Capítulo Único
- Tudo bem! - o garoto disse alto e autoritário. - Nós vamos te contra, mas primeiro se acalme, respire fundo e tente parar essa crise. – a crise que ele dizia era a que meu coração e meu corpo estavam demonstrado na pressa que se encontrava meus pulmões .
- O-o que aconteceu? Eu me lembro de momentos, me lembro de sorrisos e me lembro da sensação de estar bem perto, mas... - minha pausa na respiração fez com que meus pulmões se desesperassem e meu peito ardesse, minha cabeça apenas doía mais forte, meus olhos nem sequer estavam aguentando abertos. – Mas não me lembro do rosto, nunca consigo vê-la. - eu respirei fundo. – Mas esse colar, ele fez com que tudo apenas ficasse mais confuso, eu me lembro dele, mas não me lembro de quem o usava, vocês podem apenas me explicar o que é isso tudo? - eu perguntei, mas não precisei de uma resposta, não precisei esperar que me explicassem, eu apenas olhei para o colar mais uma vez preso nas mãos de Jimin e então meu coração simplesmente doeu, eu me lembrei. Me lembrei de tudo, me lembrei do quão perdido eu estava, lembrei das inúmeras vezes que vi aqueles olhos se iluminarem com um sorriso, como um rio nos tempos ruins, aquela em que vi a alma crescer como uma rosa, através de todos os espinhos, e, além de tudo, do meu amor e infelizmente da minha dor que neste momento irradiada em escalas maiores, se é que seria impossível. As cenas soltas apenas se juntaram e bateram conta mim com agressividade trazendo uma grande e insuportável dor física e mental. Foi quando a primeira delas adormeceu todos os meus sentidos.
A única coisa que eu conseguia admirar naquela noite foi o sorriso sincero que ela me deu, todo o resto apenas a deixava mais e mais linda aos meus olhos, seus cabelos curtos para cima dos ombros, sua boca se destacava em um tom vermelho deixando-a ainda mais chamativa por seu sorriso ser mais aparente, seu vestido preto simples combinava com a jaqueta jeans que ela havia roubado do meu guarda-roupa e trazia sobre si, o que deixava apenas claro o quanto ela era minha.
E meu sorriso? Esse apenas demonstrava o quão dependente dela eu era.
- Nós vamos nos atrasar se você continuar aí apenas me olhando e sorrindo feito bobo! - ela sorriu para mim e aquilo fez com que meu coração aquecesse mais ainda, ela estava tão simples e aquilo me encantava tanto quanto ela toda arrumada, olhar para ela era o meu hobby favorito.
- Eu já te disse que te olhar é o meu hobby favorito? - eu sorri para ela e o sorriso dela só aumentou, deixando os olhos bem pequenos, os mesmos quase sumiam, ela tinha o meu eye smile favorito.
- Jeon Jungkook! – ela me repreendeu rindo, afinal, amava quando o eu soltava declarações como essa. – Nosso cinema ainda vai estar de pé ou vamos ficar apenas aqui nos encarando? Não que seja um problema, mas eu realmente estava querendo ver aquele filme.
- Nos vamos, amor! – eu disse, segurando as mãos dela. – Eu já disse que aproveitar cada segundo que temos juntos é tudo que eu quero e sempre vou querer.
- Mas você está se superando hoje, huh? – ela direcionou seu olhar a mim mais uma vez. – O que você tem? Você e o Namjoon quebram alguma coisa do meu quarto? Pode dizer, eu não vou brigar com você.
- Eu acabei de descobrir que não posso ser amoroso com a minha namorada porque ela acha que algo aconteceu. – eu apenas disse rindo e me levantando da cadeira que estava. – Vamos antes que eu me magoe mais. – sim, o drama era o grande ponto fraco dela.
- Eu não quis dizer isso! – ela tentou se corrigir e me segurou pela blusa, envolvendo em seguida seus braços em minha cintura, depositando ali um abraço caloroso e apertado. – eu sei que vocês quebraram nosso porta retrato, Kook.
