Capítulo Único
Bati o copo no balcão e pedi mais uma dose. O cara tatuado do outro lado riu e encheu mais um copo com a bebida amarga.
- Dia difícil?
Balancei a cabeça em concordância e virei a quarta ou quinta dose. Nada como um porre para esquecer momentaneamente o que eu tinha causado ou o que ela tinha causado, tanto faz. Só que eu ia precisar beber bem mais do que isso para esquecer.
- É, meu amigo, pode parecer que tudo está dando errado, mas vá por mim: tudo pode piorar.
O homem se afastou para servir outro bêbado enquanto eu ria fraco. Minha situação já era ruim o suficiente, o que nada me surpreende já que sou um completo canalha. Um completo covarde.
Meu celular vibrou com uma mensagem da minha mãe, preocupada com o meu sumiço. E ela é obviamente a única que iria me procurar depois de tudo. Ela e possivelmente meu melhor amigo, o que novamente, não me surpreende.
- !
Levantei minha cabeça e dei de cara com John completamente suado. Ele se sentou ao meu lado e chamou o bartender. Após beber metade do copo de chop, ele se virou para mim.
- Ok, eu já sei o que você vai me dizer: que não é da minha conta e que agora já é tarde demais. Só que você ainda é meu melhor amigo, dude. Você vai conseguir sair dessa, mesmo que seja aparentemente impossível. Liga para ela, conta a verdade. Eu sei tanto quanto você que esse relacionamento não estava funcionando, o quanto vocês dois são tão diferentes! Só que o ponto não é esse, já que se isso importasse tanto, vocês não estariam juntos a mais de 5 anos!
- John, não tem nada que eu possa fazer ou dizer para...
- Cala a boca e me escuta! Vocês mudaram, era isso que você queria que eu dissesse? Assim como você, ela não está passando por um momento fácil, era meio que óbvio que seria mil vezes mais desafiante manter o relacionamento como era antes. Mas vocês se amam, se amam muito, mesmo depois dos problemas. E tem outra coisa, você foi um completa de um babaca quando dormiu com aquela mulher. Se você não tivesse feito isso, seria mil vezes mais fácil de recuperar o que você tinha antes. Parece que você não pensou em nada, nem na Megan e nem na criança. Você vai ser pai, . Tinha que ter se importado pelo menos com isso! Mas se no fundo do seu coração, você acha que pode ter pelo menos a chance de se desculpar com ela e tornar a separação um pouco mais fácil, faça o que for possível.
Respirei fundo e assenti para John, assimilando cada palavra que ele tinha pronunciado. Tudo que tínhamos estava acabado, mas Jane merecia um pedido de desculpas. Só que eu não estava pronto. Não conseguiria encarar minha, muito provavelmente, ex-noiva agora. Muitas mudanças, muito pouco tempo para assimilar tudo o que tinha mudado. A única coisa era que eu não queria era me precipitar e dizer coisas erradas. Eu precisava de tempo para pensar no que fazer.
- Obrigado, dude. Mas eu preciso de tempo. Eu preciso esfriar minha cabeça e você sabe como.
☁
Fazia quase dois meses que eu não voava. Tudo começou a mudar nesse espaço de tempo. Meu único desejo era poder voltar no tempo e impedir que tudo desse errado.
Tentei proteger meus olhos com a mão, mesmo usando meu óculos modelo aviador. A claridade refletia na lataria de Janet, possivelmente o amor da minha vida, e quase me deixava cego.
- Dude, você vai entrar ou ficar só olhando? Relaxa que eu cuidei da Janet como se fosse minha sobrinha. A revisão foi feita a uns 10 dias, mais ou menos.
Sorri para John e o agradeci com um meio abraço.
- Você não sabe o tanto de saudades que eu estava de voar. Era como se faltasse uma parte de mim. Eu não deveria ter parado, esse é um dos meus maiores arrependimentos.
- Eu sei,. Agora vai lá, mata a saudade. - John sorriu para mim e apontou para o jato.
Corri até a entrada e passei a mão na lataria. Meu sonho desde garoto nunca morreria, nunca. Entrei no jato e arrumei o equipamento. John me ajudou a fechar a porta.
Respirei fundo algumas vezes até começar a ligar Janet. A coisa que eu mais amava no mundo era voar, sem dúvida. A sensação de estar a milhares de pés era simplesmente única. Ver as nuvens tão de perto era meu sonho desde que era um moleque. Olhei rapidamente para o meu braço direito onde estava a minha tatuagem favorita, o avião e a nuvem. Sorri levemente ao lembrar da minha infância.
- Papai, papai, olha!
Apontei para o avião deixando seu rastro de fumaça no céu. Meu pai me segurou em seu colo, tentando me fazer chegar mais perto.
- Quer ser piloto quando crescer? Deve ser linda a vista lá de cima, ver tudo como se fosse um pássaro. Passar a mão pelas nuvens e desenhar com a fumaça.
