Capítulo Único
O dia parecia normal, as chuvas dos últimos dias tinham cessado e as pessoas estavam indo até o Coffee Co, aproveitar a semana de inauguração. Como sabia que aquela semana as chuvas iriam apertar, ao invés de fazer um final de semana de inauguração, ele resolveu fazer promoção a semana toda, aquele era o primeiro dia com o um público significante, o ponto era ótimo, no centro, perto de muitas empresas e de agências de publicidade e artistas. Estava tudo impecável, ele tinha acabado de se formar, tinha voltado de um curso de barista que fez em Londres e estava otimista quanto a seu primeiro negócio na cidade natal.
Poderia enfim aproveitar a vida que não conseguiu devido aos estudos e as muitas viagens para aprimorar sua habilidade com o café. Desde pequeno seu sonho era ter um estabelecimento assim, onde as pessoas se reuniam para conversar, para despedidas e reencontros. Tudo estava dando certo graças a sua determinação e foi ali, naquela tarde nublada, mas sem chuva que ele colocou os olhos nela.
estava linda, com um casaco grosso e um vestido lilás, com meia calça grossa e botas de inverno, o gorro espalhando os cachos pelos ombros compunha o visual, e assim que ela entrou com a amiga um pouco mais baixa na loja, ele não conseguiu tirar os olhos.
Duas mesas do canto estavam ocupadas por dois rapazes de ternos bem cortados e olhares ansiosos, provavelmente à espera de algum encontro às cegas, assim que as meninas avistaram os rapazes, se direcionaram cada uma para uma mesa. Claro, aquelas coisas sempre aconteciam nos cafés daquela região, mas ele não conseguia explicar o que sentiu com colocar os olhos naquela garota, ela parecia tão cheia de vida e tão animada, já o homem à sua frente parecia um pouco entediado com aquele papo.
estava incomodado com aquela visão. Mais de meia hora ali, e tudo o que o homem conseguia fazer era cara de tédio, enquanto a garota se esforçava para puxar assunto.
― Então foi pra isso que você resolveu abrir um café? ― A voz de fez com que desviasse a atenção do “casal” para o melhor amigo.
― Não, foi para ter a visão dos céus, toda vez que você entra por aquela porta, com essas suas roupas maravilhosas. ― O tom divertido nas palavras, fez com que os dois se abraçassem forte.
― E aí, está gostando? ― perguntou assim que os corpos se separaram.
― É incrível, acho que todas as minhas expectativas foram alcançadas. ― O sorriso no rosto do maior era tão grande que o amigo ficou igualmente feliz por aquilo.
― A decoração está impecável. ― disse, dando uma olhada em volta do local. ― E, esse cheiro... ― Os olhos dele pararam onde estavam os de assim que ele chegou. ― Mitch. ― Ele ficou pálido por um minuto.
― Que? ― estava perdido, mas assim que colocou os olhos na direção no qual o amigo estava olhando ele entendeu. ― Ai não , não acredito que ele é aquele cara que você estava saindo. ― Ele afagou os ombros do amigo.
― Ele é um cretino mesmo. ― disse, respirando fundo.
― Em defesa dele, ele está odiando isso viu, aquela menina espetacular está tentando, mas ele não tira aquela cara de tédio, desde que chegou, aposto a minha beleza, que ele fez isso para agradar a mãe ou pra ajudar o amigo, ― Ele indicou a mesa um pouco mais a frente em que a língua de alguém já estava na garganta da outra pessoa.
― Isso não justifica, eu sei que é difícil de assumir, mas então, pelo menos me avisasse sobre, tudo bem que não temos nada sério, mesmo assim. ― A voz de saiu mais alta do que ele gostaria, o que atraiu alguns olhares, incluindo o da mesa com Mitch e .
Assim que Mitch colocou os olhos no rapaz ficou pálido e logo se levantou vindo na direção em que os dois estavam.
olhou para a menina na mesa, e todos os olhares caíram sobre ela, deixando o amigo conversando com o outro e indo até a mesa onde a garota estava perplexa.
― O que está acontecendo? ― Ela perguntou com os olhos nos rapazes mais no meio do salão.
― Eles estão saindo. ― disse olhando os olhos atentos da garota.
― Isso justifica muito ele estar incomodado com o meu papo, eu sabia que eu não era o problema. ― Ela riu, e voltou a atenção para o rapaz a sua frente.
― ! ― Ele estendeu a mão.
