Capítulo Único
Quando criança, era fascinada por conchas do mar. Para a "eu com seis anos de idade" as conchas eram os seres mais extraordinários do mundo, pois não importava para onde eu as carregassem elas sempre reproduziam o som do mar, o som de casa. Era como se elas simplesmente soubessem onde pertenciam e amassem tanto o mar que sempre pertenceriam a ele, não importando onde estivessem.
Imagine a minha decepção ao descobrir na quinta série que conchas, na verdade, tinham uma espécie de labirinto em espiral em seu interior, ou seja, paredes com vácuo. Lembro-me até hoje de chegar em casa, chorando por ter tido minha primeira desilusão.
Engraçado pensar que dezesseis anos se passaram desde então e agora eu me sinto exatamente como uma concha, sem nada por dentro. Eu respiro, eu tenho sentidos, tenho batimentos cardíacos, mas não sinto. Nada. Como se um labirinto em espiral se formasse dentro de mim, apenas preenchendo-me do vazio. Mas a diferença entre eu e conchas era que elas poderiam estar bem no fundo do mar. Eu as invejava por isso.
*
Frequencies so low
Heart on a string
A string that only plays solos
O homem respirou fundo, recobrando sua consciência. Passou a mão pela cama, na esperança de encontrá-la ou, ao menos, encontrar indícios de que ela esteve por ali. Entretanto, não havia nada além de espaço e a temperatura gélida do lençol, mostrando que ela não havia nem chegado perto. Fechou os olhos para impedir que os mesmos lacrimejassem, o peito pesando mesmo que ele se sentisse oco.
Ele não podia chorar. Ele tinha que se levantar, tinha que seguir em frente. Mostrar a ela que eles ainda estavam vivos, por mais que parecesse impossível. Carregado de frustação, ele se aprontou para mais um longo dia. Apesar de ser sábado, aquele dia seria tão longo quanto todos os outros – ele teria de encará-la durante todo o dia, suas respirações ferindo um ao outro. Ao entrar na sala, se deparou com uma arma apontada para si. Lá estava ela, sentada na varanda, de costas para ele. Por este fato, não se podia ver muito da sua figura. Tudo o que o homem podia ver eram seus cabelos, antes sedosos e bem cuidados, desgrenhados e sem vida. A postura da mulher denunciava que ela não havia sequer movido desde a última vez que ele a vira, na noite passada. Inacreditavelmente, fora a mesma posição em que ela se encontrava na noite retrasada, e na anterior a ela.
Suspirando, o homem foi vagarosamente de encontro a mulher, parando agachado perto da poltrona em que ela estava sentada. Ela não desviou sua atenção, sabe se lá se prestava realmente atenção em algo. Contudo, era claro a percepção dela em relação a presença do homem. Este analisou milimetricamente a feição da mulher a sua frente. Antes tão linda e radiante, em seus vinte e seis anos ninguém jamais lhe daria a idade propriamente dita, agora parecia ter envelhecido anos. Talvez fosse as olheiras tão fundas, ou os lábios – aqueles lábios que ele tanto amava – tão secos e inexpressivos, ou talvez fosse a palidez e a aparente perda de peso.
Aquela cena simplesmente o matava, de uma forma dilacerante e tortuosa. De qualquer forma, ele ainda tinha esperança de que ela o olhasse novamente, nem que só por alguns segundos. Ele tinha esperança. Talvez ela em algum momento abriria a concha em que havia se fechado. Só por alguns segundos. Ele tinha esperança.
O vazio o alfinetou novamente. Ele lambeu os lábios, optando por prender o suspiro forte dentro de si. Sentia que seu peito poderia explodir de dor a qualquer momento.
- ? – a garganta secou ao chamar a amada, uma vez que não se comunicavam há dias. – Há quanto tempo você está aí? Está tudo bem? – Não. Nada estava bem, contudo, ele ainda se preocupava com ela. – Você comeu alguma coisa? Quer que eu lhe faça algo? – aquilo era mais uma súplica do que um pedido, ambos sabiam disso. Por favor, qualquer coisa, o homem implorou com os olhos. Em vão, como sempre. Derrotado, ele permitiu que o ar finalmente entrasse em seus pulmões, levantou-se, avisando que sairia por alguns minutos, apesar de saber que ela não se importava nenhum pouco.
~*~
Tum tum. Tum tum. Tudo o que lhe era perceptível se reduzia àquilo, ouvir seus batimentos cardíacos. Os pulmões implorando por ritmo menos acelerados, de modo que o oxigênio permanecesse ali dentro por um pouco mais de tempo. As pernas doíam, tão intensa era a forma como ele as exercitava, todavia, nada que o obrigasse a diminuir aquele ritmo. Numa falsa esperança de que toda a dor que havia dentro dele se esvaísse por seus poros junto ao suor.