- Em minha defesa eu fui mostrar a sua beleza ao Namjoon mais uma vez e ela simplesmente caiu. - eu depositei minhas mãos sobre as dela e a olhei, ela estava com o queixo encostado em meu ombro e também me olhava nesse momento.
- Ela simplesmente caiu? – ela perguntou com seu olhar curioso sobre mim. – Dizem por ai que esse tipo de coisa apenas acontece por um motivo maior. – ela riu baixinho. – Como se algo muito grande fosse acontecer conosco.
- Eu acredito nisso. – ela sorriu ao ouvir aquilo, mal sabia ela o quão surpreendente eu queria que essa noite fosse.
A noite estava tão bonita naquele dia que nem mesmo eu sabia explicar como tudo saiu tão bem e como o planejado, afinal, haviámos jantado, eu havia feito o pedido e ela havia chorado e com sequência, para meu alívio, ela também havia aceitado.
- Você me fez a pessoa mais feliz no dia de hoje. – ela sorriu mais uma vez para minha felicidade, ah, como eu amava aquele sorriso. – E sempre vai fazer!
- Eu já disse que amo você hoje? – eu perguntei sem êxito. – Se eu não disse, vou dizer, e se já disse, não foi o suficiente, Eu te amo, Jagi.
- Você não disse, mas eu aceito seus sentimentos! – ela disse como se fosse a primeira vez em que eu me declarava, não era de fato a primeira, mas era tão significativo quanto.
Seus cabelos balançaram assim que a porta da casa fora aberta, o vento estava forte e gélido, ela caminhou até o lado do motorista e foi logo entrando e se sentando enquanto eu a seguia.
- Eu também amo você! - ela disse assim que eu entrei no carro, me olhou e sorriu sincera.
- Você foi a melhor coisa que me aconteceu. - eu disse também sendo sincero, eu gosto muito da minha vida na música e tudo que trás nela, mas eu sei que sem você isso seria quase impossível.
- Você conquistou tudo isso sozinho com os meninos, como seria impossível sem mim? - ela riu descontraída, eu liguei o carro e dei partida para que não nos atrasássemos mais para o filme, mas em seguida ela fez uma carinha decepcionada. - Eu esqueci o meu colar hoje.
- Porque você sempre me dá vontade de seguir. - eu continuei a conversa. - Os meninos são mais do que importantes para mim, mas eu definitivamente preciso e sempre vou precisar de você por perto.
Meu coração naquele dia dizia que eu deveria ser sincero com ela em relação a tudo, em mostrar a ela o quanto eu precisava dela, o quanto ela era importante, o quanto eu a amava.
- Sabe, eu não me importaria de ter uma vida normal e estar só com você. - eu fui sincero mais uma vez com ela, afinal, ela havia passado tantas coisas para suportar todo nosso relacionamento.
- E eu nao me importo de viver dessa forma com você, afinal, sempre foi o seu sonho e você está realizando isso! - ela me olhou então, por mais que meus olhos estivessem presos a rua, eu pude sentir que ela me olhava e sorria da forma que eu amava. - Nós vivemos confortável e da nossa forma, Jungkook, eu me sinto bem com você da forma que está, eu gosto de ouvi-lo cantar quando você sabe que não estou em um dia bom e sabe que preciso de um descanso, você me dá amor, você é tudo que eu preciso nesse momento. Lembra da nossa promessa? - ela me lembrou de algo que sempre fora muito importante entre nós e então o sinal havia avermelhado.
- “Independente do que aconteça, nós apoiamos um no outro” - nós dissemos juntos, minhas mãos suavam e eu nem mesmo sabia o porque, já havíamos tido conversas assim antes, eu sabia o quanto ela me amava, mas sempre me deixava nervoso escutar tudo aquilo, ela era a mulher da minha vida.
- Está verde. - ela me avisou já que eu me encontrava encarando-a e sorrindo em a cabeça encostada no volante do carro.
