Capítulo Único
deu mais um longo gole em seu café expresso enquanto rolava a tela do celular, conferindo os e-mails recebidos do dia. Ainda não eram oito da manhã, mas o céu cinza transformava a recém nascida manhã em noite e o vento frio contribuía para o clima pouco convidativo para um dia cheio no trabalho, mais um dia nada comum de verão. Teria um cronograma ocupado e estressante, cheio de reuniões com seus principais clientes. Se orgulhava de ocupar aquela posição, do reconhecimento que tinha, principalmente por ser uma mulher de origem latina. Representar legalmente clientes importantes, famosos milionários e milionários famosos significava calar a boca de muitos que haviam duvidado dela durante sua vida.
– O senhor está aqui. – Seu assistente avisou, abrindo um pouco a porta e enfiando-se para dentro.
– Já? Ele está mais de uma hora adiantado. – levantou o canto da boca num sorriso sem desviar o olhar da tela.
– Ele disse que está...ansioso. – Dave hesitou, maneando a cabeça. – Mando entrar?
– Não. – A advogada encarou o homem por debaixo das sobrancelhas. – Ele tem um horário, vamos respeitá-lo. – mordeu a ponta da língua e sorriu, enquanto o assistente deixava a sala.
era um bom cliente, as vezes excessivamente emocional e impulsivo, mas um ótimo cliente. Havia herdado como cliente quando seu chefe e mentor, advogado pessoal da família se aposentara. Se lembrava bem do início das coisas, mais de três anos atrás, quando o homem espanhol se recusava a participar das reuniões, sempre se atrasando ou fingindo esquecer, primeiro por desinteresse e depois para chamar a atenção da advogada. Mas sempre soubera como lidar com o espanhol, não cedia, gostava de estar no controle das situações e aquela não era diferente.
Por isso, relaxou em sua cadeira confortável para terminar seu café observando a bela vista que tinha de sua sala no topo daquele edifício, com muita paciência. Valorizava cada instante de seu tempo livre para oferece-lo a tão facilmente.
Depois de conferir seu e-mail pela terceira vez e as notificações no celular, a advogada pediu por telefone para que Dave liberasse a entrada do espanhol. Sentia seu corpo se agitar, ansiosa para o encontro com o homem, borrifou um pouco mais de perfume na nuca, ajeitou o blazer e a saia ao corpo e cruzou os punhos sobre a mesa, aguardando a entrada do cliente.
– Bom dia, senhor . – sorriu quando os olhos castanhos e intensos do homem cruzaram com os dela. – Estava a sua espera.
– Me deixou esperando por uma hora. – Ele acusou arqueando uma sobrancelha, com olhar duro e feições sérias.
– Ah, não me diga. Devo ter me equivocado. – uniu as sobrancelhas, fingindo confusão e encenou conferir algo em sua agenda. – Mas que erro rude da minha parte.
– Você fez de propósito, não fez? – se aproximou dela, apoiando-se nos braços, com as mãos espalmadas sobre a mesa e expirou um riso, torcendo o canto esquerdo dos lábio em um sorriso pequeno.
– O senhor sabe que não sou tão má. – sorriu de volta, arqueando uma sobrancelha, voltando a cruzar os punhos. Naquela posição o espanhol parecia mesmo ameaçador, olhar penetrante e estreito, semblante impassível e duro, lábios juntos.
Mas a máscara durou pouco, o espanhol riu entredentes e balançou a cabeça negativamente, encarou o chão, depois suspirou e voltou seu olhar para a mulher fixamente.
– Senti saudades. – Admitiu ainda com olhar perfurante sobre a advogada.
– Estamos aqui a negócios, senhor , não devíamos misturar as coisas. – alertou, recostando-se a sua cadeira para observar melhor o homem a sua frente e permitindo que ele também fizesse isso.
– Não, não estamos. – sorriu sem mostrar os dentes. – Uma reunião comigo não seria necessária, poderia falar com meu pai ou enviar alguém. É como você diz, seu tempo é muito precioso para ser desperdiçado. Estou aqui porque você me quer aqui. – Enfatizou ele, permitindo que seu olhar passeasse pelo corpo da colombiana.
– Costuma ser sempre presunçoso assim? – o questionou, pondo-se pé. – Sente-se, senhor , existem coisas que gostaria de mostrar.
sorriu vitorioso e permitiu que o peso de seu corpo caísse sobre uma das confortáveis cadeiras do escritório da advogada, enquanto assistia à movimentação dela. contornou a mesa e se dirigiu a um pequeno móvel com gavetas, retirando de uma das gavetas um envelope. O espanhol apreciava aquela cena, , de costas, propositalmente inclinada para frente, enquanto fingia conferir algo em papéis, numa provocação silenciosa.
Não era bom em conter impulsos, principalmente se tratando da advogada colombiana. Por isso, não pensou muito antes de se levantar e ir até ela, surpreendendo a mulher, colando seu corpo ao corpo inclinado de , apoiando as mãos em sua cintura.
– Pensei ter pedido para que o senhor se sentasse. – Ela estreitou o olhar, o encarando por sobre os ombros.
– Não me lembro de ter escutado isso. – devolveu em provocação, enquanto girava o corpo para que ficasse de frente para o homem. – O que queria me mostrar? – deixou que suas mãos escorregassem para os quadris e bunda da mulher.
– Aqui está. – levantou o envelope, mostrando-o a , que riu jogando a cabeça para trás. – Preciso que assine esses documentos. – Ela pediu, olhando fixamente para os lábios vermelhos dele. – Com muita urgência. – Sussurrou.
– O que é isso? Algum contrato entre nós? – gracejou, apertando mais a mulher junto a si, queria que ela sentisse o que ele mesmo sentia no momento. Além da saudade, queria que sentisse o que ele sentia abaixo da barra de sua camisa, se apertando dentro da calça.
– Mera formalidade, senhor . – A advogada deu de ombros.
envolveu os ombros de com os braços e o empurrou devagar para sua mesa, afastando-se do pequeno móvel. Para o espanhol, aquele era o sinal que precisava para o que mais queria, por isso se ocupou em beijar o pescoço da advogada com calma e paciência enquanto era conduzido por ela, sabia que quase nunca resistia aos seus beijos, muito menos a sensação que sua barba por fazer a causava, os arrepios que sentia.
– Senti saudades do seu perfume. – assumiu num suspiro, com os lábios ainda presos ao pescoço dela.
Em resposta, a advogada levou uma de suas mãos as costas, tateando a mesa como se procurasse algum espaço, e com a outra, arranhou levemente a nuca do espanhol, puxando seu cabelo da maneira que sabia ser do agrado dele, obrigando a olhar em seus olhos.
– Gostaria que assinasse todas as vias. – pediu de novo, levando uma caneta ao campo de visão do piloto com a mão que explorara a mesa.
– Eu não quero assinar nada. – Reclamou, tomando os papéis das mãos dela e os jogando para longe. – Quero você. - sorriu infantilmente, com os olhos presos aos dela e boca entreaberta.
– O que quer? – o instigou, tocando os lábios dele suavemente com a ponta dos dedos, sentindo sua textura e calor. Adorava aqueles lábios.
– Quero ter você, quero você...preciso de você. – sussurrou, com olhar transbordando vontade.
– Como você me quer, senhor ? – sussurrou, permitindo que o espanhol voltasse com os lábios a seu pescoço, enquanto ela corria os dedos pelo cós da calça jeans que ele usava, fazendo-o se encolher e se arrepiar.
– Quero...preciso muito de você, . – Ele sussurrou, mordendo suavemente a orelha da advogada. – Preciso de você, preciso estar com você...preciso...preciso estar...em de você...si?– pediu num suspiro.
sorriu, deleitava-se com aquela cena, , o famoso piloto, um dos homens mais lindos do mundo, completamente entregue a ela. Os cabelos escuros do espanhol já estavam completamente desalinhados a àquela altura e no fundo, sabia que não poderia resistir aos beijos úmidos e quentes, aos arrepios que a barba dele a causava, aos lábios vermelhos e olhar transbordando malícia e desejo, e também não queria isso. Talvez, depois de certo tempo longe do corpo quente de , poderia ceder e dar ao homem o que ele tanto pedia.
– Senti tanta falta do seu cheiro...– sussurrou novamente. – Falta do seu sabor. – Confessou antes de beijá-la.
poderia ser lembrado por sua beleza, mas definitivamente era mais que isso, a habilidade que o espanhol tinha com a boca era umas das coisas que ainda ligava ao homem. Os beijos de eram quentes, intensos, quase mágicos, transportavam para uma outra dimensão, como um tipo de droga que sedava seus sentidos, como uma bebida tropical fresca quando se está com boca seca, ou água quente num dia de frio intenso. Os movimentos delicados, firmes na medida certa enfeitiçavam a advogada, deixando-a totalmente vulnerável as investidas do espanhol.
, aproveitando do momento de vulnerabilidade dela, com uso da força, impulsionou o corpo de , sentando a mulher sobre a mesa e encaixando o próprio corpo entre as pernas dela, puxando com força suas pernas para que seus corpos tivessem o máximo de contato possível. O espanhol apenas permitiu que o beijo fosse partido para que a advogada arrancasse a roupa que ele usava, não era conhecida por ser exatamente delicada, a advogada costuma ser o extremo oposto, selvagem, sedenta, firme, arrancando o ar dos pulmões de um completamente entregue de coração e corpo à ela. utilizou toda destreza que possuía para arrancar o blazer e a camisa social que usava, ao mesmo tempo em que levantava de qualquer jeito a saia da advogada. Embora a vontade já os consumisse e a saudade estivesse os sufocando, ambos eram lentos no agir, com cuidado e paciência, sabiam que a pressa era inimiga, preferiam usar a força, toques firmes e selvagens, brutos.
se encarregou de abrir a calça jeans que usava, enquanto sentia as unhas curtas da advogada arranharem suas costas e os lábios cheios da mulher roçarem suavemente seu pescoço, causando-lhe arrepios.
– Eu pensei nisso em todos os segundos desde a última vez. – confessou quando puxou os cabelos dela, deixando à mostra o pescoço da mulher.
– São segundos demais pensando em uma pessoa só. – lançou lhe um olhar malicioso com olhos estreitos.
– Eu não consigo pensar em mais nada, , só em... – O piloto arfou quando sentiu o toque delicado das mãos frias da mulher em sua pele despida, ainda com olhos fixos nele. – Só consigo...pensar...em você.
A advogada adorava ser lembrada de como ele sabia exatamente o que fazer para agradá-la, os movimentos com as mãos, a pressão dos toques, o olhar firme, a respiração, os beijos, acelerando seu coração. inclinou o corpo para trás e o piloto a auxiliou, oferecendo o impulso necessário para que ela se sentasse sobre a mesa. A colombiana escorreu os dedos pelo peito de lentamente, sentindo toda extensão de sua pele quente, sob o olhar atento do espanhol.
se deleitava com a visão da advogada, tão inacessível e dura para os outros, ali, entregue a ele, com olhos tão cheios de vontade quanto os dele deviam estar. Qualquer atrito ou toque entre os dois era intenso, sempre os transportando para uma realidade paralela onde nada mais existia, só os dois corpos, somente os dois amantes. Os corações estavam acelerados por razões que iam além de uma simples ansiedade de encontro, embora a advogada odiasse admitir até para si mesma.
não conseguiu conter o som sôfrego que escapuliu por seus lábios quando a puxou com força para junto de si. – Xiu. – Ele pediu, levando um dedo até os lábios dela. – Silêncio.
sorriu ladina, aproveitando a oportunidade para chupar o dedo que o espanhol a oferecia, e expirou, apertando os olhos com a cena.
– Você...– Ele sussurrou, sorrindo de lado.
– ...– sussurrou, abraçando o corpo do homem novamente... –.
– Você é perfeita. – soprou.
– Eu amo sentir você. Seu corpo. Seu cheiro. – suspirou. – Sentir você sendo meu.
– Eu sou...– Declarou. – Eu sou seu...
[...]
Depois que enfim haviam satisfeito seus desejos mais profundos e intensos sobre a mesa, o móvel com gavetas e as cadeiras daquele escritório, cambaleou, precisando se apoiar a uma parede para não cair no chão. sorriu satisfeita, mordeu os lábios, pôs-se de pé e beijou mais uma vez o espanhol, lentamente, sendo correspondida e abraçada por ele.
– Eu poderia fazer isso o tempo todo. – declarou assim que separou o beijo, ainda envolvendo a cintura dela e com os olhares conectados.
– Todos poderiam. – Ela piscou, afastando-se e recolhendo suas roupas espalhadas, dando as costas a ele.
– Você viu como nossos corpos se encaixam? – O espanhol abraçou a advogada ainda de costas, aproveitando para beijar seus ombros. – Nós temos um encaixe perfeito.
– O senhor devia se vestir, tenho uma reunião agora. – sorriu, esticando uma mão para acariciar os cabelos escuros dele.
– É só isso que vai dizer? – girou o corpo da mulher, para que pudesse olhar em seus olhos. – Eu gosto de você, , não tiro você da cabeça.
– Fico lisonjeada... – Ela aproximou os lábios da orelha de , permitindo que eles tocassem a pele dele quando falasse.
– Devíamos ficar juntos...– Ele sussurrou de volta, girando o rosto e fazendo com que seus narizes se encontrassem, mas ainda com os olhos abertos.
aproximou mais seu corpo ao do piloto, esticando uma das mãos para um ponto onde a visão dele não alcançava.
– Devia se vestir, senhor . – A colombiana sussurrou. – Não queremos que flagrem o senhor nu na minha sala. – Ela sorriu, alcançando enfim a camisa dele e a oferecendo ao espanhol. – Essa visão pertence somente a mim.
– É só isso? Só o que vai dizer? – Ele ergueu as sobrancelhas.
– Não, obviamente. – sorriu, sentando-se em sua cadeira novamente, agora já vestida, embora um pouco bagunçada. – Ainda preciso que assine esses documentos. – Lembrou, apontando com o indicador para as folhas que jaziam desorganizadas jogadas em um canto da sala.
