Capítulo Único
A cidade estava imersa em um caos que seria impossível de sair. As pessoas tinham medo de sair nas ruas, mesmo durante o dia, tamanha a violência que acontecia por aquele lugar. Os políticos eram corruptos, os policiais, os vendedores e até mesmo o seu vizinho poderiam estar envolvidos em esquemas que nem você poderia imaginar. Cada pessoa tinha um segredo, e isso não era diferente de .
nasceu nessa cidade beirada ao caos e aprendeu a sempre fugir de situações de perigo. Mas nada ajudava. era magrelo, usava aqueles óculos fundo de garrafa de tanto que usava o computador, além de piadas apenas sobre super heróis, noites jogando rpg, ele era apenas um nerd normal.
Bem, não nerd. Ele era um gênio. Primeiro lugar em ciências, agora que estava para concluir sua faculdade, seu projeto ajudaria muito a cidade em questão de segurança, já que isso era o que ele mais prezava por ali. Ele nunca brincou na rua por sua mãe ter medo dele acabar morto, já que não moravam nos bairros nobres, e sim em um dos bairros que o dono era um daqueles mafiosos italianos que todos vemos em filmes.
Para , ele vivia numa Gotham tão real que tinha certeza que esse mafioso era Dom Corleone. Ele esperava ansiosamente para conhecer o Pinguim, mas tinha medo de descobrir quem tinham um Coringa na cidade e nenhum Bruce Wayne para poderem ser felizes. Até um James Gordon ajudaria, mas aquela polícia era impossível de lidar.
era um quase cientista forense, como Barry Allen. Esperava que um dia ele poderia trabalhar com o uniforme vermelho de Flash, the fastest man alive , e ser feliz se achando o melhor super-herói de todos.
andava com passos apertados, não esperando a hora de chegar na porta do seu prédio, entrar logo em sua casa e perder a sensação de que alguém o seguia. Não haveria motivo, já que sua mãe era apenas uma vendedora e seu pai trabalhava com qualquer outra coisa. Ele não se lembrava, seu pai sempre mudava de emprego.
Mas aquela cidade despertava sensações indesejadas. Era uma mistura de ansiedade, medo, angústia que toda vez que um cidadão comum chegava em sua casa suspirava de alívio de não ter sido aquele dia que morreu por algo banal.
— Filho! — a mãe sempre fazia isso. Todos ficavam desesperados. Nunca se sabia qual seria a última vez que você veria alguém. — Graças à Deus! O filho dos Jones faleceu.
Jonah tinha uns nove anos, estava acompanhando o crescimento do menino, e era seu tutor da escola. ajudava quase todas as crianças do prédio quando podia, mas Jonah era seu pupilo em transformação. Quem sabe um dia Jonah poderia ter se tornado um Dick Grayson?
Claro que o rapaz não estava preparado para essa notícia. Seus olhos encheram de lágrimas, ele procurou o objeto mais próximo para poder sentar, ficando atônito com a mensagem. A mãe falava calmamente sobre o tiroteio que tinha acontecido perto da escola municipal, e que, pelo menos mais quatro crianças morreram. Ela olhava seriamente para o filho, como se já esperasse uma reação não muito boa dele.
— Não! Nem pense nisso! — ela já o advertia. — Eu fui estúpida de ter deixado você ler aqueles quadrinhos quando era menor. Olha como está agora. — ela apontou para ele como se ele fosse uma aberração maluca, verde, um alienígena naquela sala. — Eu te apresentei a essas histórias para que você ficasse familiarizado por gente assim. Não para se transformar no próximo Justiceiro.
— Mãe… Você sabe o que eu penso disso.
— Eu falei para o seu pai. Eu disse que não achava justo que logo nós tivéssemos um filho assim. Não sei o que eu tinha na cabeça. — ela começava a chorar. Era sempre assim. já estava acostumado. — Eu falei que você iria crescer com a ideia de que poderia ser como esses personagens. Olha você agora, querendo entrar pra polícia forense. Sabe o que fazem com esses policiais? Matam sempre que podem. Por diversão. Por um acaso alguém sabe de você?
— Não. Pai e você foram muito claros sobre a minha condição. Não posso correr. Não posso entrar em brigas. Não posso ficar nervoso. Seja o melhor da turma com suas notas e seu conhecimento. — ele falava isso como se tivesse gravado e escutado isso todo dia. — Mas olha essa cidade! Está tudo um desastre e ninguém faz nada! Quer dizer, Jonah acabou de morrer e você o trata como “o filho dos Jones”. Mãe, não comece a ser fria.
— É necessário. Não posso chorar por cada pessoa próxima que morre. Não faria outra coisa além disso. — ela respirou profundamente, observando o filho sentado. — , ninguém sabe mesmo de você?
— Nunca contei para ninguém. — ele tinha sete anos novamente.
Com sete anos algo incrivelmente chato aconteceu. Ele resolveu brigar com um dos valentões. Um menino que mais parecia uma vareta contra o garoto mais forte de seu ano, era bem óbvio qual seria o resultado. pararia no hospital. Mas quem parou no hospital foi o outro. Ninguém entendeu como, mas deu um soco no menino que foi parar do outro lado do pátio.
Os pais sabiam que já era hora de começar a ensinar para o filho como deveria se portar na escola. Nem eles sabiam direito o que tinha acontecido, mas o filho dos Schillers era diferente. Ele era o mais rápido da turma, ele poderia bater o recorde do maratonista Bolt facilmente. Ele levantava pesos, mesmo que sua estrutura corporal não parecesse ser feita para isso.
A Sra. resolveu mostrar ao filho o que poderia acontecer caso ele mostrasse que era uma aberração genética, como ela mesma pensava. Entregou revistas e mais revistas em quadrinhos, mas depois teve medo de que o filho começasse a imaginar que poderia ser um super-herói. Naquela cidade? Nem pensar.
O dia passou tranquilamente depois daquilo. Estava na época de provas, o que era a desculpa perfeita para passar o dia dentro do quarto não fazendo nada, já que sabia até o que os professores colocariam nas provas. Não era algo difícil quando a diferença entre ele e o segundo colocado em notas era de setenta e cinco por cento. Ele era praticamente um deus em forma de estudante. Bem, pelo menos era isso que os outros alunos falavam dele.
Ele fez o mais clichê dos clichés: ajustou os travesseiros parecendo que era seu corpo coberto, uma bola parecendo que era sua cabeça, abriu a janela e pulou, aterrissando perfeitamente no chão. Comemorou mentalmente por não ter feito nada de errado.