Eu levei o carro adiante pela avenida e em certa ocasião iríamos virar, mas resolvi olhar para o lado para analisar apenas por segurança. Apesar de sabermos que o sinal estava verde para que fizéssemos aquilo, algo me incomodava e olhando através do vidro do lado em que ela se encontrava, por um momento foi difícil enxergar qualquer coisa, foi aí que vi que mais nada poderia ser feito. Então eu a abracei, a segurei contra mim para que pudesse se proteger. Eu não ligava se me machucaria mais ou até mesmo se morreria, eu apenas a queria proteger, tentei trazê-la o máximo para perto, ela tremia de medo e por fim o baque. A única coisa que eu podia enxergar com a visão ainda turva e a enorme dor irradiada por todos os pontos do meu corpo eram seus fios de cabelo em que ela tanto gostava de receber carinho se tornando fios grossos pelo sangue que escorria em si, seu rosto já não tinha expressão e eu não a via mexer um músculo se quer, até que resolvo abrir minha boca para chamá-la.
- ? - eu disse com dificuldade por conta da dor, mas da mesma forma decidi me esforçar um pouco mais. - ? Você está bem?
Eu não pude escutar o que ela dizia, sua voz era baixa e fraca demais para que pudesse ser escutada, eram como sussurros e aquilo criava certa agonia por querer tirá-la dali rapidamente.
Foi então que ela disse as últimas palavras que eu poderia me lembrar antes de mais um impacto de não sei onde vim e nos atingir.
- Eu amo você. - ela tentou sorrir e eu queria abraçá-la e dizer o porque sairíamos aquela noite, mostrar o anel em que tanto tentei esconder para que hoje fosse especial, eu ia pedí-la em casamento, mas eu nem mesmo consegui respondê-la, meus olhos pesaram e um zumbido enorme subia em minha cabeça, o segundo impacto me fez bater com a mesma em algum local, me deixando mais desnorteado, então, em seguida, olhando para ela, eu apenas fechei meus olhos.
- Finalmente a bela adormecida acordou! - Namjoon disse sorrindo amigável como sempre para o amigo que havia acabado de abrir os olhos depois de três agonizantes dias.
- Onde estamos e como é que eu vim parar aqui? - Jungkook perguntou confuso enquanto tentava se ajeitava na cama.
- Você não se lembra do acidente? - Taehyung se aproximou de Namjoon, olhando curioso para Jungkook.
- Nós sofremos um acidente? – perguntou confuso, afinal, a única coisa que se lembrava era sobre ter almoçado com os meninos e depois disso mais nada vinha em sua cabeça.
- Nós? – Yoongi riu sem humor. – Que brincadeira é essa, Jungkook? Você sofreu o acidente junto com…- Yoongi não terminou a frase por levar um cutucão de Namjoon e um olhar em reprovação.
- Não é possível que ele não se lembre, Namjoon. – Yoongi não acreditava que Jungkook não se lembrava sequer de como sofreu o acidente, ele sequer havia perguntado dela até agora, isso era impossível.
- A última coisa que eu lembro era de estar almoçando com vocês, Hyung – Kook disse mais confuso, sua cabeça rodava a mil, ele não entendia absolutamente nada do que estava acontecendo, mas sentia que faltava uma parte daquilo tudo. – Com quem eu sofri o acidente? Se não foi com vocês, com quem pode ter sido?
- Você realmente não se lembra de nada, Jeon? – Jimin perguntou preocupado. – Você não se lembra com quem estava no carro? E nem mesmo do que fez depois do almoço? Você não se lembra dela?
- Dela quem? – Jeon perguntou para eles com os olhos estreitos. – Vocês estão me assustando, de quem ou do que eu deveria lembrar? Eu só me lembro de…- Jungkook fechou os olhos com força e sentiu uma dor totalmente aguda em sua cabeça, ganhando olhares curiosos e esperançosos dos amigos ali presentes, em seguida algumas cenas do acidente vieram rapidamente. – Eu só me lembro de estar sozinho.
Jungkook não sabia o que realmente havia acontecido no acidente e muito menos do que deveria tanto se lembrar, aquela conversa havia ficado gravado na cabeça dele e nunca mais deixou o local ou até mesmo os seus sonhos.
“Eu te amo” essas eram as palavras que sempre apareciam em seu sonho sem motivo algum, mas ele nunca conseguiu ver de onde vinham e muito menos de quem vinham, sempre a mesma voz, sempre a mesma sensação e subitamente mesmo sem entender, sempre a mesma saudade.
