veio.
- Eu não queria que você ficasse chateada, esse jogo é tão importante pra você.
- Mas você é mais importante. – ela segurou nos ombros da amiga – Eu não te odeio sabe? Por você ter ido embora, digo. Eu entendo porque você fez o que fez então não precisa fazer as coisas só pra me agradar.
- Você quer dizer metade pra te agradar e a outra metade pra ver o null? – null perguntou marota. null tinha sido um empurrão pra ela vir assistir ao jogo, mas a outra metade dela queria está aqui e já que ela estava admitindo coisas que normalmente guardava pra si, não esperava a hora de ver null correndo pelo campo com aqueles shorts que null esperava que fossem curtos.
- Que bom que você admite.
- Bem, se já tá no inferno, nada melhor que dançar com o Diabo.
- Falando no nome de null e fazendo piada com ao cara lá de baixo? Sabia que minha null ainda estava aí dentro. – null sorriu – Se você quiser, a gente pode ir embora.
- Eu não quero, eu quero assistir o jogo e ver um bando de cara gostoso correndo pelo campo.
- Um mais do que os outros. – null riu, puxando a amiga em direção às arquibancadas do time da escola. null e os outros já estavam no campo aquecendo e quando null avistou as duas, correu para abraça-las.
- Você realmente veio. – null disse, surpreso.
- Mas é claro que vim. – ela olhou para o amigo com o coração na mão.
- Espero que null não tenha te obrigado.
- Ela é bem persuasiva, mas não tanto assim. Eu quero está aqui null.
- Fico feliz em saber, e pode ter certeza que eu não sou o único. – null abaixou a cabeça, sorrindo. Só em pensar em null ela voltava a ser uma adolescente apaixonada que sentia borboletas no estômago toda vez que ele estava por perto. Porcaria de 1,80 de altura e sorriso de lado. – null, sobre hoje de manhã...
- Tio null! – uma garota nos seus três anos mais ou menos correu em direção a null, se agarrando nas suas pernas.
- E aí, tampinha?! – null pegou a garota nos braços fazendo cócegas nela fazendo a garota rir – Você cresceu da última vez que eu te vi, seu pai anda te dando fermento?!
- Ele disse que eu vou ser alta que nem ele.
- Ou você vai continuar sendo minha tampinha. – null segurou o rosto da garotinha, dando vários beijos em sua bochecha. Ela riu, empurrando o rosto de null pra longe. A garotinha se virou pra null e sorriu, null pode jurar que conhecia aquele sorriso de algum lugar, só não sabia de onde.
- Sua irmã decidiu ter filhos? Pra mim ela não gostava de crianças.
- Ela não é filha da minha irmã, é filha do...
- Sophie!
- Papai! – ela gritou quando null apareceu ao seu lado. Ele vestia um uniforme da escola rival e null pode jurar que ele ficava ainda mais bonito com ele. Foi então que ela percebeu da onde tinha reconhecido aquele sorriso, era o mesmo de null, o mesmo que há anos atrás ela jurava que era só seu.
- O que foi que eu disse sobre correr pelo campo? – ele pegou Sophie dos braços de null.
- Mas eu queria falar com o tio null. – null viu a garota falar toda manhosa com pai e logo null se derreter com isso.
- Eu sei, meu amor, mas o papai ficar preocupado quando você desaparece assim.
- Desculpa.
- Tudo bem, meu amor, só cuidado próxima vez.
- Você é muito bobão mesmo, – null começou – basta só uma carinha dela pra você se derreter todo.
- Imbecil! – Sophie arregalou os olhos e cruzou os braços. null não conteve o sorriso, tinha conhecido Sophie há poucos minutos, mas já sabia que ela tão mandona quanto o pai – Tudo bem, desculpa, não falo mais. – ele se virou pra mim com um sorriso de orelha a orelha – Oi null!
- Oi null.
- Como vocês não vão falar nada mesmo, eu falo. null essa é a Sophie, Sophie essa é a null.
- Oi Sophie, tudo bem?
- Papai é a princesa. – null olhou para null que arregalou os olhos.
- Princesa?
- null, você acha que não está do lado errado do campo? – um dos cara do time disse, fazendo com que null rolasse os olhos.
- E essa é minha deixa. Bom jogo, null, tchau null.
- Tchau, null. – Sophie disse antes de null levá-la pro outro lado do gramado.
- Acho que o jogo já vai começar. – null deu uma última olhada para null andando em direção ao banco de Bishop com Sophie nos braços. Como se ele sentisse que ela estivesse olhando, null olhou pra trás e sorriu quando viu que a menina estava encarando. null apenas balançou a cabeça, e se deixou levar por null.
O jogo tinha sido exatamente como null esperava: extremamente emocionante. Se ela achava emocionante quando null e null jogavam no mesmo time, os dois jogando em times rivais era mais ainda. null se pegou torcendo pelo time do seu colégio durante uma parte da partida, mas em outras horas ela se pegava sussurrando um "vai null, você consegue" enquanto tirava as cutículas com os dentes. Quando faltava alguns minutos para o final do jogo – que estava empatado, por sinal –, null correu pro outro lado do campo fazendo com que null se levantasse da arquibancada e agarrasse na grade a sua frente. null corria mais rápido que os outros, facilidade que null sabia que tinha adquirido dos anos de correr com seu pai, e quando ele chutou a bola atingindo a rede do gol, null não se conteve antes de soltar um grito e começar a bater palmas. Foi só quando as líderes de torcidas a sua frente olharam pra ela com sorrisos no rosto que ela percebeu o que tinha acabado de fazer. null virou pra trás recebendo alguns olhares desaprovadores até que olhou pra null que gargalhava alto.
- Você poderia ter me segurado. – null falou, pegando null pelo braço e a arrastando pela escada.
- Nem que eu quisesse eu conseguiria te parar, null. Não é como se ninguém não soubesse que você está do lado errado do campo. – null sorriu, olhando pra frente bem a tempo de ver Sophie correndo pros braços de null. Por mais de todas as complicações, null tinha que admitir, null com Sophie era a coisa mais linda que ela já viu, foi quase impossível não pensar em como seria ter uma família com null. null colocou a mão na barriga, ao mesmo tempo que null parou ao seu lado e disse:
- Vai ter uma festa agora pra comemorar a vitória.
- Mas nós perdemos. – null falou, a olhando confusa.
- Não importa, null e null comemoram do mesmo jeito. Toda vez que eles jogam um contra o outro, eles fazem uma festa com a maior quantidade de bebida. Normalmente quem bebe mais é quem perde.
- As coisas realmente mudaram.
- Você não imagina o quanto.
O que null esqueceu de dizer que a festa de comemoração era na casa de null então quando null se viu parada na fachada da casa dele quase teve um pequeno um mini ataque cardíaco. Porém, sabia que não poderia evitar o garoto por tanto tempo, era uma cidade pequena, eles iriam se esbarrar uma outra. Então decidiu que a partir dali não evitaria null, quem sabe eles poderiam até ser amigos como antes, afinal de contas, faziam três longos anos.
Só que todos esses pensamentos foram pro espaço quando null viu null null rindo alto com nada mais nada menos que Lori Stevens enquanto ela tinha um braço ao redor dos ombros deles. A mesma Lori que se jogava pra cima de null quando ela e eleestavam juntos. O sangue de null ferveu ao ver a cena e já estava pronta pra ir lá acabar com a festa daquela desmiolada, porém se lembrou que não tinha mais esse direito, null não era mais seu. Esse pensamento fez com que um balde de água fria imaginário caísse sobre null.
- null...
- Eu não me importo. – null respondeu, pegando null pela mão e a levando até a cozinha. A primeira coisa que achou foi uma garrafa de tequila aberta, colocou uma dose e tomou de uma vez. Pegou um copo e começou a fazer um drink dos quais não tinha perdido o manha na hora de fazer.
- Pensei que você tivesse mudado.
- Não tanto assim, null. Tem coisas que mudaram pra caramba, mas nem tudo, tem coisa que mesmo que você tente não dá pra mudar.
- Tipo o fato que você ainda ama o null.
- É, tipo o fato que eu ainda amo o null e Lori está agarrada no pescoço dele. Nada mudou.
- Na verdade, você não tá se dando tanto crédito assim. A velha null teria ido lá e tirado Lori de cima do null.
- Teria, mas a velha null tinha alguma coisa com o null mesmo que ela ignorasse o fato de que todo mundo sabia que eles dois estavam juntos.
