Capítulo Único
Há um tempo, ela estava sentada de frente para o espelho, penteando seus fios castanhos, pensava que estava tudo bem depois de sair de longos anos de terapia. estava para sair, iria em seu emprego depois de passar quase dois anos em casa, com seus pais. Não tinha uma palavra para descrever o que estava sentindo naquele momento, voltando para sua casa, para seu emprego, para a sua vida.
Relógio tocou. Abriu a cortina, colocou a pantufa de coelho e caminhou para o banheiro, um banho com água fresca e o shampoo perfumando o ambiente, renovando as energias de manhã cedo. O sol nasceu aquela manhã, para dar boas vindas a . Um momento, estava de pé esperando o metrô para ir ao trabalho, Nova Iorque para ela era uma cidade de bom e mau momento, o mau momento era a ansiedade que passava ao ver a agitação, o bom momento era as luzes, as cores, lojas simples e passeios.
E o escritório ficava em um dos prédios bem falados do centro. O cartão aprovou sua entrada, o segurança sorriu para ela, sentiu a firmeza que tinha outra vez em seu coração.
Um ano tratando a ansiedade, um ano e meio com muita precisão. teve a pior crise de ansiedade e assim se desligou de tudo a sua volta, passou a ir para o interior do Estados Unidos com sua mãe, e todo o dia, todos os milésimos dias daquele um ano e meio, a psicóloga que já fazia o tratamento dela a cinco anos, também passou a frequentar a casa da família Bayer.
Fácil não foi, difícil era o segundo nome, viu seus cabelos caírem, o peso também, o sorriso sumir e o brilho no olhar ser domado pelo o demônio da ansiedade, era um segredo que havia guardado em sua pele, escondido de todos, e lutava ao lado da psicóloga. A garota com boas curvas não era mais valorizada por si. O mundo é uma desgraça, te cobra mesmo você se amando.
— , você veio. – com sorriso, a chefe falou. A recepção veio direto da porta do elevador, não foi proposital, foi coincidência. – Como você está? – pergunta monitoria de um diálogo.
— Claire, vou bem, obrigada, e a senhora?
— Bem, a empresa continua com o mesmo ritmo. – focar em algo não relacionado a saúde de era uma curva boa para relaxar. – Só precisamos ajustar os investimentos, nossa rede de maquiagem vegana passou a defasar, você precisa dar uma luz.
— Pode deixar, eu voltei com tudo, voltei para ajudar a MYV Make up.
— Você é uma boa financiadora, e sei que conseguirá tomar conta disso. estará a sua disposição caso precise de algo.
— Ele ainda trabalha aqui?
— Sim, subiu de cargo igual você, porém ele trabalha com outras pessoas junto, e não cuida apenas da finanças.
— Compreendido.
— Se precisar saber de mais alguma coisa. – pararam na porta do escritório de . – Pode vim conversar diretamente comigo.
— Obrigada, Claire.
De vagar, Claire se afastou. Computador ligado, mesa organizada, cortina entreaberta. cuidava com cuidado de todas as planilhas de finanças. Era assim por quase três horas, e não conseguia fazer nada. Seguiu a restrição da psicóloga e resolveu pegar a bolinha para apertar e distrair a mente, o medo de sentir a ansiedade estava vindo, e talvez a ansiedade também.
Balançava a perna. Batucava a unha contra a madeira da mesa.
Foco. Foco. Foco.
Não queria mais manter aquele demônio em sua cabeça, chega, ela havia vencido!
Respirou fundo. Encostou as costas. Olhos fechados e a mão apertando a bolinha.
— Preciso sair daqui.
A frase foi um empurrão para seu sistema nervoso parassimpático.
Levantou, pegou a bolsa e desligou a tela do computador, ia atrás de um vício que a ajudava, mas havia parado, então não sabia ao certo se comprava ou não.
O elevador abriu na frente dela e o segurança que estava passando, não percebeu o mesmo abrir. Saiu a passos rápidos, coração acelerado, a arritmia estava voltando.
Desespero.
Outra crise não.
— Não, outra crise não, não agora.
Respirou fundo e parou em frente a loja que sempre entrava e comprava duas caixas de cigarro. A mão começou a tremer, e ela queria se sentir mais forte.
Contou até dez, respirou. Contou até vinte, respirou.
Pode perceber que ficava mais calma ao lembrar de Ashy, sua cachorrinha, do perfume das flores que cultivou, da calmaria e do toque que teve em sua mão.
Toque?
— Está tudo bem, você não precisa mais disso. – com a cabeça, apontou para o cigarro.
— Como você sabia que eu estava aqui?
— Eu vi. Você se levantou rápido demais, estava igual da última vez que eu me lembrava, sabia que ia fumar, eu te via fumando da minha antiga janela, e via que não era só um maço de cigarro. Claire contou para mim que você estava afastada para se cuidar e imaginei que era ansiedade, minha irmã também tem e sei o quão difícil é, e Claire não contou para difamar você, eu perguntei, insiste e persiste e ela me contou.
