09. In the Dark
Finalizada em: 10/08/2018

Capítulo Único

Blank stares, faithless
Vampires at the same places
Shadow, traces
I know that you feel me, you're

Runnin', runnin', runnin', runnin'
Making the rounds with all your fake friends
Runnin', runnin' away from it
You can strip down without showing skin,

Olhares vazios, sem fé
Vampiros nos mesmos lugares
Sombras, traços
Eu sei que você me entende, você está

Correndo, correndo, correndo, correndo
Andando por aí com todos os seus amigos falsos
Correndo, correndo deles
Você pode se despir sem mostrar a pele


Movo meu corpo comandado mais pelas batidas de som ao fundo do que por mim mesma. Permito minha mente ficar inebriada. Afinal, o que eu podia fazer além de aproveitar cada segundo? Acabar chorando depois do turno como todas as outras meninas? Não! Eu não iria dar aquele gostinho para esses vampiros imundos.
Eles achavam todos os humanos fracos, quem sabe, talvez, estivessem certos, mas eu não. Faria o meu caminho e escalaria até o topo.
Custe o que custar.
Dançar em uma boate? Tudo bem por mim. Objetificar meu corpo? Vendê-lo? Eu podia lidar com aquilo. Desde que eu mantivesse um sorriso falso sempre no rosto e postura graciosa, então tudo ficaria bem.
— Gostosa! — Escutei um deles gritar enquanto bebericava de seu drink vermelho.
Lhe lancei um olhar e risada safada sem ter problema algum, mesmo que o seu mero vislumbre me causasse ânsia. Eles eram tão parecidos conosco, seres humanos, que era quase impossível nos diferenciar, se não fosse pela cor dos olhos, vermelhos sangue. Até seus sorrisos eram como os nossos, a não ser que estivessem prestes a atacar, somente então as presas lhes desciam.
Rodei no pole dance e engatinhei até ficar mais próxima da plateia para que estes otários jogassem dinheiro aos montes. Não precisavam daquilo como nós, humanos. A nossa única moeda de troca eram aqueles pedaços de papel, já eles, apesar de manterem uma certa hierarquia e respeitarem até certo ponto a sociedade capitalista, bem... Bastava que matassem quem enchesse demais o saco e tudo estaria parcialmente resolvido.
Eu os odiava, com todas as minhas forças, sabia o que eram: monstros. E se é que realmente existia um, iriam todos para o inferno. Ou será que já estávamos vivendo neste? Meus sentimentos não importavam, eu não podia ser fraca, isso era tudo, e bastava.
Tinha certeza que eles podiam transformar mais, criarem outros de sua espécie, os rumores corriam solto nas bocas da baixa sociedade de sangue, eu acreditava com todo meu ser naquilo. Por isso os agradava o máximo que pudesse, para quem sabe, um dia, ter uma chance de me transformar em um dos seus e me vingar.
Não sabia como chegaria lá, teria que enfrentar poucas e boas, os vampiros mais fortes do mundo, mas eu criaria meu próprio exército de transformados se preciso fosse. Nem que preciso fosse tornar todos do mundo para morrermos juntos de fome, sem sangue humano existente. Nada importava, além do fato, eu iria acabar com eles.
A menos que ainda houvesse uma família para a qual eu pudesse voltar.
Nada mais justo, pois era isto que aqueles bastardos haviam feito comigo ao levar todos aqueles que eu amo. Logo assim que a guerra foi perdida, nós já sabíamos pelas notícias na televisão o que esperar, ficávamos trancados em casa, o tempo todo, somente com mantimentos básicos, sem sair para nada, até que um dia eles decidiram que era hora de começar a invadir casas, estavam ficando sem sangue.
A falta de controle levou a um colapso, caos total, foi preciso que interrompessem seus antigos planos antes da guerra e bolassem uma nova estratégia. Humanos se dividiam agora em dois grupos, sempre subalternos, que trabalhavam em sua maioria em condições precárias, de regime semi-escravo, e os que viraram comida. Bom, se você considera um lugar confortável para dormir e comida realmente boa um tratamento legal, então estes humanos eram tratados como reis e rainhas, se não fosse pelo fato de que eram obrigados a dispor de seu sangue de tempos em tempos, afastados de suas famílias, obrigados a reproduzir. Tendo hormônios injetados em seus corpos, solitários, tristes, comida.
Nada muito diferente do que fazíamos com carne animal, bela piada sádica da vida.
Eu fazia parte do primeiro grupo, aparentemente tinha um rostinho muito bonito para ser somente refeição, o que não significava que já não houvesse sido mordida, isso, infelizmente, acontecia mais frequentemente do que eu gostaria.
Meus pais e meu irmão mais novo, não sabia qual fim tinham levado, fomos todos separados naquele triste dia, o qual eu lembrava como se fosse hoje. Talvez estivessem mortos, esperançosamente vivos.
Esperança, fé... Uma risada de escárnio soou em minha mente. Algo já praticamente desconhecido por mim.
Escuto barulho, uma gritaria descontrolada e alvoroçada. É ele, e seus amigos mais uma vez aqui. Todos os outros faziam piadas, gritavam, brincavam, todavia, não o loiro. Este era introspectivo, não sei se tímido, ou misterioso, mas sua quietude me deixava curiosa. Sempre pedia uma dança particular comigo, e agia da mesma forma, era quase um replay, nada nunca mudava.


I can see you're scared of your emotions
I can see you're hoping you're not hopeless
So why can’t you show me?
Why can't you show me?
I can see you're looking for distractions
I can see you're tired of the acting
So why can't you show me?