Olhando para as nuvens tão distantes, senti a vontade de voar como um pássaro e experimentar de tamanha liberdade. Foi nesse momento que decidi que queria criar as minhas próprias nuvens, ser o dono delas. O rei das nuvens.
Continuei a sorrir e lembrar de tudo que tinha feito para conseguir conquistar meu sonho de voar. O esforço que tinha feito durante anos e que tinha sido deixado de lado alguns meses atrás. Foi ai que lembrei a merda que tinha feito. Apertei um pouco mais forte o volante, tentando achar uma solução mágica para tudo que tinha acontecido. Ri da minha própria desgraça, que eu mesmo tinha tido o prazer de criar.
Escutei um barulho estranho logo depois. Talvez tivesse sido no motor ou apenas algo tivesse batido no jato. Não houve muito tempo para pensar nas possibilidades, quando percebi que o problema era sério, tentei rapidamente acionar a saída de emergência. Eu estava caindo. Caindo.
- Merda, merda, merda! Onde está essa porra?
O fato é que eu não consegui achar tão rápido quanto eu queria. Quando eu finalmente consegui acionar, já era tarde demais. Tudo que eu passei a ouvir foi um zunido e sentir muito calor.
☁
Sede. Eu sentia muita sede. Tentei abrir meus olhos, mas não consegui por conta da claridade. Senti uma dor agonizante ao tentar estender o braço para esconder meus olhos do sol.
- Bom dia, garoto.
Abri levemente meus olhos e percebi a sombra de alguém bem perto de mim. Onde diabos eu estava?
- Eu te ajudo, só um instante.
A sombra se afastou e voltou em instantes, logo depois tentando me puxar para me sentar. Tudo doía. Absolutamente tudo.
- Vamos logo que eu não tenho todo o tempo do mundo. Você já ficou deitado por mais de um dia desde que eu te achei aqui. Sabe-se lá quantos dias você está jogado nesse campo. Vamos logo, aqui não é seguro.
Senti ele me cutucar com a ponta da bota e eu gemi em reprovação. Ele tentou me ajudar a levantar novamente e depois me estendeu um cantil com água. Levei até a minha boca o mais rápido que pude, mas me arrependi logo em seguida. Era vodca.
A bebida me acordou e logo depois tentei focar minha visão ao meu redor. Era um campo aberto, com árvores ao redor. Formada um círculo delas ao redor do espaço. Foi então que lembrei tudo o que tinha acontecido anteriormente.
Janet. Queda. Paraquedas. Explosão.
- Onde está meu jato?
Me virei para o homem que tinha me ajudado e foquei em sua imagem pela primeira vez. A barba enorme e as roupas esquisitas me fizeram franzir o cenho. Ao seu lado havia restos de uma fogueira e uma bolsa.
- Jato?
O cara me olhou estranho, como se não soubesse o que era o que eu acabado de falar.
- Eu preciso de um telefone, você pode me emprestar? Acho que perdi o meu com a queda, preciso ligar para um amigo.
O cara riu e se levantou, pegando sua bolsa.
- Você deve ter batido a cabeça bem forte, não entendo nada do que você diz. Como já fiz minha parte, preciso seguir minha jornada até o próximo vilarejo.
- O quê? Estou falando sério. Eu preciso ligar para o John. Meu jato caiu, eu não consegui abrir o paraquedas a tempo. Depois senti um calor enorme, o que obviamente só pode ter sido uma explosão. Qual é a possibilidade de sobreviver a uma queda há mais de mil pés de altura? Eu só posso ter morrido, diabos!
Tentei me levantar rapidamente, o que foi uma ideia estúpida, pois mal conseguia me manter sentado e por isso quase caí. Mirei novamente para o homem ao meu lado, que me olhava com o cenho fechado.
- Quem é você?
- Quem sou eu? Sou um piloto! O que você quer saber? Meu jato caiu, não sei onde estou, você está usando roupas esquisitas, não tem nenhum sinal dos destroços da Janet por aqui. Eu estava sobrevoando o campo de treinamento, quando do nada houve uma pane ou algo do tipo e eu caí. Dá para você parar de me olhar esquisito? Eu só posso ter morrido! Eu morri?
O cara, que aparentemente estava petrificado com a minha comovente história de morte, continuou me olhando com sua feição séria. Ri e voltei a olhar por volta, procurando com o olhar algum pertence meu ou apenas um pedaço da Janet para confirmar a minha hipótese. Foi então que senti algo se chocando com a minha cabeça e apaguei pela segunda vez.
☁
Arrumei meu vestido vermelho enquanto me olhava no espelho. Era um presente vindo de longe, de um dos líderes do exército britânico que apreciou meus serviços. Não era como se fosse errar na previsão, minha memória era esplêndida.
Parei de analisar a beleza do vestido de seda e fui até a sacada da casa. Aquilo era um sonho. Pessoas trabalhando, comprando e trocando mercadorias, tentando sustentar suas famílias com o que podiam. Lá era perigoso, sim, mas parecia um conto de fadas. Era meu sonho desde que era uma criança.
