Capítulo Único
- Ela é incrível! - murmurou, ante ao espetáculo que era assistir ao vivo a um show da Borrowed Peace, a mais recente banda a alcançar o topo do sucesso, que tinha a sua frente uma vocalista que vinha tirando os melhores elogios e críticas de qualquer pessoa que conhecia e amava o bom e velho Rock’n’Roll.
era única, sua presença no palco hipnotizava a multidão, homens e mulheres a encaravam em descrença. Como podia ser tão hábil? Era visível e tocável seu talento puro, único, crú.
A mulher se mexia no palco de forma sensual, enquanto sua voz embalava mais uma de suas canções que tomavam conta de todas as paradas musicais. Seus olhos fechados demonstravam o quanto ela sentia a música, muito além de cantá-la, parecia reviver alguma coisa em sua mente, quase como se tivesse em transe ao recitar aquelas palavras, e era aquilo que fazia com que ficasse excitado ao vê-la completamente entregue ao próprio som, ao próprio dom.
Acompanhada de Tel, Hood e Chris, dominava a multidão. A cantora não fazia trocas de roupa, cenário, nada, era ela, sua voz e sua banda e aquilo era o suficiente. Seu estilo era copiado por muitas, mas o que nenhuma mulher ainda tinha entendido, era que era incopiável.
Sua voz aveludada vinha acompanhada de um corpo que não era o mais perfeito que ele tinha visto, mas sua atitude e performance, a faziam ir além de qualquer melhor sonho que ele poderia ter. Segura de si, usava e abusava de sua ferramenta de trabalho.
Naquela noite a cantora usava um vestido leve, preto de alcinhas, com pequenas bolinhas brancas preenchendo todo o tecido, mas nos pés as botas pratas, com três corações desenhados em cada, junto ao seus óculos cor de rosa, lhe davam um toque sexy e viciante.
Desde que ele tinha colocado os olhos nela, sabia, havia dois tipos de pessoas no mundo, aqueles que entretinham e os que apenas observavam e ele poderia sim ser parte de uma das maiores boybands do mundo, mas frente aquela mulher, ele não era nada, apenas mais um passageiro na viagem que era ver e sua banda performar.
Mesmo através de seus óculos, via sua platéia, ela sempre os via, show após show, ela os tinha. Um sorriso ladino, com tesão, surgiu em seu rosto, eles estavam ali por ela, por sua banda, pelo seu som. E isso era tudo que ela sempre quis, ver e ser ouvida. Tirou o objeto dos olhos sob os olhares atentos dos fãs, que gritaram extasiados quando ela os atirou em sua direção. Era um de seus óculos favoritos, mas ela não ligava, só sentia, em seus shows só fazia o que tinha vontade, o que sua mente e coração diziam, ritmados pelo som da guitarra, do baixo e da bateria que sua banda tocava com maestria. Se não fosse com eles, não seria com mais ninguém.
Quando os quatro se juntavam para tocar, era melhor que qualquer noite de sexo que teriam em suas vidas. Transar era bom, mas a música, a música era foda.
A frente da Borrowed Peace era o seu lugar, a cantora sabia que todos estavam ali por ela e mais ninguém e não havia nascido para se contentar com menos do que aquilo, com menos do que o mundo. O palco era o seu mundo e ali, quem mandava era ela .
O show já passava da metade, mas o que todos seus fãs sabiam, era que quando entravam em seu show, poderiam ficar ali por muito mais tempo que o esperado, quem ditava as regras não era o contrato ou o setlist, mas . Se ela quisesse cantar cinco covers, além de todas as músicas do seu álbum recém lançado, ela cantaria e se quisesse repetir uma música que o público realmente sentiu a canção, ela assim o faria, mas tinha uma música, uma que todos esperavam ansiosos, assim como ela. Os motivos eram diferentes, mas a sensação era a mesma - liberdade.
Meant To Be ecoava pelas caixas de som da arena e as batidas da bateria entravam em seus ouvidos e corpo da mesma forma que as drogas invadiam sua mente. Os riffs de guitarra a deixavam molhada, com desejo e tesão e sempre fazia somente o que queria, ela era dona de si, do próprio corpo e da própria arte, ela fazia amor com seus fãs através de suas músicas, e naquela noite, ela queria gozar junto com eles.
Aquela música era deles e para eles e ela se sentiu completamente livre quando seus seios despontaram por sob as alças caídas de seu vestido. Eram poucos segundos, mas tempo o suficiente para que juntos, eles fossem apenas canção.
Quando performava, ela podia sentir a adrenalina correndo em suas veias e seus fãs saiam de seu show sabendo que nunca teriam uma experiência como aquela novamente.
Com a sensação de dever cumprido a mulher saiu do palco acompanhada de sua banda, quando um garoto qualquer tentou lhe entregar um cd. Ela leu o título brevemente e riu, nunca tinha ouvido falar em , mas só pelo nome sabia que devia ser algo que ela jamais ouviria e por isso ela passou reto por ele.
🎤🎤🎤
adorava viajar, ver lugares novos, se divertir, mas odiava hotéis e como todos eram claros, sem vida, chatos. Não gostava de fazer mil exigências quando viajava, não tinha tempo para elas, mas tinha suas peculiaridades e não estava nem aí para o que achavam. Sua equipe sabia como ela preferia as coisas, e em cada nova cidade, sua cama era feita com lençóis pretos de seda e uma garrafa de whisky era posta em seu quarto.
E, era com aquela garrafa e seu cigarro que a cantora estava na varanda do hotel, reservada apenas para hóspedes que se hospedavam nos andares presidenciais.Seus olhos estavam fechados, ela queria sentir a noite, as estrelas e o ar livre para deixar que sua imaginação e seu baseado a levassem para um lugar onde ela conhecia bem, o lugar que a inspirava e a fazia criar arte.
O som da porta se abrindo foi bem nítido, mas não se incomodou, ela estava presa em seu mundo paralelo. Quando finalmente voltou a abrir os olhos, ela o viu, ele estava sentado nas costas do banco que ficava no local, fumando em silêncio e parecia tão ou mais pensativo que ela. Não estavam próximos, mas mesmo assim ele a intrigou o suficiente para que o analisasse por completo, não saberia dizer quanto tempo ficou ali, apreciando sua bebida e ele, mas tinha sido tempo suficiente para que ela tivesse uma única certeza, ele poderia ser música.
O cigarro já tinha terminado de queimar, mas não estava pronto para voltar para o seu quarto, tinha ido até ali para fugir da multidão e da solidão, gostava de olhar o céu e se sentir parte de algo maior, ao mesmo tempo em que buscava senso e razão para todos os seus monstros internos.
- Eu gosto da sua jaqueta. - se virou calmo para , surpreso por ela sequer notar sua presença.
- Obrigado. – respondeu breve, sem saber exatamente o quanto interagir.
Quando e sua banda chegaram naquele hotel, foram informados que o estavam dividindo com mais uma banda, mas ele nunca imaginou que fosse encontrá-la e muito menos que estariam sozinhos. Assim que entrou naquela varanda, a reconheceu, porém viu nela algo que tinha visto no próprio espelho e por isso achou por melhor não incomodar.
- O que eu preciso fazer para tê-la? - ela rebateu o fazendo levantar os ombros.
- Posso te dizer onde comprei.
- Não compro roupas novas, elas não têm identidade, história. - ele já sabia daquilo, mas não soltou a informação. - Eu posso pagar.
- Eu imagino que possa. – disse, tirando mais um cigarro de seu maço e tentou em vão acendê-lo com seu isqueiro.
riu do modo que a chama sempre apagava rápido demais. Tirou seus pés de cima da mesa e se levantou, indo em direção ao estranho com sua garrafa em mãos. ao ouvir o barulho se virou para ela e deixou um sorriso escapar de seu rosto, a maldita usava um shorts jeans curto e largo, uma blusa de mangas de um tecido leve, transparente, completamente desabotoada, e um sutiã de renda parte a mostra. Parte, e ele agradeceu por aquilo, porque desde o dia em que viu seu show do lado do palco, que ele se arrependia de não tê-lo visto de frente.
- Eu te ajudo. – a cantora falou, colocando o whisky no banco, tomando o isqueiro da mão dele e com uma mão acendeu a chama e com a outra fez uma proteção para que o vento não o impedisse de acendê-lo.
- Obrigado. Quer um? - ofereceu seu maço à mulher, que aceitou de prontidão.
a observou dar a primeira tragada, o que ele achou um tanto quanto sexy e fez um espaço para que ela se sentasse ao seu lado. Se o cantor soubesse que estaria com , fumando juntos em silêncio quando acordou naquela manhã, teria rido de si próprio.
- Eu sou a . - a mulher aceitou seu convite mudo, sentando ao lado dele.
- Eu sei. E eu sou o .
- Seu nome é bonito. Você é bonito. - a cantora disse sincera e ele não conseguiu traduzir o que se passava ali. Ela o elogiou como se tivesse apenas perguntado se ele estava bem.
Ele era bonito, na verdade era lindo. De longe parecia misterioso, sedutor, de perto, seus olhos eram ainda mais bonitos e intrigantes, os longos cílios intensificavam seu olhar, o tornando ainda mais interessante. Ele a olhava diretamente nos olhos, sem se intimidar com a forma que ela também não tirava os olhos dos seus, fazendo com que se visse curiosa em descobrir o quanto eles se fechariam, caso ela estivesse o chupando.
- Obrigado. - respondeu tragando de seu cigarro e voltou a olhar a escuridão à sua frente.
- Seus olhos são lindos também, eles tem poesia. - ela soltou, o fazendo dar uma risada debochada.
- Não é a primeira vez que você me diz isso. - disse voltando a encará-la, apenas para ver sua cara de surpresa.
- Nos conhecemos?!
- Billboard Music Awards , dois meses atrás.
- Eu não fui a esse prêmio.
riu desacreditado, embora não estivesse surpreso. Se levantou procurando em seus bolsos por seu celular e depois de um longo tempo, encontrou o que procurava. Uma foto dos dois juntos.
- Uau, essa noite passou como um borrão. Odeio premiações, infelizmente uma das coisas que não posso controlar em minha carreira. - A mulher pegou o aparelho, olhando com cuidado os detalhes da foto. - Eu ganhei algum premio?
- Você realmente não se lembra? - a mulher negou - Você se apresentou. Eu tenho certeza que deve ter no Youtube, foi incrível.
- Eu acredito em você. - ela disse sorrindo, algo que ele nunca tinha visto antes. - Você estava fazendo o que lá?
- Eu também tenho uma banda.
- Como se chama?
- - respondeu, consciente que era muito provável que ela sequer sabia quem eles eram.
- O que nós conversamos?
- Eu e o resto do meu grupo nos aproximamos para dizer como adoramos o seu som e sua apresentação, você agradeceu e nós tiramos algumas fotos para a imprensa. Quando tiramos essa você elogiou meus olhos, disse que poderia fazer música com eles - nesse momento riu, ela sabia o que significavam suas palavras.
- Eu nunca ouvi falar da sua banda. Qual o seu som?
- Eu tenho certeza que não seria muito do seu agrado. - confessou - É pop.
- Como uma boyband? - ela questionou com um sorriso preso nos lábios e o viu concordar - Me diga uma música para ouvir, uma que tenha você cantando. - pediu, passando seu celular de volta para ele.
- Eu posso fazer melhor, eu posso cantar pra você. - disse, a surpreendendo.
então cantou a primeira estrofe de Knock Me Off My Feet do Stevie Wonder, uma de suas músicas favoritas a qual ele sempre ouvia quando estava em um, de muitos voos, quando em turnê. Ele não encarou em nenhum momento, se só estar ao seu lado era bastante intimidante, cantar para alguém que mal sabia quem ele era e que tinha um talento como poucos no mundo sequer poderiam sonhar, quase o fazia querer vomitar.
por sua vez tinha os olhos fechados, ela gostaria sim de ver ele cantando aquela música, mas ela preferia sentir, sentir o toque rouco que ele soltava em algumas notas, que faziam seu corpo estremecer, ou então o agudo perfeito que ele soltou, entrando em seu corpo quase tão perfeito como um solo de guitarra.
- E então? - ela sorriu quando eles voltaram a se olhar.
Estava ali, os dois sentiram.
- Eu sabia que estava certa. - ela piscou para ele, antes de jogar o resto de seu cigarro no chão e apagá-lo com sua bota. - Eu preciso ir.
- Não quer dividir mais esse comigo? - apontou para o baseado que tinha agora em suas mãos.
- Eu tenho um show mais tarde, não gosto dos efeitos que a maconha me dá quando estou cantando. Por isso fumei mais cedo.
- Hoje? - ele a encarou chocado - Eu geralmente passo o dia no lugar passando o som.
- Eu sou uma estrela do rock, , não do pop. - disse pegando sua garrafa e lhe dando as costas.
Quando chegou na porta da varanda, se virou uma última vez para ele:
- Ei, . - o chamou, e ele se voltou para ela. - Um dia nós vamos fazer música.
🎤🎤🎤
vivia e respirava rock, era o seu gênero favorito, mas quando Hood implorou a ela e seus companheiros que fossem com ele para uma casa noturna, todos concordaram. Adoravam sair em suas noites de folga e seus roadies e equipe sempre os acompanhavam. Eram uma grande família, afinal.
E lá estava ela, dançando com Chris, sua alma gêmea. Os dois se conheceram ainda no colegial e viraram melhores amigos imediatamente, ela ficou impressionada com os solos de guitarra que ele podia fazer e ele teve a certeza que tinha encontrado sua parceira musical para a vida quando ouviu o tom de sua voz. Eles iam muito além do que qualquer amizade que outras pessoas poderiam ter, escreviam, compunham, se drogavam e muitas vezes transavam sob os efeitos das drogas, mas quando acordavam, voltavam a ser apenas e Chris, uma das maiores parcerias de sucesso do mundo da música.
Quando ela cantava e ele tocava era como se uma explosão de sentimentos invadisse quem os ouvia, vê-los criar era uma experiência cósmica, quase transcendental.
Hood apareceu dois anos depois, ele era amigo de um amigo de Chris e sua performance no baixo era exatamente o que a dupla vinha buscando. Tel apareceu pouco depois em um show deles, quando estavam ainda no começo e entrou no camarim dizendo que se quisessem seguir em frente, precisavam dele na bateria. Mais velho, com o corpo todo tatuado até o pescoço, logo intrigou e embora o antigo baterista tenha ficado indignado, Tel mostrou porque precisavam dele. Naquela madrugada a Borrowed Peace foi formada.
O som da música, aliada a carreira de cocaína que cheirou mais cedo a faziam querer dançar até um novo dia começar. Havia dias que seu corpo pedia por algo mais forte ou mais intenso, algumas outras ela queria apenas relaxar e aproveitar os prazeres da música, sem se perder completamente. E, ao vê-lo, ela sabia que o motivo pelo qual não queria se perder nas drogas aquela noite, era porque queria se perder por inteiro nele.
Seu corpo, grudado ao de Chris, dava um show inesperado, improvisado. Mesmo no escuro, as pessoas a viam, eles sempre a viam, fosse no palco ou naquela pista de dança, era a atração principal.
e seus amigos estavam em uma das áreas reservadas do local, curtindo o hip hop, rap e R&B que tocava, enquanto tentavam aproveitar os poucos dias de folga que conseguiram entre os muitos shows e entrevistas. Tinham chegado em Seattle naquela manhã e passaram o dia dormindo para se recuperar dos quase quinze shows que fizeram sem descanso.
Em sua área privada tinham diversas garotas que eles tinham liberado a entrada para escolher qual levar de volta para o hotel, mas ainda estava curtindo a noite sem se preocupar com isso, afinal sabia que podia demorar o quanto fosse, sairia dali acompanhado.
Esqueceu todo e qualquer plano, quando , seu companheiro de banda, o puxou sem dizer nada e embora confuso o seguiu. O sorriso que abriu em seu rosto quando viu quem estava ali era descrente e certeiro. De repente sua noite tinha virado do avesso.
Para , calça de couro era uma das melhores invenções da moda, a bunda de parecia ainda mais convidativa daquele ângulo. Tinha algo sobre ela que fazia não só a ele, como muitos homens no local a observarem fascinados, o poder que ela tinha em fazer com que seu público se visse preso a ela quando cantava, também era válido para quando dançava sensualmente ao lado do guitarrista de sua banda. Ele poderia olhá-la a noite inteira.
Seu sutiã estava mais uma vez à mostra, e ele também era de renda, mas dessa vez vermelha. Por cima, vestia uma blusa completamente recortada do Slayer, mas ao contrário da maioria das mulheres que a usavam para parecer cool, ele sabia que ela conhecia a maioria, senão todas as suas músicas. queria na verdade conhecer toda e qualquer parte daquele corpo. Ver e tocar seus seios presos pela renda vermelha, que ele descobria ser seu mais novo fetiche, com os próprios dedos, com a língua.
Naquele momento ele tinha uma única certeza, ele iria até ela. Não sabia se iria se lembrar da noite em que dividiram a sacada do hotel, como não se lembrava de quando o conheceu no backstage da premiação que foram, mas iria mesmo assim.
Porém, com o que não contava, era que sabia que era uma leoa se apresentando ante ao circo e dentre toda sua plateia, ela já tinha selecionado sua presa. Ele não precisou ir até ela, ela quem foi até ele.
- Será que é hoje o dia que finalmente vou conseguir essa jaqueta?
A voz que ele não esquecia nunca, principalmente por ter todo seu álbum em sua playlist mais tocada, soou perto demais de seu ouvido, fazendo seu corpo corresponder àquele som, quase como se estivesse assistindo a seu filme pornô favorito.
se virou sob os olhares atentos de quase todas as pessoas naquele local e sorriu. usava um batom vermelho, deixando sua boca ainda mais deliciosa. Ele percebeu que não tinha nada nela que não o agradasse, mas aquele sorriso, era algo único. Algo que ele já sabia ser só dele.
- Estou surpreso que lembre quem eu sou. - disse com um sorriso gostoso no rosto - Isso é, se ainda se lembrar do meu nome.
- E por que eu esqueceria, ? - sussurrou em seu ouvido e ele sabia que seu nome nunca tinha soado tão provocante. Era daquela forma que pretendia chamá-lo quando estivesse com ele dentro dela.
- Você esqueceu da primeira vez que me conheceu. - o cantor reparou que algumas pessoas encaravam o momento, parecia não se importar. Com aquela mulher na frente dele, ele também não iria.
- Mas não esqueci dos seus olhos, da sua voz. Se você é famoso como diz, tenho certeza que já esqueceu pessoas, mas não detalhes. O que está bebendo?
- Bourbon. - encarou seu copo e o tomou de suas mãos, terminando o conteúdo.
- Whisky é melhor. - afirmou, olhando para o garçom, como se soubesse que ele estava ali só esperando para servi-la e fez seu pedido, que foi prontamente colocado à frente dos dois.
- Você tem show hoje a noite? - perguntou divertido, se lembrando da última vez que a vira meses antes.
- Não. - soltou uma risada, enquanto rodava o gelo de sua bebida com o dedo. - Amanhã, e você?
- No final de semana.
- Ótimo! - a mulher sorriu perversa, antes de levar seu dedo a boca e chupá-lo lentamente. sentiu seu membro reagir, querendo que fosse ele passando por aqueles lábios. - Podemos aproveitar até o amanhecer.
As segundas intenções daquele convite ficaram no ar pelas próximas horas, já que saltou de seu banco e caminhou em direção ao resto do grupo de e se apresentou a todos, sem precisar que ele a guiasse. De longe, o cantor observou a mulher se mover como um camaleão por entre seus amigos, conquistando um a um da mesma forma que o havia conquistado, mesmo sendo todos tão diferentes. Foi ali que entendeu um pouco mais toda aquela liderança frente aos palcos e a vida, era uma força que não podia ser contida, sua energia parecia atrair as pessoas, ela era como uma droga que viciava sem perceber.
a observava atentamente e sabia disso, ele a queria e a teria. Em um momento de brincadeira entre todos, a mulher sentou-se em seu colo, rebolando lentamente, de forma a deixá-lo transtornado, era a certeza que ele precisava que a atração era mútua. Devido a baixa luz e a conversa agitada, ninguém parecia notar a sessão de tortura que a cantora vinha fazendo com ele, que já não sabia quanto mais aguentaria sem poder fazer nada.
- Eu quero te levar de volta pro meu hotel, como em uma festa só nossa, acha que pode?
O cantor estava ainda entorpecido com as ações de para emitir qualquer som, por isso apenas concordou com a cabeça, vendo um sorriso devasso surgir no rosto dela, um que dizia tudo. Aquela festa seria memorável .
Apesar de querer que a festa começasse ali mesmo, sabia que para suas ações, vinham consequências e ela evitava a todo custo estar em capaz de jornais, por isso precisou se segurar para não beijá-lo ali mesmo, na frente de todos. Na falta de sua arma principal, usou a segunda. Se virou para ele, rindo ao notar o desconforto e esforço que ele fazia para não ter qualquer reação visível.
- Eu mal posso esperar para ter esses olhos em meu corpo, enquanto fico nua para você, . - finalizou, dando uma última rebolada e soltou um gemido inaudível, ao sentir a ereção do cantor.
🎤🎤🎤
Eram três da manhã quando apertou o botão que o levaria ao andar que estava hospedada. Se fosse qualquer outra pessoa estaria tranquilo, tinha poucos deveres e muita satisfação quando escolhia uma mulher qualquer para passar a noite, mas o jogo tinha virado e se via nervoso. Se tinha alguém com quem ele queria transar um dia, esse alguém era e o dia que ele julgou nunca existir, estava prestes a se tornar realidade.