Depois de guiar para fora mesmo contra a vontade do espanhol, se dirigiu ao banheiro, precisava se organizar minimamente para o resto do dia. Podia ver em seus olhos através do reflexo no grande espelho, a satisfação, o brilho que os momentos com causavam. Gostava de estar com ele, gostava do toque do espanhol, de sua urgência e de tudo que faziam juntos. Nas noites frias, quando estava sozinha no alto de seu apartamento, gostava de se lembrar dos momentos a sós com .
[...]
Imitando o dia anterior, a sexta-feira havia se iniciado nublada e fria, com ventos que davam impressão de que todo prédio sacolejava toda vez que era tocado pela ventania. pensava sobre como sentia falta dos dias comuns de verão enquanto terminava seu café da manhã, teria mais um dia longo pela frente. A convite de um grupo de advogados que prestava consultoria, iria visitar as instalações do Grande Prêmio da Grã-Bretanha.
Estava ansiosa, representava o escritório, embora não fosse responsável pessoal por todos os clientes. E dentre tais clientes, estavam muitos atletas e esportistas, entre eles, alguns pilotos, escuderias e outras grandes instituições ligadas ao esporte, mas não costumava frequentar corridas, preferia manter-se ocupada com seu trabalho e os desdobramentos dele. A advogada finalizou seu café ao mesmo tempo que a campainha tocou, não esperava ninguém àquela hora, ainda era cedo demais para visitas, mesmo as mais inconvenientes.
– Bom dia. – Um entregador sorriu, tinha um gigantesco buquê de rosas vermelhas em mãos.
– Bom dia. – franziu o cenho, assinou o recibo e recebeu as flores.
– Espere, senhora, não é tudo. – O homem avisou, buscando mais uma caixa de sua bolsa, depois sorriu e a deixou.
Era talvez um dos maiores buquês de rosas vermelhas que a advogada já havia visto, rosas grandes e abertas, outras em botões vistosos, difícil até para segurar. Deixou as flores sobre a mesa e abriu a caixa, um Champagne Armand De Brignac, seu champanhe favorito. sorriu, estava curiosa para descobrir o sujeito por trás daquele presente tão distinto e para sua sorte, junto ao buque havia um cartão.
.
balançou a cabeça negativamente e sorriu, mordendo o lábio inferior, adorava ser surpreendida pelo lado romântico do espanhol. Pensaria com carinho naquela proposta, prometeu a si mesma.
[...]
– O que está achando das instalações, senhorita ? – Um dos advogados quis saber.
– Fantásticas, nunca pensei acontecia dessa forma. – mentiu, distraída.
– Não sei o quanto você acompanha o esporte ou se gosta, mas é como uma fábrica de sonhos. – O homem continuou. – É quase como mágica e tem toda essa estrutura...
– Acompanho meus clientes, isso é o máximo de contato que tenho com esse esporte ou com qualquer outro. – sorriu, se esforçando para ser educada, apesar do tédio e do cansaço da breve viagem até o autódromo.
– Entendi, claro. – O homem que a acompanhava seguiu falando, ignorando a sutil demonstração de tédio dela, ele parecia empolgado em apresentar as instalações do circuito para a mulher. – Eu imagino que uma mulher como a senhorita não perca tempo com esse tipo de coisa...
A concentração de se direcionou a outro homem, parado alguns metros à frente, com o macacão de corrida aberto até a cintura, cabelo trançado e o olhar inocente e intenso que podia cativar qualquer um. Lewis Hamilton surgiu em seu campo de visão de repente, como costumava ser.
– Desculpe. – Ela pediu, interrompendo o homem, que a encarou confuso. – Se me der licença.
Lewis sorriu singelo quando a mulher se aproximou, como uma criança tímida, observando atentamente todos os passos de .
– . – O inglês cumprimentou, forçando o sotaque espanhol.
– Sir Lewis. – Ela sorriu.
– Mal pude acreditar quando te vi aqui, entre nós, meros mortais, passeando. – Ele a provocou, aproximando-se dois passos e a encarando com cabeça inclinada, por debaixo das sobrancelhas.
– Até mesmo Zeus desceu do Olimpo um dia. – Ela piscou, estreitando o olhar.
– Se não estou enganado, ele sempre tinha segundas intenções quando fazia isso. – Lewis sorriu sugestivo.
– Então, talvez eu e Zeus tenhamos mais em comum do que imaginei.
– Já faz algum tempo...quando foi a última vez? Paris? – O piloto fingiu estar confuso.
– Invejo sua memória, Lewis Hamilton. – desdenhou. – Mas não consigo me lembrar sequer dos compromissos que tive ontem. – Ela mentiu e o homem sorriu.
– Isso não será um problema...memórias constantemente precisam ser substituídas. – Ele piscou, aproximando-se mais um pouco. – É o que me dizem sempre.
sorriu, encarou o chão e depois o corpo do inglês, próximo demais ao dela, aproximou-se sutilmente e sussurrou ao ouvido dele.
– Só se elas forem importantes o suficiente, sir. – Declarou e deu-lhe as costas, sem olhar para trás, refazendo o caminho que a tinha levado até ali.
Para , havia uma coisa boa em estar nos bastidores de uma corrida de Fórmula Um, homens bonitos por todo lado. Para onde quer que olhe, homens de todas as nacionalidades possíveis, para todos os gostos. Não que a colombiana fosse algum tipo de predadora sexual ou coisa do gênero, ninfomaníaca ou que tivesse algum desvio ou questão que envolvesse sua sexualidade, era exatamente o contrário. Era completamente livre, despojada de todas as amarras e tipos de controle que a sociedade gostava de impor sobre os corpos femininos, livre para escolher quando, como e com quem faria sexo.
Aquele comportamento não costumava chocar quando o assunto eram os homens, um advogado que conseguia manter todas suas clientes ricas e famosas aos seus pés provavelmente escreveria um livro sobre o assunto, que seria vendido para quase cem por cento da população masculina do mundo, traduzido em todas as línguas. O poderoso, influente, bem resolvido e sexy advogado, cujo todas mulheres frágeis, carentes e solitárias o procurariam atrás de um bom sexo que só poderia ser proporcionado por ele. Ao passo que, para quem descobria, era vista como o prato do dia num restaurante barato, onde todos seus clientes se divertiam com ela sem a necessidade de colocar uma aliança em seu dedo. Como se a maior ambição de uma mulher fosse ser esposa de alguém, era patético. Mulheres como ela eram vistas como um verdadeiro playground e a advogada já estava saturada de toda aquela história, escolhia apenas ignorar qualquer boato, fofoca ou assunto relacionado a seus parceiros e aos homens e mulheres com quem se relacionava.
– Quase não consigo te alcançar. Não me ouviu chamando? – Uma de suas assistentes perguntou, fazendo-se presente.
– Não, estava ocupada refletindo sobre como a vida é contraditória e injusta. – A advogada contou, ainda caminhando no mesmo ritmo. – Preciso de um tempo em algum lugar sem tantos estímulos. Dirigir por horas até aqui é um inferno.
– Por isso sugeri um hotel. – A assistente lembrou.
– E eu pensei já ter explicado minhas razões o suficiente para que você não me aborrecesse com essa questão novamente. – sorriu sarcástica.
– Quer que eu arranje uma sala sem barulho ou sem homens. – Karen, a assistente, a provocou depois de alguns passos dados em silêncio, tentando retomar o tom amistoso entre elas.
– Como é? – parou de andar e girou o corpo para encarar a mulher, tinha o olhar estreito e fulminante. – O que você disse?
– Sala vazia ou silenciosa. – Karen repetiu confusa.
– Quando te dei autoridade para falar assim comigo? – questionou, voltando a caminhar e ignorando o esforço que a assistente fazia para segui-la.
– Eu realmente preciso responder isso? – Karen devolveu. – Aliás, encontrei o senhor , ele gostaria de vê-la.
– Estou indisposta, diga isso ao senhor .– maneou a cabeça. – Se for o filho. Caso seja o pai, diga que posso encontrar um lugar para nos reunirmos aqui. – Completou. – Quando posso ir embora?
– Segundo o cronograma, estará liberada ao meio dia. – Karen confirmou, olhando para a tela de seu celular. – Vou conseguir uma sala tranquila para você descansar até lá, mas antes você tem uma visita de cortesia ao motorhome da Red Bull Racing.
– Por que uma visita de cortesia? Sabe quanto cada minuto do meu tempo vale? – girou o rosto, buscando o olhar da outra.
– Por que a escuderia é uma das principais clientes do escritório de Londres, que por uma coincidência do destino, é de sua responsabilidade. – Karen a lembrou, sorrindo.
– Devia dizer isso a eles quando me pedirem para apagar incêndios em Genebra, Marrakesh, Abu Dhabi, Washington, Rio...– A advogada reclamou.
– E com isso, vai se tornar uma das sócias em menos de três anos. – Karen piscou, indicando a direção para as dependências da escuderia Red Bull Racing.
– Um preço que eu estou disposta a pagar, tem toda razão, Karen. – sorriu. – Como sempre.
– Max Verstappen deve estar lá.
– Por que está dizendo isso? – franziu o cenho. – Não muda em nada para mim, nosso caso já...isso já foi a tempo demais.
– Você nunca mais o viu mesmo? – Karen quis saber.
– Max é muito jovem...feroz, forte, firme, interessantíssimo, porém, um menino. E você sabe que esse não é exatamente o meu tipo. – A colombiana sorriu abafado, lançando um olhar cúmplice a assistente.
Ao se aproximarem do motorhome da escuderia, acenou com a cabeça para o chefe de equipe, que conversava do lado de fora com um homem até então desconhecido, mas que capturou toda atenção da advogada colombiana.
– Como Verstappen pode ser novo demais, enquanto os outros são...– Karen teve sua pergunta interrompida pela curiosidade da chefe.
– Quero um relatório sobre o homem que está conversando com Horner. – pediu e Karen assentiu depressa, por estarem se aproximando dos dois.
– . – Christian Horner sorriu, esticando a mão num cumprimento cortês. – Já faz algum tempo.
– Como vai, Horner? – sorriu de volta, apertando a mão dele. – Mais tempo do que gostaria de admitir. Imagino que se lembre da minha assistente pessoal, Karen Millstone.
– Tudo indo bem como é possível. – O homem sorriu, cumprimentando a outra mulher. – Agora, talvez se sinta mais encorajada a torcer por nós fora do meio jurídico. Esse é nosso novo piloto, Sergio Pérez, mas nós o chamamos de Checo Pérez. – inclinou a cabeça sutilmente, fitando o piloto novo. – Ele é do México.
– Claro. – A advogada levantou o queixo e estreitou o olhar. – Ouvi falar de você, senhor Pérez. – Mentiu
– Também ouvi falar de você. – O homem devolveu, fitando a advogada com a mesma intensidade que ela. – Soube que é da Colômbia.
– Sou de Santa Marta, mas cresci em Cartagena. – Contou, analisando-o com o olhar. – Conhece?
– Não, ainda. – Ele piscou.
– Por que não entra e toma alguma coisa? – Horner sugeriu.
– Não posso demorar, é uma visita rápida. – brincou.
– Temos uma ótima tequila lá em cima. – Sergio contou. – Posso acompanhar vocês ao nosso bar.
– Eu insisto, não podem passar por aqui assim, tão rápido. – Horner tocou as costas de , conduzindo a mulher para dentro.
– Acho que graças a tequila e ao senhor Pérez, me sinto na obrigação de aceitar o convite. – Ela sorriu de lado, encarando fixamente o piloto mexicano.
Christian as deixou na companhia do piloto moreno de olhar intenso e se afastou. Não era comum pilotos de fora do eixo europeu naquele esporte, mas no momento, comemorou internamente a chance de conhecer Sergio Pérez.
[...]
– Espero que a bebida seja digna da propaganda, senhor Pérez. – inclinou a cabeça para olhá-lo melhor.
– Eu sei que será. – O piloto se inclinou sobre o balcão concentrando seu olhar na mulher.
– É natural dos mexicanos tanta confiança? – Ela o provocou e Sergio riu abafado, balançando a cabeça negativamente e devagar em seguida.
– Com isso devo imaginar que encontra muitos homens com problemas de confiança por aqui, ? – Ele devolveu.
– Talvez. – desconversou, girou o corpo para frente e se concentrou na bebida que havia sido posta à sua frente. – Não vai beber? – Perguntou ao homem, sem olhá-lo.
– Faço tudo melhor quando estou sóbrio. – Falou, ainda com olhar preso a ela.
– No México não te dizem que não é de bom tom deixar uma mulher beber sozinha? – piscou.
– Na Colombia os homens precisam beber para agir? – Pérez arqueou as sobrancelhas e inclinou a cabeça levemente sobre o ombro, sorriu e mordeu o lábio inferior, permitindo que esse lhe escorresse os dentes devagar, garantindo que o piloto estava a observando.
– Sabe, senhor Pérez, não costumo ter adversários a altura nesse jogo. – assumiu, girando o corpo para que ficasse frente ao piloto novamente.
– É bom estrear com uma vitória. – Ele sorriu e criou uma nota mental sobre como o sorriso doce contrastava com o olhar intenso.– Principalmente uma de grande peso assim.
– Tenha cuidado, senhor Pérez, posso achar que está flertando comigo. – A advogada relaxou o joelho, aproximando-se um pouco mais do mexicano.
– Sou mexicano, o flerte está no meu sangue. – Ele maneou a cabeça.
– Que pena, estava começando a enxergar alguma vantagem nessa conversa, apesar da tequila horrível que servem aqui. – declarou e Pérez sorriu.
– Não precisa só enxergar, . – Sergio sussurrou, encarando a mulher fixamente.
não soube explicar como, mas nos instantes seguintes já estava trancada em uma sala qualquer, com os lábios de Sérgio Pérez presos entre seus dentes, enquanto o piloto levantava seu vestido para em seguida apertá-la contra a parede. Sentia falta da virilidade e selvageria tão comum aos latinos, a sensação de dominação aquecida pela paciência em cada toque e o mexicano parecia empenhado em faze-la se lembrar.
– Adoraria fazer isso em um espaço maior, mais confortável. – Ele sussurrou contra o pescoço de .
– Sou uma mulher que vive o momento, senhor Pérez. – sorriu, forçando o quadril contra a pelve do mexicano. – Vamos nos agarrar as oportunidades que a vida nos dá.
