Última atualização: 10/06/2018

Capítulo Único

sente as dores na cabeça antes mesmo de abrir os olhos. A luz invade o cômodo sem piedade pela janela extravagante e moderna, que praticamente se iguala ao tamanho da parede. Ele resmunga e grunhe, levando as mãos ao rosto numa tentativa infantil de se proteger da luminosidade, enquanto lenta e vagarosamente percebe que o seu despertar é uma consequência do incessante celular que vibra e grita uma melodia irritante. Espalma a cama ao perceber a vibração próxima a si, e automaticamente atende a ligação.


“Em que porra de lugar você se meteu, cara?!”

não se dá o trabalho de zombar da gentileza envolvida no palavreado, reconhecendo o tom inquisitivo de mesmo distraído pela ressaca.

“É uma boa pergunta,” ele murmura rouco e preguiçoso, tirando a mão direita do rosto e forçando as pálpebras a levantarem. “Eu não faço a mínima ideia.” É possível escutar a risada irônica de um de seus supostos melhores amigos através da chamada e sente-se ligeiramente ofendido.
“Você é impossível. Caralho, tem noção de que te procuramos pelo bairro inteiro depois de não te achar no apartamento? Às quatro da manhã?!”

suspira e se esforça para sentar-se na cama. É desconfortável não só pelo enjoo quanto pela posição em que havia dormido, ele constata. Percebe também que a única peça de roupa em seu corpo é a boxer azul marinho, enquanto reconhece a calça jeans que está no chão como sua. Puta que pariu. Ele grunhe mais uma vez, agora por decepção consigo mesmo, e se castiga levantando da cama macia e confortável.

“Foi mal, cara” ele diz pegando a calça do chão e a jogando por seu ombro, indo em busca de sua camisa. “Acho que transei com alguém.”
“Quando não?” responde, perceptivelmente afastando-se do celular. acredita que ele esteja informando aos outros de que ainda se encontrava vivo, mas que se dependesse de , aquilo não duraria muito. Pelo som típico que anunciava o fim da chamada, soube que ainda teria muito mais para escutar quando o encontrasse pessoalmente.

O quarto em que se encontra parece moderno e semelhante ao seu próprio, mas os inúmeros espelhos decorativos e extravagantes que o circulavam passavam a certeza de que ele nunca esteve ali anteriormente. Quando se abaixa para procurar a camisa – finalmente a encontrando debaixo da cama -, nota que há um bilhete preso ao travesseiro ao lado do qual havia dormido. franze a testa e o pega, ainda ajoelhado no chão.

“Tive que levantar cedo pra faculdade, mas pode me ligar quando quiser. Sabia que guitarristas tinham boas mãos.”


quase riu por pena de si próprio. Bilhete sem nome, comentário de duplo sentido pela sua posição na banda? É claro que seu alter ego alcoolizado escolheria uma opção tão clichê quanto aquela.
Levanta-se e se veste, caminhando para fora do apartamento alheio quase que numa walk of shame pessoal.


é recebido no apartamento da banda com um alvoroço.
está gritando e batendo palma, finge estourar uma garrafa de champanhe e o encara deprimentemente sentado no sofá, quase arrependido por permitir que aqueles dois zombassem da sua cara. força um sorriso e agradece a comemoração de forma sarcástica, aproximando-se do líder da banda e da carranca de pai bravo que ele carregava.

“Você sabe que quase fodeu com a nossa apresentação de ontem, não sabe?” ri e se joga no sofá oposto ao que se encontra, deitando-se presunçoso.

assente com ar arrependido, comprimindo os lábios e abaixando a cabeça, mas isso não é o suficiente para causar pena em seus companheiros.

“Encheu a cara antes do show, desafinou várias vezes, quase chutou a bateria do e xingou o barman no palco por se recusar a levar um copo de uísque até você,” listou suas derrotas da noite anterior, cruzando os braços e balançando negativamente a cabeça. “E, para melhorar, disse que ia ao banheiro, sumiu pelo resto da noite depois de mandar mensagem falando que estava em casa e, quando chegamos aqui com todo nosso equipamento, descobrimos que estava mentindo. Eu juro pra você, , nunca quis tanto arrancar a sua cabeça do seu pescoço e já senti raiva de você muitas vezes durante a minha vida.”

