Capítulo Único
terminava de se arrumar, encontraria o namorado e iriam ao cinema. Finalmente ele teria um tempinho pra ela. De uns tempos pra cá ele não a atendia, respondia as mensagens de forma monossilábica, aquilo estava tirando seu sono. Ela terminou de se vestir, colocou brincos e finalizou com um batom. Ouviu batidas na porta, e autorizou a entrada de quem quer que fosse.
- Oi, querida, vai sair? – a mãe entrou no quarto com um sorriso leve no rosto.
- Vou ao cinema. – ela virou-se pra mãe com um sorriso na face.
- Fico feliz que finalmente vai sair de casa, aquele rapaz não vale o que come, filha. Ele não me passa confiança e... – fez uma careta ao escutar falar.
- Eu vou sair com ele, mãe. – desfez o sorriso rapidamente.
- Filha, ele não presta... – ela suspirou fundo, discordando da mãe.
- Mãe, sem implicâncias com . – mordeu os lábios, nervosa - Namoramos há quase dois anos e isso nunca aconteceu. Ele deve ter uma explicação plausível pra isso.
respirou fundo, negando. Desde que colocou os olhos naquele homem oito anos mais velho que sua filha, viu que pelo comportamento que boa coisa ele não era. Ela percebia que ele escondia algo, só não sabia o que era. O pior era ver a filha apaixonada por ele e não poder fazer nada.
- Não adianta eu falar nada pra você, . Só não volte muito tarde, ok?
- Fica tranquila, nós só vamos ao cinema. Como sempre está com a casa em reforma. – ela sorriu para mãe.
- Estranho, não, filha? Com quase dois anos de namoro você não conhece ninguém da família dele... – a mãe jogou aquilo pra ver se a filha despertava o interesse.
- Só faltou oportunidade, mãe. Fora que eu não estou nada curiosa pra ver a família dele, já conheço os amigos e está muito bom. – estalou a língua na boca.
- Desisto! – pegou a bolsa e ambas saíram do quarto.
- Você tem implicância com , eu já te disse que você vê maldade onde não há.
- Seu pai concorda comigo, meu amor. – as duas já estavam na sala.
- Mãe e pai tendem a não gostar dos namorados das filhas. – deu de ombros.
- Nós gostávamos do Ney, querida. – ela revirou os olhos com a fala da mãe.
- Prefiro não comentar. – escutaram buzinas do lado de fora da casa. - Oh, o chegou! – a filha deu dois beijinhos na mãe e se foi.
podia se lembrava como se fosse ontem quando ela de fato conheceu pela primeira vez...
FLASHBACK – UM ANO E MEIO ANTES...
- Filha, eu exijo conhecer esse tal de , já faz quase um ano que vocês namoram e ele sempre inventa uma desculpa pra nunca entrar quando te busca.
- Mãe, por Deus! Eu não sou mais uma criança, ele me namora, não a você ou ao papai! – ela se alterou.
- Primeiro lugar, abaixa esse tom de voz pra falar comigo! – ralhou – Enquanto você morar debaixo do meu teto sou eu quem dito as regras aqui! – e pensar que quando escutava essa frase da mãe ela ficava brava, a vida dá belas voltas.
- Mãe, ele é um homem muito ocupado, ele não tem tempo pra isso e... - ela agora falava em um tom mais baixo.
- Que seja, se ele não tem tempo assim que ele buzinar eu e seu pai saímos e o conhecemos.
- Mas, mãe...
- Assunto encerrado, ! - a garota bufou alto. Poxa ela já tinha 19 anos, não precisava disso. O que um homem de 27 anos acharia dessa atitude dos pais dela? A buzina pode ser ouvida. segurou o braço de antes que ela saísse.
- , o namorado dela chegou. – o marido rapidamente apareceu e junto com abriram a porta para falar com o rapaz.
- Muito prazer, meu nome é e ela é , somos pais de . – engoliu em seco com a mão do mais velho estendida para ele. Ele a apertou e sentiu que os ossos da mão quebrariam tamanho a força que o pai da garota usava no gesto. Se pudesse se esconderia de vergonha.
- Prazer, meu nome é . – ele desfez o aperto e sacudiu a mão discretamente para aliviar a dor.
- Então, , por que sempre que o convidamos para almoçar conosco você evita? – questionou.
- Bom, é que eu sou empresário... – ele coçou a nuca, desconfortável – Sempre aparece alguns imprevistos, e coincidem justamente quando vocês marcam o almoço. – ele sorriu amarelo.