Aquela adrenalina que pulsava dentro dele o permitia liberar a raiva que sentia. A raiva que ele não podia demonstrar em momento algum na presença da esposa ou de qualquer um.
Ele não sabia exatamente o porquê daquele hábito recém-adquirido, só sabia que, de alguma forma, correr no píer fazia com que ele se sentisse melhor. Talvez porque era uma forma própria de dizer a si mesmo que ainda estava vivo, apesar da dor insuportável. Talvez porque o local onde o praticava, era o lugar favorito do filho. – alguns diziam que o que ele fazia era simplesmente tortura, se manter próximo as lembranças do filho perdido não fariam bem algum ao homem. E aquele lugar era puramente relacionado a Noah, mas o homem agora entendia porque o filho adorava tanto; o cheiro agradável do mar, o clima ensolarado e úmido, até mesmo a estátua desconfigurada do construtor do píer, era tudo extraordinariamente reconfortante. Gostaria ele poder convencer a esposa a ir até ali, talvez ela se sentisse melhor também – ela estava tão mal, tão inconsolável. A tristeza da mulher era tanta que ele se sentia na obrigação de manter-se firme para cuidar da amada, ele já havia perdido um grande amor, afinal.
Mas tudo o que a esposa parecia querer era tomar o mesmo rumo que o filho, a morte. Ela já havia tentado algumas vezes, nas primeiras semanas posteriores ao falecimento do pequeno Noah. O que era uma injustiça na opinião do homem. Um absurdo, na verdade. Noah não havia escolhido aquilo! Ele não havia escolhido ter tido epiglotite, muito menos havia escolhido a parada respiratória que falhou seus pequenos pulmões. tentar suicídio era quase como desonrar a vida perdida do filho, e não podia aceitar aquilo. Ele a faria lutar pela vida, por mais que ela não quisesse, ele a faria lutar pela vida que o filho não teve oportunidade de lutar. E ele não desistiria em momento algum, por mais difícil que as coisas fossem. Faria isso por Noah.
*
Under the water you scream so loud
But the silence surrounds you
But I hear it loud and you fall in the deep,
And I'll always find you
A mulher fechava e abria os olhos durante um longo período de tempo, talvez até maior do que fosse capaz de calcular, algumas horas ou até dias. Não se importava.
Escutava atenciosamente o barulho vindo da praia a alguns metros de distância. O som das ondas, o cantarolar dos pássaros... Tudo parecia tão vivo e tão errado. Não era justo! Aqueles sons que, antes tão bonitos, soavam torturantes para ela.
Ao longe, podia-se observar os passarinhos brincarem uns com os outros, piando de forma adorável. Os passarinhos eram cantorezinhos da natureza, como Noah costumava os chamar. Aquela cena, o fato de poder vê-la, fazia com que a mulher se sentisse angustiada.
Ela se sentia suja, não da forma literal, claro, pois sequer se importaria caso o fosse. Ela sentia a sujeira sob a pele, circulando por seu corpo misturada ao sangue. Uma podridão que a enraivecia loucamente. Ela era um ser podre, afinal. Seu filho está morto. Ela não. Que tipo de mãe ela era? Quando seu filho adoeceu, ela nada fez além de rezar. Ela tinha esperança. E agora tudo o que aquele maldito Senhor havia feito era ter-lhe tirado o seu bem mais precioso.
O seu menininho, o seu maior tesouro não podia mais sorrir, não podia mais brincar, nem correr, nem chorar, nem nada. Enquanto ela estava viva... Viva da forma como o seu bebê deveria estar. Ele era tão lindo, tão amoroso, tão cheio de vida. Não deveriam ter o levado.
Ele merecia uma vida incrível, uma vida longa, o álbum do ensino fundamental completo, o anuário escolar, ele merecia viver, pois nada mais era do que isto, vida. Ele era a vida de , e agora, sem o seu menino, ela não tinha porque viver.
No que se pareceu tão desconfortável, as pernas de se moveram decidas à suíte que a mesma uma vez compartilhara com o marido. Ao passar pela porta, se permitiu olhar para o quarto, havia tempo que ela não suportava ficar perto de e estar naquele ambiente significaria ter de lidar com a presença do marido. Mas ele não estava ali agora, portanto, não seria um problema. Pelo menos não até encarar o cômodo. Os lençóis bagunçados em apenas um lado da cama, lembrando-lhe que ele sofria tanto quanto ela. Mas o pior de tudo fora encarar os pequenos objetos expostos ao redor do cômodo. As fotos de Noah. As fotos sozinho, as fotos de seus aniversários, das férias em família... Fotos que antes estavam espalhadas pela casa, mas que havia tirado em algum momento do qual ela não podia se recordar. Sabia que ele o havia feito com intenção de ajudá-la a superar, a não se torturar tendo de encarar a todas aquelas lembranças. Mas quem ele era? Ele não tinha o direito de tentar fazê-la superar a morte do próprio filho. Ele não tinha o direito de escolher por ela qual caminho ela deveria tomar. E muito menos guardar aqueles objetos para si.
