Capítulo Único
Nós vivemos tantos anos.
Tantos dias, horas, minutos, segundos.
Mas de quantos você realmente lembra? Quantos te marcaram?
Os momentos na sua vida que realmente importam… As memórias que te perseguem, as experiências que te mudam, todas as coisas que fazem você ser o que é… Esses momentos não duram anos, não são intermináveis. Ao contrário, duram segundos.
E, nesse caso, foram somente 10.
Ten.
batia em sua mala com os dedos, seguindo o ritmo de uma música conhecida, enquanto aguardava a boa vontade de seu primo. Aparentemente, ele ignorara que seu voo chegava às 12:30 e não às 14:00.
Bufou, enfiando a mão no bolso para pegar o celular. Bastou tocá-lo para sentí-lo tremer. Finalmente!, murmurou em pensamento, enquanto atendia a ligação.
- Estou te esperando há quase duas horas, Wal.
- Hum... – a pessoa do outro lado limpou a garganta, antes de continuar – Eu não sou o Wal.
Na linha, ele escutou uma voz feminina. É, definitivamente não era Wal. Retirou o celular da orelha, para ver de quem, verdadeiramente, era a chamada: .
Arregalou os olhos e quase deixou o telefone cair de sua mão. Então, colocou-o de volta no ouvido e começou a falar, atropelando as palavras:
- Nossa... Oi, . Como... É... Como está tudo?
Eles não se falavam há meses. O encontro deles, pouco mais de um ano antes, parecia ter décadas. No entanto, bastou que ele notasse que estava falando com ela novamente para que todas as lembranças daquela noite especial inundassem sua mente com força.
Ele se lembrou da cliente que pediu vários drinks, cuja pele bronzeada depois de dias na Grécia brilhava no pôr do sol. Do flerte trocado, das conversas profundas sobre a complicada vida dos dois. Da quentura e do desejo na praia deserta.
E, de repente, pareceu que tinha acontecido ontem, tudo tão vívido em sua pele. E, depois de tanto tempo sem escutá-la, foi somente quando voltou a fazê-lo que a saudade apertou seu peito.
Meses antes, logo quando o avião colocou distância entre eles, ambos falavam-se diariamente. A tela do celular os permitia cruzar quilômetros em segundos, trazendo a sensação de que estavam logo ali, mas era principalmente dentro deles que eles sentiam ao outro.
Nessas primeiras semanas separados, eles passaram o tempo todo juntos. Ao acordar, mal abria os olhos, tateando a cabeceira a fim de buscar o aparelho. Então, olhava as mensagens da madrugada anterior. era o responsável por elas. Por seu trabalho no bar encerrar tarde, ele era o último a se despedir.
sabia que ela já havia dormido. Depois de alguns dias de conversas pela madrugada, ele descobriu que ela era uma pessoa da manhã. As sete já estava de pé. Então, as duas já estavam caindo pelos cantos, impossibilitada mesmo de manter o celular nas mãos. Mas, ainda sim, ele contava-lhe coisas como se ela estivesse online. Compartilhava besteiras, comentava curiosidades, confessava segredos. E, por fim, desejava um bom dia, esperançoso e alegre por serem suas as primeiras palavras do dia dela.
Perderam horas um com o outro. Horas de sono, horas de trabalho, horas de tédio. Ele levou broncas do chefe por não largar o celular, ela se atrasou para reuniões. E, mesmo assim, bastava um segundo livre, uma respiração mais profunda e, pronto, já estavam ali, digitando um para o outro. Respondiam em segundos, mudavam o assunto em minutos, mas colocavam sorrisos nos rostos que duravam horas.
A viagem, então, começou a ficar distante. As lembranças, menos nítidas. Os sentimentos, diluídos pelas águas do mar. O sono começou a vir mais cedo, as tarefas passaram a frente, a saída de final de semana com os amigos restou irresistível, a série inédita do Netflix piscava tentadora.
E, tanto tempo depois, estampava a conversa dos dois, um parabéns daqueles bem genéricos e um agradecimento tão ordinário quanto, datados de 14 semanas atrás.
Até agora.
- Estou bem, . Espero que você esteja bem também. - ela começou a falar rapidamente e como ele estava ainda tonto pela surpresa, lento para reagir, não a interrompeu. – Eu liguei porque estava pensando, você me prometeu um encontro na França. Você declamou Lady Marmalade à época, lembra-se? – brincou - Você não está me enrolando, né?
- ... É bom ouvir sua voz – ele confidenciou, assim que conseguiu organizar seus pensamentos. Então, quando notou o que a mulher falara, não pode deixar de sorrir. – Você tem um timing, maravilhoso, sabia? Um dos motivos de ter uma carreira de sucesso aos 20 e pouco, tenho certeza.
- 20 e muitos, mas agradeço o elogio. Essa é a sua maneira estranha de aceitar meu convite?
- Na verdade, eu tenho uma contraproposta pra você. Acabei de desembarcar em Paris. Minha prima se casa no próximo final de semana, em Barbizon, uma cidade há uma hora daqui. Quer ser minha acompanhante?
Nine.
mal podia acreditar, mas dois dias depois, lá este ele, ansioso dos pés a cabeça, esperando por . Assim que ela apareceu, com um sorriso, empurrando sua mala de rodinha, o rapaz se ergueu e caminhou até ela.
Durante alguns segundos eles caminharam um na direção do outro, nenhum dos dois conseguindo esconder a felicidade e o nervosismo. No entanto, quando eles finalmente estavam próximos, ele travou, sem saber o que fazer.
Eles não eram namorados, bem, nem, amigos. Eram conhecidos. Passaram menos de 24 horas juntos, meses e meses atrás e mais algumas horas, há milhares de quilômetros, no celular. Apesar de conversarem profundamente, dela saber muito sobre ele, e ele sobre ela, qualquer intimidade parecia... Estranha.
- Oi, . – exclamou e sua voz saiu abalada. Ela dividia todos aqueles sentimentos com ele. Ao menos isso, o rapaz pensou.
- Ei. – respondeu somente, a puxando para um abraço sem jeito. Não sabia onde colocar as mãos, não sabia o quanto podia apertar, onde colocar seu queixo. Assim, a envolveu com seus braços com muito cuidado e mal encostou nela. A bolsa no ombro dela tampouco ajudou.
Se separaram, a fim de terminar logo o estranho momento. Ele se ofereceu para carregar sua única mala, mas ela continuou em suas mãos até eles entrarem no carro.
- Então, eu espero que não tenha soado louca no telefone. – quebrou o silêncio, depois de muitos minutos. – Eu estava pensando sobre os dias que passei na Grécia e eu simplesmente estava exausta de trabalho, e pensei, porque não?
- Nada. Nós deveríamos ter marcado antes. – ele aproveitou o trânsito da saída do aeroporto para olhá-la, antes de continuar – Senti sua falta. Quero que tenhamos mais momentos como aquele.
- E o que vamos fazer para torná-los memoráveis?
Pouco mais de uma hora depois, lá estavam os dois, no Le 58 Tour Eiffel, um dos restaurantes da Torre Eiffel. completamente fascinada pela vista, mal viu o garçom sair, nem escutou quando falou com ela.
- ? – chamou-a, novamente.
- Oi... - ela desviou seu olhar para ele. - Eesculpe. A vista é simplesmente... Fascinante. Obrigada por me trazer aqui.
- É um prazer. – ele sorriu - Sua primeira vez na Torre?
- Sim, sim. Eu nunca vim à França, na verdade. Muito trabalho, pouco descanso, você sabe como é.
- Na verdade, não mais. – jogou, fazendo a moça olhá-la desconfiada, esperando que ele explicasse suas palavras. – Larguei meu emprego no bar. Estou fazendo o que realmente quero fazer para o resto da vida, estou como voluntário em um abrigo para moradores de rua. E, ... – ele respirou profundamente, seus olhos ficando marejados – Os três anos que eu suportei a faculdade de medicina, bem, eles fazem a diferença. Quer dizer, eu não tenho diploma, mas para aquelas pessoas eu sou um médico, um conselheiro, um amigo. O sorriso que me dão, a gentileza que me tratam... Dinheiro nenhum traz essa felicidade.
- Isso é lindo, . - ela estendeu sua mão até encontrar a dele e então a tocou com carinho – Minha empresa sempre ajuda instituições de caridade e eu ficaria honrada em doar materiais para a sua clínica.
Entre as conversas virtuais, contou ao rapaz que sua empresa fabricava e distribuía materiais de higiene para hospitais. Luvas, seringas e objetos semelhantes. Eram mais de cem mil materiais vendidos por mês, ela ainda murmurou, toda orgulhosa.
- Não, , não precisa. O frete dos Estados Unidos para Grécia será altíssimo. Você pode doar para qualquer outra instituição no seu país.
- Sim, eu sei. Mas , você ajuda tantas pessoas, você me ajudou quando eu estava perdida... Agora eu quero ajudar você. Mesmo que indiretamente. – sorriu.
Ele retribuiu o sorriso. Pegou a mão dela, deu um cálido beijo na palma de sua mão e depois cruzou seus dedos. Voltou a olhar para ela e agradeceu, sincero.
- Não tão rápido. Para que isso realmente aconteça, eu preciso saber tudo sobre sua família. – brincou - Como eu devo me comportar, como eles são, o que eles sabem de mim. Eu estou morta de medo! Porque, senhor , você me trouxe para uma enrascada. Quem conhece a família do outro no segundo encontro? Hein? – ela inquiriu retoricamente - E, deixe-me lembrá-lo, esse é literalmente nosso segundo encontro. – acrescentou, fazendo-o rir.
- Você pode relaxar, . Eles são bem legais. – ele fez carinho com seus dedos na mão ainda cruzada com a sua – Seja você mesma e eles vão te amar, porque você é incrível. – ela sorriu com suas palavras – E, bem, eu falei para eles que você é minha amiga porque, sinceramente, eu não sabia o que falar.
- Pessoa que eu estou vendo pela segunda vez na vida, mas com quem eu tenho uma ligação íntima e profunda. – ela sussurrou – Não é tão difícil, é? – brincou , levando os dois a risadas.
*
Depois do elaborado e delicioso almoço, eles foram até a grade, para sentir o vento nos cabelos e observar a linda vista de Paris. O frio do outono, naquela altura, fez se encolher em seu casaco fino. Por azar ou sorte, não tinha um casaco, então, aproximou-se da moça e lhe abraçou pela cintura, esfregando suas mãos nos braços dela a fim de lhe trazer calor.
Ela somente sorriu para ele, antes de seu acomodar melhor em seus braços. Eles acabaram encaixados um no outro, com a abraçando por trás. Lá longe estava toda a estranheza ou inibição do aeroporto, arrastada pelo momento.
Eles ficaram minutos, colados um no outro, ignorando as centenas de pessoas por ali e o falatório alto. Introspectivos, contemplando a beleza que o mundo pode ser, somente sentiam um ao outro e aproveitavam aquilo. se mexeu uma vez, para acomodar seu queixo na clavícula de e depositar um beijo em seu pescoço. Não pode deixar de perceber que, agora, não fora o frio que a deixara arrepiada.
O dia passou rápido. O casal visitou o Arco do Triunfo e a ponte dos cadeados e, entre as fotos turísticas, houve muitas risadas e toques roubados. De repente, já era de noite, hora de ir para Barbizon. Do carro, na paisagem da estrada, eles puderam ver o céu escurecer, num azul escuro bonito.
- Sinto falta das praias da Grécia, da beleza natural. – ela comentou – Lembra que eu falei sobre seu país ser mágico e você me retrucou que cada lugar tem sua beleza? Que a feiura que eu via em Masachussets poderia ter como culpado meu dia-a-dia? – ele assentiu somente – Bem, sua lição de moral fez efeito. – ela brincou, embora falasse muito sério – Eu refleti tanto sobre suas palavras e comecei a olhar o lado bom dos detalhes, do pouco, do comum. Eu aprendi a conviver e a gostar do que minha cidade, minha vida, podem me oferecer.
- Eu lembro um dia em que você me mandou uma foto de uma árvore florida que encontrou no caminho do trabalho. – murmurou, com um sorriso nos lábios – É o caminho para felicidade. Eu sei por que vi uma Grécia muito feia quando minha mãe adoeceu. Mas, quando se está envolto de ódio, nada fica bonito.
Ela o vislumbrou por um momento, deliciando-se com as profundas palavras dele. Ele estava concentrado na direção, com seu sorriso de praxe.
- Um ano se passou e você continua sábio. – sussurrou, com apreço.
- Um ano se passou e você, menina bonita, continua sendo incrível – retrucou, piscando para ela em seguida.
Eight.
- Daphne, essa é a , a amiga que eu falei. essa é a noiva. - A moça loira, com um sorriso esculpido no rosto e olhos parecidos com de , a abraçou forte.
- Bem-vinda!
- Esse é Louis, o noivo, – ele apontou para o rapaz atrás da loira, um bonito moreno.
Todos estavam na varanda da grande casa, espalhados entre redes, cadeiras, poltronas e os degraus da escada, conversando. ainda mostrou os pais da noiva e do noivo e sua tia-avó, os dois irmãos da noiva, Josh e Breena, primas e primos da outra parte da família e agregados.
Eles totalizavam mais de 20 pessoas e cumprimentou a todos. Cada um a sua maneira a fez se sentir acolhida, seja oferecendo croissant, seja contando alguma piada e ela não pôde deixar de sorrir, feliz que tivesse tantas pessoas boas ao seu lado, pelo menos durante aqueles dias.
Aparentemente, ninguém da família tinha problemas de timidez, mas Daphne definitivamente era coisa de outro mundo. Ela puxou e pelos pulsos para dentro da casa, então virou para a mulher:
- , se você quiser, depois faz um tour pela casa, sim? – ela perguntou, no entanto não deixou espaço para qualquer resposta - Essa casa é gigante, tem mais de seis quartos e três andares, mas tudo que é necessário saber: a cozinha é logo ali à esquerda – apontou – e há um banheiro no quarto de vocês. A casa é sua! – sorriu.
