Capítulo Único
Eu a olhava ali deitada naquela cama tão imóvel, e tudo o que se passava na minha cabeça era o porquê eu deixei as coisas chegarem do jeito que estavam, eu tinha que ter me imposto mais... Suspirei fundo, tudo culpa daquele… É o melhor mesmo é contar essa história do início…
O despertador tocou, não tinha mais escapatória, teria que levantar agora, já era a terceira vez que o mesmo tocava e ela o colocava no modo soneca. Espreguiçou-se na cama, era quinta-feira, um dos piores dias da semana de acordo com ela, sua explicação era simples: existia uma enorme expectativa para sexta-feira, mas ainda não era sexta e aquilo era frustrante. Resolveu levantar de uma vez, não tinha mais como adiar. Fez sua higiene matinal, e saiu do quarto já trocada e arrumada para a escola. Encontrou sua mãe sentada tomando café e rindo enquanto mexia no celular, provavelmente vendo algum meme de cachorro ou gato no feed de notícias do facebook,, era sempre assim.
– Bom dia, mãe. – deu um beijo na mais velha, se sentando ao lado dela enquanto se servia de café com leite.
– Querida! – sorriu, deixando o celular de lado. – Meu Deus, que cara é essa, meu amor? – a mãe zombou da filha.
– Você sabe o quanto eu odeio ir a escola, mãe. – suspirou. – Falta muito para chegar ano que vem e eu finalmente me livrar desse tormento? – antes que a mãe pudesse responder, a porta da sala se abriu e sem qualquer aviso prévio entrou na casa. Ele deu um beijo estalado em Dulce, a qual ele chamava de tia e na melhor amiga.
– Querida, já te adianto que a faculdade é bem pior que a escola, então aproveite enquanto há tempo, não queira ser adulta antes da hora, se divirta, ria, beije na boca...
– Essa parte de beijar na boca eu concordo, queria eu beijar essa boquinha linda, mas ela não me dá condições, tia. – Dulce gargalhou da cara constrangida que a filha fez.
– Idiota! – resmungou, arrancando risadas de ambos. sempre que podia cantava a amiga, mas ela nunca o levava a sério, afinal sabia que ele era muito mulherengo. Ele não era o seu príncipe encantado, ela saberia quando ele chegasse, ela havia idealizado aquele momento. Parecia tolice aos olhos dos outros, mas sempre foi uma garota sonhadora, tanto que com seus 17 anos, não havia beijado ninguém na boca, para ela precisava haver sentimentos pela pessoa.
– Tia, hoje eu não tomei café em casa, será que eu poderia… – a mãe da moça o cortou.
– Claro que sim, , você já é de casa, meu amor. São quantos anos mesmo de amizade? – ele sorriu se aproximando de a fim de cumprimentá-la.
– Dez anos aguentando esse ser humano. – abraçou a cabeça da amiga apertadamente, causando irritação nela e a fazendo lhe desferir alguns tapas no braço. – Quando ele não toma café aqui, mãe? É um folgado mesmo. – revirou os olhos. se direcionou ao lugar ao qual estava habituado a sentar-se e deu de ombros, mostrando a língua a e sem rodeios começou a se servir.
O café da manhã aconteceu regrado por muitas conversas e após o término os dois foram juntos para a escola. Era sempre assim a rotina daqueles dois, passava na casa dela, tomava café e juntos iam para a escola. Sem sombra de dúvidas eram melhores amigos um do outro, apesar de não enxergá-la apenas como amiga. Sim, o rapaz tinha um abismo por ela, e por isso lançava as cantadas engraçadinhas, mas nunca era levado a sério. Ele também não tinha coragem de se declarar para ela e receber um belo não, então preferia deixar as coisas como estavam, era melhor tê-la como melhor amiga do que não tê-la perto de si.
Adentraram a escola assim que o sinal tocou, indicando que eles deveriam ir para suas respectivas salas, e assim eles o fizeram, ela se sentando na penúltima carteira da fileira da janela, e ele atrás, na última. Não deu tempo de conversarem sobre qualquer outra coisa, pois logo o professor de álgebra entrou na sala para começar mais uma aula naquela semana.
Todos pegavam seus materiais e abriam o livro como o professor havia ordenado, quando puderam ouvir leves batidas à porta, era Adeline, a secretária da escola, que trazia consigo um rapaz, mas que não podia ser identificado. Adeline sussurrou algumas coisas para o professor, que assentiu. O garoto que a acompanhava finalmente adentrou a sala, mostrando sua face com um ar imponente, fazendo com que todas as meninas direcionassem seu olhar a ele e suspirassem, ele tinha uma mistura de bad boy com mocinho de novela mexicana. O fato era que ninguém conseguia desgrudar os olhos dele, mas diante de tantos olhares sobre si, ele só retribuiu um, o de . Ela arfou com o olhar dele sobre si, e suspirou quando ele se sentou ao seu lado com um sorrisinho de lado, será que seu príncipe encantado havia chegado? Ela torcia que fosse, afinal, aquele garoto misterioso era um gato.
***
– Você viu como ele me olhou, ? – ela segurava no braço do amigo, enquanto ambos andavam em direção ao refeitório. – Eu fiquei em choque.
– Eu não vi nada demais, , acho que você está delirando. – a amiga revirou os olhos.
– Eu tenho certeza, eu não estou louca, senti aquele olhar sobre mim… – ela o encarou. – Nossa, você sempre me derrotando, , não dá vontade de falar nada para você! – bufou audivelmente. Ela ia se virando para sair, quando ele segurou o braço dela, impedindo-a e a abraçou ternamente.
– Me desculpa, eu só não quero que você se machuque, . – deu um beijo na testa dela, a fazendo fechar os olhos com o gesto.
– Tá desculpado, mas eu não vou me machucar, fica tranquilo. – alisou o rosto dele. Foi possível escutar o sinal, indicando que estava na hora de retornarem para suas salas. – Tenho física agora, nos falamos depois.
– Tá, me espera na hora de ir embora. – ela negou com a cabeça, o sacaneando. Era meio óbvio que ela o esperaria, ela sempre o esperava para ir embora.
entrou na sala e se sentou no local ao qual estava habituada, foi pegando os livros e os abrindo conforme sabia que seria pedido pelo professor. Ela pegou o celular e começou a mexer enquanto o professor não aparecia, sentiu quando um vulto passou rapidamente e sentou-se ao seu lado.
– Oi. – ouviu uma voz grave direcionada a si, ela levou um susto e levantou o olhar e embasbacou, era o garoto novo falando com ela. Ela não sabia se surtava, chorava ou respondia.
– É… Oi! – depois de muito gaguejar ela conseguiu formular o singelo cumprimento.
– Eu não conheço ninguém aqui e lembrei de você da aula de álgebra… – se sentiu hiperventilar, ela sabia que não estava louca, ele realmente a encarava. – Me chamo e você é a… ?
– Me chamo . – ela abriu um sorriso tímido. – Você tem um sotaque diferente, você sempre morou aqui em Coneticcout?
– Está tão na cara assim? – ela riu, assentindo. – Na verdade não, eu vim de um lugar um pouco mais distante, já ouviu falar do Peru?
– Claro que sim, Machu Pichu, Lima, morro de vontade de conhecer… – ele assentiu.
– Lá é muito lindo mesmo, você acredita que sou peruano e nunca conheci Machu Pichu? – ele riu.
– Então você não é peruano de verdade. – ela arrancou gargalhadas dele.