― ― Ela apertou a mão e eles seguiram conversando por muito tempo sentados naquela mesa.
Era impressionante o quanto eles tinham em comum, gostos parecidos, estilos musicais parecidos, a conexão foi imediata e eles nem repararam as horas, quando percebeu, já tinha escurecido e os funcionários estavam só esperando para fecharem a loja, já tinham limpado e fechado o caixa.
, a amiga de , também já tinha ido embora, então ficou de levar até em casa, como ela não morava longe dali, resolveram ir andando mesmo, depois ele pediu um táxi e no dia seguinte pegava o carro na loja.
No caminho, foram conversando mais, o assunto entre eles parecia não acabar nunca, era muito legal como as vidas se conectaram, antes de virarem o quarteirão da casa de , eles acharam uma loja de utensílios com umas coisas estranhas e resolveram entrar.
― Boa noite. ― Uma mulher de meia idade com roupas coloridas disse de trás do balcão.
Os dois sorriram e caminharam até as prateleiras. O lugar era uma loucura, algumas fantasias espalhadas e óculos estranhos, kits de mágica e alguns enfeites de festa bizarros, os dois se divertiram muito com as coisas, mas estava ficando tarde e deveres devem ser cumpridos no dia seguinte, resolveram então, procurar alguma coisa um para o outro e fazer surpresa até chegar ao caixa. De um lado da loja olhava algumas coisas interessantes como pulseiras de contas brilhantes e brincos em formatos de torrada, mas quando bateu os olhos no colar de infinito sabia que ficaria perfeito com aquele sorriso lindo que a garota estava exibindo naquele exato momento olhando algumas gravatas verdes com bolas roxas.
Era impossível estar apaixonado daquela maneira, mas estava! Realmente estava, e era difícil até de respirar. na outra ponta estava analisando algumas coisas diferentes como chapéus e abotoaduras brilhantes, quando de repente esbarrou em uma caixa com umas letras douradas escrito NO.2, pegou do chão e o relógio mais lindo do mundo estava dentro dela, era em um prata azulado brilhante. Ela sabia que combinaria exatamente com ele, estava feliz por ter encontrado algo tão legal, esse cara era muito legal e a noite estava incrível.
Os dois estavam em frente ao balcão para pagar as coisas e a conversa fluía bem e os sorrisos, a atendente falou alguma coisa sobre os itens que nenhum dos dois prestou muito a atenção, assim que saíram do local, logo estavam na casa de , que ela dividia com . Conversaram sobre mais coisas e a garota recebeu uma mensagem da amiga, informando que estava voltando pra casa, depois que o encontro com babaca às cegas, não deu certo.
― O papo está bom, mas acho que vou ter que confortar minha amiga agora ― disse sorrindo aberto.
― Ah, claro, eu já estava indo embora mesmo. ― Ele sorriu de volta ― Mas antes, toma aqui. ― Ele estendeu o pequeno embrulho para as mãos da menina.
― E aqui está o seu. ― Ele fez a mesma coisa com a caixinha preta muito bem embalada. ― Quero que use quando estiver tendo um momento feliz, seja feliz por mim, ou feliz por eu estar na sua vida naquele momento, assim eu vou saber que estou fazendo a coisa certa.
Os sorrisos eram largos e eles estavam realmente felizes por terem se encontrado naquela noite, a conexão de ambos era ótima e quando achou que finalmente iria acontecer, seus corpos de encontraram, os braços dela envolveram seu corpo e ela levou a boca ao ouvido do rapaz.
― É muito bom ter um amigo homem. ― Ela disse, dando espaço entre os corpos e finalmente fechando a porta assim que ele se afastou da entrada.
Estar naquele terno caro, enquanto terminava de arrumar o cabelo fez com que desejasse não ser melhor amigo de . Ele realmente não estava confortável, nem naquela roupa, muito menos indo àquele evento. Assim que terminou de arrumar o cabelo, buscou o relógio meio azulado que ganhou da garota há três anos atrás e que ela havia feito ele prometer que só iria usar em uma ocasião muito especial para os dois. Assim ela saberia que ele estaria feliz por ela, ou por ter ela na sua vida no momento em que usasse.