- Talvez você devesse ir lá e mostrar que a nova null também tem alguma coisa com null.
- Mas ela não tem.
- Porque ela não quer. – null se calou. Sabia exatamente o que tinha que fazer e não era muito, então ela tomou mais um gole de coragem e depois andou a passos largos até onde null, null, Lori e outros caras do time de futebol estavam. null foi o primeiro que a viu, olhando fixamente para a garota se afastando de Lori, Lori que percebeu o que null tinha feito, olhou para onde o garoto olhava. null viu o sorriso da mesma desaparecer enquanto null escondia o riso. Os outros caras do time, velhos amigos de null, quase esmagaram a garota em um abraço quando a viram.
- Não sabia que vocês tinham ficado tão péssimos depois que eu fui embora, deixaram Bishop esmagar vocês com vocês não fossem nada. – null brincou.
- Fazer o que se nossa musa inspiradora nos abandonou. – Gale disse, colocando a mão no coração.
- Olá Lori.
- Não sabia que você tinha voltado, null. – Lori falou sentindo o tom seco da outra – É bom tê-la de volta.
- Obrigada, Lori. É bom está de volta. – a cara que Lori fez foi impagável, null sabia que ela esperava que a garota desse uma resposta sarcástica, mas null tinha aprendido que matar os outros com gentileza era muito mais gratificante – Como estão as coisas em Bishop? Você ainda é a chefe das líderes de torcidas?
- Sim, eu sou. Estamos ótimo, graças a null liderando o nosso time.
- Aposto que sim. – null sorriu para Lori que olhava surpresa pra garota – null já era quando estava em Marble Hill imagina agora me Bishop com um dos melhores programas do estado. – null viu Lori se desconsertar em menos de um segundo fazendo com que a garota sorrisse.
- É sim. Erm... Eu vou atrás das minhas amigas, vejo vocês depois. – Lori desapareceu mais rápido que null esperava e a garota não pode conter o riso.
- Você é diabólica, null. – null falou, arrancando risada de todos – Eu nunca vi Lori correr tão rápido.
- Mas eu não fiz nada.
- Precisamente por isso. – null olhou para null que sorria para ela, por um momento null quis puxa-lo pra perto, mas três anos e muita merda a impediram.
- Então null, meu primo de Nova York disse que você também era a rainha do East High também. – null olhou para Gale, surpresa – Soube que seu pai flagrou você pulando do telhado pra piscina da sua casa.
- Pensei que você tinha mudado, null. – null falou fazendo com que a garota sorrisse.
- Eu mudei, mas tem certas coisas que não mudam mesmo que você tente. – null passou a mão pelo braço de null em um ato involuntário, coisa que pra ela era a mais normal do mundo. Então ela percebeu o que tinha feito e tirou a mão rapidamente, null, filho de um puto, estava com o sorriso no rosto junto com o resto dos caras do time de futebol – Eu só vim dizer oi mesmo, eu vou buscar mais bebida. Tchau.
null nem esperou que eles respondesse e logo desapareceu pela multidão, não conseguiu achar null em lugar nenhum então decidiu procurar um pouco de paz enquanto esperava a festa acabar pra poder procurar a amiga. null foi em direção ao andar de cima onde sabia que null tinha trancado todos os quartos, se tivesse sorte, ele ainda escondia as chaves dentro de um vaso ao lado do seu quarto. null riu quando viu que estava certa e achou a chave do quarto de null e outra com um chaveiro de coroa. Olhou para o final do corredor quando viu uma porta roxa com uma plaquinha com o nome "Sophie".
null abriu a porta do quarto de null e percebeu que várias coisas mudaram, como por exemplos os pôsteres de bandas tinham sido substituídos por fotos de Sophie. null podia jurar que se null fizesse mais um ato de extrema fofura, era iria agarra-lo sem nem ao menos pensar nas consequências. Deixou a chave em cima da mesa do computador e andou em direção ao telhado, não era o silêncio que ela procura, mas era alguma coisa. null mandou uma mensagem para null que disse que estava aos beijos com o irmão de null e não iria embora agora então null fez a única coisa que ela detestava fazer: esperar pela amiga enquanto ela se agarrava quando ela mesma queria está se agarrando, mas não podia.
- Eu não acredito que você invadiu meu quarto. – null virou pra trás, colocando a mão no coração.
- Porra, null! Você e esses seus pés de Cinderela, não dava pra pelo menos derrubar alguma coisa pra eu saber que você estava vindo?
- E perder a oportunidade de te assustar? Nunca! – ele se sentou ao seu lado – Por que você não está na festa?
- Precisava de um pouco de paz, lugares lotados não são meus favoritos nos dias de hoje.
- Por que não vai pra casa?
- null está se agarrando com o irmão do null, eu estou de carona com ela. – null apenas assentiu, olhando pra frente.
- Vejo que a Lori ainda não desistiu de você. – null jurou que não ia falar nada, mas o ciúmes falou mais alto e quando ela viu, as palavras já estava saindo.
- É, nós namoramos por um tempo. Não deu muito certo, ela queria o velho null e eu não podia ser mais ele, Sophie virou o centro do meu mundo depois que nasceu. – null olhou pra ela – null...
- null, está tudo bem, foram três anos e eu não esperava que você me esperasse. Você podia ficar com quem quisesse, não é como se eu tivesse feito o mesmo.
- Gale disse que você namorou um cara enquanto estava em Nova York. – null fez uma nota mental de matar Gale da próxima vez que o visse – Ele disse que foi sério.
- Pra ele sim, pra mim não. Nosso relacionamento demorou menos de um ano, ele não era o que eu queria. – ele não era você, null pensou.
- Eu entendo. – null respirou fundo e continuou: – Eu sei que as coisas não estão muito boas entre nós dois, mas eu tenho que te perguntar uma coisa.
- Vai em frente.
- Por que você foi embora?
- Minha mãe, ela estava doente. – null abaixou a cabeça – Meu pai me obrigou a morar com ela por uns bons seis meses, ela queria recuperar todo o tempo perdido. Claro que eu fiz um escândalo, há três anos eu era uma pirralha mimada e minha mãe não facilitou pra mim. No começo foi estranho, éramos duas desconhecidas, e a única coisa que a gente sabia fazer era brigar ou como ela gostava de dizer, me ensinar uma lição. Demorou um pouco, mas nós conseguimos nos acertar. Eu a perdoei por ter me deixado pra trás e ela me perdoou por ter se tornado uma garota fútil, eu aprendi com ela o tanto que ela apreendeu comigo. Nós temos mais coisas em comum que eu pensava, sabia?! Esse gênio forte que não consegue ouvir um não é dela, esse negócio de lutar pelo o que quer é dela também. Ela é uma mulher incrível, mais durona do que meu pai, minha carinha de cachorro sem dono não funcionou com ela. – null parou encostando a cabeça no ombro de null – Eu percebi que estava fazendo tudo errado, eu era mimada, sem coração, egoísta e que não sentia um pingo de empatia. Ela me ajudou a trabalhar tudo isso, não estou dizendo que virei a Madre Thereza, mas sou uma pessoa melhor.
- Engraçado como tem gente que entra na nossa vida pra mudar tudo de vez, né?! – null olhou para ele – Sophie fez isso comigo, posso dizer que sou uma pessoa melhor por causa dela.
- O que aconteceu com a mãe da Sophie? – null se virou pra ele. Era a pergunta que não queria calar, null estava planejando perguntar na hora certa, porém essa hora nunca chegava – Vocês estão juntos agora?
- Tiffany morreu no dia em que Sophie nasceu.
- Eu sinto muito, eu não sabia. Aí meu Deus, null, me desculpa.
- Não, tudo bem. – ele abaixou a cabeça e depois olhou para frente – A culpa foi minha, null.
- null...
- Tiffany disse que eu não deveria dirigir na chuva, mas eu não aguentava mais, eu simplesmente não aguenta mais.
- Não aguentava mais o que?
- Mentir pra você, null. Eu sei que há três anos você deve ter achado que foi fácil pra mim esconder de você que eu ia ser pai, mas pra falar a verdade foi uma das coisas mais difíceis de fazer. Todo dia eu acordava pensando em te contar, eu dormia criando cenários de como te contar, alguns você me batia, outros você me perdoava, mas nenhum deles se comparou quando eu soube que você tinha ido embora. Eu sempre tive muito medo de te perder, eu aceitei os seus termos sobre o nosso relacionamento porque eu sabia que você estava certa. Nós éramos um vulcão a ponto de erupção e quando a gente explodiu foi pedaço pra todo lado, até hoje deve ter pedaço da gente espalhado.