Continuei a observar os passos de cada uma das pessoas que via na vila, suas maneiras de se comportar, gestos, sorrisos, brigas. Absolutamente tudo. Sempre disseram que na prática tudo era diferente, e de fato era. Estudar uma determinada época em livros era milhões de vezes diferente de presenciar tudo aquilo. Poder ver como era, sentir os diferentes aromas, vestir suas roupas, provar suas comidas. Presenciar.
Desde que havia chegado aqui percebi o quanto tinha sido importante ser uma boa aluna e principalmente ter nascido com uma memória fotográfica. Conseguir guardar mais fatos e acontecimentos havia sido extremamente útil. Saber como cada parte da sociedade se comportava e como adentrar cada meio social. Não queria participar da alta sociedade de forma alguma, odiava aquela gente. Mas se não fosse por eles, teria sido morta no mesmo instante que pisei nessas terras. Poderia ter feito milhões de cursos de sobrevivência, mas nenhum deles seria tão efetivo quando saber o futuro. Literalmente.
- Senhorita ?
Desfoquei minha atenção da rua e das pessoas que por lá passavam e me virei para meu quarto, procurando por Lucy, minha assistente.
- Sim, Lucy?
- A senhorita se lembra de Murtagh? Ele está lá embaixo, disse que é importante.
- Sim, claro! Obrigada, Lucy! - Sorri gentilmente.
Passei por ela e desci as escadas de madeira, encontrando Murtagh ao lado da porta de entrada. Sorri para ele e abracei-o por alguns instantes.
- Estava demorando para me visitar, fiquei preocupada!- O segurei pelos braços e conferi se havia feridas evidentes.
Murtagh já tinha uma idade avançada para a época. Sua barba grisalha evidenciava os anos já vividos. De ascendência escocesa, o sotaque encantava todas as mulheres americanas e de outras nacionalidades também. O conheci tempos depois de chegar, ele me ajudou a me estabelecer e não ser presa por bruxaria. Ele não aprovava minha suposta amizade e confiança com os membros da alta sociedade, e se eu fosse ele, também não o faria.
- Estou bem, minha querida. Tenho novidades, acho que vai gostar desta vez - Sorriu travesso.
Sorri de volta e o convidei para almoçar, a fim de fazê-lo me contar tudo sobre suas aventuras. Almoçamos juntos e não pude conter minhas risadas com todos os acontecimentos dos últimos meses. Murtagh e Lucy poderiam ser chamados de verdadeiros amigos, mesmo depois de tempos afastados. Isso não mudaria nunca.
Depois de almoçar, fomos para o meu escritório. Estranhei as feições sérias que se passaram no rosto de meu amigo, e o convidei para sentar-se e me contar o motivo de ter aparecido depois de tanto tempo.
- Tem algo que preciso te contar. Estava em um bar aqui perto quando ouvi a conversa de dois homens sobre um tal de, o que teimam de chamar, anjo caído. Segundo um dos homens, esse garoto apareceu desacordado no meio da floresta dizendo que havia caído do céu e que só podia ter morrido. Você acha que é o mesmo que estou pensando?
Encarei Murtagh com os olhos cerrados e depois desviei o olhar para a minha estante de livros. Só havia uma forma de descobrir se era ou não.
- Traga-o para mim.
☁
Se minhas contas estavam certas, fazia exatos 12 dias em que havia eu passado pela máquina do tempo. Ou morrido. Sabe-se lá o que tinha acontecido. Aquilo só poderia ser um sonho muito estranho que estava durando mais do que o necessário.
O cara barbado tinha me batido na cabeça depois do meu surto, o qual era totalmente esperado, em minha opinião. Depois disso ele me prendeu e arrastou até um vilarejo que parecia um cenário de filme.
Nunca tinha sido muito bom nas aulas de história, John estava de prova, mas só poderia ter voltado para pelo menos uns 200 anos atrás. O barbado, que dias depois fui descobrir que se chamava Joe, me levou para uma casa estranha e me prendeu lá.
Exatamente uma semana atrás tinha planejado fugir, mas não deu certo. O barbado tinha uns amigos bem grandes que quase me apagaram pela terceira vez.
Uma mulher sempre vinha me trazer comida e água. Talvez ela fosse irmã dele. Mas o fato era que ela tinha muito medo de mim, sempre que tentava estabelecer uma conversa, ela sempre saia quase correndo do lugar. Já tinha escutado os amigos do barbado me chamarem de anjo caído. Eles pareceram bem horrorizados com as minhas tatuagens. Alguém poderia avisá-los que é bem comum tatuar coisas no século XXI?
Escutei um barulho estranho vindo do lado de fora. Parecia que alguém estava tentando entrar e segundos depois pude comprovar que sim, alguém tinha arrombado a janela. Um homem passou por ela, com as tradicionais roupas, que na minha opinião parecia de piratas, e me encarou por alguns segundos.
- Eu sou o Murtagh, mas pode me chamar de herói - O homem que parecia um pouco mais velho riu e veio em minha direção.