Kurt Cobain e Jim Morrison eram os maiores ídolos e inspiração de , foram eles que a fizeram se interessar pelo gênero e a querer fazer parte daquilo. Janis Joplin, Joan Jett, Ann Wilson, Amy Winehouse, todas aquelas mulheres também a inspiravam, geralmente chegava em seu camarim e colocava sua playlist favorita para tocar, enquanto se preparava para mais um show, mas entre todas as lendas do rock, Jim era o seu favorito, tudo que ele fazia era sexy, arte, poesia. Ele sempre era sua escolha quando estava com tesão e queria se divertir. Era ele quem escutava, quando ouviu as batidas em sua porta.
sabia que era o seu fim quando ela o atendeu já sem sua calça de couro. Ele estava decepcionado por não ter a oportunidade de tirá-la, mas feliz ao ver que a lingerie combinava. A garrafa de whisky quase vazia nas mãos de , indicavam que ela tinha continuado a festa em seu quarto, aguardando sua chegada.
Ela o guiou para dentro do local sem pudores e ele viu algumas roupas espalhadas pelo chão e em uma mesinha alguns baseados, um pó branco e pílulas, não se surpreendeu e não se importou. dançava sensualmente enquanto caminhava para a cama, o fazendo imaginar como seria se horas antes fosse daquela forma que ela tivesse rebolado em seu pau. A mulher subiu na cama, lhe dando uma visão privilegiada de sua bunda e como ela ficaria quando ele estivesse a comendo de quatro, pedindo por mais. A transparência da lingerie o enlouquecia.
- Vem aqui. - pediu manhosa, se virando para ele, mantendo-se de joelhos na cama ainda sem parar de mover o corpo de acordo com os acordes da música. - Quero te tocar.
obedeceu, sabia muito bem que quem mandava ali era ela. Quando ele encostou na cama, viu sua jaqueta deslizar por sob seus braços e logo sua camiseta se juntou a ela no chão. desceu o olhar e mordeu os lábios em desejo, sentiu seu membro pulsar.
- Desde a última vez que nos vimos. - proferiu, enquanto segurava a barra da própria blusa - Eu só consigo pensar em seus olhos me admirando, me comendo. - completou, tirando-a e a jogando em qualquer canto do quarto.
- Não são só meus olhos que querem te comer. - respondeu, ainda observando a lingerie vermelha que escondia muito pouco e mesmo assim o enchia de curiosidade. Seus mamilos, despontando pelo fino e delicado tecido, o encheram de tesão. Ele precisava tocá-los.
chamou sua atenção ao tomar o último gole de sua garrafa e também jogá-la em algum ponto do quarto, sem se preocupar se iria quebra-la, sem tirar os olhos dele. Um olhar que deixava bem claro que a festa estava prestes a começar.
A cantora o puxou delicada pelo pescoço e beijou os lábios que tanto desejou ter sob os seus, tão macios e convidativos. Eles eram ainda mais deliciosos e carnudos sob o toque de sua língua. A marca de batom que estava deixando neles, fazia com que sua intimidade ficasse ainda mais excitada, sabendo o que estava por vir.
a abraçou e voltou a mover seu corpo ao ritmo de Love Me Two Times, tirando um sorriso dele por entre o beijo que trocavam. O cantor aproveitou para espalmar as duas mãos na bunda dela, colando seus corpos, ainda mais, a mulher era insanamente deliciosa. Sabia que aquela noite seria inesquecível.
Com uma das mãos, abriu o fecho do sutiã, liberando os seios da cantora para que pudesse finalmente clamá-los para si. imediatamente jogou a cabeça para trás ao sentir a língua de circundar seus mamilos, soltando o gemido que vinha segurando desde que o beijou. A posição era ainda mais favorável para , já que agora os seios de estavam ainda mais empinados e à sua completa disposição, permitindo que ele desse total atenção a seus objetos de desejo. Se dividiu e se divertiu entre ambos, enquanto a abraçava forte pela cintura, se perdendo entre os solos de guitarra e a mulher incrível que estava à sua frente. Poderia ter apenas seus seios na boca pelo resto da noite se não sentisse seu corpo implorar para que ele desvendasse cada centímetro do monumento que era aquela mulher.
ficou em pé na cama, fazendo com que tivesse que olhar para cima, depositando um beijo molhado em sua barriga. Ela pegou as mãos dele, colocando na barra de sua calcinha e ele entendeu o que ela queria, claro que ele a tiraria, mas seria da forma que ele quisesse.
passou as costas dos dedos pelas coxas da mulher delicadamente, subindo e descendo, se demorando ainda mais ao chegar na parte interna, torturando a mulher que preferia senti-los dentro de si. Soprou por sob o tecido bem no meio de suas pernas e sorriu vencedor ao sentir todo o corpo de estremecer. Ainda por cima da peça, raspou com os dentes em seu monte de vênus e mesmo sem tocá-la, ele sabia, ela estava completamente molhada. O cheiro de sexo parecia o embriagar mais do que todo álcool que tinha tomado até então, precisava experimentá-la. Em um movimento lento e planejado, puxou a lingerie para baixo, a tomando em suas mãos, antes de guardá-la no bolso.
Tinha algo sob estar nua frente a um homem ainda vestido, que enchia de tesão, ela adorava aquela liberdade. A dominância encontrada num ato de submissão. Se ajoelhou novamente na cama, antes de se deitar, num claro convite para que se juntasse à ela.
O cantor tirou o resto de sua roupa, ficando completamente nu, deslizando sua mão por toda sua extensão completamente dura, sem tirar os olhos do corpo da cantora. Foi quem acabou se deixando levar, ao começar tocar a si mesma, enquanto observava subir na cama com calma, glorioso, ele era ainda mais bonito nu.
As mãos do cantor apertavam suas coxas, enquanto sua língua subia deslizando por todo seu corpo, fazendo arquear as costas, querendo ainda mais do contato de seu corpo ao daquele homem. era sensacional e ela iria usá-lo a noite inteira.
Assim como tinha imaginado, os olhos de eram pura poesia quando cheios de tesão, ele era música e já podia sentir em sua mente a melodia que ele formava.
Extasiada, a mulher puxou para si, o beijando com a boca, o corpo e a alma. Seus corpos nús pareciam conectar um ao outro e a trilha de beijos que ele deixava em sua pele, penetrava lentamente seu cérebro, a fazendo perceber que droga nenhuma era capaz de lhe causar aquela sensação. Sentir seus lábios e língua chupar e morder seu corpo era pouco demais para , ela precisava e queria mais.
Trocou de posição, o deitando na cama, dando um último beijo molhado em sua boca, antes de lamber os lábios levemente inchados de e se arrastar lentamente até sua cintura, para então tomar em sua boca o pênis completamente duro do cantor. Com o líquido que já saía dele, lambeu sua glande, antes de chupar toda a extensão, finalmente encarando o homem, que mal piscava. não queria perder um momento sequer daquele filme que se transformava em seu favorito, segundo a segundo.
Quando finalmente o colocou todo em sua boca, foi preciso fechar os olhos, as sensações eram boas demais para que não focasse somente nelas. Sabia que não se arrependeria, aquela mulher era muitas em uma e ele queria conhecer todas suas versões.
A ponto de explodir, a puxou de volta para si e aproveitou o momento para novamente rebolar, mas dessa vez pele com pele. Podia sentir sua intimidade pulsar em antecipação do presente que estava prestes a ganhar.
Quando se protegeu, se ajeitou em cima dele, permitindo que ele finalmente a penetrasse, e, sem perder o contato que mantinham um sob o outro, eles sabiam. A melhor música que eles escreveriam em toda suas vidas, começava a ser composta ali.
Enquanto e tornavam-se canção.
🎤🎤🎤
A primeira coisa que sentiu ao acordar, foi a maciez da seda abraçar seu corpo. Entendia agora a preferência de por aquele material, poderia ficar ali pelo resto do seu dia descansando da noite que dividiram, mas algo lhe chamou atenção. A voz vinda do banheiro, ele a conhecia muito bem, mas a música e o tom com que era cantada o fez pensar estar em um outro quarto, com outra pessoa.
Fechou os olhos sem acreditar que cantava uma versão de Purple Rain tão fantástica que era quase um pecado ser o único a ouvi-la. Sabia que se alguém um dia a ouvisse cantar assim, comprovaria assim como ele, que era um dos maiores talentos musicais já existentes, que sua voz ia muito além do rock, ela era uma powerhouse com um controle incrível da própria voz.
A cantora saiu do banheiro de cabelos molhados, vestindo apenas uma meia calça trabalhada que hora parecia vermelha, hora cor de rosa e mais nada. Ele a encarou e jogou a cabeça para trás, atordoado, aquilo era uma nova sessão de tortura.
- Prince ? - perguntou chamando sua atenção.
- Eu gosto. Você conhece?
- Adoro também. - admitiu, vendo pela primeira vez a mulher parecer um pouco...tímida. - Você devia cantar ela em algum show. - sugeriu, sabendo que ela sequer lhe daria ouvidos.
pegou algo no chão e subiu na cama, se sentando à sua frente com um sorriso meigo, inocente, diferente da noite anterior. Vê-la sem maquiagem era como se ele tivesse acesso a do dia a dia, uma garota de vinte poucos anos que sequer fazia ideia do poder que tinha sob o mundo.
- Eu posso ficar com ela? - pediu, mostrando a cobiçada jaqueta. Ele riu.
- Pode. - respondeu rindo, sabia desde o primeiro dia que ela a teria. Era incapaz de negar-lhe qualquer coisa. a vestiu animada e chacoalhou os cabelos, os bagunçando ainda mais.
- Você gosta dos meus seios? - perguntou abrindo a jaqueta, fazendo apoiar os cotovelos na cama para observá-la melhor. Desceu seu olhar vagarosamente por todo o corpo da cantora, sentindo a dor que era tê-la tão perto por tão pouco tempo. Ele podia ver sua intimidade sob o tecido transparente da meia calça. Podia também sentir seu pau endurecer.
- Eu os adoro.
- Tira uma foto minha, com o seu celular.
mesmo sem entender, pegou seu aparelho que estava na mesinha ao lado e abriu a câmera, clicando algumas vezes enquanto dançava para ele. Quando se deu por satisfeita, se aproximou para vê-las.
A forma que a mulher encarava sua própria nudez era excitante, enquanto ela olhava as fotos que ele tinha tirado, só conseguia olhar para ela, seu rosto, seus lábios, seus seios expostos e tão próximos de sua boca. se virou para ele com aquele sorriso que era só dele. Ela sugou seu lábio inferior antes de beijá-lo animada.
- Me mande a sua favorita e pode ficar com todas de presente. - afirmou, tomando o celular de suas mãos, para anotar o próprio número.
- Mesmo? - a encarou surpreso.
- Um presente pelo seu presente. - disse se jogando na cama ao seu lado.
- Não tem medo que eu mostre a alguém? - perguntou, se virando de forma a ter parte de seu corpo por cima dela e sua mão alcançou seu rosto, fazendo um carinho bem diferente do da noite passada.
- Meus seios tem seus próprio Instagram. - afirmou despreocupada, mordendo de leve o dedo do cantor - Se quiser mostrar, é um direito seu, mas eu sei que não vai.
- Como não? - perguntou em seu ouvido, beijando o local, enquanto sua mão agora entrava pela meia calça, alcançando o pequeno ponto que parecia ainda inchado de tanto que ele a fez gozar na noite anterior. Não se importaria em vê-la gemer seu nome mais algumas vezes antes de ter que se despedir.
- A nossa música ainda não está completa.
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Quando se faz parte de um dos grupos mais famosos do mundo, suas obrigações superam os prazeres, e não se viam há dois meses. Por ele, conversariam mais vezes, mas aparecia e sumia na mesma proporção, já tinha aprendido que com ela era assim. A mulher era uma alma livre e tentar prendê-la, era fechar as portas para algo que ele sabia ser um dos poucos a ter total acesso.
As vezes, ligava e passavam horas conversando, em outras sumia por duas semanas. Em suas favoritas, ela lhe mandava uma foto, podia ser de qualquer coisa, a paisagem durante a viagem de ônibus, seus pés, a platéia ou ela, sorrindo, fumando, nua. sabia que aquelas fotos eram somente para ele, porque nunca as via em mais nenhum lugar.
Uma cidade em comum, um show, um trabalho em equipe e lá estava e o resto do pela primeira vez entrando no camarim da Borrowed Peace. Os garotos se entreolharam e deram risada, era bem diferente do que estavam acostumados.
O som alto e pesado e o cheiro de maconha dominavam o lugar e foi o primeiro a aceitar o baseado oferecido por Hood. Os dois tinham se conhecido na mesma noite que e transaram pela primeira vez e apesar das gritantes diferenças, encontraram algo em comum. E quando se divide um baseado, você acaba dividindo o barato e algumas filosofias sobre a vida, e Hood e iam descobrindo aos poucos uma amizade acima dos preconceitos que um roqueiro poderia ter com um cara de uma boyband.
Chris cheirava uma carreira de cocaína e dava para ver pelas marcas da mesa que aquela não era a primeira.
O olhar de caiu primeiro na calça de couro vermelha e a forma que a bunda de se moldava ao tecido. A cantora tirava o cabelo de dentro da jaqueta com estampa de onça e correntes que usava, enquanto se observava no espelho. Sorriu ao vê-lo através do espelho.
se aproximou e tomou um susto quando ela se virou, a roqueira não usava nada por baixo da jaqueta. gargalhou ao ver os outros freiarem e ficar vermelho de vergonha.
- Garotos. - deu de ombros e segurou a peça fechada para cumprimentá-los.
Havia dois tipos de caras para , os que sabiam conviver com ela e seu jeito e os que se sentiam intimidados. claramente fazia parte da segunda categoria, os outros pareciam ainda oscilar. Entendia o appeal que seios femininos tinham para os homens, mas feminista, acreditava que seus direitos e vontades eram mais importantes do que o constrangimento e fetiche incrustado na sociedade. Segurou pela mão e o puxou para o banheiro.
- Não quero usar sutiã hoje. - explicou ainda de costas, se livrando da jaqueta. - E não quero usar essa blusa ridícula que me deram. - fez uma cara de nojo para uma blusa de babados que para ele parecia normal. E talvez fosse esse o problema.
- O que é isso? - perguntou curioso quando ela se virou para ele, sorrindo ao tocar a delicada jóia que agora adornava o seio esquerdo de .
- É novo. - se aproximou ainda mais de para facilitar o contato dos dedos dele em seu mamilo. - Não ia aguentar saber que você sabia da existência dele, sem poder tocá-lo.
- Ainda dói? - o cantor perguntou a pegando no colo e a colocando sentada na pia. sentiu falta da voz dele tão próxima, daquele olhar tão intenso que não via em mais ninguém, por isso passou seus braços pelos ombros do cantor e o beijou. Até do gosto dele ela não tinha esquecido.
- Não muito, vai demorar pra cicatrizar, mas o pior já passou. - respondeu, tombando a cabeça para o lado para que continuasse o caminho de beijos por todo seu pescoço.
- Sei que a área fica mais sensível ao toque, já testou? - voltou a encará-la, puxando com os dentes o lábio inferior dela, antes de chupá-lo. Não eram exclusivos, mas não queria que a resposta fosse positiva.
Era claro que pouco a pouco, o que sentia por aumentava, mas vinha sendo cuidadoso, não era idiota em se apaixonar, mas também sabia que o que tinham não era algo leviano.
- Pedem para esperar pelo menos quatro semanas antes de fazer qualquer coisa, eu decidi esperar pela sua boca. - admitiu sorrindo e segurou o seio com delicadeza e voltou seu olhar para ela, a beijando com vontade e saudade, antes de segurar com firmeza os cabelos de pela nuca e o puxar para baixo para que ela empinasse os seios para ele.
O local ainda estava vermelho e ele não queria lhe causar dor, por isso foi com cuidado, massageando e chupando em volta de seu mamilo, antes de com apenas a ponta da língua circundar o local, tomando-o para si em sua boca evitando pressionar o metal.
Sabia pelas reações corporais de o quanto podia aprofundar suas carícias e quando deviar parar, não tinham ficado muitas vezes desde a primeira vez que transaram, mas quando se encontravam, passavam horas trancados num quarto de hotel descobrindo um ao outro.
A cantora apoiou uma mão atrás de si na pia e com a outra segurou o outro seio, se deliciando ao toque e poder que somente tinha sobre eles, ele sabia exatamente o que fazer para deixá-la molhada. Sentia um pouco de dor, mas encontrava prazer na dor.
- Ei … - se assustou ao ver Chris abrir a porta sem bater e se virou para , que parecia inabalada ainda na mesma posição.
- O que você quer? - disse curta, abraçando , fazendo o amigo revirar os olhos.
- Foi mal. - respondeu com um sorrisinho no rosto - E aí, curtiu? - perguntou, a fazendo rir abafado e lhe mostrar o dedo do meio - Vinte minutos.
- Ok. - disse vendo o amigo fechar a porta, fazendo gestos de boquete com a boca - Onde paramos?
- Não tem que ir? - perguntou confuso.
- Sim, mas eu ainda não matei toda minha sede de você. - a cantora deu um pulinho para descer da pia. - Quão rápido você consegue gozar?
- Com você assim? No estado em que me encontro? - ambos olharam para o volume no jeans escuro do cantor.
- Eu quero te chupar, agora . - disse se ajoelhando e com toda calma do mundo, desafivelou o cinto de , que por sua vez apoiou as mãos na pia e apenas encarou mais uma cena que ele não esqueceria nunca.
sem pressa alguma, como se não tivesse que ir para o palco em vinte minutos, enganchou os dedos em sua cueca preta e a puxou para baixo, mordendo o próprio lábio ao ver o pênis completamente duro do cantor despontar do tecido. O tomou em sua mão, antes de fechá-la e iniciar o movimento da forma que sabia que ele tanto gostava. Voltou seus olhos para encarar e sentiu sua intimidade se contrair ao encontrar aqueles olhos a observando atentamente.
Um sorriso sacana nasceu no rosto da mulher e parou de piscar, não perderia aquele momento por nada no mundo. O momento em que ainda o encarando, colocou sua ereção na boca e começou a chupá-lo da forma que só ela sabia. Adorava quando se perdia performando aquele ato e começava a cantar, as vibrações de sua garganta aumentavam ainda mais o seu prazer, ou talvez fosse apenas pelo fato de que quando a tinha ali, com seu membro dentro da boca, ela era toda sua.
- Porra, essa sua boca é um tesão. - o cantor disse ao observar terminar de limpá-lo, fazia tempo que não gozava daquela forma.
- Seu pau e esse seu rosto que são. - a cantora respondeu com um sorriso, dando lhe um último beijo. - Agora preciso encontrar uma blusa pra usar. - se virou para a pia lavando o rosto, antes de passar seu batom vermelho e aproveitou para limpar seu mamilo para não infeccionar. Estava gostando demais de seu novo adereço.
- Eu tenho uma ideia. - terminou de fechar sua calça e abriu o agasalho que tinha por baixo de sua jaqueta, revelando a camiseta branca de tecido leve que vestia - Quer usar?
- Quero! - disse animada - Posso rasgá-la? – perguntou já a procura de uma tesoura no meio de suas coisas.
- Pode! - riu do jeito despojado que ela assumiu, tão contrário do dominante que tinha até momentos antes. Raramente ela assumia aquela forma, mesmo somente com ele. Aquilo parecia diferente.
- O que você vai usar? - perguntou curiosa, perdendo alguns segundos ao ver o corpo seminu do cantor que ela tanto gostava.
- Eu fecho meu casaco - deu de ombros, pouco se importava com ele mesmo, ver vestir sua camiseta quase o deu uma nova ereção.
- Já sei. - a cantora vestiu rapidamente a camiseta e saiu do banheiro. a seguiu, rindo de sua animação e a primeira coisa que viu foram os sorrisinhos sacanas que os amigos lhe lançaram.
- Ei , esqueceu o zíper aberto. - Hood comentou e todo o camarim caiu na gargalhada ao ver o cantor conferir a calça, que estava perfeitamente fechada. Riu de si mesmo e mostrou o dedo do meio para todos.
- Vocês estão com inveja. - se virou para ele dando uma piscadinha, como se pedisse para ele não se importar. - O que acha?
tinha em mãos uma camiseta preta do merchan de sua banda e a estampa era uma foto dela sozinha em preto e branco. concordou, a usaria com prazer. A cantora calçou seu all star customizado e com a tesoura, fez alguns cortes na gola e na barra de sua nova camiseta, dando um nó no tecido bem abaixo de seus seios. Em seguida, foi até e dobrou as mangas da peça, sorrindo ao ver o resultado final.
- Quero uma foto. - gritou, vendo Josh, o fotógrafo da banda se aproximar prontamente.
Nas primeiras fotos eles apenas posaram para mostrar que usava uma camiseta com seu rosto, mas surpreendendo a todos, se colocou à sua frente e expôs seus seios, puxando o braço dele para que sua mão cobrisse seu seio direito, deixando à mostra seu novo piercing.
No começo era esquisito para o cantor a forma que ela não se importava com a própria nudez na frente daquelas pessoas, como homem, também era esquisito para ele ver a mulher com quem tinha uma relação, se mostrar daquela forma, mas em um show que tinha ido meses antes, na volta para o hotel, Hood estava sentado na última fileira da van, recebendo um oral, enquanto todas as outras pessoas davam risadas e se preocupavam com a própria vida. Aquele era o mundo deles, muitas vezes tão parecido com o dele, em muitas outras, tão distantes.
também teve que aprender e até mesmo a desconstruir seus próprios preconceitos que ou aceitava por quem ela era ou a perderia. E a cada vez que os via juntos, entendia mais e mais que era quem comandava aquele circo com maestria. Bastava uma chicotada para que tudo ruísse.
Chris, Hood e Tel sabiam de sua importância na banda, mas tinham consciência que sem nada daquilo existiria, se os subtraíssem da equação, a cantora ainda teria sucesso, mas sem ela, nada seriam.
A equipe toda parecia saber que ela era a jóia principal e protegê-la e fazer suas vontades, era a prioridade de todos.
- Adorei. - comentou vendo a foto tirada. - Obrigada J., me manda e a delete por favor. Essa é só nossa. - disse encarando a que também tinha se aproximado para ver o resultado.