- Calma, um quarto para nós dois? – foi que falou. provavelmente também soltaria algo do tipo, mas a noiva deu tantas informações tão rapidamente que ela ainda estava processando tudo. E definitivamente estava mais acostumado com sua rapidez. – Eu falei pra você separar dois quartos, Daphne!
Assim que escutou um sim de , dois dias antes, pelo telefone, ele ligou para Daphne para falar que tinha uma companhia. Deixou expresso e, com isso, quer dizer, falou ao menos cinco vezes em dois minutos, que ela era somente uma amiga e precisavam de quartos separados. Aparentemente, ela ignorara o aviso e agora sua cabeça fervia.
É claro que ele queria dormir com . Sim, fazer sexo, mas também só dormir, abraçado com ela. Sentir sua pele, seu cheiro, seu calor. Pensara nisso dias e dias depois que ela voltou aos Estados Unidos e eles estavam se comunicando de tão longe.
Ele notou que, apesar da noite juntos na Grécia, eles nunca dividiram uma cama. E, afinal, o convite à França, que surgira da brincadeira com a música, era exatamente dormirem juntos. Em todos os sentidos da coisa, ele gostava de pensar.
Mas, mesmo assim, ele sabia que não poderia ser imposto, forçado. Eles, afinal, se viram uma vez na vida, passaram 12 horas juntos e, por mais próximos que fossem, sempre estiveram distantes.
- Bem, nós não somos um hotel, somos? – respondeu, olhando irritada para o primo – Isso não é nada contra você, , é contra o idiota do meu primo. Pra isso que as confirmações ao casamento devem ser feitas corretamente, . Então, quando você confirmou, um mês atrás, a sua presença somente, eu separei um quarto só. Todos os outros estão lotados. Eu sugiro, portanto, que durma nele e você ao relento. Como eu sou bem legal, te empresto um cobertor!
bufou, antes de responder.
- Estava com saudades de você, prima. – retrucou irônico, e por isso recebeu um dedo do meio e um revirar de olhos.
- Ah sim, quase ia me esquecendo. – Daphne, que já ia saindo, virou para o casal - Na fogueira a meia noite. E o jantar sai daqui a 30 minutos.
- Não ligue pra minha prima. – murmurou logo que ela saiu para a varanda, só restando ele e – Ela pode ser bem grossa às vezes, mas é legal.
- Eu gostei bastante dela, na verdade. – a moça sorriu maliciosa para , e foi sua vez de revirar os olhos.
- Bem, esta batalha está perdida. Vou pegar sua mala e colocar no meu quarto, você pode se acomodar lá, eu vou dormir em um sofá por aqui mesmo.
- Não seja bobo, . – ela tocou-lhe o ombro e completou, cheia de si – Eu não vou te atacar.
*
Próximo à meia noite, pegou o cobertor no armário e chamou . Eles passaram pela cozinha, pegaram algumas cervejas e seguiram para fogueira. Era um local no quintal do terreno, um pouco afastado da casa principal, com alguns troncos que formavam um círculo e um fogo ao meio.
explicou para mulher que os mais jovens se encontravam lá para conversar. Vocês sabem, sem o pudor de estar entre os mais velhos. E, lá estavam duas das primas de Daphne, seu irmão e sua namorada.
Apesar de ser outono, observou que o terreno totalmente aberto e a distância de outras construções fazia com que o frio noturno fosse impiedoso. Por isso, assim que eles se acomodaram, o rapaz jogou o cobertor nos dois.
Louis e sua noiva chegaram por último, carregando os marshmallows. Antes de se jogarem no tronco vazio, distribuíram o doce, que em nada combinava com a cerveja na mão de cada um, mas, mesmo assim, era uma tradição da família.
- Louis, você pode chegar pra lá? – Breena, com suas sardas fofas e um sorriso no rosto, apareceu, pedindo espaço para sentar.
- Ei, pirralha! Essa reunião é só para adultos. – Josh implicou, do lado, impedindo a irmã – Está na hora de criança dormir!
- Eu não sou criança. – ela retrucou. Seu sorriso tinha sumido e seu rosto ficara vermelho de irritação – Eu já tenho 15 anos, sou praticamente uma adulta.
- Ainda é um bebezão! – ele replicou, levantando e apertando as bochechas de sua irmã.
- Josh, para de implicar com sua irmã. – Daphne se intrometeu, chamando atenção mesmo diante dos gritos irados de Breena – Ou eu preciso explanar que você mijou nas calças até os 13 anos?
Bastou isso para ele parar. E todos rirem. Breena aproveitou a deixa e sentou-se, sorrindo novamente.
- Daphne, Daphne. – o irmão ela começou – Era Natal, você virou pra mamãe, diante da mesa lotada, e comentou que se a Fada dos Dentes trazia dinheiro toda vez que o dente caia, o vovô era muito rico.
Todos riram.
- Você não vai se livrar, ! – Daphne continuou, contando as situações constrangedoras e hilárias da infância deles – Sabe, , odiava tomar banho quando mais novo. Eu realmente espero que ele tenha melhorado nesse quesito, aliás. – ela piscou o olho, brincando – Então, ele sempre inventava mil e uma desculpas pra não ir tomar banho. Um dia, ele virou pra tia Rita e falou que nunca mais ia banhar, porque, ele falou: eu não sou um assassino e o sabonete morre quando tomamos banho.
Novamente, risadas ecoaram, enquanto tentava, inutilmente imputar sentido a sua antiga frase.
As lembranças continuaram, entre risos, cerveja e marshmallows.
Enquanto o tempo passava, se aproximou de , aproveitando o cobertor que cobria ambos. Ele passou seu braço por sua cintura e a puxou para seu calor. A moça, em resposta, encostou sua cabeça no ombro dele e se permitiu fechar os olhos por um instante.
- Ela deve estar cansada. – uma voz sussurrou e ela abriu os olhos. Aparentemente, havia cochilado. a olhou sorridente antes de responder.
- Cansada nada, dormiu a viagem toda de Paris para cá.
- Ei! – ela reclamou, o empurrando levemente – Foram somente por 20 minutos e havia um bebê estridente em meu voo, então tenha piedade.
Ela desviou seu olhar para e se perdeu nele. Naquele olhar brilhante, naquele sorriso típico, que ela tanto sentira falta. O rapaz, por sua vez, estava encantado por tê-la em seus braços novamente. Pode sentir seu perfume, pode olhar para seu nariz arrebitado. Inebriado, lhe deu um beijo no canto da boca e sussurrou para que só ela ouvisse: “moça bonita”.
- E vocês dois, hein? – Daphne virou para os dois – Não me enrolem, vocês não são só amigos.
- Definitivamente não, olha como eles se olham! – completou Marcy, a prima dela.
Eles desviaram o olhar, tímidos quando notaram que eram a atração principal. Que entre os dois havia tanto desejo, carinho e paixão que tais sentimentos transbordavam seus corpos, brilhando como a Torre Eiffel.
Seven.
O dia de sexta começou cedo, com uma mesa repleta de pratos franceses e um forte café, no jardim da casa. Durante o café da manhã, comentou que levaria para conhecer Barbizon e, prontamente, vários turistas e conterrâneos se comprometeram a acompanhá-los.
Três horas depois, eles estavam andando na rua principal da cidade, que era basicamente a única. Algumas lojinhas e galerias de arte e, a atração principal, o museu de Theodore Rousseau, no qual eles tinham acabado de sair.
aproximou-se de , que estava conversando com a namorada de Josh. Primeiramente, ele só andou a seu lado, seus braços roçando um no outro. Todavia, assim que a moça foi chamada e ficou para trás, ele puxou a mulher pela cintura e depositou um beijo no pescoço.
Ontem, depois que o grupo apagou a fogueira e finalmente se despediu, ela estava tão exausta que mal aguentou esperar o banho dele acordada. Assim, eles mal conversaram, flertaram ou mesmo beijaram um pouco. Foi por isso que, na madrugada, pensou na desculpa de apresentar a cidade a turista.
Claro, ele também era um turista ali, mas Barbizon era minúscula e ele já conhecia seus quatro cantos. A saída era um meio de eles terem algum tempo a sós. Obviamente, não funcionou como previa. Quando se tratava de sua família, tinha que ter passado por sua cabeça que, no fim, não dar certo era a hipótese mais provável.
- Eles são loucos, certo? – exclamou ele, com um sorriso no rosto – Você já sabe da onde vêm meus problemas.
- Não coloque seus problemas na conta deles, moço! – brincou, rindo. Então, falou sério – Eles são maravilhosos, . Entendo porque você é tão incrível. É de família.
- Lembra quando você me fez correr até o aeroporto grego, maratonista? – ele falou, quando as memórias da correria pra ela pegar o voo encheram sua mente. Ela era uma corredora experiente, que participa de várias maratonas nos Estados Unidos. Ele, bem, nem gostava muito do esporte.
- Lembro, eu ganhei de você. – ela deu a língua.
- É, me lembro de que você é boa em fugir. – ele retrucou ácido. Suspirou – Você estava na Grécia por causa de vários problemas, incluindo seu ex-marido e atual sócio. E... – respirou fundo – Você não me contou nada aquela época, e eu respeitei. Você não contou nada nas milhares de mensagens que trocamos e tudo bem. Mas, agora, estamos em um casamento e a pergunta simplesmente continua piscando brilhante em minha mente. Então, eu vou fazê-la: porque acabou? Como acabou? Você ainda o ama?
- Foram três perguntas! – ela brincou, mas então revirou os olhos para a própria piada. Encarou o rapaz ao seu lado e forçou um sorriso – Barbizon não é grande o suficiente pra eu poder explicar toda a situação. E ainda dói falar sobre. – fez uma careta - Mas eu conheci Nick na faculdade. Ele era meu calouro. Nós começamos a namorar logo e, mais ou menos dois anos depois, ele foi fazer intercâmbio na Alemanha. Um ano. Eu não queria terminar e tentei convencê-lo a tentar uma longa distância, mas ele insistiu e terminamos. Ele conheceu Anna lá, também intercambista. Ela voltou para Austrália três meses depois e, bem, eles decidiram continuar a namorar a distância.
“Eu devia ter percebido aí. Mas eu tinha 22 anos e, meses depois que ele voltou, nós começamos a nos rever. Ele já tinha terminado com a Anna, depois de um relacionamento de pouco mais de um ano, e eu ainda era completamente apaixonada por ele.” – ela bufou para si mesma.
“Nick me pediu em casamento um mês depois que voltamos, casamos quatro meses depois, abrimos uma empresa no ano seguinte. Nosso casamento era nosso negócio. Só falávamos sobre dinheiro e administração e fornecedores e entregas. Não havia conexão emocional, sabe? Nem mesmo amizade. Mas eu ainda gostava dele, enfim, do meu jeito.”
“Então, pouco mais de dois anos atrás, descobri que ele estava transando com uma de nossas funcionárias. E... Que ele comprara uma casa pra eles e que ele não viajava tanto quanto dizia.”
“E não, eu não o amo mais. E mesmo naquela época eu já não o fazia. Mas saber que ele tinha outra vida, que nosso casamento era uma fachada, uma segunda empresa, e ter que vê-lo todo dia, ainda sim... Me quebrou.”
- Você sabe, a minha empresa é meu maior sonho. Mas para manter meu sonho vivo, eu preciso, diariamente, conviver com o meu pior pesadelo.
Seus olhos estavam angustiados pela dor e só queria poder trocar de lugar com ela, sofrer junto. Mas tudo que pode fazer foi abraçá-la.
- O pior você não sabe, – ela completou – eu dormi com ele alguns meses atrás. Aquele desgraçado! – xingou, com raiva – Eu estava tão carente. Nós dois já tínhamos deixado de nos falar e uma das minhas melhores amigas estava longe e eu estava tão cheia de tudo... Fui uma idiota. Um pouco de vinho e pronto. E, eu sei que você não quer saber detalhes sobre, mas nem foi bom. Foi uma merda, na real. – não pode deixar de rir. E se sentir bem também. – Mas, se teve um lado bom, foi eu perceber que definitivamente não quero mais nada com Nick.
- Bem, você ao menos tem a Grécia, certo? – comentou, com um sorriso malicioso no rosto – Melhor sexo da sua vida, se bem me lembro?
- Olha, não se vanglorie tanto. Com um pouco de esforço, consigo colocá-lo no TOP 10! – ela murmurou, fazendo-o abrir a boca em falsa surpresa. Ela riu, antes de suspirar e falar, seriamente - Eu tenho mais do que lembranças da Grécia. Eu tenho o aqui e o agora. E eu tenho você.
Six.
Três horas atrás, suportou com , quando descobriu que haveria um jantar de ensaio. Aparentemente, ela não havia trazido roupa adequada. Bem, a mala dela era enorme e bem pesada para subir os 20 degraus de escada, então devia ter alguma coisa que servisse lá dentro.
Ela quase bateu nele quando ele falou isso, então ele fugiu de sua vista, só aparecendo tempos depois para tomar banho e vestir seu terno. E viu que o surto da mulher fora por nada.
Ela estava linda.
Quando a vislumbrou pela primeira vez, enquanto ainda fechava a porta atrás de si, paralisou ao notá-la. Veja bem, ela sempre foi linda, com seus cabelos correndo pelo ombro e seu corpo marcado, mas ele nunca a tinha visto produzida. Usava um vestido azul marinho até acima dos joelhos, que destacava o bronzeado da manhã. O decote sugeria belos peitos e as pernas torneadas estavam ali, expostas em salto alto.
- Você está linda, moça bonita. – exclamou, ainda que soasse repetitivo, porque não sabia outra coisa para dizer.
E quando ele estava pronto, em um terno comprado na promoção da loja de departamento, ela retrucou que ele também estava lindo.
Assim, o casal compareceu, sorridente, com seus corações aquecidos, ao jantar, que serviu de batatas fritas a lagosta e foi servido com risadas e choros. Fotos e recordações do passado, brindes celebrando o presente e um desejo imensurável de felicidade para o futuro.