- Engraçado que na hora de vir buscar minha filha pra transar imprevistos nunca aparecem... – tinha a voz brava.
- PAI! – sentiu as bochechas esquentarem. Nunca havia passado tanta vergonha na vida. Já segurava a gargalhada que queria sair.
- Senhor, é... – ficou sem palavras pela indagação do homem – É...
- A gente tá de olho, viu? não é porcaria que você come e depois cospe! – continuou a falar – Ela é maior de idade, mas somos bem presentes na vida dela!
- Claro, senhor, jamais pensei em fazer algo assim com ela. – ele colocou a mão na garganta, acuado.
- Estamos atrasados, pai. – foi para o lado do rapaz e segurou a mão do namorado. – Ele vai tirar um tempinho na agenda tão tumultuada dele pra vir aqui almoçar com gente, não é amor?
- Claro que sim, com certeza. – ele balançava a cabeça freneticamente. foi até os pais lhe deu um beijo de despedida e entrou no carro. se despediu do casal com um aceno de mãos e entrou no veículo também.
- Ele nem abriu a porta pra ela. – sussurrou indignado para a esposa.
- Não se fazem mais homens como você, meu bem. – eles os viram partir e entraram abraçados para dentro de casa.
- O que você achou, senhora psicóloga? Você ficou mais quieta do que tudo na conversa. – ela suspirou fundo, fechando o sorriso.
- Eu não gostei dele. Em nenhum momento da conversa ele te encarou, ! O modo como ele se esquivava das perguntas... - ela negou com a cabeça - Nosso bebê está caindo em uma cilada! – apertou os punhos – Pelo menos você o amedrontou, mas do jeito que ele me aparentou ser, não sei se isso será um impedimento.
- O pior é que o quanto mais a gente proibir, mas vai querê-lo. – a mulher concordou com o marido, entrando na casa e se sentando no sofá com ele.
- O jeito é a gente deixá-la namorar e ficar de olho bem aberto...
- Sim, com certeza. – ele se aproximou dela e lhe deitou no sofá lhe prensando – Vamos aproveitar que a bebê saiu...
- Você com 34 anos parece ter 15, inacreditável – ela gargalhou alto.
- Sou um eterno apaixonado... – ele sorriu lhe dando vários selinhos. Já com as mãos ágeis tirou a blusa dela.
FIM DO FLASHBACK
- Ué, , cadê a ? – o homem abriu a porta despertando a mulher de seus pensamentos.
- Ela saiu com o . – o homem franziu o cenho – Ele a procurou e ela como uma boba foi encontrá-lo.
- Ah, não, eu achei que nós estivéssemos nos livrado desse merda! – ele se jogou no sofá ao lado da esposa.
- Eu também achei... – ela encostou a cabeça no ombro dele. Ambos ficaram calados, imersos em seus próprios pensamentos – Eu tive uma ideia, .
- O que pensou, ? – ele a abraçou de lado. Ela levantou a cabeça do ombro dele, e o fitou.
- Vamos seguir os dois na próxima vez que eles saírem. – ele franziu o cenho, confuso – Sim, nós o seguimos, uma hora ele vai deixar aqui em casa, então assim que isso acontecer, a gente o segue até aonde ele for. Tenho pressentimentos que a gente vai descobrir o que esse homem tanto esconde.
- Isso é genial! – ele se empolgou, então dá próxima vez que esse merda chamar a nossa filha pra sair, a gente os segue.
- Fechado. – ela apertou a mão do marido. Acabaram caindo em gargalhadas, se sentiam adolescentes inconsequente de novo.
Para falar a verdade, eles não tiveram uma adolescência normal. Aos 14, o casal perdeu a virgindade, aos 15 ambos eram pais de uma criança. Tiveram que amadurecer na marra.
***
abriu a porta e encontrou os pais vendo televisão. Se sentou no meio deles com um sorriso de orelha a orelha.
- E então? – questionou a filha.
- Ele estava na Espanha, conseguiu abrir uma filial lá. Isso não é maravilhoso? – o casal olhou um para o outro, depois olhou pra filha.
- E custava ele te ligar avisando? – dessa vez era quem tinha a palavra.
- Custava, mãe, ele estava tão atarefado, que mal conseguia responder as mensagens, pobrezinho. – negou várias vezes com a cabeça, àquilo era demais pra ele.
- Meu Deus, eu devo ter jogado pedra na cruz, só pode ser mesmo. Não tem explicação pra isso. – o olhava interrogativa. O que o pai queria dizer? – Vou deitar depois dessa. – Deu um beijo na cabeça da filha, um selinho na esposa e se direcionou até o quarto.