Eram em momentos como aquele que ele tinha certeza que estavam indo no caminho certo, era a primeira vez que ela agia como se fossem um casal na frente de todos.
- Cinco minutos. - o gerente de turnê gritou, entrando no camarim.
De repente, todos que estavam naquela sala encararam e o silêncio predominou no local.
- She's a good girl, loves her gradma… - e seus amigos a olharam confusos.
- Loves Jesus and America too. - Chris cantou, como se soubesse que era sua vez.
- She's a good girl, crazy 'bout Elvis - Hood continuou parecendo feliz com a música.
- Loves horses and her boyfriend too. - Tel encarou sorrindo.
- It's a long day, livin' in Reseda, There's a freeway, runnin' through the yard - o restante da equipe que estava ali cantou e os meninos do se encararam encantados com o que estava acontecendo diante de seus olhos. Entenderam que era daquela forma que a banda iniciava seus shows, apenas entre eles.
- And I'm a bad girl cause I don't even miss him, I'm a bad girl for breakin' his heart - cantou, trocando o boy pelo girl, enquanto o técnico de PA conectava o retorno atrás de sua calça.
- And I'm free, free fallin'. - cantou alto, com a voz perfeita, fazendo com que todos o olhassem e ele apenas desse de ombros, rindo. - Yeah I'm free, free fallin' - dessa vez o acompanhou e a cantora sorriu ao ver que ele estava cantando no mesmo tom que ela.
Sem querer deixar de fazer parte de um momento tão memorável, embalou:
- All the vampires, walkin' through the valley, Move west down Ventura Blvd - se voltou para o garoto que vinha tirando seu chão, era completamente apaixonada por aquela voz.
- And all the bad boys are standing in the shadows, And the good girls are home with broken hearts - Nial e cantaram juntos sem querer, fazendo todo o camarim rir.
Ainda cantando, se aproximou de cada um dos integrantes de sua banda e os abraçou. Ao chegar na porta do camarim, estendeu a mão para que a segurasse e foram todos juntos caminhando pelo corredor em direção ao palco, cantando em uníssono.
- And I'm free, I'm free fallin', Yeah I'm free, free fallin'.
Um roadie se aproximou de lhe entregando um copo de whisky quente com mel e ela tomou seu tempo, tomando da pequena quantidade que a ajudaria a aquecer sua voz para o que estava por vir.
- Não imaginei que soubessem quem é Tom Petty. - disse encarando .
- Ouvi a primeira vez na versão do John Mayer e então fui atrás da original.
- Sua voz é incrível, se um dia vocês se separarem, quero escrever uma música pra você.
surpreso se curvou com uma das mãos na barriga em forma de agradecimento e admiração.
- Ei, e eu? - perguntou em tom brincalhão.
- Pensarei no seu caso. - disse roubando um beijo dele, largando o copo para trás.
O show como sempre era de outro mundo, mas para e aquele show foi ainda mais especial. Na segunda pausa entre músicas, onde geralmente interagia com a platéia, ela pareceu pensar.
- Eu quero tentar uma coisa… - pediu, tirando sua jaqueta e correu para o canto do palco, a entregando para . - Vocês conhecem uma música chamada Purple Rain? - perguntou olhando no fundo dos olhos dele, antes de se voltar para sua plateia que gritou animada. - Eu quero cantá-la. Chris?
- Eu preciso de cinco minutos - o guitarrista pediu indo até a bateria conversar com Tel e Hood. Estavam acostumados com o jeito de , seus pedidos eram sempre uma ordem e só os restava obedecer.
Demoraram alguns minutos para que os quatro se encaixassem no tom correto, mas os aplausos que se seguiram quando eles terminaram de cantar aquela música, encheram os olhos de de lágrimas.
Ela amava o rock pra caralho.🎤🎤🎤
acordou sem se lembrar onde estava, sua cabeça rodando não ajudava muito também. Memórias da noite passada e o toque do lençol em seu corpo, o situaram, estava no apartamento de em LA. Não era a primeira vez que ia ao local, o casal vinha ficando com mais frequência desde o dia em que ele foi ao seu show com o resto do grupo e ela cantou Purple Rain para ele. Aquele dia tinha acontecido há apenas três meses, mas parecia uma eternidade para os dois, que souberam aproveitar os momentos que tinham juntos para se divertirem como nunca. Sempre encontravam um meio de se terem.
Sua cabeça ainda estava envolta na neblina que tinha entrado no dia anterior, já tinha experimentado algumas drogas, mas foi com que aprendeu a apreciá-las e curtir o barato de cada uma, da forma que tinha que ser. Ele adorava fumar um baseado e conversar com ela por horas, vê-la compor e entender como funcionava seu processo para criar, ou então cheirar cocaína e dançar e cantar até o dia amanhecer. Mas o seu favorito era o ecstasy, só de pensar na pequena pílula podia sentir seu membro latejar em desejo pela mulher. Se sóbrio, o sexo com já era sensacional, sob o efeito do ecstasy , era de outro mundo. Um mundo que era só deles.
A cada vez que se encontravam, tornavam-se ainda mais conectados. O cantor nunca achou que fosse possível transar com alguém mais de dez vezes em uma única noite, mas com tudo parecia possível, ela era a sua droga principal, toda vez que a tinha, precisava de mais.
Aquela seria a última noite que teriam juntos em algum tempo e queria que fosse memorável, precisava provar que eles eram muito mais do que diziam.
De início os meninos acharam que estava exagerando sobre a profundidade de seu relacionamento com a roqueira, sabiam do quanto ele a admirava e que tinham conversado na sacada do hotel. Viram como ela se aproximou ao vê-lo na casa noturna, mas só foram de fato acreditar que eles tinham algo pra valer, quando foram ao camarim de seu show e o levou para o banheiro e mais ainda ao tirarem a icônica foto, que o cantor mantinha em seu celular como um tesouro secreto.
A partir daquele momento, tudo começou a acontecer mais rápido, parecia que ter o conhecimento dos dois grupos era o que faltava para que o casal passasse a ser mais aberto ao que viviam, já que podiam contar com o apoio de todos para se relacionar em segredo. Borrowed Peace e vinham formando a amizade mais bizarra do cenário musical.
A primeira foto de e apareceu pouco depois, os dois saíam do hotel e, num descuido, acabaram sendo flagrados, chamando atenção de diversas revistas e jornais sensacionalistas por todo o mundo.
Os rumores ficaram confusos, quando Hood postou uma foto com , os fãs e a mídia ficaram em polvorosa, mas o baixista estava pouco se fudendo para o que achavam, era um cara foda e sempre que se encontravam se divertiam pra caralho, não importava se ele fazia parte de uma boyband ou de um grupo de reggae.
A Borrowed Peace sempre postava as melhores preparações de show no YouTube oficial da banda e quando pediu que colocassem o vídeo deles cantando ao som de Tom Petty com a participação do sob o título “Foda-se os rótulos”, houve silêncio. Porque quando falava, todos ouviam.
Os primeiros sinais de que estava exagerando com as drogas, festas e viagens sem sentido, onde passava às vezes quatro, cinco horas com até ter que ir embora de novo, logo começaram a aparecer.
foi primeiro a notar o dia que voltou de uma noite em claro com , ainda sob o efeito de drogas. Ajudou o amigo a disfarçar, já que ambos sempre encontravam um jeito de sumir para dividir um baseado, porém, a cada encontro com a mulher, ele voltava ainda mais diferente.
Quando os meninos tentaram conversar com ele, para pegar um pouco mais leve nas drogas, bebidas e viagens sem sentido, viram o amigo alterar o humor e desconversar. não entendia que eles queriam apenas o seu bem e que nada tinham contra , apenas acreditavam que ele não conseguia ser o mesmo artista, se continuasse agindo daquela forma.
Contrariado, acabou se distanciando de seus melhores amigos e se aproximando ainda mais da cantora. A cada dia, pareciam mais e mais uma versão moderna de Jim Morrison e Pamela Courson, um sem o outro já não funcionava.
E ali estava ele mais uma vez, sem a menor vontade de abandoná-la, ainda mais que antes de embarcar para Los Angeles, tinha discutido mais uma vez com os amigos.
- Nós não somos contra o seu caso , não entendo porque você sempre fica na defensiva. Só estamos pedindo pra tomar cuidado com as drogas, a está acostumada, os fãs dela estão acostumados, mas você sabe que com a gente não é assim, com o não é assim. - tentava mais uma vez alcançar o amigo.
- Eu tenho isso sob controle, não faço todos os shows? A minha voz não continua a mesma?
- Cara, não é só isso, há tempos você não fica com mais ninguém e tá sempre saindo rumores da com o Chris e outros caras. - soltou e os amigos sabiam que aquilo era uma ferida aberta para . - Amamos você e só queremos que você tome cuidado pra não se machucar.
- Vocês nunca vão entender. Vocês não sabem quem ela é e o que acontece quando estamos sozinhos. Foda-se as notícias e o resto do mundo, o que eu e a temos não se compara a nada. O que nós temos é real.
Seus amigos só puderam vê-lo partir, sabendo que estariam ali quando ela partisse o seu coração.
- Boa tarde. - disse rouca, se jogando ao seu lado na cama, tirando de seus pensamentos - Já são quase cinco da tarde, o que você quer fazer na nossa última noite juntos? - perguntou, oferecendo do cigarro que tragava.
O cantor se virou para ela e sorriu, tê-la ao seu lado fazia tudo valer a pena. Pegou o cigarro e o tragou fechando os olhos, sentindo a nicotina invadir seu corpo. Exalou a fumaça antes de responder.
- Eu vi que vai ter um show de uma banda chamada Iceage, você gosta deles, não?
encarava o teto, senão teria visto a cara que ela fez.
- Sim, mas pensei de passarmos essa última noite só nós dois, como sempre. Eles vão fazer um segundo show amanhã, eu vou com o Chris.
- Liga pro Chris, vamos hoje. - deu de ombros, virando o corpo para encará-la. - Eu amo ficar na cama com você, mas é nossa última noite juntos em, o quê? Seis semanas? Não aguento mais ficar trancado aqui e em quartos de hotel.
- Sempre saímos juntos, mas temos que tomar cuidado. - o encarou, passando o dedo em seus lábios. - E aquelas fotos que saíram mês passado?
- , nossos passeios de carro a meia noite não contam. - se levantou, colocando sua boxer. - E estávamos todos juntos nas fotos. Vão continuar achando a mesma coisa de sempre...que saímos por conta da amizade do com o Hood.
- , nós conversamos isso lá atrás, eu perguntei se você sabia onde estava se enfiando e você disse que sim. Eu disse que não sou boa com romance em público, andar de mãos dadas e essa coisa de paparazzi enchendo o saco. Nós somos perfeitos assim, aqui, quando somos só nós dois.
- É um show , podemos chegar separados. Eu não preciso te beijar.
- Deve ter alguma outra coisa que possamos fazer - se levantou rápido demais e aquele foi o erro, , naquele ponto, a conhecia como poucos. - Vou mandar uma mensagem pro Chris e pro Hood, ver se fazemos algo todos?
- O que você está escondendo? - o cantor perguntou vendo digitar algumas mensagens no celular.
- Não estou escondendo nada.
- Não mente pra mim , somos nós, sou eu. - viu a mulher respirar fundo e o encarar.
- Não estou escondendo nada - repetiu - Eu só estou tentando manter nosso acordo.
O olhar de dizia tudo, ele tinha entendido. Claro que ele se lembrava do acordo. O acordo em que não contariam sobre as outras pessoas que ficavam.
- Você fode com algum deles?
encarou o chão, não sabia como responder. Ela podia não querer nada sério com ele e nem com ninguém e sempre deixou isso claro a todos, mas ocupava o maior espaço em sua vida junto com Chris. Amava os dois de formas tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Adorava tudo sobre o homem a sua frente, sua voz, seu toque, seus beijos, as conversas que tinham no meio da madrugada, o modo que ele sempre atendia suas ligações mesmo estando exausto de cansaço. Difícil era encontrar algo que ela não adorasse.
O sorriso dele acabava com ela, tanto, que ela tinha dito a Elias que não o veria naquela noite para poder ter mais um dia com , mas não pertencia a ninguém, ela pertencia ao mundo, a sua banda e ao rock.
não sabia, mas a cantora já tinha deixado de transar com outras pessoas porque só conseguia pensar nele, no que só ele a fazia sentir. A forma que só ele sabia tocá-la ou em como ele sempre a abraçava depois de gozar. não contou que não conseguia mais ouvir Love Me Two Times com mais ninguém, era só com ele. Ou que quando se tocava, era sempre pensando só nele. Mas ele disse que entendia, ele sempre disse que entendia.
- , seja minha. - se aproximou, sentindo seu coração se comprimir em seu peito. Não tinha vergonha de implorar por algo que sabia ser o certo. Ele sabia. Ele sentia.
- Nós somos de mundos diferentes, eu não pertenço a ninguém, . Você sabe disso.
- Você pertence ao Chris. - o cantor deslizou as costas da mão pelo braço de .
- , eu e o Chris, é diferente. - viu a mulher o encarar. - Você não entenderia, ninguém entende. Eu, o Chris, o Hood e o Tel somos uma família. Por mais que a minha ligação com cada um seja bem diferente, nós estamos conectados além dessa vida, nossa música, nosso som mostram isso.
O cantor assentiu e a mão que a tocava caiu ao lado de seu corpo, entrou no banheiro trancando a porta e pôde ouvir o chuveiro ligar, queria mais que tudo dividir a água com ele. Amava passar aos mãos em seu cabelo perfeito, sentir as mãos dele em seu corpo molhado, a verdade era que adorava tudo sobre ele.
Quando saiu do quarto, ele não a olhou. Pela primeira vez em todo aquele tempo juntos ele não a viu.
- Vou pro aeroporto - o cantor falou com a mochila em mãos.
- Mas, seu voo é só amanhã! - se levantou alarmada, sentindo seu corpo inteiro reagir a algo que ela não sabia o que era.
- Meu voo é particular, ele sai a hora que eu decido.
- , vamos aproveitar nossa última noite como sempre fazemos.
- Você quer namorar comigo? - o cantor perguntou direto e não conseguiu sequer manter o contato. - Eu imaginei que não.
- …
- Nossa música acabou, .
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O vídeo que assistia no Youtube para muitos poderia ser apenas mais um cover qualquer, mas só ele sabia o que Love Me Two Times significava para ele e para a pessoa que a cantava. Há um ano tinha visto cantar ao vivo pela primeira vez, por seis meses viveram um romance único e secreto e há três meses que não a via, não falava com ela, sequer olhava suas fotos. Não podia dizer que não doía, porque só ele sabia como ainda doía, mas se orgulhava de ter sido forte e dado as costas, porque se tivesse ficado, nem que fosse aquela última noite, teria perdido. Teria perdido ela e a si mesmo.
- Ei, gato. - tirou os olhos da tela e viu Kelly, a garota com quem tinha passado a noite se aproximar - Eu preciso ir, mas quer fazer alguma coisa mais tarde?
- O que você tem em mente? - perguntou espalmando a mão na bunda da mulher.
- A Borrowed Peace vai tocar hoje em Wembley, vocês conhecem a banda, não? - Kelly perguntou interessada, apontando para a tela de seu computador.
- Eu não vou. - disse fechando o aparelho e se levantou. - Você sabe onde fica a saída. - finalizou, batendo a porta do banheiro.
encarava a platéia sem acreditar, estava em Londres pela primeira vez e tinha esgotado todos os ingressos daquele enorme estádio. Apesar de estar feliz com a conquista, por dentro sentia aquela angústia que sempre aparecia quando se lembrava dele e como não se lembrar estando bem ali, onde tudo era ele.
Tinha enviado uma mensagem para ao tocar sob o solo inglês perguntando se ele queria encontrá-la pelos "velhos tempos" escreveu, sentindo-se tola. Era mais uma mensagem que não seria respondida. Enviou outra, o convidando para ir ao seu show, assim como todos os outros garotos, mas ele fora o único a não aparecer.
Gostava de dizer a si mesma que não importava, que um iria e outro logo o substituiria, sempre fora assim, mas nenhum tinha conseguido marcá-la como tinha feito. Os homens em sua maioria tinham medo dela, eram poucos os que se aproximavam e ainda mais raros os que a interessavam. Com , desde o começo tinha sido diferente.
Ver com os próprios olhos a cidade onde nasceu algumas de suas bandas favoritas como Led Zeppelin, The Who e Pink Floyd e que por tantas vezes ouviu descrever era estranho, sempre imaginou que o teria ao seu lado quando visitasse aqueles lugares, tinham feito tantos planos. Mas sentiu-se hipócrita, mal saia de um quarto de hotel quando estavam juntos, como pôde imaginar que passeariam pela cidade? Sendo ambos tão famosos e de mundos tão diferentes?
A cidade, mesmo cinza, lhe trouxe um alívio que não sentia desde o dia que ele tinha lhe dado as costas, passear pelas ruas de Camden Town a fizeram ter ainda mais saudade de . Sentiu-se próxima dele, mesmo sabendo que não poderiam estar mais distantes.
Seu show estava chegando ao fim, mais três músicas e era aquilo, Londres ficaria para trás e com ela, .
Foi um relance, uma fração de segundo e seu olhar caiu nele. Ele tinha ido, ele estava bem ali. Perguntou-se há quanto tempo, tinha acabado de chegar? Esteve ali o tempo todo? fechou os olhos sem acreditar, os abriu novamente e ele continuava a sua frente, não eram as drogas, o álcool. Era ele.
Uma música lhe veio à cabeça.
- Londres, vocês não sabem o quanto eu estava ansiosa para esse show. - disse olhando toda a plateia, que gritou extasiada, para então voltar seu olhar para o cantor. - Eu nunca estive aqui antes, mas eu conheci toda a cidade através dos olhos de uma pessoa que sempre me inspirou poesia e foi como ver um filme passar pela minha cabeça. Jeff, eu quero o meu violão. - pediu a seu roadie, que parecia não acreditar no que ouvia.
tocava guitarra, ela sabia, também sabia, ela era boa. Claro que era boa, riu de si mesmo. Havia algo em que ela não fosse? No amor, respondeu a si mesmo mentalmente. Ela estava tão linda, ainda mais linda, achou importante notar. A cantora usava uma das muitas camisetas que tinha roubado dele e suas botas favoritas, sabia que não era uma simples coincidência.
Enquanto ajeitava o instrumento em seu corpo, Chris e Hood se aproximaram para tentar entender o que ela queria. A resposta era óbvia, um show, um que quem não tivesse ido, se arrependeria de não presenciar.
pensou muito antes de aparecer ali, mas no final a curiosidade e saudade venceram. Tinha dito a si mesmo que ficaria ao lado do palco, escondido entre todas aquelas pessoas, mas ele precisava saber e foi por isso que decidiu ir para a área de imprensa, que a essa hora já estava vazia.
estava concentrada, domando toda a multidão da forma que sempre fazia com maestria. A platéia sabia cantar todas suas músicas de cor e ele podia ver nos olhos dela o quanto aquilo a enchia de tesão. O sorriso que ela dava, era o mesmo que ele estava acostumado a receber, o verdadeiro.
Demorou, mas ela o viu. Ela não esperava que ele fosse aparecer e o que viu refletir nos olhos da mulher disseram muito mais do que ela dissera em meses, sua estava ali. Poderiam ter se passado três, seis ou nove meses, ele ainda conseguia ler aqueles olhos.
Aquilo tudo, era para ele.
- Eu não sei como isso vai sair. - ela disse um pouco nervosa, algo que só ele notou. - Eu sempre cantei essa música por brincadeira e espero que eu tenha fôlego suficiente para terminá-la.
- Se você não tivesse bebido tanto antes do show começar. - Chris disse rindo e recebeu o dedo do meio em resposta.
- Cala boca, Chris. - brincou, antes de fechar o sorriso e voltar a ser o que a fazia tão talentosa. Voltou para o mundo onde era somente ela e sua música. - Eu quero cantar essa música não só porque me deu vontade, mas porque há músicas que não tem fim e eu não quero que a nossa acabe. - a cantora disse olhando nos fundos dos olhos de , antes de fechar os próprios.
O som do violão fez com que a multidão se calasse imediatamente, aparelhos celulares foram sacados e enquanto algumas pessoas apertavam o botão para gravar aquela apresentação, outros ligavam o flash do aparelho, transformando Wembley em um grande encontro a velas.
O assobio começou logo em seguida, calmo, tranquilo, mas foi preciso de apenas um segundo completo para que toda a arena viesse praticamente abaixo. O coração de parecia sair pela boca, estava de olhos fechados, por isso não viu o sorriso que o cantor deu. Aquele que também era só dela.
estava com medo de voltar a abri-los e ele ter sido só uma miragem, mas não podia perder a oportunidade de guardar na memória mais uma imagem dele.
- Shed a tear 'cause I'm missin' you, I'm still alright to smile. Boy, I think about you every day now. - mal podia piscar, sentia um orgulho dela, de sua voz, que parecia explodir em seu peito. - Was a time when I wasn't sure, But you set my mind at ease. There is no doubt you're in my heart now. - recitou aquelas palavras diretamente para ele. - Said man take it slow, and it'll work itself out fine. All we need is just a little patience.
Todas aquelas pessoas estavam vivenciando algo tão íntimo, uma declaração de amor entre duas pessoas que se amavam e se entendiam como poucas.
- If I can't have you right now, I'll wait dear. Sometimes I get so tense but I can't speed up the time, But you know love there's one more thing to consider. Said man take it slow and things will be just fine, You and I'll just use a little patience.
Era a primeira vez que tocava algum instrumento musical em seus shows, ela sempre preferiu usar sua voz e seu corpo para compor sua performance, mas o violão parecia fazer parte dela tanto quanto sua voz. A maestria com que tocava o solo de uma de suas músicas favoritas do Guns'n'Roses fez não só a admirar ainda mais, mas fez com que seus fãs entrassem na canção junto com ela e as lágrimas que vieram no rosto da mulher eram de alegria, de certeza. Aquele era o caminho dela, aquele era o seu mundo, do rock ela viveria e do rock ela morreria.