- Sonhando mais uma vez? - Hobi perguntou, olhando curioso e amigável ao amigo que estava deitado cochilando no sofa. Ele se preocupava se aquele acordo entre todos da família dele e amigos que sabiam sobre assunto havia sido certo, Hobi se preocupava em Kook acabar descobrindo tudo sozinho e que fosse pior do que se tivessem contado sobre tudo imediatamente, aquilo poderia afetá-lo de uma forma muito grande e era possível ver que o amigo se sentia perdido. Afinal todas as vezes que dormia e acordava em certo desespero por estar sonhando com intensidade, o que aconteceu muito desde que o mesmo recebeu alta do hospital, ele sempre dizia as mesmas palavras “Eu não consigo escutá-la, não consigo” “você está bem?” “eu amo você”, essas eram as palavras mais recorrentes e ele sabia ser relacionado a ela. A garota que ele tanto amava e se orgulhava de dizer a todos.
- É sempre o mesmo sonho, Hyung. - Jungkook coça a cabeça em sinal de confusão e ri baixo, mas desanimado, isso cortava o coração de Hobi, afinal, de todos Jungkook sempre foi o mais amoroso e sentimental, sempre deu mais amor do que esperava receber e vê-lo passar por esse tipo de situação deixava um clima tão pesado e cheio de culpa que era impossível olhar no espelho.
- Você quer conversar sobre ele? - Hobi perguntou, ajeitando a postura no sofá em que estava, ajeitou também a touca que estava em sua cabeça e em seguida retirou por completo seus fones de ouvido, olhando atentamente ao mais novo.
- Sabe, as vezes parecem mais como memórias, mas se fossem memórias verdadeiras eu me lembraria de momentos tão felizes. - Kook respondeu, soltando um grande suspiro em seguida. - Afinal, se eu não me lembrasse não seria tão especial assim, não é? Se fossem memórias tão boas, não sairiam de mim tão facilmente, e eu não me lembro de ter conhecido ninguém como a pessoa do meu sonho. - ele sorriu sincere. - Se eu a tivesse conhecido ela estaria aqui agora, não estaria? - sim ele estava perdido, ele não gostava de tocar no assunto porque achava que não passava apenas de loucuras. - Isso apenas me incomoda e eu gostaria que parasse.
- Você realmente não consegue lembrar de absolutamente nada de antes do acidente? - Hobi fez mais uma tentative. – Sabe, Jungkook eu tenho algo para te falar e...
- Eu já sei. Não tenho nada para lembrar, todos já me disseram isso. - Kook o interrompeu levemente, já estava cansado de ouvir aquilo então apenas deu de ombros sem se importar, Hobi ao ouvir a resposta desanimou, não poderia contar ao mais novo toda a história mas não queria que tudo ficasse daquela forma.
- Eu não…- Hobi respirou frustrado. – Por que você não vai dormir no quarto? Aqui está muito frio.
- Já estou indo. - Kook se levantou e deu dois passos pela sala, mas antes de continuar se virou para Hobi e sorriu sincero - Obrigado por se preocupar em escutar minhas paranóias, Hyung!
- Você já arrumou todas as suas coisas? - Jin perguntou ao mais novo que comía algo enquanto mexia em seu celular, só o havia recuperado pela manhã e vinte dias depois do acidente, apenas depois do treino teve tempo de mexer nele. - Precisa de alguma ajuda?
- Estão todas arrumadas, Hyung. - Kook disse sem tirar os olhos do celular, haviam muitas coisas, mas também muitas coisas haviam sumido pelo estrago que havia ficado, mas o garoto decidiu que o queria de volta mesmo que faltasse algumas coisas e a primeira coisa que fez foi entrar em sua galeria de fotos procurar vestígio de algo.
A primeira foto que ele viu o intrigou e o trouxe mais uma vez a forte dor de cabeça de repente, o fazendo se arrepiar.
“Você está tão bonito assim”
Ela sorriu, mas só seus lábios foram focados.
“Vamos tirar uma foto”
Ele se sentiu tão aquecido que não sabia a última vez que havia sentindo isso.