- O que meu pai quis dizer com isso? – ela olhou para mãe, confusa.
- Nada, meu amor, nada! Seu pai é um bobo. – ela forçou um sorriso, alisando o rosto da filha – Só acho que você deveria investigar melhor as coisas, querida. – ela retomou a conversa inicial.
- Lá vem você de novo querendo dizer que o não presta. Vou deitar, tô bem cansada – a filha deu um beijo na bochecha da mãe e imitou os passos do pai.
ficou um tempo ainda no sofá, mas logo seguiu os passos dos dois, indo dormir.
***
Já era a quinta vez que o casal seguia o namorado da filha para ver se conseguiam descobrir algo do homem. Até agora foram quatro tentativas sem nada muito concreto. Só descobriram que o homem morava em uma casa grande, mas que não estava em reforma coisa alguma. Aquilo deixou o casal com a pulga atrás da orelha.
Os dois dividiam o salgadinho Doritos com os olhos atentos para ver se visualizavam alguma movimentação suspeita.
- Ele só deve ter mentido sobre a casa mesmo... – acabou concluindo.
- Mas por que ele mentiria sobre isso? Não, eu sinto no meu coração de mãe que tem algo mais ai, ! Eu não vou desistir de encontrar algo, esse cara é muito suspeito!
- Que seja, vamos ficar mais um tempinho de tocaia e... – eles viram que a luz da garagem do local se acendeu. Ficaram alertas.
Puderam ver o rapaz com uma criança no colo, juntamente com uma loira que andava com ele de braços dados. A mulher deu um selinho em . sem muito tardar começou a tirar várias fotos. Aquilo seria a prova viva que precisavam para afastar do homem.
- Eu não tô acreditando que o filho da puta é casado! – quis abrir a porta do veículo, mas foi mais rápida o detendo.
- Não estraga, quem tem que confrontá-lo é a própria ! – ela ralhou com ele.
- Esse merda mentiu na minha cara falando que o meu bem mais precioso não era porcaria. Eu tô explodindo aqui. – o homem segurava o volante com força, quase o arrancando.
- Eu sei, eu sei, só que se você for lá, talvez não acredite em nada e esse idiota saia por cima. – ela começou a massagear os ombros do homem. – Vamos embora, ok?
- Então você dirige porque pra mim não rola. – com dificuldades, devido ao volante e afins, eles trocaram de lugar.
- , eu estou quão o mais nervosa que você, mas pensa bem, livraremos desse escroto. – alisou o rosto do marido e partiu com o veículo.
- Sim, você tem razão – ele foi tentando se acalmar, pensando exatamente nas últimas palavras da mulher.
***
Não tardaram a chegar em casa. Encontraram deitada no sofá concentrada assistindo alguma coisa na tevê.
- Até que enfim o casal voltou das saidinhas misteriosas... – direcionou o olhar aos dois que estavam estagnados na porta – O que há com vocês? – a garota franziu o cenho.
- Oi, filha – se aproximou da garota, e sentou do lado esquerdo da filha. – Hoje nós vamos te contar sobre as nossas saídas. – ela apontou para o sofá para que o marido sentasse. Ele a obedeceu e sentou do lado direito de .
- Eita... Vocês estão com uma cara... Estou preocupada! O que está acontecendo? – ela arqueou a sobrancelha.
- Seguinte, , estávamos desconfiados de e não era de hoje. – antes que a filha pudesse abrir a boca o pai colocou o dedo indicador nos lábios dela.
- Deixa a sua mãe falar, querida. – ela mordeu os lábios, por fim cedendo a sua curiosidade e concordando.
- Então, nós seguimos vocês uma vez. – arregalou os olhos.
- Vocês o quê? – ela sussurrou, desacreditada que os pais fossem capazes daquilo.
- Sim, a gente seguiu vocês e vimos que foram para um motel. Doeu em mim ver que você fodia com o cara mesmo, mas né, isso não está em pauta agora. Cala a boca e deixa sua mãe terminar de falar. – o pai ralhou com a filha, que agora além de ter os olhos arregalados, tinha a boca do mesmo jeito.
Céus, tudo o que ela queria era pais normais, era pedir demais? gargalhou da cara de .
- Enfim... – voltou a si – Nós descobrimos onde seu namorado mora, e pasme, ele não está com a casa em reforma.
- Por que ele mentiria sobre isso, gente? – ela fitava ambos. A mãe pegou o celular, abriu na galeria das fotos e entregou o aparelho a filha.