- Mas isso não é uma coisa ruim, null, coisas ruins acontecem pra coisas melhores vierem. Pra você foi a Sophie, pra mim a relação com a minha mãe.
- Eu sei null, mas e a gente, quando é que a gente vai poder aproveitar as coisas boas? – ele respirou fundo – Eu estava voltado da casa dos pais da Tiffany quando aconteceu, eles estavam aceitando aos poucos a ideia de que nós iríamos dar o melhor pra nossa filha mesmo não sendo um casal. Quando eu e Tiffany ficamos, ela estava tão chateada quanto eu, foi uma estupida noite onde duas pessoas com corações partidos decidiram beber demais e esquecer os seus respectivos amores nos braços de desconhecidos. Claro, bêbado sempre faz burrice e no mês seguinte ela me aparece dizendo que estava grávida, ela já disse que ia ficar com o bebê e eu não a forcei a tirá
- lo. O corpo dela, as regras delas, eu não tinha um dizer no que ela deveria fazer então eu disse que ia apoia
- lá em tudo que ela precisasse. Eu estava lá quando ela contou pros seus pais, ela estava quando eu contei pros meus. Nós viramos amigos nesse meio tempo, ela sempre me dizia que eu deveria contar pra você, mas eu sempre dizia que o que nós tínhamos não era nada sério. – null se virou pra null – Mas ela sabia, até eu sabia, que eu sempre te amei. Mesmo eu dizendo que não era nada sério, que não passava de uma coisa carnal, eu sabia que meu coração pular toda vez que eu te via não era só tesão. Por isso, eu sabia que no dia que eu te contasse a verdade seria o dia em que eu te perderia pra sempre. Então eu menti pra você, guardei tudo pra mim, fiz o máximo de memórias contigo pra poder guardar tudo quando você finalmente fosse embora. O que você fez, eventualmente.
- Mas quem você não pode me conquistar de volta?
- null...
- Eu sei que você consegue me conquistar de novo, se você quiser, é claro. – ela olhou pra ele – Lembra quando você sofreu o acidente e eu apareci no hospital? No dia que eu descobri sobre sua filha? – ele assentiu – Quando eu recebi aquele telefonema de null, dizendo que você sofreu um acidente de carro e ele não sabia qual era o seu estado, eu juro que nunca senti tanto medo na minha vida. Enquanto eu dirigia, eu percebi que eu estava a ponto de te perder e ainda não tinha tido que te amava e isso tudo por medo. Eu nunca tive os melhores exemplos quando se tratavam de amor, digo, meu avô trocou minha avó por uma modelo com a metade da idade dele, meus pais eram separados e mal se falavam e sem falar da minha mãe que falava comigo uma vez por mês numa conversa que demorava pelo menos uns 15 minutos. Só que eu sabia que eu não podia mais sentir medo, eu te amava e mesmo que você quebrasse meu coração e não dissesse de volta, eu ia te dizer dei qualquer maneira.
- Foi por isso que você foi embora?
- Quando eu descobri que você estava mentindo pra mim, parecia que tudo dentro de mim estava desmoronando, eu cheguei à conclusão que eu não era nada pra você e que você estava apaixonado por outra e ia ter um filho com ela. Então eu fui embora, sem nem ao menos olhar pra trás. Tudo parecia certo na época, sabe?! Minha mãe querendo que eu fosse morar com ela, você tendo um filho com outra, não tinha época melhor pra ir embora. – null ficou quieto por alguns minutos deixando null quase à beira da loucura. Sabia que era um movimento arriscado, mas não estava ligando, por null null, toda loucura era válida.
- Três encontros. – ele disse de repente fazendo null franzir o cenho.
- O que?
- Tudo que o que eu preciso são três encontros.
- Você não acha que é muito pouco?
- Não, três sempre foi nosso número da sorte, a não ser daquela vez que você recusou um ménage com aquela garota da faculdade. – null disse, se virando pra garota, que sorriu.
- Você continua um tarado. – null deu um tapa no ombro de null. Eles dois se olharam por um tempo, aproximando seus rostos.
- Não acho que deveríamos fazer isso ainda.
- Eu concordo. – null se levantou – É melhor eu ir embora, meu pai não gosta que eu fique fora de casa até tarde. Eu posso arrumar uma carona com alguém.
- Quem diria, que a bad girl favorita do Marble Hill estaria preocupada em chegar em casa no horário. Você realmente mudou, null.
- E você também, null null. – ela entrou em seu quarto sendo seguida por ele – Por mais que eu não goste de admitir. – ela estava a ponto de ir embora quando null segurou a mão de null.
- Eu sei que é muito cedo pra nós termos alguma coisa mais séria, mas eu ganho pelo menos um abraço? Pelos velhos tempos?
- Claro.
null a puxou pra perto e null se deixou derreter nos braços dele. Foi nesse momento que ela se lembrou de todos os momentos bons que teve com null, se lembrou do tão bem que null fazia pra ela mesmo quando não estavam falando nada. Só em está perto de null, já trazia a paz que null que sempre procurou, ele era seu porto seguro e nem três anos e muito merda iam mudar isso.
- Eu posso te levar pra casa de você quiser. – null sussurrou em seu ouvido.
- Eu adoraria. – null se separou dele, olhando-o nos olhos. null estava prestes a sair do quarto, quando null o segurou pelo braço – Será que eu posso ganhar outro abraço? – null assentiu antes de abraçar a garota outra vez – Pelos velhos tempos?
- Tudo por você, null.
III. Horrible Vérité
null estava tão nervosa que jurava que arrancaria a cabeça do dedo de tanto roer as unhas. Fazia algumas semanas que ela e null tinham conversado e nesse meio tempo, os dois tinha trocando mensagens constantemente e até alguns telefonemas aqui e acolá. null tinha finalmente conseguido a paz que procurava e tudo isso graças a null. Conversar com ele, às vezes, era a única que a deixava sã com tudo que acontecia na sua vida há três anos.
Foram várias as madrugadas conversando sobre os mais asssuntos diversos, desde os primeiros passos de Sophie, ao desastre que foi a festa que levou a null a voltar. Um dia, do nada, null trouxe o assunto dos três encontros e chamou null pra sair, a garota quase deu uma cambalhota de tão feliz, mas se conteve em dizer apenas um "sim". null já tinha tudo preparado, mas na tarde do seu encontro, null teve que cancelar tudo por conta que Sophie tinha ficado doente. E por isso null se encontrava na situação que estava agora: em frente à casa de null, com o coração na mão. Não exatamente um coração, mas um urso de pelúcia gigante.
Era o final da tarde e seu pai teve a brilhante ideia de dizer pra null que ela deveria visitar Sophie. Seu pai pegou um urso velho de null e disse pra ela levar e antes mesmo que null pudesse protestar estava dentro do carro, em direção à casa de null. null bateu na porta da casa de null, mas logo se arrependeu. Isso era uma ideia ridícula, null pensou pronta pra ir embora, porém, como a vida gostava de rir na cara dela a porta se abriu.
- null? – Mindy, a mãe de null perguntou quase engasgando na sua marguerita.
- Oi Mindy!
- Aí meu Deus, null! – Mindy puxou a garota pra um abraço tão apertado que null jurou que ia quebra-lá no meio – Você voltou, eu senti tanto sua falta. – ela seguro a garota pelos ombros – E olha o tanto que você cresceu, menina, você está linda.
- Você também, Mindy, conseguiu ficar mais linda do que antes.
- Não acredito que você acabou de voltar e já está dando em cima da minha mulher. – o pai de null, Chris, falou andando até elas, com os braços cruzados.
- Fazer o que se você se casou com uma mulher tão linda? – todos riram. null tinha um relacionamento bom com os pais de null, era claro e evidente que os dois apoiavam a relação deles do mesmo jeito que o pai de null apoiava. Entendiam que os filhos eram que tinham que resolver o que eram, mas isso não queria dizer que uma vez ou outra eles não deixavam escapar um seu namorado/sua namorada enquanto falando deles.
- Você acabou de voltar?
- Não, já tem alguns meses.
- Veio visitar o null?!
- É, nós íamos sair, mas Sophie estava doente então nós tivemos que cancelar.
- Se null tivesse dito, nós poderíamos ficar olhando Sophie por algumas horas.