Checou a quantidade de perfume e pegou o blazer, saindo de casa. Resolveu que não iria usar seu carro, com a maior certeza da vida não teria condições de voltar para a casa dirigindo depois daquele dia. Mais uma checada nas horas e já eram 15h00min horas, tudo bem ele chegar vinte minutos atrasado, não era como se o evento fosse para ele mesmo. Ainda por cima iria ter que interagir com , de quem ele tinha certeza que odiava ele, e ele não era esse amigo todo também. Provavelmente estaria lá também e isso o deixava mais aliviado com tudo, não que resolvesse todo o caso, mas com certeza amenizaria o clima.
O Carro que ele chamou pelo aplicativo parou na frente do grande jardim da casa 345, ele conseguiu ver os enfeites em um tom de amarelo que o deixou brevemente enjoado, e ele não sabia se era porque odiava aquela cor, ou se estava nervoso com tudo aquilo. Assim que passou pela porta foi recepcionado pela voz animada da mãe de , que o adorava, sempre o tratava como um filho e sempre era animada ao ver . Logo atrás dela estava , com sua câmera pendurada no pescoço registrando a entrada de todas as pessoas naquele evento. Assim que ela colocou os olhos nele, revirou os mesmos e bateu uma foto, deixando o mais novo ligeiramente cego.
― , é sempre bom te ver. ― Ele disse dando um sorriso falso e passando por mais algumas pessoas. A garota não respondeu nada e ele nem esperava nada vindo dali mesmo.
Colocou o presente que ele levou ao evento junto com os demais na pilha e buscou alguma bebida forte, para conseguir respirar direito, todas aquelas pessoas e aquela decoração cafona estavam fazendo a sala parecer menor e isso estava o deixando sem qualquer tipo de fôlego.
― . ― Ele ouviu uma voz conhecida chamando por ele, e assim que virou a cabeça viu o amigo e se sentiu aliviado por não ser nenhum tio da garota com mais alguma piadinha idiota, sempre que ele encontrava algum deles era a mesma coisa e ele não estava com um humor muito adequado para ser gentil.
― Graças a Deus! ― exclamou chegando perto do amigo. ― , você não sabe como é bom te ver aqui. Conseguiu que aquela cobra que você chama de chefe e namorado te desse uma folga?
― , não fala assim do meu bebê. ― O Garoto sorriu. ― Ele só cuida da minha carreira, e ser modelo nessa cidade, ainda mais um lindo como eu, não se tem muito tempo para confraternizações, mas eu precisava estar aqui para prestigiar minha pipoquinha e te dar um apoio, eu não sei como você consegue lidar com tudo isso. ― O mais novo finalizou ajeitando a gravata do maior.
― Aqui está meu OTP. ― A voz feminina entrou pelos ouvidos de que sentiu as pernas amolecerem e se ele não estivesse segurando os braços do amigo, teria passado uma cena muito constrangedora.
― , meu amor. ― desviou a atenção do amigo para a mulher a abraçando forte, para que tivesse tempo de se recompor. ― Você está a coisa mais linda que eu coloquei meus olhos hoje, minha linda. ― Ele finalizou o abraço sorrindo.
― Tudo graças a você e seus contatos maravilhosos, olhem esse vestido, eu não poderia estar mais feliz. ― A Garota deu uma voltinha e vestido em um tom claro de amarelo rodado na base esvoaçou a deixando ainda mais graciosa.
― . ― Ela envolveu o pescoço dele com os braços e apertou forte o abraço, fazendo com que os braços dele se fechassem em sua cintura. ― vai ficar tão feliz em te ver aqui. ― finalizou animada procurando o outro rapaz pelas pessoas na sala.
― Você está linda. ― As palavras saíram com mais emoção de sua garganta do que ele gostaria que fosse.
O sorriso que a mulher abriu doeu tanto dentro dele, que perdeu o ar por alguns minutos. Algumas amigas da faculdade de chegaram e ela foi cumprimentar elas, deixando os meninos sozinhos de novo.
― Tem certeza de que isso é bom pra você? ― sentiu a mão do amigo apertar de leve seu ombro e tudo o que ele conseguiu fazer foi pegar mais um copo com o Whisky e virar tudo de uma única vez.
Alguns minutos depois, com o quinto copo de bebida na mão, ouviu o barulho de um talher bater em um copo e todos voltaram a atenção para o centro do cômodo, onde começava um discurso.