Sorrisos.
Abraços.
Carinho.
Dor.
- Você está bem? - Jin perguntou, olhando sério para o mais novo enquanto sua mão estava apoiada no ombro do mesmo, o despertando daquele momento.
- Q-Quem é ela? - Jungkook encarou Jin com um olhar quem nem mesmo ele saberia decifrar, Jungkook mostrou a ele a foto no celular, ele a abraçava com um sorriso nos lábios e as bochechas dela se encontravam coladas com a dele também, levando nos lábios um sorriso avermelhado e feliz. Jin não se pronunciou, na verdade ele nem mesmo sabia o que falar.
- Uma antiga amiga, você... - Jin fez uma pausa e tomou um pouco de fôlego. - Você não se lembra dela?
- Amiga? - ele não sabia porque, mas se sentiu desapontado ao ouvir a palavra “amiga”, não que quisesse que fosse mais do que isso, mas essa não era a sensação dele.
- Sim...ela... - Jin pensou nas palavras que usaria. - Ela se mudou há um tempo atrás.
- Eu não me lembro dela assim! - Jungkook disse e Jin abaixou seu olhar sem querer encará-lo, afinal, também como todos, se sentia culpado ao não lhe contar a verdade até que as memórias de Jungkook voltassem.
- Já não está na hora de tomar um de seus remédios e ir pegar o trem? - Jin perguntou, olhando sério o relógio em se pulso.
- Certo, Hyung! - Jungkook sorriu para o mais velho e se levantou, pegando um copo com água e um de seus remédios que estavam por perto, tomou e respirou fundo, como odiava ter que tomar aquilo. - Quando eu voltar de viagem, você me conta mais sobre ela? Ela tem um sorriso tão bonito.
- Ela sempre teve esse sorriso por uma razão. - Jin disse baixinho para que o mais novo não escutasse.
- Como, Hyung? Não consegui te ouvir. - Jungkook perguntou curioso, pois ele havia dito muito baixo.
- E-eu disse que estou com fome. - o mais velho sorriu amarelo para Kook e então decidiu entrar de vez na cozinha, deixando o mais novo para trás. Aquela situação o incomodava.
- Já estou indo. - Kook se despediu de Jin de uma forma meio distante, afinal, ele sabia que todos estavam estranhos após o acidente, mas achava que poderia ser por proteção então acabava não ligando para a situação.
Um pouco mais tarde Jungkook havia chego a Busan e encontrado sua família depois de tanto tempo sem poder vê-los realmente. Tinham alguns encontros ali e aqui, mas nada tão especial como passar alguns dias com eles. Sentia falta de seu irmão, sentia falta de toda sua família e depois do acidente fora obrigado a passar esses dias em casa. Era um alívio, afinal, aquela sensação de saudade depois do acidente só poderia ser deles.
- Omma! - Kook chamou a mãe. - Meu quarto ainda é o mesmo ou alguém o pegou?
- Você acha mesmo que eu mudaria alguma coisa do seu quarto? - a mãe o olhou desconfiada. - Sempre que você vem nos ver, o que por mais que não seja muito temos sempre tentado manter ele o mesmo.
- Bom saber. - ele sorriu para a mãe que o olhou mais desconfiada, mas que resolveu deixar esse assunto de lado, já Jungkook tinha algo em mente.
Jungkook foi até seu quarto procurar por algumas coisas que ele havia deixado por ali e que fazia um bom tempo que não via, além de também saber que havia escondido alguns jogos de vídeo game de seu irmão por aqueles cantos e resolveu procurá-los. Olhou nos cantos da cama onde ele escondia algumas caixas com suas coisas, olhou nas gavetas, olhou até mesmo no banheiro, seu último lugar é mais óbvio possível eram no armário e por incrível que pareça era ali que estavam, Jungkook pensou o quão óbvio era quando escondia as coisas. Pegou o amontoado de jogos que tinha ali e jogou sobre a cama, mas junto a ele três coisas seguiram. Um papel onde ele podia enxergar ser a própria letra nele, outro uma letra onde ele não reconhecia ou achava não reconhecer, era bonita e redondinha, já o último, era um papel de foto, como havia caído sobre a cama virado ele não havia visto ainda, mas sentia que tudo aquilo era algo importante por tanto ele se sentou na ponta da cama e pegou todos os papéis primeiro lendo o que tinha sua letra.