Senta-se derrotado ao lado de , bufando e deitando a cabeça no encosto do sofá. Ele tem a plena noção de que não é a primeira vez que deixa seus parceiros na mão, não cumprindo com a suas obrigações como membro devidamente. Acreditava, contudo, que finalmente havia superado essa fase um mês atrás, quando prometeu a si mesmo que se tornaria mais responsável. É uma pena que todo o seu progresso tivesse ido em direção ao lixo no instante em que acreditou vê-la a dez passos de distância de si.
espera que continue o sermão; da última vez, passaram três horas discutindo em detalhes cada um dos defeitos que o guitarrista tinha. Contudo, o que de fato acontece após a sua preparação mental para escutar verdades e admitir seus erros, é sumindo na cozinha e retornando com uma latinha na mão.

“Cerveja sem álcool,” ele diz, muito provavelmente aproveitando mais aquele momento de que deveria após o fiasco da noite anterior. “Para sentir o gosto amargo da vida, mas sem virar um escroto chorão de coração partido.”

chega a rir, aceitando a lata em sua mão e a encarando, ao invés de experimentar a bebida.

“É sério. Foi mal.” passa o polegar pela marca da cerveja distraidamente, um sorriso forçado em seu rosto. “Fiquei puto pra caralho, bebi na hora errada. Eu prometi que não faria mais isso.”

senta-se na mesinha de centro da sala e o olha torto, mas pelo clima do momento não tenta reprimi-lo.

“A apareceu, nós sabemos,” murmura, e somente por escutar seu nome, franze as sobrancelhas. O baterista suspira e põe as mãos debaixo da cabeça como apoio. “Quer conversar sobre isso?”

nega com a cabeça devagar, mordendo o lábio inferior e devolvendo a latinha para . Levanta-se do sofá e mal vislumbra seus amigos antes de entrar em seu quarto e fechar-se para o mundo. o acompanha com o olhar e mal nota quando o segura pelo ombro com uma expressão motivadora no rosto. O baixista tira o celular do bolso e o mostra a tela bloqueada, exibindo o horário.


Ele a vê mais uma vez quando a fome é mais forte que seu impulso de sentir pena de si mesmo.
O restaurante não é tão famoso - um lugar onde uma subcelebridade, o guitarrista e vocalista de uma banda ligeiramente conhecida pela cidade, poderia comparecer sem causar nenhuma consequência ou chamar a menor das atenções; um dos lugares que valorizava tremendamente frequentar. Infelizmente, após de sentar-se numa das mesas vazias e receber de bom grado o cardápio em mãos por uma garçonete, ele a encontra. Ao fundo do local, com o perfil em direção à , sorri e se engaja numa conversa envolvente, pelo o que é perceptível. Os punhos de se fecham sobre a mesa e ele evita o desejo de jogar tudo para cima e confrontá-la. A fome se esvai quase que por completo, tendo seu estômago embrulhado a cada segundo que a observava. Ela mexe em seu cabelo e o põe atrás da orelha, quase que numa provocação para que possa admirar o quão bem ela estava enquanto ele só se afundava mais. sorri irônico, voltando a olhar o cardápio e internamente incrédulo pela sua vontade de permanecer ali.
Após fazer seu pedido, ritmicamente bate seus dedos na mesa, numa mania irritante de compensar seu nervosismo. Ver em qualquer contesto o tirava do eixo, o queimava os nervos e, depois de toda a raiva, vinha a mágoa e a pena de si mesmo. O sentimento o corrói lentamente, e algumas vezes, também o tira o sono. Pensar no quanto confiava em enquanto nada para ela significava era uma das facadas mais complicadas de cicatrizar.
Sua comida chega; porções de bulgogi, arroz e vegetais, e come sem pressa, apesar da agonia de ver os sinais de simpatia que sua ex-namorada exibe à um desconhecido por sua parte. Mal pode dizer o que é verdadeiro ou não naquele ato, quase certo de que tudo o que sabia sobre ela não passava de uma mentira. A expressão de ao encará-la é cortante e bruta, e é surpreendente que ela não tenha o visto até então, de tão fixo é o seu olhar.
Pede e paga a conta, faz barulho ao se levantar e arqueia uma sobrancelha na direção de quando seus olhares se cruzam. Ela fica séria pela primeira vez na ocasião, e nada consegue interpretar de seu rosto. E, mesmo se conseguisse, não seria capaz de acreditar na veracidade dela. Finalmente, é a última vez que a oferece atenção antes de dar as costas e se retirar; sem fome, porém emocionalmente exausto.
Na rua, há irritantemente incontáveis casais. A aproximação do dia dos namorados talvez fosse uma maneira de explicar tal acontecimento, mas tudo parece participar de uma organização universal para perturbar exclusivamente à . Uma floricultura zomba de sua cara com milhares de corações enfeitando a vitrine, com os dizeres nada convidativos: “já encontrou o amor da sua vida?”. Ele permanece parado na calçada, as mãos afundadas nos bolsos da calça jeans enquanto vislumbra os buquês que a floricultura exibe. Um pouco escondido, atrás de todas as flores chamativas, se encontra um pequeno arranjo de cravinas; é deprimente, mas se vê tentado a comprá-lo. Se seus amigos encontrassem flores no seu quarto, é possível que confirmem um novo nível de fossa, e já era zombado o suficiente pela playlist de músicas tristes.