Eu consigo ver que você está com medo de suas emoções
Eu consigo ver que está esperando que não esteja sem esperanças
Então, porque você não pode me mostrar isso?
Porque você não pode me mostrar isso?
Eu posso ver que você está procurando por distrações
Eu posso ver que você está cansado de atuar
Então, porque você não pode me mostrar isso?


Observo aproximar-se do gerente da casa e já sei o que está pedindo. A essa altura os amigos não implicavam, nem diziam mais nada, acho que até mesmo eles não entendiam bem o porquê daquilo.
Ele olha para mim de relance, eu continuo dançando, como se não soubesse ainda o que este desejava, continuo atuando falta de costume, fingindo não perceber sua presença. Até parece, bastava pôr seus pés para dentro do lugar que todos os pelos do meu corpo se eletrizavam.
Espero até Carl vir falar comigo, só então desço e me dirijo a sala na qual ele já se encontra, fechada apenas por leves cortinas pela qual vejo sua sombra. Dessa vez não espero que o meu gerente termine de falar, já sei o que devo fazer.
— Sente-se! — Ele ordena, mas quando ele diz isso eu já estou prestes a me sentar ao seu lado. — Se quiser pedir alguma coisa, qualquer coisa do cardápio. — Sugere, como sempre. Também como o usual eu aceito e peço minhas batatas fritas com milk-shake.
— Batata frita e...
— Milk-shake. — Ele completa.
Bem, aparentemente, ele não é o único com mania de fazer sempre o mesmo por aqui.
Logo um dos garçons que trabalham aqui vem pegar o nosso pedido, ele entra tremendo, como de costume. Seu nome é Alfred, e este possui um cabelo lambido que me passa certo nojo, mas eu entendo que não é como se a maior parte dos humanos tivesse muito dinheiro para ficar cuidando da sua aparência. Ele sai de fininho, sem mal deixar sair uma palavra, apenas acendo com a cabeça.
Fico irritada com a mesmice de sempre. Com raiva de por nunca se pronunciar e acalmar o rapaz. Na verdade, com raiva por ele nunca, nunquinha falar nada.
Eu já estou acostumada com a sua companhia, de certa forma, sinto que não mais o temo. Contudo, ainda me lembro da primeira vez na qual ele viera aqui, em como eu me encontrava totalmente assustada.
Ridícula.
Meu corpo e mente se recusavam a aceitar esse fato, então eu atuei, da forma mais bela. Fria, calculista, não tremia, nem pisava em falso, meu foco era o mesmo de sempre: ser transformada.

Então, tem alguma preferência por música? Normalmente eu não iniciaria a conversa, mas eles costumavam ser sempre tão mandões, achando que eram os donos da porra toda... Esse cara havia apenas me pedido para sentar, me oferecido comida e então se encontrava bebendo o seu drink, fumando um cigarro e me observando, sem dizer absolutamente nada.
— Não. — Respondeu secamente.
— Está a fim de algo a mais...? — Sugeri levando minha mão até o seu joelho, vi um vislumbre de um sorriso de lado e pensei estar no caminho certo.
— Não. — Novamente se pronunciou secamente.
O que diabos ele queria então?
O jeito que me olhava agora, quase como se risse de mim, como se eu fosse uma palhaça, a piada da noite, fez com que eu sentisse um constrangimento que já não sentia a mais tempo do que podia me lembrar.
Calor nas bochechas? Isso não era possível, não mesmo, eu... Não podia estar com vergonha. Eu não era frágil como os outros humanos! Não podia deixar meus sentimentos me atrapalharem. Eu estava lidando com monstros, os quais não possuem nada em seu coração, desconhecem o amor, compaixão, a felicidade. Minha única forma de pará-los era agindo do mesmo jeito, só que superior. Então não. Eu não estava com vergonha, simplesmente porque não podia!
— Desculpe! — Tentei ser educada, mas a verdade é que já havia perdido a paciência, estava irritada, verdadeiramente puta, como ele ousava me diminuir? Filho de uma puta. — Não entendo o que está fazendo aqui então. Olhei em seus olhos e esperei por uma resposta, mas ela não veio. — Não vai dizer nada?
— Não.
Você só sabe falar não, caralho?
Bufei e reencostei ao seu lado, tentei me entreter com o que dava, pedia bebidas, não alcoólicas, pois não confiava em um daquela espécie. Também comida, e o que quer que tivesse vontade, e continuaria a fazê-lo até que este me parasse. Já que estava na conta dele, por que não?
Falei sozinha, ri sozinha, e... Acho que um pouquinho, bem pouco mesmo, cheguei a me divertir. Quase um crime para quem tinha o meu tipo de vida.
O que era aquilo no rosto dele? Foi um vislumbre de um sorriso? Não... Minha mente começava a inventar coisas àquela altura.
Eu estava tendo um momento tão bom ali, falando sozinha pelos cotovelos, comendo e bebendo, sem estar preocupada com trabalhar, ou qualquer outra merda.
Não recordava do final da noite, somente sei que acordei mais tarde, uma gorjeta generosa em cima da mesa, além do que ele pagaria ao gerente, e foi isso.
Ansiedade, medo, raiva e diversão, tudo em uma única noite com um vampiro. Mais tarde, eventualmente veio a culpa, quando me encontrava já no meu quarto, antes de realmente me deitar para dormir.
Como eu havia me permitido rir ao lado de um deles?
Uma lágrima escorreu em direção a minha orelha conforme eu chorava com a cabeça encostada no travesseiro. Talvez eu não fosse tão forte quanto gostava de afirmar.


