Capítulo Único
Assim que o segurança trancou as portas e ativou o alarme, viu a deixa para que começasse a agir. Sua mente afiada já sabia como funcionava o esquema e cada parte de seu corpo estava preparada para o ato.
As luzes foram desligadas, e apenas a vermelha que avisava sobre a existência do alarme continuava piscando no meio da sala. Um pouco adiante, o cofre estava lá como ela esperou que estivesse. Grande, trancado, prata. E, aparentemente, livre.
Deu uma risadinha, não entendendo exatamente o motivo de estarem deixando uma deixa tão grande. Não havia assistido a reunião mensal deles, mas nestas semanas a segurança estava cada vez mais fraca. Seus músculos se contraíram e se inclinou como um gato, preparando para o seu igual pulo silencioso felino.
Depois do impulso, estava no ar. Tentou alcançar a parede por completo, mas teve o problema de cálculo que não pensou quando pulou. Por pouco, a barra do seu salto quase alcançou os lasers e ela ficou encrencada. Claro, sabia e iria dar um show. Infelizmente, imprevistos acontecia.
Na sua mente, acreditava que o que criava as pessoas incríveis eram seus erros assumidos atrás de seus sucessos.
Sorriu e se agarrou ao teto, colocando suas mãos, cotovelos e joelhos para se formar. A mulher se lembrou da adorada estilista que lhe auxiliou com a roupa especial. Sem mais tempo para notas mentais, engatinhou pelo teto até a parte em que os lasers eram menos.
Sabia com aqueles raios que tinham na entrada e até a metade suas chances eram nulas. Eram muitos raios-laser. Muitos. Talvez matasse até um mosquito. E tinha certeza que o fio mais fino do seu cabelo teria ativado o alarme, trazendo instantaneamente um grupo gigante de policiais.
Silenciosa como um gato, a mulher aterrissou ao chão em um só suspiro. Olhou em volta confirmando a calmaria da sala e se arrastou ao chão, atravessando outro obstáculo. Se ergueu, se curvou, se contorceu. Em um pulo final, estava de frente ao cofre.
Conhecia bem o sistema dele. Era aberto só pelas digitais autorizadas. Se alguém que não fosse autorizasse ousasse tentar, os alarmes seriam ativados e gritariam até que a pessoa fosse demitida – ou presa.
Apesar de achar tudo isso um saco, confessava que era um bom esquema de segurança. Ela gostaria de ter feito algo assim. Mas seria um pouquinho mais esperta...
Abriu o cinto de acessórios e tirou seu pó de lá. Sorriu e espalhou, deixando as partículas soltas. E então, assoprou contra a parte em que pedia o polegar. Devagar, manchas foram aparecendo. Retirou um plástico especial e pressionou contra, tomando o cuidado específico para não apertar seus dedos contra também.
Olhou novamente para a entrada. Tudo silencioso. Tudo quieto.
Com um puxão, ela retirou o plástico de uma vez. Colocou-o na luz e admirou sua tão querida digital. Agora, bastava apenas... recolocar. E foi o que fez. A digital foi analisada e o alívio não pôde ser maior de quando foi identificada e aceita. As margens de erro de seus truques eram baixas, mas aconteciam.
O gigante cofre foi aberto. Suspirou satisfeita com o trabalho e ajeitou o cabelo. Pegou o saco pesado de libras e fechou o cofre.
Antes de pular e fugir, reativou uma das câmeras que tinha apagado. Sorriu, olhou no centro dela e mandou um beijo vermelho. No instante seguinte, já estava fora do ambiente. Teve a oportunidade de ver viaturas indo na direção do prédio.
- De novo, ? Fala sério! – Carl suspirou irritado, pensando em maneiras diversas e grandes de deixar o corpo do agente moído e em pedacinhos. Suas mãos passaram pelo cabelo, na esperança de encontrar alguma calma enquanto seu subordinado loiro o encarava aparentemente arrependido por trás das grades. – Eu não deveria sequer pagar sua fiança. Você deveria ser demitido! – disse lentamente, depositando toda a raiva que o grito não permitido trazia.
- Eu... – Ainda bêbado, balbuciou algumas coisas e se segurou. O chefe, apesar de negro, estava extremamente vermelho. Mais vermelho do que quando passava os dias na praia. Parecia um... bolinho. -... Demitido não. – Concluiu, concordando consigo mesmo como quem cita um fato, uma lei.