Cinto no lugar, máscara no lugar. Tudo estava certo para que pudesse continuar na sua missão impossível. Ele andava pelas vielas atrás de seu prédio, e só encontrava capangas desses mafiosos. Nenhum tão importante, nenhum fazendo algo que merecesse repreensão. Por ali tudo estava tranquilo, o que significava que poderia partir para fazer o que desejava.
Ele começou a correr, e pegar cada vez mais velocidade, até que achou que já seria exagerado exceder aquele limite imposto pelas leis naturais. Mas só um pouco não machucaria ninguém.
Era delicioso o sentimento que expandia por seu corpo. Estava livre, se sentia livre. Mesmo que tendo que usar um uniforme e uma máscara, ele podia liberar tudo aquilo que por muito tempo foi reprimido dentro dele. Os pés batendo rapidamente no asfalto, o vento que só não machucava seu rosto por estar com uma máscara vermelha, aquela sensação de que, naquele momento, ele era apenas ele, não , o nerd chato que sabe tudo. Mas o carinha que pode correr, que tem uma força incrível. O carinha que pode salvar algumas pessoas desse caos.
E essa era a parte que ele mais gostava nisso. gostava de ajudar. Não era um altruísta, ou algo do tipo, mas ele sabia como era um saco viver naquele lugar, e se ele pudesse ajudar, bem, por que não ajudar essas pessoas?
Mais a frente sabia que seria o esconderijo de Fish Mooney. A essa altura do campeonato ele já tinha apelidado todos os mafiosos com nomes de mafiosos de Gotham. Corleone vivia do outro lado da cidade, e agia por toda ela, especialmente ali, onde morava. Mas Mooney era como se fosse seu braço direito. Ele queria muito encontrar um cara igual ao Pinguim. Adoraria isso. Mas todos eles eram vilões, e até aquele momento, não queria atrair a atenção desses caras.
Uma moça saiu do clube mais conhecido de Fish Mooney com um sorriso confiante no rosto. Seus cabelos loiros estavam presos no topo de sua cabeça, ela usava um vestido delicado, mas all star preto. Era uma criatura curiosa. Observando ainda mais de perto, ela usava uma máscara para tampar seu rosto, possibilitando a visão apenas de sua boca, vermelha de batom, um pouco borrado, diga-se de passagem.
— Eu sei que você está me seguindo. — ela continuou olhando para a frente, ainda confiante. — Anda, toma uma atitude. Vai vir me pegar, ou vamos brincar de gato e rato? — a entonação de sua voz mudou, e novamente — Tudo bem, mas você é o rato.
Com isso, a moça começou a correr e pegou de surpresa. Ele começou a correr, pensando que seria tranquilo encontrá-la, mas quando chegou na esquina ela já tinha sumido.
Ele ficou parado por um tempo, montando teorias em sua mente, de onde ela poderia ter ido, e foi quando sentiu alguém puxando seu sobretudo, encontrando um uniforme todo vermelho no lugar de roupas comuns. Um cinto com armas e uma botina com facas nas laterais.
— Você é novo aqui. — ela disse assustada. — Quem é você? — ela sorriu esperando a resposta.
— Half..
—Ralph? — ela riu. — Não, se você quer ser o herói desse lugar você não pode usar seu nome. Use Halfbreaker. Vai por mim. Se eles descobrirem o seu nome, sua família inteira estará morta.
— Então eu posso saber o seu? — ele tentou entrar no jogo dela, de flertar, ou seja lá o que ela estava fazendo.
— Heart Queen. — ela deu de ombros. Agora eles caminhavam lado a lado agora.
— Harley Quinn? Tipo a Arlequina? — ele não conseguia acreditar que tinha mais alguém naquele lugar usando nomes provenientes de Batman ali.
— Não. Tipo Rainha de Copas sabe? Alice? — ela bufou. — Você precisa aprender a entender referências. Ninguém mais gosta de Batman, ô Justiceiro das Trevas.
— Todo mundo gosta do Capitão América, né? — ele riu, mas ela não o acompanhou nesse pesamento, soltando um “ Hã?” — Deixa pra lá.
— Bem, Ralph, foi bom te conhecer. Te vejo nas capas dos jornais. — ela saiu correndo, soprando um beijo para ele. Seja quem quer que fosse, ela era louca. Disso ele tinha certeza.
O resto da noite foi tranquila, comparado ao encontro com a Harley. Ele mesmo tinha apelidado ela assim. Mesmo que, para ele, ela era mais Electra do que uma Rainha de Copas. Alice. Que referência besta.
Tranquila era modo de dizer. A cidade sempre foi a loucura de gente fugindo de bandidos comuns, de mafiosos. Tudo acontecia a noite, e de manhã todos estavam na polícia, esperando quem iria pagar a gorda fiança para tirá-los de lá. E ninguém escapava, mafiosos ou políticos e até mesmo alguns policiais.
entendia que a polícia nunca iria ajudar os cidadãos, eles tinham coisas mais importantes para lidar do que com simples furtos e assassinatos sem o menor sentido. Ninguém estava querendo lidar com esses pequenos delitos, quando uma guerra mafiosa acontecia por lá.
Mas quase nunca ele entrava em uma briga, de fato. Normalmente só por conseguir se impor mais do que esses ladrões já era o suficiente para que nenhuma mulher chegasse em casa chorando por ter sido assediada. Era o que ele mais fazia, e no fim deixava uns dois ou três presos em frente à delegacia, esperando que eles ficassem presos ali. Mas isso nunca funcionava.
Voltou para casa lá pelas seis horas da manhã. Ainda estava escuro, o que dificultou um pouco a encontrar a trava de sua janela, mas logo estava deitado na sua cama, finalmente descansando para o próximo dia agitado que teria com as provas finais ao lado da outra pessoa mais inteligente da faculdade.
Só tinha uma pessoa na faculdade toda que sempre discutia com ele todas as suas teorias, uma pessoa que estava em outro curso, mas também queria trabalhar na perícia da polícia. . Ela não era um pouco irritante, ela era muito irritante. Ela era mais irritante do que aquele apito que você escuta no seu ouvido quando ele tampa. Nerra amava contestar tudo o que falava, e aquilo parecia ser a diversão dela.
Aquele sorriso cínico, os braços cruzados, a pose de poderosa que ela tinha. Ela se impunha mais do que os professores, sem contar que adorava dizer que qualquer coisa que faria daria errado, apenas por dar errado.
— .
— .