Ou talvez eu fosse muito mais forte do que imaginei um dia, pois no dia seguinte acordei radiante, pronta para mais uma bela manhã, com a vontade renovada de acabar com todos esses canalhas.
— E então, mais um dia sem me dizer o que o traz aqui? — Pergunto bem-humorada e o observo sorrir. Hoje estou determinada a entender o que se passa ali, cansei daquilo, tenho pressa, se eles ainda estavam vivos precisavam de mim. Minha família precisa de mim, não existia nada mas importante.
Essa semana completaria três anos desde o dia em que fomos separados, e eu tinha a sensação de estar sufocada. Pela saudade, remorso, inabilidade em resolver as coisas.
Não conseguia aguentar um único minuto sequer, quanto mais dias. O tempo corria rápido demais, e cada segundo perdido me empurrava abaixo do poço.
— Por que é tão calado? — Reviro os olhos. — Aproximo mais os nossos corpos, encostando minha coxa do lado da sua, sinto receio de que ele vá rir de mim novamente, porém, mesmo se assim fosse, tal ato não iria me assustar ou envergonhar dessa vez.
O garçom tímido volta trazendo nossos pedidos e nos interrompendo, desvio minha atenção por um segundo, mas posso sentir que os olhos de permanecem em mim. Eu não sabia seu nome porque ele havia falado, descobri somente perguntando ao gerente certo dia, ou melhor, xeretando sua ficha de controle de clientes.
Volto o meu olhar ao sangue frio a minha frente, durante um milésimo o qual quase passa despercebido até por mim, meus olhos caem em seus lábios. Não deixo que meu erro me desconcentre. Descanso a mão em seus joelhos a subindo pela sua coxa, sem desconectar nossos olhares. Qualquer um mais inocente poderia pensar que a ação era despercebida, praticamente desproposital.
— Eu realmente estou começando a ficar curiosa. — Passo a mão próxima a seu membro por cima da calça e a subo para o seu abdômen, roçando meus dedos na sua pele desnuda por dentro da camisa, então sigo a deslizando por cima do tecido até o seu ombro, deixo esta repousar na curva do seu pescoço. Nossos rostos estão tão próximos que eu consigo sentir o cheiro de cigarro que vem de seu hálito. Chega a ser uma piada sem graça o quanto eles se parecem conosco, sentem prazer da mesma forma que sentimos, tem vícios, como nós, ainda assim, imaginam ser tão superiores. — Quando você vai me contar? — Desço novamente a mão até os botões da parte de cima da sua blusa e começo a abri-la.
Enquanto ele não me parar pretendo continuar a provocá-lo, e a menos que seja obrigada, não vou entregar o meu corpo ou o que corre nele, não enquanto não obtiver respostas.
Quando termino de abrir todos os botões levo os meus lábios até o seu tórax deixando marcas do meu batom ali, com os olhos mais inocentes do mundo, beijo seu pescoço e mordisco o seu ombro, então o escuto rir e quase travo.
— Já te ocorreu que eu possa somente gostar de te observar em sua lingerie? Com a pele arrepiada? As veias... Deliciosas. — Ele finalmente se pronuncia antes de agarrar meus cabelos puxando minha cabeça para trás, só o suficiente para que ele beije também meu pescoço, meu tórax e então... Mordisca meu ombro.
Eu sinto medo, prazer e culpa. Prazer como eu já nem me lembrava mais, e isso é tão fodido que me faz ter vontade de chorar ali mesmo, de matá-lo por ousar ter aquela conexão inexplicável comigo. Quando se afasta tenho certeza de que está dando muito de si para não se alimentar de mim ali mesmo, e não consigo entender o porquê. A maioria dos vampiros não impediria a própria vontade. Talvez ele seja um masoquista, ou somente um cara com gostos peculiares. Isso eu não saberia dizer, mas com certeza absoluta ele era um cara que gostava de jogar.
— Não gosta de observar as outras garotas? Só a mim? — Tantas perguntas a serem feitas e eu desperdiço uma sem perceber, quem sabe quando ele vai decidir falar novamente.
— Amo as outras garotas! — Afirma. — Mas você ainda vai descobrir que é muito especial. — Enrugo a testa sem compreender o que ele quer dizer com aquilo.
Especial do tipo “ele vai me transformar”? Especial do tipo “eu só te acho mais bonita do que as outras”, também quem sabe só especial como “você faz meu tipo”?
— O que... — Antes que eu termine ele me interrompe.
Nossa, olha quem está mostrando as garrinhas, até a pouco permanecia calado, já agora...
— Vem comigo. Vou te mostrar uma coisa.
— Não posso. Tenho que continuar trabalhando. — Disse cautelosa, com medo de que esse tempo todo ele estivesse me enrolando para apenas beber do meu sangue.
— Não se preocupe, eu converso com o Carl depois. — Levanta estendendo sua mão, me confundo entre o seu olhar, e aquela mão estendida a minha frente durante alguns segundos, esperando que eu a tocasse.
Enfim me decido por ir. Afinal, quem não arrisca não petisca, certo?
Seguro sua mão e me levanto quase encostando meu peito no seu tórax pela proximidade.
— Vou pegar meu casaco.
Desentrelaço nossas mãos seguindo para o vestiário com um sorriso no rosto. Entrando olho para o sobretudo preto estendido no canto junto com minhas roupas e bolsa, visto apenas o casaco jogando as outras peças de qualquer jeito dentro daquela bolsa sem me importar muito.
O perfume que eu uso é um dos meus preferidos, o pego em cima de uma das penteadeiras. Não para ficar mais cheirosa, apesar de amar o frescor deste, todavia, nunca havia conversado com um deles sobre isso, mas eu acreditava que se eu escondesse meu cheiro, isso faria com que os vampiros não ficassem tanto no meu pé, sentindo o sangue que corria nas minhas veias.
Quando retorno vejo ele parado conversando com uma das outras meninas que trabalham aqui, não sinto ciúmes, mas fico com medo. Ele tinha que me transformar, não me importava com o que aconteceria depois disso, na verdade, nem com o que aconteceria antes, desde que eu atingisse meu objetivo. Os fins justificam os meios, certo? Tão logo que me aproximo cumprimento Jess.
— Tudo bem? — Pergunto aos dois.
Não sabia o que ela estava querendo ali, a maioria das meninas eram assustadas demais e só se aproximavam assim quando extremamente necessário, o que me fazia imaginar se ela não estaria interessada no mesmo que eu, ser uma deles. Quem sabe? Andava tão concentrada em mim mesma, que podia ter passado despercebido.
! — Ela exclama surpresa e animada, ou ao menos parecendo assim. — Seu amigo é tão... Simpático. — Ela diz sem ser irônica, o que me deixa confusa.
— Sério? — Questiono levantando uma das sobrancelhas o encarando.
— Vamos? — É tudo que ele se limita a responder. — Tchau, Jess, muito prazer. — Se despede pegando sua mão e depositando um beijo na mesma como se fosse um cavalheiro, percebo em sua expressão que esta dá o máximo de si para não tremer quando ele a toca.
Coloco a mão em seu ombro já acostumada com o medo, ou a falta deste, me despeço de Jess com um sorriso e já estamos na porta, prestes a sair, quando ele mostra sua moto.
— Você supostamente não tem superforça e supervelocidade ou qualquer merda assim? Precisa mesmo de uma moto?
— Sim. No entanto, correr cansa, até mesmo para alguém como eu, além disso, você não poderia andar tão rápido também. — Deu de ombros. Suas palavras me levam a pensar se ele já cogitava me chamar para outro lugar quando veio aqui essa noite. — Fora que eu diria que motos foram uma das coisas prestáveis inventadas pelos seres humanos, o que posso dizer? Gosto do estilo. — Pisca um de seus olhos para mim, e até eu tenho que admitir que dessa vez minhas pernas ficam bambas. — Sabe dirigir? — Sorrio sexy.
— Bom, isso provavelmente vai ser uma surpresa para você, mas sim, sei.
— Quer?
— Nah. — Balanço a cabeça negativamente. — Eu vou deixar você conduzi-la, mas só dessa vez. — Digo antes de escutar sua risada ressoar, posso jurar que quase gosto de ouvir aquele som. O que me faz sentir estranha. Eu o odeio. Todos eles. Sem exceção.
Ele sobe na moto, eu espero e então seguro em seu braço, não deixando de apertar-lhe levemente quando o encosto, me apoiando e subindo também. Não era preciso falsidades nesse quesito, eu era naturalmente desinibida, o que vinha muito a calhar considerando meu emprego e meus planos. Sendo assim, logo envolvo sua cintura com os meus braços e colo minhas coxas desnudas na sua. Ao ver minha pele desnuda pela subida do sobretudo ele se surpreende.
— Você ainda está de lingerie.
— Sim. — Sussurro confirmando e dou de ombros entortando a cabeça, mordo os lábios e sorrio inocente, balança a cabeça negativamente sabendo que de pura eu não tinha era nada. Segurando um riso o meu vampiro preferido da cidade liga a máquina, nos jogando em instantes nas pistas da cidade.