– Mas que abuso, sua americanazinha, em minha defesa muito peruano não conhece lá. – ele fingiu mágoa, ela riu. Foram interrompidos pelo professor da matéria que entrou na sala de aula.
– Bom dia, vamos lá, turma? – o professor já foi pegando o apagador e escrevendo algumas coisas no quadro. Olhou em direção a sala, enxergando por ali. – Hum… temos rostinho novo por aqui? – apontou em direção ao rapaz que tentava se esconder atrás de , que prendia o riso. – Venha se apresentar aos seus novos colegas.
– Ah, não precisa, professor, por favor… – mordeu os lábios.
– Não se acanhe, venha. – lhe deu um empurrão e ele caminhou a passos lerdos até a frente da sala, passando mais uma vez vergonha por ali. E ele sabia bem que aquilo era só o começo…
Era perceptível o quão inocente era, afinal ela ainda sonhava com príncipes encantados, que o primeiro beijo tinha que ser com o garoto ideal, e que aquele seria o cara ao qual ela levaria para vida toda. era mesmo presa fácil...
– Ele tem um jeito diferente, , queria mesmo que você entendesse… – ela suspirou enquanto encarava o amigo que fazia uma careta. – Eu acho que eu gosto mesmo dele.
– Mas não faz nem um mês que ele está aqui e você já gosta dele assim?
– As coisas do coração a gente não entende, simples assim. Eu me apaixonei por ele no momento em que ele entrou naquela sala de aula todo imponente e…
– Tá, eu já sei dessa história toda não precisa repetir. – ele revirou os olhos.
– Bobo. – o deu um empurrão, rindo levemente. – Estamos evoluindo cada vez mais… Ele me convidou para sair hoje a noite e eu aceitei, mas estou muito nervosa porque, , é um encontro! – ela pulava eufórica.
– Eu não sei explicar, eu só… – ficou pensativo. – Eu o acho muito perfeitinho, não me inspira confiança e você com ele não me agrada em nada. – ela revirou os olhos.
– Você está é com ciúmes e por isso não levo a sua opinião a sério. – apertou a bochecha do amigo.
– Não estou, é que sei lá, eu não confio mesmo nele.
– É ciúmes e ponto. – antes que contestasse, ela o cortou. – Ele veio de um país diferente, não custa nada. Outra coisa, ele jamais, jamais mesmo vai destruir o que a gente tem, ok? Você é meu melhor amigo e nada nesse mundo vai mudar isso, então sem preocupações tolas. – ela fez um olhar pidão. – Dê uma chance a ele, você vai ver que ele é muito divertido.
– Tá certo, eu vou pensar sobre, só me prometa que vai devagar com ele, tá? – ela assentiu com um pequeno sorriso.
– Eu prometo se você prometer que dará uma chance a ele. – levantou as mãos esperando que. batesse, ele suspirou fundo, mas bateu na mão da amiga.
Sua mãe entrou no quarto a avisando que o rapaz a esperava. Ela checou mais uma vez no espelho sua aparência e ainda não estava 100% satisfeita, mas decidiu que era o que dava para fazer. Quando descia as escadas, se deparou com aos pés da mesma, suspirou fundo quando o avistou, ele estava incrivelmente gato.
Ela o cumprimentou rapidamente. Se despediu dos pais dizendo que voltaria antes das 22 horas conforme lhe foi ordenado. – Então, para onde vamos? – perguntou visivelmente interessada.
– Bom, eu pensei de darmos uma volta, conversamos, comemos pipoca, o que acha? – ele comentou. Na verdade, ele não tinha muito dinheiro para levá-la para algum lugar, então ficar pelos arredores do bairro era a única coisa que dava.
– Não, está tudo bem. – ela sorriu. Para ela qualquer lugar em que ele estivesse era perfeito.
Eles foram caminhando em uma conversa leve, próximo ao comércio principal do bairro, que não ficava muito longe da casa da moça. Sentaram-se e continuaram a conversar, a estudava, sabia que era bonito, mas o intrigava, não sabia se a garota o correspondia.
– Até hoje minha mãe não me deixa ficar sozinha com os pratos dela, morre de medo que eu quebre todos de uma vez de novo... – ela riu, riu por ela rir. A verdade é que ela falava, falava e ele não escutava uma palavra sequer, tudo o que lhe prendia a atenção era o jeito como ela gesticulava, a forma como seu peito subia e descia devido a sua respiração. Estava hipnotizado.
– , você é linda, sabia? – ele decidiu se arriscar de uma vez, tinha a convidado para sair com segundas intenções mesmo e a conversa que falavam já não fazia mais nenhum sentido na cabeça dele.
– Obrigada. – ela respondeu envergonhada, colocando o cabelo atrás da orelha. Quando ela levantou os olhos, pode ver bem próximo de seu rosto.
– Sabe qual é minha vontade nesse momento? – ele a encarava intensamente.
– ... – ela respondeu com um fio de voz, sabia o que viria a seguir, ansiava por aquele momento a vida toda e seria com alguém que ela gostava. – Espera… – ela tinha os olhos presos aos dele. – Eu sei o que você quer, mas eu nunca beijei ninguém na vida. – respondeu envergonhada. – Tenho medo de fazer algo errado.
– Você é mesmo diferente de tudo o que eu já vi, isso é mesmo muito legal. – ela mordeu os lábios. – Você quer me beijar? – ela assentiu com a cabeça – Então copia os meus movimentos.
Ele se aproximou e apenas encostou os lábios aos dela. No início fora um selinho, mas que foi se transformando em um beijo de verdade quando o rapaz introduziu a língua dele na boca dela, de fato o copiava, meio incerta e tímida. Não soube quanto tempo aquele beijo durou, mas tinha sido o suficiente para deixar ambos ofegantes.
– O que achou? – ele perguntou curioso.
– Eu achei incrível, acho válido repetirmos para eu ficar experiente, sabe? – ele gargalhou a trazendo para si, e a beijando novamente.
Então dai você já pode imaginar que um namoro não seria tardio a acontecer, e de fato não foi, em um mês, mas especificamente, um mês e meio me deu a péssima notícia de que havia aceitado o pedido de namoro de . Eu fiquei muito chateado com tudo, mas era aquilo, o cara chegou e fez aquilo que eu nunca tinha tido coragem de fazer, a culpa não era dele, era mesmo minha.
O fato foi que o início do namoro as coisas eram perfeitas, ele demonstrava ser um cara legal, ela estava nas nuvens e eu por amá-la ficava feliz pela felicidade dela. Mas com o tempo, isso foi acabando, a máscara dele foi se esvaindo e o conto de fadas de estava ruindo.
e estavam fazendo um trabalho de história juntos naquela aula, valia só um ponto, mas era sempre bom se garantir.
– Você está tão quieta, , você tá bem? – ela suspirou afirmando com a cabeça.
– Estou sim, não é nada demais. – deu de ombros com um sorriso forçado, ele a conhecia bem, sabia quando ela mentia para ele.
– Me conta, sou seu amigo, ou não sou? – ele a pressionou, e ela suspirou fundo, detestava como o amigo a conhecia.
– Está bem, eu falo. – ele fez um gesto com as mãos para que ela prosseguisse. – … – mordeu os lábios. – Eu o convidei para ir jantar na minha casa fim de semana mais uma vez, ele negou de novo, dizendo que não estava preparado para tal ato. Poxa, já estamos namorando há quase quatro meses, e… – negou com a cabeça. – , é errado eu querer que ele conheça meus pais? Seja sincero.
– Eu não acho, , acho até que é natural isso, seus pais devem estar curiosos, afinal, a filhinha deles está namorando.