Eles nem se olhavam e todos já sentiam o ódio gratuito que estava por vir. Nerra sempre explodia em segundos, sempre ria das reclamações dela. Todos os outros alunos só olhavam, esperando a grande batalha do século. Ela bufava e revirava os olhos. Ele ficava de braços cruzados, mal vendo a hora de fazer aquela bendita prova e ir embora.
— Bom dia, alunos. — O professor entrou na sala. Era prova do que agora? Bem, tanto faz. — Todos trouxeram seu trabalho semestral? Lembrem-se que a pesquisa e a execução também vale nota nesse semestre. Entreguem junto com a prova. — ele foi entregando para cada fileira. Ao chegar a última o professor suspirou desanimado — Boa prova a todos.
A briga de canetas começou, não dava nem tempo para pensar, escrevia suas respostas gigantes, sua mão parecia estar com algum problema, de tão rápido que se movia, e com não era diferente. Mas ele escrevia rápido apenas por diversão, aquilo não o cansava nem um pouco. Era um dos poucos momentos em que ele usava daquilo sem que ninguém percebesse.
até suava, tamanha concentração que tinha com aquela prova. Ela provavelmente estava revisando pela quinta vez suas respostas, procurando algum erro, seja ortográfico ou não. E ao sorrir satisfeita, levantou, vitoriosa, entregou a prova e tirou um trabalho enorme de sua bolsa, quase que desfilando até a porta da sala. Pelo menos 9,99 ela tiraria naquela matéria. era a única pessoa naquele mundo que conseguiria tirar um dez.
A facilidade que conseguia prestígio dos professores irritava Nerra profundamente. sempre conseguia os melhores tutores, os melhores coordenadores, e ela sempre estava em segundo lugar por uma minúscula vírgula. Aos poucos ela foi se tornando rabugenta, crítica e cínica quando ao rapaz, mas uma coisa ela nunca poderia reclamar: ele era um rapaz bom. Quem sabe até conseguisse mesmo um cargo na polícia.
Quando saiu da sala ela estava encostada na parede, lendo mais algum livro para outra prova. Ele achava graça de tudo isso, mas entrou nesse jogo de serem inimigos de notas, mas se ajudarem para chegar até lá.
— Ele estava lendo o seu trabalho quando eu saí. — ele disse, sentando-se e encostando na parede, com ela fazendo o mesmo. — Está incrível.
— Isso qualquer pessoa sabe. Mas…?
— Mas o que?
— Bem, sempre vem um mas depois dessa frase. “, seu trabalho está impecável. Mas foi o garoto que pegou o primeiro lugar” — ela dizia imitando a voz dos professores. Os dois riram a pobre imitação dela. — E então?
— Acho que não tem um “mas”. Ele parecia maravilhado.
— Bem, isso é um começo. — ela suspirou, voltando a ignorar ele.
— Que isso, , você vai mandar bem que eu sei. — ele deu tapinhas no ombro dela.
— Bem, sabemos quem vai gabaritar, pelo menos. — ela disse sorrindo. Mas ao olhar para dava para perceber como ela parecia exausta. Não que estivesse bem, mas ele tinha pelo menos descansado antes de vir para a faculdade. — Você tá bem?
— Noite difícil. — ela respondeu seca. Hora de mudar de assunto. Ou simplesmente deixá-la ali sozinha. Ele se levantou depois de alguns minutos de silêncio.
— Ei… — ela disse, olhando para ele dessa vez. — Cuidado. Acho que a turma de mafiosos está por aqui hoje. É.. Bem… É perigoso sair agora. Espera um pouco. Não é como se alguém precisasse da sua ajuda mesmo.
Mais minutos em um silêncio constrangedor, até que eles começam a escutar barulhos de tiroteio ao longe. parecia calma, mas conseguia ver que ela não estava muito tranquila com isso.
—, eu conheço uma outra saída da faculdade. A gente pode sair e fugir de balas perdidas e essas coisas. — ele deu de ombros, estendendo a mão para ela levantar.
Eles seguiam por corredores infinitos, o prédio da faculdade nunca pareceu ser tão enorme. chegava a tremer de nervosismo, deixando ainda mais nervoso em sair logo daquela situação. Era a maldita hora de começar a agir como um herói naquela cidade. Chega de pessoas passando pelo o que a passava. Ela podia ser extremamente competitiva, mas era uma pessoa que merecia toda ajuda possível, principalmente antes de entrar em um colapso nervoso.
Eles saíram por uma janela, que dava para uma rua ao lado da entrada. A janela era alta, mas não o suficiente para juntar sua coragem e pular. Ao cair, mesmo que cambaleando, ela sorriu, feliz por sua aterrissagem não ter sido pior.
— É, , não é só em notas que você é bom. — ela sorriu, agradecida. — Bem, até a próxima. Obrigada.
saiu correndo, deixando suas coisas em um lugar que ele julgava ser seguro. Trocou de roupa ali mesmo, deixando o jeans e a camisa por uma roupa vermelha que protegia todo o seu corpo, principalmente seu rosto.
Precisava chegar próximo de Dom Corleone, precisava ver a cara daquele que fazia com a cidade ficasse cada vez mais caótica, corrupta e inabitável. Mas o que faria? Não poderia matá-lo ali. Aí que o caos iria se instaurar e sabe-se lá o que poderia acontecer. Mas ele precisava fazer aglo, nem que fosse matar um capanga dele, deixar um recado. O que o Batman faria?
Ele parou de correr ao ver um dos capangas de Corleone parado, escondido, esperando um sinal para sair daquele lugar. Mas deixou o cara inconsciente, esperando para ver o que aconteceria. Não muitos segundos depois, Heart Queen apareceu, agora de tênis, shorts, seus cabelos estavam presos em duas marias chiquinhas, uma ponta pintada de vermelha e a outra ponta pintada de azul. Ela segurava um bastão e parecia insegura com a situação. Ele esperou ela se aproximar e a segurou, não deixando perceber que era ele, fazendo uma voz bem idiota mesmo, esperando que fosse convincente.
— O que você faz aqui? — ele engrossou a voz, ideia estúpida.
— O mesmo que você. Quer salvar as pessoas, certo? Comece a se importar mais com quem vai ser alvo de balas perdidas e menos com esses mafiosos. — ela suspirou — E você chegou atrasado, Half.
Ele a soltou, e ela virou de frente para ele, olhando da cabeça aos pés, sorrindo, mordendo os lábios. Ela olhou para os dois lados e mandou ele abaixar e ficar quieto, alguém se aproximava.
— Queen, você precisa fazer isso logo. — uma voz grossa dominou aquela rua. Bem que engrossando a voz ele poderia ter uma parecia com a desse homem, pensava. — Sério, Arcurri está esperando que você assuma logo a sua posição.