- Meu Deus, como eu deveria! – Carl rugiu, andando de um lado para o outro. apenas abaixou os ombros, olhando para o chão, fazendo a pose de arrependido. – Você será seriamente punido por isso. É melhor me escutar.
Carl saiu pela porta, indo em direção ao centro do local para pagar a fiança. sorriu baixinho com a conclusão que estaria livre e só queria dormir, sem se preocupar com as consequências. Se lembrava de ter bebido por algo assim, aliás. Agora a parte de dirigir bêbado...
Bom, essa fugiu do controle e das aventuras. Mas tudo bem. Ele sequer se lembrava mesmo.
Sua consciência pesou instantaneamente assim que pensou nisso. E se tivesse matado alguém? Seus olhos se arregalaram e a boca abriu, olhando chocado para o nada.
- Meu Deus.
Segundos mais tarde, o chefe Carl voltou junto com algum policial de feição desaprovadora. Seu rosto era de quem já era acostumado com jovens delinquentes e pais protetores que pagavam fianças. Poderia jurar que ouvia os pensamentos dele de “Esse cara deveria ter ficado pelo menos um mês para aprender”, mas se o fizesse, provavelmente o chamariam de louco e iria direto para o psiquiatra.
Céus, ele só estava bêbado. E era ótimo em analisar pessoas.
A jaula foi aberta por um molho de chaves grosso. levantou e seguiu em direção ao seu salvador, sem deixar de pensar no possível acidente de carro. Não aguentando mais, perguntou:
- Eu matei alguém inocente? – sua voz embargada denunciava suas futuras lágrimas. Por um instante, o policial e Carl se olharam em dúvida sobre como deveriam agir.
- Vamos, garoto. – O chefe apenas o silenciou e caminhou quieto em direção ao carro. Só se pronunciou assim que entrou. – Você tem uma curta noite pela frente, é melhor ir dormir.
Relutante, entrou e deitou no banco, quieto e agonizado. O suspense ainda estava no ar, já que o mesmo se recusava a aceitar que aquilo tinha sido um “sim”. Se tivesse matado alguém estaria preso com pena, não é? E se tivesse ferido, talvez recebesse algum processo ou notificação.
Se algo tivesse acontecido, ele só descobriria na próxima noite. Já que, aparentemente, Carl não iria falar nada, mesmo que se o loiro implorasse.
O barulho do motor ajudou a pegar no sono, mas ele teve alguns segundos de lucidez antes. Esses segundos auxiliaram para que ouvisse o chamado do FBI pela escuta do outro.
Uma emergência logo no momento que ele pôde dormir. Ao que parecia, novamente um banco havia sido roubado na terceira semana consecutiva por .
E ela não havia sido capturada.
Os óculos escuros não eram suficientes para evitar que os raios solares agressivos adentrassem seu campo de visão e fizessem sua cabeça doer mais. quis colocar um óculo solar por cima do atual, na esperança fajuta de que resolvesse seu problema.
Porém, não iria resolver. E não era só isso. Era o barulho. As pessoas digitando em teclados duros, conversas em murmúrios irritantes, telefones tocando e os gritos de Carl – abafados pela porta – de longe.
A cabeça de girava com força, implorando por uma cama e uma paz que não teria. Era sua pior ressaca em anos e não estava acreditando que foi obrigado a trabalhar logo neste dia. Então, sua cara de incômodo não pôde não existir. Todas as mulheres que passavam em sua frente, seu rosto emburrava mais, em um pedido inocente de piedade. Para alguém jogado no sofá do próprio emprego, de cabelos bagunçados, roupas amassadas e cara birrenta, ele até que estava conseguindo muitos sorrisinhos.
Malditos sorrisinhos.
Saindo do seu transe, Carl entrou no campo de visão. Sabia que o cara não era geralmente raivoso, mas poderia ser o cão quando precisavam. Se é que alguém precisava daquilo. Suas veias estavam saltadas e os olhos encaravam com um ódio indescritível.
Temeu pelo que iria ouvir. Temeu pela dor de cabeça que iria aumentar.
- Você será castigado. – O tom foi firme, claro, direto.
Entretanto, o loiro não se conteve. Teria que achar um jeito de escapar da situação e aliviar seu castigo. Usou o que tinha de melhor. O falso charme.
- Sabe, Carl... – murmurou, casual – como soube que eu adoro brincar de 50 Tons de Cinza? – sorriu despreocupado.