Pensando em como te reencontrar
Dentro de mim
Perto de mim
Esse sentimento que desde muito cedo nasceu
Mas que desde muito cedo pensei ser passageiro
também
Até que se passaram alguns anos
onde eu realmente descobri não estar curado
curado daquilo que eu achei ser passageiro
O motivo?
Você chegou em um dia cinza, chuvoso e frio
suas mãos pequenas e delicadas estavam entrelaçadas com a de outra pessoa e me lembro perfeitamente de como me senti
Afinal aquilo me tirou o sono por dias
Você sorria
Seus olhos sorriam
O mundo a sua volta sorria
Você estava bem sem mim e isso me pesava mais
Pensamento mais egoísta
Mas quando um dia eu também te vi chorar por outro
mesmo que tenha sido escondido
Me vi encurralado dentro de mim mesmo
Foram 760 dias pensando em quando esse dia chegaria
O dia em que eu olharia em seus olhos diretamente mais uma vez
E mesmo com você dizendo que apenas se defendeu
não deveria
porque eu nunca a machucaria.”
- Eu não me lembro de ter escrito essa. - Jungkook coçou a cabeça levemente confuso, seus olhos então se estreitaram para o outro papel ali presente e assim que o pegou em mãos um cheiro absurdamente bom subiu e isso o remeteu a saudade mais uma vez. - Cheiro de amêndoa?
No papel havia algo como pedido de desculpas, mas não eram desculpas diretamente da pessoa que escrevia e sim para ambos, em uma parte Jungkook prestou bem a atenção”
Kook estranhou aquele tipo de bilhete ali, ele também não se lembrava de nada do tipo e não havia sido recente pois havia tempo que não ia a casa dos pais ou era possível perceber que não era recente por ser de sua época de colégio. Mas esse era o problema, ele não se lembrava de nada em relação a esse bilhete ou de ter uma namorada. Isso apenas o deixava mais confuso.
Foi então que seus olhos desceram na foto ainda virada para baixo em cima da cama, seu coração disparou, ele sentia que ali descobriria o porquê de seus sonhos serem tão reais e de seus Hyung’s se preocuparem tanto. Ele pegou a foto com cuidado e a virou lentamente, vendo rostos conhecidos, um era o dele, mais uma vez sorrindo e feliz, em seguida ele via também os rostos de sua família sorrindo da mesma forma e por último o rosto que era um enigma para ele, o dela. Jungkook a abraçada sobre os ombros e estava posicionado atrás dela, ela segurava as mãos de Jeon e sorria para a câmera feliz, seus cabelos não eram curtos como na última foto em seu celular e seus lábios não estavam pintados de vermelho, eram completamente o contrário, ali, os cabelos dela eram compridos e ela aparentava ter apenas seus 17 anos, e, Jeon o mesmo.
- Filho, vem almoçar! - a mãe se direcionou até o quarto do filho, o vendo paralisado analisando cada ângulo daquela foto. - Você está bem? Sente alguma coisa?
- Quem é ela? - ele perguntou curioso para a mãe e a mesma olhou a foto com os olhos arregalados.
- Onde foi que você encontrou isso? - a mãe perguntou preocupada.
- Estavam nas minhas coisas. - ele olhou confuso com a reação da mãe. - Quem é ela? Eu não me lembro, mas sempre sonho com coisas relacionadas a ela, não consigo ver o rosto no sonhos, mas sei que são dela os detalhes e mais cedo tive uma lembrança dela com a foto que vi em meu celular.
- Você recuperou seu celular? - ela perguntou mais alto, um pouco assustada. - E-ela é uma antiga namorada sua, por isso não deve se lembrar, já faz muito tempo. - Mentira, mentira e mentira, ele conhecia a mãe e sabia quando não estava dizendo a verdade, ela era verdadeira demais então tinha várias falhas quando mentia. - Vocês terminaram já tem um tempo, desde que entrou para a empresa.