Num impulso, correu até aos porta-retratos, todos feitos de vidro, a maioria repousados na escrivaninha do lado oposto a cama, e os jogou ao chão com toda a força que possuía. Sequer analisava quais fotos ela provavelmente estragava, simplesmente os jogava de encontro ao chão. gritava e lançava os objetos pelas paredes, ouvindo os vidros se espatifarem com o forte atrito. Ela não queria aquilo ali, ela não queria ter que encarar as fotos do filho, não queria que os olhos do mesmo a vissem tão acabada. Ela não queria aceitar que Noah se fora. Ela não iria aceitar.
Caminhou pelo cômodo, os cacos impregnando na pele frágil de seus pés descalços, indo em direção a suíte. Sentou-se na beirada da banheira vitoriana, abrindo o seu registro ao máximo possível. Ouvindo o barulho da água bater no ferro, permitiu que as lágrimas caíssem, finalmente. O soluço que escapava pela sua garganta se transformando em berros. Tudo aquilo doía tanto.
encarou seu reflexo na água dentro do recipiente onde estava apoiada, não encontrando nada. Quem era o fantasma que ela encarava? Seus olhos não continham vida, seu rosto sequer expressava algum sentimento. Ela já estava morta por dentro.
Sentiu seu corpo deslizar para dentro da banheira, sem se incomodar com as roupas molhadas grudando em seu corpo, sem se importar com a água gelada tocando sua pele. Depois de alguns minutos, a mulher pode perceber a água transbordar para fora, ficando a altura de seus ouvidos. fechou os olhos, se concentrando no silêncio que a água em seus ouvidos lhe proporcionava... Tão convidativa. O corpo da mulher escorregando cada vez mais, sentindo o mesmo afundar lentamente. A sensação de cansaço pesando o corpo dela, impedindo-a de se mover.
Debaixo d'água, pareceu relaxar. Ali debaixo, tudo era desconexo, turvo, exatamente como ela sentia o mundo ao seu redor. Ela sentia que poderia, finalmente, descansar. As narinas ardiam, exigindo que o oxigênio entrasse em contato direto com elas. Mas parecia estar aceitando a dor que sentia, ela estava, finalmente, sentindo-se bem. Ela iria se juntar a sua criança, afinal.
A mulher já podia sentir sua consciência esvaindo, os olhos se fechando lentamente, os pequenos movimentos da água a envolvendo pelo que parecia ser a última vez, quando a imagem de surgiu a sua frente. Ele estava mesmo ali ou era só ilusão? Ao longe, podia escutar a voz do amado a chamá-la. Queria poder responder que estava tudo bem, mas tudo o que lhe importava naquele momento era a morte.
*
If my red eyes don't see you anymore
And I can't hear you through the white noise
Just send your heartbeat I'll go
To the blue ocean floor
Where they find us no more
encarava a porta do apartamento, rezando para que estivesse errado. Ele subira os degraus do pequeno edifício onde moravam se sentindo cada vez mais nervoso, ele não queria, por Deus, como não queria ter de ver a esposa sentada naquela maldita poltrona novamente. Por mais que ela mal conversasse com ele, ou fizesse quase nenhum esforço para se manter saudável, ele rezava para que ela se levantasse e resolvesse encarar as coisas.
Controlando a si mesmo, ele abriu a porta, evitando direcionar o olhar para o lugar em que sua esposa estava. Se a olhasse, não sabia o que poderia acontecer – ou ele desabaria ou enlouqueceria e a agarraria, fazendo com que ela, muito provavelmente, chorasse. Ele não queria aquilo. Mas também não queria mais ter que observar o amor da sua vida se torturando por uma fatalidade.
amava Noah tanto quanto amava e sofrera tanto quanto ela pela sua perda. Ele era seu filho, merda. Pai nenhum deveria passar pela dor de perder um filho, jamais. Era como se tivessem arrancado uma parte dele e nada naquele mundo recompensaria a maldita dor que sentia. Mas apesar de tudo, era uma dor que tivera de aprender a lidar com o tempo, e deveria aprender também. A dor também significa vida, e eles deveriam viver as suas. Por Noah.
O homem respirou fundo, juntando todo o amor que lhe restava – o amor sentido por – para olhar a esposa. Esperava que não se ferisse mais ao ter de vê-la naquela posição, se fechando para o mundo. Mas ao finalmente encarar o lugar onde ela, antes, estava, nada encontrou.
Seu coração pulou do peito, acelerando com tudo. Ela havia saído dali? Por um momento, pareceu sentir um pingo de satisfação dentro de si, mas só por um momento. Afinal, não estava completamente sã quando ele saíra. Senhor, onde ela estaria?