- Por isso... – comentou. Por fim viu que os olhos da garota se encheram de lágrimas – Ele é casado, querida.
Ela abraçou o pai, e o choro veio com força. Como pôde ser tão tola? Era nítido que havia algo estranho com , os sumiços, a marca de anel no dedo anelar esquerdo, inventar desculpas para não encontrar seus pais, os encontros somente aos sábados à noite, voltava sempre com uma desculpa diferente. Sua mãe sempre sabia mais, ela deveria tê-la escutada. Largou o pai, e se abraçou a mãe, e baixinho ela sussurrou desculpas pra ela.
- Tudo bem, meu amor, estamos aqui pra você. – a mãe enchia a filha de afagos e beijos. Tinha o coração apertado, jamais queria ver seu bebê tão triste assim. era forte, superaria.
- Filha, apenas seja a melhor, coisa que você sempre foi, ok? Nós te amamos muito. – o pai alisou as costas da filha. Ela se ajeitou no colo da mãe de forma que a cabeça ficou na região dos seios, e as pernas ela jogou no colo do pai. Não se sabe quanto tempo ela ficou ali naquela posição, mas ela se sentia acolhida.
***
- Tem certeza disso, ? – a mãe perguntou, preocupada.
O casal e a filha estavam parados em frente à casa de , a garota respirava fundo. Tinha pedido aos pais que a levassem ali para que pudesse confrontá-lo.
- Sim, eu tenho, meus amores. Preciso fazer isso, e tem que ser sozinha. – os pais por fim assentiram. A garota deu um sorriso forçado a eles e abriu a porta do veículo.
Ela tocou a campainha, e quem abriu a porta foi uma moça loira. Ela julgou pela aparência física que era a esposa dele. Sentiu um bolo na garganta se formar.
- Olá, em que posso ajudar? – a mulher perguntou.
- Bom, eu gostaria de conversar com . – a loira a olhou dos pés a cabeça. O que aquela moça queria?
- Sobre o que você quer falar com o meu marido? – a loira arqueou a sobrancelha. sentiu o estômago embrulhar. Quem disse que seria fácil, né?
- Lilian, quem está na... – apareceu no fundo, se aproximando até que pudesse avistar – Porta. – ele completou a frase no automático.
não se aguentou, se aproximou do rapaz e lhe deu uma bofetada no rosto com toda a força que podia. Lilian arregalou os olhos, o que significava aquilo?
- Você me dá nojo, ! Me enganando esse tempo todo enquanto é casado e ainda tem filho. Eu tô com uma raiva tão grande que eu sinto que esse tapa foi pouco. Minha vontade é de matar você. – rosnou.
- , eu posso explicar, eu... – Lilian o interrompeu.
- Isso, explica mesmo, porque eu não estou entendendo nada. – a mulher olhava para o dois sem qualquer entendimento.
- Eu vou facilitar pra você, moça. – ela suspirou fundo – namorou comigo há mais ou menos dois anos. Eu acabei de descobrir por conta dos meus pais que deram uns de detetives que ele é casado com você! – a mulher negava com a cabeça, tampando os ouvidos.
- Eu não quis magoar a você, ou a Lilian... As coisas foram tomando proporções as quais eu perdi completamente o controle. Eu me apaixonei por você, . Mas eu também amo Lilian e nossa família.
- Cala a porra da boca! Eu não quero escutar blá, blá, blá! – gritou, enquanto Lilian parecia estar em estado de choque. – Acabou! Eu nunca mais quero ver você na minha vida.
- , eu... – estava confuso, nem ele sabia o que fazer perante aquela situação.
Ele não sabia se tentava deter ou se acudia Lilian. Que dilema ele estava. começou a andar em direção ao veículo dos pais, mas antes de completar o caminho lembrou-se da frase de seu pai: Sempre use o humor como terapia, sim, nunca leve a vida tão a sério. Então, do meio da rua, ela gritou:
- Aliás, , você tem pinto pequeno, não fazia nem cosquinhas, mas sabe como é, né? Eu tinha pena de te falar isso. – o rapaz escancarou a boca. voltou a caminhar com um sorriso grande na face.
Quando entrou no veículo viu o sorriso enorme no rosto do pai, e sua mãe prendendo a risada.
- Essa é a nossa garota, ! Essa é a nossa garota! – eles sorriram e tocaram o veículo para casa com o sentimento de missão cumprida.
- Oi, querida, vai sair? – a mãe entrou no quarto com um sorriso leve no rosto.
- Vou ao cinema. – ela virou-se pra mãe com um sorriso na face.