– Sim, você não tem ideia do quanto eles estão cobrando em conhecê-lo, eu já não sei mais que desculpas para dar a eles. – ele suspirou, maldita hora que havia perguntado, não conseguia gostar desse cara.
– Bom, você já falou tudo isso para ele? Das cobranças que você anda recebendo de seus pais? – ela negou com a cabeça. – Então fala, , abre o coração para ele.
– Tem razão, você é incrível, sabia? Não sei o que eu faria sem você na minha vida. – ela o abraçou apertadamente, fechou os olhos, curtindo o abraço. Não viram que o sinal que indicava o fim daquela aula havia tocado, passou na sala da namorada e não gostou nada da cena que viu, tinha os olhos fechados enquanto abraçava o amigo. Amigo…
– Atrapalho algo? – os interrompeu de forma irônica. Eles se separaram abruptamente assustados com a interrupção daquele momento.
– Você sabe que não, amor. – se levantou, recolhendo seu material. – Que ideia. – resolveu que ignoraria a reação de .
– Hum… – o único comentário emitido por seu namorado fora esse, extremamente sem graça, acenou a e saiu de uma vez da sala. segurou firmemente no braço dela. – Eu já te falei que eu não gosto que você fique sozinha com esse cara, você se faz de sonsa.
– Você está me machucando, . – ele afrouxou o aperto no braço dela. – Você nunca falou assim comigo. – ela comentou magoada.
– Me desculpa, me desculpa. – ele alisava o braço dela que havia ficado vermelho com o aperto dado. – É que esse me tira do sério, cheio de graça com você.
– Não tem nada a ver, ok? Somos amigos a vida toda, não existe nada entre nós, quero que você respeite minha amizade com ele. Promete?
– Sim, eu prometo. – ele suspirou fundo, a abraçando de lado, e juntos foram para o intervalo.
Vocês acham que aquele foi o único episódio sinistro de ciúmes? Na verdade não, as coisas começaram a ficar mesmo complicadas… foi se mostrando um cara bem possessivo e o pior, é que quando eu resolvi fazer algo, a escolha de me quebrou em vários pedacinhos.
Naquela tarde de domingo, havia convidado para que pudessem estudar juntos para a prova de química que teriam naquela semana, haviam combinado na pracinha do condomínio ao qual ela morava, estava um dia quente, então fariam um piquenique também. havia comunicado ao namorado, sabia que devia satisfações a ele e sabia que o mesmo morria de ciúmes de , mas ela não se afastaria do amigo, ou deixaria de fazer coisas desse tipo por conta disso.
– Denomina-se elemento químico um conjunto de átomos que têm o mesmo número de prótons em seu núcleo atômico, ou seja, o mesmo número atômico. – fechou os olhos, derrotado. – De acordo com as propriedades físicas e químicas, os elementos podem ser classificados em três categorias maiores de metais, metaloides e ametais. Os metais são geralmente brilhantes, sólidos altamente condutores que formam ligas com um ou outro sal como compostos iônicos com ametais.
– A gente não podia só comer mesmo as iguarias da sua mãe e deixar a química e a tabela periódica de lado? – revirou os olhos.
– Nada disso, mocinho, estudos são estudos. – ele piscou repetidamente forçando uma carinha fofa para a amiga.
– Sabe do que você tá precisando, , por me negar comida? – ela negou já rindo, prevendo que viria.
– Você para, , não se atreva. – ela ria com a cara maligna que ele fazia.
– Eu vou acabar com a cara desse idiota! – chegou de supetão, interrompendo o momento dos amigos e tentou avançar em .
– , meu Deus! – arregalou os olhos, se levantando de uma vez antes que algum problema pudesse surgir dali.
– Vem, estou aqui te esperando, machão. – o incitava, ele estava transtornado e com muita raiva. – Idiota. Não tá rolando nada demais aqui, e eu somos amigos, porra.
– Por favor, chega! Só estávamos estudando, meu amor! – ela tentava controlar os ânimos, mas era uma tarefa difícil.
– Cala a boca, ! Você é uma vadia. Fica fazendo doce para transar comigo, porque quer dar para esse cara aí. – já chorava a essa altura, nunca havia se sentido tão ofendida.
– Meu amor, por favor, não diga essas coisas… – foi tudo muito rápido. Quando ouviu todas as coisas que disse, partiu para cima dele.
– Nunca se dirija a ela dessa forma, seu imbecil. – a cada palavra proferida, dava um soco no rosto de .
começou a gritar por ajuda, foram aparecendo algumas pessoas e tiraram de cima de , o primeiro sem nenhum arranhão, já o segundo pingando sangue. Ela correu para ajudar , que estava mesmo precisando, ele estava horrível, com certeza havia aberto o supercílio.
– Você me ama, ? – ela o encarava ternamente.
– Sim, te amo muito. – acariciou seus cabelos, enquanto eu o ajudava a se sentar no gramado, com ele reclamando de dores. – Vamos ao médico, ok? – a olhava de olhos arregalados, sabia que ele a questionava, ela tinha conhecimento que havia a chamado de vadia, e dito coisas horríveis a ela, mas ele estava de cabeça cheia, ele era um bom rapaz, certo? Só estava com ciúmes e havia levado a pior.
– Se você me ama do jeito que diz que ama então chegou a hora de você escolher: eu ou esse ai? – ela ficou pálida, não esperava por isso, como assim teria que escolher um deles? Ela amava os dois, de formas diferentes, mas amava.
– , para já com isso, por favor! Eu não vou escolher nada. Vamos ao hospital, sim? – ele a empurrou levemente, negando com a cabeça como uma criança birrenta. a encarava, ela tinha os olhos marejados, porque no fundo ele sabia que ela hesitava, e também sabia que dali boa coisa não sairia. o amava, ele era seu melhor amigo, mas ainda sim, ele não era suficiente.
– Só saio daqui depois que você me responder. – ela não conseguia decidir.
– Eu... – olhava para ambos. – Eu... – a interrompeu.
– Anda, , ou eu, ou esse aí! – ela sabia que precisava responder algo, a cada minuto sangrava mais, mais, e aquilo com certeza não era bom.
– , vai embora, por favor... – sentiu o coração se esmagar com o olhar que lhe direcionou, mas ela não tinha escolha, precisava de cuidados médicos, ele precisava dela.
– , você prefere ficar com um cara que te humilha, diz coisas que faz parte do particular de vocês, a mim que sou seu melhor amigo? Eu simplesmente não posso acreditar nisso. Você fez tua escolha, não me procura mais! – recolheu seu material com fúria, e se foi dali deixando uma com lágrimas pela face.
– , por favor, espera! – ela tentou impedir que ele saísse dessa forma.
– , deixa esse mané. – e ela o deixou, aquilo doía nela, mas ela não tinha escolha, ela precisou escolher, precisava de ajuda médica, esperava poder consertar as coisas depois com ele.
– Vamos agora ao hospital, por favor? – ele assentiu.
– Finalmente você agora é só minha, gosto assim! – ele se levantou com a ajuda dela e suspirou fundo, talvez não fosse tão ruim assim ter somente em sua vida.
E eu me afastei mesmo dela, ela tentou falar comigo na segunda-feira, mas a ignorei, é por isso que eu sempre digo que tenho uma parcela de culpa grande por ela estar deitada nessa cama, o fato foi que presenciou algo ao qual a fez estar aonde está agora…
se sentia cada vez mais triste, o fato foi que não se lembrava como era sua vida depois que não tinha mais a amizade de , era estranho se levantar para tomar café e não ter seu melhor amigo lá, era estranho caminhar todos os dias para a escola sem sua companhia. As aulas de química, biologia e história eram estranhas sem ele por perto.