A reação não foi a mesma com o chefe. Se controlando, ele continuou encarando o rapaz despreocupado. Ele exalava raiva.
- O que você fez foi um absurdo. Absurdo! Como um policial especial se mete em confusões com a própria lei? Como isso seria aceitável? Você tendo agora uma ficha criminal, é meio que muito difícil de ser aceito por qualquer outro lugar. – Respirou fundo, passando as mãos pelos fios dos cabelos. – Eu levei bronca. Eu quase fui demitido. Você poderia ter matado alguém. Seu nível alcoólico lhe traria um coma no meio da estrada!
O homem mais novo ouviu tudo quieto, apenas pensando. Suas pupilas dilataram, como sempre que sua cachola resolvia funcionar.
- Então eu não matei ninguém? – perguntou sem gracinha desta vez, soltando um ar do fundo dos pulmões que ele mal sabia que segurava. O ar de alívio dos culpados.
Carl soltou uma risadinha, já sabendo como aquilo tinha afetado o garoto.
- Isso te faz se sentir menos culpado? Você poderia ter matado.
abaixou os olhos, olhando para o nada. Depois de um tempo, uma respiração profunda e forças tiradas do espaço, disse:
- Ok. Qual meu castigo? Eu o mereço. – Carl ergueu a sobrancelha, ainda irritado. continuou em silêncio.
- . Preciso que a capture.
O loiro riu alto, incrédulo. Como se fosse uma piada. Mas, quando o outro não riu, ele engoliu em seco. Incrédulo. A dor de cabeça aumentou.
- É impossível! Estamos tentando capturar aquela garota há meses. Ela é muito enjoada, enche o saco e coloca milhares de pegadinhas no meio do caminho. Por que eu? Fora o castigo. Sequer sou capaz disso! – exagerou. – Chame alguém mais experiente e me faça, sei lá, limpar a sede.
Carl sorriu satisfeito com a reação que havia conseguido.
- Não – respondeu com simplicidade. – Vamos deixar que ela acabe com você. Ou você com ela. Talvez isso custe seu emprego. – Piscou e saiu.
bufou pela milésima vez, se sentindo pesado. A garganta secou, sentindo saudades de uma bebida alcoólica.
- Olhe pelo lado bom – murmurou para si mesmo –, pode ser até interessante.
Depois de muito estudar o caso, o agente já não aguentava mais. Já havia decorado rotas, locais, momentos em que já esteve e tudo que fez. Já havia até decorado o maldito rosto! Mas nada de prever os próximos movimentos, ou entender como ela conseguia agir.
Era extremamente provocativa, deixando claro sua maneira de agir. Era uma... mente criminosa realmente boa. não tinha padrões a seguir. Ela simplesmente agia, deixando sua assinatura debochada.
E não aguentava mais isso. Era irritante, desagradável, difícil. Não aquele difícil excitante, mas o difícil que deixava sua cabeça doendo e seus nervos à flor da pele. Aquele caso estava destruindo-o.
Talvez por seu ego, talvez por tudo que tinha conquistado. Não importava o motivo, desde que aquela garota estivesse presa.
- Agente ? – Adriele, a secretária ruiva entrou na sala em que estava. Ainda encarando a ficha de arquivos da assaltante, o mesmo acenou com a cabeça. – Temo que... estamos prestes a encontrar .
Os olhos azuis se iluminaram, encarando a secretária como se ela tivesse acabado de dar o melhor presente. Sua sobrancelha se franziu de leve.
- Teme? O que conseguiram? – Levantou-se abruptamente, indo em direção a ela. – Por que ninguém me avisa nada aqui? Acabou o respeito, é isso? – segurou o grito de raiva, respirando com força. A ruiva olhou desconfiada, dando passos para tras.
- É que... Ela caiu na armadilha que o senhor colocou mês passado.
- Está brincando.
- Não. – As pupilas se dilataram mais uma vez.
A armadilha fora posta para capturar em uma certa época, porque tiveram notícias que ela faria tal coisa. Mas, inesperada como sempre, ela acabou não entrando na área, evitando o caminho, sequer aparecendo. Algo que complicou bastante a vida de .
Entretanto, ele não deu a ordem para retirarem e desmontarem a armadilha. As pessoas ainda estavam de vigia, fazendo o ambiente perfeito para conquistar e a sua trupe. Ninguém acreditou que aquilo daria certo, mas deu. Mais tarde, mas deu.