Chris e Hood acompanhavam sua performance com um segundo violão e baixo enquanto Tel tinha largado suas baquetas e encarava admirado o que sua banda era capaz de criar, o que era capaz de fazer. O estádio inteiro começou a bater palmas ao ritmo da música. Sorte a dele o dia que entrou sem muita vontade naquele bar, anos atrás, porque aquele momento era dele, era de sua banda. Aquele era o primeiro show de uma turnê que ele nunca esqueceria e tivera a sorte de estar sentado no melhor lugar daquele estádio.
- I've been walking the streets at night, just trying to get it right. It's hard to see with so many around. You know I don't like being stuck in the crowd. And the streets don't change but maybe the names, I ain't got time for the game 'cause I need you . - cantava esperando que pudesse sentir o quanto aquela música dizia por ela, por eles.
Ele também sentia. Não tinha tirado os olhos dela por um segundo sequer.
dedilhou os últimos acordes da música e sorriu. Ela não conseguia tirar os olhos da platéia que aplaudia sua música, sua banda, como antes ela só tinha visto acontecer com seus ídolos. Sorrindo, tirou o violão que estava preso a seu corpo, o passando para Jeff. Deu pequenos passos até a ponta do palco e se curvou, agradecendo a multidão por terem dado vida aquele momento que era deles, mas ao mesmo tempo, só dela.
Por último, relutante, com medo, seu olhar se encontrou com o dele, a fazendo se ajoelhar no palco e esticar a mão para ele. não teve dúvidas, se aproximou e a tocou e naquele momento, os dois sabiam. A música não tinha acabado, ela apenas tinha dado uma pausa.
🎤🎤🎤
A turnê da Borrowed Peace na Europa estava perto do fim, mas as reportagens que lia ou escutava pareciam estar apenas no começo. tinha entrado ainda mais no mundo ao que fazia parte e sempre que aparecia uma nova foto dela, ficava triste, pois sabia o que elas significavam, a cantora estava se afundando nas drogas.
Depois do show de Wembley, que agora já parecia mais distante do que nunca, ligou para . Passaram horas ao telefone conversando sobre tudo, menos sobre eles. Aquilo o fez tão bem, que passou a ligar para ela de vez em quando, apenas para que pudesse voltar a ter alguma conexão, nem que fosse mínima, com quem ele sabia que nunca esqueceria.
Tudo parecia bem, pareciam estar andando no caminho certo para quem sabe um dia, se fosse o certo, voltarem a ser algo, mas o que nunca pôde imaginar, era o quanto aquilo vinha fazendo mal a . Aquele contato incerto, cheio de dedos, era ainda pior do que quando não tinha uma resposta sequer.
Com a agenda cheia e a solidão da estrada, encontrou conforto e razão em algo que antes só usava por prazer, por lazer. A transição foi fácil, todos sabiam o quanto Chris era viciado e o quanto eles eram grudados e, não importava a cidade em que estavam, o guitarrista sempre parecia conseguir alguém para lhe vender todos os tipos de drogas. Tel, por ser o mais velho, continuava a cuidar da cantora de longe, a ajudava se manter sã para as apresentações, mas tinha pouco controle nos dias de folga.
A equipe via a dupla se afundar sem saber o que fazer, parecia um ciclo vicioso que acometia todas as bandas de rock do passado e do presente. Era fácil se perder naquele meio, tão solitário e assustador, os demônios que preenchiam sua mente pareciam tomar ainda mais força.
Em uma noite, já estava dormindo, mas por sorte ou destino, tinha esquecido de silenciar seu aparelho quando ele tocou. Era , essa era a única certeza que ele tinha, o resto ele não fazia ideia, porque não entendia uma palavra sequer do que ela dizia, mas mesmo sem entender passou as próximas duas horas falando sem parar, com medo do que poderia acontecer se desligasse o aparelho. A mulher soava completamente fora de si e não se perdoaria se algo acontecesse justo com ele, quando ele ainda tinha tanto a dizer.
Na manhã seguinte ao acordar, percebeu que acabou dormindo ao telefone com ela. Tentou ligar, uma, duas, quinze vezes e em nenhuma ela atendeu. Passou o resto do dia preocupado, com o coração prestes a sair do peito, uma dor que ele nunca tinha sentido antes na vida.
Hood e Tel também estavam fora de circuito e não responderam suas ligações e mensagens. Jeff tinha respondido que ele já estava na estrada indo para o próximo show com os caminhões e que a banda tinha ficado para trás para fazer algumas entrevistas e que não os veria por dois dias. Aquilo não ajudou em nada.
Foram doze horas em que mal conseguiu respirar, até que seu celular finalmente tocou:
- Ontem eu tive a maior viagem da minha vida, sonhei ou alucinei que você estava aqui. Eu estava deitada na cama e você aparecia segurando um urso branco. Você me dizia que ele era seu, mas logo depois colocava fogo nele e o jogava pela janela. Mas tirando essa parte, foi tão real. Você se deitou ao meu lado e cantou uma música, uma que eu nunca tinha ouvido antes, mas que não consigo tirar a melodia da cabeça...era mais ou menos assim…
começou a cantarolar uma música e sorriu, a roqueira sequer imaginava que estava reproduzindo uma música do .
- Não foi um nem outro, . Você me ligou e nós nos falamos por horas. Eu te contei de quando minha prima era mais nova, ela tinha um urso maldito que tocava uma música insuportável e numas férias ela passou a semana inteira com aquilo na minha orelha. Certa noite a minha família estava jantando e eu aproveitei para jogá-lo na lareira, "sem querer". Até hoje eles não sabem que fui eu.
- Foi tão real. - a mulher fechou os olhos, sentindo as memórias voltarem, embora ainda lhe parecessem mais como um sonho.
Os dois se falaram por mais alguns minutos até que pediu para desligar. Segundos depois, o cantor ouviu o barulho de uma nova mensagem recebida.
: , eu não sei o que é real ou não e eu preciso perguntar. Eu disse que te amava?
: Você não fazia muito sentido ontem, . Você poderia estar recitando um livro de matemática que eu não saberia a diferença.
Aquela foi a última mensagem que os dois trocaram.
Quem passou a ignorar as mensagens e chamadas do outro daquela vez, fora ela.
🎤🎤🎤
Depois de dois meses e meio, a turnê européia da Borrowed Peace tinha chegado ao fim, aquela era a última semana de no velho continente. A cantora não via a hora de voltar para o seu país, para a sua casa. O grupo teria dois meses de férias, mas provavelmente se encontrariam para compor, já pensando num segundo álbum, antes de começarem tudo de novo, dessa vez pela América Latina.
ainda revivia as coisas que tinha feito nos últimos meses e entendeu um pouco mais do que estava por vir em sua carreira e vida pessoal, não podia negar que parte daquela turnê tinha passado como um borrão, mas mal podia esperar para fazer tudo novamente.
Estavam na Escócia, a caminho do Radio 1 Big Weekend, evento produzido por uma rádio inglesa e que a cada ano acontecia numa cidade diferente, com diversos artistas, dos mais variados estilos. Haviam chegado em Glasgow no meio da noite e mal tinham dormido.
sentia-se inquieta, há meses que sequer ouvia a voz de , a não ser pelas antigas mensagens que trocaram. Sabia que era sua culpa, provavelmente teriam se distanciado a ponto de não ter mais volta, mas precisava ver seu sorriso ao vivo, pelo menos mais uma vez. Nem que fosse a última.
O backstage estava tomado por bandas, equipes, vips e trabalhadores e ainda com sono, a roqueira foi para o seu camarim dormir. Algumas bandas que eles conheciam da estrada tocariam naquele fim de semana e como muitos estavam hospedados no mesmo hotel, a after party já estava garantida.
A cantora acordou com a cabeça doendo e o sol batendo forte em sua tenda, que fazia as vezes de camarim. Ouviu risadas e, ao abrir os olhos, deu de cara com a encarando divertido.
- O que você tomou pra dormir tão pesado assim? Estamos fazendo barulho há algum tempo.
- Vai a merda. - se levantou sorrindo e o abraçou forte. - Por favor, me diga que o show de vocês já acabou?
- Engraçadinha, ainda falta uma hora. - o cantor disse, observando a mulher escanear o local - Ele não está aqui.
- Tá tudo bem. - respondeu um pouco envergonhada, algo que o cantor não tinha presenciado antes - Eu…
- Ele teria vindo, mas não sabia se devia.
- Esse setlist de vocês, tem alguma música boa? - atiçou, recebendo o dedo do meio de em resposta.
Uma uva a acertou na cabeça e avistou em frente a mesa de comida com um cacho na mão. Se aproximou sorrindo, antes de pegar um muffin e jogar na direção do cantor que se atrapalhou todo, deixando muffin e cacho caírem no chão, tirando uma gargalhada da mulher. Os dois se abraçaram e enquanto conversavam sobre a última turnê da banda, pegou algumas frutas e queijos para comer e recebeu um olhar questionador do cantor. Deu de ombros e seguiu para a mesa de bebidas e pegou a garrafa de whisky que ela sabia ser só dela.
- Ah, que susto! Achei que fosse pegar a água. - disse segurando uma risada, roubando mais uma uva do prato da mulher.
- Não sabia que essas boybands de hoje em dia vinham personalidade. – zombou, se jogando novamente no sofá, a acompanhou - Quantas músicas vocês vão cantar?
- Sete. Você nunca ouviu nada nosso? - perguntou curioso
- Desculpa, não é pessoal. Só não faz meu estilo. - admitiu, vendo concordar e ficou feliz ao ver que ele não pareceu muito chateado - Eu sou apaixonada na voz do , a gente tem algumas gravações juntos. Eu gosto também da sua voz...
- Não tem problema, . - tentou pegar mais uma uva, recebendo uma careta em resposta - Hoje é o seu grande dia.
- A tem ouvido algumas coisas melosas ultimamente, aposto que vai curtir todas - Chris se jogou ao lado deles a abraçando, fazendo com que a mulher lhe desse um chute.
- Vou trazer uma camiseta do pra você usar. - comentou, a fazendo revirar os olhos.
- Vão a merda todos vocês - respondeu rindo, roubando o boné de antes de sair do camarim, os fazendo gargalhar.
As fotos em seu celular pareciam pertencer a outra pessoa, via aquele casal tão apaixonado e mal se reconhecia nelas. não entendia como uma mulher podia ter tanto poder sobre ele, tinha seu coração e ele não sabia se um dia poderia tê-lo de volta. Sabia que estavam no mesmo local, que seus amigos estavam com ela, mas se via preso em seu camarim, não tinha saído desde o momento que voltou da passagem de som com medo de encontrá-la. Tinha medo do que sentia quando estavam juntos. Tinha medo que a a dor, que parecia finalmente ter cessado, voltasse com ainda mais força.
Estava quieto em seu canto há tanto tempo que nem reparou quando ela entrou em seu camarim, reparou através do espelho que todos voltaram seu olhar para ele e confuso, não entendeu. Girou em sua cadeira apenas por tempo suficiente para vê-la sair do local apressada.
Mesmo de costas ele sabia, nem de perto estava prestes a esquecê-la.
🎤🎤🎤
estava de volta ao hotel, exausta do dia que tivera. Hood, Tel e Chris estavam no quarto de Dan Smith, vocalista do Bastille, para onde ela estava indo. Provavelmente dividiria um baseado com alguém e iria para seu quarto dormir. Ainda sentia seu ouvido zumbir e seu corpo reagir ao show que acabara de fazer. Seu coração batia acelerado, mas sabia bem o motivo. Tinha visto fazendo o que amava pela primeira vez e se de começo não estava curtindo nenhuma das músicas, algo mudou quando uma nova música começou. Ela era mais calma, acústica e sem perceber se viu presa, a música era linda. Tão linda quanto . Tão linda quanto o que sentia por ele. Ela devia ter lhe dito, meses atrás, ela deveria ter dito a verdade. Talvez agora fosse tarde demais.
Apoiou as costas no fundo do elevador e fechou os olhos, suspirando fundo. Aquele era o fim, tinha que aceitar que tinha estragado tudo.
Um barulho, um som e seus olhos abriram, era ele. parecia tão assustado quanto ela, ali segurando a porta do elevador para que não se fechasse. sorriu, aquele sorriso que ele tanto amava e deu um passo à frente, mas logo congelou. estava acompanhado, atrás dele apareceu uma garota que parecia ter ganho na loteria. A cantora deu dois passos para trás e se calou.
As mãos de tremiam, mas que merda era aquela? Tinham se evitado o dia inteiro e bem naquele momento se encontravam? O silêncio naquelas quatro paredes de metal só não era maior que o barulho de seu coração batendo acelerado. A campainha indicou a porta se abrindo.
se movimentou ao seu lado apressada, se ele movesse o braço um pouco para o lado a tocaria, mas não o fez. Olhou para a mulher, como se fosse uma despedida. Era aquilo. Como músico ele sabia, algumas músicas morreriam inacabadas.
A porta se fechando lentamente era quase um ode ao que não viveriam. Ele nunca a esqueceria. Já estava com saudades.
- ! - a porta se abriu novamente e o cantor encarou a mulher, que parecia tão vazia quanto ele - Eu não estava… - encarou o chão respirando fundo, antes de encará-lo - Eu não estava recitando um livro de matemática.
Não foi preciso meio segundo para que ele soubesse o que aquilo significava. A porta se fechou tão rápido quanto a dor o invadiu.
- Que mulher louca. - sua acompanhante disse, completamente perdida naquela conversa.
🎤🎤🎤
- Esquece , eu não vou ficar assim com você.
e Chris estavam no quarto do guitarrista, ela tinha recorrido a ele após o encontro com . Foi necessário apenas um olhar para que ele soubesse que ela precisava dele, era sempre assim entre eles, não importava o que estava acontecendo, sempre seriam prioridade para o outro.
- A gente sempre fica, Chris, qual o problema? - a cantora perguntou, ao terminar de cheirar mais uma carreira de cocaína.
- Eu amo curtir com você, mas quando estamos na mesma vibe. Você só está assim por causa do .
- E o que importa? - ela questionou irritada.
- Você devia estar dando pra ele, você gosta dele . Pra que ser tão teimosa? Vai lá no quarto dele e fala que o ama e pronto, foda-se a mídia, as turnês em continentes diferentes, foda-se tudo.
- Ele está acompanhado. - resmungou, se jogando na cama ao lado de Chris, que lhe entregou a garrafa de whisky que tomava.
- Grande merda, você está aqui comigo. Vai lá, senão você vai se arrepender como eu.
- A garota de Berlin? - questionou e Chris fechou os olhos concordando. - Liga pra ela, talvez ela ainda não te odeie.
- Pode ser. - Chris encarou a amiga, segurando em sua mão. - Sabe o que me atraiu pra você quando te vi a primeira vez? A mesma coisa que atrai nossos fãs quando você entra no palco, tem algo sobre você , é único. Mas, ainda mais incrível do que a vocalista da Borrowed Peace, é quem você é quando estamos só nós dois. É quem você é quando fala sobre o .
- Eu te amo tanto, Chris.
- Eu também, .
andava pelos corredores sem saber onde mais bater, não demorou para dispensar a garota que sequer lembrava o nome, ela não chegou nem a passar pela porta de seu quarto. Desceu as escadas e tentou identificar o quarto de , nenhum tocava Jim Morrison, bateu mesmo assim. Nenhum era dela.
Hood estava na recepção se despedindo da garota que tinha acabado de transar quando encontrou com . Juntos foram procurar o gerente da turnê que sempre ficava com a segunda chave dos quartos da banda. Nada. O quarto dela estava vazio, seu celular jogado na cama com todas suas ligações perdidas.
- Vamos no Chris, eles devem estar juntos.
Em silêncio, os três seguiram dois andares para baixo. Não foi preciso bater em porta alguma. O coração de se quebrou.
corria pelo corredor batendo em todas as portas, pedindo por socorro. Hood foi o primeiro a alcançá-la.
- O Chris! O Chris! - gritava sem parar.
O baixista, ao entender o que ela dizia, correu para o quarto que tinha a porta aberta, Tel fazia massagem cardíaca no corpo inerte do guitarrista. Barry, o gerente da banda, já estava ao telefone com o hotel e a ambulância, quando entrou. Eram muitos sons, mas ele só conseguia ouvir um, o desespero de .
- , o que vocês usaram? - Barry gritou para a mulher, que mais parecia uma menina perdida em meio ao tiroteio.
- Eu não sei. - suas mãos tremiam - O Chris tem todas essas coisas. - apontou para as seringas jogadas ao lado do corpo do guitarrista. - Eu não sei. - se aproximou, a abraçando.
- Speedball. - logo reconheceu Derek, o roadie de Chris, entrando na frente de todo mundo. - Ele misturou, mas que merda!! - disse irritado, chutando a cama.
se encolheu dentro de seu abraço.
- . - Hood se aproximou, segurando seu rosto. - Você misturou alguma coisa? Você injetou? - a dor nos olhos do amigo a assustaram, tanto ele quanto se sentiriam aliviados ao vê-la negar. a apertou ainda mais em seu abraço. Hood encarou o cantor.
- Eu fico com ela. - garantiu ao baixista.
Tudo parecia passar como um borrão pelos seus olhos, viu Derek ajudar Tel a fazer a massagem em Chris. Barry berrou chamando a atenção para uma pessoa que tinha acabado de entrar com o celular em mãos, Hood lhe deu um soco e fechou a porta.
- Eu fui te procurar, mas eu não te achei e voltei, ele estava tremendo, eu não sabia o que fazer.
- Shhh. - tentou proteger de continuar a ver seu melhor amigo e parceiro perder a vida - Vai ficar tudo bem. – disse, tentando convencer a si mesmo.
Eram 2.47 da manhã quando a morte de Chris foi declarada.
Quando a polícia terminou de fazer a perícia e o corpo do guitarrista foi levado, a banda pediu um momento e ficaram apenas os três no local. O último local em que foram quatro.
Tel, Hood e se abraçaram pelo que pareceu uma eternidade, ainda anestesiados e completamente perdidos sobre o que fazer e como continuar sem Chris.
- Eu não quero morrer. - disse em voz alta o que estava repetindo a si mesma. Ainda sentia a cocaína em seu corpo.
- Nós vamos cuidar de você, ok? - Tel a abraçou de lado. - Sabemos o que você e o Chris tinham, mas também somos sua família, também precisamos de você.
- Eu amo vocês. - os abraçou, sentindo as lágrimas voltarem.
Juntos, saíram do quarto e o que viram os encheu de alegria e tristeza.
Sentados no chão, ocupando todo o corredor, estava toda a equipe da Borrowed Peace. Quando os viram, todos se levantaram, os encarando incertos, ninguém sabia muito bem como agir, o que falar. Todos, menos uma pessoa.
Ele se aproximou de e ofereceu sua mão.
Ela a pegou.
🎤🎤🎤
Logo após o enterro de Chris, se internou em uma clínica de reabilitação. Nem de longe tinha os mesmos vícios e demônios que o guitarrista, mas não queria pagar para ver até onde poderia chegar. Não queria morrer. Era a frase que repetia mentalmente há seis meses, desde o dia que perdeu a pessoa mais importante de sua vida.
A Borrowed Peace estava finalmente de volta.
detestava premiações, no passado teria cheirado com Chris, para se divertirem juntos até que pudessem ir para alguma festa decente, mas por ironia, estava fazendo aquilo por ele. Não queria que todos se lembrassem dele por sua morte, queria homenagear sua vida.
Tel e Hood a observavam felizes, foram meses esperando sua ligação, confirmando que a banda não tinha acabado. Mais do que nunca, seriam ainda apenas os quatro.
terminou seu copo de whisky e se virou para o produtor que a aguardava para colocar o retorno em seu vestido. Estava ansiosa.
Caminhou de mãos dadas com Hood e Tel, sentindo-se observada. Todo o backstage parou para vê-los passar.
A icônica Fender Jazzmaster verde esmeralda do guitarrista a estava aguardando nas mãos de Jeff, seu roadie. Jamais seriam capazes de substituir Chris, não por enquanto ao menos. Mesmo passando os últimos meses treinando, sabia que não chegava sequer aos pés do talento que o amigo tinha, mas faria aquilo por ele, mesmo que saísse tudo errado. Quase podia vê-lo rindo de sua cara.
As luzes do Microsoft Theater se apagaram e foi para a frente do palco, fechou os olhos e suspirou fundo, era a hora. Olhou para o lado e viu Hood, olhou para trás e viu Tel. Ao olhar pro lado direito, sentiu Chris.
O solo de guitarra de We're Alright, a música que tinha feito com que as habilidades de Chris na guitarra fossem elogiadas por diversos monstros do rock, ecoou no mesmo segundo que as luzes se acenderem. estava de volta. Pronta para voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Do topo.
Podia ver a surpresa no olhar das pessoas ao vê-la na guitarra, não sabiam de sua capacidade, do que era capaz de fazer por Chris.
sentia seu coração acelerado, tinha esperado tanto por aquele dia, e ele havia finalmente chegado. dominando o espetáculo, como sempre fazia. Ainda mais linda, ainda mais dona de seu coração.
Riu ao ver seu vestido, era da cor de sua pele e um tanto quanto transparente, podia ver a calcinha que ela usava e o piercing que ele tanto adorava. Não poderia ser mais ela. Ele não mudaria nada.
Não se viam há algum tempo e estava cheio de saudade.
Os fãs da banda, que foram convidados a ficar num pequeno cercado durante a apresentação, tornavam a homenagem ainda mais especial, mas a maior surpresa, quem tinha guardado para todos, tinha sido a vocalista.
- Obrigada! - agradeceu as pessoas que a aplaudiam. - Se o Chris estivesse aqui, ele estaria tentando encontrar uma desculpa para ir embora. - riu ao se lembrar do jeito do amigo - Ele amava o rock, amava essa guitarra e amava nossa banda, mas tinha uma coisa que ele amava mais do que tudo isso, a nossa amizade. - sentiu seu coração apertar ao vê-la segurar as lágrimas - Antes dele morrer, ele me deu um conselho. Eu não posso reproduzí-lo aqui sem que tenham que cortar meu microfone, mas essa próxima música é para dizer que eu te ouvi, Chris. Essa é pra você. Eu nunca vou te esquecer.