Ela havia tentado se aproximar, mas ele estava convicto, não queria mais conversa com ela, e aquilo a magoou, e ela não podia se aproximar mais, pois havia prometido a que não o faria. … a cada dia mais estranho, e aquilo a perturbava, não reconhecia aquele menino fofo e legal com o qual ela namorava agora. Pareciam pessoas tão distintas.
havia lhe dito coisas horríveis, mas ele a pediu desculpas, disse que ia mudar e não falaria coisas desse tipo com ela. Ela tentava transar com ele, mas sempre algo surgia, e ela recuava, não se sentia pronta para isso, e ele não a respeitava e a forçava. As vezes ela ameaçava terminar com ele, mas logo ele pedia desculpas e a briga era esquecida, era de fato um círculo vicioso, um círculo ao qual ela não conseguia mais sair.
O sinal para o fim da aula daquele dia havia tocado, e ela agradeceu imensamente, pegou suas coisas e foi embora, tudo o que ela mais queria era sair dali, ficar no mesmo ambiente em que estava sem conseguir trocar uma palavra sequer com o amigo a perturbava. Assim que saiu da sala, encontrou como um cão de guarda a esperando. Trocaram um selinho casto, passou o braço pelo ombro dela de forma bem firme, que chegou a machucá-la.
– Você não conversou com esse babaca mais mesmo, não é? – ela fez uma careta, tentando se desvencilhar daquele aperto, mas em vão.
– Você está me machucando, . – ela tentou mais vez se soltar, mas não obteve êxito.
– Me responde! – ele intensificou ainda mais a força na mão, a fazendo gemer de dor.
– Não, eu não falei mais com ele. – ele afrouxou o toque com um grande sorriso.
– Muito bem, melhor assim. – a trouxe para si, lhe dando um selinho demorado, prendeu a respiração, esperando para que aquele momento acabasse de uma vez.
– A gente vai ficar juntos hoje? – ela suspirou, tentando esquecer aquele momento, ele não fazia por mal, afinal, ele só tinha muito ciúme.
– Você vai me dar o que eu quero? A gente tá junto há um tempão e não transa. – ela respirou fundo, negando.
– Você precisa respeitar meu tempo, eu ainda não estou pronta… – o encarava aflita.
– E quando você vai ficar pronta, hein? Quando completar 100 anos? Porra, , você não facilita. Se eu te trair, não quero choro, sou homem e tenho as minhas necessidades!
– Por favor, , não fala assim, eu juro que não vou demorar mais, eu só… – ela sentiu os olhos marejarem. – Tenha paciência.
– Eu não tenho mais! – ele saiu pela frente a deixando para trás. – Hoje eu não quero te ver mais, só me procura quando for para gente transar, entendeu?
– … – ela fechou os olhos, e sentiu quando grossas lágrimas descerem deles. Se ela não transasse com ele ela o perderia, ela não podia perdê-lo, bem ou mal, ele tinha razão, tinha suas necessidades e precisava transar.
Limpou as lágrimas de uma vez, e foi a caminho de casa, tomaria um banho, se arrumaria, e iria até a casa do namorado, hoje ela perderia a virgindade com ele.
havia parado em frente ao local, suspirou fundo, foi até a campainha, na hora de apertar, se retraiu. Ela estava nervosa, por fim. Ela sabia que era o certo, devia fazer isso pelo namorado, mas não se sentia plenamente a vontade. Contou até três mentalmente e tocou a campainha. Escutou passos vindos de lá e quando a porta foi aberta sua cara foi no chão, uma garota que vestia a camiseta de seu namorado a abordou na porta.
– Pois não? – a moça sorriu simpática, e petrificou, não, não podia ser o que ela estava imaginando. – Oi? O gato comeu sua língua? – a moça brincou, com um sorriso terno.
– Eu… – não conseguia falar, era difícil fazer uma frase com nexo. – Você e o ...? – ela sibilou com as mãos um gesto que dizia se os dois estavam juntos.
– A gente tem um lance há um tempão, mas quem é você? – e escutar aquilo foi como se facadas furassem o seu coração.
– Quanto tempo vocês… – sentiu a voz embargar, mas respirou fundo. – Tem esse lance?
– Bom, nós somos vizinhos então, desde que ele veio do Peru para cá, mas me diga? Quem é você? – era nítido que a moça não sabia de nada, que ela também era inocente nas mãos de , queria sumir de uma vez. Era muita dor.
– Eu achava que era a namorada dele, mas… Eu acho que não sou. – deu um sorriso, que mais saiu como uma careta.
– Ah, meu Deus. – a moça colocou as mãos a boca, completamente surpresa.
– Quem é, Ashley? – apareceu na porta e ficou surpreso com quem estava ali. – ? Porra, o que você está fazendo aqui?
– Eu… Vim para que a gente pudesse conversar, eu estava pronta, mas, – ela mordeu os lábios, tentando conter as lágrimas – , você brincou comigo, eu abdiquei de coisas para que você estivesse ao meu lado, eu relevei suas crises de ciúmes, porque eu sabia que no fundo você não era assim, mas você está com essa moça e comigo ao mesmo tempo, você é podre.
– Para de draminha, eu te disse que não queria choro se eu te traísse, você sabe que eu sou homem, tenho minhas necessidades.
– , pelo amor de Deus, você não vale nada. A gente tem um lance aberto, e por mim você faz o que você quiser, mas você namorava sério essa menina.
– Não se mete, Ashley… – ele a cortou, ela o encarava boquiaberta.
– Chega, eu não quero escutar suas desculpas, ou que você tem suas necessidades, eu vou embora, não vou gastar saliva com você… – uma lágrima escorreu de seus olhos. – Acabou! Eu não quero mais te ver. – empalideceu, como assim? Ela não podia ir embora assim.
– , me perdoa, vida, eu agi errado, mas… – negou com a cabeça, segurando as mãos em seus ouvidos.
– Cala a boca! Não fala nada. Me deixa em paz, me deixa em paz. – ela repetia inúmeras vezes isso, enquanto as lágrimas embaçavam sua face, ela saiu de frente da casa dele desnorteada, sentia-se o pior dos seres humanos do mundo, sentia-se um lixo...
Agora aqui está ela, deitada nessa cama. Com a história toda esclarecida, eu finalmente posso dizer o que fez parar aqui nessa cama de hospital, ela havia tentado contra a própria vida. Eu sinto tanto, tanto que ela tenha chegado a esse ponto.
Tudo o que ela queria era uma história de amor, ela queria ser amada, e tudo o que conseguiu foi se afogar em um lixo de ser humano. Eu a assisti, eu acompanhei parte dessa história, e eu a abandonei… Agora você consegue entender por que eu me sinto tão culpado?
mexia-se na cama, estava finalmente acordando depois de tanto tempo assim, eu não saía de seu lado desde que descobri tudo, de um lado da cama era sua mãe e do outro era eu. Ela piscou os olhos repetidas vezes, até por fim conseguir abri-los. Nesse momento só estava eu no quarto, dona Dulce havia ido tomar um café.
– ? – ela perguntou com a voz fininha.
– Sim, sou eu, eu estou aqui, e nunca mais vou te deixar sofrer, eu juro. – ela abriu um sorriso simples, que não atingiu seus olhos, mas estava tudo bem, eu cuidaria da minha garotinha. – Eu juro que eu não vou te decepcionar. – beijei a sua testa, e senti apertar nossas mãos que estavam unidas.