— Eu vou fazer! Nossa, vocês capangas são muito apressados. — ela bufou, desviando o olhar e encontrando Halfbreaker ainda escindido ali atrás. Ela olhou novamente para aquele que estava falando com ela. — Você é casado? Tem filhos?
— Não.
BUM. não conseguia acreditar. Ela era realmente muito maluca. E assim que tinha atirado naquele capanga, ela correu, sabe-se lá para onde. E a única coisa que ele pensou naquele momento era em segui-la.
Agora que eles finalmente brincariam de gato e rato, onde ela estava sendo o rato, ou apenas fazendo com que imaginasse que ele era o gato da brincadeira. Ele corria pelas vielas daquele lugar como se estivesse em um labirinto prestes a desmoronar. Cada segundo que passava poderia significar em um civil ferido.
Era uma guerra instaurada e ele não fazia a menor ideia do que fazer. Tinha esperado tanto por esse momento que agora nem sabia o que fazer. Seria Heart Queen a sua arqui-inimiga? Será que realmente ele teria que correr atrás dela e não procurar salvar aqueles que precisavam? Melhor salvar aqueles que precisam de ajuda. Heart era um assunto a ser tratado mais tarde. Pelo menos já saberia onde encontrá-la.
Ele andou próximo ao tiroteio, vendo muitas pessoas feridas, pedindo ajuda para serem levadas ao pronto-socorro, algo que só iria acontecer depois que tudo aquilo terminasse, e precisava terminar.
Algumas pessoas ele levantou e ajudou com os ferimentos leves, mas a maioria ele apenas demarcava para que os bombeiros os encontrassem logo. A cada passo que dava ouvia tiros mais próximos, até resolver subir um prédio e admirar aquilo lá por cima. O quer seria necessário? Apenas parar aquelas armas? Como ele poderia fazer isso, correndo? Quais eram as chances dele ser atingido?
Ao olhar mais calmamente para Dom Corleone viu a cabeleira loira justamente atrás do homem, com a arma na mão e uma postura para que ninguém pudesse perceber que ela estava ali. Atirar ela não iria, mas não parecia que ela tinha uma arma branca para matar Corleone. Mas foi só piscar que ele previu os movimentos dela. Uma faca. Aquilo seria suficiente para fazer com que aquele homem caísse morto.
Ela deu um passo para frente, levantando a lâmina em direção ao pescoço do homem, e alguns segundos depois, atravessou-a, de um lado até o outro, deixando o sangue que escorria sujar sua roupa e seu cabelo.
Demorou alguns segundos até os homens que estavam ao lado dele percebessem que ele tinha sido assassinado. Foi o momento de cessar o que estava acontecendo e começar a preparar outro plano. Corleone estava morto, assim como a cidade.
Caos não era palavra suficiente para descrever o que tinha acontecido na cidade. Todos estavam em pânico, todos ligavam desesperadamente para suas casas querendo notícias de amigos e familiares. Não parecia que a cidade teria sossego nunca mais. Com Corleone vivo as coisas iam mal, mas sem ele as coisas seriam péssimas.
Para o que bastou era parar aquela troca de tiros sem sentido, que só iria ferir ainda mais pessoas. Um, dois, dez capangas já estavam no chão. Quinze, Trinta… Será que teria sido o suficiente para parar, momentaneamente, tudo aquilo? Teria chego a hora de procurar a Heart Queen?
Conforme andava, mais marcas de que ela havia passado por ali eram encontradas. Nada assustador, não parecia que ela tinha atacado mais ninguém. Mas estava começando a escutar os passos da moça por aquelas ruas estreitas. As risadas, ela via graça em tudo aquilo. Ele se sentia dentro de sua história em quadrinhos favorita.
Era estranho perceber onde estava, o que precisava fazer, o que queria fazer. As pessoas sempre rotulam os outros, mas nunca se sabe quem pode ou faz o que, principalmente naquela cidade. Quem poderia ser a mulher por trás da máscara da maluca que ria e cantarolava enquanto matava algumas pessoas?
— Consegue imaginar seu futuro sem mim? Se você realmente se tornar um herói eu não consigo. — ela cantarolava enquanto falava isso. Parecia que se teletransportava. Será que era possível?
Ele sabia que seria difícil, mas era a história em quadrinhos número um: nasce um herói, Halfbreaker, um rapaz inteligente, revolucionário que tem como único desejo salvar a cidade do crime. Podia se ver na capa, com uma ilustração sua fazendo uma pose heroica, com seu uniforme vermelho, e músculos saltando de seu corpo como se eles pudessem mesmo ser daquele tamanho sem que isso causasse uma doença. Claro que, se fosse possível, deixariam Heart Queen com menos roupa, com um shorts tão minúsculo que as pessoas que leriam se perguntariam se era preciso todo esse fan-service.
Será que agora era mesmo uma guerra declarada entre os dois? A moça ria, deixando ainda mais nervoso, sem entender muito bem o que poderia fazer. E quando a encontrasse, o que faria?
Ele viu sua sombra e dois segundos após isso os dois estavam caídos no chão. Heart Quinn ria, como se tivesse pirado e caído na loucura da cidade. Não que fosse alguém muito normal, já viu pessoas normais que tem uma força sobre-humana, pode atingir a velocidade da luz serem normais? Mas ela poderia ter enlouquecido.
— E aí, Half? O que vai fazer? — sua voz era sedutora.
— Por que? — ele estava nervoso. — Por que você tinha que fazer isso?
— Sabe como é “ Nós somos todos loucos aqui” … — ela respondeu sorrindo. — Talvez eu mude meu nome para Cheshire, concorda?
Assim Heart desapareceu em um piscar de olhos, deixando atônito com tudo aquilo. A polícia já estava encaminhada, só restava voltar para a casa e esperar alguma coisa acontecer. Ficar na rua não adiantaria nada agora.
voltou para casa normalmente, recebendo mais um sermão de sua mãe e como não ligou nem para avisar que estava bem, visto que o tiroteio aconteceu perto da faculdade. Ao sentar com a mãe para assistir televisão os âncoras noticiavam a morte de Dom Corleone, deixando os dois tensos.
A mãe se espantava de horror, já se espantava pela briga que viria a acontecer agora que o maior mafioso da cidade tinha morrido. Afinal, agora a luta era para quem fosse pegar o seu lugar. Sabia que, se essa era a revista número um, edição especial para colecionador, sua história como herói daquele lugar só tinha começado. E ainda viria muito trabalho a fazer...
nasceu nessa cidade beirada ao caos e aprendeu a sempre fugir de situações de perigo. Mas nada ajudava. era magrelo, usava aqueles óculos fundo de garrafa de tanto que usava o computador, além de piadas apenas sobre super heróis, noites jogando rpg, ele era apenas um nerd normal.