Ao longe, pôde ouvir o barulho d'água vindo de seu quarto. O coração saltou, novamente. Finalmente havia entrado no quarto deles? Aquilo deveria ser um sonho. Havia meses que a esposa não entrava lá, sequer passava perto – era sempre em direção ao quarto de Noah ou para a varanda na sala e vice-versa. Mas ela, agora, estava lá, no quarto deles. tentou ao máximo se conter, respeitar o espaço dela, mas ele só queria vê-la novamente (vê-la de verdade), então quando deu por si, estava correndo em direção ao cômodo em que estava.
A cena que se seguira fora algo do qual jamais queria ter presenciado na vida.
Ao chegar a porta do quarto, se deparou com uma bagunça diferente da qual ele estava acostumado. As fotos da família todas espatifadas no chão, lançadas a várias direções, espalhadas por todo o quarto. Que porra é essa, pensou assustado ou surpreso, não saberia ao certo. havia feito aquilo? Não era possível, ele se recusava a acreditar. Tudo aquilo parecia... Parecia demais para ele. O seu coração agora estava como aqueles porta-retratos, quebrados, frágil como o material deles.
- Oh Deus - a mente de pareceu finalmente se clarear, percebendo a gravidade da situação. - ? - o homem chamou a esposa, preocupado, ignorando o resultado do surto psicótico que estava exposto em seu quarto e indo para a suíte, onde o barulho da água era proveniente.
Os olhos assustados de saltaram mais um pouco diante do que vira. A água jorrava da banheira, preenchendo todo o chão azulejado da suíte - ! - o homem gritou, correndo em direção ao corpo submerso da mulher na banheira. Ela claramente não estava consciente. Num impulso, puxou a esposa de dentro da banheira, ambos os corpos caindo no chão frio e gelado. - , pelo amor de Deus, fale comigo! - balançou a esposa, totalmente assustado. Os seus olhos ardiam diante da situação perturbadora. Não soube ao certo o que havia feito, mas apenas se acalmou quando a viu cuspir o líquido incolor para fora.
*
Thinking the same thoughts at the same time
Heartbeat set at steady pace
I’ll let the rhythm show me the way
Lentamente, pude sentir a consciência dominar o meu corpo. As lágrimas já desciam pelo meu rosto muito antes mesmo de eu abrir os olhos. Não estava me situando bem em relação a muita coisa, a única coisa que eu realmente sabia era que eu não havia conseguido. Droga, pensei quando ouvi o apitar do monitor cardíaco.
Eu sabia que ele estava ali, me observando, e por Deus, como eu me senti mal por isso. Eu podia sentir o seu olhar queimando sobre mim e agora, mais do que nunca, eu desejava sumir. Eu me sentia envergonhada, invadida, acabada. A que ponto as coisas haviam chegado? O que diabos eu havia feito, Senhor?
- Desculpe - sussurrei, ainda sem forças para olhá-lo.
- Você... - sua voz rouca foi entrecortada por suspiros e um longo silêncio. - Como pôde? - respirei fundo, meus olhos embaçados se direcionaram a ele. Meu coração se apertou dentro do peito, ele estava chorando. - Eu juro, eu tento mesmo, de verdade, ser o melhor que posso pra você agora. Eu sei que é difícil ter perdido o Noah, você pode achar que só você sofre com isso, mas não é... Caralho!
Eu senti como se estivesse em meio ao oceano, as ondas me jogando de encontro às pedras e depois me puxando de volta para o mar a fim de poderem me lançar mais uma vez na face chanfrada do penhasco, me abandonando na água. Dentro de mim, havia um oceano de sentimentos dos quais eu não sabia lidar. A dor era insuportável. Eu não queria aceitá-la, entretanto, lá estava ela, me corroendo por inteira. Eu não me importava, não havia pelo o que lutar. Noah havia partido, eu só queria me afogar.
- Eu só queria estar com ele... - as lágrimas pareciam jamais cessar, nem amenizar a dor. - Eu não aguento, , tudo o que eu tinha de bom era o meu filho e agora ele se foi, , ele se foi!
Sem esperar, simplesmente me abraçou. Em um primeiro momento, eu entrei em pânico, há quanto tempo eu não permitia ser tocada? Pior, há quanto tempo eu não permitia que ele me tocasse? Aquele abraço havia acalmado as marés que ela jamais havia controlado. Depois de muito tempo, eu me permiti trocar um olhar com . Naquele momento, nós soubemos, nossas almas transpareciam em nossos olhares. E eu pude perceber que ainda havia amor, eu estava quebrada, mas ainda era amada. Ainda mais, pude perceber que não estava só. Uma parte de nós dois havia sido levada, mas havia outros oceanos a serem desbravados, e parecia estar disposto a fazê-lo.
Naquela época, eu não sabia se seria realmente possível aceitar tudo, mas eu estava certa de que uma coisa era necessário aceitar; o amor. Ele, assim como a água, é vital para a vida, porque, no final, sempre haverá coisas das quais não poderemos evitar, e também coisas das quais não poderemos modificar, portanto, é necessário ter sabedoria e o prazer de amar e ser amado. O amor é o farol de luz no meio do nada.