– Vou garantir que você nunca esqueça, então. – Ele sorriu maroto.
– Esse jogo, é o meu preferido. – tentou falou, sorrindo aberto enquanto o piloto lhe beijava o pescoço com ferocidade. – Vou dizer como quero que você me...
– Xiu. – Sergio apertou os lábios dela com um beijo. – Você não vai dizer nada, não comigo. – Falou firme, com os lábios ainda apertados contra os dela, depois com mais força contra si.
– Não sei se consegue...– A frase de foi interrompida por seu gemido sôfrego, quando Sergio puxou seus cabelos.
– Te voy a mostrar.Vou te mostrar. – Ele sussurrou em sua língua materna e mais uma vez, sentiu as pernas fraquejarem.
[...]
– Eu te procurei, está atrasada. – Karen acusou assim que cruzou os olhos com a chefe na saída do motorhome da escuderia chefiada por Horner. – Estão te esperando para te apresentar aos chefões da federação.
– Tive um imprevisto. – resmungou.
– O que houve com você, parece que foi atropelada por um caminhão. – Karen apontou, tentando ajeitar o cabelo da mulher.
– Alguém fez perguntas?
– Ninguém além de . – Karen mencionou. – Algo que eu deva saber? Não tem reuniões com a família dele agendadas para os próximos dias.
– Apenas o ignore, ele está ficando cansativo. – revirou os olhos. – Ande devagar, por favor. Essa droga de sapato...
– Qual é o problema com seus sapatos?
– Minhas pernas não estão obedecendo meus comandos como deviam. – contou.
– Você bebeu demais? Imaginei que não seria uma boa ideia tomar drinks com Perez. – A assistente resmungou.
– Eu não estou bêbada, Karen. Muito pelo contrário, talvez nunca tenha estado tão lúcida. – sorriu e acenou para algum transeunte que a cumprimentou quando adentravam no espaço reservado a federação. – E isso acabou de ser confirmado por um mexicano, perdi essa batalha, mas não vou aceitar a guerra por perdida.
– Ele...? Você e ele? – Karen arregalou os olhos.
– O que achou que estávamos fazendo? Tramando contra os colonizadores? – gargalhou, tentando se ajeitar mais um pouco antes de bater na porta. – O senhor Pérez e eu temos muito em comum, fui pega de surpresa hoje e dobrada, mas não vou aceitar que isso se repita. Nós dois temos assuntos inacabados que eu pretendo resolver muito em breve.
[...]
– Acredito que com nossa excelente equipe e com a supervisão e consultoria do escritório da senhorita , estaremos muito bem assessorados. – Um homem de terno disse quando todos já estavam de pé, prontos para deixar a sala.
– Vai ser um prazer. – sorriu educada. – Estou ansiosa para começarmos.
– Espero que possamos nos encontrar mais vezes, senhorita. – Jean Mauvaise, presidente da federação, sorriu ao apertar a mão da advogada mais uma vez.
– Vou cuidar pessoalmente para estar presente no maior número de reuniões possíveis. – A advogada garantiu.
– Gostaria que nos desse a honra de acompanha-la no almoço. – Jean pediu e tentou pesar, rapidamente, os prós e contras daquele convite.
– Seria uma honra para mim, acredite. – Ela enfatizou tocando o peito. – Mas eu tenho um almoço de negócios que não posso perder. Sinto muitíssimo.
– Tudo bem, teremos outras oportunidades. – O homem sorriu. – Por que não vem amanhã? É minha convidada para assistir à classificação e no domingo, a corrida. Sei que mulheres não gostam muito disso, mas seria bom estar mais perto de seus clientes...– Mauvaise sugeriu e se esforçou para engolir o xingamento que pulou em sua língua.
– Seria um prazer assistir. – sorriu. – Com certeza estarei aqui.
– Eu estarei esperando. – O homem piscou e a deixou, saindo da sala seguido por sua equipe.
– Foi impressão minha ou ele foi machista? – Karen se materializou ao lado da advogada.
– Dá próxima vez que eu precisar me reunir com esse senhor, garanta que meus advogados estejam acordados e atentos caso eu decida faze-lo engolir suas palavras. – rolou os olhos.
– Será que ele sabe de alguma coisa? – A assistente sussurrou, juntando a bolsa ao corpo para que as duas deixassem a sala.
– Não, acho que não. – A colombiana deu de ombros. – Mas admito que fui descuidada hoje, isso não pode se repetir se eu quiser continuar tendo uma carreira.
– Está falando do mexicano?
– Não devia ter cedido aos meus hormônios e ido com ele a uma sala qualquer, foi vulgar e promiscuo além da conta, até para mim. – Confessou e Karen riu. – Preciso ter a cabeça no lugar, principalmente se observada de perto por Jean Mauvaise.
– Já entendi que só terá espaço na sua cama para apenas um homem. – Karen a provocou, cutucando a cintura da advogada.
– Isso não vai acontecer. – A colombiana negou com olhar firme.
Infelizmente, o percurso até a saída envolvia áreas comuns, frequentadas pelos pilotos. rezava para não cruzar com mais alguém que quisesse tomar seu tempo e atrasar ainda mais seu banho relaxante. O cheiro de Sergio Pérez ainda estava impregnado a ela, assim como seu próprio suor e outros fluídos corporais que haviam sido liberados anteriormente.
apertou os olhos e baixou a cabeça quando vislumbrou no fim do longo corredor as figuras de Sergio Pérez, Max Verstappen, e Charles Leclerc, que conversavam alheios ao resto do mundo. Karen, instintivamente, desacelerou os passos quando notou que os olhares dos quatros homens recaíam sobre elas. Os quatro tinham olhos curiosos, mas apenas e Sergio sorriram, mesmo que sutilmente.
– Senhores. – cumprimentou com um aceno de cabeça e Max acenou de volta, com olhar duro.
– Olá! – Charles balançou a mão e sorriu.
– Oi. – sorriu abaixando os ombros.
– . – Sergio a cumprimentou, estalando a língua e encarando a mulher fixamente, atraindo o olhar de um desconfiado e confuso .
A advogada continuou seu caminho, fingindo não ter reparado no quão provocativo e sugestivo havia sido o olhar do mexicano.
– Sabe, até eu senti as pernas bambearem com o jeito que ele te encarou. – Karen confessou. – Ele tem uma coisa diferente dos outros, não sei explicar.
– Devia experimentar, Karen. – A colombiana sorriu, tentando encontrar a chave do carro na bolsa enorme que carregava.
– Experimentar seu homem novo? – Ela arqueou uma sobrancelha.
– Ele não é meu. – A advogada franziu o cenho para a outra, voltando depois seu olhar para o interior da bolsa. - E além disso, não sou nada ciumenta, sabe bem. – sorriu, balançando a chave nas mãos, sinalizando a assistente que a havia encontrado.
– Cliente pegajoso, três horas. – Karen chamou atenção da colombiana. – Prepare-se. – Avisou, apontando com o queixo para alguém que com passos apressados tentava alcança-las.
– Nos dê licença, Karen. – Pediu ela e a mulher obedeceu, afastando-se de pronto.
assistiu se aproximar com seus novos trajes vermelhos, capazes de torna-lo ainda mais belo, como uma espécie de toureiro elegante e belíssimo. Percebendo que o homem tinha olhos anuviados e expressão séria, a advogada se preparou para a tormenta que viria, e sorriu para o espanhol, inclinando a cabeça sobre o ombro.
– Eu acho que ainda não disse, mas vermelho te cai muito bem, senhor . – elogiou, ainda sustentando o sorriso.
– Não tente me enrolar. – Ele rosnou assim que estavam a uma distância segura o suficiente para que não precisassem falar alto.
– Acho que não o entendi. – fingiu-se confusa.
– Estaba con él, ¿no? (Você estava com ele, não estava?) – Acusou em sua língua materna. – Estabas con ese hijo de puta! (Você estava com aquele filho da puta!) ¡Olí tu perfume en él! ¡No puedo creer que acabas de tener sexo con él! Vi como te miraba. (Eu senti o cheiro do seu perfume nele! Não acredito que você simplesmente transou com ele! Eu vi como ele te olhava.)
– ¿Quién eres tú para hablarme así? (Quem é você para falar assim comigo?) – questionou, estreitando o olhar de forma ameaçadora. Sabia que o piloto estava chateado, mas isso não a faria aceitar ser tratada daquela maneira.
– Estaba aquí, estaba aquí ... en el mismo lugar que tú y tú estabas con él. Los dos estaban juntos. (Eu estava aqui, estava aqui...no mesmo lugar que você e você estava com ele. Os dois estavam juntos.) – lamentou, balançando a cabeça negativamente, apontando para o autódromo com o cenho franzido, num misto de decepção e incredulidade.
– , escúchame. (, me escute.) – Pediu, tocando o rosto dele, mesmo com as tentativas do espanhol de se desvencilhar do contato da colombiana. – , escúchame... no importa, nada de eso importa... me gustas tu, ¿recuerdas? (, me escute...não importa, nada disso importa...eu gosto de você, lembra?) Eu gosto de você, . – Ela repetiu.
– ¿Te gusto?(Gosta de mim?) – O piloto espanhol indagou afetado. – No puedes negar que estabas con él...ni siquiera intentaste negarlo. (Você não pode negar que estava com ele...nem sequer tentou negar.) No te importa cómo me siento, solo te importa tenerme como un perro a tus pies. Ni siquiera puedes decir que lo sientes.(Você não se importa em como me sinto, só se importa em me ter como um cachorro aos seus pés. Você nem consegue dizer que sente muito. ) – Lamentou ele, expirando frustrado.
– Tú me conoces...sabes que me gusta ser libre.(Você me conhece...sabe que gosto de ser livre.) – acariciou o rosto do homem com a ponta dos dedos. – Pero tú me gustas...no perdería tiempo explicándome si fuera mentira. (Mas gosto de você...não perderia tempo me explicando se fosse mentira.)
– No quiero tus explicaciones. (Eu não quero suas explicações.) – O espanhol afastou as mãos da mulher de seu rosto. – Adiós, . (Adeus, .)
A advogada assistiu estarrecida o homem dar-lhe as costas e se afastar. já havia se aborrecido com o estilo de vida livre e desapegado da mulher outras vezes, mas sempre o conseguira dobrar, as vezes com beijos, outras com jantares, declarações, mas desta vez o espanhol parecia especialmente magoado. Os olhos de , constantemente ansiosos, dóceis e cheios de intensidade, agora estavam indecifráveis, feridos.
não costumava dar atenção as crises de ciúmes do espanhol ou de qualquer outro homem, mas era de certa maneira, especial. Estava acostumada a tê-lo, talvez sentisse falta e aquela situação certamente a causava algum incômodo. Tinha criado certa afeição pelo homem bonito, engraçado e com talento para cozinha, gostava de , lastimava que o piloto estivesse enveredando para aquele lado. gostava dele, como talvez um dia gostara do espanhol Isco, mas algo nunca havia mudado, a colombiana ainda gostava mais de si, seu amor próprio era grande o bastante para se preocupar com coisas tão triviais.
– Eu não pude entender o que disseram, mas parece que ele não estava feliz. – Karen comentou ao se aproximar novamente da chefe.
– Clientes mimados que acham que um advogado bem pago pode conseguir passagem na área VIP do céu. – Ela disfarçou, entrando no carro e sendo seguida pela outra.
– Era só isso? Quero dizer... – Karen hesitou.
– O que? Quer saber se ele é só um cliente ou se é um amante? – A advogada encarou a outra com olhar duro, não estava com paciência para questionamentos inconvenientes.
– Não foi minha intenção, desculpe. – A assistente levantou as mãos em rendição e acelerou o carro, irritada.
[...]
Era tarde, o dia havia sido extremamente longo e ainda teria que se esforçar para estar naquele maldito autódromo mais dois dias seguidos. vestia seu robe de seda e bebia vinho, distraindo-se com a busca por algo bom o suficiente na TV. Não pretendia fazer mais nada além de apenas comer e respirar, mas seus planos foram desmantelados com o som da campainha. Enquanto se arrastava até a porta, a advogada tentava se recordar de algum pedido que houvesse feito, ou alguém que estivesse esperando.
Mas ao abri-la, se deparou com Lewis Hamilton e seu olhar penetrante.
– O que faz aqui? Só atendo a emergências dos meus clientes a essa hora, e se bem me lembro, o senhor não é mais um de meus clientes. – o lembrou, apoiando uma das mãos no batente da porta e cruzando as pernas.
– Talvez eu precise de uma consultoria...especializada. – O inglês sorriu.
– Não tenho interesse ou espaço na agenda. – Ela negou mantendo a postura séria. – Tive um dia extremamente cansativo, não estou disposta.
– Eu vi seu novo...– Lewis sorriu de canto, mas o interrompeu.
– O que foi que viu, senhor Hamilton? – Questionou impaciente.
– Não precisa se armar, . – O piloto tentou amenizar, dando dois passos à frente, aproximando-se da mulher. – Não vi ou ouvi boatos sobre você. Mas cruzei com sua nova obsessão hoje e ele não me pareceu muito bem.
– De quem exatamente está falando? – estreitou o olhar.
– . – Lewis soprou. – Ele ainda não se acostumou a você, não é?
– O senhor se enganou, não é a minha obsessão, é exatamente o contrário. – Ela sussurrou, olhando fixamente nos olhos castanhos dele.
– Nós dois sabemos que não...você gosta disso, mantém quem quer por perto, não nos libera...só se quiser. – Lewis sussurrou, aproximando-se cada vez mais da mulher. – Você nos prende a você...é impossível abrir mão. Eu entendo e como ele se sente.
– Todos vocês têm isso em comum. – comentou, tocando com a ponta dos dedos o rosto do piloto inglês. – Se encantam...depois querem me prender...é melhor para todos que eu continue livre. Tenho amor para todos, posso amar mais de um ao mesmo tempo.
– Eu sei. – Hamilton concordou, envolvendo a cintura dela com os braços. – Não me ocupo mais com esses...detalhes. Sei também que mais vale me divertir com você...não me importo de compartilhar seus lábios.