― Vocês não imaginam a minha felicidade de vivenciar esse momento com todos vocês que de alguma forma é importante para essa caminhada. ― exibia o grande sorriso que sempre dava quando estava muito feliz.
tinha tomado todo o líquido e já estava com mais um copo na mão, esperando ansioso pelo grande anúncio da tarde. De canto de olho conseguiu ver , em um terno esporte azul bebê, com uma camisa branca e um sorriso imenso nos lábios. Aquela era realmente a visão de um anjo, um anjo. Como alguém consegue competir com um anjo? , já estava se sentindo tonto, mas não conseguia parar de beber.
Assim que os discursos acabaram, tanto dos noivos quanto dos amigos mais próximos, incluindo o de , recebeu uma ligação e precisou ir embora, uma divulgação de emergência do patrocinador em outra cidade logo pela manhã e o agente fez com que o rapaz deixasse o amigo “sozinho”.
e estavam noivos, estavam com alianças iguais de compromisso em seus dedos, e aqueles sorrisos enormes em seus rostos, eles tinham se conhecido a um ano e meio em uma conferência para cafés em que levou , mas como ele nunca conseguiu declarar seu amor pela amiga, ela esbarrou com pelo evento e desde então não se desgrudaram mais. vivia agradecendo ao amigo pelo ocorrido e tinha até chamado ele para ser padrinho da união. Como ele amava estar na companhia da amiga e não queria perder de ter aquilo por um sentimento. Mas porque era tão difícil controlar tudo naquele dia e porque estava bebendo tanto daquele jeito?
― Meu Deus do céu, , o que aconteceu anjinho? ― se abaixou até onde o amigo estava sentado, próximo ao vaso sanitário do banheiro principal.
― Meu amor. ― chamou a atenção da noiva, ele estava segurando o corpo de . ― No meu carro, tem uns biscoitos de água e sal, e se alguém puder trazer uma garrafa de água gelada também. ― Ele sorriu doce para as garotas no local, tinha chegado junto com no cômodo. ― Parece que nosso amigão, se empolgou com a nossa felicidade. ― Ele finalizou, rindo.
Algumas horas depois, a festa de noivado ainda estava acontecendo e já estava suficientemente sóbrio para ir embora. Se aproximou do casal, que estavam em uma conversa animada com .
― Pessoal? ― interrompeu o grupo de amigos ― Essa festa está incrível, mas estou indo. ― Ele sorriu fraco e recebeu um abraço de lado de .
― está indo também, não quer uma carona? ― O mais velho disse, ainda apertando em seu abraço.
― Realmente não precisa, eu vou chamar um uber. ― Ele sorriu olhando para a cara de , que mantinha um sorriso bonito no rosto. ― E, na verdade, eu estou indo para o café, apareceu uma urgência com o fornecedor de grãos e você sabe como é né?. ― Ele cutucou o rapaz ao seu lado e os dois riram.
― Estou indo para a mesma direção, posso te dar uma carona. ― disse, se despedindo dos noivos e andando até a porta.
― Eu vou aproveitar então pessoal, a festa foi incrível. Amo vocês. ― Ele se despediu às pressas e correu atrás da garota até o carro.
estava diferente aquela tarde, quando ele chegou, ela parecia normal, mas com o passar das horas ele conseguiu ver a tristeza no olhar, enquanto ela dirigia.
― Aconteceu alguma coisa, ? ― O rapaz perguntou, enquanto a garota dirigia e a chuva começava a cair forte do lado de fora.
― Não somos amigos, , não tente ser o que você não é. ― Ela disse, em um tom magoado, mas ele sabia que não era com ele.
conhecia a mesma quantidade de tempo que conhecia , mas por algum motivo, ela não gostava dele, e ele passou a não se interessar muito por ela também, eram conhecidos, tinham amigos em comum, mas não tinham uma relação muito forte. Ele sentia vontade de estar mais próximo dela, ela era ótima pessoa, mas a paixão por , realmente deve ter deixado ele um pouco sem graça.
― Tá bom, , fica ai com esse seu bico e com isso que está te incomodando. Cansei de tentar uma aproximação. ― O tom dele parecia magoado também.
― Estamos chegando, graças a Deus. ― disse em um tom baixo, vendo que a chuva estava apertando mais.
― Fica na loja, até a chuva diminuir. Eu não vou te deixar dirigir, magoada nesse temporal, pode ser? ― disse firme e não recebeu nenhuma resposta, o que valia de um sim para .
A chuva estava muito densa, e pelo vidro do Coffee Co, quase não dava para ver a rua.
olhava distraída pela janela e estava preparando café para eles. Os cabelos molhados da garota e o olhar triste, fizeram ele sentir vontade de abraçar ela, mas provavelmente ganharia um soco no meio da cara.