Aquela música a tinha tocado desde a primeira vez que a ouviu e havia ajudado a cantora a enfrentar um dos períodos mais difíceis de sua vida. Mesmo quando estava internada, aquela música a fazia pensar em Chris, a fazia sentir-se próxima de .
Nunca nada os separaria. Nem mesmo os Deuses, que tinham lhe tirado Chris tão cedo a fariam se esquecer dele. A fariam esquecer o que a fazia sentir. Era ela e eles. Juntos.
Não demorou para que o se entreolhasse. Eles conheciam aqueles acordes bem demais. Ela estava tocando uma música deles.
Nos três telões posicionados atrás do palco surgiram fotos de Chris, da Borrowed Peace, mas também fotos que só tinha visto antes. Ele sorriu e encarou , aquilo estava realmente acontecendo.
era única e agora, só dele.
Quando a primeira foto de e se beijando apareceu no telão, muitas pessoas se viraram para onde ele estava sentado, mas já não estava mais em seu lugar. Ele estava onde sempre pertenceu, ao lado do palco, ao lado dela.
Sob os aplausos de todo o teatro, , Tel e Hood se abraçaram emocionados. Chris estaria com eles para sempre.
As luzes se apagaram e o sentiu. Ela sempre o sentia, mesmo no escuro, ela o via.
As mãos de tocaram a sua e mesmo sem vê-lo completamente, ela sabia. Ele estava sorrindo. Ela também estava.
Se aproximou ainda mais do cantor, entrando no abraço que tanto sentira falta. sentiu como se finalmente estivesse completo, poderia finalmente beijar sua namorada.
E ali, entre a escuridão e a multidão, e se imortalizaram em uma canção.
era única, sua presença no palco hipnotizava a multidão, homens e mulheres a encaravam em descrença. Como podia ser tão hábil? Era visível e tocável seu talento puro, único, crú.
A mulher se mexia no palco de forma sensual, enquanto sua voz embalava mais uma de suas canções que tomavam conta de todas as paradas musicais. Seus olhos fechados demonstravam o quanto ela sentia a música, muito além de cantá-la, parecia reviver alguma coisa em sua mente, quase como se tivesse em transe ao recitar aquelas palavras, e era aquilo que fazia com que ficasse excitado ao vê-la completamente entregue ao próprio som, ao próprio dom.
Acompanhada de Tel, Hood e Chris, dominava a multidão. A cantora não fazia trocas de roupa, cenário, nada, era ela, sua voz e sua banda e aquilo era o suficiente. Seu estilo era copiado por muitas, mas o que nenhuma mulher ainda tinha entendido, era que era incopiável.
Sua voz aveludada vinha acompanhada de um corpo que não era o mais perfeito que ele tinha visto, mas sua atitude e performance, a faziam ir além de qualquer melhor sonho que ele poderia ter. Segura de si, usava e abusava de sua ferramenta de trabalho.
Naquela noite a cantora usava um vestido leve, preto de alcinhas, com pequenas bolinhas brancas preenchendo todo o tecido, mas nos pés as botas pratas, com três corações desenhados em cada, junto ao seus óculos cor de rosa, lhe davam um toque sexy e viciante.
Desde que ele tinha colocado os olhos nela, sabia, havia dois tipos de pessoas no mundo, aqueles que entretinham e os que apenas observavam e ele poderia sim ser parte de uma das maiores boybands do mundo, mas frente aquela mulher, ele não era nada, apenas mais um passageiro na viagem que era ver e sua banda performar.
Mesmo através de seus óculos, via sua platéia, ela sempre os via, show após show, ela os tinha. Um sorriso ladino, com tesão, surgiu em seu rosto, eles estavam ali por ela, por sua banda, pelo seu som. E isso era tudo que ela sempre quis, ver e ser ouvida. Tirou o objeto dos olhos sob os olhares atentos dos fãs, que gritaram extasiados quando ela os atirou em sua direção. Era um de seus óculos favoritos, mas ela não ligava, só sentia, em seus shows só fazia o que tinha vontade, o que sua mente e coração diziam, ritmados pelo som da guitarra, do baixo e da bateria que sua banda tocava com maestria. Se não fosse com eles, não seria com mais ninguém.
Quando os quatro se juntavam para tocar, era melhor que qualquer noite de sexo que teriam em suas vidas. Transar era bom, mas a música, a música era foda.
A frente da Borrowed Peace era o seu lugar, a cantora sabia que todos estavam ali por ela e mais ninguém e não havia nascido para se contentar com menos do que aquilo, com menos do que o mundo. O palco era o seu mundo e ali, quem mandava era ela .
O show já passava da metade, mas o que todos seus fãs sabiam, era que quando entravam em seu show, poderiam ficar ali por muito mais tempo que o esperado, quem ditava as regras não era o contrato ou o setlist, mas . Se ela quisesse cantar cinco covers, além de todas as músicas do seu álbum recém lançado, ela cantaria e se quisesse repetir uma música que o público realmente sentiu a canção, ela assim o faria, mas tinha uma música, uma que todos esperavam ansiosos, assim como ela. Os motivos eram diferentes, mas a sensação era a mesma - liberdade.
Meant To Be ecoava pelas caixas de som da arena e as batidas da bateria entravam em seus ouvidos e corpo da mesma forma que as drogas invadiam sua mente. Os riffs de guitarra a deixavam molhada, com desejo e tesão e sempre fazia somente o que queria, ela era dona de si, do próprio corpo e da própria arte, ela fazia amor com seus fãs através de suas músicas, e naquela noite, ela queria gozar junto com eles.
Aquela música era deles e para eles e ela se sentiu completamente livre quando seus seios despontaram por sob as alças caídas de seu vestido. Eram poucos segundos, mas tempo o suficiente para que juntos, eles fossem apenas canção.
Quando performava, ela podia sentir a adrenalina correndo em suas veias e seus fãs saiam de seu show sabendo que nunca teriam uma experiência como aquela novamente.
Com a sensação de dever cumprido a mulher saiu do palco acompanhada de sua banda, quando um garoto qualquer tentou lhe entregar um cd. Ela leu o título brevemente e riu, nunca tinha ouvido falar em , mas só pelo nome sabia que devia ser algo que ela jamais ouviria e por isso ela passou reto por ele.
E, era com aquela garrafa e seu cigarro que a cantora estava na varanda do hotel, reservada apenas para hóspedes que se hospedavam nos andares presidenciais.Seus olhos estavam fechados, ela queria sentir a noite, as estrelas e o ar livre para deixar que sua imaginação e seu baseado a levassem para um lugar onde ela conhecia bem, o lugar que a inspirava e a fazia criar arte.
O som da porta se abrindo foi bem nítido, mas não se incomodou, ela estava presa em seu mundo paralelo. Quando finalmente voltou a abrir os olhos, ela o viu, ele estava sentado nas costas do banco que ficava no local, fumando em silêncio e parecia tão ou mais pensativo que ela. Não estavam próximos, mas mesmo assim ele a intrigou o suficiente para que o analisasse por completo, não saberia dizer quanto tempo ficou ali, apreciando sua bebida e ele, mas tinha sido tempo suficiente para que ela tivesse uma única certeza, ele poderia ser música.
O cigarro já tinha terminado de queimar, mas não estava pronto para voltar para o seu quarto, tinha ido até ali para fugir da multidão e da solidão, gostava de olhar o céu e se sentir parte de algo maior, ao mesmo tempo em que buscava senso e razão para todos os seus monstros internos.
- Eu gosto da sua jaqueta. - se virou calmo para , surpreso por ela sequer notar sua presença.
- Obrigado. – respondeu breve, sem saber exatamente o quanto interagir.
Quando e sua banda chegaram naquele hotel, foram informados que o estavam dividindo com mais uma banda, mas ele nunca imaginou que fosse encontrá-la e muito menos que estariam sozinhos. Assim que entrou naquela varanda, a reconheceu, porém viu nela algo que tinha visto no próprio espelho e por isso achou por melhor não incomodar.
- O que eu preciso fazer para tê-la? - ela rebateu o fazendo levantar os ombros.
- Posso te dizer onde comprei.
- Não compro roupas novas, elas não têm identidade, história. - ele já sabia daquilo, mas não soltou a informação. - Eu posso pagar.
- Eu imagino que possa. – disse, tirando mais um cigarro de seu maço e tentou em vão acendê-lo com seu isqueiro.
riu do modo que a chama sempre apagava rápido demais. Tirou seus pés de cima da mesa e se levantou, indo em direção ao estranho com sua garrafa em mãos. ao ouvir o barulho se virou para ela e deixou um sorriso escapar de seu rosto, a maldita usava um shorts jeans curto e largo, uma blusa de mangas de um tecido leve, transparente, completamente desabotoada, e um sutiã de renda parte a mostra. Parte, e ele agradeceu por aquilo, porque desde o dia em que viu seu show do lado do palco, que ele se arrependia de não tê-lo visto de frente.
- Eu te ajudo. – a cantora falou, colocando o whisky no banco, tomando o isqueiro da mão dele e com uma mão acendeu a chama e com a outra fez uma proteção para que o vento não o impedisse de acendê-lo.
- Obrigado. Quer um? - ofereceu seu maço à mulher, que aceitou de prontidão.
a observou dar a primeira tragada, o que ele achou um tanto quanto sexy e fez um espaço para que ela se sentasse ao seu lado. Se o cantor soubesse que estaria com , fumando juntos em silêncio quando acordou naquela manhã, teria rido de si próprio.
- Eu sou a . - a mulher aceitou seu convite mudo, sentando ao lado dele.
- Eu sei. E eu sou o .
- Seu nome é bonito. Você é bonito. - a cantora disse sincera e ele não conseguiu traduzir o que se passava ali. Ela o elogiou como se tivesse apenas perguntado se ele estava bem.
Ele era bonito, na verdade era lindo. De longe parecia misterioso, sedutor, de perto, seus olhos eram ainda mais bonitos e intrigantes, os longos cílios intensificavam seu olhar, o tornando ainda mais interessante. Ele a olhava diretamente nos olhos, sem se intimidar com a forma que ela também não tirava os olhos dos seus, fazendo com que se visse curiosa em descobrir o quanto eles se fechariam, caso ela estivesse o chupando.
- Obrigado. - respondeu tragando de seu cigarro e voltou a olhar a escuridão à sua frente.
- Seus olhos são lindos também, eles tem poesia. - ela soltou, o fazendo dar uma risada debochada.
- Não é a primeira vez que você me diz isso. - disse voltando a encará-la, apenas para ver sua cara de surpresa.
- Nos conhecemos?!
- Billboard Music Awards , dois meses atrás.
- Eu não fui a esse prêmio.
riu desacreditado, embora não estivesse surpreso. Se levantou procurando em seus bolsos por seu celular e depois de um longo tempo, encontrou o que procurava. Uma foto dos dois juntos.
- Uau, essa noite passou como um borrão. Odeio premiações, infelizmente uma das coisas que não posso controlar em minha carreira. - A mulher pegou o aparelho, olhando com cuidado os detalhes da foto. - Eu ganhei algum premio?
- Você realmente não se lembra? - a mulher negou - Você se apresentou. Eu tenho certeza que deve ter no Youtube, foi incrível.
- Eu acredito em você. - ela disse sorrindo, algo que ele nunca tinha visto antes. - Você estava fazendo o que lá?
- Eu também tenho uma banda.
- Como se chama?
- - respondeu, consciente que era muito provável que ela sequer sabia quem eles eram.
- O que nós conversamos?
- Eu e o resto do meu grupo nos aproximamos para dizer como adoramos o seu som e sua apresentação, você agradeceu e nós tiramos algumas fotos para a imprensa. Quando tiramos essa você elogiou meus olhos, disse que poderia fazer música com eles - nesse momento riu, ela sabia o que significavam suas palavras.
- Eu nunca ouvi falar da sua banda. Qual o seu som?
- Eu tenho certeza que não seria muito do seu agrado. - confessou - É pop.
- Como uma boyband? - ela questionou com um sorriso preso nos lábios e o viu concordar - Me diga uma música para ouvir, uma que tenha você cantando. - pediu, passando seu celular de volta para ele.
- Eu posso fazer melhor, eu posso cantar pra você. - disse, a surpreendendo.
então cantou a primeira estrofe de Knock Me Off My Feet do Stevie Wonder, uma de suas músicas favoritas a qual ele sempre ouvia quando estava em um, de muitos voos, quando em turnê. Ele não encarou em nenhum momento, se só estar ao seu lado era bastante intimidante, cantar para alguém que mal sabia quem ele era e que tinha um talento como poucos no mundo sequer poderiam sonhar, quase o fazia querer vomitar.
por sua vez tinha os olhos fechados, ela gostaria sim de ver ele cantando aquela música, mas ela preferia sentir, sentir o toque rouco que ele soltava em algumas notas, que faziam seu corpo estremecer, ou então o agudo perfeito que ele soltou, entrando em seu corpo quase tão perfeito como um solo de guitarra.
- E então? - ela sorriu quando eles voltaram a se olhar.
Estava ali, os dois sentiram.
- Eu sabia que estava certa. - ela piscou para ele, antes de jogar o resto de seu cigarro no chão e apagá-lo com sua bota. - Eu preciso ir.
- Não quer dividir mais esse comigo? - apontou para o baseado que tinha agora em suas mãos.
- Eu tenho um show mais tarde, não gosto dos efeitos que a maconha me dá quando estou cantando. Por isso fumei mais cedo.
- Hoje? - ele a encarou chocado - Eu geralmente passo o dia no lugar passando o som.
- Eu sou uma estrela do rock, , não do pop. - disse pegando sua garrafa e lhe dando as costas.
Quando chegou na porta da varanda, se virou uma última vez para ele:
- Ei, . - o chamou, e ele se voltou para ela. - Um dia nós vamos fazer música.
E lá estava ela, dançando com Chris, sua alma gêmea. Os dois se conheceram ainda no colegial e viraram melhores amigos imediatamente, ela ficou impressionada com os solos de guitarra que ele podia fazer e ele teve a certeza que tinha encontrado sua parceira musical para a vida quando ouviu o tom de sua voz. Eles iam muito além do que qualquer amizade que outras pessoas poderiam ter, escreviam, compunham, se drogavam e muitas vezes transavam sob os efeitos das drogas, mas quando acordavam, voltavam a ser apenas e Chris, uma das maiores parcerias de sucesso do mundo da música.
Quando ela cantava e ele tocava era como se uma explosão de sentimentos invadisse quem os ouvia, vê-los criar era uma experiência cósmica, quase transcendental.
Hood apareceu dois anos depois, ele era amigo de um amigo de Chris e sua performance no baixo era exatamente o que a dupla vinha buscando. Tel apareceu pouco depois em um show deles, quando estavam ainda no começo e entrou no camarim dizendo que se quisessem seguir em frente, precisavam dele na bateria. Mais velho, com o corpo todo tatuado até o pescoço, logo intrigou e embora o antigo baterista tenha ficado indignado, Tel mostrou porque precisavam dele. Naquela madrugada a Borrowed Peace foi formada.
O som da música, aliada a carreira de cocaína que cheirou mais cedo a faziam querer dançar até um novo dia começar. Havia dias que seu corpo pedia por algo mais forte ou mais intenso, algumas outras ela queria apenas relaxar e aproveitar os prazeres da música, sem se perder completamente. E, ao vê-lo, ela sabia que o motivo pelo qual não queria se perder nas drogas aquela noite, era porque queria se perder por inteiro nele.
Seu corpo, grudado ao de Chris, dava um show inesperado, improvisado. Mesmo no escuro, as pessoas a viam, eles sempre a viam, fosse no palco ou naquela pista de dança, era a atração principal.
e seus amigos estavam em uma das áreas reservadas do local, curtindo o hip hop, rap e R&B que tocava, enquanto tentavam aproveitar os poucos dias de folga que conseguiram entre os muitos shows e entrevistas. Tinham chegado em Seattle naquela manhã e passaram o dia dormindo para se recuperar dos quase quinze shows que fizeram sem descanso.
Em sua área privada tinham diversas garotas que eles tinham liberado a entrada para escolher qual levar de volta para o hotel, mas ainda estava curtindo a noite sem se preocupar com isso, afinal sabia que podia demorar o quanto fosse, sairia dali acompanhado.
Esqueceu todo e qualquer plano, quando , seu companheiro de banda, o puxou sem dizer nada e embora confuso o seguiu. O sorriso que abriu em seu rosto quando viu quem estava ali era descrente e certeiro. De repente sua noite tinha virado do avesso.
Para , calça de couro era uma das melhores invenções da moda, a bunda de parecia ainda mais convidativa daquele ângulo. Tinha algo sobre ela que fazia não só a ele, como muitos homens no local a observarem fascinados, o poder que ela tinha em fazer com que seu público se visse preso a ela quando cantava, também era válido para quando dançava sensualmente ao lado do guitarrista de sua banda. Ele poderia olhá-la a noite inteira.
Seu sutiã estava mais uma vez à mostra, e ele também era de renda, mas dessa vez vermelha. Por cima, vestia uma blusa completamente recortada do Slayer, mas ao contrário da maioria das mulheres que a usavam para parecer cool, ele sabia que ela conhecia a maioria, senão todas as suas músicas. queria na verdade conhecer toda e qualquer parte daquele corpo. Ver e tocar seus seios presos pela renda vermelha, que ele descobria ser seu mais novo fetiche, com os próprios dedos, com a língua.
Naquele momento ele tinha uma única certeza, ele iria até ela. Não sabia se iria se lembrar da noite em que dividiram a sacada do hotel, como não se lembrava de quando o conheceu no backstage da premiação que foram, mas iria mesmo assim.
Porém, com o que não contava, era que sabia que era uma leoa se apresentando ante ao circo e dentre toda sua plateia, ela já tinha selecionado sua presa. Ele não precisou ir até ela, ela quem foi até ele.
- Será que é hoje o dia que finalmente vou conseguir essa jaqueta?
A voz que ele não esquecia nunca, principalmente por ter todo seu álbum em sua playlist mais tocada, soou perto demais de seu ouvido, fazendo seu corpo corresponder àquele som, quase como se estivesse assistindo a seu filme pornô favorito.
se virou sob os olhares atentos de quase todas as pessoas naquele local e sorriu. usava um batom vermelho, deixando sua boca ainda mais deliciosa. Ele percebeu que não tinha nada nela que não o agradasse, mas aquele sorriso, era algo único. Algo que ele já sabia ser só dele.
- Estou surpreso que lembre quem eu sou. - disse com um sorriso gostoso no rosto - Isso é, se ainda se lembrar do meu nome.
- E por que eu esqueceria, ? - sussurrou em seu ouvido e ele sabia que seu nome nunca tinha soado tão provocante. Era daquela forma que pretendia chamá-lo quando estivesse com ele dentro dela.
- Você esqueceu da primeira vez que me conheceu. - o cantor reparou que algumas pessoas encaravam o momento, parecia não se importar. Com aquela mulher na frente dele, ele também não iria.
- Mas não esqueci dos seus olhos, da sua voz. Se você é famoso como diz, tenho certeza que já esqueceu pessoas, mas não detalhes. O que está bebendo?
- Bourbon. - encarou seu copo e o tomou de suas mãos, terminando o conteúdo.
- Whisky é melhor. - afirmou, olhando para o garçom, como se soubesse que ele estava ali só esperando para servi-la e fez seu pedido, que foi prontamente colocado à frente dos dois.
- Você tem show hoje a noite? - perguntou divertido, se lembrando da última vez que a vira meses antes.
- Não. - soltou uma risada, enquanto rodava o gelo de sua bebida com o dedo. - Amanhã, e você?
- No final de semana.
- Ótimo! - a mulher sorriu perversa, antes de levar seu dedo a boca e chupá-lo lentamente. sentiu seu membro reagir, querendo que fosse ele passando por aqueles lábios. - Podemos aproveitar até o amanhecer.
As segundas intenções daquele convite ficaram no ar pelas próximas horas, já que saltou de seu banco e caminhou em direção ao resto do grupo de e se apresentou a todos, sem precisar que ele a guiasse. De longe, o cantor observou a mulher se mover como um camaleão por entre seus amigos, conquistando um a um da mesma forma que o havia conquistado, mesmo sendo todos tão diferentes. Foi ali que entendeu um pouco mais toda aquela liderança frente aos palcos e a vida, era uma força que não podia ser contida, sua energia parecia atrair as pessoas, ela era como uma droga que viciava sem perceber.
a observava atentamente e sabia disso, ele a queria e a teria. Em um momento de brincadeira entre todos, a mulher sentou-se em seu colo, rebolando lentamente, de forma a deixá-lo transtornado, era a certeza que ele precisava que a atração era mútua. Devido a baixa luz e a conversa agitada, ninguém parecia notar a sessão de tortura que a cantora vinha fazendo com ele, que já não sabia quanto mais aguentaria sem poder fazer nada.
- Eu quero te levar de volta pro meu hotel, como em uma festa só nossa, acha que pode?
O cantor estava ainda entorpecido com as ações de para emitir qualquer som, por isso apenas concordou com a cabeça, vendo um sorriso devasso surgir no rosto dela, um que dizia tudo. Aquela festa seria memorável .
Apesar de querer que a festa começasse ali mesmo, sabia que para suas ações, vinham consequências e ela evitava a todo custo estar em capaz de jornais, por isso precisou se segurar para não beijá-lo ali mesmo, na frente de todos. Na falta de sua arma principal, usou a segunda. Se virou para ele, rindo ao notar o desconforto e esforço que ele fazia para não ter qualquer reação visível.
- Eu mal posso esperar para ter esses olhos em meu corpo, enquanto fico nua para você, . - finalizou, dando uma última rebolada e soltou um gemido inaudível, ao sentir a ereção do cantor.