– Não são seus para que compartilhe, Lewis. – sussurrou, em seguida, aproximou-se do piloto, sentindo seu cheiro e o tocando suavemente com seu nariz. – Eu sou dona de mim, só eu posso compartilha-los e faço isso quantas vezes quiser.
– Gostaria da parte que me toca, se for digno agora. – O inglês pediu, apertando com força as coxas e bunda da colombiana.
– Tive um dia extremamente estressante, senhor Hamilton. – Ela lembrou. – Mas tenho um Armand De Brignac gelado.
– Pretende tomar sozinha para se esquecer do aborrecimento de seus amantes obcecados. – Lewis a provocou, sabia exatamente como era movida a colombiana.
– Só há um homem no mundo que habita meus pensamentos agora, senhor Hamilton...e eu posso garantir que não pretendo esquece-lo tão cedo. – estreitou o olhar e levantou sutilmente o queixo, puxando em seguida o piloto inglês para dentro.
– Sentiu saudades? – Ele perguntou baixinho e rouco, ao ouvido dela.
– Não sou eu que estou na sua casa, Sir Lewis. – provocou e o viu morder o lábio.
[...]
Lewis permitiu que seu corpo caísse pesadamente ao lado de uma suada e ofegante, assim como ele. Os dois apenas sorriam, não uma para o outro, mas de satisfação por causa da sensação de plenitude e relaxamento que os havia alcançado. O piloto inglês deitou-se de lado, apoiando a cabeça com a mão, observando a mulher retomar seu ritmo respiratório.
– Não sentiu mesmo saudades? – Ele quis saber e riu.
– Feri seu ego, sir?
– Curiosidade. – Lewis piscou e deu de ombros.
– Não tive tempo para sentir saudades.
pôs-se de pé, resgatando o robe no chão e cobrindo seu corpo com ele.
– Vou tomar um banho. – Avisou dando-lhe as costas.
– Devo entender isso como um convite? – O inglês sondou, sentando-se na cama, ainda nu.
– Lewis, querido. – A advogada sorriu docemente e aproximou-se dele, apoiando as mãos na cama e depositando nos lábios do inglês um beijo rápido. – Já fazemos isso a tempo suficiente para saber que meus banhos são só meus. Não tem espaço para mais ninguém. Mas você é fofo, uma gracinha. – Ela implicou, tocando o nariz dele com o seu. – Te convidaria para uma taça de champanhe, mas imagino que não possa beber hoje. Então, te desejo uma ótima e sóbria noite, sir Lewis Hamilton. – A advogada piscou e se afastou em seguida.
[...]
estava de volta ao autódromo, mais uma vez naquele evento tedioso e ao seu lado Jean Mauvaise discutia qualquer coisa sobre pneus com os homens que viviam o rodeando. Uma hora havia se passado desde que a colombiana pisara naquela espécie de área VIP com seus próprios paparazzis e precisava fingir contentamento. Uma hora rodeada de velhos ricos e tão entediados quanto ela, uma hora repensando todas suas escolhas de vida e a lista do mercado.
Uma das razões para rechaçar o casamento era a ideia de ficar presa aos planos de alguém, a obrigação de sorrir e ser uma esposa dócil enquanto o marido fazia coisas de homem. Naquele momento, trincava os dentes, estava sendo exatamente a mulher que jurara não ser apenas para agradar mais um velho rico. O mundo dá voltas, ela se lembrou da frase que seu pai sempre dissera.
E não haviam muitas coisas que uma mulher pudesse fazer naquele ambiente, aparentemente apenas beber, ouvir conversas monótonas enquanto sorria e observava o amplo cardápio de homens com seus diferentes estilos, cargos e nacionalidades. A certa distância, podia enxergar a movimentação das equipes mais abaixo, e para sua deliciosa surpresa, passava por ali, tinha o macacão de corrida aberto e enrolado até a cintura, usava um boné e estava tão belo quanto uma estátua num museu. A advogada mordeu o lábio, ansiosa com a ideia de tê-lo em sua cama, até compraria outra garrafa de champanhe, já que o presente do espanhol fora consumida por ela depois da partida de certo piloto inglês, costumava valer a pena. Mas a ideia murchou como um balão de festa furado rapidamente, quando a cena dramática do dia anterior a invadiu. Uma pena, por mais que quisesse dividir a cama com o espanhol, não se prestaria ao papel de ir até ele, o jogo não funcionava assim.
Voltou a concentrar-se nos pilotos que passavam, alguns rostos conhecidos, outros nem tanto, mas nada interessante o suficiente para distraí-la daquele momento tedioso na companhia de uma taça quente de champanhe.
– Fiquei curioso para ver o que de tão interessante está acontecendo lá embaixo. – O perfume de Toto Wolff aguçou o olfato da advogada antes que suas palavras encontrassem seus ouvidos.
– Tentando me distrair com algo melhor que champanhe quente. – respondeu franzindo o nariz.
– Te tem faltado diversões, ? – O homem a provocou.
– As que realmente valem a pena, sim. – A advogada girou o corpo para observar o homem, Wolff era um dos homens mais belos daquele esporte e não era necessário nenhum conhecimento sobre carros ou pneus para ter certeza.
– Como estão as coisas com Verstappen? – Wolff sondou e cruzou os braços sobre o peito, tentando destacar os músculos sob a camisa branca justa.
– Essa é a forma mais sutil que encontrou para descobrir com quem tenho dormido, Torger? – levantou um dos cantos da boca num sorriso misterioso e estreitou o olhar. – Sabe melhor que ninguém que não o vejo há muito tempo, você estava lá...estava na minha cama quando aconteceu. – Sussurrou.
– Eu gosto de resultados, não me importo com os meios. – Toto falou com a voz levemente rouca, por estar sussurrando.
– Nós já concordamos em outras ocasiões que o meio muitas vezes é mais importante que o fim...e geralmente mais lembrado. – maneou a cabeça e Wolff expirou, balançando a cabeça negativamente. Em seguida, a advogada escorreu o dedo indicador do ombro até o peito do austríaco. – São esses detalhes, Torger...que te afastam dos meus lençóis.
girou o corpo novamente, dando as costas para o homem, enquanto Toto ria abafado, talvez por não ter uma resposta à altura da acusação da mulher.
– Talvez tenha chegado o momento de procurar outra geração de pilotos...ou mudar de esporte, de novo. – Ela disse, olhando para ele por sobre o ombro. – Lembranças a sir Lewis Hamilton.
Dizendo isso, a colombiana se afastou rumo ao bar, Torger era um caso antigo, um dos homens que havia decidido domá-la, mas que havia falhado vergonhosamente. Não eram exceções os homens que ao ouvir as histórias da advogada com seus amigos, colegas, quisessem também se aventurar com ela, provar que também eram bons o suficiente para passar na cama de . Por sorte, ela tinha radar para estes casos, percebia assim que os homens proferiam as primeiras sílabas, livrando-se deles rapidamente.
Toto Wolff era um caso à parte, talvez o austríaco só quisesse provar a si mesmo que poderia dominá-la, mas não estava preparado para tourear, para domesticar o furacão colombiano com mais de um metro e setenta.
[...]
Já era a quarta volta que completava dentro da cidade, o sol começava a se pôr, e havia quase se chocado contra outros carros vezes demais para considerar seguro continuar dirigindo. Estava cansada, mas não queria ir para casa, queria ir para qualquer outro lugar, talvez uma praia paradisíaca ou uma ilha isolada. Se afastar do cinza da cidade e descansar. Quando a colombiana pisou no corredor do último andar, percebeu um homem sentado à sua porta, ele tinha um grosso moletom com capuz vermelho cobrindo a cabeça, os braços abraçavam os joelhos dobrados e cabeça baixa. A coluna de enrijeceu, sua respiração se tornou gélida e a machucava toda vez que tentava inspirar o ar para dentro de seus pulmões. Sem mudar a firmeza e a direção de seus passos, a colombiana aproximou-se da porta. O homem, ao ouvir o som dos sapatos da mulher, levantou o olhar e ficou de pé num salto, assustando a advogada, que cedeu dois passos, se afastando dele.
– ? O que faz aqui? – indagou, assim que sua visão turva de susto reconheceu os olhos castanhos e ansiosos do espanhol.
– Lo siento, no quise asustarte. (Desculpe, não quis te assustar.) – O homem disse em sua língua materna.
– Entonces no deberías cubrirte la cara y sentarte en mi puerta. (Então não devia cobrir o rosto e se sentar na minha porta.) – rosnou, destrancando a porta, sem olhar para o homem.
– Yo...sólo necesitaba verte. Era urgente.(Eu...eu só precisava te ver. Era urgente.) – contou, apoiando-se a porta, pondo-se paralelamente a mulher.
– ¿Qué pasó esta vez? ¿Dije algo que no debía de nuevo? (O que foi dessa vez? Disse algo que não devia de novo?) – Questionou irritada.
– No, , sólo quería... necesitaba verte.(Não, , só queria...precisava te ver.) – O espanhol confessou, tocando o braço da advogada, tentando capturar sua atenção.
– ¿Y por qué? Pensé que no querías volver a verme. (E por que? Pensei que não queria voltar a me ver.) – Lembrou ela, girando o corpo para que ficasse frente a ele.
– Desearía no volver a verte...Ojalá pudiera, pero no puedo, soy débil. (Eu queria não te ver de novo. Queria conseguir, mas não consigo, sou fraco.) – confessou, unindo as sobrancelhas.
– Permíteme hacerte este favor. (Permita-me fazer este favor a você, então.) – entrou rapidamente para dentro do apartamento, tentando fechar a porta em seguida.
– No, , te quiero...te extraño, te extraño mucho. (Não, , eu quero você...sinto saudades, sinto sua falta, muito.) – declarou, impedindo que a advogada fechasse a porta, para então, seguir a mulher para dentro de casa. – ¿No lo entiendes? ¿No sabes cómo me siento? ¿No te importo? Me gustas, y todos los días me muestras a los diferentes hombres con los que estoy obligado a compartirte. Sufro.(Você não entende? Não sabe como me sinto? Não se importa comigo? Eu gosto de você, e todos os dias você me mostra os diferentes homens com quem sou obrigado a compartilhar você. Eu sofro.) – Desabafou, tinha o olhar magoado, sobrancelhas juntas e voz alterada, deixando transparecer totalmente seu estado emocional.
– ¿Acaso te acuerdas de cuando empezamos esto? Tú quisiste así. (Acaso se lembra de quando começamos isso? Você quis assim.) – o lembrou, batendo com o dedo indicador no peito do espanhol. Por mais que odiasse vê-lo daquela forma, estava chateada demais para ceder.
– Tú también elegiste estar conmigo. (Você também escolheu ficar comigo.) – se defendeu, segurando a mão da mulher junto ao peito.
– No seas inocente. Sabes bien cómo sucedió. – riu abafado, sem qualquer traço de humor, balançou a cabeça e deu as costas para o homem. – ¿Te olvidaste que me hiciste romper mi compromiso? Yo estaba feliz con Isco, íbamos a casarnos, toda vida de aventuras estaba superada, y entonces apareciste. – A advogada voltou-se ao homem novamente, agora ela tinha o timbre alterado também. – ¿Recuerdas cómo evité que todo sucediera? Pero usted me rodeó en el trabajo, hablando, provocando hasta que yo cedí y me dejé llevar. No te importó cuando fue Isco que sufrió. – Acusou ela. – Tú sabías mejor que nadie que no sé pertenecer a solo uno. ¿Cómo puedes cobrarme eso? (Não seja inocente. Sabe bem como aconteceu. Se esqueceu que me fez desmanchar meu noivado? Eu estava feliz com Isco, íamos nos casar, toda vida de aventuras estava superada, e então você apareceu. Se lembra como evitei que tudo acontecesse? Mas você me cercou no trabalho, falando, provocando até que eu cedi e me deixei levar. Não se importou quando foi Isco quem sofreu, você sabia melhor que todos que não sei pertencer a apenas um. Como pode me cobrar isso?)
– Pero con nosotros dos es diferente, mi amor, ¿no lo ves? ¿Después de todo este tiempo? Hace tres años...yo soy el único que se quedó. (Mas com nós dois é diferente, meu amor, não vê? Depois de todo esse tempo? Fazem três anos...eu sou o único que permaneceu.) – tentou aproximar-se dela, tocando seus ombros, mas se afastou.
– Pero aún así, no parece ser suficiente para ti, ya que estás aquí, aburriéndome con esas trivialidades.(Mas mesmo assim, não parece ser o suficiente para você, já que está aqui, me aborrecendo com essas trivialidades.) – Ela lamentou, expirando pesadamente.
– ¿Es un pecado quererte sólo para mí? (É um pecado querer você só para mim?) – indagou.
– No nací para vivir entre rejas, , pero si quieres correr conmigo, dejaré la puerta abierta. (Não nasci para viver entre grades, , mas se quiser correr livre comigo, deixarei a porta aberta.) – declarou, descendo de seus sapatos e dirigindo-se ao seu quarto.
Não precisava de aborrecimentos, nem possuía energia psíquica suficiente para dispensar . Precisava de um banho quente, sua cama e talvez por duas semanas. começou a se despir, primeiro a camisa de seda branca, depois a saia lápis, cobrindo-se com um de seus robes, sentindo o incomodo do tecido frio em contato com sua pele. Através do espelho, percebeu a presença de , que escorado a porta a observava atentamente. Em seguida, a colombiana retirou as joias e toda maquiagem com ajuda de alguns lenços, enquanto respirava fundo.
Sentiu-se um pouco melhor quando percebeu o corpo de a envolver, o espanhol tinha as mãos em sua cintura, e a beijou docemente no ombro. relaxou o corpo e permitiu que sua cabeça pendesse para trás, apoiando-se nos ombros do homem.
– Te quitaste el maquillaje. (Você tirou a maquiagem.) – sussurrou, próximo a orelha da mulher.
– Ya no me importa que me veas así. (Já não me importo que me veja assim.)
– Parece que me necessitas. (Você parece precisar de mim.) – Ele soprou.
– No necesito a nadie más que a mí misma. (Não preciso de ninguém além de mim mesma.) – suspirou, dando de ombros.