- Fico feliz que finalmente vai sair de casa, aquele rapaz não vale o que come, filha. Ele não me passa confiança e... – fez uma careta ao escutar falar.
- Eu vou sair com ele, mãe. – desfez o sorriso rapidamente.
- Filha, ele não presta... – ela suspirou fundo, discordando da mãe.
- Mãe, sem implicâncias com . – mordeu os lábios, nervosa - Namoramos há quase dois anos e isso nunca aconteceu. Ele deve ter uma explicação plausível pra isso.
respirou fundo, negando. Desde que colocou os olhos naquele homem oito anos mais velho que sua filha, viu que pelo comportamento que boa coisa ele não era. Ela percebia que ele escondia algo, só não sabia o que era. O pior era ver a filha apaixonada por ele e não poder fazer nada.
- Não adianta eu falar nada pra você, . Só não volte muito tarde, ok?
- Fica tranquila, nós só vamos ao cinema. Como sempre está com a casa em reforma. – ela sorriu para mãe.
- Estranho, não, filha? Com quase dois anos de namoro você não conhece ninguém da família dele... – a mãe jogou aquilo pra ver se a filha despertava o interesse.
- Só faltou oportunidade, mãe. Fora que eu não estou nada curiosa pra ver a família dele, já conheço os amigos e está muito bom. – estalou a língua na boca.
- Desisto! – pegou a bolsa e ambas saíram do quarto.
- Você tem implicância com , eu já te disse que você vê maldade onde não há.
- Seu pai concorda comigo, meu amor. – as duas já estavam na sala.
- Mãe e pai tendem a não gostar dos namorados das filhas. – deu de ombros.
- Nós gostávamos do Ney, querida. – ela revirou os olhos com a fala da mãe.
- Prefiro não comentar. – escutaram buzinas do lado de fora da casa. - Oh, o chegou! – a filha deu dois beijinhos na mãe e se foi.
podia se lembrava como se fosse ontem quando ela de fato conheceu pela primeira vez...
FLASHBACK – UM ANO E MEIO ANTES...
- Filha, eu exijo conhecer esse tal de , já faz quase um ano que vocês namoram e ele sempre inventa uma desculpa pra nunca entrar quando te busca.
- Mãe, por Deus! Eu não sou mais uma criança, ele me namora, não a você ou ao papai! – ela se alterou.
- Primeiro lugar, abaixa esse tom de voz pra falar comigo! – ralhou – Enquanto você morar debaixo do meu teto sou eu quem dito as regras aqui! – e pensar que quando escutava essa frase da mãe ela ficava brava, a vida dá belas voltas.
- Mãe, ele é um homem muito ocupado, ele não tem tempo pra isso e... - ela agora falava em um tom mais baixo.
- Que seja, se ele não tem tempo assim que ele buzinar eu e seu pai saímos e o conhecemos.
- Mas, mãe...
- Assunto encerrado, ! - a garota bufou alto. Poxa ela já tinha 19 anos, não precisava disso. O que um homem de 27 anos acharia dessa atitude dos pais dela? A buzina pode ser ouvida. segurou o braço de antes que ela saísse.
- , o namorado dela chegou. – o marido rapidamente apareceu e junto com abriram a porta para falar com o rapaz.
- Muito prazer, meu nome é e ela é , somos pais de . – engoliu em seco com a mão do mais velho estendida para ele. Ele a apertou e sentiu que os ossos da mão quebrariam tamanho a força que o pai da garota usava no gesto. Se pudesse se esconderia de vergonha.
- Prazer, meu nome é . – ele desfez o aperto e sacudiu a mão discretamente para aliviar a dor.
- Então, , por que sempre que o convidamos para almoçar conosco você evita? – questionou.
- Bom, é que eu sou empresário... – ele coçou a nuca, desconfortável – Sempre aparece alguns imprevistos, e coincidem justamente quando vocês marcam o almoço. – ele sorriu amarelo.
- Engraçado que na hora de vir buscar minha filha pra transar imprevistos nunca aparecem... – tinha a voz brava.
- PAI! – sentiu as bochechas esquentarem. Nunca havia passado tanta vergonha na vida. Já segurava a gargalhada que queria sair.
- Senhor, é... – ficou sem palavras pela indagação do homem – É...
- A gente tá de olho, viu? não é porcaria que você come e depois cospe! – continuou a falar – Ela é maior de idade, mas somos bem presentes na vida dela!
- Claro, senhor, jamais pensei em fazer algo assim com ela. – ele colocou a mão na garganta, acuado.