E tudo seria perfeito, se não tivesse insistido em usar uma abotoadora de seu bisavô. Ele ficou todo fofo e orgulhoso de levar um pedaço de seu falecido parente para uma ocasião tão especial e ignorou o inconveniente de uma abotoadora velha e quebrada.
Primeiro, ela o incomodava. Segundo, ela tinha um pedaço afiado pra fora. Nada impossível de se relevar, certo?
Aparentemente sim, pois durante a cerimônia, ele simplesmente esqueceu-se dela. Mas não de , ao seu lado, tão gostosa naquele vestido. Depois de dois dias com ela e nenhum avanço, ele estava louco.
Começou calmo. Por debaixo da toalha da mesa, ele resvalou sua mão na perna de . Ela nem mesmo sentiu. Então, tocou-lhe totalmente, deslizando sua mão desde o joelho até o tecido do vestido. Dessa vez, ela sorriu de canto e desviou o olhar rapidamente de sua conversa. Em resposta, ela subiu seu pé pela perna dele.
Incentivado, ele avançou com mais vigor, pronto para levantar o tecido do vestido e explorar o corpo da americana.
Mas, bem, vocês se lembram das abotoaduras do bisavô, certo? Ela resolveu prender no tecido do vestido de e, , com toda a sua inteligência do momento, simplesmente puxou seu braço.
Se não fosse a música, qualquer um poderia ter escutado o som do rasgo do tecido. e , no entanto, o sentiram. Ela pediu desculpa para o resto do pessoal da mesa, com quem conversava, e olhou para baixo, a fim de ver o estrago.
Quando viu sua cara de brava, ele sabia que estava perdido. A moça pegou um guardanapo, colocou em sua coxa e, com a outra mão, puxou o rapaz pelo pulso. Eles atravessaram as mesas até chegar ao fraldário.
- Satisfeito, garanhão? – ela inquiriu, logo que entraram no local.
O grego pode finalmente ver que aquele pequeno objeto inofensivo havia rasgado aproximadamente 25 centímetros. Agora, ele via toda a coxa esquerda de e o fim de sua calcinha preta.
- Não está tão ruim. – exclamou, porque, realmente, a visão era maravilhosa. , no entanto, não parecia feliz e lhe deu um tapa no braço.
- Ai! Não sabia que você batia nas pessoas.
- Bem, você nunca me viu brava. – bufou – Esse era o vestido que eu ia usar amanhã na despedida de solteiro, . Porque você também não me avisou que teria uma e eu não trouxe roupas adequadas! Então, obrigada por estragar o pouco que eu tinha!
- Podemos comprar outro amanhã, vamos até Paris se for preciso. – prometeu – Mas não fique brava comigo, foi sem querer. Eu só queria sentir você, quero tanto você... E, bem, você parecia querer também.
- Eu queria! Antes de você estragar meu vestido.
- Sei... – suspirou – Olha, ninguém vai perceber. Está escuro lá fora e...
- Não, eu não vou sair assim. Vou pegar um taxi e ir pra casa, você explique o que aconteceu pra sua família e peça desculpas.
- Tudo bem, . – ele assentiu – Só tem um problema. Não há táxis por aqui. Nem uber, aliás. Vamos, eu vou te levar.
Ele já ia abrindo a porta, quando escutou sua avó gritando seu nome. Então, com rapidez, voltou ao seu esconderijo e virou pra mulher, com um sorriso pesaroso.
- Ok, talvez essa não seja a melhor hora pra sair.
*
conseguiu reverter a raiva da mulher em tesão. Foi bastante fácil, aliás. Bastou ele elogiá-la e, aos poucos se aproximar dela e tocar seu corpo com carinho.
De repente, lá estava , sentada na bancada da pia, com as pernas abertas e o que sobrava de seu vestido na cintura. Arfando, ela sentiu os dedos de desvendando a parte interna das coxas e, finalmente, sua vagina.
Ele começou somente esfregando o local, devagar, experimentando os suspiros da mulher como acordes musicais. Então, enfiou um e outro dedo, louco para vê-la arcar suas costas e gemer. Ajeitou-a, colocando suas pernas para cima e aprofundando-se nela.
Enquanto sua mão explorava os seios dela, cujos bicos estavam duros apontando para o ar, com o tamanho perfeito para sua mão, ele a dedilhava, num vai e vem cada vez mais acelerado e fundo.
Sentiu o corpo dela tremer de desejo, a milímetros da satisfação total. Então, retirou seus dedos, o que fez a mulher gritar em irritação e descontentamento. Mas ele nunca a deixaria assim, sedenta por mais, quando sabia que poderia levá-la a completa loucura.
Abriu mais suas pernas e avançou com sua língua sobre a fenda entre elas, sem pudor em experimentar seu gosto e dar-lhe prazer. novamente arfou em seu ouvido e seu pau, já duro, vibrou em antecipação.
Todavia, agora, era a hora dela. E ele faria de tudo para levá-la até o céu.
Five.
Na noite anterior, com grandes sorrisos, o casal fugiu para casa antes do jantar de ensaio acabar. Inebriados pelo desejo, eles praticamente atropelaram as portas e voaram pela escada, aproveitando a cama para continuaram a matar saudade um do outro.
Na manhã seguinte, no entanto, enquanto uma Daphne gritava do outro lado da porta, chamando por , o sorriso havia desaparecido do rosto dos dois.
- Ei. – exclamou para a mulher, dando-lhe um selinho. No meio da madrugada, eles haviam se abraçado enquanto dormiam.
- Ei. – ela respondeu, com um sorriso e um beijo de resposta.
- ! Eu sei que você está aí – Daphne retornou a gritar, cada vez mais irritada por ser ignorada – Eu vou entrar nessa porra de quarto se você não me responder em cinco segundos. Cinco. Quatro. Três. Dois...
- Oi, Daphne! Estou indo, um minuto.
olhou pra e respirou fundo, antes de levantar da cama e vestir sua camisola de qualquer jeito. Caminhou até a porta e a abriu somente o suficiente para ver a mulher do outro lado.
- Bom dia.
- Bom dia, bela adormecida. Eu trouxe um café pra você. – empurrou a xícara para ela e continuou – Vamos sair em 20 minutos, então se apresse.
- Sair? Pra onde? – tudo bem que sua mente era um pouco lerda quando acordava, mas ela não se lembrava de compromisso nenhum essa hora da manhã.
- Minha despedida de solteira! Temos SPA, compras e, de noite, balada. Temos que aproveitar bem o dia. – ela parou – E, ? – chamou o primo, embora não o visse. Tinha certeza que ele estava no quarto. – Só amigos, é? – ela apontou para o pescoço da outra - Você já passou da idade de fazer chupões nas garotas, bobão.
*
Horas depois, enquanto a ala masculina estava no bar, com uma cerveja na mão, assistindo jogo de futebol, , Daphne, sua irmã, sua cunhada e suas primas estavam em uma sauna, totalmente relaxadas depois de uma massagem.
Com champanhe na mão, elas conversavam sobre o casamento, a vida a dois, viagens, trabalho, amizade e, claro, sexo.
- Nossa, ele é péssimo, gozou em um minuto e não subia mais. – uma das primas de Daphne falou. – Opa, Breena, também os ouvidos!
- Eu não sou uma criança mais, que saco. – ela murmurou, revirou os olhos.
- Tudo bem, deixem-na escutar. Vai ser bom ela ter alguns conselhos. – Daphne riu - E, , nos comente sobre esse seu sorriso bobo no rosto. Tem a ver com nosso assunto e tal de um primo meu chamado ?
As meninas riram da provocação. limpou a garganta, envergonhada.
- Vamos, ! Ele tem uma cara, com aquele sorriso malicioso dele, que sabe fazer as coisas. – comentou outra das primas da noiva.
- Bem, sim, ele sabe. – confidenciou.
Elas gritaram.
- Você não mora na Grécia, né?
- Não, Estados Unidos.
- E vocês quer algo sério com ele ou é só uma foda?
- Ah, é complicado! – suspirou, mexendo em seus dedos - Eu gosto dele, realmente gosto. Passamos pouco tempo juntos e eles foram muito bons – todas riram novamente, com a conotação dupla da frase – Mas, não sei. Moramos a milhares de quilômetros, temos trabalhos que amamos, vidas formadas... Estamos nos conhecendo, vamos ver o que vai dar.
- Ah, sim. “Se conhecendo” – Daphne fez aspas com as mãos – Todas nós sabemos que sexo enlouquecedor até as altas horas da madrugada é a melhor forma de adquirir conhecimento. – ela brincou.
Four.
Daphne emprestou a um vestido preto básico, que marcava sua cintura, alegando, sob protestos, que trouxera uma dezena de opções para a ocasião. A mulher por fim aceitou e, olhando-se no espelho do SPA, minutos depois, agradeceu que elas vestissem o mesmo número. Ficara somente um pouco curto, porque era mais alta, mas nada alarmante.
Elas se vestiram todas juntas, no SPA mesmo e, em seguida dois carros as levaram para a boate da cidade vizinha. Mais badalada, havia bastante gente lá dentro e uma música dançante a todo o volume inundando o ambiente. Hoje, como VIPs, desfilaram até o camarote e receberam um balde de prosecco.
Ao som do pop americano, elas dançaram, inventaram coreografias, riram, tiraram fotos e beberam bastante também. Daphne rebolava até o chão, fora do ritmo, enquanto gritava que se casaria no dia seguinte com o amor da sua vida e seria feliz pra sempre.
Uma de suas primas, bem, essa tinha sumido horas antes, com um rapaz forte com tatuagens. A outra, por sua vez, estava grudada na grade, olhando para o palco e a pista embaixo delas, tentando, segundo ela expressou com palavras emboladas, arranjar um boy e ser a próxima a casar. Casamento que ainda não tem um noivo, mas ao qual já foi convidada.
Foi a namorada de Josh quem se aproximou da mulher, logo depois de checar o celular.
- Ei, os meninos estão aqui. – ela gritou no ouvido da outra – Eu vou lá encontrar Josh, você quer ir comigo?
E, quando tudo que se tem são horas, você não se hesita em responder sim.
*
, seu primo Josh e os primos dele, além de Louis, estavam na boate mais famosa das redondezas, depois de um dia repleto de futebol. A definição perfeita de despedida de solteiro, ele diria.
De um dos cantos, mais afastados da música, ele viu quando a namorada de Josh se aproximou do grupo. Ele procurou com o olhar, enquanto ajeitava sua camisa amassada e conferia o desodorante. De repente, sentiu-se ansioso por vê-la novamente e tê-la em seus braços.
Depois da noite anterior, em que eles se esforçaram para criar novas memórias deles dois juntos, sua mente piscava com a visão daquela mulher, nua, em sua cama. Seus sons, seu cheiro, sua pele quente, seu rosto quando atingiu o ápice. Ele a queria tanto...
Então, foi ótimo quando futebol e cerveja foi a proposta de despedida de solteiro. Ele conseguiu esquecer alguns instantes sobre ela, o turbilhão que ela causava em seu corpo e a confusão em que estava seu coração.
Mas bastou a ideia de estar a centímetros dela e tudo voltou com força. Aparentemente, em vão, pois a namorada de Josh cumprimentou a todos e não havia sinal de . suspirou e estava falando antes que pudesse se conter:
- A despedida de solteira de Daphne está sendo aqui? – ele inquiriu, quando na verdade só queria perguntar se estava a menos de 100 metros de distância.
- Sim, nós estamos em um camarote lá em cima. – a mulher respondeu, com um sorriso um tanto sádico no rosto. Parecia que ela sabia exatamente o que queria saber, mas, ainda sim, se negou a falar sobre. E ele não se atreveu a ser tão direto numa próxima pergunta.
De repente, precisava de .
É engraçado como ele se tocou disso. Em uma boate, depois de 12 horas sem vê-la. Ele sentia falta dela. Das conversas, dos toques, das risadas, de tudo e de nada. Logo ele, que ficou longe dela mais de um ano. Cujo oceano os distanciava por milhares de quilômetros. Agora, em um piscar de olhos, o tempo todo que ficaram separados, que não se falaram, pareceu tempo demais. A distância de centímetros restou amarga em seu estômago.
Seu coração batia forte quando buscou o celular no bolso, pronto para ligar pra mulher que tomava seus pensamentos. E, talvez, seu coração.
Todavia, foi impedido de concretizar suas intenções, quando sentiu mãos tampando seu olho.
- Adivinha quem é. – uma voz delicada sussurrou em seu ouvido e, mesmo diante de toda a música e as conversas, ele soube exatamente quem era.
Então, em um só movimento, ele pegou a mulher pela cintura e, a virando para si, puxou-a para um beijo daqueles.
Three.
Poucas coisas na vida são tão gostosas quanto se aconchegar na cama, embaixo dos edredons, em um começo de manhã frio. Uma dessas coisas era ter alguém para compartilhar esse momento. Sobretudo quando era esse alguém.
acordou com seu beijo quente no pescoço, com seu nariz percorrendo sua pele. Arrepiou-se, não de frio. Sorrindo, abriu os olhos lentamente, encarando o rapaz e dando bom dia.
- Ótimo dia. – retrucou ele, a boca aberta de orelha a orelha - Estou esperando o final de semana inteiro para ficar assim, com você, o dia inteiro. – apertou-a levemente. – Sem nem levantar da cama.
- Hum… Nem mesmo para comer? Estou morrendo de fome. – exclamou .
- Engraçado, eu também. – concordou - Mas não exatamente de comida. – e, a fim de subverter suas palavras, tentou fazer uma cara sexy. Mal sucedida, diga-se de passagem.
- Ah, não vou cair nessa cantada para não! - respondeu, rindo. Ainda aceitou um selinho dele, mas logo impediu seu avanço. - Não tão fácil, mocinho.
Foi a vez de ele rir, caindo na cama e puxando-a para perto de si. Passou os braços pelo corpo dela, pousando seu queixo em seu ombro e aproveitando o cheiro de seus cabelos.
- Então, gostou do dia das meninas ontem? Esqueci-me de te perguntar ontem à noite, quando te reencontrei.