- Meu nome é , pode me ajudar a sair daqui?
☁
- Senhorita ? Eles estão aqui. Estão no seu escritório.
- Obrigada, Lucy, já estou descendo - Me encarei pela última vez no espelho e me preparei para descer as escadas. Arrumei minha corrente e desci.
Entrei na sala e vi Murtagh apoiado na minha estante e um homem sentado de costas.
- Murtagh, o que temos aqui?- Ambos se viraram para mim no instante que pronunciei as primeiras sílabas.
- , esse é . Acho que vocês têm muito a conversar. Vou pedir para a Lucy preparar algo para o jantar - Assenti e me sentei de frente para o homem, enquanto o observava. Murtagh estava certo mais uma vez
- Ele disse que você pode me ajudar, mas não vejo como e nem o porquê - disse, enquanto olhava diretamente para mim.
Sorri para ele, enquanto olhava suas vestes padrão América século XXI: calça jeans, camiseta branca e jaqueta de couro. Elas estavam levemente sujas, precisaria providenciar roupas que se adequassem melhor ao presente, ou devo dizer, ao passado.
- Como veio parar aqui, ? Me conte sua história.
- Meu jato caiu. E você não deve saber o que é um jato, mas resumindo é uma nave que voa e leva pessoas, eu estava em uma delas quando...
- Qual é a sua banda favorita, ou cantor, tanto faz? - Perguntei sorrindo. Ele me olhou confuso.
- Uma banda britânica chamada Queen, que provavelmente ainda não está nem perto de nascer - gesticulava muito, parecia nervoso e ansioso.
- Is this just real live? Ist his just fantasy?- Arrisquei o início de Bohemian Rhapsody e a expressão de surpresa no rosto dele foi sensacional.
- Meu Deus, você também é do futuro? Como veio parar aqui? Temos que descobrir como voltar, se viemos deve ter alguma forma de voltar! - Nesse ponto o homem já havia se levantado e andava de um lado para o outro da sala.
- Você precisa se acalmar! Só espere um momento, vou pedir um copo de água. Temos muito o que conversar, muito.
☁
Encarei durante algum tempo, até desviar o olhar para a janela e perceber que já havia escurecido.
- Há quanto tempo você está aqui, então? Me conte a sua história, já que expliquei tudo o que se passa na minha - Perguntou, com o olhar perdido.
- Nove anos. O tempo passa rápido, parece que foi ontem mesmo que vim parar aqui – Suspirei. - Eu nasci em 1987, me graduei em história. Sempre foi um sonho para mim viver em épocas diferentes, vivenciar os momentos que estudei tanto. Depois que vim parar aqui, aos poucos consegui contatos com pessoas importantes e fui mostrando o que eu sabia. Quase fui presa por bruxaria pelo menos três vezes. Foi então que o Lorde John, que vive algumas cidades daqui, ficou sabendo do meu suposto poder de saber o futuro. A partir disso que consegui viver em paz. O governo me protege e de tempos em tempos me consultam para tomar algumas decisões políticas importantes.
- Como você conseguiu se acostumar com isso tudo, digo, isso aqui é insano! Você não tem vontade de descobrir como voltar? - Indagou.
- Eu sei como voltar, . Mas escolhi ficar - Estiquei meus braços e apertei a sua mão. - Posso te ajudar com isso, caso seja seu desejo.
me olhou com um sorriso e apertou minhas mãos de volta, como uma silenciosa confirmação.
- Só vem para cá quem está passando por problemas e questionamentos. Não faço ideia de qual é o critério para nos mandarem para cá, afinal, todos temos problemas. Eu não sei quais são os seus, mas se você estiver preparado para resolvê-los, é possível sim voltar. Durante esses anos, você é o quarto que conheci. Espero poder te ajudar, mas eu preciso saber se você está realmente pronto.
hesitou por alguns instantes e depois de suspirar, me encarou.
- Vou ser pai, descobri recentemente. Eu estava noivo de uma mulher excepcional, mas as coisas começaram a dar errado. Jane e eu passamos a brigar constantemente. Ela é médica, cuidar das pessoas sempre foi sua paixão. Mas com a gravidez decidimos que era melhor diminuir o ritmo, tanto ela quanto eu. Além do meu trabalho, sempre fui apaixonado por voar. Mas ela sempre teve medo que algo acontecesse com o Janet e que eu caísse. Então eu parei. Foi aí que tudo mudou, as brigas aumentaram e eu a traí. Depois ela me traiu - Brendou riu seco. - Eu fui um completo babaca em traí-la. Mas isso tudo não muda o fato de que eu vou ter um filho.
Mantive-me quieta enquanto ele falava, processando as informações.
- Eu não tinha mais nada quando vim parar aqui, . Foi por isso que eu não voltei, eu não tinha ninguém para voltar. Eu estava sozinha e desempregada, tanto lá como aqui. Por isso fiquei. Acho que esse é o meu destino, sabe? E eu sou feliz aqui, de verdade. Mas, , você tem para quem voltar. Não importa se você vai voltar ou não com sua noiva, você ainda vai ser pai.