― Cappuccino de caramelo com marshmallow ― anunciou a bebida que tinha feito para a garota e se sentou na frente dela.
― Obrigada. ― Ela disse distante dando um grande gole na bebida. ― Qual o problema comigo, ? ― continuou olhando para um ponto fixo fora da loja.
― Tirando esse seu humor? ― Ele riu, mas a expressão no rosto dela não mudou. ― , eu sei que não somos os melhores amigos, mas o que aconteceu?
O silêncio invadiu o local por alguns minutos, e quando ele pensou em se levantar para ligar para o fornecedor, os olhos cheios de lágrimas da menina alcançaram os dele.
― Ele se casou, , ele terminou comigo há oito meses, com a desculpa que era muito novo para ter um relacionamento sério e agora ele está casado. ― As lágrimas no rosto dela, começaram a descer e o soluço no meio das lágrimas era alto. ― Sabe, eu amava ele, eu fazia tudo por ele, mas não fui o suficiente.
― , você foi maravilhosa, todo mundo que estava perto de você, conseguia sentir o amor que você tinha por ele, não chore pelo fato dele ser um babaca. A única pessoa que sai perdendo com essa situação é ele. ― tinha ido até a cadeira ao lado dela, e passado os braços pelos ombros a apertando em um abraço. ― Você é linda, inteligente, amiga, companheira, e às vezes engraçada, não tem nada de errado com você, e se ele foi babaca o suficiente para te fazer pensar isso, o problema é com ele. ― Finalizou e quando ela ia abrir a boca, um barulho forte veio do lado de fora e a luz acabou.
― Agora isso. ― disse bravo, levantando de onde estava. ― Fica aí, que eu vou ver a caixa de energia, tá bom? ― Ele disse para e foi até os fundos ver o que tinha acontecido.
Tentou iluminar o caminho com o celular, mas no meio do caminho tropeçou em alguma coisa e bateu o braço do relógio na parede derrubando o celular no chão e tornando aquele momento um grande breu, não viu mais nada.
acordou com uma dor forte de cabeça, provavelmente resultado da quantidade de álcool que bebeu e da batida forte na parede. Parando para analisar a situação, não lembrava como a noite anterior tinha acabado. Só lembrava-se de ter ido para a cafeteria com e depois que acabou a luz não se lembrava de mais nada.
Resolveu mandar uma mensagem para se desculpando do ocorrido no noivado e seguiria para a cafeteria, precisava resolver o problema com o fornecedor de verdade.
chamando...
Assim que ele finalizou a mensagem de texto, percebeu o amigo ligando, realmente precisava conversar com alguém.
― Grande Homem ― disse em um tom divertido.
― , eu já disse pra você parar de assistir Everybody Hates Chris no Youtube, eu ia falar que nunca ia arrumar um namorado, eu sempre esqueço que você já tem um. ― disse, levantando da cama e sentindo a cabeça latejar.
― Como você sabe? Eu te disse alguma coisa? ― Ele parecia confuso.
― Vai fazer a desentendida agora? Eu não sei como você consegue sair com aquele mala, mas é seu gosto né. ― pegou um terno menos social e foi ao banheiro.
― , você está bêbedo? Em plena quinta feira? ― não estava entendendo nada.
― Só de ressaca, bebi mais do que devia no noivado da . ― Ele ligou a água da banheira e sentou na borda esperando encher.
― Você foi a uma festa de noivado em plena quarta-feira? Quem é ? E porque está me excluindo desse jeito da sua vida. ― estava entretido com alguma coisa, mas mesmo assim parecia curioso.
― , você me ligou pra que mesmo? ― A voz de estava equalizando.
― , se ta no viva voz, no banheiro? ― perguntou em um tom ofendido. ― Cara eu te amo, mas a nossa amizade precisa de limites ― Ele riu, sabia que o amigo estava tomando banho. ― Quero saber que horas você vai abrir a Coffee Co, e se eu ainda ganho café grátis nesta semana de inauguração.
― Semana de inauguração? Mas a inauguração da Coffee Co, foi há três anos. ― Ele ligou as bolhas da hidro e sentiu o corpo relaxar.
― , você bebeu o que ontem? Você inaugurou a loja sábado, eu estava lá. ― O amigo estava impaciente com aquela confusão.
― Como assim, inauguração sábado? ― Ele estava muito confuso, e sem entender a desconexão de tudo aquilo.