- Ah querido até parece que não conhece o filho que tem, nem amarrado o null sai de perto da Sophie.
- Mãe? Pai? Quem está na porta? – null sabia que null era praticamente alérgico a camisas, mas não esperava vê-lo usando apenas uma calça de moletom que estava perigosamente baixa. null estava certa, null realmente tinha tanquinho debaixo da blusa e ela não esperava a hora de poder toca-lo – null?
- Oi null. – ela sorriu, vendo o garoto parar na sua frente – Meu pai me deu uma ideia de trazer um ursinho pra Sophie, ele disse que era o meu ursinho da sorte e eu sempre melhorava com ele ao meu lado, achei que Sophie poderia testar, que tal?
null olhou para a garota como se a visse pela primeira vez em anos. null sempre soube que null tinha um bom coração que não mostrava pra quase ninguém, inúmeras foram às vezes que ele pediu que ela mostrasse esse lado dela, porém null sempre se recusava porque achava que mostrar qualquer tipo de empatia era sinal de fraqueza. O garoto estava estonteado com tal ato vindo dela, null sempre pensou que null iria guarda algum tipo de rancor porque ele mentiu sobre Sophie e, de certa forma, foi por causa dela que os dois tinhas se separado. Talvez todas as expectativas que ele tinha sobre a velha null já não se aplicava com a nova null, parecia que a garota finalmente tinha se deixado mostrar o lado que fez com que ele se apaixonasse por ela.
- null, não vai convidar null pra entrar? – a mãe de null perguntou, fazendo-o acordar do transe.
- Ah, claro. Eu vou te mostrar onde fica o quarto da Sophie. – null pegou a garota pela mão e foi arrastando-a pela escada em direção ao corredor. Quando eles chegaram ao quarto de Sophie, null empurrou null pra dentro e depois de fechar a porta, abraçou a menina em um abraço quase que esmagador.
- Eu senti sua falta. – null sussurrou no ouvido dela.
- Percebe-se pelo abraço esmagador. – ela respondeu se afastando. Olhou para o lado vendo Sophie dormindo serena na sua cama – Eu também senti sua falta. Como ela está?
- Está melhor, o médico disse que é só uma gripe. Desculpa ter que cancelar nosso encontro.
- Não precisa se desculpar null, a sua filha sempre vai ser prioridade. – null andou até a cama de Sophie – Sabia que ela tem o seu sorriso? – null olhou pro garoto enquanto colocava o urso ao lado de Sophie. null se abaixou, acariciando o rosto da menina. – Quando eu a vi no campo com null toda sorridente eu percebi que eu conhecia aquele sorriso. Foi aí que eu percebi que era o mesmo sorriso que você me dava toda vez que a gente se encontrava, eu costumava dizer que aquele sorriso era só meu. – null viu Sophie se remexendo na cama e percebeu que a conversa dos dois estava atrapalhando o sonho da pequena – Acho melhor nós saímos daqui, se não nós vamos acorda-lá e ela precisa descansar. – null pegou null pela mão e saiu do quarto. Por algum motivo null tinha entrado em modo mudo e isso incomodava null, odiava ter que falar sozinha.
- null, fala alguma coisa! Você sabe que eu detesto quando você fica calado. – Clase apenas sorriu de lado fazendo com que a garota desse um soco em seu braço.
- Você sabe que eu sou um cara mais de fazer do que falar.
- Fazer o que, null?! Larga de ser... – null não pode terminar a frase porque logo sentiu as mãos de null em seu rosto e logo em seguida os lábios deles nos seus. null pode jurar que tinha uma escola de samba em seu coração porque com certeza não era normal um coração bater tão rápido. Ou talvez fosse perfeitamente normal, principalmente quando se tratava de null null, a eterna franqueza de null.
O beijo demorou por alguns minutos e só acabou porque os dois precisavam de ar. null tinha acabado de lembrar o porquê de não ter nenhum relacionamento bem sucedido nesses três anos, os garotos da cidades não chegavam nem aos pés de null null, ninguém a beijava do jeito que ele beijava, ninguém fazia null se sentir do jeito que ele a fazia.
null abraçou null pela cintura enquanto o garoto deu um beijo no topo de sua cabeça antes de abraçá-la pelos ombros e enterrar o rosto em seu pescoço.
- Fica comigo essa noite? – null sussurrou em seu ouvido fazendo com que a menina olhasse pra ele.
- E os nosso três encontros?
- Eles ainda vão acontecer, mas fica comigo essa noite? – ele olhou para ele – Eu juro que não vou tentar nenhuma gracinha, eu só... – null respirou fundo.
- Você só o que?
- Eu só sinto sua falta pra caralho. Quando você estava longe, tudo bem, mas agora que eu sei que você está aqui, a minha vontade é de passar o tempo todo com você pra matar a saudade desses três anos agonizantes.
- Você sabe que a gente ainda tem que resolver muita coisa, não sabe?
- Claro que sei e não estou pedindo pra gente esquecer. – null colocou as mãos em seu rosto – O que eu quero é que a gente resolva tudo enquanto ficamos juntos.
- O que você diz sobre comida chinesa e um filme? – null perguntou vendo null sorrir.
- Perfeito. – null deu um beijo no queixo do menino e começou a andar pelo corredor.
- Vai adiantando a comida enquanto eu procuro uma roupa sua pra eu vestir.
- Continua folgada hein null.
- Algumas coisas não mudam, null null.
null podia até sentir até seu coração mais leve depois de segurar null a noite inteira em seus braços enquanto eles faziam uma maratona de Star Wars. O garoto sempre se sentiu extremamente feliz depois que Sophie nasceu, mas ele sempre soube que algo faltava e agora com null em seus braços finalmente sentia que tudo estava no seu devido lugar. Sabia que os dois tinham muito o que resolver, não dava pra resolver todos os maus entendidos, brigas e confusões que os dois passados em uma noite, mas ele acreditava que juntos eles poderiam resolver qualquer desavenças do passado, já tinham ficado muito tempo separados. Em algum momento null teve certeza que esses três anos que passaram separados foram necessários para os dois, já não eram as mesmas pessoas de antes e por isso o garoto estava agradecido.
Quando null conheceu null sabia que a garota era complicada, sabia que não poderia ser mais do que amigos, porém quando se tratava de null, todos os planos que o garoto tinha iam para o espaço. Meses depois de conhecer a garota mais a fundo ele se viu apaixonado por ela, era algo que null não esperava que acontecesse, mas não teve dúvida alguma quando teve a certeza. Sabia que ambos ainda não estavam prontos para ter um relacionamento sério então aceitou a proposta de null quando ela ofereceu um relacionamento casual, sem nenhum compromisso. Entretanto, null nunca foi muito bom em seguir regras e se viu querendo muito mais do que uma relação casual com null, e aos poucos ele foi deixando de lado seus velhos hábitos de ficar com garotas aleatórias em festas dedicando seu tempo inteiramente a ela esperando um dia que ela percebesse o mesmo que ele percebeu. null queria que null soubesse que eles foram feitos um para o outro, porém parecia que a garota não enxergava as coisas do mesmo jeito que ele e quando rumores de que ela tinha ficado com outro garoto em uma festa que null não pode compareceu se espalharam pelo colégio, ele percebeu que era uma luta perdida e desistiu antes mesmo de lutar.
- No que você está pensando? – null perguntou, acariciando o cabelo de null. Os dois estavam deitados na cama de null depois que null ligou para o seu pai para dizer dormiria não dormiria em casa.
- Sobre quanto sofrimento nós poderíamos ter evitado se tivéssemos sido sinceros um com o outro.
- Já ouviu dizer que a dor existi pra ser sentida? Se o ser humano não soubesse o que é o sofrimento nunca apreciaria a felicidade do mesmo jeito.
- Talvez você esteja certa. – null beijou o topo de sua cabeça.
- Você quer dizer: você está sempre certa, null.
- Espertinha. – null sorriu, abraçando-se mais null.
- Meu pai pediu pra eu te perguntar uma coisa. – null disse depois de um tempo em silêncio – Onde você estava em 23 de agosto de 2014? – null respirou fundo e disse:
- Na porta da sua casa vendo você beijar outro cara. – null se sentou na cama, olhando para null surpresa.
- O que?