Um brilho no escuro depois de tanto tempo. Um acerto depois de tantas noites trabalhando naquele maldito caso.
- Onde ela está? – Colocou seu casaco, se preparando para sair. Adriele se sentiu culpada e hesitou. Tinha ordens para não deixar sair, mas por que ele parecia uma força da natureza? Se não se afastasse, provavelmente seria derrubada. – Anda, onde ela está?
- Senhor, acredito que não deva...
bufou alto, interrompendo-a. Não acreditava. A chance da sua vida. Não iria perder a chance de ver aquela mulher sendo capturada.
- Adriele – pediu.
- Temo não ter essa informação...
- E o que você sabe? – Puxou os próprios cabelos para aliviar a raiva. Um gesto roubado de Carl. – Não, realmente. O que você sabe? Estou às cegas aqui!
E saiu rápido, como se estivesse atrasado para um espetáculo. Bom, primeiro teria que comprar os tickets.
A boate estava lotada, localizada em uma área periférica da cidade. Apesar de altos, os muros rebocados não passavam muita segurança, colocando também bastante sombra para que pudessem fazer o que quisessem naquela parte sombria.
O cheiro de lixo queimado não incomodava . Após conseguir tudo que precisava, estava indo de cara ao seu Santo Graal, entrando pelas portas do fundo da boate.
Conseguia identificar vez ou outra algum agente disfarçado, preparado para a ação que viria em breve. A segurança dele estava lá. Só tinha que fazer o trabalho sujo e encontrar lá dentro.
Não foi tão fácil quanto imaginou. Assim que abriu a entrada forasteira, percebeu o quão cheio e escuro era a balada. Praticamente impossível de encontrar qualquer um lá, já que não saberia diferenciar pessoas estranhas.
Estressado e querendo jogar tudo para o alto, conseguir um mandato e revistar cada pessoinha daquele local. Sua visão noturna seria melhorada em breve, mas a vontade não passava.
Decidiu sair de cara da pista e procurar nos cantos, fazendo alianças e o melhor para que não fosse descoberto. Encontrou picos mais altos e fez guarda, observando melhor as pessoas, procurando .
A vontade de beber para desestressar lhe consumia. queria tanto comemorar antes mesmo que vencer que acreditou que seria sua ruína. Se manteve longe do bar por um bom tempo, quase resistindo aos encantos.
Moças lhe sorriam, o tempo passava, drinks rondavam e nada de . Já estava perdendo total paciência. Se apoiou na grade para pegar um ar, se preparando para outro surto de raiva e impaciência. Iria voltar para lá. Apenas um segundo.
Todos esses meses se passaram por sua cabeça. Sua calvice precoce iria perturbar por apenas dirigir bêbado? Não fazia mais sentido. Mas o que ele sabia era que era pessoal. brincava com ele a todo tempo. O infernizava.
Jogava. Sempre com aquele sorriso sapeca filho da puta.
Era tão pessoal quanto gostava de admitir. Pensar que outras pessoas sabiam da história deles era algo que não tolerava. Agora, descobrindo que estava caçando ela, seu sangue borbulhava por vingança.
Tinha uma carreira que poderia ter sido destruída pela mulher. Como das outras vezes.
Antes que entrasse para dentro, um garçom ordinário que havia visto lá dentro apareceu confuso, andando atrás de com uma taça de vodka.
- Senhor. Pediram para lhe entregar isso aqui. Não sabia que estava aqui... – disse, ainda confuso. pegou o copo desconfiado enquanto o mesmo voltava para dentro.
Analisou a taça e encontrou dentro um beijo vermelho.
- Surpresa. – A voz feminina soou rápido demais, fazendo os cabelos de sua nuca se arrepiar e seus instintos ficarem automaticamente atentos. Se virou rapidamente, encarando a mulher. Belo erro. – Você é tão previsível como eu nunca fui, amor. Mas nós dois sabemos quem sempre ganha no final.
Viu a boca vermelha sorrindo sapeca e uma lâmina correndo até sua garganta.
As luzes foram desligadas, e apenas a vermelha que avisava sobre a existência do alarme continuava piscando no meio da sala. Um pouco adiante, o cofre estava lá como ela esperou que estivesse. Grande, trancado, prata. E, aparentemente, livre.