"Just send your heartbeat for me to the blue ocean floor, where they find us no more..."
Imagine a minha decepção ao descobrir na quinta série que conchas, na verdade, tinham uma espécie de labirinto em espiral em seu interior, ou seja, paredes com vácuo. Lembro-me até hoje de chegar em casa, chorando por ter tido minha primeira desilusão.
Engraçado pensar que dezesseis anos se passaram desde então e agora eu me sinto exatamente como uma concha, sem nada por dentro. Eu respiro, eu tenho sentidos, tenho batimentos cardíacos, mas não sinto. Nada. Como se um labirinto em espiral se formasse dentro de mim, apenas preenchendo-me do vazio. Mas a diferença entre eu e conchas era que elas poderiam estar bem no fundo do mar. Eu as invejava por isso.
Frequencies so low
Heart on a string
A string that only plays solos
O homem respirou fundo, recobrando sua consciência. Passou a mão pela cama, na esperança de encontrá-la ou, ao menos, encontrar indícios de que ela esteve por ali. Entretanto, não havia nada além de espaço e a temperatura gélida do lençol, mostrando que ela não havia nem chegado perto. Fechou os olhos para impedir que os mesmos lacrimejassem, o peito pesando mesmo que ele se sentisse oco.
Ele não podia chorar. Ele tinha que se levantar, tinha que seguir em frente. Mostrar a ela que eles ainda estavam vivos, por mais que parecesse impossível. Carregado de frustação, ele se aprontou para mais um longo dia. Apesar de ser sábado, aquele dia seria tão longo quanto todos os outros – ele teria de encará-la durante todo o dia, suas respirações ferindo um ao outro. Ao entrar na sala, se deparou com uma arma apontada para si. Lá estava ela, sentada na varanda, de costas para ele. Por este fato, não se podia ver muito da sua figura. Tudo o que o homem podia ver eram seus cabelos, antes sedosos e bem cuidados, desgrenhados e sem vida. A postura da mulher denunciava que ela não havia sequer movido desde a última vez que ele a vira, na noite passada. Inacreditavelmente, fora a mesma posição em que ela se encontrava na noite retrasada, e na anterior a ela.
Suspirando, o homem foi vagarosamente de encontro a mulher, parando agachado perto da poltrona em que ela estava sentada. Ela não desviou sua atenção, sabe se lá se prestava realmente atenção em algo. Contudo, era claro a percepção dela em relação a presença do homem. Este analisou milimetricamente a feição da mulher a sua frente. Antes tão linda e radiante, em seus vinte e seis anos ninguém jamais lhe daria a idade propriamente dita, agora parecia ter envelhecido anos. Talvez fosse as olheiras tão fundas, ou os lábios – aqueles lábios que ele tanto amava – tão secos e inexpressivos, ou talvez fosse a palidez e a aparente perda de peso.
Aquela cena simplesmente o matava, de uma forma dilacerante e tortuosa. De qualquer forma, ele ainda tinha esperança de que ela o olhasse novamente, nem que só por alguns segundos. Ele tinha esperança. Talvez ela em algum momento abriria a concha em que havia se fechado. Só por alguns segundos. Ele tinha esperança.
O vazio o alfinetou novamente. Ele lambeu os lábios, optando por prender o suspiro forte dentro de si. Sentia que seu peito poderia explodir de dor a qualquer momento.
- ? – a garganta secou ao chamar a amada, uma vez que não se comunicavam há dias. – Há quanto tempo você está aí? Está tudo bem? – Não. Nada estava bem, contudo, ele ainda se preocupava com ela. – Você comeu alguma coisa? Quer que eu lhe faça algo? – aquilo era mais uma súplica do que um pedido, ambos sabiam disso. Por favor, qualquer coisa, o homem implorou com os olhos. Em vão, como sempre. Derrotado, ele permitiu que o ar finalmente entrasse em seus pulmões, levantou-se, avisando que sairia por alguns minutos, apesar de saber que ela não se importava nenhum pouco.
Tum tum. Tum tum. Tudo o que lhe era perceptível se reduzia àquilo, ouvir seus batimentos cardíacos. Os pulmões implorando por ritmo menos acelerados, de modo que o oxigênio permanecesse ali dentro por um pouco mais de tempo. As pernas doíam, tão intensa era a forma como ele as exercitava, todavia, nada que o obrigasse a diminuir aquele ritmo. Numa falsa esperança de que toda a dor que havia dentro dele se esvaísse por seus poros junto ao suor.
Aquela adrenalina que pulsava dentro dele o permitia liberar a raiva que sentia. A raiva que ele não podia demonstrar em momento algum na presença da esposa ou de qualquer um.