Who are you in the dark? (I, I)
Show me the scary parts (I, I)
Who are you when it's 3 AM and you're all alone
And L.A. doesn't feel like home? (I, I, I)
Who are you in the dark?

Quem é você no escuro? (eu, eu)
Me mostre as partes mais assustadoras (eu, eu)
quem é você quando são 3 da manhã e você está sozinho
E Los Angeles não te faz se sentir em casa? (eu, eu)
Quem é você no escuro?


Já me esquecera da última vez em que havia andado de moto, mesmo antes da subjugação da raça humana a economia andava de mal a pior, todos tiveram que vender praticamente até as peças de roupa que usavam no corpo, e mesmo que você insistisse em manter o veículo, como comprar combustível a preço de ouro?
Olho para cima e vejo o céu escuro, essa noite em especial me parecendo muito estrelado, o que era raro por aqui.
Sei que sou eu quem corro embaixo dele, mas a sensação que me passa é de que o aquela imensidão escura é o que se move rápido e constantemente. Sinto a brisa bater contra a minha bochecha, o frio quase cortante, a pele arrepiada, e o cabelo que se prendia na umidade dos meus lábios.
Livre.
Não há nada mais que se possa usar para descrever diferente daquilo.
Estou livre!
Sem amarras, sem obrigações, imposições, contas para pagar, ou minha vida para me preocupar. Estou vivendo aquele momento, nada mais, minha cabeça está ali, não estou dividida entre o agora e o amanhã, não há nada mais no que se pensar.
Uma felicidade preenche meu coração, fecho os olhos e sorrio enquanto solto meus braços do belo motorista e os abro.
Como eu gostaria de saber voar. Iria tão alto tentando tocar o céu, e nunca estaria contente, sempre iria querer mais, porque o céu era a coisa mais linda que víamos da terra, até mesmo que observávamos nela. Sim, certamente tínhamos montanhas, florestas, jardins, neve... No entanto, aparentemente, eu curto mais o inalcançável.
É que ele era tão grande e infinito, abraçava o meu corpo inteiro, me dominava, fazia com que eu sentisse que erámos todos pequenos, vampiro ou humano, não importava, no instante em que eu olhava para cima percebia a insignificância de todos nós.
Pode levar o tempo que for, mas a verdade é que todos vamos partir. Vampiros duram mais é verdade, mas quando não são mortos por alguém com uma bala de prata, morrem de velhice. Raros são os casos, mas eu já ouvi histórias o suficiente para saber que era verdade, de vampiros com mais de mil anos de idade falecendo de causas desconhecidas. A imortalidade é uma ilusão. Até o sol que aquece a terra tem sua data de validade, por mais longa que esta seja. O organismo deles funciona diferente do nosso, é verdade, são extremamente fortes, absurdamente rápidos, além de se curarem mais rápido.
Contudo, se curam, porque pode ser machucados, e aquilo que pode ser ferido, pode morrer.
As árvores mais velhas do mundo um dia irão embora, a grama verde, toda a vida vai acabar em um instante, e provavelmente se renovará, o que também é belo, mas o céu? Esse ainda irá continuar ali.
Ele não está indo a lugar algum. Gosto da confiança que isso me transmite, a paz que me dá.
Volto a cercar com os meus braços e me aconchego no seu corpo sem temor, um tanto irresponsável de minha parte, logo eu que estou constantemente dando passos certos e calculados. É que... Fazia tanto tempo que eu não ficava verdadeiramente feliz com alguma coisa, sem o peso do mundo nas minhas costas, e sim, era loucura. Sim, eu perdi meu último traço de sanidade. No entanto, nada disso mudava o fato de que, ultimamente, era aquele sanguessuga desgraçado que me trazia sorte na vida.
Pode soar estranho, porém por isso eu sempre iria odiá-lo mais do que os outros. Porque ele fazia com que eu traísse a minha família, a mim mesma, e tudo em que eu acreditava.
Não podia, e mesmo assim me pegava querendo agradecê-lo por ter feito com que eu sentisse o conforto de estar em casa em cima da garupa de uma moto no meio de avenidas movimentadas em uma cidade de trevas, iluminadas somente pelas luzes de seus edifícios. Como ele conseguira tal feito seria sempre um mistério.
— Não sabia que gostava tanto assim de andar de moto. — O escutei comentar.
— Você não sabe muitas coisas sobre mim! — Respondi empolgada enquanto ria.
— Gostaria de saber. — Levantei uma das sobrancelhas estranhando sua resposta.
— Duvido muito. — Me limitei a dizer.
— Bem, de qualquer forma, já chegamos. — Disse ao virar a esquina e mais dois metros à frente estacionar, parando em frente a um belo hotel.
Não sabia qual era o diferencial daquilo, porque ele não tinha me dito antes, não importava, de qualquer forma eu iria topar.
Ele me ajudou, segurando na minha cintura ao descer da motocicleta e eu estranhei. Não lembrava dele ter tido aquele gesto comigo antes. Sequer recordava da delicadeza com a qual fora tratada pela última vez.
Os homens ou vampiros que encostavam em mim ultimamente me enxergavam apenas como um pedaço de carne.
Quer saber o que é pior do que ser um humano, comida com pernas, em uma sociedade se sanguessugas? Eu te digo: é ser uma mulher humana nessa mesma sociedade.
Sim, o toque de fazia com que eu me sentisse flutuando, mas também servia de constante lembrança de quem era a culpa da minha carência, quem eram os verdadeiros culpados por esse sentimento insano que tentava me dominar de dependência.
Por somente um dia, só um único dia, eu queria alguém para cuidar de mim.
Era um crime?
Eu gostava de ser mulher, de ser forte, independente, de me sentir poderosa. No entanto, no final de alguns dias, ser mulher não significava ser super-heroína, por mais que, rindo de infelicidade, às vezes o mundo forçasse essas palavras a parecerem sinônimos.
Eu sou humana. Feita de carne, osso, sangue, e adivinhem? Sentimentos. Eu merecia descanso. Digo isso sem falsa modéstia, afirmo com cem por cento de vaidade em relação ao meu próprio valor. Não gostava de andar por aí agindo, ou me achando a bucetuda, fodona para caralho, mas quando se tratava de ter alguém para cuidar de tudo por mim, por um único dia? Eu sabia que merecia.
Uma pessoa que tirasse todo o peso das minhas costas e os carregasse em suas próprias. Não precisava mais do que vinte quatros horas de consolo, abraços e beijos. Um nascer do sol e um pôr seriam o suficiente para que eu reabastecesse minhas energias e pudesse voltar a lutar por mim mesma.
Contudo, não havia quem pudesse fazer aquilo por mim, além disso, o mundo não parava de girar para que eu pudesse sofrer. Ele continuava, e querendo ou não, eu devia seguir junto.