Deu uma risadinha, não entendendo exatamente o motivo de estarem deixando uma deixa tão grande. Não havia assistido a reunião mensal deles, mas nestas semanas a segurança estava cada vez mais fraca. Seus músculos se contraíram e se inclinou como um gato, preparando para o seu igual pulo silencioso felino.
Depois do impulso, estava no ar. Tentou alcançar a parede por completo, mas teve o problema de cálculo que não pensou quando pulou. Por pouco, a barra do seu salto quase alcançou os lasers e ela ficou encrencada. Claro, sabia e iria dar um show. Infelizmente, imprevistos acontecia.
Na sua mente, acreditava que o que criava as pessoas incríveis eram seus erros assumidos atrás de seus sucessos.
Sorriu e se agarrou ao teto, colocando suas mãos, cotovelos e joelhos para se formar. A mulher se lembrou da adorada estilista que lhe auxiliou com a roupa especial. Sem mais tempo para notas mentais, engatinhou pelo teto até a parte em que os lasers eram menos.
Sabia com aqueles raios que tinham na entrada e até a metade suas chances eram nulas. Eram muitos raios-laser. Muitos. Talvez matasse até um mosquito. E tinha certeza que o fio mais fino do seu cabelo teria ativado o alarme, trazendo instantaneamente um grupo gigante de policiais.
Silenciosa como um gato, a mulher aterrissou ao chão em um só suspiro. Olhou em volta confirmando a calmaria da sala e se arrastou ao chão, atravessando outro obstáculo. Se ergueu, se curvou, se contorceu. Em um pulo final, estava de frente ao cofre.
Conhecia bem o sistema dele. Era aberto só pelas digitais autorizadas. Se alguém que não fosse autorizasse ousasse tentar, os alarmes seriam ativados e gritariam até que a pessoa fosse demitida – ou presa.
Apesar de achar tudo isso um saco, confessava que era um bom esquema de segurança. Ela gostaria de ter feito algo assim. Mas seria um pouquinho mais esperta...
Abriu o cinto de acessórios e tirou seu pó de lá. Sorriu e espalhou, deixando as partículas soltas. E então, assoprou contra a parte em que pedia o polegar. Devagar, manchas foram aparecendo. Retirou um plástico especial e pressionou contra, tomando o cuidado específico para não apertar seus dedos contra também.
Olhou novamente para a entrada. Tudo silencioso. Tudo quieto.
Com um puxão, ela retirou o plástico de uma vez. Colocou-o na luz e admirou sua tão querida digital. Agora, bastava apenas... recolocar. E foi o que fez. A digital foi analisada e o alívio não pôde ser maior de quando foi identificada e aceita. As margens de erro de seus truques eram baixas, mas aconteciam.
O gigante cofre foi aberto. Suspirou satisfeita com o trabalho e ajeitou o cabelo. Pegou o saco pesado de libras e fechou o cofre.
Antes de pular e fugir, reativou uma das câmeras que tinha apagado. Sorriu, olhou no centro dela e mandou um beijo vermelho. No instante seguinte, já estava fora do ambiente. Teve a oportunidade de ver viaturas indo na direção do prédio.
- De novo, ? Fala sério! – Carl suspirou irritado, pensando em maneiras diversas e grandes de deixar o corpo do agente moído e em pedacinhos. Suas mãos passaram pelo cabelo, na esperança de encontrar alguma calma enquanto seu subordinado loiro o encarava aparentemente arrependido por trás das grades. – Eu não deveria sequer pagar sua fiança. Você deveria ser demitido! – disse lentamente, depositando toda a raiva que o grito não permitido trazia.
- Eu... – Ainda bêbado, balbuciou algumas coisas e se segurou. O chefe, apesar de negro, estava extremamente vermelho. Mais vermelho do que quando passava os dias na praia. Parecia um... bolinho. -... Demitido não. – Concluiu, concordando consigo mesmo como quem cita um fato, uma lei.
- Meu Deus, como eu deveria! – Carl rugiu, andando de um lado para o outro. apenas abaixou os ombros, olhando para o chão, fazendo a pose de arrependido. – Você será seriamente punido por isso. É melhor me escutar.
Carl saiu pela porta, indo em direção ao centro do local para pagar a fiança. sorriu baixinho com a conclusão que estaria livre e só queria dormir, sem se preocupar com as consequências. Se lembrava de ter bebido por algo assim, aliás. Agora a parte de dirigir bêbado...