- Estamos atrasados, pai. – foi para o lado do rapaz e segurou a mão do namorado. – Ele vai tirar um tempinho na agenda tão tumultuada dele pra vir aqui almoçar com gente, não é amor?
- Claro que sim, com certeza. – ele balançava a cabeça freneticamente. foi até os pais lhe deu um beijo de despedida e entrou no carro. se despediu do casal com um aceno de mãos e entrou no veículo também.
- Ele nem abriu a porta pra ela. – sussurrou indignado para a esposa.
- Não se fazem mais homens como você, meu bem. – eles os viram partir e entraram abraçados para dentro de casa.
- O que você achou, senhora psicóloga? Você ficou mais quieta do que tudo na conversa. – ela suspirou fundo, fechando o sorriso.
- Eu não gostei dele. Em nenhum momento da conversa ele te encarou, ! O modo como ele se esquivava das perguntas... - ela negou com a cabeça - Nosso bebê está caindo em uma cilada! – apertou os punhos – Pelo menos você o amedrontou, mas do jeito que ele me aparentou ser, não sei se isso será um impedimento.
- O pior é que o quanto mais a gente proibir, mas vai querê-lo. – a mulher concordou com o marido, entrando na casa e se sentando no sofá com ele.
- O jeito é a gente deixá-la namorar e ficar de olho bem aberto...
- Sim, com certeza. – ele se aproximou dela e lhe deitou no sofá lhe prensando – Vamos aproveitar que a bebê saiu...
- Você com 34 anos parece ter 15, inacreditável – ela gargalhou alto.
- Sou um eterno apaixonado... – ele sorriu lhe dando vários selinhos. Já com as mãos ágeis tirou a blusa dela.
FIM DO FLASHBACK
- Ué, , cadê a ? – o homem abriu a porta despertando a mulher de seus pensamentos.
- Ela saiu com o . – o homem franziu o cenho – Ele a procurou e ela como uma boba foi encontrá-lo.
- Ah, não, eu achei que nós estivéssemos nos livrado desse merda! – ele se jogou no sofá ao lado da esposa.
- Eu também achei... – ela encostou a cabeça no ombro dele. Ambos ficaram calados, imersos em seus próprios pensamentos – Eu tive uma ideia, .
- O que pensou, ? – ele a abraçou de lado. Ela levantou a cabeça do ombro dele, e o fitou.
- Vamos seguir os dois na próxima vez que eles saírem. – ele franziu o cenho, confuso – Sim, nós o seguimos, uma hora ele vai deixar aqui em casa, então assim que isso acontecer, a gente o segue até aonde ele for. Tenho pressentimentos que a gente vai descobrir o que esse homem tanto esconde.
- Isso é genial! – ele se empolgou, então dá próxima vez que esse merda chamar a nossa filha pra sair, a gente os segue.
- Fechado. – ela apertou a mão do marido. Acabaram caindo em gargalhadas, se sentiam adolescentes inconsequente de novo.
Para falar a verdade, eles não tiveram uma adolescência normal. Aos 14, o casal perdeu a virgindade, aos 15 ambos eram pais de uma criança. Tiveram que amadurecer na marra.
abriu a porta e encontrou os pais vendo televisão. Se sentou no meio deles com um sorriso de orelha a orelha.
- E então? – questionou a filha.
- Ele estava na Espanha, conseguiu abrir uma filial lá. Isso não é maravilhoso? – o casal olhou um para o outro, depois olhou pra filha.
- E custava ele te ligar avisando? – dessa vez era quem tinha a palavra.
- Custava, mãe, ele estava tão atarefado, que mal conseguia responder as mensagens, pobrezinho. – negou várias vezes com a cabeça, àquilo era demais pra ele.
- Meu Deus, eu devo ter jogado pedra na cruz, só pode ser mesmo. Não tem explicação pra isso. – o olhava interrogativa. O que o pai queria dizer? – Vou deitar depois dessa. – Deu um beijo na cabeça da filha, um selinho na esposa e se direcionou até o quarto.
- O que meu pai quis dizer com isso? – ela olhou para mãe, confusa.
- Nada, meu amor, nada! Seu pai é um bobo. – ela forçou um sorriso, alisando o rosto da filha – Só acho que você deveria investigar melhor as coisas, querida. – ela retomou a conversa inicial.
- Lá vem você de novo querendo dizer que o não presta. Vou deitar, tô bem cansada – a filha deu um beijo na bochecha da mãe e imitou os passos do pai.
ficou um tempo ainda no sofá, mas logo seguiu os passos dos dois, indo dormir.