Ela ia superar, e eu estarei ao lado dela pronto para que ela pudesse seguir em frente. Tudo ao seu tempo.
O despertador tocou, não tinha mais escapatória, teria que levantar agora, já era a terceira vez que o mesmo tocava e ela o colocava no modo soneca. Espreguiçou-se na cama, era quinta-feira, um dos piores dias da semana de acordo com ela, sua explicação era simples: existia uma enorme expectativa para sexta-feira, mas ainda não era sexta e aquilo era frustrante. Resolveu levantar de uma vez, não tinha mais como adiar. Fez sua higiene matinal, e saiu do quarto já trocada e arrumada para a escola. Encontrou sua mãe sentada tomando café e rindo enquanto mexia no celular, provavelmente vendo algum meme de cachorro ou gato no feed de notícias do facebook,, era sempre assim.
– Bom dia, mãe. – deu um beijo na mais velha, se sentando ao lado dela enquanto se servia de café com leite.
– Querida! – sorriu, deixando o celular de lado. – Meu Deus, que cara é essa, meu amor? – a mãe zombou da filha.
– Você sabe o quanto eu odeio ir a escola, mãe. – suspirou. – Falta muito para chegar ano que vem e eu finalmente me livrar desse tormento? – antes que a mãe pudesse responder, a porta da sala se abriu e sem qualquer aviso prévio entrou na casa. Ele deu um beijo estalado em Dulce, a qual ele chamava de tia e na melhor amiga.
– Querida, já te adianto que a faculdade é bem pior que a escola, então aproveite enquanto há tempo, não queira ser adulta antes da hora, se divirta, ria, beije na boca...
– Essa parte de beijar na boca eu concordo, queria eu beijar essa boquinha linda, mas ela não me dá condições, tia. – Dulce gargalhou da cara constrangida que a filha fez.
– Idiota! – resmungou, arrancando risadas de ambos. sempre que podia cantava a amiga, mas ela nunca o levava a sério, afinal sabia que ele era muito mulherengo. Ele não era o seu príncipe encantado, ela saberia quando ele chegasse, ela havia idealizado aquele momento. Parecia tolice aos olhos dos outros, mas sempre foi uma garota sonhadora, tanto que com seus 17 anos, não havia beijado ninguém na boca, para ela precisava haver sentimentos pela pessoa.
– Tia, hoje eu não tomei café em casa, será que eu poderia… – a mãe da moça o cortou.
– Claro que sim, , você já é de casa, meu amor. São quantos anos mesmo de amizade? – ele sorriu se aproximando de a fim de cumprimentá-la.
– Dez anos aguentando esse ser humano. – abraçou a cabeça da amiga apertadamente, causando irritação nela e a fazendo lhe desferir alguns tapas no braço. – Quando ele não toma café aqui, mãe? É um folgado mesmo. – revirou os olhos. se direcionou ao lugar ao qual estava habituado a sentar-se e deu de ombros, mostrando a língua a e sem rodeios começou a se servir.
O café da manhã aconteceu regrado por muitas conversas e após o término os dois foram juntos para a escola. Era sempre assim a rotina daqueles dois, passava na casa dela, tomava café e juntos iam para a escola. Sem sombra de dúvidas eram melhores amigos um do outro, apesar de não enxergá-la apenas como amiga. Sim, o rapaz tinha um abismo por ela, e por isso lançava as cantadas engraçadinhas, mas nunca era levado a sério. Ele também não tinha coragem de se declarar para ela e receber um belo não, então preferia deixar as coisas como estavam, era melhor tê-la como melhor amiga do que não tê-la perto de si.
Adentraram a escola assim que o sinal tocou, indicando que eles deveriam ir para suas respectivas salas, e assim eles o fizeram, ela se sentando na penúltima carteira da fileira da janela, e ele atrás, na última. Não deu tempo de conversarem sobre qualquer outra coisa, pois logo o professor de álgebra entrou na sala para começar mais uma aula naquela semana.
Todos pegavam seus materiais e abriam o livro como o professor havia ordenado, quando puderam ouvir leves batidas à porta, era Adeline, a secretária da escola, que trazia consigo um rapaz, mas que não podia ser identificado. Adeline sussurrou algumas coisas para o professor, que assentiu. O garoto que a acompanhava finalmente adentrou a sala, mostrando sua face com um ar imponente, fazendo com que todas as meninas direcionassem seu olhar a ele e suspirassem, ele tinha uma mistura de bad boy com mocinho de novela mexicana. O fato era que ninguém conseguia desgrudar os olhos dele, mas diante de tantos olhares sobre si, ele só retribuiu um, o de . Ela arfou com o olhar dele sobre si, e suspirou quando ele se sentou ao seu lado com um sorrisinho de lado, será que seu príncipe encantado havia chegado? Ela torcia que fosse, afinal, aquele garoto misterioso era um gato.
– Eu não vi nada demais, , acho que você está delirando. – a amiga revirou os olhos.
– Eu tenho certeza, eu não estou louca, senti aquele olhar sobre mim… – ela o encarou. – Nossa, você sempre me derrotando, , não dá vontade de falar nada para você! – bufou audivelmente. Ela ia se virando para sair, quando ele segurou o braço dela, impedindo-a e a abraçou ternamente.
– Me desculpa, eu só não quero que você se machuque, . – deu um beijo na testa dela, a fazendo fechar os olhos com o gesto.
– Tá desculpado, mas eu não vou me machucar, fica tranquilo. – alisou o rosto dele. Foi possível escutar o sinal, indicando que estava na hora de retornarem para suas salas. – Tenho física agora, nos falamos depois.
– Tá, me espera na hora de ir embora. – ela negou com a cabeça, o sacaneando. Era meio óbvio que ela o esperaria, ela sempre o esperava para ir embora.
entrou na sala e se sentou no local ao qual estava habituada, foi pegando os livros e os abrindo conforme sabia que seria pedido pelo professor. Ela pegou o celular e começou a mexer enquanto o professor não aparecia, sentiu quando um vulto passou rapidamente e sentou-se ao seu lado.
– Oi. – ouviu uma voz grave direcionada a si, ela levou um susto e levantou o olhar e embasbacou, era o garoto novo falando com ela. Ela não sabia se surtava, chorava ou respondia.
– É… Oi! – depois de muito gaguejar ela conseguiu formular o singelo cumprimento.
– Eu não conheço ninguém aqui e lembrei de você da aula de álgebra… – se sentiu hiperventilar, ela sabia que não estava louca, ele realmente a encarava. – Me chamo e você é a… ?
– Me chamo . – ela abriu um sorriso tímido. – Você tem um sotaque diferente, você sempre morou aqui em Coneticcout?
– Está tão na cara assim? – ela riu, assentindo. – Na verdade não, eu vim de um lugar um pouco mais distante, já ouviu falar do Peru?
– Claro que sim, Machu Pichu, Lima, morro de vontade de conhecer… – ele assentiu.
– Lá é muito lindo mesmo, você acredita que sou peruano e nunca conheci Machu Pichu? – ele riu.
– Então você não é peruano de verdade. – ela arrancou gargalhadas dele.
– Mas que abuso, sua americanazinha, em minha defesa muito peruano não conhece lá. – ele fingiu mágoa, ela riu. Foram interrompidos pelo professor da matéria que entrou na sala de aula.