Bem, não nerd. Ele era um gênio. Primeiro lugar em ciências, agora que estava para concluir sua faculdade, seu projeto ajudaria muito a cidade em questão de segurança, já que isso era o que ele mais prezava por ali. Ele nunca brincou na rua por sua mãe ter medo dele acabar morto, já que não moravam nos bairros nobres, e sim em um dos bairros que o dono era um daqueles mafiosos italianos que todos vemos em filmes.
Para , ele vivia numa Gotham tão real que tinha certeza que esse mafioso era Dom Corleone. Ele esperava ansiosamente para conhecer o Pinguim, mas tinha medo de descobrir quem tinham um Coringa na cidade e nenhum Bruce Wayne para poderem ser felizes. Até um James Gordon ajudaria, mas aquela polícia era impossível de lidar.
era um quase cientista forense, como Barry Allen. Esperava que um dia ele poderia trabalhar com o uniforme vermelho de Flash, the fastest man alive , e ser feliz se achando o melhor super-herói de todos.
andava com passos apertados, não esperando a hora de chegar na porta do seu prédio, entrar logo em sua casa e perder a sensação de que alguém o seguia. Não haveria motivo, já que sua mãe era apenas uma vendedora e seu pai trabalhava com qualquer outra coisa. Ele não se lembrava, seu pai sempre mudava de emprego.
Mas aquela cidade despertava sensações indesejadas. Era uma mistura de ansiedade, medo, angústia que toda vez que um cidadão comum chegava em sua casa suspirava de alívio de não ter sido aquele dia que morreu por algo banal.
— Filho! — a mãe sempre fazia isso. Todos ficavam desesperados. Nunca se sabia qual seria a última vez que você veria alguém. — Graças à Deus! O filho dos Jones faleceu.
Jonah tinha uns nove anos, estava acompanhando o crescimento do menino, e era seu tutor da escola. ajudava quase todas as crianças do prédio quando podia, mas Jonah era seu pupilo em transformação. Quem sabe um dia Jonah poderia ter se tornado um Dick Grayson?
Claro que o rapaz não estava preparado para essa notícia. Seus olhos encheram de lágrimas, ele procurou o objeto mais próximo para poder sentar, ficando atônito com a mensagem. A mãe falava calmamente sobre o tiroteio que tinha acontecido perto da escola municipal, e que, pelo menos mais quatro crianças morreram. Ela olhava seriamente para o filho, como se já esperasse uma reação não muito boa dele.
— Não! Nem pense nisso! — ela já o advertia. — Eu fui estúpida de ter deixado você ler aqueles quadrinhos quando era menor. Olha como está agora. — ela apontou para ele como se ele fosse uma aberração maluca, verde, um alienígena naquela sala. — Eu te apresentei a essas histórias para que você ficasse familiarizado por gente assim. Não para se transformar no próximo Justiceiro.
— Mãe… Você sabe o que eu penso disso.
— Eu falei para o seu pai. Eu disse que não achava justo que logo nós tivéssemos um filho assim. Não sei o que eu tinha na cabeça. — ela começava a chorar. Era sempre assim. já estava acostumado. — Eu falei que você iria crescer com a ideia de que poderia ser como esses personagens. Olha você agora, querendo entrar pra polícia forense. Sabe o que fazem com esses policiais? Matam sempre que podem. Por diversão. Por um acaso alguém sabe de você?
— Não. Pai e você foram muito claros sobre a minha condição. Não posso correr. Não posso entrar em brigas. Não posso ficar nervoso. Seja o melhor da turma com suas notas e seu conhecimento. — ele falava isso como se tivesse gravado e escutado isso todo dia. — Mas olha essa cidade! Está tudo um desastre e ninguém faz nada! Quer dizer, Jonah acabou de morrer e você o trata como “o filho dos Jones”. Mãe, não comece a ser fria.
— É necessário. Não posso chorar por cada pessoa próxima que morre. Não faria outra coisa além disso. — ela respirou profundamente, observando o filho sentado. — , ninguém sabe mesmo de você?
— Nunca contei para ninguém. — ele tinha sete anos novamente.
Com sete anos algo incrivelmente chato aconteceu. Ele resolveu brigar com um dos valentões. Um menino que mais parecia uma vareta contra o garoto mais forte de seu ano, era bem óbvio qual seria o resultado. pararia no hospital. Mas quem parou no hospital foi o outro. Ninguém entendeu como, mas deu um soco no menino que foi parar do outro lado do pátio.
Os pais sabiam que já era hora de começar a ensinar para o filho como deveria se portar na escola. Nem eles sabiam direito o que tinha acontecido, mas o filho dos Schillers era diferente. Ele era o mais rápido da turma, ele poderia bater o recorde do maratonista Bolt facilmente. Ele levantava pesos, mesmo que sua estrutura corporal não parecesse ser feita para isso.
A Sra. resolveu mostrar ao filho o que poderia acontecer caso ele mostrasse que era uma aberração genética, como ela mesma pensava. Entregou revistas e mais revistas em quadrinhos, mas depois teve medo de que o filho começasse a imaginar que poderia ser um super-herói. Naquela cidade? Nem pensar.
O dia passou tranquilamente depois daquilo. Estava na época de provas, o que era a desculpa perfeita para passar o dia dentro do quarto não fazendo nada, já que sabia até o que os professores colocariam nas provas. Não era algo difícil quando a diferença entre ele e o segundo colocado em notas era de setenta e cinco por cento. Ele era praticamente um deus em forma de estudante. Bem, pelo menos era isso que os outros alunos falavam dele.
Ele fez o mais clichê dos clichés: ajustou os travesseiros parecendo que era seu corpo coberto, uma bola parecendo que era sua cabeça, abriu a janela e pulou, aterrissando perfeitamente no chão. Comemorou mentalmente por não ter feito nada de errado.
Cinto no lugar, máscara no lugar. Tudo estava certo para que pudesse continuar na sua missão impossível. Ele andava pelas vielas atrás de seu prédio, e só encontrava capangas desses mafiosos. Nenhum tão importante, nenhum fazendo algo que merecesse repreensão. Por ali tudo estava tranquilo, o que significava que poderia partir para fazer o que desejava.
Ele começou a correr, e pegar cada vez mais velocidade, até que achou que já seria exagerado exceder aquele limite imposto pelas leis naturais. Mas só um pouco não machucaria ninguém.