As informações sequer batiam, em uma ela era uma amiga que se mudou e em outra uma antiga namorada. Nada fazia sentido e ele apenas se sentia perdido e querendo saber o porque escondiam tanto a identidade dela. Ele fingiu acreditar na mãe mas ele sabia que nada daquilo era sincero.
Depois de ter encontrado aquelas coisas, Jungkook as guardou bem, pois sabia que pela forma que a mãe havia agido que ela poderia tentar fazer algo com aquelas lembranças que ele nem mesmo se lembrava da história. Foi então que tomou a coragem de descobrir, em um dos papéis que havia ali ele descobriu ter o endereço dela quando a mesma morava aqui, ele não poderia apostar de que a família dela e ela morassem aqui ainda, mas ele tinha que arriscar e descobrir o que estava acontecendo já que no outro dia pela manhã voltaria para Seul.
Ele andou pelas ruas de Busan em um dia chuvoso, não chovia forte, mas ainda sim chovia, o céu estava cinza e ele estava nervosa, indo em direção a casa do endereço marcado, não sabia muito bem o que esperava escutar ou se escutaria algo, mas estava nervoso. Metade de si torcia para que eles não estivessem mais lá e metade torcia para que sim. Então, ele tocou a companhia.
- Mina, você pode atender para mim? - escutou a voz de uma mulher soar forte pela casa e passos virem em direção a porta.
- Em que posso aju…- a garota não terminou a frase e os olhos estalaram assim que o viu ali parado. Ele tentou sorrir, mas a sensação de estar ali era estranha. – Mãe, eu acho melhor você parar o que está fazendo.
- Por que? - a voz da mulher foi ficando mais clara e aos poucos mais próxima e ela apenas teve uma única expressão ao ver o garoto ali parado. - Oh, você?
- Eu...hm. - o garoto não sabia o que falar, sabia que aquela era a família dela apenas pelas expressões em seus rostos e que a história era maior do que imaginava.
- Hm…- ela respirou fundo, o olhando mais uma vez. – Entre, por favor, está chovendo.
- Se não for um incômodo. - ele disse tímido.
- Apesar de tudo, você não é! - ele então sentiu o quão forte aquelas palavras caíram em seu estômago, foi como um soco. - Ficamos felizes de ver que você está bem.
- Sim eu estou! - ele sorriu de forma tímida. - Desculpe vim tão de repente, mas eu realmente preciso saber de algumas coisas.
- Se estiver a nosso alcance. - a mais velha foi cordial. - Do que precisa?
- Preciso saber da sua filha. - ele disse diretamente. - Sua filha, certo? - ele perguntou com incerteza assim que a mulher mudou de expressão. - Não ela. - ele apontou para Mina e acabou se enrolando para explicar, afinal não sabia o nome da outra garota até então. - a de cabelos curtos, com uma risada maravilhosa, ela está em casa?
- Você por acaso acha que isso tem grace, Jungkook? - Foi a vez da menina que aparentava ser um pouco mais nova que ele se pronunciar, mina já não aguentava aquilo.
- Hm...por que? Me desculpe, eu não…- ele não completou a frase já que a mãe se manifestou.
- Não seja mal educada e insensível, Mina. - ela a repreendeu. - Eu soube que perdeu a memória, mas não sabia que havia sido nessa proporção.
- Sim. - ele disse baixo. - Hm...Eu ando tendo sonhos com ela e por acaso algumas coisas em minha casa me diziam que ela não era apenas uma amiga ou ex namorada como me dizem.
- Eu entendo porque ela amou tanto de você - a mulher riu baixo e triste. - Mas não perdoo.
- Não perdoa? Não perdoa o quê? - ele perguntou confuso.
- sempre amou você. - ela disse o olhando, já Mina se levantou bruscamente do sofá em que estava e saiu do ambiente. - Mas se você não se lembrar sozinho, não será especial para nenhum dos dois. Eu fico feliz que esteja bem, Jungkook, mas você deve se lembrar dela sozinho e quando se lembrar você poderá voltar a essa casa mais uma vez e rever cada detalhe que lhe falta, mas eu não serei a responsável por isso, não agora.