- Sim, eu vou - olhou diretamente para mim e segurou minha mão. - Acho que eu estou pronto, . Como faço para voltar?
- É só voltar ao lugar que você estava quando chegou. Se você estiver realmente pronto, retornará ao seu tempo - Segurei suas mãos fortemente, tentando passar pelo menos um pouco de esperança.
☁
Sede. Eu sentia muita sede. Tentei abrir meus olhos, mas não consegui por conta da claridade. Senti uma dor agonizante ao tentar estender o braço para esconder meus olhos do sol, ou melhor, da lâmpada. Não pude conter meu sorriso logo em seguida.
- Dia difícil?
Balancei a cabeça em concordância e virei a quarta ou quinta dose. Nada como um porre para esquecer momentaneamente o que eu tinha causado ou o que ela tinha causado, tanto faz. Só que eu ia precisar beber bem mais do que isso para esquecer.
- É, meu amigo, pode parecer que tudo está dando errado, mas vá por mim: tudo pode piorar.
O homem se afastou para servir outro bêbado enquanto eu ria fraco. Minha situação já era ruim o suficiente, o que nada me surpreende já que sou um completo canalha. Um completo covarde.
Meu celular vibrou com uma mensagem da minha mãe, preocupada com o meu sumiço. E ela é obviamente a única que iria me procurar depois de tudo. Ela e possivelmente meu melhor amigo, o que novamente, não me surpreende.
- !
Levantei minha cabeça e dei de cara com John completamente suado. Ele se sentou ao meu lado e chamou o bartender. Após beber metade do copo de chop, ele se virou para mim.
- Ok, eu já sei o que você vai me dizer: que não é da minha conta e que agora já é tarde demais. Só que você ainda é meu melhor amigo, dude. Você vai conseguir sair dessa, mesmo que seja aparentemente impossível. Liga para ela, conta a verdade. Eu sei tanto quanto você que esse relacionamento não estava funcionando, o quanto vocês dois são tão diferentes! Só que o ponto não é esse, já que se isso importasse tanto, vocês não estariam juntos a mais de 5 anos!
- John, não tem nada que eu possa fazer ou dizer para...
- Cala a boca e me escuta! Vocês mudaram, era isso que você queria que eu dissesse? Assim como você, ela não está passando por um momento fácil, era meio que óbvio que seria mil vezes mais desafiante manter o relacionamento como era antes. Mas vocês se amam, se amam muito, mesmo depois dos problemas. E tem outra coisa, você foi um completa de um babaca quando dormiu com aquela mulher. Se você não tivesse feito isso, seria mil vezes mais fácil de recuperar o que você tinha antes. Parece que você não pensou em nada, nem na Megan e nem na criança. Você vai ser pai, . Tinha que ter se importado pelo menos com isso! Mas se no fundo do seu coração, você acha que pode ter pelo menos a chance de se desculpar com ela e tornar a separação um pouco mais fácil, faça o que for possível.
Respirei fundo e assenti para John, assimilando cada palavra que ele tinha pronunciado. Tudo que tínhamos estava acabado, mas Jane merecia um pedido de desculpas. Só que eu não estava pronto. Não conseguiria encarar minha, muito provavelmente, ex-noiva agora. Muitas mudanças, muito pouco tempo para assimilar tudo o que tinha mudado. A única coisa era que eu não queria era me precipitar e dizer coisas erradas. Eu precisava de tempo para pensar no que fazer.
- Obrigado, dude. Mas eu preciso de tempo. Eu preciso esfriar minha cabeça e você sabe como.
Tentei proteger meus olhos com a mão, mesmo usando meu óculos modelo aviador. A claridade refletia na lataria de Janet, possivelmente o amor da minha vida, e quase me deixava cego.
- Dude, você vai entrar ou ficar só olhando? Relaxa que eu cuidei da Janet como se fosse minha sobrinha. A revisão foi feita a uns 10 dias, mais ou menos.
Sorri para John e o agradeci com um meio abraço.
- Você não sabe o tanto de saudades que eu estava de voar. Era como se faltasse uma parte de mim. Eu não deveria ter parado, esse é um dos meus maiores arrependimentos.
- Eu sei,. Agora vai lá, mata a saudade. - John sorriu para mim e apontou para o jato.
Corri até a entrada e passei a mão na lataria. Meu sonho desde garoto nunca morreria, nunca. Entrei no jato e arrumei o equipamento. John me ajudou a fechar a porta.
Respirei fundo algumas vezes até começar a ligar Janet. A coisa que eu mais amava no mundo era voar, sem dúvida. A sensação de estar a milhares de pés era simplesmente única. Ver as nuvens tão de perto era meu sonho desde que era um moleque. Olhei rapidamente para o meu braço direito onde estava a minha tatuagem favorita, o avião e a nuvem. Sorri levemente ao lembrar da minha infância.
- Papai, papai, olha!