– Bom dia, vamos lá, turma? – o professor já foi pegando o apagador e escrevendo algumas coisas no quadro. Olhou em direção a sala, enxergando por ali. – Hum… temos rostinho novo por aqui? – apontou em direção ao rapaz que tentava se esconder atrás de , que prendia o riso. – Venha se apresentar aos seus novos colegas.
– Ah, não precisa, professor, por favor… – mordeu os lábios.
– Não se acanhe, venha. – lhe deu um empurrão e ele caminhou a passos lerdos até a frente da sala, passando mais uma vez vergonha por ali. E ele sabia bem que aquilo era só o começo…
Era perceptível o quão inocente era, afinal ela ainda sonhava com príncipes encantados, que o primeiro beijo tinha que ser com o garoto ideal, e que aquele seria o cara ao qual ela levaria para vida toda. era mesmo presa fácil...
– Ele tem um jeito diferente, , queria mesmo que você entendesse… – ela suspirou enquanto encarava o amigo que fazia uma careta. – Eu acho que eu gosto mesmo dele.
– Mas não faz nem um mês que ele está aqui e você já gosta dele assim?
– As coisas do coração a gente não entende, simples assim. Eu me apaixonei por ele no momento em que ele entrou naquela sala de aula todo imponente e…
– Tá, eu já sei dessa história toda não precisa repetir. – ele revirou os olhos.
– Bobo. – o deu um empurrão, rindo levemente. – Estamos evoluindo cada vez mais… Ele me convidou para sair hoje a noite e eu aceitei, mas estou muito nervosa porque, , é um encontro! – ela pulava eufórica.
– Eu não sei explicar, eu só… – ficou pensativo. – Eu o acho muito perfeitinho, não me inspira confiança e você com ele não me agrada em nada. – ela revirou os olhos.
– Você está é com ciúmes e por isso não levo a sua opinião a sério. – apertou a bochecha do amigo.
– Não estou, é que sei lá, eu não confio mesmo nele.
– É ciúmes e ponto. – antes que contestasse, ela o cortou. – Ele veio de um país diferente, não custa nada. Outra coisa, ele jamais, jamais mesmo vai destruir o que a gente tem, ok? Você é meu melhor amigo e nada nesse mundo vai mudar isso, então sem preocupações tolas. – ela fez um olhar pidão. – Dê uma chance a ele, você vai ver que ele é muito divertido.
– Tá certo, eu vou pensar sobre, só me prometa que vai devagar com ele, tá? – ela assentiu com um pequeno sorriso.
– Eu prometo se você prometer que dará uma chance a ele. – levantou as mãos esperando que. batesse, ele suspirou fundo, mas bateu na mão da amiga.
Sua mãe entrou no quarto a avisando que o rapaz a esperava. Ela checou mais uma vez no espelho sua aparência e ainda não estava 100% satisfeita, mas decidiu que era o que dava para fazer. Quando descia as escadas, se deparou com aos pés da mesma, suspirou fundo quando o avistou, ele estava incrivelmente gato.
Ela o cumprimentou rapidamente. Se despediu dos pais dizendo que voltaria antes das 22 horas conforme lhe foi ordenado. – Então, para onde vamos? – perguntou visivelmente interessada.
– Bom, eu pensei de darmos uma volta, conversamos, comemos pipoca, o que acha? – ele comentou. Na verdade, ele não tinha muito dinheiro para levá-la para algum lugar, então ficar pelos arredores do bairro era a única coisa que dava.
– Não, está tudo bem. – ela sorriu. Para ela qualquer lugar em que ele estivesse era perfeito.
Eles foram caminhando em uma conversa leve, próximo ao comércio principal do bairro, que não ficava muito longe da casa da moça. Sentaram-se e continuaram a conversar, a estudava, sabia que era bonito, mas o intrigava, não sabia se a garota o correspondia.
– Até hoje minha mãe não me deixa ficar sozinha com os pratos dela, morre de medo que eu quebre todos de uma vez de novo... – ela riu, riu por ela rir. A verdade é que ela falava, falava e ele não escutava uma palavra sequer, tudo o que lhe prendia a atenção era o jeito como ela gesticulava, a forma como seu peito subia e descia devido a sua respiração. Estava hipnotizado.
– , você é linda, sabia? – ele decidiu se arriscar de uma vez, tinha a convidado para sair com segundas intenções mesmo e a conversa que falavam já não fazia mais nenhum sentido na cabeça dele.
– Obrigada. – ela respondeu envergonhada, colocando o cabelo atrás da orelha. Quando ela levantou os olhos, pode ver bem próximo de seu rosto.
– Sabe qual é minha vontade nesse momento? – ele a encarava intensamente.
– ... – ela respondeu com um fio de voz, sabia o que viria a seguir, ansiava por aquele momento a vida toda e seria com alguém que ela gostava. – Espera… – ela tinha os olhos presos aos dele. – Eu sei o que você quer, mas eu nunca beijei ninguém na vida. – respondeu envergonhada. – Tenho medo de fazer algo errado.
– Você é mesmo diferente de tudo o que eu já vi, isso é mesmo muito legal. – ela mordeu os lábios. – Você quer me beijar? – ela assentiu com a cabeça – Então copia os meus movimentos.
Ele se aproximou e apenas encostou os lábios aos dela. No início fora um selinho, mas que foi se transformando em um beijo de verdade quando o rapaz introduziu a língua dele na boca dela, de fato o copiava, meio incerta e tímida. Não soube quanto tempo aquele beijo durou, mas tinha sido o suficiente para deixar ambos ofegantes.
– O que achou? – ele perguntou curioso.
– Eu achei incrível, acho válido repetirmos para eu ficar experiente, sabe? – ele gargalhou a trazendo para si, e a beijando novamente.
Então dai você já pode imaginar que um namoro não seria tardio a acontecer, e de fato não foi, em um mês, mas especificamente, um mês e meio me deu a péssima notícia de que havia aceitado o pedido de namoro de . Eu fiquei muito chateado com tudo, mas era aquilo, o cara chegou e fez aquilo que eu nunca tinha tido coragem de fazer, a culpa não era dele, era mesmo minha.
O fato foi que o início do namoro as coisas eram perfeitas, ele demonstrava ser um cara legal, ela estava nas nuvens e eu por amá-la ficava feliz pela felicidade dela. Mas com o tempo, isso foi acabando, a máscara dele foi se esvaindo e o conto de fadas de estava ruindo.
e estavam fazendo um trabalho de história juntos naquela aula, valia só um ponto, mas era sempre bom se garantir.
– Você está tão quieta, , você tá bem? – ela suspirou afirmando com a cabeça.
– Estou sim, não é nada demais. – deu de ombros com um sorriso forçado, ele a conhecia bem, sabia quando ela mentia para ele.
– Me conta, sou seu amigo, ou não sou? – ele a pressionou, e ela suspirou fundo, detestava como o amigo a conhecia.
– Está bem, eu falo. – ele fez um gesto com as mãos para que ela prosseguisse. – … – mordeu os lábios. – Eu o convidei para ir jantar na minha casa fim de semana mais uma vez, ele negou de novo, dizendo que não estava preparado para tal ato. Poxa, já estamos namorando há quase quatro meses, e… – negou com a cabeça. – , é errado eu querer que ele conheça meus pais? Seja sincero.
– Eu não acho, , acho até que é natural isso, seus pais devem estar curiosos, afinal, a filhinha deles está namorando.
– Sim, você não tem ideia do quanto eles estão cobrando em conhecê-lo, eu já não sei mais que desculpas para dar a eles. – ele suspirou, maldita hora que havia perguntado, não conseguia gostar desse cara.