- Era seu aniversário e eu já não aguentava de tantas saudades suas. Eu deixei meus pais cuidando de Sophie e peguei o primeiro avião para te ver, seu pai sabia de tudo e ficou mais feliz de saber que eu finalmente tinha deixado minha covardia de lado e estava indo atrás de você, porém o que nenhum de nós esperava era que você estivesse namorando. – null se sentou também – Seu pai me escondeu na cozinha enquanto você contava pra ele que tinha conhecido esse cara incrível e estava namorando com ele, quando você subiu pro seu quarto seu pai ainda me encorajou a esperasse até o dia seguinte, porém algo na sua voz me disse que eu já não tinha chance então eu fui embora.
- O buquê de flores, foi você! – null disse um pouco mais alto do que ela desejava – Eu não sabia de que tipo elas eram até que meu pai disse que era da espécie miosótis ou como é habitualmente chamada não-me-esqueças. – null e null falaram a última parte juntos – Oh, null. – null tocou o rosto de null fazendo o mesmo olhar pra ela.
- Eu percebi que eu ainda precisava comer muito arroz e feijão pra ser o homem certo pra você.
- O que está valendo muito a pena porque, vamos combinar, você está ainda mais gostoso do que antes, algo que eu pensei que nunca poderia acontecer. Essa barba por fazer fez seu sorriso de lado ficar ainda mais irresistível. – null apenas riu – O que eu quero dizer null é que você não se dá credito o suficiente, você é um cara incrível, todo mundo pode ver isso só pelo jeito que você trata Sophie. Você criou aquela menina sozinho, não que você não tenha tido ajuda dos seus pais e dos avós maternos dela, mas mesmo assim, a garota tem todos os seus trejeitos até mandona que nem você ela é. – null jogou a cabeça pra trás rindo – Como você mesmo disse, tem gente que vem pra mudar o nosso mundo e mesmo que você admita que Sophie mudou seu mundo acho que você ainda não vê o tamanho da proporção dessa mudança. Eu juro, null, quando eu te vi na minha festa de boas-vindas eu percebi que algo tinha mudado. É como você mesmo disse, tudo mudou.
- Você também mudou, null.
- Porém não quer dizer que eu ainda não tenha alguns fantasmas. – null engoliu o seco. Não era exatamente o cenário que esperava contar toda verdade para null, mas agora era melhor do que nunca, não sabia quando juntaria toda essa coragem outra vez. – null, tem algo que eu preciso te contar. – null viu que null esperava que ela falasse e quando a menina abriu a boca pra falar, a porta do quarto de null se abriu.
- Papai? – null pulou para o outro lado da cama encarando Sophie na porta do quarto de null agarrada ao urso que ela deixado ao lado da sua cama. Sophie coçava os olhos e quando ela viu null abriu o maior sorriso.
-null! – a garotinha correu para o lado da cama onde null estava e esticou os braços para que a mesma a pegasse. Quando null a pegou nos braços para colocá-la na cama, Sophie a abraçou pelo pescoço – Papai porque não disse que ela vinha? – null percebeu a voz rouca da menina enquanto a colocava na cama. Sophie se levantou e andou até o pai, se jogando no colo dele.
- null veio fazer uma surpresa pra você e ainda trouxe esse urso que você está segurando.
- Ele já tem nome? – Sophie perguntou e null apenas balançou a cabeça dizendo que não – Eu posso chama-lo de Steve?
- Claro que pode, o urso é seu agora. Ele era meu urso da sorte. – Sophie riu, se abraçando mais ao urso.
- Obrigada, null. Ele vai ser o meu urso favorito a partir de agora.
- E aquela coleção de ursos que eu comprei pra você? Não conta?
- Mas esse é um urso da sorte, pai. – Sophie disse com uma cara séria – Você vai dormir aqui? – Sophie se virou para null que ficou sem saber o que dizer – Eu posso dormir com vocês? Por favor?
- Claro. – Sophie deitou no meio dos dois enquanto ambos deitavam um de cada lado da cama. null viu Sophie chegar um pouco mais perto de null fazendo com que o mesmo sorrisse. Quando Sophie perguntou sobre a foto de null escondida em um dos livros de contos de fadas de Sophie há alguns meses atrás, null ficou sem saber o que fazer até que Sophie perguntou se null era uma princesa e null usou toda a sua imaginação pra transformar a sua história complicada e quase trágica com null em um conto de fadas do qual Sophie tinha se convencido que era seu favorito a partir daquele momento. Antes de dormir Sophie disse que gostaria de conhecer essa princesa e null apenas respondeu que um dia ela iria. Naquele momento, olhando para as duas garotas mais importantes da sua vida, percebeu que finalmente tinha tudo que sempre sonhou. Ou melhor dizendo, quase tudo.
As semanas passaram e aos poucos null e null foram construindo o seu relacionamento, null tentou ao máximo levar as coisas mais devagar o possível, porem toda vez que ia pra casa de null e Sophie a pedia pra ficar e dormir com ela, a mesma se via numa posição na qual não podia recusar. Sophie, como o pai, sabia usar aqueles olhinhos de cachorro sem dono muito bem e null caia como um patinho. Não sabia por que, mas tinha se apegado a Sophie em pouco tempo que elas se conheciam, null chegou a pensar que a filha de null chegaria a odiá-la, mas esse definitivamente não era o caso, Shopie a adorava tanto quando null a adorava.
E por isso que ela se encontrava em uma sexta à noite, usando um vestido velho de sua mãe, no banco de passageiro de null indo para o recital de balé da Sophie. null teve que ir mais cedo porque Sophie tinha que chegar antes e como null era padrinho de Sophie, null achou melhor ir com ele.
- Você está nervosa. – null não perguntou, apenas afirmou fazendo com que null olhasse para ele.
- Está muito na cara?
- null, você está usando um vestido! Você odeia vestidos.
- A situação pede, não é como se eu fosse pra uma festa, é um recital. Uma coisa mais formal.
- Tudo bem, se você diz. – null cerrou os olhos e deu um soco no braço de null – Agora eu vou ficar pensando que escolher um vestido foi uma péssima escolha.
- Não sei pra que o alvoroço, não é como se Sophie não gostasse de você. Eu juro, você a conhece a menos tempo que eu e ela já gosta mais de você do que de mim.
- Vamos parar com o drama, drama queen, não é pra tanto.
- Você tinha que ver a decepção nos olhos delas quando eu fui à casa de null hoje à tarde e ela viu que era eu em vez de você. Ela perguntou que horas você vinha e fico chateada porque você não apareceu.
- Eu tinha um projeto de Literatura Clássica, fazia dias que eu deixava de lado pra passar mais tempo com null e Sophie. Chega uma hora que você não pode mais ignorar.
- Você é muito boa em ignorar certos assuntos.
- De novo isso, null?! É o que? A quarta vez só essa semana que você fica jogando indireta.
- É porque eu acho que você deveria contar a verdade pra null.
- Eu vou contar, mas não agora.
- null, ele merece saber, especialmente agora.
- Por que agora? – null ficou calado e focou seu olhar na estrada – Por que agora?
- Eu só acho que ele merece saber, ok?! Ele merece saber o que aconteceu, só assim vocês dois podem ser felizes de verdade.
- Nós estamos felizes agora.
- Não null, a verdade sempre alcança e ela vem quando você menos espera, você deveria saber disso melhor do que ninguém porque foi um mentira que separou vocês dois há três anos. – null parou o carro no estacionamento e null abaixou a cabeça – Eu só acho que ele deveria saber, sabe?! Eu não estou te pressionando ou nada, mas eu só não quero que vocês voltem à estaca zero outra vez. Vocês são meus melhores amigos e vê-los infelizes é a última coisa que eu quero.
- Eu vou contar, null, eu só preciso de tempo. Não é tão fácil assim contar um dos seus segredos mais tenebrosos pra alguém, principalmente quando esse é alguém é null. Por Deus null, as vezes eu acho que meu coração vai explodir por tanto amor que eu sinto por aquele garoto.
- E eu não duvido, você não sabe o quanto eu torci pra vocês dois deixarem de frescura e ficarem logo juntos. Eu vi o estado que o null ficou depois que você ficou embora e eu só posso imaginar o estado que você ficou. – null pegou a mão de null – Se você precisar de ajuda, você sabe que eu vou sempre estar aqui, não sabe?!
- Obrigada, nullzinho. – null olhou pra null que fez uma careta.
- Eu te odeio.