Apontei para o avião deixando seu rastro de fumaça no céu. Meu pai me segurou em seu colo, tentando me fazer chegar mais perto.
- Quer ser piloto quando crescer? Deve ser linda a vista lá de cima, ver tudo como se fosse um pássaro. Passar a mão pelas nuvens e desenhar com a fumaça.
Olhando para as nuvens tão distantes, senti a vontade de voar como um pássaro e experimentar de tamanha liberdade. Foi nesse momento que decidi que queria criar as minhas próprias nuvens, ser o dono delas. O rei das nuvens.
Continuei a sorrir e lembrar de tudo que tinha feito para conseguir conquistar meu sonho de voar. O esforço que tinha feito durante anos e que tinha sido deixado de lado alguns meses atrás. Foi ai que lembrei a merda que tinha feito. Apertei um pouco mais forte o volante, tentando achar uma solução mágica para tudo que tinha acontecido. Ri da minha própria desgraça, que eu mesmo tinha tido o prazer de criar.
Escutei um barulho estranho logo depois. Talvez tivesse sido no motor ou apenas algo tivesse batido no jato. Não houve muito tempo para pensar nas possibilidades, quando percebi que o problema era sério, tentei rapidamente acionar a saída de emergência. Eu estava caindo. Caindo.
- Merda, merda, merda! Onde está essa porra?
O fato é que eu não consegui achar tão rápido quanto eu queria. Quando eu finalmente consegui acionar, já era tarde demais. Tudo que eu passei a ouvir foi um zunido e sentir muito calor.
- Bom dia, garoto.
Abri levemente meus olhos e percebi a sombra de alguém bem perto de mim. Onde diabos eu estava?
- Eu te ajudo, só um instante.
A sombra se afastou e voltou em instantes, logo depois tentando me puxar para me sentar. Tudo doía. Absolutamente tudo.
- Vamos logo que eu não tenho todo o tempo do mundo. Você já ficou deitado por mais de um dia desde que eu te achei aqui. Sabe-se lá quantos dias você está jogado nesse campo. Vamos logo, aqui não é seguro.
Senti ele me cutucar com a ponta da bota e eu gemi em reprovação. Ele tentou me ajudar a levantar novamente e depois me estendeu um cantil com água. Levei até a minha boca o mais rápido que pude, mas me arrependi logo em seguida. Era vodca.
A bebida me acordou e logo depois tentei focar minha visão ao meu redor. Era um campo aberto, com árvores ao redor. Formada um círculo delas ao redor do espaço. Foi então que lembrei tudo o que tinha acontecido anteriormente.
Janet. Queda. Paraquedas. Explosão.
- Onde está meu jato?
Me virei para o homem que tinha me ajudado e foquei em sua imagem pela primeira vez. A barba enorme e as roupas esquisitas me fizeram franzir o cenho. Ao seu lado havia restos de uma fogueira e uma bolsa.
- Jato?
O cara me olhou estranho, como se não soubesse o que era o que eu acabado de falar.
- Eu preciso de um telefone, você pode me emprestar? Acho que perdi o meu com a queda, preciso ligar para um amigo.
O cara riu e se levantou, pegando sua bolsa.
- Você deve ter batido a cabeça bem forte, não entendo nada do que você diz. Como já fiz minha parte, preciso seguir minha jornada até o próximo vilarejo.
- O quê? Estou falando sério. Eu preciso ligar para o John. Meu jato caiu, eu não consegui abrir o paraquedas a tempo. Depois senti um calor enorme, o que obviamente só pode ter sido uma explosão. Qual é a possibilidade de sobreviver a uma queda há mais de mil pés de altura? Eu só posso ter morrido, diabos!
Tentei me levantar rapidamente, o que foi uma ideia estúpida, pois mal conseguia me manter sentado e por isso quase caí. Mirei novamente para o homem ao meu lado, que me olhava com o cenho fechado.
- Quem é você?
- Quem sou eu? Sou um piloto! O que você quer saber? Meu jato caiu, não sei onde estou, você está usando roupas esquisitas, não tem nenhum sinal dos destroços da Janet por aqui. Eu estava sobrevoando o campo de treinamento, quando do nada houve uma pane ou algo do tipo e eu caí. Dá para você parar de me olhar esquisito? Eu só posso ter morrido! Eu morri?
O cara, que aparentemente estava petrificado com a minha comovente história de morte, continuou me olhando com sua feição séria. Ri e voltei a olhar por volta, procurando com o olhar algum pertence meu ou apenas um pedaço da Janet para confirmar a minha hipótese. Foi então que senti algo se chocando com a minha cabeça e apaguei pela segunda vez.
Parei de analisar a beleza do vestido de seda e fui até a sacada da casa. Aquilo era um sonho. Pessoas trabalhando, comprando e trocando mercadorias, tentando sustentar suas famílias com o que podiam. Lá era perigoso, sim, mas parecia um conto de fadas. Era meu sonho desde que era uma criança.