Era delicioso o sentimento que expandia por seu corpo. Estava livre, se sentia livre. Mesmo que tendo que usar um uniforme e uma máscara, ele podia liberar tudo aquilo que por muito tempo foi reprimido dentro dele. Os pés batendo rapidamente no asfalto, o vento que só não machucava seu rosto por estar com uma máscara vermelha, aquela sensação de que, naquele momento, ele era apenas ele, não , o nerd chato que sabe tudo. Mas o carinha que pode correr, que tem uma força incrível. O carinha que pode salvar algumas pessoas desse caos.
E essa era a parte que ele mais gostava nisso. gostava de ajudar. Não era um altruísta, ou algo do tipo, mas ele sabia como era um saco viver naquele lugar, e se ele pudesse ajudar, bem, por que não ajudar essas pessoas?
Mais a frente sabia que seria o esconderijo de Fish Mooney. A essa altura do campeonato ele já tinha apelidado todos os mafiosos com nomes de mafiosos de Gotham. Corleone vivia do outro lado da cidade, e agia por toda ela, especialmente ali, onde morava. Mas Mooney era como se fosse seu braço direito. Ele queria muito encontrar um cara igual ao Pinguim. Adoraria isso. Mas todos eles eram vilões, e até aquele momento, não queria atrair a atenção desses caras.
Uma moça saiu do clube mais conhecido de Fish Mooney com um sorriso confiante no rosto. Seus cabelos loiros estavam presos no topo de sua cabeça, ela usava um vestido delicado, mas all star preto. Era uma criatura curiosa. Observando ainda mais de perto, ela usava uma máscara para tampar seu rosto, possibilitando a visão apenas de sua boca, vermelha de batom, um pouco borrado, diga-se de passagem.
— Eu sei que você está me seguindo. — ela continuou olhando para a frente, ainda confiante. — Anda, toma uma atitude. Vai vir me pegar, ou vamos brincar de gato e rato? — a entonação de sua voz mudou, e novamente — Tudo bem, mas você é o rato.
Com isso, a moça começou a correr e pegou de surpresa. Ele começou a correr, pensando que seria tranquilo encontrá-la, mas quando chegou na esquina ela já tinha sumido.
Ele ficou parado por um tempo, montando teorias em sua mente, de onde ela poderia ter ido, e foi quando sentiu alguém puxando seu sobretudo, encontrando um uniforme todo vermelho no lugar de roupas comuns. Um cinto com armas e uma botina com facas nas laterais.
— Você é novo aqui. — ela disse assustada. — Quem é você? — ela sorriu esperando a resposta.
— Half..
—Ralph? — ela riu. — Não, se você quer ser o herói desse lugar você não pode usar seu nome. Use Halfbreaker. Vai por mim. Se eles descobrirem o seu nome, sua família inteira estará morta.
— Então eu posso saber o seu? — ele tentou entrar no jogo dela, de flertar, ou seja lá o que ela estava fazendo.
— Heart Queen. — ela deu de ombros. Agora eles caminhavam lado a lado agora.
— Harley Quinn? Tipo a Arlequina? — ele não conseguia acreditar que tinha mais alguém naquele lugar usando nomes provenientes de Batman ali.
— Não. Tipo Rainha de Copas sabe? Alice? — ela bufou. — Você precisa aprender a entender referências. Ninguém mais gosta de Batman, ô Justiceiro das Trevas.
— Todo mundo gosta do Capitão América, né? — ele riu, mas ela não o acompanhou nesse pesamento, soltando um “ Hã?” — Deixa pra lá.
— Bem, Ralph, foi bom te conhecer. Te vejo nas capas dos jornais. — ela saiu correndo, soprando um beijo para ele. Seja quem quer que fosse, ela era louca. Disso ele tinha certeza.
O resto da noite foi tranquila, comparado ao encontro com a Harley. Ele mesmo tinha apelidado ela assim. Mesmo que, para ele, ela era mais Electra do que uma Rainha de Copas. Alice. Que referência besta.
Tranquila era modo de dizer. A cidade sempre foi a loucura de gente fugindo de bandidos comuns, de mafiosos. Tudo acontecia a noite, e de manhã todos estavam na polícia, esperando quem iria pagar a gorda fiança para tirá-los de lá. E ninguém escapava, mafiosos ou políticos e até mesmo alguns policiais.
entendia que a polícia nunca iria ajudar os cidadãos, eles tinham coisas mais importantes para lidar do que com simples furtos e assassinatos sem o menor sentido. Ninguém estava querendo lidar com esses pequenos delitos, quando uma guerra mafiosa acontecia por lá.
Mas quase nunca ele entrava em uma briga, de fato. Normalmente só por conseguir se impor mais do que esses ladrões já era o suficiente para que nenhuma mulher chegasse em casa chorando por ter sido assediada. Era o que ele mais fazia, e no fim deixava uns dois ou três presos em frente à delegacia, esperando que eles ficassem presos ali. Mas isso nunca funcionava.
Voltou para casa lá pelas seis horas da manhã. Ainda estava escuro, o que dificultou um pouco a encontrar a trava de sua janela, mas logo estava deitado na sua cama, finalmente descansando para o próximo dia agitado que teria com as provas finais ao lado da outra pessoa mais inteligente da faculdade.
Só tinha uma pessoa na faculdade toda que sempre discutia com ele todas as suas teorias, uma pessoa que estava em outro curso, mas também queria trabalhar na perícia da polícia. . Ela não era um pouco irritante, ela era muito irritante. Ela era mais irritante do que aquele apito que você escuta no seu ouvido quando ele tampa. Nerra amava contestar tudo o que falava, e aquilo parecia ser a diversão dela.
Aquele sorriso cínico, os braços cruzados, a pose de poderosa que ela tinha. Ela se impunha mais do que os professores, sem contar que adorava dizer que qualquer coisa que faria daria errado, apenas por dar errado.
— .
— .
Eles nem se olhavam e todos já sentiam o ódio gratuito que estava por vir. Nerra sempre explodia em segundos, sempre ria das reclamações dela. Todos os outros alunos só olhavam, esperando a grande batalha do século. Ela bufava e revirava os olhos. Ele ficava de braços cruzados, mal vendo a hora de fazer aquela bendita prova e ir embora.
— Bom dia, alunos. — O professor entrou na sala. Era prova do que agora? Bem, tanto faz. — Todos trouxeram seu trabalho semestral? Lembrem-se que a pesquisa e a execução também vale nota nesse semestre. Entreguem junto com a prova. — ele foi entregando para cada fileira. Ao chegar a última o professor suspirou desanimado — Boa prova a todos.