E se eu estivesse fazendo tudo errado? E se nada daquilo valesse a pena? Eu me esforçava tanto, talvez eu chegasse no final e me perguntasse “foi tudo por isso?”
Eu poderia estar por aí, tentando ser feliz da forma que dava. Fazendo amigos, conversando, rindo, bebendo, dançando, cantando, talvez formando uma nova família, minha família.
Eu não tinha a resposta para todos aqueles “e se’s”, ninguém tinha. Não era como se a vida fosse um livro de receitas, ou viesse mapeada. Estávamos todos tentando dar o nosso melhor para sermos felizes, ou termos o que imaginamos que nos fará felizes. Mesmo que o nosso feliz fosse distorcido, cruel, ou bizarro.
Quando eu passava o dia inteiro deitada na cama, querendo desistir de tudo, me sentido apática, vazia, e então eu lia um livro, tentava ver um filme, ou ir até um parque para sentar e pegar um ar fresco? Essa era eu dando o máximo de mim. Mesmo que fosse pouco.
E também quando eu ia para um hotel, com um vampiro misterioso, planejando me transformar em um deles, apenas com um casaco por cima da lingerie e pronta para matar qualquer um que se metesse no meu caminho? Essa também era eu dando o máximo de mim.
— Todos aqui são vampiros? — Perguntei tentando reparar em seus olhos, mas sem realmente conseguir.
— Quase todos.
— Então esse deve ser um hotel muito importante, para pessoas muito importantes. — Insinuei e o observei de canto de olho.
— Espertinha. — Ele sorriu de lado, me fazendo morder os lábios e dar de ombros.
Quem era você hein, ?
Se internet fosse algo de fácil acesso para os da minha espécie, eu poderia pesquisar agora mesmo e em segundos saberia de tudo, mas até isso aqueles bastardos monopolizaram.
Nós dois passávamos direto pelos funcionários e ninguém nos parava para questionar nada. Seguimos até o elevador e o vi apertar o botão da cobertura.
— Wow! — Exclamei. — Quanta ostentação da sua parte. Que metido. — Brinquei. — Levar uma pessoa como eu para a cobertura? Realmente tem necessidade? — Arqueio a sobrancelha. — A não ser que planeje me jogar de lá. Aí realmente tenho que te avisar que estará tendo sérios problemas por conta disso.
— Nah — Negou. — Tenho muitos outros usos melhores para te dar. — Piscou.
O elevador em seguida apita mostrando que já estávamos no andar indicado. Suas portas se abrem dando direto para um quarto extremamente luxuoso, com a lareira a gás já acesa e música ambiente tocando. Parecia o céu. Bem, talvez se não fosse pela presença de dois seres cheios de pecados no cômodo.
— Que belo lugar. — Digo impressionada, meus olhos, provavelmente, brilhando.
Observo sua sombra no chão aproximar-se de mim.
— Não tanto quanto você. — E eu sei que é clichê, porém sorrio de boca fechada. Seus dedos frios tocam meu ombro e jogam o meu cabelo para o outro lado do pescoço, fico tão tensa quanto um gato assustado, mas mesmo assim o deixo exposto, o curvando, achando já saber o que estava prestes a acontecer.
Ele inspira fundo com seu nariz tocando a minha nuca, sentindo meu shampoo, perfume, e tudo além disso. Quando expira meus pelos se ouriçam, fecho os olhos. Quero que ele me morda, por que diabos desejo isso? É insano.
Mordidas não são nada agradáveis, doem, deixam marcas, demonstram minha fraqueza e inutilidade diante deles. Seu braço escorrega até o meu antebraço direito, subindo e descendo pelo tecido do casaco. Minha boca se abre levemente em prazer, não consigo ter reação alguma, só queria permiti-lo se servir de mim ao seu bel prazer.
Ele me puxa para trás pela cintura, encostando minhas costas em seu tórax, e fazendo com que eu sentisse meu corpo aquecer e também um certo volume atrás de mim. Detesto a vontade de chorar de prazer que sinto, a submissão, odeio com todas minhas forças, contudo, ao mesmo tempo, é simplesmente tão bom. Sem dúvidas conflituoso.
Não me contenho e remexo minha bunda, dois podiam jogar desse jogo, mas não o faço só para provocá-lo, e sim porque também necessitava dele, daquilo.
Oh céus. Oh merda. Onde eu estava me metendo?
Suas mãos vagam até os botões que predem o meu casaco, enquanto isso sua boca se distrai ainda naquela mesma curva, beijando minha pele desnuda, fazendo com que eu variasse entre a apreensão, o medo da dor, até o extremo da ansiedade e prazer. Reviro os olhos extasiada a cada toque.
Você sabe que as coisas realmente estão indo bem quando não pensa em mais nada além do ali e agora. Finalmente tenho meu sobretudo desabotoado, ele se afasta um pouco, somente para que estes escorram pelo meu corpo me deixando só de lingerie.
— Prefiro assim. — Comenta sorrindo, eu viro minha cabeça para o lado o olhando de relance e sorrio safada.
dá um tapa na minha bunda, fazendo com que me surpreendesse e saltasse. Não consigo ter outra reação se não a de rir e me virar de frente para ele. Paro apoiada em uma das pernas, com a mão na cintura e o encaro perguntando:
— Então? Como vai ser?
— Que tal do jeito que você preferir?
— Hãn? — Digo, pensando não ter o entendido bem.
— Vem aqui. — Pega na minha mão e me leva em direção à cama.
Ele se senta em sua borda e eu permaneço de pé, parada a sua frente, seu rosto e meus seios ficam quase da mesma altura e ele não consegue evitar em percebê-los, tão pouco eu.
— Eu realmente cheguei em um ponto em que não faço ideia de quais são seus planos para mim, não reclamo! Estou gostando do rumo o qual as coisas estão levando.
— Faça o que quiser comigo, me dê a melhor noite da minha vida, e eu te darei o que quer em troca.
— E o que eu quero, espertinho? — Questiono levantando uma das sobrancelhas e rindo, esperando para escutar algo estúpido, ele não me conhecia, impossível saber o que eu queria.
— O que toda mulher ambiciosa quer: poder. — Deu de ombros, se apoiando com os cotovelos no colchão.
Ele me olha de cima abaixo e então morde os lábios balançando a cabeça negativamente.
— E como você pretende me dar esse poder? — Naquele ponto meu coração começa a bater a mil, ele não poderia ter sido mais certeiro em sua resposta. Sinto o tum tum tum em minha garganta, estômago, todos os cantos do meu corpo, e sei que ele também está ciente daquilo, sei que ele sente o sangue pulsando, correndo mais rápido.
E se for tudo planejado? Se estiver jogando comigo? Quão alta realmente seria minha queda dessa vez?
— Você sabe como. — Sua voz sai tão séria, nunca a tinha escutado assim antes.
Então eu repouso meu joelho na cama e desço sobre ele. Sento com nossos rostos de frente um para o outro me curvando para beijá-lo.