― Meu querido. Chuvas, frio, você reclamando que tinha escolhido uma péssima época na inauguração. Não te lembra nada?
Naquele momento arregalou os olhos e se levantou da água saindo da banheira e derramando água no chão.
― , que dia é hoje? ― Ele se enrolou na toalha e procurou pela roupa que tinha escolhido.
― Trinta de julho. ― O amigo disse mais paciente.
― Dois mil e vinte três? ― , perguntou esperando que não estivesse errado.
― Que? Dois mil e vinte três? Não, dois mil e vinte.
― , tô indo abrir a loja agora, e você pode tomar quanto de café que quiser. ― Ele disse rápido e antes do amigo responder ele já tinha encerrado a ligação.
Não conseguia entender, como de alguma forma ele tinha voltado no tempo, e justamente para o dia em que conheceu , podia ser uma chance que a vida tinha te dado para refazer os passos e tentar ter a mulher que ele amava. Ele não tinha traçado um plano, mas teria que fazer alguma coisa diferente, correu até a loja, abriu e ficou feliz pelo dia estar o menos feio. Durante o passar das horas avistou os dois rapazes entrarem na loja, antes deles se acomodarem, se aproximou e conversou com eles, dizendo que encontro às cegas era extremamente proibido naquele local, claro, inventou uma desculpa para aquilo, dizendo que era um trauma pessoal, e mesmo eles ficando confusos com, como ele sabia que estavam ali para um encontro às cegas, os dois foram embora.
Alguns minutos depois as meninas passaram pela porta, e como ele sabia que não chegaria ninguém, sentou-se à mesa de e puxou assunto.
― Oi, eu sou o . ― Ele disse sorrindo
― Onde está seu amigo? ― perguntou ao perceber que a mesa da amiga estava vazia.
― Ah eles foram embora, quer dizer, tiveram um compromisso e por isso deixaram um recado comigo.
A conexão dos dois foi meio instantânea, e poucos minutos depois estavam em um papo super envolvido, tinha até esquecido que estava ali com a melhor amiga.
― Desculpa, mas quem é você? ― se aproximou da mesa, em que os dois conversavam animadamente.
― Oi , esse é o . Ele é o dono disso tudo aqui, você acredita? ― estava realmente animada e os olhos brilhavam bastante.
― Dono daqui, o mesmo que mandou nosso encontro embora, por não tolerar encontro às cegas no estabelecimento dele? ― olhava impaciente para o rapaz a sua frente e revirava os olhos.
― Como assim? Você os mandou embora pra se aproximar de mim? Por acaso vem me seguindo esses dias e descobriu que estaria aqui e por isso armou tudo? ― A garota levantou da cadeira espantada se afastando.
― Não é nada disso que você está pensando. ― Ele tentou se explicar, mas as duas já tinham saído do estabelecimento o deixando sem poder explicar.
O dia passou mais lento do que ele imaginava, mas uma boa noite de sono poderia ajudar a colocar as coisas no lugar, Assim que chegou em casa, não demorou para pegar no sono. Estava confuso, frustrado e exausto.
Como de costume o relógio despertou às 8:00 em ponto, estava acostumado a acordar essa hora mesmo todos os dias, inclusive aos finais de semana para não perder a rotina, assim que acordou avistou a data no visor do telefone, e agradeceu a Deus aquilo ter sido somente um sonho. Não estava pronto para perder a sua amiga, mas como de costume, não prestou a atenção em que dia da semana era. Tomou um banho e resolveu ir até a casa de , se desculpar pela noite passada, pelo noivado e tudo mais. Não podia ser um bom amigo fazendo aquele tipo de coisa.
Assim que chegou a pequena entrada, foi recepcionado por .
― Oi, você deve ter vindo para o noivado, confesso que está um pouco adiantado. ― O rapaz a sua frente disse, dando espaço para o mesmo entrar, ainda ajeitava a gravata quando fechou a porta atrás de si. ― Você deve ser amigo de da faculdade, ainda não nos apresentamos, então, sou o noivo. ― Ele sorria aquele sorriso que odiava, mas que tinha que assumir ser lindo.
― Como assim noivado? vocês já o fizeram ontem, e você me conhece . ― Quando ele estava finalizando avistou linda, naquele vestido amarelo e ali percebeu que alguma coisa estava errada.