Já era a quinta vez que o casal seguia o namorado da filha para ver se conseguiam descobrir algo do homem. Até agora foram quatro tentativas sem nada muito concreto. Só descobriram que o homem morava em uma casa grande, mas que não estava em reforma coisa alguma. Aquilo deixou o casal com a pulga atrás da orelha.
Os dois dividiam o salgadinho Doritos com os olhos atentos para ver se visualizavam alguma movimentação suspeita.
- Ele só deve ter mentido sobre a casa mesmo... – acabou concluindo.
- Mas por que ele mentiria sobre isso? Não, eu sinto no meu coração de mãe que tem algo mais ai, ! Eu não vou desistir de encontrar algo, esse cara é muito suspeito!
- Que seja, vamos ficar mais um tempinho de tocaia e... – eles viram que a luz da garagem do local se acendeu. Ficaram alertas.
Puderam ver o rapaz com uma criança no colo, juntamente com uma loira que andava com ele de braços dados. A mulher deu um selinho em . sem muito tardar começou a tirar várias fotos. Aquilo seria a prova viva que precisavam para afastar do homem.
- Eu não tô acreditando que o filho da puta é casado! – quis abrir a porta do veículo, mas foi mais rápida o detendo.
- Não estraga, quem tem que confrontá-lo é a própria ! – ela ralhou com ele.
- Esse merda mentiu na minha cara falando que o meu bem mais precioso não era porcaria. Eu tô explodindo aqui. – o homem segurava o volante com força, quase o arrancando.
- Eu sei, eu sei, só que se você for lá, talvez não acredite em nada e esse idiota saia por cima. – ela começou a massagear os ombros do homem. – Vamos embora, ok?
- Então você dirige porque pra mim não rola. – com dificuldades, devido ao volante e afins, eles trocaram de lugar.
- , eu estou quão o mais nervosa que você, mas pensa bem, livraremos desse escroto. – alisou o rosto do marido e partiu com o veículo.
- Sim, você tem razão – ele foi tentando se acalmar, pensando exatamente nas últimas palavras da mulher.
Não tardaram a chegar em casa. Encontraram deitada no sofá concentrada assistindo alguma coisa na tevê.
- Até que enfim o casal voltou das saidinhas misteriosas... – direcionou o olhar aos dois que estavam estagnados na porta – O que há com vocês? – a garota franziu o cenho.
- Oi, filha – se aproximou da garota, e sentou do lado esquerdo da filha. – Hoje nós vamos te contar sobre as nossas saídas. – ela apontou para o sofá para que o marido sentasse. Ele a obedeceu e sentou do lado direito de .
- Eita... Vocês estão com uma cara... Estou preocupada! O que está acontecendo? – ela arqueou a sobrancelha.
- Seguinte, , estávamos desconfiados de e não era de hoje. – antes que a filha pudesse abrir a boca o pai colocou o dedo indicador nos lábios dela.
- Deixa a sua mãe falar, querida. – ela mordeu os lábios, por fim cedendo a sua curiosidade e concordando.
- Então, nós seguimos vocês uma vez. – arregalou os olhos.
- Vocês o quê? – ela sussurrou, desacreditada que os pais fossem capazes daquilo.
- Sim, a gente seguiu vocês e vimos que foram para um motel. Doeu em mim ver que você fodia com o cara mesmo, mas né, isso não está em pauta agora. Cala a boca e deixa sua mãe terminar de falar. – o pai ralhou com a filha, que agora além de ter os olhos arregalados, tinha a boca do mesmo jeito.
Céus, tudo o que ela queria era pais normais, era pedir demais? gargalhou da cara de .
- Enfim... – voltou a si – Nós descobrimos onde seu namorado mora, e pasme, ele não está com a casa em reforma.
- Por que ele mentiria sobre isso, gente? – ela fitava ambos. A mãe pegou o celular, abriu na galeria das fotos e entregou o aparelho a filha.
- Por isso... – comentou. Por fim viu que os olhos da garota se encheram de lágrimas – Ele é casado, querida.
Ela abraçou o pai, e o choro veio com força. Como pôde ser tão tola? Era nítido que havia algo estranho com , os sumiços, a marca de anel no dedo anelar esquerdo, inventar desculpas para não encontrar seus pais, os encontros somente aos sábados à noite, voltava sempre com uma desculpa diferente. Sua mãe sempre sabia mais, ela deveria tê-la escutada. Largou o pai, e se abraçou a mãe, e baixinho ela sussurrou desculpas pra ela.