– Bom, você já falou tudo isso para ele? Das cobranças que você anda recebendo de seus pais? – ela negou com a cabeça. – Então fala, , abre o coração para ele.
– Tem razão, você é incrível, sabia? Não sei o que eu faria sem você na minha vida. – ela o abraçou apertadamente, fechou os olhos, curtindo o abraço. Não viram que o sinal que indicava o fim daquela aula havia tocado, passou na sala da namorada e não gostou nada da cena que viu, tinha os olhos fechados enquanto abraçava o amigo. Amigo…
– Atrapalho algo? – os interrompeu de forma irônica. Eles se separaram abruptamente assustados com a interrupção daquele momento.
– Você sabe que não, amor. – se levantou, recolhendo seu material. – Que ideia. – resolveu que ignoraria a reação de .
– Hum… – o único comentário emitido por seu namorado fora esse, extremamente sem graça, acenou a e saiu de uma vez da sala. segurou firmemente no braço dela. – Eu já te falei que eu não gosto que você fique sozinha com esse cara, você se faz de sonsa.
– Você está me machucando, . – ele afrouxou o aperto no braço dela. – Você nunca falou assim comigo. – ela comentou magoada.
– Me desculpa, me desculpa. – ele alisava o braço dela que havia ficado vermelho com o aperto dado. – É que esse me tira do sério, cheio de graça com você.
– Não tem nada a ver, ok? Somos amigos a vida toda, não existe nada entre nós, quero que você respeite minha amizade com ele. Promete?
– Sim, eu prometo. – ele suspirou fundo, a abraçando de lado, e juntos foram para o intervalo.
Vocês acham que aquele foi o único episódio sinistro de ciúmes? Na verdade não, as coisas começaram a ficar mesmo complicadas… foi se mostrando um cara bem possessivo e o pior, é que quando eu resolvi fazer algo, a escolha de me quebrou em vários pedacinhos.
Naquela tarde de domingo, havia convidado para que pudessem estudar juntos para a prova de química que teriam naquela semana, haviam combinado na pracinha do condomínio ao qual ela morava, estava um dia quente, então fariam um piquenique também. havia comunicado ao namorado, sabia que devia satisfações a ele e sabia que o mesmo morria de ciúmes de , mas ela não se afastaria do amigo, ou deixaria de fazer coisas desse tipo por conta disso.
– Denomina-se elemento químico um conjunto de átomos que têm o mesmo número de prótons em seu núcleo atômico, ou seja, o mesmo número atômico. – fechou os olhos, derrotado. – De acordo com as propriedades físicas e químicas, os elementos podem ser classificados em três categorias maiores de metais, metaloides e ametais. Os metais são geralmente brilhantes, sólidos altamente condutores que formam ligas com um ou outro sal como compostos iônicos com ametais.
– A gente não podia só comer mesmo as iguarias da sua mãe e deixar a química e a tabela periódica de lado? – revirou os olhos.
– Nada disso, mocinho, estudos são estudos. – ele piscou repetidamente forçando uma carinha fofa para a amiga.
– Sabe do que você tá precisando, , por me negar comida? – ela negou já rindo, prevendo que viria.
– Você para, , não se atreva. – ela ria com a cara maligna que ele fazia.
– Eu vou acabar com a cara desse idiota! – chegou de supetão, interrompendo o momento dos amigos e tentou avançar em .
– , meu Deus! – arregalou os olhos, se levantando de uma vez antes que algum problema pudesse surgir dali.
– Vem, estou aqui te esperando, machão. – o incitava, ele estava transtornado e com muita raiva. – Idiota. Não tá rolando nada demais aqui, e eu somos amigos, porra.
– Por favor, chega! Só estávamos estudando, meu amor! – ela tentava controlar os ânimos, mas era uma tarefa difícil.
– Cala a boca, ! Você é uma vadia. Fica fazendo doce para transar comigo, porque quer dar para esse cara aí. – já chorava a essa altura, nunca havia se sentido tão ofendida.
– Meu amor, por favor, não diga essas coisas… – foi tudo muito rápido. Quando ouviu todas as coisas que disse, partiu para cima dele.
– Nunca se dirija a ela dessa forma, seu imbecil. – a cada palavra proferida, dava um soco no rosto de .
começou a gritar por ajuda, foram aparecendo algumas pessoas e tiraram de cima de , o primeiro sem nenhum arranhão, já o segundo pingando sangue. Ela correu para ajudar , que estava mesmo precisando, ele estava horrível, com certeza havia aberto o supercílio.
– Você me ama, ? – ela o encarava ternamente.
– Sim, te amo muito. – acariciou seus cabelos, enquanto eu o ajudava a se sentar no gramado, com ele reclamando de dores. – Vamos ao médico, ok? – a olhava de olhos arregalados, sabia que ele a questionava, ela tinha conhecimento que havia a chamado de vadia, e dito coisas horríveis a ela, mas ele estava de cabeça cheia, ele era um bom rapaz, certo? Só estava com ciúmes e havia levado a pior.
– Se você me ama do jeito que diz que ama então chegou a hora de você escolher: eu ou esse ai? – ela ficou pálida, não esperava por isso, como assim teria que escolher um deles? Ela amava os dois, de formas diferentes, mas amava.
– , para já com isso, por favor! Eu não vou escolher nada. Vamos ao hospital, sim? – ele a empurrou levemente, negando com a cabeça como uma criança birrenta. a encarava, ela tinha os olhos marejados, porque no fundo ele sabia que ela hesitava, e também sabia que dali boa coisa não sairia. o amava, ele era seu melhor amigo, mas ainda sim, ele não era suficiente.
– Só saio daqui depois que você me responder. – ela não conseguia decidir.
– Eu... – olhava para ambos. – Eu... – a interrompeu.
– Anda, , ou eu, ou esse aí! – ela sabia que precisava responder algo, a cada minuto sangrava mais, mais, e aquilo com certeza não era bom.
– , vai embora, por favor... – sentiu o coração se esmagar com o olhar que lhe direcionou, mas ela não tinha escolha, precisava de cuidados médicos, ele precisava dela.
– , você prefere ficar com um cara que te humilha, diz coisas que faz parte do particular de vocês, a mim que sou seu melhor amigo? Eu simplesmente não posso acreditar nisso. Você fez tua escolha, não me procura mais! – recolheu seu material com fúria, e se foi dali deixando uma com lágrimas pela face.
– , por favor, espera! – ela tentou impedir que ele saísse dessa forma.
– , deixa esse mané. – e ela o deixou, aquilo doía nela, mas ela não tinha escolha, ela precisou escolher, precisava de ajuda médica, esperava poder consertar as coisas depois com ele.
– Vamos agora ao hospital, por favor? – ele assentiu.
– Finalmente você agora é só minha, gosto assim! – ele se levantou com a ajuda dela e suspirou fundo, talvez não fosse tão ruim assim ter somente em sua vida.
E eu me afastei mesmo dela, ela tentou falar comigo na segunda-feira, mas a ignorei, é por isso que eu sempre digo que tenho uma parcela de culpa grande por ela estar deitada nessa cama, o fato foi que presenciou algo ao qual a fez estar aonde está agora…
se sentia cada vez mais triste, o fato foi que não se lembrava como era sua vida depois que não tinha mais a amizade de , era estranho se levantar para tomar café e não ter seu melhor amigo lá, era estranho caminhar todos os dias para a escola sem sua companhia. As aulas de química, biologia e história eram estranhas sem ele por perto.