Ele não sabia exatamente o porquê daquele hábito recém-adquirido, só sabia que, de alguma forma, correr no píer fazia com que ele se sentisse melhor. Talvez porque era uma forma própria de dizer a si mesmo que ainda estava vivo, apesar da dor insuportável. Talvez porque o local onde o praticava, era o lugar favorito do filho. – alguns diziam que o que ele fazia era simplesmente tortura, se manter próximo as lembranças do filho perdido não fariam bem algum ao homem. E aquele lugar era puramente relacionado a Noah, mas o homem agora entendia porque o filho adorava tanto; o cheiro agradável do mar, o clima ensolarado e úmido, até mesmo a estátua desconfigurada do construtor do píer, era tudo extraordinariamente reconfortante. Gostaria ele poder convencer a esposa a ir até ali, talvez ela se sentisse melhor também – ela estava tão mal, tão inconsolável. A tristeza da mulher era tanta que ele se sentia na obrigação de manter-se firme para cuidar da amada, ele já havia perdido um grande amor, afinal.
Mas tudo o que a esposa parecia querer era tomar o mesmo rumo que o filho, a morte. Ela já havia tentado algumas vezes, nas primeiras semanas posteriores ao falecimento do pequeno Noah. O que era uma injustiça na opinião do homem. Um absurdo, na verdade. Noah não havia escolhido aquilo! Ele não havia escolhido ter tido epiglotite, muito menos havia escolhido a parada respiratória que falhou seus pequenos pulmões. tentar suicídio era quase como desonrar a vida perdida do filho, e não podia aceitar aquilo. Ele a faria lutar pela vida, por mais que ela não quisesse, ele a faria lutar pela vida que o filho não teve oportunidade de lutar. E ele não desistiria em momento algum, por mais difícil que as coisas fossem. Faria isso por Noah.
Under the water you scream so loud
But the silence surrounds you
But I hear it loud and you fall in the deep,
And I'll always find you
A mulher fechava e abria os olhos durante um longo período de tempo, talvez até maior do que fosse capaz de calcular, algumas horas ou até dias. Não se importava.
Escutava atenciosamente o barulho vindo da praia a alguns metros de distância. O som das ondas, o cantarolar dos pássaros... Tudo parecia tão vivo e tão errado. Não era justo! Aqueles sons que, antes tão bonitos, soavam torturantes para ela.
Ao longe, podia-se observar os passarinhos brincarem uns com os outros, piando de forma adorável. Os passarinhos eram cantorezinhos da natureza, como Noah costumava os chamar. Aquela cena, o fato de poder vê-la, fazia com que a mulher se sentisse angustiada.
Ela se sentia suja, não da forma literal, claro, pois sequer se importaria caso o fosse. Ela sentia a sujeira sob a pele, circulando por seu corpo misturada ao sangue. Uma podridão que a enraivecia loucamente. Ela era um ser podre, afinal. Seu filho está morto. Ela não. Que tipo de mãe ela era? Quando seu filho adoeceu, ela nada fez além de rezar. Ela tinha esperança. E agora tudo o que aquele maldito Senhor havia feito era ter-lhe tirado o seu bem mais precioso.
O seu menininho, o seu maior tesouro não podia mais sorrir, não podia mais brincar, nem correr, nem chorar, nem nada. Enquanto ela estava viva... Viva da forma como o seu bebê deveria estar. Ele era tão lindo, tão amoroso, tão cheio de vida. Não deveriam ter o levado.
Ele merecia uma vida incrível, uma vida longa, o álbum do ensino fundamental completo, o anuário escolar, ele merecia viver, pois nada mais era do que isto, vida. Ele era a vida de , e agora, sem o seu menino, ela não tinha porque viver.
No que se pareceu tão desconfortável, as pernas de se moveram decidas à suíte que a mesma uma vez compartilhara com o marido. Ao passar pela porta, se permitiu olhar para o quarto, havia tempo que ela não suportava ficar perto de e estar naquele ambiente significaria ter de lidar com a presença do marido. Mas ele não estava ali agora, portanto, não seria um problema. Pelo menos não até encarar o cômodo. Os lençóis bagunçados em apenas um lado da cama, lembrando-lhe que ele sofria tanto quanto ela. Mas o pior de tudo fora encarar os pequenos objetos expostos ao redor do cômodo. As fotos de Noah. As fotos sozinho, as fotos de seus aniversários, das férias em família... Fotos que antes estavam espalhadas pela casa, mas que havia tirado em algum momento do qual ela não podia se recordar. Sabia que ele o havia feito com intenção de ajudá-la a superar, a não se torturar tendo de encarar a todas aquelas lembranças. Mas quem ele era? Ele não tinha o direito de tentar fazê-la superar a morte do próprio filho. Ele não tinha o direito de escolher por ela qual caminho ela deveria tomar. E muito menos guardar aqueles objetos para si.