- Tudo bem, meu amor, estamos aqui pra você. – a mãe enchia a filha de afagos e beijos. Tinha o coração apertado, jamais queria ver seu bebê tão triste assim. era forte, superaria.
- Filha, apenas seja a melhor, coisa que você sempre foi, ok? Nós te amamos muito. – o pai alisou as costas da filha. Ela se ajeitou no colo da mãe de forma que a cabeça ficou na região dos seios, e as pernas ela jogou no colo do pai. Não se sabe quanto tempo ela ficou ali naquela posição, mas ela se sentia acolhida.
- Tem certeza disso, ? – a mãe perguntou, preocupada.
O casal e a filha estavam parados em frente à casa de , a garota respirava fundo. Tinha pedido aos pais que a levassem ali para que pudesse confrontá-lo.
- Sim, eu tenho, meus amores. Preciso fazer isso, e tem que ser sozinha. – os pais por fim assentiram. A garota deu um sorriso forçado a eles e abriu a porta do veículo.
Ela tocou a campainha, e quem abriu a porta foi uma moça loira. Ela julgou pela aparência física que era a esposa dele. Sentiu um bolo na garganta se formar.
- Olá, em que posso ajudar? – a mulher perguntou.
- Bom, eu gostaria de conversar com . – a loira a olhou dos pés a cabeça. O que aquela moça queria?
- Sobre o que você quer falar com o meu marido? – a loira arqueou a sobrancelha. sentiu o estômago embrulhar. Quem disse que seria fácil, né?
- Lilian, quem está na... – apareceu no fundo, se aproximando até que pudesse avistar – Porta. – ele completou a frase no automático.
não se aguentou, se aproximou do rapaz e lhe deu uma bofetada no rosto com toda a força que podia. Lilian arregalou os olhos, o que significava aquilo?
- Você me dá nojo, ! Me enganando esse tempo todo enquanto é casado e ainda tem filho. Eu tô com uma raiva tão grande que eu sinto que esse tapa foi pouco. Minha vontade é de matar você. – rosnou.
- , eu posso explicar, eu... – Lilian o interrompeu.
- Isso, explica mesmo, porque eu não estou entendendo nada. – a mulher olhava para o dois sem qualquer entendimento.
- Eu vou facilitar pra você, moça. – ela suspirou fundo – namorou comigo há mais ou menos dois anos. Eu acabei de descobrir por conta dos meus pais que deram uns de detetives que ele é casado com você! – a mulher negava com a cabeça, tampando os ouvidos.
- Eu não quis magoar a você, ou a Lilian... As coisas foram tomando proporções as quais eu perdi completamente o controle. Eu me apaixonei por você, . Mas eu também amo Lilian e nossa família.
- Cala a porra da boca! Eu não quero escutar blá, blá, blá! – gritou, enquanto Lilian parecia estar em estado de choque. – Acabou! Eu nunca mais quero ver você na minha vida.
- , eu... – estava confuso, nem ele sabia o que fazer perante aquela situação.
Ele não sabia se tentava deter ou se acudia Lilian. Que dilema ele estava. começou a andar em direção ao veículo dos pais, mas antes de completar o caminho lembrou-se da frase de seu pai: Sempre use o humor como terapia, sim, nunca leve a vida tão a sério. Então, do meio da rua, ela gritou:
- Aliás, , você tem pinto pequeno, não fazia nem cosquinhas, mas sabe como é, né? Eu tinha pena de te falar isso. – o rapaz escancarou a boca. voltou a caminhar com um sorriso grande na face.
Quando entrou no veículo viu o sorriso enorme no rosto do pai, e sua mãe prendendo a risada.
- Essa é a nossa garota, ! Essa é a nossa garota! – eles sorriram e tocaram o veículo para casa com o sentimento de missão cumprida.
Fim!
Nota da autora: Eu me diverti horrores escrevendo essa short. Esses pais são completamente piradinhos, né? E a filha? Piorou hahah. Espero que gostem da fanfic mais rápida que eu já escrevi. Um beijo <3
Outras Fanfics:
Longs:
I Won't Forget You
Originais/Finalizada
Ficstapes:
02. Os Anjos Cantam
Ficstape #090 - Jorge e Mateus/Finalizada
03. Sk8er Boi
Ficstape #069 - Avril Lavigne/Finalizada
05. She Moves In Her Own Way
Ficstape #094 - The Kooks/Finalizada
06. Don't Forget
Ficstape #099 - Demi Lovato/Finalizada
08. Rock Wiyh You
Ficstape #100 - Michael Jackson/Finalizada
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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