A briga de canetas começou, não dava nem tempo para pensar, escrevia suas respostas gigantes, sua mão parecia estar com algum problema, de tão rápido que se movia, e com não era diferente. Mas ele escrevia rápido apenas por diversão, aquilo não o cansava nem um pouco. Era um dos poucos momentos em que ele usava daquilo sem que ninguém percebesse.
até suava, tamanha concentração que tinha com aquela prova. Ela provavelmente estava revisando pela quinta vez suas respostas, procurando algum erro, seja ortográfico ou não. E ao sorrir satisfeita, levantou, vitoriosa, entregou a prova e tirou um trabalho enorme de sua bolsa, quase que desfilando até a porta da sala. Pelo menos 9,99 ela tiraria naquela matéria. era a única pessoa naquele mundo que conseguiria tirar um dez.
A facilidade que conseguia prestígio dos professores irritava Nerra profundamente. sempre conseguia os melhores tutores, os melhores coordenadores, e ela sempre estava em segundo lugar por uma minúscula vírgula. Aos poucos ela foi se tornando rabugenta, crítica e cínica quando ao rapaz, mas uma coisa ela nunca poderia reclamar: ele era um rapaz bom. Quem sabe até conseguisse mesmo um cargo na polícia.
Quando saiu da sala ela estava encostada na parede, lendo mais algum livro para outra prova. Ele achava graça de tudo isso, mas entrou nesse jogo de serem inimigos de notas, mas se ajudarem para chegar até lá.
— Ele estava lendo o seu trabalho quando eu saí. — ele disse, sentando-se e encostando na parede, com ela fazendo o mesmo. — Está incrível.
— Isso qualquer pessoa sabe. Mas…?
— Mas o que?
— Bem, sempre vem um mas depois dessa frase. “, seu trabalho está impecável. Mas foi o garoto que pegou o primeiro lugar” — ela dizia imitando a voz dos professores. Os dois riram a pobre imitação dela. — E então?
— Acho que não tem um “mas”. Ele parecia maravilhado.
— Bem, isso é um começo. — ela suspirou, voltando a ignorar ele.
— Que isso, , você vai mandar bem que eu sei. — ele deu tapinhas no ombro dela.
— Bem, sabemos quem vai gabaritar, pelo menos. — ela disse sorrindo. Mas ao olhar para dava para perceber como ela parecia exausta. Não que estivesse bem, mas ele tinha pelo menos descansado antes de vir para a faculdade. — Você tá bem?
— Noite difícil. — ela respondeu seca. Hora de mudar de assunto. Ou simplesmente deixá-la ali sozinha. Ele se levantou depois de alguns minutos de silêncio.
— Ei… — ela disse, olhando para ele dessa vez. — Cuidado. Acho que a turma de mafiosos está por aqui hoje. É.. Bem… É perigoso sair agora. Espera um pouco. Não é como se alguém precisasse da sua ajuda mesmo.
Mais minutos em um silêncio constrangedor, até que eles começam a escutar barulhos de tiroteio ao longe. parecia calma, mas conseguia ver que ela não estava muito tranquila com isso.
—, eu conheço uma outra saída da faculdade. A gente pode sair e fugir de balas perdidas e essas coisas. — ele deu de ombros, estendendo a mão para ela levantar.
Eles seguiam por corredores infinitos, o prédio da faculdade nunca pareceu ser tão enorme. chegava a tremer de nervosismo, deixando ainda mais nervoso em sair logo daquela situação. Era a maldita hora de começar a agir como um herói naquela cidade. Chega de pessoas passando pelo o que a passava. Ela podia ser extremamente competitiva, mas era uma pessoa que merecia toda ajuda possível, principalmente antes de entrar em um colapso nervoso.
Eles saíram por uma janela, que dava para uma rua ao lado da entrada. A janela era alta, mas não o suficiente para juntar sua coragem e pular. Ao cair, mesmo que cambaleando, ela sorriu, feliz por sua aterrissagem não ter sido pior.
— É, , não é só em notas que você é bom. — ela sorriu, agradecida. — Bem, até a próxima. Obrigada.
saiu correndo, deixando suas coisas em um lugar que ele julgava ser seguro. Trocou de roupa ali mesmo, deixando o jeans e a camisa por uma roupa vermelha que protegia todo o seu corpo, principalmente seu rosto.
Precisava chegar próximo de Dom Corleone, precisava ver a cara daquele que fazia com a cidade ficasse cada vez mais caótica, corrupta e inabitável. Mas o que faria? Não poderia matá-lo ali. Aí que o caos iria se instaurar e sabe-se lá o que poderia acontecer. Mas ele precisava fazer aglo, nem que fosse matar um capanga dele, deixar um recado. O que o Batman faria?
Ele parou de correr ao ver um dos capangas de Corleone parado, escondido, esperando um sinal para sair daquele lugar. Mas deixou o cara inconsciente, esperando para ver o que aconteceria. Não muitos segundos depois, Heart Queen apareceu, agora de tênis, shorts, seus cabelos estavam presos em duas marias chiquinhas, uma ponta pintada de vermelha e a outra ponta pintada de azul. Ela segurava um bastão e parecia insegura com a situação. Ele esperou ela se aproximar e a segurou, não deixando perceber que era ele, fazendo uma voz bem idiota mesmo, esperando que fosse convincente.
— O que você faz aqui? — ele engrossou a voz, ideia estúpida.
— O mesmo que você. Quer salvar as pessoas, certo? Comece a se importar mais com quem vai ser alvo de balas perdidas e menos com esses mafiosos. — ela suspirou — E você chegou atrasado, Half.
Ele a soltou, e ela virou de frente para ele, olhando da cabeça aos pés, sorrindo, mordendo os lábios. Ela olhou para os dois lados e mandou ele abaixar e ficar quieto, alguém se aproximava.
— Queen, você precisa fazer isso logo. — uma voz grossa dominou aquela rua. Bem que engrossando a voz ele poderia ter uma parecia com a desse homem, pensava. — Sério, Arcurri está esperando que você assuma logo a sua posição.
— Eu vou fazer! Nossa, vocês capangas são muito apressados. — ela bufou, desviando o olhar e encontrando Halfbreaker ainda escindido ali atrás. Ela olhou novamente para aquele que estava falando com ela. — Você é casado? Tem filhos?
— Não.
BUM. não conseguia acreditar. Ela era realmente muito maluca. E assim que tinha atirado naquele capanga, ela correu, sabe-se lá para onde. E a única coisa que ele pensou naquele momento era em segui-la.