,” o chamam ao longe, e pela voz, se recusa a olhar em sua direção. Mantém-se concentrado nas flores, somente nelas, porque olhar nos olhos de era a forma mais rápida de cair em todas as suas farsas. “, por favor...”

Ela para ao seu lado, hesitante e desconfortável. Sua voz baixa, sutil ao seu máximo, contrasta com as lembranças de , onde existia uma extrovertida e imponente. Sua presença continua forte, mas é estranho vê-la tão reservada. não a responde e isso parece frustrá-la. cogita se aproximar, encostar nele e fazê-lo olhar em sua direção como fizera durante todo o almoço, mas não o faz.

“Você tem vinte e cinco anos, , não dezenove.” cruza os braços, bufando e insatisfeita, embora cautelosa. “Vai ter que superar um dia.”

Rir prepotente, malicioso e irônico sempre fora especialidade de . Assim o faz com maestria e sem esforço, como um reflexo natural para situações como aquela. Sua cabeça cai para o lado gentilmente, podendo direcioná-la o olha com o canto dos olhos. Seu semblante é frio, não abrindo nenhuma brecha para que o manipule como queira.

“Você não tem nenhum outro caso pra cuidar ao invés de me perturbar?” O tom grave e irritadiço deixa sua garganta e acomoda-se nos ouvidos de , que abaixa o seu olhar. “Caso largue a polícia, a carreira de atriz lhe cairia bem.”
“Eu só fiz o meu trabalho,” ela se defende, um tanto mais seca dessa vez. sorri de canto falsamente; era apenas necessário mencionar a sua profissão que rapidamente se tornava defensiva.
“E no seu trabalho constava me foder. Literalmente.” suspira e se vira para a vitrine novamente. “Já prendeu o cara que vendia as drogas no bar que nos apresentávamos, não? Teve seu ingresso V.I.P. todas as noites, investigou tudo o que queria. Tudo o que podia conseguir no papel de minha namorada você já tem nas mãos, então será que podemos terminar essa conversa?”

Ele não espera a resposta dela e retorna a caminhar, consideravelmente mais estressado e agoniado que antes. não o segue mais e, no fundo, se decepciona com a realidade.