— , não é necessário vir até aqui, eu estou atrapalhando você.
— Não, não está.
Sentimento de atrapalhar o próximo. Hábito de um problema ridículo que a ansiedade desenvolveu.
— Segure minha mão, vou levá-la a um lugar calmo, eu posso?
Com um movimento de cabeça, concordou.
Passos lentos, no tempo dela, a levou até uma pequena praça, era perto da casa dele e perto do trabalho deles, com um sorriso nos lábios frios pelo vento, viu a amiga, colega de trabalho e a mulher que ele tanto admirava se acalmar com sua ajuda.
Hábito. Ele criou o hábito de ajudar sua irmã e ter a calma que todos os pacientes com ansiedade deveriam receber dos ajudantes.
Assim tudo facilitava para ela.
— Não foi pior do que eu imaginei, eu tive medo de ter e talvez isso tenha feito eu ter esse pequeno acesso, obrigada por cuidar de mim, eu achava que.
— Achava que eu ria de você e te classificava como uma estranha?
— Sim.
— Você não é estranha, e seu problema não interfere ver suas qualidades as mesmas pela qual eu me apaixonei. – um sorriso tímido ele pode ver vir de . – Mas no momento isso não vem ao caso, talvez mais para frente. – com a mão livre, acariciou o rosto dela. – Só quero que saiba que eu estou disposta a ajudar você, acredite em mim.
— Obrigada, , não tenho palavras para falar o quão grata estou.
— Você quer ir agora?
— Quero, e também quero ajuda com as planilhas, talvez até eu voltar me sentir no ambiente confortável, por favor, se você quiser é claro.
— Vamos, e eu ajudo você.
Levantaram e andaram, não muito longe do banco que estavam, parou e fez parar e olhar para ela. Não falou com ele apenas abriu os braços e o abraçou, um abraço era o que precisava para finalizar toda aquela sensação.
Estava novamente bem.
A planilha e a relação estavam feitas, com muitos detalhes para Claire. Iria ser apresentado ainda naquele dia depois do almoço, o mesmo que os dois voltavam juntos e conversando de assuntos banais porém do mesmo gosto.
— Claire? – com delicadeza, bateu na porta.
— , pode entrar, ah você também pode entrar. – sorriu.
— Aqui estão as relações. – ele entregou.
— Como você pode ver, mesmo sendo de uma linha vegana e sem teste em animais, os consumidores preferiram com as paletas mais originais, e com base em pesquisa em sites as vendas não foram tão bem, houveram promoções o que causou prejuízo as lojas de cosméticos.
— Recomendamos que, você e a linha de produção junte esses dois produtos. – com a caneta, ele apontou. – E com isso você vai ter um aumento de vendas e o lucro voltará.
— Além de formarem uma bela equipe, formam um belo casal. – uma piscada foi lançada a eles. – Obrigada por terem cuidado com atenção, irei marcar uma reunião e vocês poderiam estar presentes?
— Sim, por mim tudo bem. – com firmeza, respondeu.
— Só a senhora dizer o dia.
Seis meses depois.
O ar fresco entrava em sua janela, a penteadeira ficava perto da janela. A cortina balançava enquanto penteava seus fios castanhos. O sorriso pintado de batom, a música calma tocando ao fundo, era seu dia de folga, e ia passar o mesmo fazendo o que mais gostava, jardinagem.
passaria na casa dela para irem de carro até o interior.
Estavam juntos a três meses, e isso era o marco para , ela olhava para como um homem lindo, respeitoso, carinhoso e calmo, às vezes ele se explodiu mas era com seus jogos e isso fazia rir. Mas nunca com ela.
— Chegamos, olha como aqui é lindo.
— Digno de calmaria.
— Caso queira trazer sua irmã aqui pode. – com a chave reserva, destrancou a porta. – Pode colocar sua mala no cantinho, não se preocupe depois levamos para o quarto.
— Muito bem, eu vou preparar o almoço.
— , você não quer que eu faça isso?
— Não precisa se incomodar, pode ir lá cuidar das suas flores. – um sorriso nos lábios, ele envolveu seus braços na namorada.
— Me chame quando ficar pronto.
Com um beijo ela se soltou dos braços dele e foi trocar de roupa. Já usando luvas ela cuidava com carinho e dedicação. a chamou para almoçar já com a mesa posta para dois. Uma massa bem feita um suco de uva para acompanhar e logo após deitaram ao lado da piscina.
O namoro foi engatado com calma, não com pressa e isso seria errado, tudo no seu devido tempo.
Tudo foi questão de parar o que estava fazendo e cuidar de si, sua fé a ajudou e foi o fundamental, além da sua psicóloga e sua família e por último a pessoa que ela não achava que estaria ali por ela também: .