― Me ajuda com o fecho. ― Ela entrou no cômodo distraída indo até o noivo. Mas assim que colocou os olhos no rapaz alto perto da porta entrou em pânico. ― Como você achou minha casa? O que está fazendo aqui. ― Os olhos de espanto dominavam o rosto dela. ― É ele amor, o doido, perseguidor de três anos atrás. ― Ela choramingava quando veio para a sala com uma frigideira na mão.
― EU OUVI PERSEGUIDOR DE TRÊS ANOS ATRÁS? ― Ela gritou ao chegar à sala e percebeu como ela também estava muito linda em seu tubinho nude e sapatos amarelos.
Antes que alguma coisa o acertasse fisicamente ou partisse pra cima dele, o mesmo saiu correndo e deixou a residência mais rápido que conseguiu executar.
Foi direto para a loja, e passou o dia todo pensando em como aquilo não era um sonho e como ele tinha conseguido fazer aquilo, pensou na única coisa diferente que ele usou naquele dia, e nos fatos. Lembrou-se do relógio da amizade, o qual ele estava usando naquele momento e também se lembrou do papo com naquela noite e de que não lembrou mais de nada depois que caiu naquela escuridão. Os pensamentos estavam consumindo ele e assim que começou a clarear, ele lembrou que bateu com relógio na parede antes de desmaiar de fato, só podia ser aquilo, a senhora da loja falou alguma coisa sobre o relógio, porém nenhum deles prestou a atenção.
― Tente lembrar , você deve ter absorvido algum fragmento do que rolou, você precisa voltar e não perder de sua vida. ― Ele dizia a si mesmo, fazendo de tudo para se lembrar. ― Bater forte no relógio é isso, ela disse para evitar bater forte no relógio que ele era muito frágil, acho que é isso. ― Ele voltou a falar sozinho quando sua mente se esforçava em lembrar o que a senhora dizia no fundo das risadas dos dois.
Ele se levantou de onde estava, fechou o estabelecimento que não teve muito movimento durante o dia todo e foi para os fundos na sala de descanso dos funcionários, testar a sua tese sobre o que descobriu. Assim que ele se sentou no grande sofá de couro preto que tinha no local, fez uma pequena prece antes para que nada saísse errado e bateu o mais forte que pode com a mão no relógio, viu as luzes piscarem e simplesmente seus sentidos foram apagados.
levantou antes de o relógio despertar e a primeira coisa que ele fez foi olhar a data no visor do celular, sentiu uma alegria invadir seu corpo quando viu os números 2020 marcando, mesmo com toda a excitação ele resolveu ligar para e se certificar que no desespero não tinha trocado a data do telefone para se iludir.
chamando…
― Que aconteceu, ? ― A voz embargada de sono do amigo ao atender o telefone fez com que o rapaz notasse que era realmente muito cedo ainda.
― , que dia é hoje? ― Ele perguntou sem ao menos dar atenção para a pergunta anterior.
― Você está se drogando ? Como assim você me liga às 6:30 da manhã perguntando que dia é hoje, onde você tá? ― O misto de raiva e preocupação fez com que se sentisse um pouco culpado.
— Só preciso que me confirme porque eu acho que meu relógio está quebrado e…
— Meu Deus, ficou birutinha depois que inventou esse negócio de café, pelo amor de Deus, hoje é trinta de julho de 2020. — estava um pouco irritado, mas teria que levantar em 15 minutos mesmo, então não teria que ir até a cafeteria mais tarde só para estrangular o mais velho.
— Obrigada meu lindo, te vejo mais tarde, tenho que correr. — nem questionou só desligou o contato, estava cedo demais para perder a paciência com aquele tipo de coisa.
Daquela vez tudo aconteceu como na primeira, elas encontraram seus encontros às cegas, encontrou o namorado lá e foi aquela mesma coisa, só que dessa vez faria diferente, não deixaria que virasse somente sua amiga como no início, a conquistaria e foi o que aconteceu, depois de saírem da loja aquela noite, em despedida ele a beijou e ela retribuiu, sentiu que aquele era o dia certo, que as coisas finalmente dariam certo.
E deu certo por um tempo, eles namoraram da forma padrão, então eles foram morar juntos e foram felizes, pelo menos até ali, claro que sempre foi o mais empolgado, mas com o passar do tempo, sentia que aquelas voltas que o tempo estava dando não era para aquele propósito, ele ainda sentia que faltava alguma coisa, ele só não sabia o que.