Bom, essa fugiu do controle e das aventuras. Mas tudo bem. Ele sequer se lembrava mesmo.
Sua consciência pesou instantaneamente assim que pensou nisso. E se tivesse matado alguém? Seus olhos se arregalaram e a boca abriu, olhando chocado para o nada.
- Meu Deus.
Segundos mais tarde, o chefe Carl voltou junto com algum policial de feição desaprovadora. Seu rosto era de quem já era acostumado com jovens delinquentes e pais protetores que pagavam fianças. Poderia jurar que ouvia os pensamentos dele de “Esse cara deveria ter ficado pelo menos um mês para aprender”, mas se o fizesse, provavelmente o chamariam de louco e iria direto para o psiquiatra.
Céus, ele só estava bêbado. E era ótimo em analisar pessoas.
A jaula foi aberta por um molho de chaves grosso. levantou e seguiu em direção ao seu salvador, sem deixar de pensar no possível acidente de carro. Não aguentando mais, perguntou:
- Eu matei alguém inocente? – sua voz embargada denunciava suas futuras lágrimas. Por um instante, o policial e Carl se olharam em dúvida sobre como deveriam agir.
- Vamos, garoto. – O chefe apenas o silenciou e caminhou quieto em direção ao carro. Só se pronunciou assim que entrou. – Você tem uma curta noite pela frente, é melhor ir dormir.
Relutante, entrou e deitou no banco, quieto e agonizado. O suspense ainda estava no ar, já que o mesmo se recusava a aceitar que aquilo tinha sido um “sim”. Se tivesse matado alguém estaria preso com pena, não é? E se tivesse ferido, talvez recebesse algum processo ou notificação.
Se algo tivesse acontecido, ele só descobriria na próxima noite. Já que, aparentemente, Carl não iria falar nada, mesmo que se o loiro implorasse.
O barulho do motor ajudou a pegar no sono, mas ele teve alguns segundos de lucidez antes. Esses segundos auxiliaram para que ouvisse o chamado do FBI pela escuta do outro.
Uma emergência logo no momento que ele pôde dormir. Ao que parecia, novamente um banco havia sido roubado na terceira semana consecutiva por .
E ela não havia sido capturada.
Os óculos escuros não eram suficientes para evitar que os raios solares agressivos adentrassem seu campo de visão e fizessem sua cabeça doer mais. quis colocar um óculo solar por cima do atual, na esperança fajuta de que resolvesse seu problema.
Porém, não iria resolver. E não era só isso. Era o barulho. As pessoas digitando em teclados duros, conversas em murmúrios irritantes, telefones tocando e os gritos de Carl – abafados pela porta – de longe.
A cabeça de girava com força, implorando por uma cama e uma paz que não teria. Era sua pior ressaca em anos e não estava acreditando que foi obrigado a trabalhar logo neste dia. Então, sua cara de incômodo não pôde não existir. Todas as mulheres que passavam em sua frente, seu rosto emburrava mais, em um pedido inocente de piedade. Para alguém jogado no sofá do próprio emprego, de cabelos bagunçados, roupas amassadas e cara birrenta, ele até que estava conseguindo muitos sorrisinhos.
Malditos sorrisinhos.
Saindo do seu transe, Carl entrou no campo de visão. Sabia que o cara não era geralmente raivoso, mas poderia ser o cão quando precisavam. Se é que alguém precisava daquilo. Suas veias estavam saltadas e os olhos encaravam com um ódio indescritível.
Temeu pelo que iria ouvir. Temeu pela dor de cabeça que iria aumentar.
- Você será castigado. – O tom foi firme, claro, direto.
Entretanto, o loiro não se conteve. Teria que achar um jeito de escapar da situação e aliviar seu castigo. Usou o que tinha de melhor. O falso charme.
- Sabe, Carl... – murmurou, casual – como soube que eu adoro brincar de 50 Tons de Cinza? – sorriu despreocupado.
A reação não foi a mesma com o chefe. Se controlando, ele continuou encarando o rapaz despreocupado. Ele exalava raiva.
- O que você fez foi um absurdo. Absurdo! Como um policial especial se mete em confusões com a própria lei? Como isso seria aceitável? Você tendo agora uma ficha criminal, é meio que muito difícil de ser aceito por qualquer outro lugar. – Respirou fundo, passando as mãos pelos fios dos cabelos. – Eu levei bronca. Eu quase fui demitido. Você poderia ter matado alguém. Seu nível alcoólico lhe traria um coma no meio da estrada!