Kurt Cobain e Jim Morrison eram os maiores ídolos e inspiração de , foram eles que a fizeram se interessar pelo gênero e a querer fazer parte daquilo. Janis Joplin, Joan Jett, Ann Wilson, Amy Winehouse, todas aquelas mulheres também a inspiravam, geralmente chegava em seu camarim e colocava sua playlist favorita para tocar, enquanto se preparava para mais um show, mas entre todas as lendas do rock, Jim era o seu favorito, tudo que ele fazia era sexy, arte, poesia. Ele sempre era sua escolha quando estava com tesão e queria se divertir. Era ele quem escutava, quando ouviu as batidas em sua porta.
sabia que era o seu fim quando ela o atendeu já sem sua calça de couro. Ele estava decepcionado por não ter a oportunidade de tirá-la, mas feliz ao ver que a lingerie combinava. A garrafa de whisky quase vazia nas mãos de , indicavam que ela tinha continuado a festa em seu quarto, aguardando sua chegada.
Ela o guiou para dentro do local sem pudores e ele viu algumas roupas espalhadas pelo chão e em uma mesinha alguns baseados, um pó branco e pílulas, não se surpreendeu e não se importou. dançava sensualmente enquanto caminhava para a cama, o fazendo imaginar como seria se horas antes fosse daquela forma que ela tivesse rebolado em seu pau. A mulher subiu na cama, lhe dando uma visão privilegiada de sua bunda e como ela ficaria quando ele estivesse a comendo de quatro, pedindo por mais. A transparência da lingerie o enlouquecia.
- Vem aqui. - pediu manhosa, se virando para ele, mantendo-se de joelhos na cama ainda sem parar de mover o corpo de acordo com os acordes da música. - Quero te tocar.
obedeceu, sabia muito bem que quem mandava ali era ela. Quando ele encostou na cama, viu sua jaqueta deslizar por sob seus braços e logo sua camiseta se juntou a ela no chão. desceu o olhar e mordeu os lábios em desejo, sentiu seu membro pulsar.
- Desde a última vez que nos vimos. - proferiu, enquanto segurava a barra da própria blusa - Eu só consigo pensar em seus olhos me admirando, me comendo. - completou, tirando-a e a jogando em qualquer canto do quarto.
- Não são só meus olhos que querem te comer. - respondeu, ainda observando a lingerie vermelha que escondia muito pouco e mesmo assim o enchia de curiosidade. Seus mamilos, despontando pelo fino e delicado tecido, o encheram de tesão. Ele precisava tocá-los.
chamou sua atenção ao tomar o último gole de sua garrafa e também jogá-la em algum ponto do quarto, sem se preocupar se iria quebra-la, sem tirar os olhos dele. Um olhar que deixava bem claro que a festa estava prestes a começar.
A cantora o puxou delicada pelo pescoço e beijou os lábios que tanto desejou ter sob os seus, tão macios e convidativos. Eles eram ainda mais deliciosos e carnudos sob o toque de sua língua. A marca de batom que estava deixando neles, fazia com que sua intimidade ficasse ainda mais excitada, sabendo o que estava por vir.
a abraçou e voltou a mover seu corpo ao ritmo de Love Me Two Times, tirando um sorriso dele por entre o beijo que trocavam. O cantor aproveitou para espalmar as duas mãos na bunda dela, colando seus corpos, ainda mais, a mulher era insanamente deliciosa. Sabia que aquela noite seria inesquecível.
Com uma das mãos, abriu o fecho do sutiã, liberando os seios da cantora para que pudesse finalmente clamá-los para si. imediatamente jogou a cabeça para trás ao sentir a língua de circundar seus mamilos, soltando o gemido que vinha segurando desde que o beijou. A posição era ainda mais favorável para , já que agora os seios de estavam ainda mais empinados e à sua completa disposição, permitindo que ele desse total atenção a seus objetos de desejo. Se dividiu e se divertiu entre ambos, enquanto a abraçava forte pela cintura, se perdendo entre os solos de guitarra e a mulher incrível que estava à sua frente. Poderia ter apenas seus seios na boca pelo resto da noite se não sentisse seu corpo implorar para que ele desvendasse cada centímetro do monumento que era aquela mulher.
ficou em pé na cama, fazendo com que tivesse que olhar para cima, depositando um beijo molhado em sua barriga. Ela pegou as mãos dele, colocando na barra de sua calcinha e ele entendeu o que ela queria, claro que ele a tiraria, mas seria da forma que ele quisesse.
passou as costas dos dedos pelas coxas da mulher delicadamente, subindo e descendo, se demorando ainda mais ao chegar na parte interna, torturando a mulher que preferia senti-los dentro de si. Soprou por sob o tecido bem no meio de suas pernas e sorriu vencedor ao sentir todo o corpo de estremecer. Ainda por cima da peça, raspou com os dentes em seu monte de vênus e mesmo sem tocá-la, ele sabia, ela estava completamente molhada. O cheiro de sexo parecia o embriagar mais do que todo álcool que tinha tomado até então, precisava experimentá-la. Em um movimento lento e planejado, puxou a lingerie para baixo, a tomando em suas mãos, antes de guardá-la no bolso.
Tinha algo sob estar nua frente a um homem ainda vestido, que enchia de tesão, ela adorava aquela liberdade. A dominância encontrada num ato de submissão. Se ajoelhou novamente na cama, antes de se deitar, num claro convite para que se juntasse à ela.
O cantor tirou o resto de sua roupa, ficando completamente nu, deslizando sua mão por toda sua extensão completamente dura, sem tirar os olhos do corpo da cantora. Foi quem acabou se deixando levar, ao começar tocar a si mesma, enquanto observava subir na cama com calma, glorioso, ele era ainda mais bonito nu.
As mãos do cantor apertavam suas coxas, enquanto sua língua subia deslizando por todo seu corpo, fazendo arquear as costas, querendo ainda mais do contato de seu corpo ao daquele homem. era sensacional e ela iria usá-lo a noite inteira.
Assim como tinha imaginado, os olhos de eram pura poesia quando cheios de tesão, ele era música e já podia sentir em sua mente a melodia que ele formava.
Extasiada, a mulher puxou para si, o beijando com a boca, o corpo e a alma. Seus corpos nús pareciam conectar um ao outro e a trilha de beijos que ele deixava em sua pele, penetrava lentamente seu cérebro, a fazendo perceber que droga nenhuma era capaz de lhe causar aquela sensação. Sentir seus lábios e língua chupar e morder seu corpo era pouco demais para , ela precisava e queria mais.
Trocou de posição, o deitando na cama, dando um último beijo molhado em sua boca, antes de lamber os lábios levemente inchados de e se arrastar lentamente até sua cintura, para então tomar em sua boca o pênis completamente duro do cantor. Com o líquido que já saía dele, lambeu sua glande, antes de chupar toda a extensão, finalmente encarando o homem, que mal piscava. não queria perder um momento sequer daquele filme que se transformava em seu favorito, segundo a segundo.
Quando finalmente o colocou todo em sua boca, foi preciso fechar os olhos, as sensações eram boas demais para que não focasse somente nelas. Sabia que não se arrependeria, aquela mulher era muitas em uma e ele queria conhecer todas suas versões.
A ponto de explodir, a puxou de volta para si e aproveitou o momento para novamente rebolar, mas dessa vez pele com pele. Podia sentir sua intimidade pulsar em antecipação do presente que estava prestes a ganhar.
Quando se protegeu, se ajeitou em cima dele, permitindo que ele finalmente a penetrasse, e, sem perder o contato que mantinham um sob o outro, eles sabiam. A melhor música que eles escreveriam em toda suas vidas, começava a ser composta ali.
Enquanto e tornavam-se canção.
Fechou os olhos sem acreditar que cantava uma versão de Purple Rain tão fantástica que era quase um pecado ser o único a ouvi-la. Sabia que se alguém um dia a ouvisse cantar assim, comprovaria assim como ele, que era um dos maiores talentos musicais já existentes, que sua voz ia muito além do rock, ela era uma powerhouse com um controle incrível da própria voz.
A cantora saiu do banheiro de cabelos molhados, vestindo apenas uma meia calça trabalhada que hora parecia vermelha, hora cor de rosa e mais nada. Ele a encarou e jogou a cabeça para trás, atordoado, aquilo era uma nova sessão de tortura.
- Prince ? - perguntou chamando sua atenção.
- Eu gosto. Você conhece?
- Adoro também. - admitiu, vendo pela primeira vez a mulher parecer um pouco...tímida. - Você devia cantar ela em algum show. - sugeriu, sabendo que ela sequer lhe daria ouvidos.
pegou algo no chão e subiu na cama, se sentando à sua frente com um sorriso meigo, inocente, diferente da noite anterior. Vê-la sem maquiagem era como se ele tivesse acesso a do dia a dia, uma garota de vinte poucos anos que sequer fazia ideia do poder que tinha sob o mundo.
- Eu posso ficar com ela? - pediu, mostrando a cobiçada jaqueta. Ele riu.
- Pode. - respondeu rindo, sabia desde o primeiro dia que ela a teria. Era incapaz de negar-lhe qualquer coisa. a vestiu animada e chacoalhou os cabelos, os bagunçando ainda mais.
- Você gosta dos meus seios? - perguntou abrindo a jaqueta, fazendo apoiar os cotovelos na cama para observá-la melhor. Desceu seu olhar vagarosamente por todo o corpo da cantora, sentindo a dor que era tê-la tão perto por tão pouco tempo. Ele podia ver sua intimidade sob o tecido transparente da meia calça. Podia também sentir seu pau endurecer.
- Eu os adoro.
- Tira uma foto minha, com o seu celular.
mesmo sem entender, pegou seu aparelho que estava na mesinha ao lado e abriu a câmera, clicando algumas vezes enquanto dançava para ele. Quando se deu por satisfeita, se aproximou para vê-las.
A forma que a mulher encarava sua própria nudez era excitante, enquanto ela olhava as fotos que ele tinha tirado, só conseguia olhar para ela, seu rosto, seus lábios, seus seios expostos e tão próximos de sua boca. se virou para ele com aquele sorriso que era só dele. Ela sugou seu lábio inferior antes de beijá-lo animada.
- Me mande a sua favorita e pode ficar com todas de presente. - afirmou, tomando o celular de suas mãos, para anotar o próprio número.
- Mesmo? - a encarou surpreso.
- Um presente pelo seu presente. - disse se jogando na cama ao seu lado.
- Não tem medo que eu mostre a alguém? - perguntou, se virando de forma a ter parte de seu corpo por cima dela e sua mão alcançou seu rosto, fazendo um carinho bem diferente do da noite passada.
- Meus seios tem seus próprio Instagram. - afirmou despreocupada, mordendo de leve o dedo do cantor - Se quiser mostrar, é um direito seu, mas eu sei que não vai.
- Como não? - perguntou em seu ouvido, beijando o local, enquanto sua mão agora entrava pela meia calça, alcançando o pequeno ponto que parecia ainda inchado de tanto que ele a fez gozar na noite anterior. Não se importaria em vê-la gemer seu nome mais algumas vezes antes de ter que se despedir.
- A nossa música ainda não está completa.
As vezes, ligava e passavam horas conversando, em outras sumia por duas semanas. Em suas favoritas, ela lhe mandava uma foto, podia ser de qualquer coisa, a paisagem durante a viagem de ônibus, seus pés, a platéia ou ela, sorrindo, fumando, nua. sabia que aquelas fotos eram somente para ele, porque nunca as via em mais nenhum lugar.
Uma cidade em comum, um show, um trabalho em equipe e lá estava e o resto do pela primeira vez entrando no camarim da Borrowed Peace. Os garotos se entreolharam e deram risada, era bem diferente do que estavam acostumados.
O som alto e pesado e o cheiro de maconha dominavam o lugar e foi o primeiro a aceitar o baseado oferecido por Hood. Os dois tinham se conhecido na mesma noite que e transaram pela primeira vez e apesar das gritantes diferenças, encontraram algo em comum. E quando se divide um baseado, você acaba dividindo o barato e algumas filosofias sobre a vida, e Hood e iam descobrindo aos poucos uma amizade acima dos preconceitos que um roqueiro poderia ter com um cara de uma boyband.
Chris cheirava uma carreira de cocaína e dava para ver pelas marcas da mesa que aquela não era a primeira.
O olhar de caiu primeiro na calça de couro vermelha e a forma que a bunda de se moldava ao tecido. A cantora tirava o cabelo de dentro da jaqueta com estampa de onça e correntes que usava, enquanto se observava no espelho. Sorriu ao vê-lo através do espelho.
se aproximou e tomou um susto quando ela se virou, a roqueira não usava nada por baixo da jaqueta. gargalhou ao ver os outros freiarem e ficar vermelho de vergonha.
- Garotos. - deu de ombros e segurou a peça fechada para cumprimentá-los.
Havia dois tipos de caras para , os que sabiam conviver com ela e seu jeito e os que se sentiam intimidados. claramente fazia parte da segunda categoria, os outros pareciam ainda oscilar. Entendia o appeal que seios femininos tinham para os homens, mas feminista, acreditava que seus direitos e vontades eram mais importantes do que o constrangimento e fetiche incrustado na sociedade. Segurou pela mão e o puxou para o banheiro.
- Não quero usar sutiã hoje. - explicou ainda de costas, se livrando da jaqueta. - E não quero usar essa blusa ridícula que me deram. - fez uma cara de nojo para uma blusa de babados que para ele parecia normal. E talvez fosse esse o problema.
- O que é isso? - perguntou curioso quando ela se virou para ele, sorrindo ao tocar a delicada jóia que agora adornava o seio esquerdo de .
- É novo. - se aproximou ainda mais de para facilitar o contato dos dedos dele em seu mamilo. - Não ia aguentar saber que você sabia da existência dele, sem poder tocá-lo.
- Ainda dói? - o cantor perguntou a pegando no colo e a colocando sentada na pia. sentiu falta da voz dele tão próxima, daquele olhar tão intenso que não via em mais ninguém, por isso passou seus braços pelos ombros do cantor e o beijou. Até do gosto dele ela não tinha esquecido.
- Não muito, vai demorar pra cicatrizar, mas o pior já passou. - respondeu, tombando a cabeça para o lado para que continuasse o caminho de beijos por todo seu pescoço.
- Sei que a área fica mais sensível ao toque, já testou? - voltou a encará-la, puxando com os dentes o lábio inferior dela, antes de chupá-lo. Não eram exclusivos, mas não queria que a resposta fosse positiva.
Era claro que pouco a pouco, o que sentia por aumentava, mas vinha sendo cuidadoso, não era idiota em se apaixonar, mas também sabia que o que tinham não era algo leviano.
- Pedem para esperar pelo menos quatro semanas antes de fazer qualquer coisa, eu decidi esperar pela sua boca. - admitiu sorrindo e segurou o seio com delicadeza e voltou seu olhar para ela, a beijando com vontade e saudade, antes de segurar com firmeza os cabelos de pela nuca e o puxar para baixo para que ela empinasse os seios para ele.
O local ainda estava vermelho e ele não queria lhe causar dor, por isso foi com cuidado, massageando e chupando em volta de seu mamilo, antes de com apenas a ponta da língua circundar o local, tomando-o para si em sua boca evitando pressionar o metal.
Sabia pelas reações corporais de o quanto podia aprofundar suas carícias e quando deviar parar, não tinham ficado muitas vezes desde a primeira vez que transaram, mas quando se encontravam, passavam horas trancados num quarto de hotel descobrindo um ao outro.
A cantora apoiou uma mão atrás de si na pia e com a outra segurou o outro seio, se deliciando ao toque e poder que somente tinha sobre eles, ele sabia exatamente o que fazer para deixá-la molhada. Sentia um pouco de dor, mas encontrava prazer na dor.
- Ei … - se assustou ao ver Chris abrir a porta sem bater e se virou para , que parecia inabalada ainda na mesma posição.
- O que você quer? - disse curta, abraçando , fazendo o amigo revirar os olhos.
- Foi mal. - respondeu com um sorrisinho no rosto - E aí, curtiu? - perguntou, a fazendo rir abafado e lhe mostrar o dedo do meio - Vinte minutos.
- Ok. - disse vendo o amigo fechar a porta, fazendo gestos de boquete com a boca - Onde paramos?
- Não tem que ir? - perguntou confuso.
- Sim, mas eu ainda não matei toda minha sede de você. - a cantora deu um pulinho para descer da pia. - Quão rápido você consegue gozar?
- Com você assim? No estado em que me encontro? - ambos olharam para o volume no jeans escuro do cantor.
- Eu quero te chupar, agora . - disse se ajoelhando e com toda calma do mundo, desafivelou o cinto de , que por sua vez apoiou as mãos na pia e apenas encarou mais uma cena que ele não esqueceria nunca.
sem pressa alguma, como se não tivesse que ir para o palco em vinte minutos, enganchou os dedos em sua cueca preta e a puxou para baixo, mordendo o próprio lábio ao ver o pênis completamente duro do cantor despontar do tecido. O tomou em sua mão, antes de fechá-la e iniciar o movimento da forma que sabia que ele tanto gostava. Voltou seus olhos para encarar e sentiu sua intimidade se contrair ao encontrar aqueles olhos a observando atentamente.
Um sorriso sacana nasceu no rosto da mulher e parou de piscar, não perderia aquele momento por nada no mundo. O momento em que ainda o encarando, colocou sua ereção na boca e começou a chupá-lo da forma que só ela sabia. Adorava quando se perdia performando aquele ato e começava a cantar, as vibrações de sua garganta aumentavam ainda mais o seu prazer, ou talvez fosse apenas pelo fato de que quando a tinha ali, com seu membro dentro da boca, ela era toda sua.
- Porra, essa sua boca é um tesão. - o cantor disse ao observar terminar de limpá-lo, fazia tempo que não gozava daquela forma.
- Seu pau e esse seu rosto que são. - a cantora respondeu com um sorriso, dando lhe um último beijo. - Agora preciso encontrar uma blusa pra usar. - se virou para a pia lavando o rosto, antes de passar seu batom vermelho e aproveitou para limpar seu mamilo para não infeccionar. Estava gostando demais de seu novo adereço.
- Eu tenho uma ideia. - terminou de fechar sua calça e abriu o agasalho que tinha por baixo de sua jaqueta, revelando a camiseta branca de tecido leve que vestia - Quer usar?
- Quero! - disse animada - Posso rasgá-la? – perguntou já a procura de uma tesoura no meio de suas coisas.
- Pode! - riu do jeito despojado que ela assumiu, tão contrário do dominante que tinha até momentos antes. Raramente ela assumia aquela forma, mesmo somente com ele. Aquilo parecia diferente.
- O que você vai usar? - perguntou curiosa, perdendo alguns segundos ao ver o corpo seminu do cantor que ela tanto gostava.
- Eu fecho meu casaco - deu de ombros, pouco se importava com ele mesmo, ver vestir sua camiseta quase o deu uma nova ereção.
- Já sei. - a cantora vestiu rapidamente a camiseta e saiu do banheiro. a seguiu, rindo de sua animação e a primeira coisa que viu foram os sorrisinhos sacanas que os amigos lhe lançaram.
- Ei , esqueceu o zíper aberto. - Hood comentou e todo o camarim caiu na gargalhada ao ver o cantor conferir a calça, que estava perfeitamente fechada. Riu de si mesmo e mostrou o dedo do meio para todos.
- Vocês estão com inveja. - se virou para ele dando uma piscadinha, como se pedisse para ele não se importar. - O que acha?
tinha em mãos uma camiseta preta do merchan de sua banda e a estampa era uma foto dela sozinha em preto e branco. concordou, a usaria com prazer. A cantora calçou seu all star customizado e com a tesoura, fez alguns cortes na gola e na barra de sua nova camiseta, dando um nó no tecido bem abaixo de seus seios. Em seguida, foi até e dobrou as mangas da peça, sorrindo ao ver o resultado final.
- Quero uma foto. - gritou, vendo Josh, o fotógrafo da banda se aproximar prontamente.
Nas primeiras fotos eles apenas posaram para mostrar que usava uma camiseta com seu rosto, mas surpreendendo a todos, se colocou à sua frente e expôs seus seios, puxando o braço dele para que sua mão cobrisse seu seio direito, deixando à mostra seu novo piercing.
No começo era esquisito para o cantor a forma que ela não se importava com a própria nudez na frente daquelas pessoas, como homem, também era esquisito para ele ver a mulher com quem tinha uma relação, se mostrar daquela forma, mas em um show que tinha ido meses antes, na volta para o hotel, Hood estava sentado na última fileira da van, recebendo um oral, enquanto todas as outras pessoas davam risadas e se preocupavam com a própria vida. Aquele era o mundo deles, muitas vezes tão parecido com o dele, em muitas outras, tão distantes.
também teve que aprender e até mesmo a desconstruir seus próprios preconceitos que ou aceitava por quem ela era ou a perderia. E a cada vez que os via juntos, entendia mais e mais que era quem comandava aquele circo com maestria. Bastava uma chicotada para que tudo ruísse.
Chris, Hood e Tel sabiam de sua importância na banda, mas tinham consciência que sem nada daquilo existiria, se os subtraíssem da equação, a cantora ainda teria sucesso, mas sem ela, nada seriam.
A equipe toda parecia saber que ela era a jóia principal e protegê-la e fazer suas vontades, era a prioridade de todos.
- Adorei. - comentou vendo a foto tirada. - Obrigada J., me manda e a delete por favor. Essa é só nossa. - disse encarando a que também tinha se aproximado para ver o resultado.
Eram em momentos como aquele que ele tinha certeza que estavam indo no caminho certo, era a primeira vez que ela agia como se fossem um casal na frente de todos.
- Cinco minutos. - o gerente de turnê gritou, entrando no camarim.
De repente, todos que estavam naquela sala encararam e o silêncio predominou no local.
- She's a good girl, loves her gradma… - e seus amigos a olharam confusos.
- Loves Jesus and America too. - Chris cantou, como se soubesse que era sua vez.
- She's a good girl, crazy 'bout Elvis - Hood continuou parecendo feliz com a música.