- Bem que você gostaria que fosse verdade. – os dois saíram do carro e andaram em direção ao teatro do colégio de Sophie. O sorriso de null desapareceu que ela entrou no teatro e a primeira coisa que viu com Lori Stevens passando a mão pelo braço de null, null podia jurar que essa garota aparecia apenas pra tirar a pouca paciência que ela tinha em relação a ela.
null olhou pro lado vendo null e null se aproximar, foi impossível conter o sorriso e quando menos esperou, null já estava pegando null pela cintura, a rodopiando no ar enquanto a beijava.
- Pensei que vocês não conseguiriam chegar a tempo. – null disse colocando-a no chão, passando o braço pela cintura de null em seguida.
- A culpa foi minha, eu quase não termino meu trabalho. – null respondeu vendo Lori se aproximar – Olá, Lori.
- Olá, null. – Lori olhou diretamente para a mão de null e ela viu a expressão da mesma mudar.
- Não sabia que você vinha.
- É, minha prima vai se apresentar também. Eu vou sentar com minha família, vejo vocês depois. – Lori sorriu antes de desaparecer pela multidão.
- Acho que a Lori tem mais medo dessa null mansa do que da velha null barraqueira.
- Quem você está chamando de barraqueira, nullzinho?!
- Vamos sentar logo e para de falar meu nome no diminutivo. – null passou na frente, indo em direção aonde os pais de null estavam sentados.
- Esse vestido é pra mim? – null sussurrou no ouvido de null enquanto ambos sentavam.
- Claro, e se você quiser, - null sussurrou de volta vendo o sorriso de null aumentar – eu ficarei mais do que feliz em te emprestar depois. A cor com certeza vai realçar seus olhos. – null jogou a cabeça pra trás rindo recebendo olhares reprovadores de alguns pais. Nada pôde ele responder já que as luzes começaram a ser apagadas indicando o início da apresentação. A turma de Sophie foi uma das primeiras e mesmo não sendo mãe da pequena, null se sentiu extremamente orgulhosa quando viu Sophie dançando no palco cheia de atitude. Se Tifanny estivesse viva, com certeza morreria de orgulho da filha.
As apresentações não foram longas, eram poucas as turmas, quando tudo terminou os pais podiam se dirigir ao backstage pra buscar suas filhas e filhos. null pegou null pela mão, a levando em direção ao backstage do qual Sophie estava junto com suas colegas, quando elas os viu não conteve o sorriso e correu em direção aos dois, abraçando null primeiro. A mesma se abaixou pra pegar Sophie nos braços e enche-la de beijos.
- Você estava linda, Sophie. A melhor dançarina de todas. – Sophie apenas sorriu em resposta – O que você acha, null, ela não foi a melhor dançarina de todas?
- Sim, sim, a melhor. – null disse, sorrindo – O que vocês acham da gente sair pra tomar um milk shake e comer um hambúrguer comemorar? – Sophie soltou um “uhul” fazendo com que null sorrisse. null estava prestes a falar outra vez quando uma senhora o interrompeu.
- null, meu querido! – a senhora abraçou null, olhando para null por cima do ombro dele – Vejo que trouxe companhia hoje.
- É, essa é a minha namorada, null. – Demorou um pouco para null se recuperar da declaração de null, mas quando o fez, se apresentou para a senhora.
- Muito prazer em conhece-la, eu sou Chloe, a professora de balé da Sophie.
- O prazer é meu, Sophie arrasou no recital.
- É, Sophie é uma garotinha cheia de atitude. – ela sorriu – Se vocês me dão licença, eu preciso ir. Até segunda, Sophie.
- Tchau, professora. – a mulher acenou antes de desaparecer na multidão – Vamos, papai, eu tô com fome.
- Claro, vamos sim. – null pegou null pela mão e os três saíram em direção a saída.
Os pais de null decidiram ir no carro de null enquanto null e Sophie foram com null, no caminho as duas foram cantando uma música da qual null podia ver nos olhos do null que o estava torturando, tornando tudo ainda mais prazeroso para null. O pai de null ligou no meio do caminho e null fez questão de chama-lo para se juntar a eles.
Quando todos chegaram ao restaurante, o pai de null já estava sentando à mesa os esperando, null pode ver a surpresa em seus olhos logo que null entrou no recinto com Sophie que ria alto nos seus braços. null tinha contado ao pai o que tinha acontecido nas últimas semanas, mas nada mais do que a ver com os próprios olhos pra tornar tudo mais real.
- Sophie, esse daqui é o meu pai, Alex, pai essa é a Sophie, filha do null.
- É um prazer finalmente conhece-la, null fala muito de você.
- Fala? – Sophie perguntou sorrindo.
- Claro que fala. Ela disse que você ficou com o urso da sorte dela, não é verdade?! Espero que você esteja cuidando bem dele.
- Estou sim, eu durmo todo dia com ele.
- Que bom então.
O jantar tinha sido um sucesso, entre os pais e null e o pai de null, ambos tinham decidido contar as histórias mais embaraçosas que tinham acontecidos nesses três anos que eles ficaram separados tais como null pulando do telhado em direção a piscina de sua casa ou quando null foi a farmácia no meio da noite só de samba-canção comprar o leite para Sophie. null e null não sabia qual história era pior do que a outra e a cada uma ambos se afundavam mais ainda em suas cadeiras. Porém, null sentia que pela primeira vez, estava finalmente completa, não que o tempo com sua mãe não tivesse sido incrível, mas, ao lado de null e Sophie tudo parecia que estava em seu devido lugar.
Como já estava ficando tarde e Sophie já dormia serena nos braços de null, todos decidiriam ir embora, porém quando estavam indo em direção ao carro, o pai de null fez questão de levar os pais de null e Sophie pra casa para que os dois tivessem um tempo sozinhos. Antes mesmo que algum dos dois pudessem protestar, Mindy já estava pegando Sophie nos braços e a levando para o carro ao lado do Chad e Alex.
null sugeriu que os dois fossem se sentar em algum banco do parque que ali tinha perto. Mesmo estando tarde, os dois viram que ainda tinham algumas crianças brincando fazendo com que null pensasse nas indiretas de null.
- Sua mãe teve algum filho? – null perguntou do nada, fazendo com que null se assustasse um pouco.
- Não. Ela disse que já fez um péssimo trabalho sendo minha mãe, ela não faria outra criança passar pelo o que eu passei.
- E seu pai? Não pensa em ter outros filhos?
- Eu não faço a menor ideia, o que eu sei é que ele tem uma namorada que ainda não me disse quem é. Ela é de Nova York, isso eu sei, eles dois vivem trocando cartas.
- Cartas?
- É, aparentemente meu pai é um romântico nato que não acredita em e-mails. Ele acha que eu não sei e eu procuro não pressiona-lo pra me contar nada, tudo tem seu tempo. – null olhou para null – E você, quer ter outros filhos, null?
- Sophie vive me perguntando quando ela vai poder ter um irmãzinho.
- Então você quer?
- Claro. – ele se virou pra ela, sorrindo – Já imaginou, vários nulls e nulls pela casa. Sophie vai adorar ser irmã mais velha. – o sorriso de null desapareceu. Sabia o que tinha que fazer, a conversa com null há umas semanas atrás tinha ficado gravada na sua cabeça.
- null, eu tenho uma coisa pra te contar. – null respirou fundo – Por favor, não me odeie.
- null, o que foi? – ele se ajeitou no banco – Você está pálida!
- Você lembra há uns anos quando nós fomos pra uma festa na casa de praia do Gregory, e a gente se deixou levar e esqueceu de usar proteção?
- Claro que lembro, foi a primeira vez que a gente agiu como um casal em público.
- E eu te disse que ali era apenas o começo. – ela sorriu por um breve momento antes de abaixar a cabeça – null, é que...
- null não me diga...
- Eu engravidei. Descobri quase um mês depois da festa. Eu desmaiei no meio da aula de educação física, null me levou pra enfermaria e ela me aconselhou a ir ao médico, você não estava na cidade, tinha viajado pra visitar seus avós. null me tirou da cama no dia seguinte e me levou pro consultório da mãe dele. – null olhou pra null que estava com os olhos arregalados – Quando eu descobri, fiquei desesperada, aqui estava eu, nos meus 15 anos esperando um filho de um cara que eu não tinha nem ao menos coragem de dizer amava por medo. null disse que iria me ajudar a te contar e em qualquer coisa que fosse preciso, foi a primeira vez que ele disse que você me amava mesmo eu achando que não. Eu pensei que você ia voltar mais cedo, mas você disse que precisava ficar mais e contar uma notícia dessas por telefone não era uma opção então eu decidi esperar. Uns dias antes de você voltar, eu comecei a sentir fortes dores na barriga, null me levou pro hospital, mas... – null já estava chorando a esse ponto. Tinha guardado esse segredo por todos esses anos, null fez null prometer nunca contar isso pra ninguém.