Continuei a observar os passos de cada uma das pessoas que via na vila, suas maneiras de se comportar, gestos, sorrisos, brigas. Absolutamente tudo. Sempre disseram que na prática tudo era diferente, e de fato era. Estudar uma determinada época em livros era milhões de vezes diferente de presenciar tudo aquilo. Poder ver como era, sentir os diferentes aromas, vestir suas roupas, provar suas comidas. Presenciar.
Desde que havia chegado aqui percebi o quanto tinha sido importante ser uma boa aluna e principalmente ter nascido com uma memória fotográfica. Conseguir guardar mais fatos e acontecimentos havia sido extremamente útil. Saber como cada parte da sociedade se comportava e como adentrar cada meio social. Não queria participar da alta sociedade de forma alguma, odiava aquela gente. Mas se não fosse por eles, teria sido morta no mesmo instante que pisei nessas terras. Poderia ter feito milhões de cursos de sobrevivência, mas nenhum deles seria tão efetivo quando saber o futuro. Literalmente.
- Senhorita ?
Desfoquei minha atenção da rua e das pessoas que por lá passavam e me virei para meu quarto, procurando por Lucy, minha assistente.
- Sim, Lucy?
- A senhorita se lembra de Murtagh? Ele está lá embaixo, disse que é importante.
- Sim, claro! Obrigada, Lucy! - Sorri gentilmente.
Passei por ela e desci as escadas de madeira, encontrando Murtagh ao lado da porta de entrada. Sorri para ele e abracei-o por alguns instantes.
- Estava demorando para me visitar, fiquei preocupada!- O segurei pelos braços e conferi se havia feridas evidentes.
Murtagh já tinha uma idade avançada para a época. Sua barba grisalha evidenciava os anos já vividos. De ascendência escocesa, o sotaque encantava todas as mulheres americanas e de outras nacionalidades também. O conheci tempos depois de chegar, ele me ajudou a me estabelecer e não ser presa por bruxaria. Ele não aprovava minha suposta amizade e confiança com os membros da alta sociedade, e se eu fosse ele, também não o faria.
- Estou bem, minha querida. Tenho novidades, acho que vai gostar desta vez - Sorriu travesso.
Sorri de volta e o convidei para almoçar, a fim de fazê-lo me contar tudo sobre suas aventuras. Almoçamos juntos e não pude conter minhas risadas com todos os acontecimentos dos últimos meses. Murtagh e Lucy poderiam ser chamados de verdadeiros amigos, mesmo depois de tempos afastados. Isso não mudaria nunca.
Depois de almoçar, fomos para o meu escritório. Estranhei as feições sérias que se passaram no rosto de meu amigo, e o convidei para sentar-se e me contar o motivo de ter aparecido depois de tanto tempo.
- Tem algo que preciso te contar. Estava em um bar aqui perto quando ouvi a conversa de dois homens sobre um tal de, o que teimam de chamar, anjo caído. Segundo um dos homens, esse garoto apareceu desacordado no meio da floresta dizendo que havia caído do céu e que só podia ter morrido. Você acha que é o mesmo que estou pensando?
Encarei Murtagh com os olhos cerrados e depois desviei o olhar para a minha estante de livros. Só havia uma forma de descobrir se era ou não.
- Traga-o para mim.
O cara barbado tinha me batido na cabeça depois do meu surto, o qual era totalmente esperado, em minha opinião. Depois disso ele me prendeu e arrastou até um vilarejo que parecia um cenário de filme.
Nunca tinha sido muito bom nas aulas de história, John estava de prova, mas só poderia ter voltado para pelo menos uns 200 anos atrás. O barbado, que dias depois fui descobrir que se chamava Joe, me levou para uma casa estranha e me prendeu lá.
Exatamente uma semana atrás tinha planejado fugir, mas não deu certo. O barbado tinha uns amigos bem grandes que quase me apagaram pela terceira vez.
Uma mulher sempre vinha me trazer comida e água. Talvez ela fosse irmã dele. Mas o fato era que ela tinha muito medo de mim, sempre que tentava estabelecer uma conversa, ela sempre saia quase correndo do lugar. Já tinha escutado os amigos do barbado me chamarem de anjo caído. Eles pareceram bem horrorizados com as minhas tatuagens. Alguém poderia avisá-los que é bem comum tatuar coisas no século XXI?
Escutei um barulho estranho vindo do lado de fora. Parecia que alguém estava tentando entrar e segundos depois pude comprovar que sim, alguém tinha arrombado a janela. Um homem passou por ela, com as tradicionais roupas, que na minha opinião parecia de piratas, e me encarou por alguns segundos.
- Eu sou o Murtagh, mas pode me chamar de herói - O homem que parecia um pouco mais velho riu e veio em minha direção.
- Meu nome é , pode me ajudar a sair daqui?
☁
- Obrigada, Lucy, já estou descendo - Me encarei pela última vez no espelho e me preparei para descer as escadas. Arrumei minha corrente e desci.
Entrei na sala e vi Murtagh apoiado na minha estante e um homem sentado de costas.