- Sim, bem, você estava bastante preocupado em me agarrar na boate. – ela revidou, ácida.
- De fato. – ele sorriu rapidamente, mas logo fez cara séria - Em minha defesa, eu estava certo, porque 20 minutos depois Daphne a arrastou pelos cabelos pra longe de mim. - fez beicinho, mostrando toda a sua tristeza.
- Fofo. - ela apertou suas bochechas, mas se desvencilhou emburrado. - Mas não foi você que teve que aguentar uma bronca de sua prima. Ela ficou bem brava porque fomos encontrar vocês. ‘É noite das mulheres, só das mulheres!’ – ela tentou imitar a mulher raivosa, fazendo o rapaz rir - Daphne brava é…
- Oh, eu sei. Logo que voltamos, eu a encontrei na cozinha. Felizmente, são muitos anos de convivência e eu consegui elaborar uma desculpa perfeita, que, aliás, é a mais pura verdade, – deu de ombros - você mora do outro lado do mundo e, portanto, temos alguns privilégios. Afinal, eu preciso passar cada instante com você.
- Hum... – a moça fingiu refletir, mas não pode esconder o sorriso. – Justo. E o que ela disse?
- Ela pensou por alguns instantes e concordou. Ou uma boa alma tomou o corpo dela naquele momento ou ela não gosta muito de você. – alfinetou, brincando com o fato da prima não se importar tanto assim com a companhia da .
- ! - o repreendeu, dando-lhe um pequeno empurrão, fingindo-se indignada, mas rindo em seguida. Ele a puxou de volta para seus braços e riu em seus ombros. - Sob risco de soar repetitiva, , eu adorei sua família. Mesmo quando eles me dão bronca.
- Tenho certeza que o sentimento é recíproco. – ele murmurou. Ainda, suspirou fundo antes de continuar: - Você é uma pessoa maravilhosa, . Cada minuto com você, cada pedaço seu que conheço, me encanta ainda mais. Eu pensei que não era possível me sentir assim, não quando tenho 25 anos de idade, mas você me faz sentir um adolescente bobo. - ela lhe interrompeu com um pequeno beijo.
- Como acha que me sinto, ? – ela retrucou - Tenho 3.0 e posso jurar que há borboletas em meu estômago.
- Queria que minha mãe estivesse viva para conhecer você. – jogou.
o encarou por um instante, sem palavras. Aquelas palavras, soltas do nada, tão simples, diziam tanto… Demonstravam mais carinho e admiração do que qualquer elogio ou declaração.
- . – ela engoliu em seco - Isso é lindo. Seria uma honra conhecer a mulher que criou um cara sensacional como você. E me deixa muito feliz que você tenha esse desejo.
- . – ele sorriu para ela, passando seus dedos por sua bochecha e queixo - Eu acho que você não tem noção do quanto você é especial para mim.
- . Eu acho que tampouco você sabe de sua importância. – respondeu. Então, mudou a feição, antes de completar: - Mas acho que posso encontrar maneiras de lhe mostrar.
A mulher sorriu para ele. Pode ver nos olhos do rapaz o desejo e a ansiedade pelo mais. Ele olhava para seu rosto, mas parecia ver tudo que estava por baixo dos lençóis. E, bem, ao que tudo indicava, gostava do que via.
Ela sentiu-se poderosa de repente, diante daquele olhar. Seu sorriso tornou-se mais ousado e ela tirou suas costas da cama quente. Sem se preocupar com a nudez, passou uma das suas pernas sob o corpo de e encaixou-se próximo a cintura dele.
As peles dos dois se tocaram. Ele segurou-a em seu quadril e elevou um pouco as costas, tentando levar sua boca até a dela. Porém negou, empurrando-o de volta para a cama. Ela estava disposta a deixá-lo sofrer um pouquinho.
Sorrindo maliciosa, a mulher mexeu-se sobre o homem. Foi um leve roçar, mas bastou para que gruísse em resposta. pode sentir seu membro enrijecendo por debaixo de seu corpo. Então, cruel, ela repetiu o movimento torturante.
- Você ainda vai me matar. – exclamou , entre suspiros. riu, dando-lhe um pequeno selinho. Bom, a intenção era essa somente, mas ele acabou por agarrá-la e aprofundar o beijo.
Mesmo naquela manhã fria, os corpos dos dois pareciam arder em chamas.
Apoiando-se nos ombros do rapaz, ela afastou-se levemente, deixando-lhe seus seios para apreciação. não perdeu tempo, avançando sua boca para o esquerdo, enquanto tocava o direito. Foi a vez de suspirar, arqueando as costas para sentir mais.
- O café está servido, queridos. – eles escutaram a voz suave da avó da família antes de notar a porta abrindo e sentir o olhar dela sobre eles.
Em alguns segundos, tinha se jogado de volta no colchão e estrategicamente a cobriu com o edredom, depois de tampar suas partes.
No entanto, eles não foram rápidos o suficiente.
A cena, a senhora percebendo o que estava ocorrendo ali e ficando vermelha de vergonha, se retirando em seguida, não sairia da cabeça deles dois tão cedo.
Imagine, então, do ponto de vista da velhinha!
Two
precisou de algumas horas e muita coragem para sair daquele quarto. Sentia-se a protagonista de A Letra Escarlate, com escritos de promíscua em sua testa. Quase 500 anos se passaram e a sociedade evoluiu, mas, ainda sim, ser pego no ato por uma senhora de 80 anos estava longe de ser minimamente normal.
tentou acalmá-la. Sim, porque logo depois ela surtou. Algo como ser odiada pela família dele e ser expulsa daquela casa. Mas ele tampouco estava ok com a situação e, quando desceram, à noite, já prontos para o casamento, pôde ver como ele tentava desviar os olhares da avó e mexia na gravata desconfortável.
Bom, não sabia se a gravata era de fato incômoda, mas vê-lo desconcertado, de alguma forma, ajudou-a a se sentir melhor. Por sua vez, algumas taças de champanhe a fariam esquecer totalmente o acontecimento, pelo menos por algumas horas.
Eles estavam logo nas primeiras fileiras da pequena igreja lotada. usava um vestido longo azul claro, que coincidentemente combinada com a gravata do rapaz ao seu lado.
Mas não vamos falar dos meros convidados. Daphne estava linda, o vestido off white de mangas rendadas caindo-lhe perfeitamente. O sorriso profundo em seu rosto, os olhos brilhando de emoção, acrescentavam beleza a equação. Seu logo mais marido estava muito bem em seu terno puxado para o cinza e a gravata borboleta. Vidrado na mulher de sua vida, parecia hipnotizado com o momento.
- Eu, Louis, recebo-te, Daphne, como minha esposa. Prometo ser fiel, te amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da minha vida. Prometo que te farei a mulher mais feliz do mundo. – eles sorriram. A igreja observava silenciosa às juras de amor.
- Eu, Daphne, recebo-te, como meu esposo. Prometo ser fiel, te amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, pelo resto de nossas vidas.
Enquanto os votos eram trocados, e desviram o olhar um para outro. Sorriram, com feições que poderiam dizer tudo mesmo sem um som sair de suas bocas. Juntos, aproximaram-se, cruzando suas mãos.
*
Ele poderia ficar ali para sempre. Com seus braços na cintura dela, seu queixo na curva de seu pescoço, seu nariz sentindo o cheiro de seu perfume adocicado. Podia dali escutar por cima da música alta suas risadas inusitadas, seus comentários bobos. Ver seu sorriso e seus olhos brilhantes.
Perfeito.
Mas a musica lenta mudou de repente e todos pediram espaço na pista de dança. foi obrigado a abraçar a mulher pela cintura e a puxar para o canto. Entretanto, mal pode se sentir mal-humorado, porque logo viu Daphne e Louis, o casal da noite, duas das pessoas que mais amava no mundo, com sorrisos que mal cabiam nos rostos, aproximando-se do espaço iluminado.
Eles começaram leve, com uma suave valsa. Então, a música mudou para um merengue. E então para um pop americano. O casal mostrou que treinou meses aquelas coreografias e, entre caretas e saltos mal feitos, fizeram todos rirem.
Foi já no fim da festa, depois do refinado jantar e vários drinks sofisticados, que e voltaram para a pista, a fim de dançar os top hits do momento. Eles trocavam sorrisos e, em algum momento, virou para a mulher e gritou em seu ouvido:
- Quero que esse dia não acabe nunca.
Para , aquelas poucas palavras significaram o mundo. Diziam que todos aqueles momentos que passaram juntos eram especiais e que, bem, estavam passando rápido demais. Que não queriam uma distância de oceano, novamente. Que queriam muito mais, mas ao mesmo tempo queriam a simplicidade daquilo somente.
Ao fim, praticamente expulsos pelos garçons, em roupas amassadas e com os cabelos bagunçados de tanta dança, eles saíram dali. A conversa era boba, mas o que envolvia os pensamentos mais profundos dos dois não.
Amanhã era o fim.
E, enquanto levava as sandálias em uma mão e a dona delas em outra, ele não pode evitar pensar no tesouro que podia a qualquer momento perder.
One.
tinha a mala arrumada antes das sete da manhã. Afirmar que tinha dormido era uma mentira bem grande, porque, na realidade, mal fechara o olho. O peso do fim portava em seus ombros e a ansiedade, o medo, a insegurança e a confusão inundavam todo o seu ser.
- Já está querendo se livrar de mim, menina bonita?
Ela sorriu para o rapaz embrulhado no edredom da cama. A frase encaixava-se exatamente ao inverso. Tudo que ela queria era ter mais uma semana. Ali, em Paris, na Grécia, ou nos Estados Unidos, tanto fazia. Desde que ele, com seu sorriso, estivesse ao seu lado.
A mulher aproximou-se da cama e se debruçou para dar um rápido selinho em . Bem, essa era a intenção. Ele a puxou para si, fazendo-a perder o equilíbrio e cair na cama.
Aprofundaram o beijo, entre risadas, e logo estava sob ele, com suas pernas em sua cintura e uma blusa jogada no chão.
Carpe Diem era, afinal, o lema deles.
*
- É engraçado, estamos em uma celebração sobre o futuro: compremeter-se para o resto da vida, juntar dois destinos. E, aqui estamos, fechando os olhos para os nossos.
jogou o comentário, reflexivo, enquanto acariciava em seus cabelos. Tinham se mantido em um silencio carinhoso e profundo até então, somente aproveitando um ao outro. Mas, bem, o segundo para tudo chega, afinal.
- Estou em fase de negação. Não quero aceitar que terei que ir embora novamente. Que ficaremos sem nos ver. Me deixa tão confusa e... Dói. Dói que tudo possa ser tão perfeito e tão difícil ao mesmo tempo.
- Lembra quando eu disse que eu queria descobrir você? Que eu queria te ajudar a achar um caminho, porque você parecia perdida? – perguntou, referindo-se a algo que ele falou para ela na Grécia. lembrava cada palavra - Bem, parece que eu fiz você encontrar. Você está tão decidida, madura.
- Você acha? No momento, não me sinto nada decidida ou madura. Me sinto uma adolescente louca de desejo e cheia de dúvidas.
- Eu também. Mas, é engraçado, nunca tive tantas certezas em minha vida. Tenho certeza que gosto do meu curso e que terminarei a faculdade. Tenho certeza da importância, social e pessoal, do que eu faço. E, bem, tenho certeza, absoluta certeza, que gosto de você. – ele parou, sorrindo para ela - Que cada dia que passei com você foi inesquecível e que você é uma pessoa incrível. Eu já sabia disso desde a Grécia, na verdade, mas a França me fez ter certeza. Eu quero tanto ter uma chance com você...
- Mas. – interrompeu, assentindo com a cabeça. - Eu sei perfeitamente, . Mas o peso da distância é difícil. O peso de quebrar vidas constituídas mais ainda. Não quero que você mude toda a sua vida por mim. Nem mesmo caso seja o seu desejo. E, por mais que eu queira muito, não vou mudar toda a minha vida por você. – ela suspirou – Espero que você compreenda que isso não quer dizer que eu não gosto de você. Que eu não esteja me apaixonando por você. Porque eu estou. – ela sorriu de lado – Cada segundo aqui me mostrou que você é a pessoa perfeita pra mim. Mas isso não é suficiente. Expectativas e romantizações acabam com relacionamentos reais.
- Eu entendo completamente. E concordo. Mas, então, o que faremos? Jogaremos tudo que sentimos para debaixo do tapete? Ignoraremos o potencial e a magia de estarmos juntos? – ele inquiriu, confuso. E pôde notar na careta da mulher que ela estava na mesma situação – Porque vai doer. Não doeu da primeira vez, porque 12 horas não foram suficientes, mas agora... Já dói.
forçou um sorriso. Era uma resposta silenciosa: não sei.
E eles decidiram não discutir nos seus últimos segundos juntos. Não. Fazer memórias, confessar juras, descobrir arrepios, parecia a eles muito mais interessante.
- Nós sempre teremos Grécia e França. – exclamou, horas mais tarde, abraçada a ele, já no portão de embarque do aeroporto principal de Paris.
- E teremos mais todos os países europeus que quisermos. – complementou, com um sorriso, antes de puxá-la para um profundo beijo apaixonado.
E a verdade é que a vida tem disso. De mostrar caminhos tão lindos e difíceis. Às vezes, a caminhada é escrita pelo próprio destino. Todavia, cabe a nós, meros mortais, eternizar os pequenos instantes que nos são ofertados.
Tantos dias, horas, minutos, segundos.
Mas de quantos você realmente lembra? Quantos te marcaram?
Os momentos na sua vida que realmente importam… As memórias que te perseguem, as experiências que te mudam, todas as coisas que fazem você ser o que é… Esses momentos não duram anos, não são intermináveis. Ao contrário, duram segundos.
E, nesse caso, foram somente 10.
batia em sua mala com os dedos, seguindo o ritmo de uma música conhecida, enquanto aguardava a boa vontade de seu primo. Aparentemente, ele ignorara que seu voo chegava às 12:30 e não às 14:00.