Darling, come on and let me in, darling
All of the strangers are gone, they're gone
I said darling, come on and let me see, darling
I promise that I won't run

Querido, venha e me deixe entrar
Querido, todos os estranhos se foram, eles se foram
Eu disse: Querido, venha e me deixe ver
Querido, eu prometo que não vou fugir


O quente da minha boca encosta na sua fria como gelo. O choque destas fez com que eu visse estrelas. Mal podia acreditar que era a primeira vez que nos beijávamos. A forma como a química corria entre nós fazia parecer mais como a milésima.
Nossas bocas eram treinadas. No início ele tentou se manter submisso a mim, seguir o seu discurso, e deixar-me lhe dar a melhor noite de sua vida, porém, logo de início, presumo que ambos entramos em um acordo silencioso de que era preciso duas pessoas ativas para fazer o chão tremer como nunca antes na terra.
Enquanto nos beijávamos ele corria suas mãos pelas minhas pernas, para cima e para baixo, parando no meu traseiro apertando e massageando, quando assim o fazia eu rebolava em cima dele em resposta e segurava um gemido suave seu entre os meus lábios.
Só tive coragem de separar nossas bocas para achar o primeiro botão de sua camisa, então segui abrindo um por um, sem hesitar, não era hora de se arrepender, ou dar para trás. Nem em meu pior pesadelo eu iria ter vontade de assim o fazê-lo.
Encosto em seu abdômen desnudo com a ponta dos meus dedos e os corro em cada gominho seu, mais uma vez separo nossas bocas para que possa levar meus beijos mais abaixo, e mais, e mais.
Não fazia necessário pronúncias sobre aquilo, era algo universal, queria ter mil mãos e mil bocas, queria que nos fundíssemos, contudo, parecia ainda muito pouco ali.
Bom, certamente parecia ter mil mãos e mil bocas, quiçá mais. Ou eu estava ficando louca, não saberia responder, me sentia altinha, como se tivesse bebido, me drogado, tudo aquilo parecia irreal, bom demais para ser verdade.
Primeiro toco com meus lábios no seu pescoço, ele me aperta mais forte, eu me pergunto se o fato dele se quebrar tanto com uma mordidinhas na curva do seu ombro tinha a ver com algum fato curioso vampiresco desconhecido por mim. Ao descer mais olho para cima e observo sua expressão contorcida, sexy, desesperada por mais, não posso evitar a risada que me vem.
— Se essa já não for a melhor noite da sua vida, então estou curiosa para saber com quem você anda transando, talvez eu possa aprender uma coisa ou duas. — Me pronunciei convencida e em seguida dei de ombros.
— Oh! — Deixou escapar. — Te garanto que é você quem tem a ensinar. — Sorriu de lado da maneira que eu mais gostava.
Odiava vampiros, contudo, vampiros atraentes como eram ainda mais detestáveis.
Continuei a descer meus beijos e ele colocou a mão nos meus cabelos os puxando para si, ou então levantando minha cabeça, querendo mais um beijo, o qual eu fazia questão de dar. Solto o cinto que segura sua calça avidamente abrindo o botão. Somente ali nós dois nos separamos, para que ele possa levantar e abaixá-la.
Eu levanto junto, pronta para ajudá-lo a tirar outra peça irritante, sua cueca. Assim que os jeans deixam o seu corpo me agacho e subo até parar com os dedos dos lados da sua boxer, os infiltro e desço lentamente, aproveitando cada segundo.
segura meu cabelo e eu olho para cima, sei o que ele quer. Beijo a ponta de seu membro, e passo minha língua levemente por ali, sem nunca quebrar o contato visual. Com a minha mão contorno o movimento de cima, para baixo, não demoro muito até aprofundar minha boca em quase todo o seu cumprimento.
Ele segura o meu cabelo para afastá-lo, perdurando o contato visual que tínhamos e ditando um ritmo conjunto, e eu gosto.
— Oh, merda, querida. — Ele diz e então se afasta, me puxando para cima mais forte que o normal.
Dou dois passos para trás, mas este vem caminhando ferozmente até mim, levando nossos corpos em direção à parede, também mais rápido que o normal. É assim que sei que ele está perdendo o controle, e tenho delírios quanto a isso. Colocando-me contra esta eu levo minha mão ao seu ombro o apertando e soltando um gemido baixinho perto da sua orelha.
Sua face desce até os meus seios os beijando e mordiscando, então trabalha agilmente em minhas costas para soltar o fecho do sutiã que ali ainda permanecia. Eu seguro seu rosto entre eles, me esfrego contra o seu corpo quando sinto rodear minha auréola. O rodei com uma das pernas em sua cintura e o puxo para mim.