Agora que eles finalmente brincariam de gato e rato, onde ela estava sendo o rato, ou apenas fazendo com que imaginasse que ele era o gato da brincadeira. Ele corria pelas vielas daquele lugar como se estivesse em um labirinto prestes a desmoronar. Cada segundo que passava poderia significar em um civil ferido.
Era uma guerra instaurada e ele não fazia a menor ideia do que fazer. Tinha esperado tanto por esse momento que agora nem sabia o que fazer. Seria Heart Queen a sua arqui-inimiga? Será que realmente ele teria que correr atrás dela e não procurar salvar aqueles que precisavam? Melhor salvar aqueles que precisam de ajuda. Heart era um assunto a ser tratado mais tarde. Pelo menos já saberia onde encontrá-la.
Ele andou próximo ao tiroteio, vendo muitas pessoas feridas, pedindo ajuda para serem levadas ao pronto-socorro, algo que só iria acontecer depois que tudo aquilo terminasse, e precisava terminar.
Algumas pessoas ele levantou e ajudou com os ferimentos leves, mas a maioria ele apenas demarcava para que os bombeiros os encontrassem logo. A cada passo que dava ouvia tiros mais próximos, até resolver subir um prédio e admirar aquilo lá por cima. O quer seria necessário? Apenas parar aquelas armas? Como ele poderia fazer isso, correndo? Quais eram as chances dele ser atingido?
Ao olhar mais calmamente para Dom Corleone viu a cabeleira loira justamente atrás do homem, com a arma na mão e uma postura para que ninguém pudesse perceber que ela estava ali. Atirar ela não iria, mas não parecia que ela tinha uma arma branca para matar Corleone. Mas foi só piscar que ele previu os movimentos dela. Uma faca. Aquilo seria suficiente para fazer com que aquele homem caísse morto.
Ela deu um passo para frente, levantando a lâmina em direção ao pescoço do homem, e alguns segundos depois, atravessou-a, de um lado até o outro, deixando o sangue que escorria sujar sua roupa e seu cabelo.
Demorou alguns segundos até os homens que estavam ao lado dele percebessem que ele tinha sido assassinado. Foi o momento de cessar o que estava acontecendo e começar a preparar outro plano. Corleone estava morto, assim como a cidade.
Caos não era palavra suficiente para descrever o que tinha acontecido na cidade. Todos estavam em pânico, todos ligavam desesperadamente para suas casas querendo notícias de amigos e familiares. Não parecia que a cidade teria sossego nunca mais. Com Corleone vivo as coisas iam mal, mas sem ele as coisas seriam péssimas.
Para o que bastou era parar aquela troca de tiros sem sentido, que só iria ferir ainda mais pessoas. Um, dois, dez capangas já estavam no chão. Quinze, Trinta… Será que teria sido o suficiente para parar, momentaneamente, tudo aquilo? Teria chego a hora de procurar a Heart Queen?
Conforme andava, mais marcas de que ela havia passado por ali eram encontradas. Nada assustador, não parecia que ela tinha atacado mais ninguém. Mas estava começando a escutar os passos da moça por aquelas ruas estreitas. As risadas, ela via graça em tudo aquilo. Ele se sentia dentro de sua história em quadrinhos favorita.
Era estranho perceber onde estava, o que precisava fazer, o que queria fazer. As pessoas sempre rotulam os outros, mas nunca se sabe quem pode ou faz o que, principalmente naquela cidade. Quem poderia ser a mulher por trás da máscara da maluca que ria e cantarolava enquanto matava algumas pessoas?
— Consegue imaginar seu futuro sem mim? Se você realmente se tornar um herói eu não consigo. — ela cantarolava enquanto falava isso. Parecia que se teletransportava. Será que era possível?
Ele sabia que seria difícil, mas era a história em quadrinhos número um: nasce um herói, Halfbreaker, um rapaz inteligente, revolucionário que tem como único desejo salvar a cidade do crime. Podia se ver na capa, com uma ilustração sua fazendo uma pose heroica, com seu uniforme vermelho, e músculos saltando de seu corpo como se eles pudessem mesmo ser daquele tamanho sem que isso causasse uma doença. Claro que, se fosse possível, deixariam Heart Queen com menos roupa, com um shorts tão minúsculo que as pessoas que leriam se perguntariam se era preciso todo esse fan-service.
Será que agora era mesmo uma guerra declarada entre os dois? A moça ria, deixando ainda mais nervoso, sem entender muito bem o que poderia fazer. E quando a encontrasse, o que faria?
Ele viu sua sombra e dois segundos após isso os dois estavam caídos no chão. Heart Quinn ria, como se tivesse pirado e caído na loucura da cidade. Não que fosse alguém muito normal, já viu pessoas normais que tem uma força sobre-humana, pode atingir a velocidade da luz serem normais? Mas ela poderia ter enlouquecido.
— E aí, Half? O que vai fazer? — sua voz era sedutora.
— Por que? — ele estava nervoso. — Por que você tinha que fazer isso?
— Sabe como é “ Nós somos todos loucos aqui” … — ela respondeu sorrindo. — Talvez eu mude meu nome para Cheshire, concorda?
Assim Heart desapareceu em um piscar de olhos, deixando atônito com tudo aquilo. A polícia já estava encaminhada, só restava voltar para a casa e esperar alguma coisa acontecer. Ficar na rua não adiantaria nada agora.
voltou para casa normalmente, recebendo mais um sermão de sua mãe e como não ligou nem para avisar que estava bem, visto que o tiroteio aconteceu perto da faculdade. Ao sentar com a mãe para assistir televisão os âncoras noticiavam a morte de Dom Corleone, deixando os dois tensos.
A mãe se espantava de horror, já se espantava pela briga que viria a acontecer agora que o maior mafioso da cidade tinha morrido. Afinal, agora a luta era para quem fosse pegar o seu lugar. Sabia que, se essa era a revista número um, edição especial para colecionador, sua história como herói daquele lugar só tinha começado. E ainda viria muito trabalho a fazer...
FIM
Nota da autora: Olá você, leitora que chegou até esse momento glorioso, também conhecido como o final da fic. Como você está? Tranquila? Essa história foi escrita nos 45 do segundo tempo, então não ficou uma Brastemp, mas pelo menos não está tão ruim. Eu preciso deixar registrado a paixão que eu tenho por Immortals, também conhecida como música tema do famigerado Operação Big Hero, a.k.a. um dos meus filmes favoritos. Eu espero que vocês tenham gostado da história. E antes que vocês me perguntem: Sim, tem continuação. Aguardem.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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