A descoberta veio de forma objetiva: , enquanto esperava acordar do seu sono eterno, sentou-se na cadeira que ficava no quarto dela. A sua escrivaninha era uma bagunça e odiava que tentasse arrumá-la. “Você só vai deixar pior ainda!” Não gostava de parecer fofoqueiro ou enxerido, mas o tédio o consumia e havia tanta inutilidade em sua volta. Milhares de notas fiscais que simplesmente retirava da bolsa e jogava ali em cima, livros de idiomas em que ela não tinha a mínima proficiência, papéis de bala que ela comia enquanto assistia filmes no computador.
Revirou tudo aquilo, apenas tendo em mente o quanto riria pela sua desorganização mais tarde para implicar com , quando notou uma pasta debaixo de seu notebook. CONFIDENCIAL, em letras vermelhas e caixa alta; como se não houvesse maneira maior de atiçar a sua curiosidade, em letras menores, no final dela, estava escrito o nome do bar onde sua banda, Exordium, tocava em quase todo final de semana: Ocellus.
teve de abrir.


Detetive , participante da operação Ocellus, encontrou uma quantia significativa de drogas alucinógenas e entorpecentes esperando pelo distribuidor no camarim do bar. Os músicos não estão cientes do esconderijo.


Nem terminou de ler o primeiro parágrafo e já desviou o olhar do relatório para a figura feminina na cama ao seu lado, que tão silenciosamente dormia que mal poderia ser percebida. Com os olhos arregalados, o coração pulsando forte em seu peito e respiração travada, apostaria que havia sido teletransportado para outra dimensão.
Depois da descoberta, a mudança de comportamento de era inevitável. Nervoso e confuso, procurava a todo momento por alguma prova de que não estava consigo, como diziam os documentos, por simples conveniência e disfarce, além de a prover fácil e seguro acesso à todos que ela procurava. Suspeitos esses que conhecia e, embora tivessem oferecido maconha a ele e sua banda vez ou outra, ele nunca pressuporia que fossem de fato traficantes.
No final do dia seguinte, já havia percebido que descobrira algo. Era como se estivesse conhecendo outra pessoa no instante em que se mostrara mais fria, distante e profissional. Tudo aquilo que tratava como um relacionamento não passava de trabalho para e não havia decepção amorosa que pudesse comparar com aquele sentimento. Após questioná-la se em todo aquele tempo fora usado e nada mais, cordialmente o pediu perdão e, cordial e mentalmente, a mandou se foder.


está testando o som e afinando seu baixo, enquanto ajuda a terminar de montar a bateria e conecta os cabos das guitarras. Ser conhecido pela cidade era uma coisa, já querer pagar um roadie, outros quinhentos. A set list da noite conta com três quartos de músicas autorais que o público já gostava e alguns covers, que fazem parte de qualquer show não oficial de banda. está proibido de pedir qualquer coisa ao barman que não seja água – e pura, de preferência –, então é isso que enche seu copo após terminar sua parte da organização e sentar-se na bancada do bar.
O local em poucos minutos estará cheio, e algumas pessoas já dançam ao som de músicas recentes e populares. não costuma mais sentir o nervosismo que sentia no começo, quando apresentações como aquela eram novidade, porém o estômago sempre parece bagunçar-se dentro de si em resposta ao futuro evento. Ele ri de uma história que o barman conta sobre quando bebeu vodka em serviço ao invés de água, quando ainda era mais novo e fraco demais para a bebida, e terminou a noite definitivamente mais alegre do que deveria.

“Ei, ,” o chama para o palco, pegando sua respectiva guitarra e ajustando a correia dela em seu ombro. “Vem logo se preparar, cara.”