Num impulso, correu até aos porta-retratos, todos feitos de vidro, a maioria repousados na escrivaninha do lado oposto a cama, e os jogou ao chão com toda a força que possuía. Sequer analisava quais fotos ela provavelmente estragava, simplesmente os jogava de encontro ao chão. gritava e lançava os objetos pelas paredes, ouvindo os vidros se espatifarem com o forte atrito. Ela não queria aquilo ali, ela não queria ter que encarar as fotos do filho, não queria que os olhos do mesmo a vissem tão acabada. Ela não queria aceitar que Noah se fora. Ela não iria aceitar.
Caminhou pelo cômodo, os cacos impregnando na pele frágil de seus pés descalços, indo em direção a suíte. Sentou-se na beirada da banheira vitoriana, abrindo o seu registro ao máximo possível. Ouvindo o barulho da água bater no ferro, permitiu que as lágrimas caíssem, finalmente. O soluço que escapava pela sua garganta se transformando em berros. Tudo aquilo doía tanto.
encarou seu reflexo na água dentro do recipiente onde estava apoiada, não encontrando nada. Quem era o fantasma que ela encarava? Seus olhos não continham vida, seu rosto sequer expressava algum sentimento. Ela já estava morta por dentro.
Sentiu seu corpo deslizar para dentro da banheira, sem se incomodar com as roupas molhadas grudando em seu corpo, sem se importar com a água gelada tocando sua pele. Depois de alguns minutos, a mulher pode perceber a água transbordar para fora, ficando a altura de seus ouvidos. fechou os olhos, se concentrando no silêncio que a água em seus ouvidos lhe proporcionava... Tão convidativa. O corpo da mulher escorregando cada vez mais, sentindo o mesmo afundar lentamente. A sensação de cansaço pesando o corpo dela, impedindo-a de se mover.
Debaixo d'água, pareceu relaxar. Ali debaixo, tudo era desconexo, turvo, exatamente como ela sentia o mundo ao seu redor. Ela sentia que poderia, finalmente, descansar. As narinas ardiam, exigindo que o oxigênio entrasse em contato direto com elas. Mas parecia estar aceitando a dor que sentia, ela estava, finalmente, sentindo-se bem. Ela iria se juntar a sua criança, afinal.
A mulher já podia sentir sua consciência esvaindo, os olhos se fechando lentamente, os pequenos movimentos da água a envolvendo pelo que parecia ser a última vez, quando a imagem de surgiu a sua frente. Ele estava mesmo ali ou era só ilusão? Ao longe, podia escutar a voz do amado a chamá-la. Queria poder responder que estava tudo bem, mas tudo o que lhe importava naquele momento era a morte.
If my red eyes don't see you anymore
And I can't hear you through the white noise
Just send your heartbeat I'll go
To the blue ocean floor
Where they find us no more
encarava a porta do apartamento, rezando para que estivesse errado. Ele subira os degraus do pequeno edifício onde moravam se sentindo cada vez mais nervoso, ele não queria, por Deus, como não queria ter de ver a esposa sentada naquela maldita poltrona novamente. Por mais que ela mal conversasse com ele, ou fizesse quase nenhum esforço para se manter saudável, ele rezava para que ela se levantasse e resolvesse encarar as coisas.
Controlando a si mesmo, ele abriu a porta, evitando direcionar o olhar para o lugar em que sua esposa estava. Se a olhasse, não sabia o que poderia acontecer – ou ele desabaria ou enlouqueceria e a agarraria, fazendo com que ela, muito provavelmente, chorasse. Ele não queria aquilo. Mas também não queria mais ter que observar o amor da sua vida se torturando por uma fatalidade.
amava Noah tanto quanto amava e sofrera tanto quanto ela pela sua perda. Ele era seu filho, merda. Pai nenhum deveria passar pela dor de perder um filho, jamais. Era como se tivessem arrancado uma parte dele e nada naquele mundo recompensaria a maldita dor que sentia. Mas apesar de tudo, era uma dor que tivera de aprender a lidar com o tempo, e deveria aprender também. A dor também significa vida, e eles deveriam viver as suas. Por Noah.
O homem respirou fundo, juntando todo o amor que lhe restava – o amor sentido por – para olhar a esposa. Esperava que não se ferisse mais ao ter de vê-la naquela posição, se fechando para o mundo. Mas ao finalmente encarar o lugar onde ela, antes, estava, nada encontrou.
Seu coração pulou do peito, acelerando com tudo. Ela havia saído dali? Por um momento, pareceu sentir um pingo de satisfação dentro de si, mas só por um momento. Afinal, não estava completamente sã quando ele saíra. Senhor, onde ela estaria?
Ao longe, pôde ouvir o barulho d'água vindo de seu quarto. O coração saltou, novamente. Finalmente havia entrado no quarto deles? Aquilo deveria ser um sonho. Havia meses que a esposa não entrava lá, sequer passava perto – era sempre em direção ao quarto de Noah ou para a varanda na sala e vice-versa. Mas ela, agora, estava lá, no quarto deles. tentou ao máximo se conter, respeitar o espaço dela, mas ele só queria vê-la novamente (vê-la de verdade), então quando deu por si, estava correndo em direção ao cômodo em que estava.