- . - ele pensou. - Esse era o nome dela, então? - o garoto respirou fundo, aquele nome, era aquele nome.
Jungkook não pode tirar suas dúvidas naquele momento, a mãe dela havia se recusado a contar qualquer coisa, afinal, era uma forma delas se protegerem,e ram apenas ela e Mina agora.
Jungkook havia encontrado em meio suas coisas um colar onde o pingente nele presente era um floco de neve com cristais em sua volta, aquele colocar havia trazido tantas sensações intensas que ele já não aguentava mais.
- Kook você viu o meu ocul…- Jimin congelou a ver Kook com aquele colar em mãos. - Onde você achou isso? - Jimin perguntou assim que viu.
- Estava caído perto da lixeira. - Kook disse afobado. - Era dela, não era? Por que ninguém me conta o que está acontecendo?
- Eu não sei do que você está falando. - Jimin disse, pegando o colar da mão de Kook com cuidado.
- Você não está falando sério! - Kook insistiu, seu peito ardia em dor e sua cabeça mais ainda.
Mais uma vez ele a escutou e viu detalhes dela, mas não a viu por completo. Seu peito disparou na respiração, seus olhos estavam cheios de lágrimas e ele nem sabia o motivo no momento. Mas estava tendo uma crise.
“- Tudo bem! - o garoto disse alto e autoritário. - Nós vamos te contra, mas primeiro se acalme, respire fundo e tente parar essa crise. – a crise que ele dizia era a que meu coração e meu corpo estavam, demonstrado na pressa que se encontrava meus pulmões .
- O-o que aconteceu? Eu me lembro de momentos, me lembro de sorrisos e me lembro da sensação de estar bem perto mas... - minha pausa na respiração fez com que meus pulmões se desesperassem e meu peito ardesse, minha cabeça apenas doía mais forte, meus olhos nem sequer estavam aguentando abertos. – Mas não me lembro do rosto, nunca consigo vê-la. - eu respirei fundo. – Mas esse colar, ele fez com que tudo apenas ficasse mais confuso, eu me lembro dele, mas não me lembro de quem o usava porque cada hora uma pessoa me diz algo diferente do que ela realmente é, vocês podem apenas me explicar o que é isso tudo?! - eu perguntei, mas não precisei de uma resposta, não precisei esperar que me explicassem, eu apenas olhei para o colar mais uma vez, preso nas mãos de Jimin e então meu coração simplesmente doeu, eu me lembrei. Me lembrei de tudo, me lembrei do quão perdido eu estava, lembrei das inúmeras vezes que vi aqueles olhos se iluminarem com um sorriso, como um rio nos tempos ruins, aquela em que vi a alma crescer como uma rosa, através de todos os espinhos, e, além de tudo, do meu amor e infelizmente da minha dor que neste momento irradiada em escalas maiores, se é que seria impossível. As cenas soltas apenas se juntaram e bateram contra mim com agressividade, trazendo uma grande e insuportável dor física e mental.”
E por último, antes que pudesse perceber, me lembrei que agora estava sem ela.
Fim.
Nota da autora: Olá você que está lendo, eu vim aqui apenas deixar claro que qualquer tipo de ódio com o contexto é aceito hahahaha eu prometo que as próximas deram mais felizes okay?
Mas me diga o que você pensa a respeito? O pronto de vista dele é bem doloroso e perdido.
Lost é tão maravilhosa que eu não sei nem explicar para vocês! Também sei que meu amor por essa história foi enorme, ela simplesmente surgiu e espero que tenha agradado de qualquer forma.
Obrigado por lerem, eu realmente fico muita agradecida!
Xoxo, Lay
Saranghae!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Mas me diga o que você pensa a respeito? O pronto de vista dele é bem doloroso e perdido.
Lost é tão maravilhosa que eu não sei nem explicar para vocês! Também sei que meu amor por essa história foi enorme, ela simplesmente surgiu e espero que tenha agradado de qualquer forma.
Obrigado por lerem, eu realmente fico muita agradecida!
Xoxo, Lay
Saranghae!
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