- Loves horses and her boyfriend too. - Tel encarou sorrindo.
- It's a long day, livin' in Reseda, There's a freeway, runnin' through the yard - o restante da equipe que estava ali cantou e os meninos do se encararam encantados com o que estava acontecendo diante de seus olhos. Entenderam que era daquela forma que a banda iniciava seus shows, apenas entre eles.
- And I'm a bad girl cause I don't even miss him, I'm a bad girl for breakin' his heart - cantou, trocando o boy pelo girl, enquanto o técnico de PA conectava o retorno atrás de sua calça.
- And I'm free, free fallin'. - cantou alto, com a voz perfeita, fazendo com que todos o olhassem e ele apenas desse de ombros, rindo. - Yeah I'm free, free fallin' - dessa vez o acompanhou e a cantora sorriu ao ver que ele estava cantando no mesmo tom que ela.
Sem querer deixar de fazer parte de um momento tão memorável, embalou:
- All the vampires, walkin' through the valley, Move west down Ventura Blvd - se voltou para o garoto que vinha tirando seu chão, era completamente apaixonada por aquela voz.
- And all the bad boys are standing in the shadows, And the good girls are home with broken hearts - Nial e cantaram juntos sem querer, fazendo todo o camarim rir.
Ainda cantando, se aproximou de cada um dos integrantes de sua banda e os abraçou. Ao chegar na porta do camarim, estendeu a mão para que a segurasse e foram todos juntos caminhando pelo corredor em direção ao palco, cantando em uníssono.
- And I'm free, I'm free fallin', Yeah I'm free, free fallin'.
Um roadie se aproximou de lhe entregando um copo de whisky quente com mel e ela tomou seu tempo, tomando da pequena quantidade que a ajudaria a aquecer sua voz para o que estava por vir.
- Não imaginei que soubessem quem é Tom Petty. - disse encarando .
- Ouvi a primeira vez na versão do John Mayer e então fui atrás da original.
- Sua voz é incrível, se um dia vocês se separarem, quero escrever uma música pra você.
surpreso se curvou com uma das mãos na barriga em forma de agradecimento e admiração.
- Ei, e eu? - perguntou em tom brincalhão.
- Pensarei no seu caso. - disse roubando um beijo dele, largando o copo para trás.
O show como sempre era de outro mundo, mas para e aquele show foi ainda mais especial. Na segunda pausa entre músicas, onde geralmente interagia com a platéia, ela pareceu pensar.
- Eu quero tentar uma coisa… - pediu, tirando sua jaqueta e correu para o canto do palco, a entregando para . - Vocês conhecem uma música chamada Purple Rain? - perguntou olhando no fundo dos olhos dele, antes de se voltar para sua plateia que gritou animada. - Eu quero cantá-la. Chris?
- Eu preciso de cinco minutos - o guitarrista pediu indo até a bateria conversar com Tel e Hood. Estavam acostumados com o jeito de , seus pedidos eram sempre uma ordem e só os restava obedecer.
Demoraram alguns minutos para que os quatro se encaixassem no tom correto, mas os aplausos que se seguiram quando eles terminaram de cantar aquela música, encheram os olhos de de lágrimas.
Ela amava o rock pra caralho.
Sua cabeça ainda estava envolta na neblina que tinha entrado no dia anterior, já tinha experimentado algumas drogas, mas foi com que aprendeu a apreciá-las e curtir o barato de cada uma, da forma que tinha que ser. Ele adorava fumar um baseado e conversar com ela por horas, vê-la compor e entender como funcionava seu processo para criar, ou então cheirar cocaína e dançar e cantar até o dia amanhecer. Mas o seu favorito era o ecstasy, só de pensar na pequena pílula podia sentir seu membro latejar em desejo pela mulher. Se sóbrio, o sexo com já era sensacional, sob o efeito do ecstasy , era de outro mundo. Um mundo que era só deles.
A cada vez que se encontravam, tornavam-se ainda mais conectados. O cantor nunca achou que fosse possível transar com alguém mais de dez vezes em uma única noite, mas com tudo parecia possível, ela era a sua droga principal, toda vez que a tinha, precisava de mais.
Aquela seria a última noite que teriam juntos em algum tempo e queria que fosse memorável, precisava provar que eles eram muito mais do que diziam.
De início os meninos acharam que estava exagerando sobre a profundidade de seu relacionamento com a roqueira, sabiam do quanto ele a admirava e que tinham conversado na sacada do hotel. Viram como ela se aproximou ao vê-lo na casa noturna, mas só foram de fato acreditar que eles tinham algo pra valer, quando foram ao camarim de seu show e o levou para o banheiro e mais ainda ao tirarem a icônica foto, que o cantor mantinha em seu celular como um tesouro secreto.
A partir daquele momento, tudo começou a acontecer mais rápido, parecia que ter o conhecimento dos dois grupos era o que faltava para que o casal passasse a ser mais aberto ao que viviam, já que podiam contar com o apoio de todos para se relacionar em segredo. Borrowed Peace e vinham formando a amizade mais bizarra do cenário musical.
A primeira foto de e apareceu pouco depois, os dois saíam do hotel e, num descuido, acabaram sendo flagrados, chamando atenção de diversas revistas e jornais sensacionalistas por todo o mundo.
Os rumores ficaram confusos, quando Hood postou uma foto com , os fãs e a mídia ficaram em polvorosa, mas o baixista estava pouco se fudendo para o que achavam, era um cara foda e sempre que se encontravam se divertiam pra caralho, não importava se ele fazia parte de uma boyband ou de um grupo de reggae.
A Borrowed Peace sempre postava as melhores preparações de show no YouTube oficial da banda e quando pediu que colocassem o vídeo deles cantando ao som de Tom Petty com a participação do sob o título “Foda-se os rótulos”, houve silêncio. Porque quando falava, todos ouviam.
Os primeiros sinais de que estava exagerando com as drogas, festas e viagens sem sentido, onde passava às vezes quatro, cinco horas com até ter que ir embora de novo, logo começaram a aparecer.
foi primeiro a notar o dia que voltou de uma noite em claro com , ainda sob o efeito de drogas. Ajudou o amigo a disfarçar, já que ambos sempre encontravam um jeito de sumir para dividir um baseado, porém, a cada encontro com a mulher, ele voltava ainda mais diferente.
Quando os meninos tentaram conversar com ele, para pegar um pouco mais leve nas drogas, bebidas e viagens sem sentido, viram o amigo alterar o humor e desconversar. não entendia que eles queriam apenas o seu bem e que nada tinham contra , apenas acreditavam que ele não conseguia ser o mesmo artista, se continuasse agindo daquela forma.
Contrariado, acabou se distanciando de seus melhores amigos e se aproximando ainda mais da cantora. A cada dia, pareciam mais e mais uma versão moderna de Jim Morrison e Pamela Courson, um sem o outro já não funcionava.
E ali estava ele mais uma vez, sem a menor vontade de abandoná-la, ainda mais que antes de embarcar para Los Angeles, tinha discutido mais uma vez com os amigos.
- Nós não somos contra o seu caso , não entendo porque você sempre fica na defensiva. Só estamos pedindo pra tomar cuidado com as drogas, a está acostumada, os fãs dela estão acostumados, mas você sabe que com a gente não é assim, com o não é assim. - tentava mais uma vez alcançar o amigo.
- Eu tenho isso sob controle, não faço todos os shows? A minha voz não continua a mesma?
- Cara, não é só isso, há tempos você não fica com mais ninguém e tá sempre saindo rumores da com o Chris e outros caras. - soltou e os amigos sabiam que aquilo era uma ferida aberta para . - Amamos você e só queremos que você tome cuidado pra não se machucar.
- Vocês nunca vão entender. Vocês não sabem quem ela é e o que acontece quando estamos sozinhos. Foda-se as notícias e o resto do mundo, o que eu e a temos não se compara a nada. O que nós temos é real.
Seus amigos só puderam vê-lo partir, sabendo que estariam ali quando ela partisse o seu coração.
- Boa tarde. - disse rouca, se jogando ao seu lado na cama, tirando de seus pensamentos - Já são quase cinco da tarde, o que você quer fazer na nossa última noite juntos? - perguntou, oferecendo do cigarro que tragava.
O cantor se virou para ela e sorriu, tê-la ao seu lado fazia tudo valer a pena. Pegou o cigarro e o tragou fechando os olhos, sentindo a nicotina invadir seu corpo. Exalou a fumaça antes de responder.
- Eu vi que vai ter um show de uma banda chamada Iceage, você gosta deles, não?
encarava o teto, senão teria visto a cara que ela fez.
- Sim, mas pensei de passarmos essa última noite só nós dois, como sempre. Eles vão fazer um segundo show amanhã, eu vou com o Chris.
- Liga pro Chris, vamos hoje. - deu de ombros, virando o corpo para encará-la. - Eu amo ficar na cama com você, mas é nossa última noite juntos em, o quê? Seis semanas? Não aguento mais ficar trancado aqui e em quartos de hotel.
- Sempre saímos juntos, mas temos que tomar cuidado. - o encarou, passando o dedo em seus lábios. - E aquelas fotos que saíram mês passado?
- , nossos passeios de carro a meia noite não contam. - se levantou, colocando sua boxer. - E estávamos todos juntos nas fotos. Vão continuar achando a mesma coisa de sempre...que saímos por conta da amizade do com o Hood.
- , nós conversamos isso lá atrás, eu perguntei se você sabia onde estava se enfiando e você disse que sim. Eu disse que não sou boa com romance em público, andar de mãos dadas e essa coisa de paparazzi enchendo o saco. Nós somos perfeitos assim, aqui, quando somos só nós dois.
- É um show , podemos chegar separados. Eu não preciso te beijar.
- Deve ter alguma outra coisa que possamos fazer - se levantou rápido demais e aquele foi o erro, , naquele ponto, a conhecia como poucos. - Vou mandar uma mensagem pro Chris e pro Hood, ver se fazemos algo todos?
- O que você está escondendo? - o cantor perguntou vendo digitar algumas mensagens no celular.
- Não estou escondendo nada.
- Não mente pra mim , somos nós, sou eu. - viu a mulher respirar fundo e o encarar.
- Não estou escondendo nada - repetiu - Eu só estou tentando manter nosso acordo.
O olhar de dizia tudo, ele tinha entendido. Claro que ele se lembrava do acordo. O acordo em que não contariam sobre as outras pessoas que ficavam.
- Você fode com algum deles?
encarou o chão, não sabia como responder. Ela podia não querer nada sério com ele e nem com ninguém e sempre deixou isso claro a todos, mas ocupava o maior espaço em sua vida junto com Chris. Amava os dois de formas tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Adorava tudo sobre o homem a sua frente, sua voz, seu toque, seus beijos, as conversas que tinham no meio da madrugada, o modo que ele sempre atendia suas ligações mesmo estando exausto de cansaço. Difícil era encontrar algo que ela não adorasse.
O sorriso dele acabava com ela, tanto, que ela tinha dito a Elias que não o veria naquela noite para poder ter mais um dia com , mas não pertencia a ninguém, ela pertencia ao mundo, a sua banda e ao rock.
não sabia, mas a cantora já tinha deixado de transar com outras pessoas porque só conseguia pensar nele, no que só ele a fazia sentir. A forma que só ele sabia tocá-la ou em como ele sempre a abraçava depois de gozar. não contou que não conseguia mais ouvir Love Me Two Times com mais ninguém, era só com ele. Ou que quando se tocava, era sempre pensando só nele. Mas ele disse que entendia, ele sempre disse que entendia.
- , seja minha. - se aproximou, sentindo seu coração se comprimir em seu peito. Não tinha vergonha de implorar por algo que sabia ser o certo. Ele sabia. Ele sentia.
- Nós somos de mundos diferentes, eu não pertenço a ninguém, . Você sabe disso.
- Você pertence ao Chris. - o cantor deslizou as costas da mão pelo braço de .
- , eu e o Chris, é diferente. - viu a mulher o encarar. - Você não entenderia, ninguém entende. Eu, o Chris, o Hood e o Tel somos uma família. Por mais que a minha ligação com cada um seja bem diferente, nós estamos conectados além dessa vida, nossa música, nosso som mostram isso.
O cantor assentiu e a mão que a tocava caiu ao lado de seu corpo, entrou no banheiro trancando a porta e pôde ouvir o chuveiro ligar, queria mais que tudo dividir a água com ele. Amava passar aos mãos em seu cabelo perfeito, sentir as mãos dele em seu corpo molhado, a verdade era que adorava tudo sobre ele.
Quando saiu do quarto, ele não a olhou. Pela primeira vez em todo aquele tempo juntos ele não a viu.
- Vou pro aeroporto - o cantor falou com a mochila em mãos.
- Mas, seu voo é só amanhã! - se levantou alarmada, sentindo seu corpo inteiro reagir a algo que ela não sabia o que era.
- Meu voo é particular, ele sai a hora que eu decido.
- , vamos aproveitar nossa última noite como sempre fazemos.
- Você quer namorar comigo? - o cantor perguntou direto e não conseguiu sequer manter o contato. - Eu imaginei que não.
- …
- Nossa música acabou, .
- Ei, gato. - tirou os olhos da tela e viu Kelly, a garota com quem tinha passado a noite se aproximar - Eu preciso ir, mas quer fazer alguma coisa mais tarde?
- O que você tem em mente? - perguntou espalmando a mão na bunda da mulher.
- A Borrowed Peace vai tocar hoje em Wembley, vocês conhecem a banda, não? - Kelly perguntou interessada, apontando para a tela de seu computador.
- Eu não vou. - disse fechando o aparelho e se levantou. - Você sabe onde fica a saída. - finalizou, batendo a porta do banheiro.
encarava a platéia sem acreditar, estava em Londres pela primeira vez e tinha esgotado todos os ingressos daquele enorme estádio. Apesar de estar feliz com a conquista, por dentro sentia aquela angústia que sempre aparecia quando se lembrava dele e como não se lembrar estando bem ali, onde tudo era ele.
Tinha enviado uma mensagem para ao tocar sob o solo inglês perguntando se ele queria encontrá-la pelos "velhos tempos" escreveu, sentindo-se tola. Era mais uma mensagem que não seria respondida. Enviou outra, o convidando para ir ao seu show, assim como todos os outros garotos, mas ele fora o único a não aparecer.
Gostava de dizer a si mesma que não importava, que um iria e outro logo o substituiria, sempre fora assim, mas nenhum tinha conseguido marcá-la como tinha feito. Os homens em sua maioria tinham medo dela, eram poucos os que se aproximavam e ainda mais raros os que a interessavam. Com , desde o começo tinha sido diferente.
Ver com os próprios olhos a cidade onde nasceu algumas de suas bandas favoritas como Led Zeppelin, The Who e Pink Floyd e que por tantas vezes ouviu descrever era estranho, sempre imaginou que o teria ao seu lado quando visitasse aqueles lugares, tinham feito tantos planos. Mas sentiu-se hipócrita, mal saia de um quarto de hotel quando estavam juntos, como pôde imaginar que passeariam pela cidade? Sendo ambos tão famosos e de mundos tão diferentes?
A cidade, mesmo cinza, lhe trouxe um alívio que não sentia desde o dia que ele tinha lhe dado as costas, passear pelas ruas de Camden Town a fizeram ter ainda mais saudade de . Sentiu-se próxima dele, mesmo sabendo que não poderiam estar mais distantes.
Seu show estava chegando ao fim, mais três músicas e era aquilo, Londres ficaria para trás e com ela, .
Foi um relance, uma fração de segundo e seu olhar caiu nele. Ele tinha ido, ele estava bem ali. Perguntou-se há quanto tempo, tinha acabado de chegar? Esteve ali o tempo todo? fechou os olhos sem acreditar, os abriu novamente e ele continuava a sua frente, não eram as drogas, o álcool. Era ele.
Uma música lhe veio à cabeça.
- Londres, vocês não sabem o quanto eu estava ansiosa para esse show. - disse olhando toda a plateia, que gritou extasiada, para então voltar seu olhar para o cantor. - Eu nunca estive aqui antes, mas eu conheci toda a cidade através dos olhos de uma pessoa que sempre me inspirou poesia e foi como ver um filme passar pela minha cabeça. Jeff, eu quero o meu violão. - pediu a seu roadie, que parecia não acreditar no que ouvia.
tocava guitarra, ela sabia, também sabia, ela era boa. Claro que era boa, riu de si mesmo. Havia algo em que ela não fosse? No amor, respondeu a si mesmo mentalmente. Ela estava tão linda, ainda mais linda, achou importante notar. A cantora usava uma das muitas camisetas que tinha roubado dele e suas botas favoritas, sabia que não era uma simples coincidência.
Enquanto ajeitava o instrumento em seu corpo, Chris e Hood se aproximaram para tentar entender o que ela queria. A resposta era óbvia, um show, um que quem não tivesse ido, se arrependeria de não presenciar.
pensou muito antes de aparecer ali, mas no final a curiosidade e saudade venceram. Tinha dito a si mesmo que ficaria ao lado do palco, escondido entre todas aquelas pessoas, mas ele precisava saber e foi por isso que decidiu ir para a área de imprensa, que a essa hora já estava vazia.
estava concentrada, domando toda a multidão da forma que sempre fazia com maestria. A platéia sabia cantar todas suas músicas de cor e ele podia ver nos olhos dela o quanto aquilo a enchia de tesão. O sorriso que ela dava, era o mesmo que ele estava acostumado a receber, o verdadeiro.
Demorou, mas ela o viu. Ela não esperava que ele fosse aparecer e o que viu refletir nos olhos da mulher disseram muito mais do que ela dissera em meses, sua estava ali. Poderiam ter se passado três, seis ou nove meses, ele ainda conseguia ler aqueles olhos.
Aquilo tudo, era para ele.
- Eu não sei como isso vai sair. - ela disse um pouco nervosa, algo que só ele notou. - Eu sempre cantei essa música por brincadeira e espero que eu tenha fôlego suficiente para terminá-la.
- Se você não tivesse bebido tanto antes do show começar. - Chris disse rindo e recebeu o dedo do meio em resposta.
- Cala boca, Chris. - brincou, antes de fechar o sorriso e voltar a ser o que a fazia tão talentosa. Voltou para o mundo onde era somente ela e sua música. - Eu quero cantar essa música não só porque me deu vontade, mas porque há músicas que não tem fim e eu não quero que a nossa acabe. - a cantora disse olhando nos fundos dos olhos de , antes de fechar os próprios.
O som do violão fez com que a multidão se calasse imediatamente, aparelhos celulares foram sacados e enquanto algumas pessoas apertavam o botão para gravar aquela apresentação, outros ligavam o flash do aparelho, transformando Wembley em um grande encontro a velas.
O assobio começou logo em seguida, calmo, tranquilo, mas foi preciso de apenas um segundo completo para que toda a arena viesse praticamente abaixo. O coração de parecia sair pela boca, estava de olhos fechados, por isso não viu o sorriso que o cantor deu. Aquele que também era só dela.
estava com medo de voltar a abri-los e ele ter sido só uma miragem, mas não podia perder a oportunidade de guardar na memória mais uma imagem dele.
- Shed a tear 'cause I'm missin' you, I'm still alright to smile. Boy, I think about you every day now. - mal podia piscar, sentia um orgulho dela, de sua voz, que parecia explodir em seu peito. - Was a time when I wasn't sure, But you set my mind at ease. There is no doubt you're in my heart now. - recitou aquelas palavras diretamente para ele. - Said man take it slow, and it'll work itself out fine. All we need is just a little patience.
Todas aquelas pessoas estavam vivenciando algo tão íntimo, uma declaração de amor entre duas pessoas que se amavam e se entendiam como poucas.
- If I can't have you right now, I'll wait dear. Sometimes I get so tense but I can't speed up the time, But you know love there's one more thing to consider. Said man take it slow and things will be just fine, You and I'll just use a little patience.
Era a primeira vez que tocava algum instrumento musical em seus shows, ela sempre preferiu usar sua voz e seu corpo para compor sua performance, mas o violão parecia fazer parte dela tanto quanto sua voz. A maestria com que tocava o solo de uma de suas músicas favoritas do Guns'n'Roses fez não só a admirar ainda mais, mas fez com que seus fãs entrassem na canção junto com ela e as lágrimas que vieram no rosto da mulher eram de alegria, de certeza. Aquele era o caminho dela, aquele era o seu mundo, do rock ela viveria e do rock ela morreria.
Chris e Hood acompanhavam sua performance com um segundo violão e baixo enquanto Tel tinha largado suas baquetas e encarava admirado o que sua banda era capaz de criar, o que era capaz de fazer. O estádio inteiro começou a bater palmas ao ritmo da música. Sorte a dele o dia que entrou sem muita vontade naquele bar, anos atrás, porque aquele momento era dele, era de sua banda. Aquele era o primeiro show de uma turnê que ele nunca esqueceria e tivera a sorte de estar sentado no melhor lugar daquele estádio.
- I've been walking the streets at night, just trying to get it right. It's hard to see with so many around. You know I don't like being stuck in the crowd. And the streets don't change but maybe the names, I ain't got time for the game 'cause I need you . - cantava esperando que pudesse sentir o quanto aquela música dizia por ela, por eles.
Ele também sentia. Não tinha tirado os olhos dela por um segundo sequer.
dedilhou os últimos acordes da música e sorriu. Ela não conseguia tirar os olhos da platéia que aplaudia sua música, sua banda, como antes ela só tinha visto acontecer com seus ídolos. Sorrindo, tirou o violão que estava preso a seu corpo, o passando para Jeff. Deu pequenos passos até a ponta do palco e se curvou, agradecendo a multidão por terem dado vida aquele momento que era deles, mas ao mesmo tempo, só dela.
Por último, relutante, com medo, seu olhar se encontrou com o dele, a fazendo se ajoelhar no palco e esticar a mão para ele. não teve dúvidas, se aproximou e a tocou e naquele momento, os dois sabiam. A música não tinha acabado, ela apenas tinha dado uma pausa.