E ali mesmo começamos da primeira vez, logo depois de arrancar minha calcinha. Nossas respirações ficam suspensas por alguns segundos, até que este se afunda dentro de mim. Quando isso ocorre, não penso nem vejo mais nada. Você sabe que as coisas estão indo bem quando fica tão inebriado ao ponto de isolar-se do resto do mundo. Nada mais existe. O hotel inteiro poderia pegar fogo, e eu nem perceberia.
Eu te odeio. — Sussurro, e então, pego em seu queixo, levantando seu rosto para mais um beijo.
Odiava a mim também, por que tínhamos que ter tanta conexão e fazer sexo tão bem um com o outro? Eu já havia praticado tal ato vezes o suficiente para saber o quão irritante era quando o pior ser do mundo, é o que mais se encaixa em você.
Veja bem, às vezes uma pessoa beija muito bem, mas então vocês se beijam e... Nada. Sem fogos de artifício, sem o corpo pegando fogo. E isso não tem nada a ver com esta beijar bem ou mal, vocês simplesmente não servem um ao outro.
É como pôr o vestido mais lindo do mundo, porém este ser pequeno, ou grande, demais para você. Certamente vai fazer outra pessoa delirar quando esta o provar e couber perfeitamente, contudo, você passa para frente sem problemas.
Muitos caras com quem já saí eram assim, no entanto, aquele maldito vampiro era o meu número certo.
Terminamos na cama. Com meus cabelos espalhados pelo travesseiro, respirando cansada. Ele me observando de lado. Eu olhava para o teto, com sono, mas completamente alerta ao ambiente que me cercava.
— Tão bela como a primeira rainha, Lilith. — Sussurrou.
— Não faço ideia de quem seja, mas vou tentar aceitar como um elogio. — Pausei, também contornando na cama e ficando de lado para observá-lo. — Então, teve a melhor noite da sua vida? — Questionei ansiosa, o vi rir desgostoso, e não entendi o porquê.
— Então, direto aos negócios. — Suspirou em seguida, se levantou caminhando até o frigobar o que me deu uma bela visão da sua bunda e costas, o vi servindo-se de sangue e revirei os olhos com nojo.
Logo este voltou caminhando com a taça na mão. Sentou-se ao meu lado, e eu fiquei esperando por sua resposta, o que ia me dizer.
— Beba! — Ordenou.
— O quê? — Neguei. — Não.
— Não é sangue humano, é o meu sangue. — Pausou. — Você deve bebê-lo se quer se transformar. Também não é a última coisa que você deve fazer, é necessário mais do que isso, mas é o primeiro passo.
Estendo minha mão segurando a taça, em dúvida, mal acreditando no que estava prestes a ocorrer. Era agora que minha vida mudava.
— O que mais eu tenho que fazer?
— Bem, depois disso você deve... Ser mordida por mim, e... Morrer. — Arregalo os olhos, não sei se estou pronta.
Se eu topasse, seria aquilo, a morte, sem volta a vida humana, uma deles, para quase o sempre.
— Mais o quê? — Questiono.
— Você também deve beber sangue, só que dessa vez humano. — Explica dando de ombros, seu olhar parece ter pesar, e eu não entendo, pois já me lembro novamente o monstro que ele era, como todos os outros, sem exceção. — Não basta uma bolsa de sangue, ou algo parecido, se você quer mesmo se transformar, então vai ter que matar um da sua própria espécie. — Sinto um baque e fico dividida. Todos já haviam matado alguém para serem quem são.
Minha família precisava de mim, mas a que custo? O quão longe eu realmente iria para salvá-los?
— E isso é tudo? Uma única pessoa basta?
— Para se transformar? Sim. — Confirma. — Porém existem mais alguns fatos curiosos os quais talvez você queira tomar ciência sobre. — Deu de ombros.
— Tipo... — Meu coração bate forte enquanto continuo a escarar a taça, me ajeito na cama, suspiro, cogito todas as alternativas que me vem à mente.
— Você bebe isso e estará conectada a mim para o resto da sua vida, ou não vida, vampiresca. Eu morro, você também. Eu sinto dor, você também. Quando eu digo conectados, realmente significa isso. Tudo bem se você quiser desistir, garanto que sairá daqui tão bem quanto entrou.
Encaro mais uma vez a bebida a minha frente, durante mais segundos.
Ele estava errado, não importava a minha decisão final, eu nunca iria sair daqui tão bem quanto entrei, mas se eu seguisse por esse caminho, se me transformasse, podia achar minha família, e tornar as coisas ainda melhor do que como estavam antes que eu entrasse aqui. Vejo um vislumbre de sua mão se estendendo para tocar na minha. Fico com medo de que ele vá tirar aquela oportunidade de mim, tenho que pensar rápido.
Então...
Eu o faço. Viro o copo de bebida inteiro, e depois, ainda passo o dedo por uma gotinha que escorre pelo meu queixo, chupando-a em seguida.
Estava pronta.