Ela havia tentado se aproximar, mas ele estava convicto, não queria mais conversa com ela, e aquilo a magoou, e ela não podia se aproximar mais, pois havia prometido a que não o faria. … a cada dia mais estranho, e aquilo a perturbava, não reconhecia aquele menino fofo e legal com o qual ela namorava agora. Pareciam pessoas tão distintas.
havia lhe dito coisas horríveis, mas ele a pediu desculpas, disse que ia mudar e não falaria coisas desse tipo com ela. Ela tentava transar com ele, mas sempre algo surgia, e ela recuava, não se sentia pronta para isso, e ele não a respeitava e a forçava. As vezes ela ameaçava terminar com ele, mas logo ele pedia desculpas e a briga era esquecida, era de fato um círculo vicioso, um círculo ao qual ela não conseguia mais sair.
O sinal para o fim da aula daquele dia havia tocado, e ela agradeceu imensamente, pegou suas coisas e foi embora, tudo o que ela mais queria era sair dali, ficar no mesmo ambiente em que estava sem conseguir trocar uma palavra sequer com o amigo a perturbava. Assim que saiu da sala, encontrou como um cão de guarda a esperando. Trocaram um selinho casto, passou o braço pelo ombro dela de forma bem firme, que chegou a machucá-la.
– Você não conversou com esse babaca mais mesmo, não é? – ela fez uma careta, tentando se desvencilhar daquele aperto, mas em vão.
– Você está me machucando, . – ela tentou mais vez se soltar, mas não obteve êxito.
– Me responde! – ele intensificou ainda mais a força na mão, a fazendo gemer de dor.
– Não, eu não falei mais com ele. – ele afrouxou o toque com um grande sorriso.
– Muito bem, melhor assim. – a trouxe para si, lhe dando um selinho demorado, prendeu a respiração, esperando para que aquele momento acabasse de uma vez.
– A gente vai ficar juntos hoje? – ela suspirou, tentando esquecer aquele momento, ele não fazia por mal, afinal, ele só tinha muito ciúme.
– Você vai me dar o que eu quero? A gente tá junto há um tempão e não transa. – ela respirou fundo, negando.
– Você precisa respeitar meu tempo, eu ainda não estou pronta… – o encarava aflita.
– E quando você vai ficar pronta, hein? Quando completar 100 anos? Porra, , você não facilita. Se eu te trair, não quero choro, sou homem e tenho as minhas necessidades!
– Por favor, , não fala assim, eu juro que não vou demorar mais, eu só… – ela sentiu os olhos marejarem. – Tenha paciência.
– Eu não tenho mais! – ele saiu pela frente a deixando para trás. – Hoje eu não quero te ver mais, só me procura quando for para gente transar, entendeu?
– … – ela fechou os olhos, e sentiu quando grossas lágrimas descerem deles. Se ela não transasse com ele ela o perderia, ela não podia perdê-lo, bem ou mal, ele tinha razão, tinha suas necessidades e precisava transar.
Limpou as lágrimas de uma vez, e foi a caminho de casa, tomaria um banho, se arrumaria, e iria até a casa do namorado, hoje ela perderia a virgindade com ele.
havia parado em frente ao local, suspirou fundo, foi até a campainha, na hora de apertar, se retraiu. Ela estava nervosa, por fim. Ela sabia que era o certo, devia fazer isso pelo namorado, mas não se sentia plenamente a vontade. Contou até três mentalmente e tocou a campainha. Escutou passos vindos de lá e quando a porta foi aberta sua cara foi no chão, uma garota que vestia a camiseta de seu namorado a abordou na porta.
– Pois não? – a moça sorriu simpática, e petrificou, não, não podia ser o que ela estava imaginando. – Oi? O gato comeu sua língua? – a moça brincou, com um sorriso terno.
– Eu… – não conseguia falar, era difícil fazer uma frase com nexo. – Você e o ...? – ela sibilou com as mãos um gesto que dizia se os dois estavam juntos.
– A gente tem um lance há um tempão, mas quem é você? – e escutar aquilo foi como se facadas furassem o seu coração.
– Quanto tempo vocês… – sentiu a voz embargar, mas respirou fundo. – Tem esse lance?
– Bom, nós somos vizinhos então, desde que ele veio do Peru para cá, mas me diga? Quem é você? – era nítido que a moça não sabia de nada, que ela também era inocente nas mãos de , queria sumir de uma vez. Era muita dor.
– Eu achava que era a namorada dele, mas… Eu acho que não sou. – deu um sorriso, que mais saiu como uma careta.
– Ah, meu Deus. – a moça colocou as mãos a boca, completamente surpresa.
– Quem é, Ashley? – apareceu na porta e ficou surpreso com quem estava ali. – ? Porra, o que você está fazendo aqui?
– Eu… Vim para que a gente pudesse conversar, eu estava pronta, mas, – ela mordeu os lábios, tentando conter as lágrimas – , você brincou comigo, eu abdiquei de coisas para que você estivesse ao meu lado, eu relevei suas crises de ciúmes, porque eu sabia que no fundo você não era assim, mas você está com essa moça e comigo ao mesmo tempo, você é podre.
– Para de draminha, eu te disse que não queria choro se eu te traísse, você sabe que eu sou homem, tenho minhas necessidades.
– , pelo amor de Deus, você não vale nada. A gente tem um lance aberto, e por mim você faz o que você quiser, mas você namorava sério essa menina.
– Não se mete, Ashley… – ele a cortou, ela o encarava boquiaberta.
– Chega, eu não quero escutar suas desculpas, ou que você tem suas necessidades, eu vou embora, não vou gastar saliva com você… – uma lágrima escorreu de seus olhos. – Acabou! Eu não quero mais te ver. – empalideceu, como assim? Ela não podia ir embora assim.
– , me perdoa, vida, eu agi errado, mas… – negou com a cabeça, segurando as mãos em seus ouvidos.
– Cala a boca! Não fala nada. Me deixa em paz, me deixa em paz. – ela repetia inúmeras vezes isso, enquanto as lágrimas embaçavam sua face, ela saiu de frente da casa dele desnorteada, sentia-se o pior dos seres humanos do mundo, sentia-se um lixo...
Agora aqui está ela, deitada nessa cama. Com a história toda esclarecida, eu finalmente posso dizer o que fez parar aqui nessa cama de hospital, ela havia tentado contra a própria vida. Eu sinto tanto, tanto que ela tenha chegado a esse ponto.
Tudo o que ela queria era uma história de amor, ela queria ser amada, e tudo o que conseguiu foi se afogar em um lixo de ser humano. Eu a assisti, eu acompanhei parte dessa história, e eu a abandonei… Agora você consegue entender por que eu me sinto tão culpado?
mexia-se na cama, estava finalmente acordando depois de tanto tempo assim, eu não saía de seu lado desde que descobri tudo, de um lado da cama era sua mãe e do outro era eu. Ela piscou os olhos repetidas vezes, até por fim conseguir abri-los. Nesse momento só estava eu no quarto, dona Dulce havia ido tomar um café.
– ? – ela perguntou com a voz fininha.
– Sim, sou eu, eu estou aqui, e nunca mais vou te deixar sofrer, eu juro. – ela abriu um sorriso simples, que não atingiu seus olhos, mas estava tudo bem, eu cuidaria da minha garotinha. – Eu juro que eu não vou te decepcionar. – beijei a sua testa, e senti apertar nossas mãos que estavam unidas.
Ela ia superar, e eu estarei ao lado dela pronto para que ela pudesse seguir em frente. Tudo ao seu tempo.
Fim!
Nota da autora: Espero que tenham gostado! Beijos <3
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.