Bufou, enfiando a mão no bolso para pegar o celular. Bastou tocá-lo para sentí-lo tremer. Finalmente!, murmurou em pensamento, enquanto atendia a ligação.
- Estou te esperando há quase duas horas, Wal.
- Hum... – a pessoa do outro lado limpou a garganta, antes de continuar – Eu não sou o Wal.
Na linha, ele escutou uma voz feminina. É, definitivamente não era Wal. Retirou o celular da orelha, para ver de quem, verdadeiramente, era a chamada: .
Arregalou os olhos e quase deixou o telefone cair de sua mão. Então, colocou-o de volta no ouvido e começou a falar, atropelando as palavras:
- Nossa... Oi, . Como... É... Como está tudo?
Eles não se falavam há meses. O encontro deles, pouco mais de um ano antes, parecia ter décadas. No entanto, bastou que ele notasse que estava falando com ela novamente para que todas as lembranças daquela noite especial inundassem sua mente com força.
Ele se lembrou da cliente que pediu vários drinks, cuja pele bronzeada depois de dias na Grécia brilhava no pôr do sol. Do flerte trocado, das conversas profundas sobre a complicada vida dos dois. Da quentura e do desejo na praia deserta.
E, de repente, pareceu que tinha acontecido ontem, tudo tão vívido em sua pele. E, depois de tanto tempo sem escutá-la, foi somente quando voltou a fazê-lo que a saudade apertou seu peito.
Meses antes, logo quando o avião colocou distância entre eles, ambos falavam-se diariamente. A tela do celular os permitia cruzar quilômetros em segundos, trazendo a sensação de que estavam logo ali, mas era principalmente dentro deles que eles sentiam ao outro.
Nessas primeiras semanas separados, eles passaram o tempo todo juntos. Ao acordar, mal abria os olhos, tateando a cabeceira a fim de buscar o aparelho. Então, olhava as mensagens da madrugada anterior. era o responsável por elas. Por seu trabalho no bar encerrar tarde, ele era o último a se despedir.
sabia que ela já havia dormido. Depois de alguns dias de conversas pela madrugada, ele descobriu que ela era uma pessoa da manhã. As sete já estava de pé. Então, as duas já estavam caindo pelos cantos, impossibilitada mesmo de manter o celular nas mãos. Mas, ainda sim, ele contava-lhe coisas como se ela estivesse online. Compartilhava besteiras, comentava curiosidades, confessava segredos. E, por fim, desejava um bom dia, esperançoso e alegre por serem suas as primeiras palavras do dia dela.
Perderam horas um com o outro. Horas de sono, horas de trabalho, horas de tédio. Ele levou broncas do chefe por não largar o celular, ela se atrasou para reuniões. E, mesmo assim, bastava um segundo livre, uma respiração mais profunda e, pronto, já estavam ali, digitando um para o outro. Respondiam em segundos, mudavam o assunto em minutos, mas colocavam sorrisos nos rostos que duravam horas.
A viagem, então, começou a ficar distante. As lembranças, menos nítidas. Os sentimentos, diluídos pelas águas do mar. O sono começou a vir mais cedo, as tarefas passaram a frente, a saída de final de semana com os amigos restou irresistível, a série inédita do Netflix piscava tentadora.
E, tanto tempo depois, estampava a conversa dos dois, um parabéns daqueles bem genéricos e um agradecimento tão ordinário quanto, datados de 14 semanas atrás.
Até agora.
- Estou bem, . Espero que você esteja bem também. - ela começou a falar rapidamente e como ele estava ainda tonto pela surpresa, lento para reagir, não a interrompeu. – Eu liguei porque estava pensando, você me prometeu um encontro na França. Você declamou Lady Marmalade à época, lembra-se? – brincou - Você não está me enrolando, né?
- ... É bom ouvir sua voz – ele confidenciou, assim que conseguiu organizar seus pensamentos. Então, quando notou o que a mulher falara, não pode deixar de sorrir. – Você tem um timing, maravilhoso, sabia? Um dos motivos de ter uma carreira de sucesso aos 20 e pouco, tenho certeza.
- 20 e muitos, mas agradeço o elogio. Essa é a sua maneira estranha de aceitar meu convite?
- Na verdade, eu tenho uma contraproposta pra você. Acabei de desembarcar em Paris. Minha prima se casa no próximo final de semana, em Barbizon, uma cidade há uma hora daqui. Quer ser minha acompanhante?
mal podia acreditar, mas dois dias depois, lá este ele, ansioso dos pés a cabeça, esperando por . Assim que ela apareceu, com um sorriso, empurrando sua mala de rodinha, o rapaz se ergueu e caminhou até ela.
Durante alguns segundos eles caminharam um na direção do outro, nenhum dos dois conseguindo esconder a felicidade e o nervosismo. No entanto, quando eles finalmente estavam próximos, ele travou, sem saber o que fazer.
Eles não eram namorados, bem, nem, amigos. Eram conhecidos. Passaram menos de 24 horas juntos, meses e meses atrás e mais algumas horas, há milhares de quilômetros, no celular. Apesar de conversarem profundamente, dela saber muito sobre ele, e ele sobre ela, qualquer intimidade parecia... Estranha.
- Oi, . – exclamou e sua voz saiu abalada. Ela dividia todos aqueles sentimentos com ele. Ao menos isso, o rapaz pensou.
- Ei. – respondeu somente, a puxando para um abraço sem jeito. Não sabia onde colocar as mãos, não sabia o quanto podia apertar, onde colocar seu queixo. Assim, a envolveu com seus braços com muito cuidado e mal encostou nela. A bolsa no ombro dela tampouco ajudou.
Se separaram, a fim de terminar logo o estranho momento. Ele se ofereceu para carregar sua única mala, mas ela continuou em suas mãos até eles entrarem no carro.
- Então, eu espero que não tenha soado louca no telefone. – quebrou o silêncio, depois de muitos minutos. – Eu estava pensando sobre os dias que passei na Grécia e eu simplesmente estava exausta de trabalho, e pensei, porque não?
- Nada. Nós deveríamos ter marcado antes. – ele aproveitou o trânsito da saída do aeroporto para olhá-la, antes de continuar – Senti sua falta. Quero que tenhamos mais momentos como aquele.
- E o que vamos fazer para torná-los memoráveis?
Pouco mais de uma hora depois, lá estavam os dois, no Le 58 Tour Eiffel, um dos restaurantes da Torre Eiffel. completamente fascinada pela vista, mal viu o garçom sair, nem escutou quando falou com ela.
- ? – chamou-a, novamente.
- Oi... - ela desviou seu olhar para ele. - Eesculpe. A vista é simplesmente... Fascinante. Obrigada por me trazer aqui.
- É um prazer. – ele sorriu - Sua primeira vez na Torre?
- Sim, sim. Eu nunca vim à França, na verdade. Muito trabalho, pouco descanso, você sabe como é.
- Na verdade, não mais. – jogou, fazendo a moça olhá-la desconfiada, esperando que ele explicasse suas palavras. – Larguei meu emprego no bar. Estou fazendo o que realmente quero fazer para o resto da vida, estou como voluntário em um abrigo para moradores de rua. E, ... – ele respirou profundamente, seus olhos ficando marejados – Os três anos que eu suportei a faculdade de medicina, bem, eles fazem a diferença. Quer dizer, eu não tenho diploma, mas para aquelas pessoas eu sou um médico, um conselheiro, um amigo. O sorriso que me dão, a gentileza que me tratam... Dinheiro nenhum traz essa felicidade.
- Isso é lindo, . - ela estendeu sua mão até encontrar a dele e então a tocou com carinho – Minha empresa sempre ajuda instituições de caridade e eu ficaria honrada em doar materiais para a sua clínica.
Entre as conversas virtuais, contou ao rapaz que sua empresa fabricava e distribuía materiais de higiene para hospitais. Luvas, seringas e objetos semelhantes. Eram mais de cem mil materiais vendidos por mês, ela ainda murmurou, toda orgulhosa.
- Não, , não precisa. O frete dos Estados Unidos para Grécia será altíssimo. Você pode doar para qualquer outra instituição no seu país.
- Sim, eu sei. Mas , você ajuda tantas pessoas, você me ajudou quando eu estava perdida... Agora eu quero ajudar você. Mesmo que indiretamente. – sorriu.
Ele retribuiu o sorriso. Pegou a mão dela, deu um cálido beijo na palma de sua mão e depois cruzou seus dedos. Voltou a olhar para ela e agradeceu, sincero.
- Não tão rápido. Para que isso realmente aconteça, eu preciso saber tudo sobre sua família. – brincou - Como eu devo me comportar, como eles são, o que eles sabem de mim. Eu estou morta de medo! Porque, senhor , você me trouxe para uma enrascada. Quem conhece a família do outro no segundo encontro? Hein? – ela inquiriu retoricamente - E, deixe-me lembrá-lo, esse é literalmente nosso segundo encontro. – acrescentou, fazendo-o rir.
- Você pode relaxar, . Eles são bem legais. – ele fez carinho com seus dedos na mão ainda cruzada com a sua – Seja você mesma e eles vão te amar, porque você é incrível. – ela sorriu com suas palavras – E, bem, eu falei para eles que você é minha amiga porque, sinceramente, eu não sabia o que falar.
- Pessoa que eu estou vendo pela segunda vez na vida, mas com quem eu tenho uma ligação íntima e profunda. – ela sussurrou – Não é tão difícil, é? – brincou , levando os dois a risadas.
Depois do elaborado e delicioso almoço, eles foram até a grade, para sentir o vento nos cabelos e observar a linda vista de Paris. O frio do outono, naquela altura, fez se encolher em seu casaco fino. Por azar ou sorte, não tinha um casaco, então, aproximou-se da moça e lhe abraçou pela cintura, esfregando suas mãos nos braços dela a fim de lhe trazer calor.
Ela somente sorriu para ele, antes de seu acomodar melhor em seus braços. Eles acabaram encaixados um no outro, com a abraçando por trás. Lá longe estava toda a estranheza ou inibição do aeroporto, arrastada pelo momento.
Eles ficaram minutos, colados um no outro, ignorando as centenas de pessoas por ali e o falatório alto. Introspectivos, contemplando a beleza que o mundo pode ser, somente sentiam um ao outro e aproveitavam aquilo. se mexeu uma vez, para acomodar seu queixo na clavícula de e depositar um beijo em seu pescoço. Não pode deixar de perceber que, agora, não fora o frio que a deixara arrepiada.
O dia passou rápido. O casal visitou o Arco do Triunfo e a ponte dos cadeados e, entre as fotos turísticas, houve muitas risadas e toques roubados. De repente, já era de noite, hora de ir para Barbizon. Do carro, na paisagem da estrada, eles puderam ver o céu escurecer, num azul escuro bonito.
- Sinto falta das praias da Grécia, da beleza natural. – ela comentou – Lembra que eu falei sobre seu país ser mágico e você me retrucou que cada lugar tem sua beleza? Que a feiura que eu via em Masachussets poderia ter como culpado meu dia-a-dia? – ele assentiu somente – Bem, sua lição de moral fez efeito. – ela brincou, embora falasse muito sério – Eu refleti tanto sobre suas palavras e comecei a olhar o lado bom dos detalhes, do pouco, do comum. Eu aprendi a conviver e a gostar do que minha cidade, minha vida, podem me oferecer.
- Eu lembro um dia em que você me mandou uma foto de uma árvore florida que encontrou no caminho do trabalho. – murmurou, com um sorriso nos lábios – É o caminho para felicidade. Eu sei por que vi uma Grécia muito feia quando minha mãe adoeceu. Mas, quando se está envolto de ódio, nada fica bonito.
Ela o vislumbrou por um momento, deliciando-se com as profundas palavras dele. Ele estava concentrado na direção, com seu sorriso de praxe.
- Um ano se passou e você continua sábio. – sussurrou, com apreço.
- Um ano se passou e você, menina bonita, continua sendo incrível – retrucou, piscando para ela em seguida.
- Daphne, essa é a , a amiga que eu falei. essa é a noiva. - A moça loira, com um sorriso esculpido no rosto e olhos parecidos com de , a abraçou forte.
- Bem-vinda!
- Esse é Louis, o noivo, – ele apontou para o rapaz atrás da loira, um bonito moreno.
Todos estavam na varanda da grande casa, espalhados entre redes, cadeiras, poltronas e os degraus da escada, conversando. ainda mostrou os pais da noiva e do noivo e sua tia-avó, os dois irmãos da noiva, Josh e Breena, primas e primos da outra parte da família e agregados.
Eles totalizavam mais de 20 pessoas e cumprimentou a todos. Cada um a sua maneira a fez se sentir acolhida, seja oferecendo croissant, seja contando alguma piada e ela não pôde deixar de sorrir, feliz que tivesse tantas pessoas boas ao seu lado, pelo menos durante aqueles dias.
Aparentemente, ninguém da família tinha problemas de timidez, mas Daphne definitivamente era coisa de outro mundo. Ela puxou e pelos pulsos para dentro da casa, então virou para a mulher:
- , se você quiser, depois faz um tour pela casa, sim? – ela perguntou, no entanto não deixou espaço para qualquer resposta - Essa casa é gigante, tem mais de seis quartos e três andares, mas tudo que é necessário saber: a cozinha é logo ali à esquerda – apontou – e há um banheiro no quarto de vocês. A casa é sua! – sorriu.
- Calma, um quarto para nós dois? – foi que falou. provavelmente também soltaria algo do tipo, mas a noiva deu tantas informações tão rapidamente que ela ainda estava processando tudo. E definitivamente estava mais acostumado com sua rapidez. – Eu falei pra você separar dois quartos, Daphne!
Assim que escutou um sim de , dois dias antes, pelo telefone, ele ligou para Daphne para falar que tinha uma companhia. Deixou expresso e, com isso, quer dizer, falou ao menos cinco vezes em dois minutos, que ela era somente uma amiga e precisavam de quartos separados. Aparentemente, ela ignorara o aviso e agora sua cabeça fervia.