- Você teve um aborto espontâneo.
- Sim, o que foi extremamente irônico porque eu já estava me acostumando com a ideia de ter um pequeno null ou null dentro de mim. – null limpou seu rosto – Depois disso, eu fiz null prometer nunca tocar nesse assunto e nunca comentar com você. Eu disse que ia contar, mas eu não conseguia, toda vez que eu te via, eu lembrava e me matava por dentro.
- Por isso você me ignorou quando eu voltei.
- E meses depois eu descubro que você engravidou outra garota.
- Por que você não me contou, null?
- Porque eu tive medo de te perder.
- E você acha que eu não tive medo quando não te contei sobre a Sophie? Um filho, null, você escondeu um filho nosso.
- null, o que você queria que eu fizesse? "Oi null, eu sei que nosso relacionamento é sem compromisso, mas agora eu estou esperando um filho seu e quero alguma coisa mais séria ", você sabe que eu não faria isso, eu não te forçaria a ter um relacionamento sério se isso não era o que você queria.
- Mas eu queria! – null gritou – Eu sempre quis, mas foi você que decidiu que o que a gente tinha não precisava ser nada sério.
- Então por que você não falou nada? Por que você não disse que queria algo mais?
- Porque eu sempre tive medo de te perder então eu aceitei os seus termos porque ter alguma coisa contigo era melhor do que nada.
- Eu só criei esses termos porque eu achava o que você queria. – null respirou fundo – Já percebeu que a gente poderia ter evitado tudo isso com uma conversa? Comunicação é bem underrated.
- Isso não justificava, null, você deveria ter me contado.
- null...
- Você sempre faz isso, tira conclusões precipitadas, me julga e depois me ignora quando eu tento conversar. Você escuta o diabo, mas não me escuta. – null tentou tocar o rosto de null, mas ele se levantou – Eu preciso de um tempo pra pensar.
- null, por favor.
- Eu vou andando, você pode levar meu carro.
E null, pela primeira vez em todos esses anos que conhecia null e todas as brigas e desentendimentos, sentiu que o tinha perdido de vez.
IV. Dernière Commande
null fez um trabalho maravilhoso em ignorar null. Toda as suas ligações iam direto pra caixa postal, todas as suas visitas em vão porque por alguma razão ele tinha decido levar Sophie pra passar um tempo com seus avós maternos que tinha se mudado para a costa leste depois da morte da filha. Mindy sabia que algo tinha acontecido, mas não teve coragem de perguntar a null. O pai de null notou que a garota não estava dormindo direito e chorava pelos cantos da casa, tentou tirar alguma coisa dela, mas null não cooperava, respondia tudo monosilibicamente. Quando finalmente criou coragem pra perguntar o que estava acontecendo, null tinha deixado um bilhete em cima da bancada da cozinha avisando que ia dormir na casa da null.
Entretando o que null não esperava era que quando chegasse na casa de null, a mesma estivesse se arrumando pra festa de aniversário do irmão de null, null tinha falado alguma coisa sobre a festa, mas a cabeça de null estava em outro lugar. Como não tinha criado coragem pra contartudo para null, null se deixou arrastar pela mesma para casa de null. Chegando ela poderia se esconder no quarto dele até que null decidisse ir embora.
Porém quando chegou na festa null quase caiu no chão, porque na cozinha, como um copo na mão e rindo alto com o irmão de null estava null, o mesmo null que a ignorou fenomenalmente durante dias. null quis ir até lá gritar com ele e, talvez até beija-lo até que matasse toda a saudade que sentiu dele, porém bastou um olhar frio de null em sua direção pra que null abandonasse todos os seus planos.
- Não vai falar com null? – null perguntou, olhando pra amiga, enquanto a puxava em direção aos garotos.
- Eu vou no banheiro primeiro, eu te encontro depois.
- Eu provavelmente estarei agarrada no pescoço do irmão de null.
- Como se eu já não soubesse disso. – null subiu as escadas na esperança de se trancar no quarto de null até a festa acabar. Porém quando estava na metade do corredor viu null saindo do seu quarto, null entrou em estado de pânico e se virou rapidamente pra fugir, porém, como a vida gostava de rir da cara dela, null consegui vê-la.
- Ei, null! – null xingou baixinho e se virou para null sorrindo.
- Oi, null. - a garota falou um pouco alto fazendo com que null a olhasse desconfiado. De repente, como se uma luz tivesse acendido em cima da cabeça de null, ele disse: - Você contou pra ele, não foi?! É por isso que ele está se comportando como um idiota comigo, me ignorando a torto e a direita. Até me chamou pelo sobrenome, coisa que ele só faz quando está com muita raiva.
- Eu não tive como não contar, null. Eu penso nisso todos os dias desde aconteceu, não tenha um dia que eu não pense no que poderia ter sido se eu não tivesse perdido nosso filho.
- Eu sempre pensei que você não quisesse aquele filho.
- Eu não queria, mas dá pra não imaginar quão pai maravilhoso o null seria quando ele segurava qualquer bebê no braço? Pior ainda, agora que eu sei que pai incrível ele seria pelo jeito que ele é com Sophie? Eu posso ser a pessoa mais problemática que existe, mas não quer dizer que eu não tenha sonhos, tais quais ter vários nulls e nulls correndo pela casa.
- Você já disse isso pra ele?
- Mas é claro que não, quando eu contei o que aconteceu, ele...
- Ele o que null?
- Ele me olhou como se não tivesse volta e pela primeira vez em anos eu senti que eu o perdi de verdade.
- Talvez você só deva fazê-lo escutar.
- E como eu vou fazer isso? Ele nem olha pra minha cara direito.
- Me espera lá no meu quarto.
- null...
- Vai null, eu vou conseguir que null fale com você. – null apenas fez o que null disse e foi em direção ao seu quarto. Sentou na cama enquanto esperar que null voltasse. Um tempo depois, a porta do quarto de null abre de uma vez e um null apreensivo entrar no mesmo.
- null, meu amor, você está bem? Você quer que eu chame um médico? – null falou segurando as mãos de null. null vendo que null estava o olhando confusa, viu que era apenas uma armação de null – Você é um idiota, null! Você não deveria brincar com esse tipo de coisa, eu pensei que null realmente estava passando mal. – null se levantou virando para o seu melhor amigo.
- Você não me deu nenhuma opção, não foi null?! Se comportando como um tremendo babaca.
- null, sai da minha frente.
- Você sabe que está sendo um estupido, não sabe, null?! Porque se não sabe eu faço questão de te dizer: você está se comportando como um completo imbecil.
- Estupido? Imbecil? Você mentiu pra mim, null! – null falou um pouco mais alto – Todos esses anos você guardou esse segredo de mim.
- Porque não era o meu segredo pra contar.
- Mas você poderia ter me avisado.
- E você ia fazer o que? Dar uma de Jesus e sair ressuscitando os outros? Você está sendo estupido sim null, você acha que foi fácil esconder esse segredo de você?
- Bem, não pareceu muito difícil enquanto eu falava que queria montar uma família com null pra você. Você sabia muito bem, você sabia melhor do que ninguém que null sempre foi o amor da minha vida.
- Bem, não está parecendo. – null apontou para null que não sabia como reagir – Olha o que você está fazendo com ela, sendo um filho de um puto de um escroto com ela sem nem ao menos pensar no quão difícil tudo isso foi pra ela. – null gritou de volta – null perdeu um filho seu, null, e meses depois você aparece com uma filha, como você acha que isso fez com que ela se sentisse? Porra, ela se sentiu pior do que você pode imaginar porque alguém estava dando pra você o filho que ela tinha perdido, pra null foi um sinal de que vocês não pertenciam um ao outro e foi por isso que ela foi embora, mas você não sabe disso porque você prefere ser um idiota a conversar com ela porque afinal de contas vocês dois não são tão diferentes assim. Não adianta falar que null não conversar com você, quando você faz o mesmo, mas não é como se eu já não soubesse, hipocrisia sempre foi seu forte, null.