— Tem certeza que vai prender ela para sempre nesse relacionamento? — perguntou, chegando na cozinha para pegar mais bebida, eles estavam fazendo uma social e aproveitaria aquele momento para pedir em casamento, mas estava sentado na bancada da cozinha, olhando para a aliança, enquanto os amigos jogavam alguma coisa que ele não fazia ideia do que era.
— Ela não é feliz né? — Ele e nunca se deram muito bem, embora, nessa realidade, eles fossem bem próximos, ela ainda era muito mais amiga de do que dele.
— Ela é bastante feliz, mas ela não está brilhando como deveria, vocês são ótimos um com o outro e são os melhores amigos, mas eu não sei, talvez eu esteja desacreditada no amor, ou não consiga ver que um relacionamento seja o suficiente para que uma pessoa viva plenamente feliz, mas ela está deixando os sonhos para trás e tudo mais para viver essa vida em conjunto e…
— Ela merece mais, é, você tem razão, com ele o sorriso dela era mais brilhante e ela estava feliz de verdade, ela era feliz por ela e ele estava na vida dela somente para acrescentar, e não era o motivo dela se sentir feliz ou triste. — Ele constatou se lembrando de como ela era feliz ao lado de .
— O que? — perguntou confusa, talvez tivesse deixado o homem em parafuso.
— Eu vou mudar isso, , nossa vai ser feliz novamente. — Ele levantou e saiu pela porta dos fundos.
Ele foi até o café, e desceu até onde tudo aconteceu da primeira vez e bateu forte com relógio na parede e boom, a visão escureceu.
se arrastou até o Coffee Co, e viveu aquele mesmo dia novamente, tudo aconteceu como na primeira vez, sem tirar ou colocar, e ele estava em paz, sabia que ela viveria a vida dela feliz como ela merecia, então aquilo o acalentou, era bom demais sentir que continuariam os melhores amigos, que dessa vez nada estragaria a felicidade dela e de mais ninguém e ele precisaria aprender a ser feliz também, talvez ele precisasse enxergar as coisas daquela maneira para poder ser menos mesquinho e parar com aquela paranóia.
Quando se deitou na cama para dormir, no entanto, teve uma leve sensação de que as coisas não parariam por ali, ainda faltava alguma coisa.
— ? — Ouviu uma voz chamando por ele, mas não conseguia abrir os olhos. — Pelo amor de Deus, se esse homem morre aqui, o que eu faço, não dá tempo nem do resgate chegar com essa chuva. — Ouviu a mesma voz e percebeu que era .
— Eu tô bem! — Disse, quando conseguiu forças para expressar alguma coisa naquele momento, para que a mulher ficasse menos aflita.
— Graças a Deus! — E no mesmo momento em que ela o ajudava a se sentar, as luzes voltaram a funcionar.
— Que dia é hoje? — Ele perguntou com uma forte dor na cabeça, depois que ela se sentou ao seu lado.
— Você não se lembra? Melhor irmos ao médico! — Ela estava prestes a se levantar, quando ele segurou seu braço de forma leve, só para ela saber que era para ficar ali.
— Na verdade eu não sei se é 2020 ou 2023, acho que tive um sonho maluco. — Ele disse, talvez tudo aquilo tivesse sido um sonho mesmo, porque aparentemente ele tinha voltado ao cenário inicial, em que ele deu um vexame no noivado de e ido até a cafeteira com .
— Você ficou mesmo um tempo estatelado no chão aí, mas não foi muito tempo não. — Ela riu — Estamos em 2023, mas se você tivesse acordado em 2020, o que você faria de diferente? — Estava curiosa, talvez porque ela mesma quisesse mudar um monte de coisa.
— Eu acho que eu não faria nada, talvez sei lá, fosse um pouco menos chato com você, você é uma boa amiga para a e tudo mais. — Ele foi sincero, talvez aquela experiência de volta no tempo ou sonho maluco, só fez com que ele enxergasse como era uma amiga incrível e talvez eles pudessem ser mais amigos dali em diante, as vezes era aquilo que faltava para ele parar de reviver aqueles dias.
FIM.
Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos?
EU AINDA NÃO ACREDITO QUE ARRUMEI UM LUGAR PARA COLOCAR MINHA FILHA E CONSEGUIR TERMINAR ELA DEPOIS DE QUASE 5 ANOS DE MOLHOOOOOO AAAAAAAAAAAAAAAAAAA. E eu fiquei extremamente feliz com o resultado.
Espero que tenham gostado. até a próxima!
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.
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