É claro que ele queria dormir com . Sim, fazer sexo, mas também só dormir, abraçado com ela. Sentir sua pele, seu cheiro, seu calor. Pensara nisso dias e dias depois que ela voltou aos Estados Unidos e eles estavam se comunicando de tão longe.
Ele notou que, apesar da noite juntos na Grécia, eles nunca dividiram uma cama. E, afinal, o convite à França, que surgira da brincadeira com a música, era exatamente dormirem juntos. Em todos os sentidos da coisa, ele gostava de pensar.
Mas, mesmo assim, ele sabia que não poderia ser imposto, forçado. Eles, afinal, se viram uma vez na vida, passaram 12 horas juntos e, por mais próximos que fossem, sempre estiveram distantes.
- Bem, nós não somos um hotel, somos? – respondeu, olhando irritada para o primo – Isso não é nada contra você, , é contra o idiota do meu primo. Pra isso que as confirmações ao casamento devem ser feitas corretamente, . Então, quando você confirmou, um mês atrás, a sua presença somente, eu separei um quarto só. Todos os outros estão lotados. Eu sugiro, portanto, que durma nele e você ao relento. Como eu sou bem legal, te empresto um cobertor!
bufou, antes de responder.
- Estava com saudades de você, prima. – retrucou irônico, e por isso recebeu um dedo do meio e um revirar de olhos.
- Ah sim, quase ia me esquecendo. – Daphne, que já ia saindo, virou para o casal - Na fogueira a meia noite. E o jantar sai daqui a 30 minutos.
- Não ligue pra minha prima. – murmurou logo que ela saiu para a varanda, só restando ele e – Ela pode ser bem grossa às vezes, mas é legal.
- Eu gostei bastante dela, na verdade. – a moça sorriu maliciosa para , e foi sua vez de revirar os olhos.
- Bem, esta batalha está perdida. Vou pegar sua mala e colocar no meu quarto, você pode se acomodar lá, eu vou dormir em um sofá por aqui mesmo.
- Não seja bobo, . – ela tocou-lhe o ombro e completou, cheia de si – Eu não vou te atacar.
Próximo à meia noite, pegou o cobertor no armário e chamou . Eles passaram pela cozinha, pegaram algumas cervejas e seguiram para fogueira. Era um local no quintal do terreno, um pouco afastado da casa principal, com alguns troncos que formavam um círculo e um fogo ao meio.
explicou para mulher que os mais jovens se encontravam lá para conversar. Vocês sabem, sem o pudor de estar entre os mais velhos. E, lá estavam duas das primas de Daphne, seu irmão e sua namorada.
Apesar de ser outono, observou que o terreno totalmente aberto e a distância de outras construções fazia com que o frio noturno fosse impiedoso. Por isso, assim que eles se acomodaram, o rapaz jogou o cobertor nos dois.
Louis e sua noiva chegaram por último, carregando os marshmallows. Antes de se jogarem no tronco vazio, distribuíram o doce, que em nada combinava com a cerveja na mão de cada um, mas, mesmo assim, era uma tradição da família.
- Louis, você pode chegar pra lá? – Breena, com suas sardas fofas e um sorriso no rosto, apareceu, pedindo espaço para sentar.
- Ei, pirralha! Essa reunião é só para adultos. – Josh implicou, do lado, impedindo a irmã – Está na hora de criança dormir!
- Eu não sou criança. – ela retrucou. Seu sorriso tinha sumido e seu rosto ficara vermelho de irritação – Eu já tenho 15 anos, sou praticamente uma adulta.
- Ainda é um bebezão! – ele replicou, levantando e apertando as bochechas de sua irmã.
- Josh, para de implicar com sua irmã. – Daphne se intrometeu, chamando atenção mesmo diante dos gritos irados de Breena – Ou eu preciso explanar que você mijou nas calças até os 13 anos?
Bastou isso para ele parar. E todos rirem. Breena aproveitou a deixa e sentou-se, sorrindo novamente.
- Daphne, Daphne. – o irmão ela começou – Era Natal, você virou pra mamãe, diante da mesa lotada, e comentou que se a Fada dos Dentes trazia dinheiro toda vez que o dente caia, o vovô era muito rico.
Todos riram.
- Você não vai se livrar, ! – Daphne continuou, contando as situações constrangedoras e hilárias da infância deles – Sabe, , odiava tomar banho quando mais novo. Eu realmente espero que ele tenha melhorado nesse quesito, aliás. – ela piscou o olho, brincando – Então, ele sempre inventava mil e uma desculpas pra não ir tomar banho. Um dia, ele virou pra tia Rita e falou que nunca mais ia banhar, porque, ele falou: eu não sou um assassino e o sabonete morre quando tomamos banho.
Novamente, risadas ecoaram, enquanto tentava, inutilmente imputar sentido a sua antiga frase.
As lembranças continuaram, entre risos, cerveja e marshmallows.
Enquanto o tempo passava, se aproximou de , aproveitando o cobertor que cobria ambos. Ele passou seu braço por sua cintura e a puxou para seu calor. A moça, em resposta, encostou sua cabeça no ombro dele e se permitiu fechar os olhos por um instante.
- Ela deve estar cansada. – uma voz sussurrou e ela abriu os olhos. Aparentemente, havia cochilado. a olhou sorridente antes de responder.
- Cansada nada, dormiu a viagem toda de Paris para cá.
- Ei! – ela reclamou, o empurrando levemente – Foram somente por 20 minutos e havia um bebê estridente em meu voo, então tenha piedade.
Ela desviou seu olhar para e se perdeu nele. Naquele olhar brilhante, naquele sorriso típico, que ela tanto sentira falta. O rapaz, por sua vez, estava encantado por tê-la em seus braços novamente. Pode sentir seu perfume, pode olhar para seu nariz arrebitado. Inebriado, lhe deu um beijo no canto da boca e sussurrou para que só ela ouvisse: “moça bonita”.
- E vocês dois, hein? – Daphne virou para os dois – Não me enrolem, vocês não são só amigos.
- Definitivamente não, olha como eles se olham! – completou Marcy, a prima dela.
Eles desviaram o olhar, tímidos quando notaram que eram a atração principal. Que entre os dois havia tanto desejo, carinho e paixão que tais sentimentos transbordavam seus corpos, brilhando como a Torre Eiffel.
O dia de sexta começou cedo, com uma mesa repleta de pratos franceses e um forte café, no jardim da casa. Durante o café da manhã, comentou que levaria para conhecer Barbizon e, prontamente, vários turistas e conterrâneos se comprometeram a acompanhá-los.
Três horas depois, eles estavam andando na rua principal da cidade, que era basicamente a única. Algumas lojinhas e galerias de arte e, a atração principal, o museu de Theodore Rousseau, no qual eles tinham acabado de sair.
aproximou-se de , que estava conversando com a namorada de Josh. Primeiramente, ele só andou a seu lado, seus braços roçando um no outro. Todavia, assim que a moça foi chamada e ficou para trás, ele puxou a mulher pela cintura e depositou um beijo no pescoço.
Ontem, depois que o grupo apagou a fogueira e finalmente se despediu, ela estava tão exausta que mal aguentou esperar o banho dele acordada. Assim, eles mal conversaram, flertaram ou mesmo beijaram um pouco. Foi por isso que, na madrugada, pensou na desculpa de apresentar a cidade a turista.
Claro, ele também era um turista ali, mas Barbizon era minúscula e ele já conhecia seus quatro cantos. A saída era um meio de eles terem algum tempo a sós. Obviamente, não funcionou como previa. Quando se tratava de sua família, tinha que ter passado por sua cabeça que, no fim, não dar certo era a hipótese mais provável.
- Eles são loucos, certo? – exclamou ele, com um sorriso no rosto – Você já sabe da onde vêm meus problemas.
- Não coloque seus problemas na conta deles, moço! – brincou, rindo. Então, falou sério – Eles são maravilhosos, . Entendo porque você é tão incrível. É de família.
- Lembra quando você me fez correr até o aeroporto grego, maratonista? – ele falou, quando as memórias da correria pra ela pegar o voo encheram sua mente. Ela era uma corredora experiente, que participa de várias maratonas nos Estados Unidos. Ele, bem, nem gostava muito do esporte.
- Lembro, eu ganhei de você. – ela deu a língua.
- É, me lembro de que você é boa em fugir. – ele retrucou ácido. Suspirou – Você estava na Grécia por causa de vários problemas, incluindo seu ex-marido e atual sócio. E... – respirou fundo – Você não me contou nada aquela época, e eu respeitei. Você não contou nada nas milhares de mensagens que trocamos e tudo bem. Mas, agora, estamos em um casamento e a pergunta simplesmente continua piscando brilhante em minha mente. Então, eu vou fazê-la: porque acabou? Como acabou? Você ainda o ama?
- Foram três perguntas! – ela brincou, mas então revirou os olhos para a própria piada. Encarou o rapaz ao seu lado e forçou um sorriso – Barbizon não é grande o suficiente pra eu poder explicar toda a situação. E ainda dói falar sobre. – fez uma careta - Mas eu conheci Nick na faculdade. Ele era meu calouro. Nós começamos a namorar logo e, mais ou menos dois anos depois, ele foi fazer intercâmbio na Alemanha. Um ano. Eu não queria terminar e tentei convencê-lo a tentar uma longa distância, mas ele insistiu e terminamos. Ele conheceu Anna lá, também intercambista. Ela voltou para Austrália três meses depois e, bem, eles decidiram continuar a namorar a distância.
“Eu devia ter percebido aí. Mas eu tinha 22 anos e, meses depois que ele voltou, nós começamos a nos rever. Ele já tinha terminado com a Anna, depois de um relacionamento de pouco mais de um ano, e eu ainda era completamente apaixonada por ele.” – ela bufou para si mesma.
“Nick me pediu em casamento um mês depois que voltamos, casamos quatro meses depois, abrimos uma empresa no ano seguinte. Nosso casamento era nosso negócio. Só falávamos sobre dinheiro e administração e fornecedores e entregas. Não havia conexão emocional, sabe? Nem mesmo amizade. Mas eu ainda gostava dele, enfim, do meu jeito.”
“Então, pouco mais de dois anos atrás, descobri que ele estava transando com uma de nossas funcionárias. E... Que ele comprara uma casa pra eles e que ele não viajava tanto quanto dizia.”
“E não, eu não o amo mais. E mesmo naquela época eu já não o fazia. Mas saber que ele tinha outra vida, que nosso casamento era uma fachada, uma segunda empresa, e ter que vê-lo todo dia, ainda sim... Me quebrou.”
- Você sabe, a minha empresa é meu maior sonho. Mas para manter meu sonho vivo, eu preciso, diariamente, conviver com o meu pior pesadelo.
Seus olhos estavam angustiados pela dor e só queria poder trocar de lugar com ela, sofrer junto. Mas tudo que pode fazer foi abraçá-la.
- O pior você não sabe, – ela completou – eu dormi com ele alguns meses atrás. Aquele desgraçado! – xingou, com raiva – Eu estava tão carente. Nós dois já tínhamos deixado de nos falar e uma das minhas melhores amigas estava longe e eu estava tão cheia de tudo... Fui uma idiota. Um pouco de vinho e pronto. E, eu sei que você não quer saber detalhes sobre, mas nem foi bom. Foi uma merda, na real. – não pode deixar de rir. E se sentir bem também. – Mas, se teve um lado bom, foi eu perceber que definitivamente não quero mais nada com Nick.
- Bem, você ao menos tem a Grécia, certo? – comentou, com um sorriso malicioso no rosto – Melhor sexo da sua vida, se bem me lembro?
- Olha, não se vanglorie tanto. Com um pouco de esforço, consigo colocá-lo no TOP 10! – ela murmurou, fazendo-o abrir a boca em falsa surpresa. Ela riu, antes de suspirar e falar, seriamente - Eu tenho mais do que lembranças da Grécia. Eu tenho o aqui e o agora. E eu tenho você.
Três horas atrás, suportou com , quando descobriu que haveria um jantar de ensaio. Aparentemente, ela não havia trazido roupa adequada. Bem, a mala dela era enorme e bem pesada para subir os 20 degraus de escada, então devia ter alguma coisa que servisse lá dentro.
Ela quase bateu nele quando ele falou isso, então ele fugiu de sua vista, só aparecendo tempos depois para tomar banho e vestir seu terno. E viu que o surto da mulher fora por nada.
Ela estava linda.
Quando a vislumbrou pela primeira vez, enquanto ainda fechava a porta atrás de si, paralisou ao notá-la. Veja bem, ela sempre foi linda, com seus cabelos correndo pelo ombro e seu corpo marcado, mas ele nunca a tinha visto produzida. Usava um vestido azul marinho até acima dos joelhos, que destacava o bronzeado da manhã. O decote sugeria belos peitos e as pernas torneadas estavam ali, expostas em salto alto.
- Você está linda, moça bonita. – exclamou, ainda que soasse repetitivo, porque não sabia outra coisa para dizer.
E quando ele estava pronto, em um terno comprado na promoção da loja de departamento, ela retrucou que ele também estava lindo.
Assim, o casal compareceu, sorridente, com seus corações aquecidos, ao jantar, que serviu de batatas fritas a lagosta e foi servido com risadas e choros. Fotos e recordações do passado, brindes celebrando o presente e um desejo imensurável de felicidade para o futuro.
E tudo seria perfeito, se não tivesse insistido em usar uma abotoadora de seu bisavô. Ele ficou todo fofo e orgulhoso de levar um pedaço de seu falecido parente para uma ocasião tão especial e ignorou o inconveniente de uma abotoadora velha e quebrada.
Primeiro, ela o incomodava. Segundo, ela tinha um pedaço afiado pra fora. Nada impossível de se relevar, certo?
Aparentemente sim, pois durante a cerimônia, ele simplesmente esqueceu-se dela. Mas não de , ao seu lado, tão gostosa naquele vestido. Depois de dois dias com ela e nenhum avanço, ele estava louco.