A cena que se seguira fora algo do qual jamais queria ter presenciado na vida.
Ao chegar a porta do quarto, se deparou com uma bagunça diferente da qual ele estava acostumado. As fotos da família todas espatifadas no chão, lançadas a várias direções, espalhadas por todo o quarto. Que porra é essa, pensou assustado ou surpreso, não saberia ao certo. havia feito aquilo? Não era possível, ele se recusava a acreditar. Tudo aquilo parecia... Parecia demais para ele. O seu coração agora estava como aqueles porta-retratos, quebrados, frágil como o material deles.
- Oh Deus - a mente de pareceu finalmente se clarear, percebendo a gravidade da situação. - ? - o homem chamou a esposa, preocupado, ignorando o resultado do surto psicótico que estava exposto em seu quarto e indo para a suíte, onde o barulho da água era proveniente.
Os olhos assustados de saltaram mais um pouco diante do que vira. A água jorrava da banheira, preenchendo todo o chão azulejado da suíte - ! - o homem gritou, correndo em direção ao corpo submerso da mulher na banheira. Ela claramente não estava consciente. Num impulso, puxou a esposa de dentro da banheira, ambos os corpos caindo no chão frio e gelado. - , pelo amor de Deus, fale comigo! - balançou a esposa, totalmente assustado. Os seus olhos ardiam diante da situação perturbadora. Não soube ao certo o que havia feito, mas apenas se acalmou quando a viu cuspir o líquido incolor para fora.
Thinking the same thoughts at the same time
Heartbeat set at steady pace
I’ll let the rhythm show me the way
Lentamente, pude sentir a consciência dominar o meu corpo. As lágrimas já desciam pelo meu rosto muito antes mesmo de eu abrir os olhos. Não estava me situando bem em relação a muita coisa, a única coisa que eu realmente sabia era que eu não havia conseguido. Droga, pensei quando ouvi o apitar do monitor cardíaco.
Eu sabia que ele estava ali, me observando, e por Deus, como eu me senti mal por isso. Eu podia sentir o seu olhar queimando sobre mim e agora, mais do que nunca, eu desejava sumir. Eu me sentia envergonhada, invadida, acabada. A que ponto as coisas haviam chegado? O que diabos eu havia feito, Senhor?
- Desculpe - sussurrei, ainda sem forças para olhá-lo.
- Você... - sua voz rouca foi entrecortada por suspiros e um longo silêncio. - Como pôde? - respirei fundo, meus olhos embaçados se direcionaram a ele. Meu coração se apertou dentro do peito, ele estava chorando. - Eu juro, eu tento mesmo, de verdade, ser o melhor que posso pra você agora. Eu sei que é difícil ter perdido o Noah, você pode achar que só você sofre com isso, mas não é... Caralho!
Eu senti como se estivesse em meio ao oceano, as ondas me jogando de encontro às pedras e depois me puxando de volta para o mar a fim de poderem me lançar mais uma vez na face chanfrada do penhasco, me abandonando na água. Dentro de mim, havia um oceano de sentimentos dos quais eu não sabia lidar. A dor era insuportável. Eu não queria aceitá-la, entretanto, lá estava ela, me corroendo por inteira. Eu não me importava, não havia pelo o que lutar. Noah havia partido, eu só queria me afogar.
- Eu só queria estar com ele... - as lágrimas pareciam jamais cessar, nem amenizar a dor. - Eu não aguento, , tudo o que eu tinha de bom era o meu filho e agora ele se foi, , ele se foi!
Sem esperar, simplesmente me abraçou. Em um primeiro momento, eu entrei em pânico, há quanto tempo eu não permitia ser tocada? Pior, há quanto tempo eu não permitia que ele me tocasse? Aquele abraço havia acalmado as marés que ela jamais havia controlado. Depois de muito tempo, eu me permiti trocar um olhar com . Naquele momento, nós soubemos, nossas almas transpareciam em nossos olhares. E eu pude perceber que ainda havia amor, eu estava quebrada, mas ainda era amada. Ainda mais, pude perceber que não estava só. Uma parte de nós dois havia sido levada, mas havia outros oceanos a serem desbravados, e parecia estar disposto a fazê-lo.
Naquela época, eu não sabia se seria realmente possível aceitar tudo, mas eu estava certa de que uma coisa era necessário aceitar; o amor. Ele, assim como a água, é vital para a vida, porque, no final, sempre haverá coisas das quais não poderemos evitar, e também coisas das quais não poderemos modificar, portanto, é necessário ter sabedoria e o prazer de amar e ser amado. O amor é o farol de luz no meio do nada.
"Just send your heartbeat for me to the blue ocean floor, where they find us no more..."
FIM
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