- Murtagh, o que temos aqui?- Ambos se viraram para mim no instante que pronunciei as primeiras sílabas.
- , esse é . Acho que vocês têm muito a conversar. Vou pedir para a Lucy preparar algo para o jantar - Assenti e me sentei de frente para o homem, enquanto o observava. Murtagh estava certo mais uma vez
- Ele disse que você pode me ajudar, mas não vejo como e nem o porquê - disse, enquanto olhava diretamente para mim.
Sorri para ele, enquanto olhava suas vestes padrão América século XXI: calça jeans, camiseta branca e jaqueta de couro. Elas estavam levemente sujas, precisaria providenciar roupas que se adequassem melhor ao presente, ou devo dizer, ao passado.
- Como veio parar aqui, ? Me conte sua história.
- Meu jato caiu. E você não deve saber o que é um jato, mas resumindo é uma nave que voa e leva pessoas, eu estava em uma delas quando...
- Qual é a sua banda favorita, ou cantor, tanto faz? - Perguntei sorrindo. Ele me olhou confuso.
- Uma banda britânica chamada Queen, que provavelmente ainda não está nem perto de nascer - gesticulava muito, parecia nervoso e ansioso.
- Is this just real live? Ist his just fantasy?- Arrisquei o início de Bohemian Rhapsody e a expressão de surpresa no rosto dele foi sensacional.
- Meu Deus, você também é do futuro? Como veio parar aqui? Temos que descobrir como voltar, se viemos deve ter alguma forma de voltar! - Nesse ponto o homem já havia se levantado e andava de um lado para o outro da sala.
- Você precisa se acalmar! Só espere um momento, vou pedir um copo de água. Temos muito o que conversar, muito.
- Há quanto tempo você está aqui, então? Me conte a sua história, já que expliquei tudo o que se passa na minha - Perguntou, com o olhar perdido.
- Nove anos. O tempo passa rápido, parece que foi ontem mesmo que vim parar aqui – Suspirei. - Eu nasci em 1987, me graduei em história. Sempre foi um sonho para mim viver em épocas diferentes, vivenciar os momentos que estudei tanto. Depois que vim parar aqui, aos poucos consegui contatos com pessoas importantes e fui mostrando o que eu sabia. Quase fui presa por bruxaria pelo menos três vezes. Foi então que o Lorde John, que vive algumas cidades daqui, ficou sabendo do meu suposto poder de saber o futuro. A partir disso que consegui viver em paz. O governo me protege e de tempos em tempos me consultam para tomar algumas decisões políticas importantes.
- Como você conseguiu se acostumar com isso tudo, digo, isso aqui é insano! Você não tem vontade de descobrir como voltar? - Indagou.
- Eu sei como voltar, . Mas escolhi ficar - Estiquei meus braços e apertei a sua mão. - Posso te ajudar com isso, caso seja seu desejo.
me olhou com um sorriso e apertou minhas mãos de volta, como uma silenciosa confirmação.
- Só vem para cá quem está passando por problemas e questionamentos. Não faço ideia de qual é o critério para nos mandarem para cá, afinal, todos temos problemas. Eu não sei quais são os seus, mas se você estiver preparado para resolvê-los, é possível sim voltar. Durante esses anos, você é o quarto que conheci. Espero poder te ajudar, mas eu preciso saber se você está realmente pronto.
hesitou por alguns instantes e depois de suspirar, me encarou.
- Vou ser pai, descobri recentemente. Eu estava noivo de uma mulher excepcional, mas as coisas começaram a dar errado. Jane e eu passamos a brigar constantemente. Ela é médica, cuidar das pessoas sempre foi sua paixão. Mas com a gravidez decidimos que era melhor diminuir o ritmo, tanto ela quanto eu. Além do meu trabalho, sempre fui apaixonado por voar. Mas ela sempre teve medo que algo acontecesse com o Janet e que eu caísse. Então eu parei. Foi aí que tudo mudou, as brigas aumentaram e eu a traí. Depois ela me traiu - Brendou riu seco. - Eu fui um completo babaca em traí-la. Mas isso tudo não muda o fato de que eu vou ter um filho.
Mantive-me quieta enquanto ele falava, processando as informações.
- Eu não tinha mais nada quando vim parar aqui, . Foi por isso que eu não voltei, eu não tinha ninguém para voltar. Eu estava sozinha e desempregada, tanto lá como aqui. Por isso fiquei. Acho que esse é o meu destino, sabe? E eu sou feliz aqui, de verdade. Mas, , você tem para quem voltar. Não importa se você vai voltar ou não com sua noiva, você ainda vai ser pai.
- Sim, eu vou - olhou diretamente para mim e segurou minha mão. - Acho que eu estou pronto, . Como faço para voltar?
- É só voltar ao lugar que você estava quando chegou. Se você estiver realmente pronto, retornará ao seu tempo - Segurei suas mãos fortemente, tentando passar pelo menos um pouco de esperança.
Fim!
Nota da autora: Sem nota.
Nota da beta:
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