Começou calmo. Por debaixo da toalha da mesa, ele resvalou sua mão na perna de . Ela nem mesmo sentiu. Então, tocou-lhe totalmente, deslizando sua mão desde o joelho até o tecido do vestido. Dessa vez, ela sorriu de canto e desviou o olhar rapidamente de sua conversa. Em resposta, ela subiu seu pé pela perna dele.
Incentivado, ele avançou com mais vigor, pronto para levantar o tecido do vestido e explorar o corpo da americana.
Mas, bem, vocês se lembram das abotoaduras do bisavô, certo? Ela resolveu prender no tecido do vestido de e, , com toda a sua inteligência do momento, simplesmente puxou seu braço.
Se não fosse a música, qualquer um poderia ter escutado o som do rasgo do tecido. e , no entanto, o sentiram. Ela pediu desculpa para o resto do pessoal da mesa, com quem conversava, e olhou para baixo, a fim de ver o estrago.
Quando viu sua cara de brava, ele sabia que estava perdido. A moça pegou um guardanapo, colocou em sua coxa e, com a outra mão, puxou o rapaz pelo pulso. Eles atravessaram as mesas até chegar ao fraldário.
- Satisfeito, garanhão? – ela inquiriu, logo que entraram no local.
O grego pode finalmente ver que aquele pequeno objeto inofensivo havia rasgado aproximadamente 25 centímetros. Agora, ele via toda a coxa esquerda de e o fim de sua calcinha preta.
- Não está tão ruim. – exclamou, porque, realmente, a visão era maravilhosa. , no entanto, não parecia feliz e lhe deu um tapa no braço.
- Ai! Não sabia que você batia nas pessoas.
- Bem, você nunca me viu brava. – bufou – Esse era o vestido que eu ia usar amanhã na despedida de solteiro, . Porque você também não me avisou que teria uma e eu não trouxe roupas adequadas! Então, obrigada por estragar o pouco que eu tinha!
- Podemos comprar outro amanhã, vamos até Paris se for preciso. – prometeu – Mas não fique brava comigo, foi sem querer. Eu só queria sentir você, quero tanto você... E, bem, você parecia querer também.
- Eu queria! Antes de você estragar meu vestido.
- Sei... – suspirou – Olha, ninguém vai perceber. Está escuro lá fora e...
- Não, eu não vou sair assim. Vou pegar um taxi e ir pra casa, você explique o que aconteceu pra sua família e peça desculpas.
- Tudo bem, . – ele assentiu – Só tem um problema. Não há táxis por aqui. Nem uber, aliás. Vamos, eu vou te levar.
Ele já ia abrindo a porta, quando escutou sua avó gritando seu nome. Então, com rapidez, voltou ao seu esconderijo e virou pra mulher, com um sorriso pesaroso.
- Ok, talvez essa não seja a melhor hora pra sair.
conseguiu reverter a raiva da mulher em tesão. Foi bastante fácil, aliás. Bastou ele elogiá-la e, aos poucos se aproximar dela e tocar seu corpo com carinho.
De repente, lá estava , sentada na bancada da pia, com as pernas abertas e o que sobrava de seu vestido na cintura. Arfando, ela sentiu os dedos de desvendando a parte interna das coxas e, finalmente, sua vagina.
Ele começou somente esfregando o local, devagar, experimentando os suspiros da mulher como acordes musicais. Então, enfiou um e outro dedo, louco para vê-la arcar suas costas e gemer. Ajeitou-a, colocando suas pernas para cima e aprofundando-se nela.
Enquanto sua mão explorava os seios dela, cujos bicos estavam duros apontando para o ar, com o tamanho perfeito para sua mão, ele a dedilhava, num vai e vem cada vez mais acelerado e fundo.
Sentiu o corpo dela tremer de desejo, a milímetros da satisfação total. Então, retirou seus dedos, o que fez a mulher gritar em irritação e descontentamento. Mas ele nunca a deixaria assim, sedenta por mais, quando sabia que poderia levá-la a completa loucura.
Abriu mais suas pernas e avançou com sua língua sobre a fenda entre elas, sem pudor em experimentar seu gosto e dar-lhe prazer. novamente arfou em seu ouvido e seu pau, já duro, vibrou em antecipação.
Todavia, agora, era a hora dela. E ele faria de tudo para levá-la até o céu.
Na noite anterior, com grandes sorrisos, o casal fugiu para casa antes do jantar de ensaio acabar. Inebriados pelo desejo, eles praticamente atropelaram as portas e voaram pela escada, aproveitando a cama para continuaram a matar saudade um do outro.
Na manhã seguinte, no entanto, enquanto uma Daphne gritava do outro lado da porta, chamando por , o sorriso havia desaparecido do rosto dos dois.
- Ei. – exclamou para a mulher, dando-lhe um selinho. No meio da madrugada, eles haviam se abraçado enquanto dormiam.
- Ei. – ela respondeu, com um sorriso e um beijo de resposta.
- ! Eu sei que você está aí – Daphne retornou a gritar, cada vez mais irritada por ser ignorada – Eu vou entrar nessa porra de quarto se você não me responder em cinco segundos. Cinco. Quatro. Três. Dois...
- Oi, Daphne! Estou indo, um minuto.
olhou pra e respirou fundo, antes de levantar da cama e vestir sua camisola de qualquer jeito. Caminhou até a porta e a abriu somente o suficiente para ver a mulher do outro lado.
- Bom dia.
- Bom dia, bela adormecida. Eu trouxe um café pra você. – empurrou a xícara para ela e continuou – Vamos sair em 20 minutos, então se apresse.
- Sair? Pra onde? – tudo bem que sua mente era um pouco lerda quando acordava, mas ela não se lembrava de compromisso nenhum essa hora da manhã.
- Minha despedida de solteira! Temos SPA, compras e, de noite, balada. Temos que aproveitar bem o dia. – ela parou – E, ? – chamou o primo, embora não o visse. Tinha certeza que ele estava no quarto. – Só amigos, é? – ela apontou para o pescoço da outra - Você já passou da idade de fazer chupões nas garotas, bobão.
Horas depois, enquanto a ala masculina estava no bar, com uma cerveja na mão, assistindo jogo de futebol, , Daphne, sua irmã, sua cunhada e suas primas estavam em uma sauna, totalmente relaxadas depois de uma massagem.
Com champanhe na mão, elas conversavam sobre o casamento, a vida a dois, viagens, trabalho, amizade e, claro, sexo.
- Nossa, ele é péssimo, gozou em um minuto e não subia mais. – uma das primas de Daphne falou. – Opa, Breena, também os ouvidos!
- Eu não sou uma criança mais, que saco. – ela murmurou, revirou os olhos.
- Tudo bem, deixem-na escutar. Vai ser bom ela ter alguns conselhos. – Daphne riu - E, , nos comente sobre esse seu sorriso bobo no rosto. Tem a ver com nosso assunto e tal de um primo meu chamado ?
As meninas riram da provocação. limpou a garganta, envergonhada.
- Vamos, ! Ele tem uma cara, com aquele sorriso malicioso dele, que sabe fazer as coisas. – comentou outra das primas da noiva.
- Bem, sim, ele sabe. – confidenciou.
Elas gritaram.
- Você não mora na Grécia, né?
- Não, Estados Unidos.
- E vocês quer algo sério com ele ou é só uma foda?
- Ah, é complicado! – suspirou, mexendo em seus dedos - Eu gosto dele, realmente gosto. Passamos pouco tempo juntos e eles foram muito bons – todas riram novamente, com a conotação dupla da frase – Mas, não sei. Moramos a milhares de quilômetros, temos trabalhos que amamos, vidas formadas... Estamos nos conhecendo, vamos ver o que vai dar.
- Ah, sim. “Se conhecendo” – Daphne fez aspas com as mãos – Todas nós sabemos que sexo enlouquecedor até as altas horas da madrugada é a melhor forma de adquirir conhecimento. – ela brincou.
Daphne emprestou a um vestido preto básico, que marcava sua cintura, alegando, sob protestos, que trouxera uma dezena de opções para a ocasião. A mulher por fim aceitou e, olhando-se no espelho do SPA, minutos depois, agradeceu que elas vestissem o mesmo número. Ficara somente um pouco curto, porque era mais alta, mas nada alarmante.
Elas se vestiram todas juntas, no SPA mesmo e, em seguida dois carros as levaram para a boate da cidade vizinha. Mais badalada, havia bastante gente lá dentro e uma música dançante a todo o volume inundando o ambiente. Hoje, como VIPs, desfilaram até o camarote e receberam um balde de prosecco.
Ao som do pop americano, elas dançaram, inventaram coreografias, riram, tiraram fotos e beberam bastante também. Daphne rebolava até o chão, fora do ritmo, enquanto gritava que se casaria no dia seguinte com o amor da sua vida e seria feliz pra sempre.
Uma de suas primas, bem, essa tinha sumido horas antes, com um rapaz forte com tatuagens. A outra, por sua vez, estava grudada na grade, olhando para o palco e a pista embaixo delas, tentando, segundo ela expressou com palavras emboladas, arranjar um boy e ser a próxima a casar. Casamento que ainda não tem um noivo, mas ao qual já foi convidada.
Foi a namorada de Josh quem se aproximou da mulher, logo depois de checar o celular.
- Ei, os meninos estão aqui. – ela gritou no ouvido da outra – Eu vou lá encontrar Josh, você quer ir comigo?
E, quando tudo que se tem são horas, você não se hesita em responder sim.
, seu primo Josh e os primos dele, além de Louis, estavam na boate mais famosa das redondezas, depois de um dia repleto de futebol. A definição perfeita de despedida de solteiro, ele diria.
De um dos cantos, mais afastados da música, ele viu quando a namorada de Josh se aproximou do grupo. Ele procurou com o olhar, enquanto ajeitava sua camisa amassada e conferia o desodorante. De repente, sentiu-se ansioso por vê-la novamente e tê-la em seus braços.
Depois da noite anterior, em que eles se esforçaram para criar novas memórias deles dois juntos, sua mente piscava com a visão daquela mulher, nua, em sua cama. Seus sons, seu cheiro, sua pele quente, seu rosto quando atingiu o ápice. Ele a queria tanto...
Então, foi ótimo quando futebol e cerveja foi a proposta de despedida de solteiro. Ele conseguiu esquecer alguns instantes sobre ela, o turbilhão que ela causava em seu corpo e a confusão em que estava seu coração.
Mas bastou a ideia de estar a centímetros dela e tudo voltou com força. Aparentemente, em vão, pois a namorada de Josh cumprimentou a todos e não havia sinal de . suspirou e estava falando antes que pudesse se conter:
- A despedida de solteira de Daphne está sendo aqui? – ele inquiriu, quando na verdade só queria perguntar se estava a menos de 100 metros de distância.
- Sim, nós estamos em um camarote lá em cima. – a mulher respondeu, com um sorriso um tanto sádico no rosto. Parecia que ela sabia exatamente o que queria saber, mas, ainda sim, se negou a falar sobre. E ele não se atreveu a ser tão direto numa próxima pergunta.
De repente, precisava de .
É engraçado como ele se tocou disso. Em uma boate, depois de 12 horas sem vê-la. Ele sentia falta dela. Das conversas, dos toques, das risadas, de tudo e de nada. Logo ele, que ficou longe dela mais de um ano. Cujo oceano os distanciava por milhares de quilômetros. Agora, em um piscar de olhos, o tempo todo que ficaram separados, que não se falaram, pareceu tempo demais. A distância de centímetros restou amarga em seu estômago.
Seu coração batia forte quando buscou o celular no bolso, pronto para ligar pra mulher que tomava seus pensamentos. E, talvez, seu coração.
Todavia, foi impedido de concretizar suas intenções, quando sentiu mãos tampando seu olho.
- Adivinha quem é. – uma voz delicada sussurrou em seu ouvido e, mesmo diante de toda a música e as conversas, ele soube exatamente quem era.
Então, em um só movimento, ele pegou a mulher pela cintura e, a virando para si, puxou-a para um beijo daqueles.
Poucas coisas na vida são tão gostosas quanto se aconchegar na cama, embaixo dos edredons, em um começo de manhã frio. Uma dessas coisas era ter alguém para compartilhar esse momento. Sobretudo quando era esse alguém.
acordou com seu beijo quente no pescoço, com seu nariz percorrendo sua pele. Arrepiou-se, não de frio. Sorrindo, abriu os olhos lentamente, encarando o rapaz e dando bom dia.
- Ótimo dia. – retrucou ele, a boca aberta de orelha a orelha - Estou esperando o final de semana inteiro para ficar assim, com você, o dia inteiro. – apertou-a levemente. – Sem nem levantar da cama.
- Hum… Nem mesmo para comer? Estou morrendo de fome. – exclamou .
- Engraçado, eu também. – concordou - Mas não exatamente de comida. – e, a fim de subverter suas palavras, tentou fazer uma cara sexy. Mal sucedida, diga-se de passagem.
- Ah, não vou cair nessa cantada para não! - respondeu, rindo. Ainda aceitou um selinho dele, mas logo impediu seu avanço. - Não tão fácil, mocinho.
Foi a vez de ele rir, caindo na cama e puxando-a para perto de si. Passou os braços pelo corpo dela, pousando seu queixo em seu ombro e aproveitando o cheiro de seus cabelos.
- Então, gostou do dia das meninas ontem? Esqueci-me de te perguntar ontem à noite, quando te reencontrei.
- Sim, bem, você estava bastante preocupado em me agarrar na boate. – ela revidou, ácida.
- De fato. – ele sorriu rapidamente, mas logo fez cara séria - Em minha defesa, eu estava certo, porque 20 minutos depois Daphne a arrastou pelos cabelos pra longe de mim. - fez beicinho, mostrando toda a sua tristeza.
- Fofo. - ela apertou suas bochechas, mas se desvencilhou emburrado. - Mas não foi você que teve que aguentar uma bronca de sua prima. Ela ficou bem brava porque fomos encontrar vocês. ‘É noite das mulheres, só das mulheres!’ – ela tentou imitar a mulher raivosa, fazendo o rapaz rir - Daphne brava é…
- Oh, eu sei. Logo que voltamos, eu a encontrei na cozinha. Felizmente, são muitos anos de convivência e eu consegui elaborar uma desculpa perfeita, que, aliás, é a mais pura verdade, – deu de ombros - você mora do outro lado do mundo e, portanto, temos alguns privilégios. Afinal, eu preciso passar cada instante com você.