E foi aí que null perdeu toda compostura que tinha e deu um soco em seu melhor amigo, null soltou um grito fazendo com que null olhasse pra ela. null não revidou, sabia que brigar com null não adiantaria de nada. null olhou para null e depois para null antes de sair correndo. null andou em direção ao seu melhor amigo, se abaixando pra ver o tamanho do estrago.
- Aí meu Deus, null! Você está sangrando.
- Já era de se esperar. – ele respondeu, se sentando no chão.
- O que a gente faz agora, null?!
- Espero que meu pequeno discurso tenha colocado uma semente na mente de null pra ver se ele pensa sobre isso. Ele só precisava de um empurrão.
- Não poderia ser um empurrão sem pancadaria?!
- null está com a cabeça mil, null, eu entendo, mas não quer dizer que eu não vá dar um soco nas bolas deles quando tudo isso passar. – null sorriu – Vamos, eu vou te levar pra casa.
- Mas eu acabei de chegar.
- Essa festa já estava bosta antes, agora então, deve tá pior ainda.
Eram sete da manhã quando o celular de null tocou, ela pensou que fosse o alarme que ela tinha deixado ligado, mas quando olhou pro visor viu o nome de Mindy. null não entendeu muito bem o que ela estava falando, mas ela conseguiu entender as palavras “null” e “desaparecido” antes de pular da cama e pegar a primeira roupa que viu. A garota foi o caminho inteiro se culpando, se algo de ruim tinha acontecido com null era sua culpa com toda certeza, porcaria de vida que tinha o pior timing que null já viu. Ela até cogitou a ideia de ter voltado para vida de null e bagunçar tudo uma das piores coisas que ela fez, tinha aprendido tanto sobre não ser egoísta, por que diabos tinha feito isso? Ai null lembrou o quanto ama null, o quanto ele a ama também e mesmo com todas as coisas ruins que eles tinham passado, eles mereciam uma segunda chance. null percebeu que não estava sendo egoísta coisa nenhuma, estava apenas amando e amando pra caralho. Três anos sem null somando aos anos que ela suprimiu todo o amor que sentia por ele, e agora ela o tinha de volta e tinha a certeza que ele a amava, ela foi com sede ao pote. Nunca foi egoísmo, ela só não sabia o que fazer com tanto amor. Porém de uma coisa ela tinha certeza de uma coisa, ela iria passar o resto da sua vida tentando demostrar esse amor das mais diversas maneiras possíveis para ele.
null parou na frente da casa de null e pode ver alguns caras do time dele, junto com null e o pai de null. null foi o primeiro que a viu, abraçando-a forte quando ela os alcançou.
- Alguma notícia?
- O celular dele está fora de área. – Chad respondeu, olhando pra null – Eu pensei que ele estava com você, porém, eu lembrei que você disse que null não dormiria na sua casa por conta de Sophie. Ele andou muito triste nesses últimos dias, e pelo roxo na cara de null, a briga foi feia.
- A culpa é minha. – null balançou a cabeça – Vocês já procuraram em todos os lugares que ele frequenta?
- Nós fomos em todos os lugares que nós vamos juntos e checamos na casa de todos do time. – um dos brutamontes de Bishop falou – Nada dele.
- E você null?
- Eu procurei por todos os lugares, nós te ligamos na esperança de você saber onde ele está.
- Eu não falo com ele desde a festa. – null respirou fundo e viu Mindy se juntar ao grupo.
- Sophie acordou e perguntou por null, eu disse que ele estava com você null. – ela cruzou os braços – Alguma notícia dele? – todos balançaram a cabeça negativamente – Quando eu colocar as mãos naquele garoto, eu vou dar umas palmadas nele como nunca antes, não importa que ele seja pai. Onde já se viu desaparecer desse jeito, e não pense que eu não sei que esse roxo no seu rosto foi ele, null. Eu vi a mão dele quando ele chegou em casa.
- Ele veio pra casa?
- Veio. Murmurou um monte de coisa incoerente que eu não prestei atenção direito, alguma coisa com família e praia. – null respirou fundo chamando a atenção de todos. Ela sabia onde ele estava.
- Eu sei onde ele está.
- Então vamos buscar ele. – os brutamontes estavam prestes a ir aos seus carros quando Mindy levantou o braço os impedindo.
- null, traga-o de volta pra casa.
null não teve que enfrentar nenhum transito enquanto dirigia em direção ao litoral, não sabia como não tinha pensado nisso antes, null sempre foi muito dramático e claro que voltaria para o lugar onde as coisas começaram as desandar para os dois. Ela estacionou ao lado do carro de null e logo o avistou sozinho no meio da areia, tirou os sapatos e andou até onde ele estava.
- Como foi que você me achou? – null perguntou, fazendo com que null se assustasse.
- Eu gosto de pensar que eu te conheço tão bem quanto null, mas se estamos sendo brutalmente honestos, todo nós sabemos que eu te conheço melhor que ninguém. – ela respondeu, ainda encarando suas costas.
- Foi aqui que tudo começou a desandar pra gente. – ele olhou para o mar a sua frente.
- Você sempre foi muito dramático. – ela se sentou ao lado dele – null está com um olho roxo, sua mãe disse que você está de castigo quando chegar em casa.
- Eu fui tão estupido, null. Bater em null? O que deu em mim? – ele olhou para frente – Meu Deus, null deve me odiar.
- Não é pra tanto null, null sabe porque você fez o que fez, você deixou a raiva falar mais alto. – null acariciou seus braços – Você falou a verdade?
- Sobre o que?
- Quando disse que sempre pensou em forma uma família comigo, era verdade?
- Sim. Acho que foi por isso que doeu mais ainda quando eu descobri sobre seu aborto. Mesmo quando nós éramos jovens, mesmo você não querendo ter um relacionamento sério, eu sempre dizia para null que quando o colégio acabasse eu iria te pedir em namoro, melhor ainda, eu ia te pedir pra casar comigo e se você aceitasse, nós construiríamos uma vida juntos.
- Você fala com tanta certeza.
- É por que eu sempre soube que você era o amor da minha vida, eu nunca duvidei.
- Nem eu. – ele olhou pra ela – O que? Só porque eu não digo não quer dizer que eu não sinto. Você me arruinou pra todos os caras do mundo, null, não tem um que eu não compare a você porque sempre foi e sempre será você.
- Eu te amo. – null falou aproximando seu rosto do de null – Eu te amo tanto que as vezes eu nem sei o que fazer com tanto amor. Desculpa não ter entendido a sua relutância em me contar a verdade, eu só conseguia pensar que nós poderíamos ter sido caso você não tivesse perdido aquele bebê, até que eu pensei que nós temos a vida inteira pela frente, nós podemos ter quantos filhos a gente quiser.
- Em uma casa grande, na beira da praia, sem falar que Sophie vai adorar ser irmã mais velha. – null sorriu antes de dar um beijo demorado em null.
- Quer ser minha namorada?
- Pensei que eu já era.
- Eu ia fazer o pedido oficial depois do recital, mas com tudo que aconteceu...
- Mas é claro que eu aceito, null. – null jogou os braços ao redor do pescoço de null, o beijando.
- Você acha que nós deveríamos voltar?
- Todos estão preocupado com você, sua mãe disse que ia te dar umas palmadas por desaparecer e bater em null. – null se levantou esperando que null fizesse o mesmo, porém o garoto ficou de joelhos na areia, pegando a mão de null.
- null null, você aceita... – null tirou alguma coisa do bolso – essa concha que eu achei a sua cara?
- null, larga de brincadeira, seu idiota! – null empurrou null pelos ombros fazendo com que ele caísse de costas na areia. null viu o sorriso diabólico de null e começou a correr. No meio do caminho, null pegou null nos braços a carregando em direção ao carro.
- Você sabe que um dia vai acontecer, não sabe?!
- O que?
- Um dia eu vou te pedir em casamento do jeito mais épico que alguém pode pedir alguém em casamento.
- E eu mal posso esperar pra isso, null null. Eu mal posso esperar.
Fim
Nota da autora: Olá gente linda do meu Brasil, queria agradecer por terem lido essa short fic, ela foi um desafio pra mim do começo ao fim, mas eu fiquei extremamente feliz com o resultado. Espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei de escrevê-la. Eu tenho outras fics no site se vocês quiserem dar uma conferida, e também um grupo.
Outras Fanfics:
Flawless Curse [Mcfly/Finalizadas]
Come Away With Me [Mcfly/Em Andamento]
Time Heals Wounds [Restritas/Em Andamento]
14. Easy Way Out [Ficstape Mcfly]
Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI
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