Fim.



Nota da autora: Tudo bem pessoas lindas?! Adorei pegar essa música da Camila, é a minha favorita do álbum, gosto demais. Peço que deixem suas opiniões e críticas construtivas nos comentários, por favor. Irei adorar ver a interpretação de cada uma.
Muitos beijos e abraços a todas!
P.s: estou pensando em fazer uma continuação, o que acham? haha.




Outras fics:
04. Oops – É sobre melhores amigos que tem uma noite casual de sexo depois de a principal ter um dia de merda no trabalho e então se veem sem saber como lidar direito com isso.
05. Hair – Uma mulher que supera a saída de um relacionamento abusivo e traumas do passado em relação aos seus pais, com ajuda de familiares e amigos ela refaz sua vida, revê todas as suas certezas e dúvidas, recomeçando.
02. Hold Up – Sobre um relacionamento aberto entre dois colegas de trabalho, muito divertido, e indo de vento em poupa, até que chega o dia em que isto começa a incomodar um dos dois, fazendo a monogamia lhe parecer um tanto quanto interessante.
07. Playboy – Os principais são vizinhos e aos poucos começam a criar uma amizade não convencional, tudo é muito misterioso e confuso, até que um dia...
Proteja-me do que quero – Um triângulo amoroso unido pela morte de uma pessoa amada e os mistérios que cercam tal, e também uma amizade de infância que guarda seus segredos.




Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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