- Hum... – a moça fingiu refletir, mas não pode esconder o sorriso. – Justo. E o que ela disse?
- Ela pensou por alguns instantes e concordou. Ou uma boa alma tomou o corpo dela naquele momento ou ela não gosta muito de você. – alfinetou, brincando com o fato da prima não se importar tanto assim com a companhia da .
- ! - o repreendeu, dando-lhe um pequeno empurrão, fingindo-se indignada, mas rindo em seguida. Ele a puxou de volta para seus braços e riu em seus ombros. - Sob risco de soar repetitiva, , eu adorei sua família. Mesmo quando eles me dão bronca.
- Tenho certeza que o sentimento é recíproco. – ele murmurou. Ainda, suspirou fundo antes de continuar: - Você é uma pessoa maravilhosa, . Cada minuto com você, cada pedaço seu que conheço, me encanta ainda mais. Eu pensei que não era possível me sentir assim, não quando tenho 25 anos de idade, mas você me faz sentir um adolescente bobo. - ela lhe interrompeu com um pequeno beijo.
- Como acha que me sinto, ? – ela retrucou - Tenho 3.0 e posso jurar que há borboletas em meu estômago.
- Queria que minha mãe estivesse viva para conhecer você. – jogou.
o encarou por um instante, sem palavras. Aquelas palavras, soltas do nada, tão simples, diziam tanto… Demonstravam mais carinho e admiração do que qualquer elogio ou declaração.
- . – ela engoliu em seco - Isso é lindo. Seria uma honra conhecer a mulher que criou um cara sensacional como você. E me deixa muito feliz que você tenha esse desejo.
- . – ele sorriu para ela, passando seus dedos por sua bochecha e queixo - Eu acho que você não tem noção do quanto você é especial para mim.
- . Eu acho que tampouco você sabe de sua importância. – respondeu. Então, mudou a feição, antes de completar: - Mas acho que posso encontrar maneiras de lhe mostrar.
A mulher sorriu para ele. Pode ver nos olhos do rapaz o desejo e a ansiedade pelo mais. Ele olhava para seu rosto, mas parecia ver tudo que estava por baixo dos lençóis. E, bem, ao que tudo indicava, gostava do que via.
Ela sentiu-se poderosa de repente, diante daquele olhar. Seu sorriso tornou-se mais ousado e ela tirou suas costas da cama quente. Sem se preocupar com a nudez, passou uma das suas pernas sob o corpo de e encaixou-se próximo a cintura dele.
As peles dos dois se tocaram. Ele segurou-a em seu quadril e elevou um pouco as costas, tentando levar sua boca até a dela. Porém negou, empurrando-o de volta para a cama. Ela estava disposta a deixá-lo sofrer um pouquinho.
Sorrindo maliciosa, a mulher mexeu-se sobre o homem. Foi um leve roçar, mas bastou para que gruísse em resposta. pode sentir seu membro enrijecendo por debaixo de seu corpo. Então, cruel, ela repetiu o movimento torturante.
- Você ainda vai me matar. – exclamou , entre suspiros. riu, dando-lhe um pequeno selinho. Bom, a intenção era essa somente, mas ele acabou por agarrá-la e aprofundar o beijo.
Mesmo naquela manhã fria, os corpos dos dois pareciam arder em chamas.
Apoiando-se nos ombros do rapaz, ela afastou-se levemente, deixando-lhe seus seios para apreciação. não perdeu tempo, avançando sua boca para o esquerdo, enquanto tocava o direito. Foi a vez de suspirar, arqueando as costas para sentir mais.
- O café está servido, queridos. – eles escutaram a voz suave da avó da família antes de notar a porta abrindo e sentir o olhar dela sobre eles.
Em alguns segundos, tinha se jogado de volta no colchão e estrategicamente a cobriu com o edredom, depois de tampar suas partes.
No entanto, eles não foram rápidos o suficiente.
A cena, a senhora percebendo o que estava ocorrendo ali e ficando vermelha de vergonha, se retirando em seguida, não sairia da cabeça deles dois tão cedo.
Imagine, então, do ponto de vista da velhinha!
precisou de algumas horas e muita coragem para sair daquele quarto. Sentia-se a protagonista de A Letra Escarlate, com escritos de promíscua em sua testa. Quase 500 anos se passaram e a sociedade evoluiu, mas, ainda sim, ser pego no ato por uma senhora de 80 anos estava longe de ser minimamente normal.
tentou acalmá-la. Sim, porque logo depois ela surtou. Algo como ser odiada pela família dele e ser expulsa daquela casa. Mas ele tampouco estava ok com a situação e, quando desceram, à noite, já prontos para o casamento, pôde ver como ele tentava desviar os olhares da avó e mexia na gravata desconfortável.
Bom, não sabia se a gravata era de fato incômoda, mas vê-lo desconcertado, de alguma forma, ajudou-a a se sentir melhor. Por sua vez, algumas taças de champanhe a fariam esquecer totalmente o acontecimento, pelo menos por algumas horas.
Eles estavam logo nas primeiras fileiras da pequena igreja lotada. usava um vestido longo azul claro, que coincidentemente combinada com a gravata do rapaz ao seu lado.
Mas não vamos falar dos meros convidados. Daphne estava linda, o vestido off white de mangas rendadas caindo-lhe perfeitamente. O sorriso profundo em seu rosto, os olhos brilhando de emoção, acrescentavam beleza a equação. Seu logo mais marido estava muito bem em seu terno puxado para o cinza e a gravata borboleta. Vidrado na mulher de sua vida, parecia hipnotizado com o momento.
- Eu, Louis, recebo-te, Daphne, como minha esposa. Prometo ser fiel, te amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da minha vida. Prometo que te farei a mulher mais feliz do mundo. – eles sorriram. A igreja observava silenciosa às juras de amor.
- Eu, Daphne, recebo-te, como meu esposo. Prometo ser fiel, te amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, pelo resto de nossas vidas.
Enquanto os votos eram trocados, e desviram o olhar um para outro. Sorriram, com feições que poderiam dizer tudo mesmo sem um som sair de suas bocas. Juntos, aproximaram-se, cruzando suas mãos.
Ele poderia ficar ali para sempre. Com seus braços na cintura dela, seu queixo na curva de seu pescoço, seu nariz sentindo o cheiro de seu perfume adocicado. Podia dali escutar por cima da música alta suas risadas inusitadas, seus comentários bobos. Ver seu sorriso e seus olhos brilhantes.
Perfeito.
Mas a musica lenta mudou de repente e todos pediram espaço na pista de dança. foi obrigado a abraçar a mulher pela cintura e a puxar para o canto. Entretanto, mal pode se sentir mal-humorado, porque logo viu Daphne e Louis, o casal da noite, duas das pessoas que mais amava no mundo, com sorrisos que mal cabiam nos rostos, aproximando-se do espaço iluminado.
Eles começaram leve, com uma suave valsa. Então, a música mudou para um merengue. E então para um pop americano. O casal mostrou que treinou meses aquelas coreografias e, entre caretas e saltos mal feitos, fizeram todos rirem.
Foi já no fim da festa, depois do refinado jantar e vários drinks sofisticados, que e voltaram para a pista, a fim de dançar os top hits do momento. Eles trocavam sorrisos e, em algum momento, virou para a mulher e gritou em seu ouvido:
- Quero que esse dia não acabe nunca.
Para , aquelas poucas palavras significaram o mundo. Diziam que todos aqueles momentos que passaram juntos eram especiais e que, bem, estavam passando rápido demais. Que não queriam uma distância de oceano, novamente. Que queriam muito mais, mas ao mesmo tempo queriam a simplicidade daquilo somente.
Ao fim, praticamente expulsos pelos garçons, em roupas amassadas e com os cabelos bagunçados de tanta dança, eles saíram dali. A conversa era boba, mas o que envolvia os pensamentos mais profundos dos dois não.
Amanhã era o fim.
E, enquanto levava as sandálias em uma mão e a dona delas em outra, ele não pode evitar pensar no tesouro que podia a qualquer momento perder.
tinha a mala arrumada antes das sete da manhã. Afirmar que tinha dormido era uma mentira bem grande, porque, na realidade, mal fechara o olho. O peso do fim portava em seus ombros e a ansiedade, o medo, a insegurança e a confusão inundavam todo o seu ser.
- Já está querendo se livrar de mim, menina bonita?
Ela sorriu para o rapaz embrulhado no edredom da cama. A frase encaixava-se exatamente ao inverso. Tudo que ela queria era ter mais uma semana. Ali, em Paris, na Grécia, ou nos Estados Unidos, tanto fazia. Desde que ele, com seu sorriso, estivesse ao seu lado.
A mulher aproximou-se da cama e se debruçou para dar um rápido selinho em . Bem, essa era a intenção. Ele a puxou para si, fazendo-a perder o equilíbrio e cair na cama.
Aprofundaram o beijo, entre risadas, e logo estava sob ele, com suas pernas em sua cintura e uma blusa jogada no chão.
Carpe Diem era, afinal, o lema deles.
- É engraçado, estamos em uma celebração sobre o futuro: compremeter-se para o resto da vida, juntar dois destinos. E, aqui estamos, fechando os olhos para os nossos.
jogou o comentário, reflexivo, enquanto acariciava em seus cabelos. Tinham se mantido em um silencio carinhoso e profundo até então, somente aproveitando um ao outro. Mas, bem, o segundo para tudo chega, afinal.
- Estou em fase de negação. Não quero aceitar que terei que ir embora novamente. Que ficaremos sem nos ver. Me deixa tão confusa e... Dói. Dói que tudo possa ser tão perfeito e tão difícil ao mesmo tempo.
- Lembra quando eu disse que eu queria descobrir você? Que eu queria te ajudar a achar um caminho, porque você parecia perdida? – perguntou, referindo-se a algo que ele falou para ela na Grécia. lembrava cada palavra - Bem, parece que eu fiz você encontrar. Você está tão decidida, madura.
- Você acha? No momento, não me sinto nada decidida ou madura. Me sinto uma adolescente louca de desejo e cheia de dúvidas.
- Eu também. Mas, é engraçado, nunca tive tantas certezas em minha vida. Tenho certeza que gosto do meu curso e que terminarei a faculdade. Tenho certeza da importância, social e pessoal, do que eu faço. E, bem, tenho certeza, absoluta certeza, que gosto de você. – ele parou, sorrindo para ela - Que cada dia que passei com você foi inesquecível e que você é uma pessoa incrível. Eu já sabia disso desde a Grécia, na verdade, mas a França me fez ter certeza. Eu quero tanto ter uma chance com você...
- Mas. – interrompeu, assentindo com a cabeça. - Eu sei perfeitamente, . Mas o peso da distância é difícil. O peso de quebrar vidas constituídas mais ainda. Não quero que você mude toda a sua vida por mim. Nem mesmo caso seja o seu desejo. E, por mais que eu queira muito, não vou mudar toda a minha vida por você. – ela suspirou – Espero que você compreenda que isso não quer dizer que eu não gosto de você. Que eu não esteja me apaixonando por você. Porque eu estou. – ela sorriu de lado – Cada segundo aqui me mostrou que você é a pessoa perfeita pra mim. Mas isso não é suficiente. Expectativas e romantizações acabam com relacionamentos reais.
- Eu entendo completamente. E concordo. Mas, então, o que faremos? Jogaremos tudo que sentimos para debaixo do tapete? Ignoraremos o potencial e a magia de estarmos juntos? – ele inquiriu, confuso. E pôde notar na careta da mulher que ela estava na mesma situação – Porque vai doer. Não doeu da primeira vez, porque 12 horas não foram suficientes, mas agora... Já dói.
forçou um sorriso. Era uma resposta silenciosa: não sei.
E eles decidiram não discutir nos seus últimos segundos juntos. Não. Fazer memórias, confessar juras, descobrir arrepios, parecia a eles muito mais interessante.
- Nós sempre teremos Grécia e França. – exclamou, horas mais tarde, abraçada a ele, já no portão de embarque do aeroporto principal de Paris.
- E teremos mais todos os países europeus que quisermos. – complementou, com um sorriso, antes de puxá-la para um profundo beijo apaixonado.
E a verdade é que a vida tem disso. De mostrar caminhos tão lindos e difíceis. Às vezes, a caminhada é escrita pelo próprio destino. Todavia, cabe a nós, meros mortais, eternizar os pequenos instantes que nos são ofertados.
Fim.
Nota da autora: Pelamor, não me matem. Não consegui decidir um final, gente, e ao fim pensei que abrir mão de tanto conhecendo tão pouco do outro pode ser destrutivo em um relacionamento. Assim, preferi deixar mais aberto, para que reflitam sobre o futuro deles. Se terá continuação, eu sinceramente não sei, mas se tiver será com uma proposta totalmente diferente (e eles juntos definitivamente, prometo!).
Se vocês chegaram até aqui, comentem, por favor! E leiam minhas outras fics.
Beijos, Bruh Fernandes.
Outras Fanfics:
Em andamento:
* Barefoot (outros)
Finalizadas:
* Sexual Diary (Restrita);
* Factory Girl (Restrita);
* Two Sides Of The Law (Restrita)
Shorts:
* 02. Untouchable;
* 06. Mean;
* 12. Sweet Dreams
* 13. Lost and Found;
* 09. Countdown (continuação 13. Lost and Found);
* 14. Man in the Mirror;
* Mixtape: Gone Tonight;
* Metáfora do Amor (especial dia dos namorados);
* Immortal (Especial Mitologia)
* O Bêbado e A Equilibrista (Challenge#15);
* One Night, Two Years (Outros);
* Prazer, Primavera (Outros);
* Quebrando Os Meus Princípios (Restrita);
* Uma Linda Mulher (Outros);
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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