Depois do show de Wembley, que agora já parecia mais distante do que nunca, ligou para . Passaram horas ao telefone conversando sobre tudo, menos sobre eles. Aquilo o fez tão bem, que passou a ligar para ela de vez em quando, apenas para que pudesse voltar a ter alguma conexão, nem que fosse mínima, com quem ele sabia que nunca esqueceria.
Tudo parecia bem, pareciam estar andando no caminho certo para quem sabe um dia, se fosse o certo, voltarem a ser algo, mas o que nunca pôde imaginar, era o quanto aquilo vinha fazendo mal a . Aquele contato incerto, cheio de dedos, era ainda pior do que quando não tinha uma resposta sequer.
Com a agenda cheia e a solidão da estrada, encontrou conforto e razão em algo que antes só usava por prazer, por lazer. A transição foi fácil, todos sabiam o quanto Chris era viciado e o quanto eles eram grudados e, não importava a cidade em que estavam, o guitarrista sempre parecia conseguir alguém para lhe vender todos os tipos de drogas. Tel, por ser o mais velho, continuava a cuidar da cantora de longe, a ajudava se manter sã para as apresentações, mas tinha pouco controle nos dias de folga.
A equipe via a dupla se afundar sem saber o que fazer, parecia um ciclo vicioso que acometia todas as bandas de rock do passado e do presente. Era fácil se perder naquele meio, tão solitário e assustador, os demônios que preenchiam sua mente pareciam tomar ainda mais força.
Em uma noite, já estava dormindo, mas por sorte ou destino, tinha esquecido de silenciar seu aparelho quando ele tocou. Era , essa era a única certeza que ele tinha, o resto ele não fazia ideia, porque não entendia uma palavra sequer do que ela dizia, mas mesmo sem entender passou as próximas duas horas falando sem parar, com medo do que poderia acontecer se desligasse o aparelho. A mulher soava completamente fora de si e não se perdoaria se algo acontecesse justo com ele, quando ele ainda tinha tanto a dizer.
Na manhã seguinte ao acordar, percebeu que acabou dormindo ao telefone com ela. Tentou ligar, uma, duas, quinze vezes e em nenhuma ela atendeu. Passou o resto do dia preocupado, com o coração prestes a sair do peito, uma dor que ele nunca tinha sentido antes na vida.
Hood e Tel também estavam fora de circuito e não responderam suas ligações e mensagens. Jeff tinha respondido que ele já estava na estrada indo para o próximo show com os caminhões e que a banda tinha ficado para trás para fazer algumas entrevistas e que não os veria por dois dias. Aquilo não ajudou em nada.
Foram doze horas em que mal conseguiu respirar, até que seu celular finalmente tocou:
- Ontem eu tive a maior viagem da minha vida, sonhei ou alucinei que você estava aqui. Eu estava deitada na cama e você aparecia segurando um urso branco. Você me dizia que ele era seu, mas logo depois colocava fogo nele e o jogava pela janela. Mas tirando essa parte, foi tão real. Você se deitou ao meu lado e cantou uma música, uma que eu nunca tinha ouvido antes, mas que não consigo tirar a melodia da cabeça...era mais ou menos assim…
começou a cantarolar uma música e sorriu, a roqueira sequer imaginava que estava reproduzindo uma música do .
- Não foi um nem outro, . Você me ligou e nós nos falamos por horas. Eu te contei de quando minha prima era mais nova, ela tinha um urso maldito que tocava uma música insuportável e numas férias ela passou a semana inteira com aquilo na minha orelha. Certa noite a minha família estava jantando e eu aproveitei para jogá-lo na lareira, "sem querer". Até hoje eles não sabem que fui eu.
- Foi tão real. - a mulher fechou os olhos, sentindo as memórias voltarem, embora ainda lhe parecessem mais como um sonho.
Os dois se falaram por mais alguns minutos até que pediu para desligar. Segundos depois, o cantor ouviu o barulho de uma nova mensagem recebida.
: , eu não sei o que é real ou não e eu preciso perguntar. Eu disse que te amava?
: Você não fazia muito sentido ontem, . Você poderia estar recitando um livro de matemática que eu não saberia a diferença.
Aquela foi a última mensagem que os dois trocaram.
Quem passou a ignorar as mensagens e chamadas do outro daquela vez, fora ela.
ainda revivia as coisas que tinha feito nos últimos meses e entendeu um pouco mais do que estava por vir em sua carreira e vida pessoal, não podia negar que parte daquela turnê tinha passado como um borrão, mas mal podia esperar para fazer tudo novamente.
Estavam na Escócia, a caminho do Radio 1 Big Weekend, evento produzido por uma rádio inglesa e que a cada ano acontecia numa cidade diferente, com diversos artistas, dos mais variados estilos. Haviam chegado em Glasgow no meio da noite e mal tinham dormido.
sentia-se inquieta, há meses que sequer ouvia a voz de , a não ser pelas antigas mensagens que trocaram. Sabia que era sua culpa, provavelmente teriam se distanciado a ponto de não ter mais volta, mas precisava ver seu sorriso ao vivo, pelo menos mais uma vez. Nem que fosse a última.
O backstage estava tomado por bandas, equipes, vips e trabalhadores e ainda com sono, a roqueira foi para o seu camarim dormir. Algumas bandas que eles conheciam da estrada tocariam naquele fim de semana e como muitos estavam hospedados no mesmo hotel, a after party já estava garantida.
A cantora acordou com a cabeça doendo e o sol batendo forte em sua tenda, que fazia as vezes de camarim. Ouviu risadas e, ao abrir os olhos, deu de cara com a encarando divertido.
- O que você tomou pra dormir tão pesado assim? Estamos fazendo barulho há algum tempo.
- Vai a merda. - se levantou sorrindo e o abraçou forte. - Por favor, me diga que o show de vocês já acabou?
- Engraçadinha, ainda falta uma hora. - o cantor disse, observando a mulher escanear o local - Ele não está aqui.
- Tá tudo bem. - respondeu um pouco envergonhada, algo que o cantor não tinha presenciado antes - Eu…
- Ele teria vindo, mas não sabia se devia.
- Esse setlist de vocês, tem alguma música boa? - atiçou, recebendo o dedo do meio de em resposta.
Uma uva a acertou na cabeça e avistou em frente a mesa de comida com um cacho na mão. Se aproximou sorrindo, antes de pegar um muffin e jogar na direção do cantor que se atrapalhou todo, deixando muffin e cacho caírem no chão, tirando uma gargalhada da mulher. Os dois se abraçaram e enquanto conversavam sobre a última turnê da banda, pegou algumas frutas e queijos para comer e recebeu um olhar questionador do cantor. Deu de ombros e seguiu para a mesa de bebidas e pegou a garrafa de whisky que ela sabia ser só dela.
- Ah, que susto! Achei que fosse pegar a água. - disse segurando uma risada, roubando mais uma uva do prato da mulher.
- Não sabia que essas boybands de hoje em dia vinham personalidade. – zombou, se jogando novamente no sofá, a acompanhou - Quantas músicas vocês vão cantar?
- Sete. Você nunca ouviu nada nosso? - perguntou curioso
- Desculpa, não é pessoal. Só não faz meu estilo. - admitiu, vendo concordar e ficou feliz ao ver que ele não pareceu muito chateado - Eu sou apaixonada na voz do , a gente tem algumas gravações juntos. Eu gosto também da sua voz...
- Não tem problema, . - tentou pegar mais uma uva, recebendo uma careta em resposta - Hoje é o seu grande dia.
- A tem ouvido algumas coisas melosas ultimamente, aposto que vai curtir todas - Chris se jogou ao lado deles a abraçando, fazendo com que a mulher lhe desse um chute.
- Vou trazer uma camiseta do pra você usar. - comentou, a fazendo revirar os olhos.
- Vão a merda todos vocês - respondeu rindo, roubando o boné de antes de sair do camarim, os fazendo gargalhar.
As fotos em seu celular pareciam pertencer a outra pessoa, via aquele casal tão apaixonado e mal se reconhecia nelas. não entendia como uma mulher podia ter tanto poder sobre ele, tinha seu coração e ele não sabia se um dia poderia tê-lo de volta. Sabia que estavam no mesmo local, que seus amigos estavam com ela, mas se via preso em seu camarim, não tinha saído desde o momento que voltou da passagem de som com medo de encontrá-la. Tinha medo do que sentia quando estavam juntos. Tinha medo que a a dor, que parecia finalmente ter cessado, voltasse com ainda mais força.
Estava quieto em seu canto há tanto tempo que nem reparou quando ela entrou em seu camarim, reparou através do espelho que todos voltaram seu olhar para ele e confuso, não entendeu. Girou em sua cadeira apenas por tempo suficiente para vê-la sair do local apressada.
Mesmo de costas ele sabia, nem de perto estava prestes a esquecê-la.
Apoiou as costas no fundo do elevador e fechou os olhos, suspirando fundo. Aquele era o fim, tinha que aceitar que tinha estragado tudo.
Um barulho, um som e seus olhos abriram, era ele. parecia tão assustado quanto ela, ali segurando a porta do elevador para que não se fechasse. sorriu, aquele sorriso que ele tanto amava e deu um passo à frente, mas logo congelou. estava acompanhado, atrás dele apareceu uma garota que parecia ter ganho na loteria. A cantora deu dois passos para trás e se calou.
As mãos de tremiam, mas que merda era aquela? Tinham se evitado o dia inteiro e bem naquele momento se encontravam? O silêncio naquelas quatro paredes de metal só não era maior que o barulho de seu coração batendo acelerado. A campainha indicou a porta se abrindo.
se movimentou ao seu lado apressada, se ele movesse o braço um pouco para o lado a tocaria, mas não o fez. Olhou para a mulher, como se fosse uma despedida. Era aquilo. Como músico ele sabia, algumas músicas morreriam inacabadas.
A porta se fechando lentamente era quase um ode ao que não viveriam. Ele nunca a esqueceria. Já estava com saudades.
- ! - a porta se abriu novamente e o cantor encarou a mulher, que parecia tão vazia quanto ele - Eu não estava… - encarou o chão respirando fundo, antes de encará-lo - Eu não estava recitando um livro de matemática.
Não foi preciso meio segundo para que ele soubesse o que aquilo significava. A porta se fechou tão rápido quanto a dor o invadiu.
- Que mulher louca. - sua acompanhante disse, completamente perdida naquela conversa.
e Chris estavam no quarto do guitarrista, ela tinha recorrido a ele após o encontro com . Foi necessário apenas um olhar para que ele soubesse que ela precisava dele, era sempre assim entre eles, não importava o que estava acontecendo, sempre seriam prioridade para o outro.
- A gente sempre fica, Chris, qual o problema? - a cantora perguntou, ao terminar de cheirar mais uma carreira de cocaína.
- Eu amo curtir com você, mas quando estamos na mesma vibe. Você só está assim por causa do .
- E o que importa? - ela questionou irritada.
- Você devia estar dando pra ele, você gosta dele . Pra que ser tão teimosa? Vai lá no quarto dele e fala que o ama e pronto, foda-se a mídia, as turnês em continentes diferentes, foda-se tudo.
- Ele está acompanhado. - resmungou, se jogando na cama ao lado de Chris, que lhe entregou a garrafa de whisky que tomava.
- Grande merda, você está aqui comigo. Vai lá, senão você vai se arrepender como eu.
- A garota de Berlin? - questionou e Chris fechou os olhos concordando. - Liga pra ela, talvez ela ainda não te odeie.
- Pode ser. - Chris encarou a amiga, segurando em sua mão. - Sabe o que me atraiu pra você quando te vi a primeira vez? A mesma coisa que atrai nossos fãs quando você entra no palco, tem algo sobre você , é único. Mas, ainda mais incrível do que a vocalista da Borrowed Peace, é quem você é quando estamos só nós dois. É quem você é quando fala sobre o .
- Eu te amo tanto, Chris.
- Eu também, .
andava pelos corredores sem saber onde mais bater, não demorou para dispensar a garota que sequer lembrava o nome, ela não chegou nem a passar pela porta de seu quarto. Desceu as escadas e tentou identificar o quarto de , nenhum tocava Jim Morrison, bateu mesmo assim. Nenhum era dela.
Hood estava na recepção se despedindo da garota que tinha acabado de transar quando encontrou com . Juntos foram procurar o gerente da turnê que sempre ficava com a segunda chave dos quartos da banda. Nada. O quarto dela estava vazio, seu celular jogado na cama com todas suas ligações perdidas.
- Vamos no Chris, eles devem estar juntos.
Em silêncio, os três seguiram dois andares para baixo. Não foi preciso bater em porta alguma. O coração de se quebrou.
corria pelo corredor batendo em todas as portas, pedindo por socorro. Hood foi o primeiro a alcançá-la.
- O Chris! O Chris! - gritava sem parar.
O baixista, ao entender o que ela dizia, correu para o quarto que tinha a porta aberta, Tel fazia massagem cardíaca no corpo inerte do guitarrista. Barry, o gerente da banda, já estava ao telefone com o hotel e a ambulância, quando entrou. Eram muitos sons, mas ele só conseguia ouvir um, o desespero de .
- , o que vocês usaram? - Barry gritou para a mulher, que mais parecia uma menina perdida em meio ao tiroteio.
- Eu não sei. - suas mãos tremiam - O Chris tem todas essas coisas. - apontou para as seringas jogadas ao lado do corpo do guitarrista. - Eu não sei. - se aproximou, a abraçando.
- Speedball. - logo reconheceu Derek, o roadie de Chris, entrando na frente de todo mundo. - Ele misturou, mas que merda!! - disse irritado, chutando a cama.
se encolheu dentro de seu abraço.
- . - Hood se aproximou, segurando seu rosto. - Você misturou alguma coisa? Você injetou? - a dor nos olhos do amigo a assustaram, tanto ele quanto se sentiriam aliviados ao vê-la negar. a apertou ainda mais em seu abraço. Hood encarou o cantor.
- Eu fico com ela. - garantiu ao baixista.
Tudo parecia passar como um borrão pelos seus olhos, viu Derek ajudar Tel a fazer a massagem em Chris. Barry berrou chamando a atenção para uma pessoa que tinha acabado de entrar com o celular em mãos, Hood lhe deu um soco e fechou a porta.
- Eu fui te procurar, mas eu não te achei e voltei, ele estava tremendo, eu não sabia o que fazer.
- Shhh. - tentou proteger de continuar a ver seu melhor amigo e parceiro perder a vida - Vai ficar tudo bem. – disse, tentando convencer a si mesmo.
Eram 2.47 da manhã quando a morte de Chris foi declarada.
Quando a polícia terminou de fazer a perícia e o corpo do guitarrista foi levado, a banda pediu um momento e ficaram apenas os três no local. O último local em que foram quatro.
Tel, Hood e se abraçaram pelo que pareceu uma eternidade, ainda anestesiados e completamente perdidos sobre o que fazer e como continuar sem Chris.
- Eu não quero morrer. - disse em voz alta o que estava repetindo a si mesma. Ainda sentia a cocaína em seu corpo.
- Nós vamos cuidar de você, ok? - Tel a abraçou de lado. - Sabemos o que você e o Chris tinham, mas também somos sua família, também precisamos de você.
- Eu amo vocês. - os abraçou, sentindo as lágrimas voltarem.
Juntos, saíram do quarto e o que viram os encheu de alegria e tristeza.
Sentados no chão, ocupando todo o corredor, estava toda a equipe da Borrowed Peace. Quando os viram, todos se levantaram, os encarando incertos, ninguém sabia muito bem como agir, o que falar. Todos, menos uma pessoa.
Ele se aproximou de e ofereceu sua mão.
Ela a pegou.
A Borrowed Peace estava finalmente de volta.
detestava premiações, no passado teria cheirado com Chris, para se divertirem juntos até que pudessem ir para alguma festa decente, mas por ironia, estava fazendo aquilo por ele. Não queria que todos se lembrassem dele por sua morte, queria homenagear sua vida.
Tel e Hood a observavam felizes, foram meses esperando sua ligação, confirmando que a banda não tinha acabado. Mais do que nunca, seriam ainda apenas os quatro.
terminou seu copo de whisky e se virou para o produtor que a aguardava para colocar o retorno em seu vestido. Estava ansiosa.
Caminhou de mãos dadas com Hood e Tel, sentindo-se observada. Todo o backstage parou para vê-los passar.
A icônica Fender Jazzmaster verde esmeralda do guitarrista a estava aguardando nas mãos de Jeff, seu roadie. Jamais seriam capazes de substituir Chris, não por enquanto ao menos. Mesmo passando os últimos meses treinando, sabia que não chegava sequer aos pés do talento que o amigo tinha, mas faria aquilo por ele, mesmo que saísse tudo errado. Quase podia vê-lo rindo de sua cara.
As luzes do Microsoft Theater se apagaram e foi para a frente do palco, fechou os olhos e suspirou fundo, era a hora. Olhou para o lado e viu Hood, olhou para trás e viu Tel. Ao olhar pro lado direito, sentiu Chris.
O solo de guitarra de We're Alright, a música que tinha feito com que as habilidades de Chris na guitarra fossem elogiadas por diversos monstros do rock, ecoou no mesmo segundo que as luzes se acenderem. estava de volta. Pronta para voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Do topo.
Podia ver a surpresa no olhar das pessoas ao vê-la na guitarra, não sabiam de sua capacidade, do que era capaz de fazer por Chris.
sentia seu coração acelerado, tinha esperado tanto por aquele dia, e ele havia finalmente chegado. dominando o espetáculo, como sempre fazia. Ainda mais linda, ainda mais dona de seu coração.
Riu ao ver seu vestido, era da cor de sua pele e um tanto quanto transparente, podia ver a calcinha que ela usava e o piercing que ele tanto adorava. Não poderia ser mais ela. Ele não mudaria nada.
Não se viam há algum tempo e estava cheio de saudade.
Os fãs da banda, que foram convidados a ficar num pequeno cercado durante a apresentação, tornavam a homenagem ainda mais especial, mas a maior surpresa, quem tinha guardado para todos, tinha sido a vocalista.
- Obrigada! - agradeceu as pessoas que a aplaudiam. - Se o Chris estivesse aqui, ele estaria tentando encontrar uma desculpa para ir embora. - riu ao se lembrar do jeito do amigo - Ele amava o rock, amava essa guitarra e amava nossa banda, mas tinha uma coisa que ele amava mais do que tudo isso, a nossa amizade. - sentiu seu coração apertar ao vê-la segurar as lágrimas - Antes dele morrer, ele me deu um conselho. Eu não posso reproduzí-lo aqui sem que tenham que cortar meu microfone, mas essa próxima música é para dizer que eu te ouvi, Chris. Essa é pra você. Eu nunca vou te esquecer.
Aquela música a tinha tocado desde a primeira vez que a ouviu e havia ajudado a cantora a enfrentar um dos períodos mais difíceis de sua vida. Mesmo quando estava internada, aquela música a fazia pensar em Chris, a fazia sentir-se próxima de .
Nunca nada os separaria. Nem mesmo os Deuses, que tinham lhe tirado Chris tão cedo a fariam se esquecer dele. A fariam esquecer o que a fazia sentir. Era ela e eles. Juntos.
Não demorou para que o se entreolhasse. Eles conheciam aqueles acordes bem demais. Ela estava tocando uma música deles.
Nos três telões posicionados atrás do palco surgiram fotos de Chris, da Borrowed Peace, mas também fotos que só tinha visto antes. Ele sorriu e encarou , aquilo estava realmente acontecendo.
era única e agora, só dele.
Quando a primeira foto de e se beijando apareceu no telão, muitas pessoas se viraram para onde ele estava sentado, mas já não estava mais em seu lugar. Ele estava onde sempre pertenceu, ao lado do palco, ao lado dela.
Sob os aplausos de todo o teatro, , Tel e Hood se abraçaram emocionados. Chris estaria com eles para sempre.
As luzes se apagaram e o sentiu. Ela sempre o sentia, mesmo no escuro, ela o via.
As mãos de tocaram a sua e mesmo sem vê-lo completamente, ela sabia. Ele estava sorrindo. Ela também estava.
Se aproximou ainda mais do cantor, entrando no abraço que tanto sentira falta. sentiu como se finalmente estivesse completo, poderia finalmente beijar sua namorada.
E ali, entre a escuridão e a multidão, e se imortalizaram em uma canção.
Fim.
Nota da autora: Oie!!!
Eu estou,honestamente, sem saber o que vocês vão achar dessa fic, a ideia era para que fosse uma long, mas quando li a letra dessa música, vi minha personagem tomar ainda mais vida. Por conta do limite de páginas, não consegui passar um terço do que tinha planejado para esse casal e tive que alterar um pouco da história para poder caber o final.
Eu sou apaixonada por rock e desde que assisti ao show do The Kills, que eu quis escrever essa história, com uma pp roqueira.
E aí? Me digam o que acharam e se gostariam de ver uma longfic desse casal.
Caso queiram saber o que mais escrevo, aqui está o link para o meu grupo:
Outros Ficstapes:
12.Truth / 09.Hearts Don't Break Around Here / 08. Walls / 03.Beautiful To Me / 09.Coconut Tree / 06. My Gospel / 10.Life is Worth Living / 06. He won't go
Eu estou,honestamente, sem saber o que vocês vão achar dessa fic, a ideia era para que fosse uma long, mas quando li a letra dessa música, vi minha personagem tomar ainda mais vida. Por conta do limite de páginas, não consegui passar um terço do que tinha planejado para esse casal e tive que alterar um pouco da história para poder caber o final.
Eu sou apaixonada por rock e desde que assisti ao show do The Kills, que eu quis escrever essa história, com uma pp roqueira.
E aí? Me digam o que acharam e se gostariam de ver uma longfic desse casal.
Caso queiram saber o que mais escrevo, aqui está o link para o meu grupo:
Outros Ficstapes:
12.Truth / 09.Hearts Don't Break Around Here / 08. Walls / 03.Beautiful To Me / 09.Coconut Tree / 06. My Gospel / 10.Life is Worth Living / 06. He won't go