O homem mais novo ouviu tudo quieto, apenas pensando. Suas pupilas dilataram, como sempre que sua cachola resolvia funcionar.
- Então eu não matei ninguém? – perguntou sem gracinha desta vez, soltando um ar do fundo dos pulmões que ele mal sabia que segurava. O ar de alívio dos culpados.
Carl soltou uma risadinha, já sabendo como aquilo tinha afetado o garoto.
- Isso te faz se sentir menos culpado? Você poderia ter matado.
abaixou os olhos, olhando para o nada. Depois de um tempo, uma respiração profunda e forças tiradas do espaço, disse:
- Ok. Qual meu castigo? Eu o mereço. – Carl ergueu a sobrancelha, ainda irritado. continuou em silêncio.
- . Preciso que a capture.
O loiro riu alto, incrédulo. Como se fosse uma piada. Mas, quando o outro não riu, ele engoliu em seco. Incrédulo. A dor de cabeça aumentou.
- É impossível! Estamos tentando capturar aquela garota há meses. Ela é muito enjoada, enche o saco e coloca milhares de pegadinhas no meio do caminho. Por que eu? Fora o castigo. Sequer sou capaz disso! – exagerou. – Chame alguém mais experiente e me faça, sei lá, limpar a sede.
Carl sorriu satisfeito com a reação que havia conseguido.
- Não – respondeu com simplicidade. – Vamos deixar que ela acabe com você. Ou você com ela. Talvez isso custe seu emprego. – Piscou e saiu.
bufou pela milésima vez, se sentindo pesado. A garganta secou, sentindo saudades de uma bebida alcoólica.
- Olhe pelo lado bom – murmurou para si mesmo –, pode ser até interessante.
Depois de muito estudar o caso, o agente já não aguentava mais. Já havia decorado rotas, locais, momentos em que já esteve e tudo que fez. Já havia até decorado o maldito rosto! Mas nada de prever os próximos movimentos, ou entender como ela conseguia agir.
Era extremamente provocativa, deixando claro sua maneira de agir. Era uma... mente criminosa realmente boa. não tinha padrões a seguir. Ela simplesmente agia, deixando sua assinatura debochada.
E não aguentava mais isso. Era irritante, desagradável, difícil. Não aquele difícil excitante, mas o difícil que deixava sua cabeça doendo e seus nervos à flor da pele. Aquele caso estava destruindo-o.
Talvez por seu ego, talvez por tudo que tinha conquistado. Não importava o motivo, desde que aquela garota estivesse presa.
- Agente ? – Adriele, a secretária ruiva entrou na sala em que estava. Ainda encarando a ficha de arquivos da assaltante, o mesmo acenou com a cabeça. – Temo que... estamos prestes a encontrar .
Os olhos azuis se iluminaram, encarando a secretária como se ela tivesse acabado de dar o melhor presente. Sua sobrancelha se franziu de leve.
- Teme? O que conseguiram? – Levantou-se abruptamente, indo em direção a ela. – Por que ninguém me avisa nada aqui? Acabou o respeito, é isso? – segurou o grito de raiva, respirando com força. A ruiva olhou desconfiada, dando passos para tras.
- É que... Ela caiu na armadilha que o senhor colocou mês passado.
- Está brincando.
- Não. – As pupilas se dilataram mais uma vez.
A armadilha fora posta para capturar em uma certa época, porque tiveram notícias que ela faria tal coisa. Mas, inesperada como sempre, ela acabou não entrando na área, evitando o caminho, sequer aparecendo. Algo que complicou bastante a vida de .
Entretanto, ele não deu a ordem para retirarem e desmontarem a armadilha. As pessoas ainda estavam de vigia, fazendo o ambiente perfeito para conquistar e a sua trupe. Ninguém acreditou que aquilo daria certo, mas deu. Mais tarde, mas deu.
Um brilho no escuro depois de tanto tempo. Um acerto depois de tantas noites trabalhando naquele maldito caso.
- Onde ela está? – Colocou seu casaco, se preparando para sair. Adriele se sentiu culpada e hesitou. Tinha ordens para não deixar sair, mas por que ele parecia uma força da natureza? Se não se afastasse, provavelmente seria derrubada. – Anda, onde ela está?