– ¿Estás seguro de esto? (Tem certeza sobre isso?) – beijou o pescoço da advogada devagar e demoradamente. – Te noto un poco tensa. ¿Qué pasó? (Percebi que está um pouco tensa. O que aconteceu?)– ¿Quién? ¿Qué te hicieron? (Quem? O que fizeram?) – Ele juntou as sobrancelhas, numa careta irritada, tentando descobrir o que a incomodava.
– ¿Has venido a hablar? (Veio aqui para conversar?) – questionou, girando o corpo para que pudesse olhar nos olhos dele.
– No vine hasta aquí sólo para tener sexo. (Não vim até aqui só para transar.) – O espanhol sorriu docemente, tirando uma mecha dos cabelos da mulher de seu rosto.
– ¿Y por qué has venido? (E por que veio?) – quis saber, tocando a bochecha quente do homem com a ponta de seu nariz gelado.
– Porque no puedo estar lejos de ti, extraño tu olor...tu sabor...de su piel. (Porque não consigo ficar longe de você, sinto falta do seu cheiro...seu gosto...da sua pele.) – sussurrou.
colou a testa na bochecha de , respirando profundamente seu perfume, depois o abraçou, usando as mãos para sentir toda extensão de seus ombros. O corpo forte de envolto pelo moletom quente gerava uma sensação agradável ao corpo da colombiana. Os braços do piloto envolveram sua cintura num abraço apertado, devolvendo a advogada a sensação de contorno corporal que lhe faltava, principalmente em dias ruins como aquele.
– Entonces no te quedes. (Então não fique.) – beijou-o rapidamente nos lábios e se afastou.
despiu de seu robe, jogando-o despreocupadamente no chão e entrou no banheiro, abrindo a água quente, e despejando sais e espuma na banheira. Talvez o que precisasse naquele momento não era ficar sozinha, nem de sexo, mas só de companhia, outra pessoa por perto, distraindo-a de seus pensamentos.
permanecia no quarto, sentado sobre a cama e quando a advogada notou que a banheira estava suficientemente cheia, voltou-se até ele, os olhos do espanhol a acompanhavam atentamente, lendo seus movimentos. sorriu sem mostrar os dentes, com doçura e maneou a cabeça, num convite silencioso para que o espanhol a acompanhasse. franziu o cenho e juntou as sobrancelhas, confuso, mas não se moveu.
– Ven. Ven a quedarte conmigo. (Vem. Venha ficar comigo.)
franziu o cenho novamente e em seguida, sorriu. Pôs-se de pé e começou a despir-se rapidamente, ainda sorrindo.
– ¿De verdad quieres que vaya? ¿Quieres que me bañe contigo? (Quer mesmo que eu vá? Quer que eu tome banho com você?) – Ele questionou e apenas assentiu sorrindo.
[...]
e estavam deitados na banheira a pelo menos uma hora, os espelhos e vidros do banheiro estavam embaçados, a água quente aquecia todo cômodo, diferente do clima frio e da chuva grossa que castigava do lado de fora. Os cabelos dos dois estavam molhados e a espuma já era quase inexistente, estavam sentados em lados opostos um do outro, respirava fundo, tentando encontrar uma solução viável para seu dilema, enquanto sentia massagear seus pés, que estavam apoiados no peito do espanhol.
– Não vai mesmo contar como foi seu dia? – O homem perguntou curioso.
– Nossa relação não envolve sessões de terapia, senhor . – disse ainda de olhos fechados.
– Mas envolve viagens para Montreal, fins de semana na praia e agora...banhos juntos. – a provocou sorrindo, jogando um pouco de água quente no pescoço e rosto da advogada.
– Viajamos para Montreal uma vez, quando você resolveu me seguir até lá, mas confesso que sua companhia é boa nos fins de semana na praia. – A colombiana deu de ombros.
– Você devia parar de negar e aceitar que gosta de mim também. – disse, beijando suavemente os pés da advogada.
– Eu não nego, , gosto de você. – A advogada abriu os olhos e viu o homem sorrir. – Mas gosto mais de mim. – Piscou e a face do espanhol foi atravessada pela frustração. – Não se aborreça com isso, , você é especial. Com quem mais eu poderia falar em minha língua materna, ou aproveitar os benefícios do sangue quente espanhol, viajar para praia e todas as outras coisas que fazemos juntas.
– É a isso que sou resumido? – Ele arqueou uma sobrancelha e expirou, balançando a cabeça negativamente.
rolou os olhos, não valia a pena travar outra guerra com , talvez fosse hora de traze-lo para perto novamente. Conhecia bem o homem e seu temperamento sentimental e intenso, teria que dar a ele algum tipo de reforço positivo se quisesse se manter sem estresse. Por isso a advogada se aproximou do piloto, sentando-se sobre as pernas dele.
– Você é o único em muitas coisas e sabe disso, não aja como um amante ciumento. – Pediu, beijando o pescoço do espanhol. – Não vamos perder nosso precioso tempo juntos discutindo, achei que já estivesse bem claro.
– Então fique comigo, vamos contar para todos que estamos juntos. – propôs, segurando a cintura da mulher. – Case-se comigo.
– Belo. – sorriu grande e negou com a cabeça, devagar. – Você sabe que não posso. – A advogada voltou a beijá-lo no pescoço e ombros. – Você é visto como um homem machista, um pouco preconceituoso e com comportamento...sutilmente problemático. – Ela listou e a encarou atônito. – Você e eu, uma colombiana vulgar...não seriamos vistos como um dos melhores casais.
– Não acredito, não acredito que é por isso. – balançou a cabeça negativamente.
– Belo, você está se tornando cansativo...– expirou profundamente e voltou a se sentar do outro lado da banheira, entediada e cansada por ter que voltar aquele assunto por mais vezes do que julgava necessário.
se contentou a baixar o olhar e se concentrar nos movimentos que seus dedos faziam, agitando a água quente. O espanhol manteve-se em silêncio por algum tempo, até resolver se pronunciar novamente.
– Se sou especial, se gosta de mim de alguma forma...posso fazer um pedido? – perguntou, observando a expressão dela.
– Me surpreenda, senhor . – sorriu.
– Não veja mais Pérez.
– Como? – Ela franziu o cenho. – Sergio Pérez? Por que ele?
– Ele também fala espanhol. – levantou os ombros. – E eu vi a reação dele quando te viu, o jeito que ele te olhou...diferente dos outros.
– Não vou prometer algo que não sei se posso cumprir. – respondeu de pronto, mas repensou sua resposta em seguida, quando notou o espanto e incredulidade do espanhol. – Mas posso tentar evitar e não deixar que ele conheça minha cama.
– Não é suficiente. – resmungou.
– É o que posso oferecer. – A colombiana deu de ombros e voltou a fechar os olhos, relaxando na água quente.
[...]
Era mais um dia tedioso no autódromo, assistindo a mais uma parte tediosa daquele Grande Prêmio. Nem mesmo podia ter o colírio de ver de perto os pilotos, nem mesmo podia vê-los já que todos usavam capacetes e roupas apropriadas que não deixavam nem um centímetro de pele a mostra.
Enquanto bebia devagar seu champanhe, a advogada desviou o olhar para fora, tentando encontrar alguém tão entediado quanto ela, com quem pudesse conversar. Algum tempo depois, uma movimentação estranha chamou a atenção da advogada novamente, todos estavam reunidos frente as telas, tensos e com olhares assustados. Seus ouvidos captaram e entendera se tratar de algum acidente, por isso, também se direcionou para junto do grupo.
Pôde ver um carro vermelho, despedaçado depois de se chocar contra uma das barreiras de contenção ao redor da pista. As vozes e a tela revelaram logo se tratar de , o espanhol com quem, a menos de vinte quatro horas atrás compartilhara a banheira. Por mais que tentasse, a advogada não podia conter o medo e a ansiedade de se abaterem sobre ela, temia pela vida de , obviamente. Não era um monstro sem sentimentos, possuía certo apego pelo espanhol, preocupava-se com sua vida.
– Está tudo bem? O que houve? – Perguntou nervosa, com olhos arregalados e pernas bambas. – Alguém pode me responder? – Insistiu diante o silêncio das pessoas.
– , bateu forte. – Alguém aleatório disse, apontando para uma das telas.
congelou, impassível, lutando internamente para não movimentar um músculo sequer. Não queria que qualquer pessoa percebesse qualquer interesse de sua parte, ou afeição pelo piloto espanhol.
Quase duas hora haviam se passado desde o acidente até o final da corrida que consagrava Max Verstappen como vencedor, seguido por Lewis Hamilton e Valtteri Bottas. mal podia esperar para deixar a presença tediosa daquelas pessoas e ir embora, também estava mais ansiosa do que gostaria de admitir por mais informações sobre o estado de saúde de , que vira sendo removido de ambulância do circuito, mesmo conseguindo caminhar sozinho até o veículo. Mas infelizmente tinha uma tarefa a cumprir, e segundo sua intuição, os momentos após a celebração do pódio eram os mais propícios para isso.
Andando pelo paddock, não demorou para que a advogada alcançasse a figura de Max Verstappen, um de seus antigos casos, mas que agora parecia mais interessante do que nunca e que se dirigia despreocupado e sorridente para o motorhome de sua escuderia, cercado de outras pessoas igualmente felizes. Quando o piloto holandês notou a figura da advogada, passou a encará-la com curiosidade.
– Parabéns, Max. – sorriu ao se aproximar. – Foi uma vitória muito merecida.
– Obrigada. – O holandês inclinou a cabeça sobre o ombro, confuso com a presença da advogada. – Você assistiu a corrida? – Perguntou ao mesmo tempo que acenava para o grupo que o acompanhava, ficando a sós com a mulher.
– Estou realizando alguns serviços particulares para a federação, ele me convidou para assistir. – contou.
– E você veio aqui só para me parabenizar? – Max indagou, desconfiado.
– Claro, por que eu não viria? – A advogada abaixou os ombros, segurando a bolsa nas mãos, na frente do corpo e baixando o queixo, permitindo que o piloto a olhasse de cima. – Eu sei que as coisas não acabaram bem entre nós dois, mas isso não significa que deixei de gostar de você. – Declarou, tocando o braço de Verstappen, que acompanhou o movimento dela com o olhar.
– Depois de tudo...você estava na cama...na cama com Totó Wolff, dizer que as coisas não acabaram bem é eufemismo. – Max acusou.
– Ainda me pergunto como pude trocá-lo por ele. – projetou o lábio inferior, fingindo-se chateada e se aproximou mais dele.
– E o que você quer? – Max não disfarçava sua desconfiança, mas não costumava ver naquela posição, vulnerável, meiga e dócil, de certo modo. Aquela visão reaviva certos sentimentos que o holandês lutara para sufocar.
– Nada, Max...eu juro. – suspirou. – Só te parabenizar, meu sentimento é genuíno. Estou realmente feliz por você.
– Confesso que vencer e ver a cara do Wolff me olhando do chão...foi mais satisfatório que pensei. – Max levantou os ombros e torceu a boca, exalando sua conhecida arrogância.
– Ele sempre soube que você era uma ameaça. – contou, enfatizando com o olhar o duplo sentido de sua fala.
– É bom que ele se sinta ameaçado...– Verstappen rosnou, perdendo-se em seguida nos olhos e boca da mulher que estava perto demais.
– Você deve mostrar a ele...deve mostrar que ele não é páreo para você. – sussurrou, aproximando-se do piloto, olhando fixamente em seus olhos. – Não é páreo para você nas pistas...nem em outros lugares. – Disse perto demais da orelha do holandês, e sorriu leve quando notou a pele arrepiada no pescoço de Max.
– Ele não é...– Verstappen concordou baixinho.
– Então não o deixe vencer...em nenhum campo. – aconselhou, com os olhos presos aos olhos de Verstappen. – Pensei muito em você nos últimos tempos...até comprei aquele vinho que você gostava. – A advogada sorriu e percebendo os olhos do holandês presos a sua boca, umedeceu os lábios calmamente. – Pensei em tomar algumas taças hoje à noite...só para relaxar.
Dizendo isso, sorriu novamente, em seguida beijou o canto da boca de Max e lentamente tocou a bochecha do piloto com a ponta de seu nariz. Depois sorriu de novo e deu-lhe as costas, se afastando e caminhando em direção a saída, vez ou outra, olhava para trás, sempre encontrando a figura estática de Max Verstappen a assistindo partir. O jogo havia começado.
Quando entrou no carro e pôde deixar de lado a persona frágil e feminina que havia incorporado, percebeu algumas mensagens em seu celular.
~ Te necesito mucho hoy.(Preciso muito de você hoje.)
Ao ler aquela mensagem, o coração de se acalmou ao menos um pouco, estava bem o suficiente para ser pegajoso e ainda podia digitar mensagens.
[...]
Para , nada no mundo era mais atraente do que um homem difícil, desafiador, inalcançável. Era uma motivação, conquista-los, traze-los para perto, dominá-los apenas para provar para si mesma que conseguia, que podia.
Adorava a fama de mulher fatal, sem sentimentos e sexualmente insaciável, apesar de se tratar de um grande exagero dizerem de sua falta de sentimentos, claro que tinha sentimentos, muitas vezes eram eles que a faziam escolher, que a impulsionavam a seguir adiante. Sua paixão pela vida e pelos homens, pelas sensações que lhe causavam, como ainda podia ser chamava de insensível? Sem sentimentos?
Suas escolhas eram passionais, quase sempre, as vezes limitadas por certo pragmatismo, mas norteadas por suas vontades. Naquele momento, enquanto respondia com paciência as mensagens de , esperava que o vinho alcançasse sua temperatura perfeita, e finalizava sua maquiagem, vestida no robe de tule preto, nenhum ser humano na terra poderia acusa-la de não ter sentimentos. A escolha da noite fora feita puramente por emoção, proteção e respeito, em nome da pessoa que mais amava no mundo.
Afinal, quem vive preso, incapaz de amar a só uma pessoa? se imaginava sendo um pássaro, e pássaros voam para onde querem, sempre. Não é bom que um pássaro viva em uma gaiola, portanto, também não achava justo viver.
ajeitou o tecido fluido ao corpo quando ouviu a campainha, dirigindo-se a porta com paciência. Sabia que provavelmente teria uma longa noite de explicações, acusações e dramas, mas esperava que em algum momento da noite de domingo, recebesse algum cuidado, o tratamento que precisava. A advogada abriu a porta e mordeu o lábio devagar, permitindo que o homem percebesse sua falsa hesitação, depois sorriu com doçura.