acena com a cabeça para o barman e desce da bancada, retornando ao palco em passos largos. Passa a correia da guitarra pela cabeça, firmando-a no ombro, e puxa uma paleta do apoio do microfone. A adrenalina começava ali.
É por volta da penúltima música, quando está suado e cantando no volume mais alto possível, um sorriso anestesiado em seu rosto, que o rosto dela é visível em meio à plateia. está sorrindo, como em muitas de suas memórias dela, mas não conhece aquela pessoa e não saberia dizer o motivo de sua suposta felicidade. Ele tenta ignorar, porque já cansou de dizer que odeia ; mas é impossível, quase desumano, fingir que a visão não causa reação nenhuma em si. A palpitação do coração é sentida até nas orelhas, o nervosismo o alcança e , por um lado, sente-se satisfeito simplesmente por vê-la sorrir em sua direção.
Há a possibilidade remota, ele comentara com os amigos dias atrás, de que havia enlouquecido.
As músicas terminam, não desafina e nenhum dano é causado à bateria de . É uma vitória, comparada ao último show em que se fizera presente, mas também é perceptível a forma como se torna alvoroçado sem ao menos perceber.
Ele é o primeiro e único a entrar no camarim, planejando trocar a blusa suada por algo mais civilizado, mas só percebe o fato após removê-la. Franzindo o cenho, ele abre novamente a porta do local e olha da direita para a esquerda do corredor, procurando por seus parceiros de banda; feliz ou infelizmente, tudo que ele encontra é a imagem de sua ex-falsa-namorada, de camiseta preta e jeans, como ela dizia preferir vestir. Ela não está sorrindo dessa vez, e retorna do seu mundo de ilusão, caindo na dura realidade de que nunca se apaixonou por ele.

“Olha, eu já não disse pra você não me pertur– “ A fala cortada de é abafada pelos lábios de , fechando-se num selar que tanto havia sentido falta. As mãos dela, gélidas e nervosas, vão parar em sua nuca, os polegares acariciando as bochechas de como se tocasse em cristal. é fraco demais para dizer que não fechou os olhos e segurou-a pela cintura, permitindo que , como sempre, tomasse a frente e o beijasse como tivesse vontade. Ela morde seu lábio inferior e o beija para valer, com toda a saudade que a consumia e quer tanto acreditar nos sentimentos que ele acredita haver ali que aperta seus dedos nela, num pedido silencioso. Por favor, por favor, seja verdade.

Eles se separam minimamente, ainda sendo capazes de respirar o mesmo ar. As testas apoiam-se uma na outra, as mãos permanecem estáticas por medo de que o momento se desfizesse no instante em que se soltassem. , contudo, não é somente tomado pela excitação de ter quem ama tão próximo a si, e sim por toda a mágoa e raiva que havia sentido por aqueles últimos meses.

“O que você quer de mim agora, ?” Ele pergunta secamente, encarando-a nos olhos como há muito não fazia. Estão tão próximos que ele a sente respirar fundo antes de respondê-lo.
“Nada, ,” ela sussurra tão frágil que nem parece ter certeza do que está falando. Olha dos lábios dele, finos e macios, de volta aos olhos. “Eu só quero você.”

Ele ri sarcástico. O coração quase para de tanta euforia, a palma da mão começa a suar, mas se mantém firme. não confia nem um pouco na mulher que ama e isso é uma merda.

“Você mente muito bem.”

Ela o encara exasperada, e quando ameaça se afastar, ela o puxa pela nuca mais para perto. é tão submisso à que nem utiliza de força para evitar a aproximação, e talvez ela já soubesse disso.

“Não estou mentindo, por mais que você não acredite,” ela responde. “Não deveria nem ao menos vir atrás de você, mas, porra. Eu sinto sua falta.”
“Sente falta do seu brinquedo particular?” arqueia a sobrancelha e a provoca com palavras que machucam a si próprio. cerra o olhar, dessa vez irritada pela teimosia dele, e o puxa pela terceira vez, calando-o. Ele cede aos beijos com facilidade, e tem medo de descobrir se é por sentir o mesmo que ela ou por simplesmente não se importar mais. , por outro lado, sente a sua última gota de sanidade se esvaindo enquanto sua mão escorrega para dentro da blusa de , firmando-a em suas costas. Ele suspira e aproveita para tocá-lo também: suas mãos descem para o peitoral firme e o abdômen bonito, sem se importar de marcá-lo com as unhas curtas.

diz apenas uma coisa depois de se afastar momentaneamente dela e de puxá-los para dentro do camarim, fechando a porta e não se preocupando em trancá-la.

“Ah, foda-se. Eu já enlouqueci mesmo.”





Fim



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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