- Senhor, acredito que não deva...
bufou alto, interrompendo-a. Não acreditava. A chance da sua vida. Não iria perder a chance de ver aquela mulher sendo capturada.
- Adriele – pediu.
- Temo não ter essa informação...
- E o que você sabe? – Puxou os próprios cabelos para aliviar a raiva. Um gesto roubado de Carl. – Não, realmente. O que você sabe? Estou às cegas aqui!
E saiu rápido, como se estivesse atrasado para um espetáculo. Bom, primeiro teria que comprar os tickets.
A boate estava lotada, localizada em uma área periférica da cidade. Apesar de altos, os muros rebocados não passavam muita segurança, colocando também bastante sombra para que pudessem fazer o que quisessem naquela parte sombria.
O cheiro de lixo queimado não incomodava . Após conseguir tudo que precisava, estava indo de cara ao seu Santo Graal, entrando pelas portas do fundo da boate.
Conseguia identificar vez ou outra algum agente disfarçado, preparado para a ação que viria em breve. A segurança dele estava lá. Só tinha que fazer o trabalho sujo e encontrar lá dentro.
Não foi tão fácil quanto imaginou. Assim que abriu a entrada forasteira, percebeu o quão cheio e escuro era a balada. Praticamente impossível de encontrar qualquer um lá, já que não saberia diferenciar pessoas estranhas.
Estressado e querendo jogar tudo para o alto, conseguir um mandato e revistar cada pessoinha daquele local. Sua visão noturna seria melhorada em breve, mas a vontade não passava.
Decidiu sair de cara da pista e procurar nos cantos, fazendo alianças e o melhor para que não fosse descoberto. Encontrou picos mais altos e fez guarda, observando melhor as pessoas, procurando .
A vontade de beber para desestressar lhe consumia. queria tanto comemorar antes mesmo que vencer que acreditou que seria sua ruína. Se manteve longe do bar por um bom tempo, quase resistindo aos encantos.
Moças lhe sorriam, o tempo passava, drinks rondavam e nada de . Já estava perdendo total paciência. Se apoiou na grade para pegar um ar, se preparando para outro surto de raiva e impaciência. Iria voltar para lá. Apenas um segundo.
Todos esses meses se passaram por sua cabeça. Sua calvice precoce iria perturbar por apenas dirigir bêbado? Não fazia mais sentido. Mas o que ele sabia era que era pessoal. brincava com ele a todo tempo. O infernizava.
Jogava. Sempre com aquele sorriso sapeca filho da puta.
Era tão pessoal quanto gostava de admitir. Pensar que outras pessoas sabiam da história deles era algo que não tolerava. Agora, descobrindo que estava caçando ela, seu sangue borbulhava por vingança.
Tinha uma carreira que poderia ter sido destruída pela mulher. Como das outras vezes.
Antes que entrasse para dentro, um garçom ordinário que havia visto lá dentro apareceu confuso, andando atrás de com uma taça de vodka.
- Senhor. Pediram para lhe entregar isso aqui. Não sabia que estava aqui... – disse, ainda confuso. pegou o copo desconfiado enquanto o mesmo voltava para dentro.
Analisou a taça e encontrou dentro um beijo vermelho.
- Surpresa. – A voz feminina soou rápido demais, fazendo os cabelos de sua nuca se arrepiar e seus instintos ficarem automaticamente atentos. Se virou rapidamente, encarando a mulher. Belo erro. – Você é tão previsível como eu nunca fui, amor. Mas nós dois sabemos quem sempre ganha no final.
Viu a boca vermelha sorrindo sapeca e uma lâmina correndo até sua garganta.
Fim
Nota da autora: (25/12) Meu Deus do céu, que fic do caramba. A última do ano, dá para acreditar? E eu sou o novo George Martin para minhas leitoras. De qualquer modo, acabou, assim como esse ano infernal! Quero agradecer a todos que leram isso aqui, podem me xingar. Essa história foi escrita com uma ajuda big do David Harris, que queria matar alguém de qualquer jeito. Juro que neguei até o último segundo, mas acabou não dando HAHAHAHAA. Culpem ele.
Leu? Comente! Vocês fazem valer a pena meu tempo escrevendo HAHAHA <3
Outras Fanfics:
Rasgue-me (/fobs/r/rasgueme.html)
12. Black Beauty (/ficstape/12blackbeauty.html)
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