– Que surpresa. – sorriu mais aberto, mostrando os dentes e rindo abafado. – Não esperava vê-lo aqui essa noite. – Mentiu. Sabia que ele viria, o havia provocado para isso.
– Não consegui parar de pensar no que disse. – Ele confessou. – Eu precisava vir aqui...vir até você...
– Xiu...– aproximou-se dele, tocando-lhe os lábios. – Relaxe, não precisa se explicar, existem outras coisas mais divertidas que podemos fazer, Max. – Ela sorriu.
– O senhor está aqui. – Seu assistente avisou, abrindo um pouco a porta e enfiando-se para dentro.
– Já? Ele está mais de uma hora adiantado. – levantou o canto da boca num sorriso sem desviar o olhar da tela.
– Ele disse que está...ansioso. – Dave hesitou, maneando a cabeça. – Mando entrar?
– Não. – A advogada encarou o homem por debaixo das sobrancelhas. – Ele tem um horário, vamos respeitá-lo. – mordeu a ponta da língua e sorriu, enquanto o assistente deixava a sala.
era um bom cliente, as vezes excessivamente emocional e impulsivo, mas um ótimo cliente. Havia herdado como cliente quando seu chefe e mentor, advogado pessoal da família se aposentara. Se lembrava bem do início das coisas, mais de três anos atrás, quando o homem espanhol se recusava a participar das reuniões, sempre se atrasando ou fingindo esquecer, primeiro por desinteresse e depois para chamar a atenção da advogada. Mas sempre soubera como lidar com o espanhol, não cedia, gostava de estar no controle das situações e aquela não era diferente.
Por isso, relaxou em sua cadeira confortável para terminar seu café observando a bela vista que tinha de sua sala no topo daquele edifício, com muita paciência. Valorizava cada instante de seu tempo livre para oferece-lo a tão facilmente.
Depois de conferir seu e-mail pela terceira vez e as notificações no celular, a advogada pediu por telefone para que Dave liberasse a entrada do espanhol. Sentia seu corpo se agitar, ansiosa para o encontro com o homem, borrifou um pouco mais de perfume na nuca, ajeitou o blazer e a saia ao corpo e cruzou os punhos sobre a mesa, aguardando a entrada do cliente.
– Bom dia, senhor . – sorriu quando os olhos castanhos e intensos do homem cruzaram com os dela. – Estava a sua espera.
– Me deixou esperando por uma hora. – Ele acusou arqueando uma sobrancelha, com olhar duro e feições sérias.
– Ah, não me diga. Devo ter me equivocado. – uniu as sobrancelhas, fingindo confusão e encenou conferir algo em sua agenda. – Mas que erro rude da minha parte.
– Você fez de propósito, não fez? – se aproximou dela, apoiando-se nos braços, com as mãos espalmadas sobre a mesa e expirou um riso, torcendo o canto esquerdo dos lábio em um sorriso pequeno.
– O senhor sabe que não sou tão má. – sorriu de volta, arqueando uma sobrancelha, voltando a cruzar os punhos. Naquela posição o espanhol parecia mesmo ameaçador, olhar penetrante e estreito, semblante impassível e duro, lábios juntos.
Mas a máscara durou pouco, o espanhol riu entredentes e balançou a cabeça negativamente, encarou o chão, depois suspirou e voltou seu olhar para a mulher fixamente.
– Senti saudades. – Admitiu ainda com olhar perfurante sobre a advogada.
– Estamos aqui a negócios, senhor , não devíamos misturar as coisas. – alertou, recostando-se a sua cadeira para observar melhor o homem a sua frente e permitindo que ele também fizesse isso.
– Não, não estamos. – sorriu sem mostrar os dentes. – Uma reunião comigo não seria necessária, poderia falar com meu pai ou enviar alguém. É como você diz, seu tempo é muito precioso para ser desperdiçado. Estou aqui porque você me quer aqui. – Enfatizou ele, permitindo que seu olhar passeasse pelo corpo da colombiana.
– Costuma ser sempre presunçoso assim? – o questionou, pondo-se pé. – Sente-se, senhor , existem coisas que gostaria de mostrar.
sorriu vitorioso e permitiu que o peso de seu corpo caísse sobre uma das confortáveis cadeiras do escritório da advogada, enquanto assistia à movimentação dela. contornou a mesa e se dirigiu a um pequeno móvel com gavetas, retirando de uma das gavetas um envelope. O espanhol apreciava aquela cena, , de costas, propositalmente inclinada para frente, enquanto fingia conferir algo em papéis, numa provocação silenciosa.
Não era bom em conter impulsos, principalmente se tratando da advogada colombiana. Por isso, não pensou muito antes de se levantar e ir até ela, surpreendendo a mulher, colando seu corpo ao corpo inclinado de , apoiando as mãos em sua cintura.
– Pensei ter pedido para que o senhor se sentasse. – Ela estreitou o olhar, o encarando por sobre os ombros.
– Não me lembro de ter escutado isso. – devolveu em provocação, enquanto girava o corpo para que ficasse de frente para o homem. – O que queria me mostrar? – deixou que suas mãos escorregassem para os quadris e bunda da mulher.
– Aqui está. – levantou o envelope, mostrando-o a , que riu jogando a cabeça para trás. – Preciso que assine esses documentos. – Ela pediu, olhando fixamente para os lábios vermelhos dele. – Com muita urgência. – Sussurrou.
– O que é isso? Algum contrato entre nós? – gracejou, apertando mais a mulher junto a si, queria que ela sentisse o que ele mesmo sentia no momento. Além da saudade, queria que sentisse o que ele sentia abaixo da barra de sua camisa, se apertando dentro da calça.
– Mera formalidade, senhor . – A advogada deu de ombros.
envolveu os ombros de com os braços e o empurrou devagar para sua mesa, afastando-se do pequeno móvel. Para o espanhol, aquele era o sinal que precisava para o que mais queria, por isso se ocupou em beijar o pescoço da advogada com calma e paciência enquanto era conduzido por ela, sabia que quase nunca resistia aos seus beijos, muito menos a sensação que sua barba por fazer a causava, os arrepios que sentia.
– Senti saudades do seu perfume. – assumiu num suspiro, com os lábios ainda presos ao pescoço dela.
Em resposta, a advogada levou uma de suas mãos as costas, tateando a mesa como se procurasse algum espaço, e com a outra, arranhou levemente a nuca do espanhol, puxando seu cabelo da maneira que sabia ser do agrado dele, obrigando a olhar em seus olhos.
– Gostaria que assinasse todas as vias. – pediu de novo, levando uma caneta ao campo de visão do piloto com a mão que explorara a mesa.
– Eu não quero assinar nada. – Reclamou, tomando os papéis das mãos dela e os jogando para longe. – Quero você. - sorriu infantilmente, com os olhos presos aos dela e boca entreaberta.
– O que quer? – o instigou, tocando os lábios dele suavemente com a ponta dos dedos, sentindo sua textura e calor. Adorava aqueles lábios.
– Quero ter você, quero você...preciso de você. – sussurrou, com olhar transbordando vontade.
– Como você me quer, senhor ? – sussurrou, permitindo que o espanhol voltasse com os lábios a seu pescoço, enquanto ela corria os dedos pelo cós da calça jeans que ele usava, fazendo-o se encolher e se arrepiar.
– Quero...preciso muito de você, . – Ele sussurrou, mordendo suavemente a orelha da advogada. – Preciso de você, preciso estar com você...preciso...preciso estar...em de você...si?– pediu num suspiro.
sorriu, deleitava-se com aquela cena, , o famoso piloto, um dos homens mais lindos do mundo, completamente entregue a ela. Os cabelos escuros do espanhol já estavam completamente desalinhados a àquela altura e no fundo, sabia que não poderia resistir aos beijos úmidos e quentes, aos arrepios que a barba dele a causava, aos lábios vermelhos e olhar transbordando malícia e desejo, e também não queria isso. Talvez, depois de certo tempo longe do corpo quente de , poderia ceder e dar ao homem o que ele tanto pedia.
– Senti tanta falta do seu cheiro...– sussurrou novamente. – Falta do seu sabor. – Confessou antes de beijá-la.
poderia ser lembrado por sua beleza, mas definitivamente era mais que isso, a habilidade que o espanhol tinha com a boca era umas das coisas que ainda ligava ao homem. Os beijos de eram quentes, intensos, quase mágicos, transportavam para uma outra dimensão, como um tipo de droga que sedava seus sentidos, como uma bebida tropical fresca quando se está com boca seca, ou água quente num dia de frio intenso. Os movimentos delicados, firmes na medida certa enfeitiçavam a advogada, deixando-a totalmente vulnerável as investidas do espanhol.
, aproveitando do momento de vulnerabilidade dela, com uso da força, impulsionou o corpo de , sentando a mulher sobre a mesa e encaixando o próprio corpo entre as pernas dela, puxando com força suas pernas para que seus corpos tivessem o máximo de contato possível. O espanhol apenas permitiu que o beijo fosse partido para que a advogada arrancasse a roupa que ele usava, não era conhecida por ser exatamente delicada, a advogada costuma ser o extremo oposto, selvagem, sedenta, firme, arrancando o ar dos pulmões de um completamente entregue de coração e corpo à ela. utilizou toda destreza que possuía para arrancar o blazer e a camisa social que usava, ao mesmo tempo em que levantava de qualquer jeito a saia da advogada. Embora a vontade já os consumisse e a saudade estivesse os sufocando, ambos eram lentos no agir, com cuidado e paciência, sabiam que a pressa era inimiga, preferiam usar a força, toques firmes e selvagens, brutos.
se encarregou de abrir a calça jeans que usava, enquanto sentia as unhas curtas da advogada arranharem suas costas e os lábios cheios da mulher roçarem suavemente seu pescoço, causando-lhe arrepios.
– Eu pensei nisso em todos os segundos desde a última vez. – confessou quando puxou os cabelos dela, deixando à mostra o pescoço da mulher.
– São segundos demais pensando em uma pessoa só. – lançou lhe um olhar malicioso com olhos estreitos.
– Eu não consigo pensar em mais nada, , só em... – O piloto arfou quando sentiu o toque delicado das mãos frias da mulher em sua pele despida, ainda com olhos fixos nele. – Só consigo...pensar...em você.
A advogada adorava ser lembrada de como ele sabia exatamente o que fazer para agradá-la, os movimentos com as mãos, a pressão dos toques, o olhar firme, a respiração, os beijos, acelerando seu coração. inclinou o corpo para trás e o piloto a auxiliou, oferecendo o impulso necessário para que ela se sentasse sobre a mesa. A colombiana escorreu os dedos pelo peito de lentamente, sentindo toda extensão de sua pele quente, sob o olhar atento do espanhol.
se deleitava com a visão da advogada, tão inacessível e dura para os outros, ali, entregue a ele, com olhos tão cheios de vontade quanto os dele deviam estar. Qualquer atrito ou toque entre os dois era intenso, sempre os transportando para uma realidade paralela onde nada mais existia, só os dois corpos, somente os dois amantes. Os corações estavam acelerados por razões que iam além de uma simples ansiedade de encontro, embora a advogada odiasse admitir até para si mesma.
não conseguiu conter o som sôfrego que escapuliu por seus lábios quando a puxou com força para junto de si. – Xiu. – Ele pediu, levando um dedo até os lábios dela. – Silêncio.
sorriu ladina, aproveitando a oportunidade para chupar o dedo que o espanhol a oferecia, e expirou, apertando os olhos com a cena.
– Você...– Ele sussurrou, sorrindo de lado.
– ...– sussurrou, abraçando o corpo do homem novamente... –.
– Você é perfeita. – soprou.
– Eu amo sentir você. Seu corpo. Seu cheiro. – suspirou. – Sentir você sendo meu.
– Eu sou...– Declarou. – Eu sou seu...
Depois que enfim haviam satisfeito seus desejos mais profundos e intensos sobre a mesa, o móvel com gavetas e as cadeiras daquele escritório, cambaleou, precisando se apoiar a uma parede para não cair no chão. sorriu satisfeita, mordeu os lábios, pôs-se de pé e beijou mais uma vez o espanhol, lentamente, sendo correspondida e abraçada por ele.
– Eu poderia fazer isso o tempo todo. – declarou assim que separou o beijo, ainda envolvendo a cintura dela e com os olhares conectados.
– Todos poderiam. – Ela piscou, afastando-se e recolhendo suas roupas espalhadas, dando as costas a ele.
– Você viu como nossos corpos se encaixam? – O espanhol abraçou a advogada ainda de costas, aproveitando para beijar seus ombros. – Nós temos um encaixe perfeito.
– O senhor devia se vestir, tenho uma reunião agora. – sorriu, esticando uma mão para acariciar os cabelos escuros dele.
– É só isso que vai dizer? – girou o corpo da mulher, para que pudesse olhar em seus olhos. – Eu gosto de você, , não tiro você da cabeça.
– Fico lisonjeada... – Ela aproximou os lábios da orelha de , permitindo que eles tocassem a pele dele quando falasse.
– Devíamos ficar juntos...– Ele sussurrou de volta, girando o rosto e fazendo com que seus narizes se encontrassem, mas ainda com os olhos abertos.
aproximou mais seu corpo ao do piloto, esticando uma das mãos para um ponto onde a visão dele não alcançava.
– Devia se vestir, senhor . – A colombiana sussurrou. – Não queremos que flagrem o senhor nu na minha sala. – Ela sorriu, alcançando enfim a camisa dele e a oferecendo ao espanhol. – Essa visão pertence somente a mim.
– É só isso? Só o que vai dizer? – Ele ergueu as sobrancelhas.
– Não, obviamente. – sorriu, sentando-se em sua cadeira novamente, agora já vestida, embora um pouco bagunçada. – Ainda preciso que assine esses documentos. – Lembrou, apontando com o indicador para as folhas que jaziam desorganizadas jogadas em um canto da sala.
Depois de guiar para fora mesmo contra a vontade do espanhol, se dirigiu ao banheiro, precisava se organizar minimamente para o resto do dia. Podia ver em seus olhos através do reflexo no grande espelho, a satisfação, o brilho que os momentos com causavam. Gostava de estar com ele, gostava do toque do espanhol, de sua urgência e de tudo que faziam juntos. Nas noites frias, quando estava sozinha no alto de seu apartamento, gostava de se lembrar dos momentos a sós com .
Imitando o dia anterior, a sexta-feira havia se iniciado nublada e fria, com ventos que davam impressão de que todo prédio sacolejava toda vez que era tocado pela ventania. pensava sobre como sentia falta dos dias comuns de verão enquanto terminava seu café da manhã, teria mais um dia longo pela frente. A convite de um grupo de advogados que prestava consultoria, iria visitar as instalações do Grande Prêmio da Grã-Bretanha.
Estava ansiosa, representava o escritório, embora não fosse responsável pessoal por todos os clientes. E dentre tais clientes, estavam muitos atletas e esportistas, entre eles, alguns pilotos, escuderias e outras grandes instituições ligadas ao esporte, mas não costumava frequentar corridas, preferia manter-se ocupada com seu trabalho e os desdobramentos dele. A advogada finalizou seu café ao mesmo tempo que a campainha tocou, não esperava ninguém àquela hora, ainda era cedo demais para visitas, mesmo as mais inconvenientes.
– Bom dia. – Um entregador sorriu, tinha um gigantesco buquê de rosas vermelhas em mãos.
– Bom dia. – franziu o cenho, assinou o recibo e recebeu as flores.
– Espere, senhora, não é tudo. – O homem avisou, buscando mais uma caixa de sua bolsa, depois sorriu e a deixou.
Era talvez um dos maiores buquês de rosas vermelhas que a advogada já havia visto, rosas grandes e abertas, outras em botões vistosos, difícil até para segurar. Deixou as flores sobre a mesa e abriu a caixa, um Champagne Armand De Brignac, seu champanhe favorito. sorriu, estava curiosa para descobrir o sujeito por trás daquele presente tão distinto e para sua sorte, junto ao buque havia um cartão.
Espero que podamos disfrutar del champán más tarde.
Cene conmigo hoy ¿sí?
Espero que possamos desfrutar do champanhe mais tarde.
Jante comigo hoje, sim?
.
balançou a cabeça negativamente e sorriu, mordendo o lábio inferior, adorava ser surpreendida pelo lado romântico do espanhol. Pensaria com carinho naquela proposta, prometeu a si mesma.
– O que está achando das instalações, senhorita ? – Um dos advogados quis saber.
– Fantásticas, nunca pensei acontecia dessa forma. – mentiu, distraída.
– Não sei o quanto você acompanha o esporte ou se gosta, mas é como uma fábrica de sonhos. – O homem continuou. – É quase como mágica e tem toda essa estrutura...
– Acompanho meus clientes, isso é o máximo de contato que tenho com esse esporte ou com qualquer outro. – sorriu, se esforçando para ser educada, apesar do tédio e do cansaço da breve viagem até o autódromo.
– Entendi, claro. – O homem que a acompanhava seguiu falando, ignorando a sutil demonstração de tédio dela, ele parecia empolgado em apresentar as instalações do circuito para a mulher. – Eu imagino que uma mulher como a senhorita não perca tempo com esse tipo de coisa...
A concentração de se direcionou a outro homem, parado alguns metros à frente, com o macacão de corrida aberto até a cintura, cabelo trançado e o olhar inocente e intenso que podia cativar qualquer um. Lewis Hamilton surgiu em seu campo de visão de repente, como costumava ser.
– Desculpe. – Ela pediu, interrompendo o homem, que a encarou confuso. – Se me der licença.
Lewis sorriu singelo quando a mulher se aproximou, como uma criança tímida, observando atentamente todos os passos de .
– . – O inglês cumprimentou, forçando o sotaque espanhol.
– Sir Lewis. – Ela sorriu.
– Mal pude acreditar quando te vi aqui, entre nós, meros mortais, passeando. – Ele a provocou, aproximando-se dois passos e a encarando com cabeça inclinada, por debaixo das sobrancelhas.
– Até mesmo Zeus desceu do Olimpo um dia. – Ela piscou, estreitando o olhar.
– Se não estou enganado, ele sempre tinha segundas intenções quando fazia isso. – Lewis sorriu sugestivo.
– Então, talvez eu e Zeus tenhamos mais em comum do que imaginei.
– Já faz algum tempo...quando foi a última vez? Paris? – O piloto fingiu estar confuso.
– Invejo sua memória, Lewis Hamilton. – desdenhou. – Mas não consigo me lembrar sequer dos compromissos que tive ontem. – Ela mentiu e o homem sorriu.
– Isso não será um problema...memórias constantemente precisam ser substituídas. – Ele piscou, aproximando-se mais um pouco. – É o que me dizem sempre.
sorriu, encarou o chão e depois o corpo do inglês, próximo demais ao dela, aproximou-se sutilmente e sussurrou ao ouvido dele.
– Só se elas forem importantes o suficiente, sir. – Declarou e deu-lhe as costas, sem olhar para trás, refazendo o caminho que a tinha levado até ali.
Para , havia uma coisa boa em estar nos bastidores de uma corrida de Fórmula Um, homens bonitos por todo lado. Para onde quer que olhe, homens de todas as nacionalidades possíveis, para todos os gostos. Não que a colombiana fosse algum tipo de predadora sexual ou coisa do gênero, ninfomaníaca ou que tivesse algum desvio ou questão que envolvesse sua sexualidade, era exatamente o contrário. Era completamente livre, despojada de todas as amarras e tipos de controle que a sociedade gostava de impor sobre os corpos femininos, livre para escolher quando, como e com quem faria sexo.
Aquele comportamento não costumava chocar quando o assunto eram os homens, um advogado que conseguia manter todas suas clientes ricas e famosas aos seus pés provavelmente escreveria um livro sobre o assunto, que seria vendido para quase cem por cento da população masculina do mundo, traduzido em todas as línguas. O poderoso, influente, bem resolvido e sexy advogado, cujo todas mulheres frágeis, carentes e solitárias o procurariam atrás de um bom sexo que só poderia ser proporcionado por ele. Ao passo que, para quem descobria, era vista como o prato do dia num restaurante barato, onde todos seus clientes se divertiam com ela sem a necessidade de colocar uma aliança em seu dedo. Como se a maior ambição de uma mulher fosse ser esposa de alguém, era patético. Mulheres como ela eram vistas como um verdadeiro playground e a advogada já estava saturada de toda aquela história, escolhia apenas ignorar qualquer boato, fofoca ou assunto relacionado a seus parceiros e aos homens e mulheres com quem se relacionava.
– Quase não consigo te alcançar. Não me ouviu chamando? – Uma de suas assistentes perguntou, fazendo-se presente.
– Não, estava ocupada refletindo sobre como a vida é contraditória e injusta. – A advogada contou, ainda caminhando no mesmo ritmo. – Preciso de um tempo em algum lugar sem tantos estímulos. Dirigir por horas até aqui é um inferno.
– Por isso sugeri um hotel. – A assistente lembrou.
– E eu pensei já ter explicado minhas razões o suficiente para que você não me aborrecesse com essa questão novamente. – sorriu sarcástica.
– Quer que eu arranje uma sala sem barulho ou sem homens. – Karen, a assistente, a provocou depois de alguns passos dados em silêncio, tentando retomar o tom amistoso entre elas.
– Como é? – parou de andar e girou o corpo para encarar a mulher, tinha o olhar estreito e fulminante. – O que você disse?
– Sala vazia ou silenciosa. – Karen repetiu confusa.
– Quando te dei autoridade para falar assim comigo? – questionou, voltando a caminhar e ignorando o esforço que a assistente fazia para segui-la.
– Eu realmente preciso responder isso? – Karen devolveu. – Aliás, encontrei o senhor , ele gostaria de vê-la.
– Estou indisposta, diga isso ao senhor .– maneou a cabeça. – Se for o filho. Caso seja o pai, diga que posso encontrar um lugar para nos reunirmos aqui. – Completou. – Quando posso ir embora?
– Segundo o cronograma, estará liberada ao meio dia. – Karen confirmou, olhando para a tela de seu celular. – Vou conseguir uma sala tranquila para você descansar até lá, mas antes você tem uma visita de cortesia ao motorhome da Red Bull Racing.
– Por que uma visita de cortesia? Sabe quanto cada minuto do meu tempo vale? – girou o rosto, buscando o olhar da outra.
– Por que a escuderia é uma das principais clientes do escritório de Londres, que por uma coincidência do destino, é de sua responsabilidade. – Karen a lembrou, sorrindo.
– Devia dizer isso a eles quando me pedirem para apagar incêndios em Genebra, Marrakesh, Abu Dhabi, Washington, Rio...– A advogada reclamou.
– E com isso, vai se tornar uma das sócias em menos de três anos. – Karen piscou, indicando a direção para as dependências da escuderia Red Bull Racing.
– Um preço que eu estou disposta a pagar, tem toda razão, Karen. – sorriu. – Como sempre.
– Max Verstappen deve estar lá.
– Por que está dizendo isso? – franziu o cenho. – Não muda em nada para mim, nosso caso já...isso já foi a tempo demais.
– Você nunca mais o viu mesmo? – Karen quis saber.
– Max é muito jovem...feroz, forte, firme, interessantíssimo, porém, um menino. E você sabe que esse não é exatamente o meu tipo. – A colombiana sorriu abafado, lançando um olhar cúmplice a assistente.
Ao se aproximarem do motorhome da escuderia, acenou com a cabeça para o chefe de equipe, que conversava do lado de fora com um homem até então desconhecido, mas que capturou toda atenção da advogada colombiana.
– Como Verstappen pode ser novo demais, enquanto os outros são...– Karen teve sua pergunta interrompida pela curiosidade da chefe.
– Quero um relatório sobre o homem que está conversando com Horner. – pediu e Karen assentiu depressa, por estarem se aproximando dos dois.
– . – Christian Horner sorriu, esticando a mão num cumprimento cortês. – Já faz algum tempo.
– Como vai, Horner? – sorriu de volta, apertando a mão dele. – Mais tempo do que gostaria de admitir. Imagino que se lembre da minha assistente pessoal, Karen Millstone.
– Tudo indo bem como é possível. – O homem sorriu, cumprimentando a outra mulher. – Agora, talvez se sinta mais encorajada a torcer por nós fora do meio jurídico. Esse é nosso novo piloto, Sergio Pérez, mas nós o chamamos de Checo Pérez. – inclinou a cabeça sutilmente, fitando o piloto novo. – Ele é do México.
– Claro. – A advogada levantou o queixo e estreitou o olhar. – Ouvi falar de você, senhor Pérez. – Mentiu
– Também ouvi falar de você. – O homem devolveu, fitando a advogada com a mesma intensidade que ela. – Soube que é da Colômbia.
– Sou de Santa Marta, mas cresci em Cartagena. – Contou, analisando-o com o olhar. – Conhece?
– Não, ainda. – Ele piscou.
– Por que não entra e toma alguma coisa? – Horner sugeriu.
– Não posso demorar, é uma visita rápida. – brincou.
– Temos uma ótima tequila lá em cima. – Sergio contou. – Posso acompanhar vocês ao nosso bar.
– Eu insisto, não podem passar por aqui assim, tão rápido. – Horner tocou as costas de , conduzindo a mulher para dentro.
– Acho que graças a tequila e ao senhor Pérez, me sinto na obrigação de aceitar o convite. – Ela sorriu de lado, encarando fixamente o piloto mexicano.
Christian as deixou na companhia do piloto moreno de olhar intenso e se afastou. Não era comum pilotos de fora do eixo europeu naquele esporte, mas no momento, comemorou internamente a chance de conhecer Sergio Pérez.
– Espero que a bebida seja digna da propaganda, senhor Pérez. – inclinou a cabeça para olhá-lo melhor.
– Eu sei que será. – O piloto se inclinou sobre o balcão concentrando seu olhar na mulher.
– É natural dos mexicanos tanta confiança? – Ela o provocou e Sergio riu abafado, balançando a cabeça negativamente e devagar em seguida.
– Com isso devo imaginar que encontra muitos homens com problemas de confiança por aqui, ? – Ele devolveu.
– Talvez. – desconversou, girou o corpo para frente e se concentrou na bebida que havia sido posta à sua frente. – Não vai beber? – Perguntou ao homem, sem olhá-lo.
– Faço tudo melhor quando estou sóbrio. – Falou, ainda com olhar preso a ela.
– No México não te dizem que não é de bom tom deixar uma mulher beber sozinha? – piscou.
– Na Colombia os homens precisam beber para agir? – Pérez arqueou as sobrancelhas e inclinou a cabeça levemente sobre o ombro, sorriu e mordeu o lábio inferior, permitindo que esse lhe escorresse os dentes devagar, garantindo que o piloto estava a observando.
– Sabe, senhor Pérez, não costumo ter adversários a altura nesse jogo. – assumiu, girando o corpo para que ficasse frente ao piloto novamente.
– É bom estrear com uma vitória. – Ele sorriu e criou uma nota mental sobre como o sorriso doce contrastava com o olhar intenso.– Principalmente uma de grande peso assim.
– Tenha cuidado, senhor Pérez, posso achar que está flertando comigo. – A advogada relaxou o joelho, aproximando-se um pouco mais do mexicano.
– Sou mexicano, o flerte está no meu sangue. – Ele maneou a cabeça.
– Que pena, estava começando a enxergar alguma vantagem nessa conversa, apesar da tequila horrível que servem aqui. – declarou e Pérez sorriu.
– Não precisa só enxergar, . – Sergio sussurrou, encarando a mulher fixamente.
não soube explicar como, mas nos instantes seguintes já estava trancada em uma sala qualquer, com os lábios de Sérgio Pérez presos entre seus dentes, enquanto o piloto levantava seu vestido para em seguida apertá-la contra a parede. Sentia falta da virilidade e selvageria tão comum aos latinos, a sensação de dominação aquecida pela paciência em cada toque e o mexicano parecia empenhado em faze-la se lembrar.
– Adoraria fazer isso em um espaço maior, mais confortável. – Ele sussurrou contra o pescoço de .
– Sou uma mulher que vive o momento, senhor Pérez. – sorriu, forçando o quadril contra a pelve do mexicano. – Vamos nos agarrar as oportunidades que a vida nos dá.
– Vou garantir que você nunca esqueça, então. – Ele sorriu maroto.
– Esse jogo, é o meu preferido. – tentou falou, sorrindo aberto enquanto o piloto lhe beijava o pescoço com ferocidade. – Vou dizer como quero que você me...
– Xiu. – Sergio apertou os lábios dela com um beijo. – Você não vai dizer nada, não comigo. – Falou firme, com os lábios ainda apertados contra os dela, depois com mais força contra si.
– Não sei se consegue...– A frase de foi interrompida por seu gemido sôfrego, quando Sergio puxou seus cabelos.
– Te voy a mostrar.Vou te mostrar. – Ele sussurrou em sua língua materna e mais uma vez, sentiu as pernas fraquejarem.
– Eu te procurei, está atrasada. – Karen acusou assim que cruzou os olhos com a chefe na saída do motorhome da escuderia chefiada por Horner. – Estão te esperando para te apresentar aos chefões da federação.
– Tive um imprevisto. – resmungou.
– O que houve com você, parece que foi atropelada por um caminhão. – Karen apontou, tentando ajeitar o cabelo da mulher.
– Alguém fez perguntas?
– Ninguém além de . – Karen mencionou. – Algo que eu deva saber? Não tem reuniões com a família dele agendadas para os próximos dias.
– Apenas o ignore, ele está ficando cansativo. – revirou os olhos. – Ande devagar, por favor. Essa droga de sapato...
– Qual é o problema com seus sapatos?
– Minhas pernas não estão obedecendo meus comandos como deviam. – contou.
– Você bebeu demais? Imaginei que não seria uma boa ideia tomar drinks com Perez. – A assistente resmungou.
– Eu não estou bêbada, Karen. Muito pelo contrário, talvez nunca tenha estado tão lúcida. – sorriu e acenou para algum transeunte que a cumprimentou quando adentravam no espaço reservado a federação. – E isso acabou de ser confirmado por um mexicano, perdi essa batalha, mas não vou aceitar a guerra por perdida.
– Ele...? Você e ele? – Karen arregalou os olhos.
– O que achou que estávamos fazendo? Tramando contra os colonizadores? – gargalhou, tentando se ajeitar mais um pouco antes de bater na porta. – O senhor Pérez e eu temos muito em comum, fui pega de surpresa hoje e dobrada, mas não vou aceitar que isso se repita. Nós dois temos assuntos inacabados que eu pretendo resolver muito em breve.
– Acredito que com nossa excelente equipe e com a supervisão e consultoria do escritório da senhorita , estaremos muito bem assessorados. – Um homem de terno disse quando todos já estavam de pé, prontos para deixar a sala.
– Vai ser um prazer. – sorriu educada. – Estou ansiosa para começarmos.
– Espero que possamos nos encontrar mais vezes, senhorita. – Jean Mauvaise, presidente da federação, sorriu ao apertar a mão da advogada mais uma vez.
– Vou cuidar pessoalmente para estar presente no maior número de reuniões possíveis. – A advogada garantiu.
– Gostaria que nos desse a honra de acompanha-la no almoço. – Jean pediu e tentou pesar, rapidamente, os prós e contras daquele convite.
– Seria uma honra para mim, acredite. – Ela enfatizou tocando o peito. – Mas eu tenho um almoço de negócios que não posso perder. Sinto muitíssimo.
– Tudo bem, teremos outras oportunidades. – O homem sorriu. – Por que não vem amanhã? É minha convidada para assistir à classificação e no domingo, a corrida. Sei que mulheres não gostam muito disso, mas seria bom estar mais perto de seus clientes...– Mauvaise sugeriu e se esforçou para engolir o xingamento que pulou em sua língua.
– Seria um prazer assistir. – sorriu. – Com certeza estarei aqui.
– Eu estarei esperando. – O homem piscou e a deixou, saindo da sala seguido por sua equipe.
– Foi impressão minha ou ele foi machista? – Karen se materializou ao lado da advogada.
– Dá próxima vez que eu precisar me reunir com esse senhor, garanta que meus advogados estejam acordados e atentos caso eu decida faze-lo engolir suas palavras. – rolou os olhos.
– Será que ele sabe de alguma coisa? – A assistente sussurrou, juntando a bolsa ao corpo para que as duas deixassem a sala.
– Não, acho que não. – A colombiana deu de ombros. – Mas admito que fui descuidada hoje, isso não pode se repetir se eu quiser continuar tendo uma carreira.
– Está falando do mexicano?
– Não devia ter cedido aos meus hormônios e ido com ele a uma sala qualquer, foi vulgar e promiscuo além da conta, até para mim. – Confessou e Karen riu. – Preciso ter a cabeça no lugar, principalmente se observada de perto por Jean Mauvaise.
– Já entendi que só terá espaço na sua cama para apenas um homem. – Karen a provocou, cutucando a cintura da advogada.
– Isso não vai acontecer. – A colombiana negou com olhar firme.
Infelizmente, o percurso até a saída envolvia áreas comuns, frequentadas pelos pilotos. rezava para não cruzar com mais alguém que quisesse tomar seu tempo e atrasar ainda mais seu banho relaxante. O cheiro de Sergio Pérez ainda estava impregnado a ela, assim como seu próprio suor e outros fluídos corporais que haviam sido liberados anteriormente.
apertou os olhos e baixou a cabeça quando vislumbrou no fim do longo corredor as figuras de Sergio Pérez, Max Verstappen, e Charles Leclerc, que conversavam alheios ao resto do mundo. Karen, instintivamente, desacelerou os passos quando notou que os olhares dos quatros homens recaíam sobre elas. Os quatro tinham olhos curiosos, mas apenas e Sergio sorriram, mesmo que sutilmente.
– Senhores. – cumprimentou com um aceno de cabeça e Max acenou de volta, com olhar duro.
– Olá! – Charles balançou a mão e sorriu.
– Oi. – sorriu abaixando os ombros.
– . – Sergio a cumprimentou, estalando a língua e encarando a mulher fixamente, atraindo o olhar de um desconfiado e confuso .
A advogada continuou seu caminho, fingindo não ter reparado no quão provocativo e sugestivo havia sido o olhar do mexicano.
– Sabe, até eu senti as pernas bambearem com o jeito que ele te encarou. – Karen confessou. – Ele tem uma coisa diferente dos outros, não sei explicar.
– Devia experimentar, Karen. – A colombiana sorriu, tentando encontrar a chave do carro na bolsa enorme que carregava.
– Experimentar seu homem novo? – Ela arqueou uma sobrancelha.
– Ele não é meu. – A advogada franziu o cenho para a outra, voltando depois seu olhar para o interior da bolsa. - E além disso, não sou nada ciumenta, sabe bem. – sorriu, balançando a chave nas mãos, sinalizando a assistente que a havia encontrado.
– Cliente pegajoso, três horas. – Karen chamou atenção da colombiana. – Prepare-se. – Avisou, apontando com o queixo para alguém que com passos apressados tentava alcança-las.
– Nos dê licença, Karen. – Pediu ela e a mulher obedeceu, afastando-se de pronto.
assistiu se aproximar com seus novos trajes vermelhos, capazes de torna-lo ainda mais belo, como uma espécie de toureiro elegante e belíssimo. Percebendo que o homem tinha olhos anuviados e expressão séria, a advogada se preparou para a tormenta que viria, e sorriu para o espanhol, inclinando a cabeça sobre o ombro.
– Eu acho que ainda não disse, mas vermelho te cai muito bem, senhor . – elogiou, ainda sustentando o sorriso.
– Não tente me enrolar. – Ele rosnou assim que estavam a uma distância segura o suficiente para que não precisassem falar alto.
– Acho que não o entendi. – fingiu-se confusa.
– Estaba con él, ¿no? (Você estava com ele, não estava?) – Acusou em sua língua materna. – Estabas con ese hijo de puta! (Você estava com aquele filho da puta!) ¡Olí tu perfume en él! ¡No puedo creer que acabas de tener sexo con él! Vi como te miraba. (Eu senti o cheiro do seu perfume nele! Não acredito que você simplesmente transou com ele! Eu vi como ele te olhava.)
– ¿Quién eres tú para hablarme así? (Quem é você para falar assim comigo?) – questionou, estreitando o olhar de forma ameaçadora. Sabia que o piloto estava chateado, mas isso não a faria aceitar ser tratada daquela maneira.
– Estaba aquí, estaba aquí ... en el mismo lugar que tú y tú estabas con él. Los dos estaban juntos. (Eu estava aqui, estava aqui...no mesmo lugar que você e você estava com ele. Os dois estavam juntos.) – lamentou, balançando a cabeça negativamente, apontando para o autódromo com o cenho franzido, num misto de decepção e incredulidade.
– , escúchame. (, me escute.) – Pediu, tocando o rosto dele, mesmo com as tentativas do espanhol de se desvencilhar do contato da colombiana. – , escúchame... no importa, nada de eso importa... me gustas tu, ¿recuerdas? (, me escute...não importa, nada disso importa...eu gosto de você, lembra?) Eu gosto de você, . – Ela repetiu.
– ¿Te gusto?(Gosta de mim?) – O piloto espanhol indagou afetado. – No puedes negar que estabas con él...ni siquiera intentaste negarlo. (Você não pode negar que estava com ele...nem sequer tentou negar.) No te importa cómo me siento, solo te importa tenerme como un perro a tus pies. Ni siquiera puedes decir que lo sientes.(Você não se importa em como me sinto, só se importa em me ter como um cachorro aos seus pés. Você nem consegue dizer que sente muito. ) – Lamentou ele, expirando frustrado.
– Tú me conoces...sabes que me gusta ser libre.(Você me conhece...sabe que gosto de ser livre.) – acariciou o rosto do homem com a ponta dos dedos. – Pero tú me gustas...no perdería tiempo explicándome si fuera mentira. (Mas gosto de você...não perderia tempo me explicando se fosse mentira.)
– No quiero tus explicaciones. (Eu não quero suas explicações.) – O espanhol afastou as mãos da mulher de seu rosto. – Adiós, . (Adeus, .)
A advogada assistiu estarrecida o homem dar-lhe as costas e se afastar. já havia se aborrecido com o estilo de vida livre e desapegado da mulher outras vezes, mas sempre o conseguira dobrar, as vezes com beijos, outras com jantares, declarações, mas desta vez o espanhol parecia especialmente magoado. Os olhos de , constantemente ansiosos, dóceis e cheios de intensidade, agora estavam indecifráveis, feridos.
não costumava dar atenção as crises de ciúmes do espanhol ou de qualquer outro homem, mas era de certa maneira, especial. Estava acostumada a tê-lo, talvez sentisse falta e aquela situação certamente a causava algum incômodo. Tinha criado certa afeição pelo homem bonito, engraçado e com talento para cozinha, gostava de , lastimava que o piloto estivesse enveredando para aquele lado. gostava dele, como talvez um dia gostara do espanhol Isco, mas algo nunca havia mudado, a colombiana ainda gostava mais de si, seu amor próprio era grande o bastante para se preocupar com coisas tão triviais.
– Eu não pude entender o que disseram, mas parece que ele não estava feliz. – Karen comentou ao se aproximar novamente da chefe.
– Clientes mimados que acham que um advogado bem pago pode conseguir passagem na área VIP do céu. – Ela disfarçou, entrando no carro e sendo seguida pela outra.
– Era só isso? Quero dizer... – Karen hesitou.
– O que? Quer saber se ele é só um cliente ou se é um amante? – A advogada encarou a outra com olhar duro, não estava com paciência para questionamentos inconvenientes.
– Não foi minha intenção, desculpe. – A assistente levantou as mãos em rendição e acelerou o carro, irritada.
Era tarde, o dia havia sido extremamente longo e ainda teria que se esforçar para estar naquele maldito autódromo mais dois dias seguidos. vestia seu robe de seda e bebia vinho, distraindo-se com a busca por algo bom o suficiente na TV. Não pretendia fazer mais nada além de apenas comer e respirar, mas seus planos foram desmantelados com o som da campainha. Enquanto se arrastava até a porta, a advogada tentava se recordar de algum pedido que houvesse feito, ou alguém que estivesse esperando.
Mas ao abri-la, se deparou com Lewis Hamilton e seu olhar penetrante.
– O que faz aqui? Só atendo a emergências dos meus clientes a essa hora, e se bem me lembro, o senhor não é mais um de meus clientes. – o lembrou, apoiando uma das mãos no batente da porta e cruzando as pernas.
– Talvez eu precise de uma consultoria...especializada. – O inglês sorriu.
– Não tenho interesse ou espaço na agenda. – Ela negou mantendo a postura séria. – Tive um dia extremamente cansativo, não estou disposta.
– Eu vi seu novo...– Lewis sorriu de canto, mas o interrompeu.
– O que foi que viu, senhor Hamilton? – Questionou impaciente.
– Não precisa se armar, . – O piloto tentou amenizar, dando dois passos à frente, aproximando-se da mulher. – Não vi ou ouvi boatos sobre você. Mas cruzei com sua nova obsessão hoje e ele não me pareceu muito bem.
– De quem exatamente está falando? – estreitou o olhar.
– . – Lewis soprou. – Ele ainda não se acostumou a você, não é?
– O senhor se enganou, não é a minha obsessão, é exatamente o contrário. – Ela sussurrou, olhando fixamente nos olhos castanhos dele.
– Nós dois sabemos que não...você gosta disso, mantém quem quer por perto, não nos libera...só se quiser. – Lewis sussurrou, aproximando-se cada vez mais da mulher. – Você nos prende a você...é impossível abrir mão. Eu entendo e como ele se sente.
– Todos vocês têm isso em comum. – comentou, tocando com a ponta dos dedos o rosto do piloto inglês. – Se encantam...depois querem me prender...é melhor para todos que eu continue livre. Tenho amor para todos, posso amar mais de um ao mesmo tempo.
– Eu sei. – Hamilton concordou, envolvendo a cintura dela com os braços. – Não me ocupo mais com esses...detalhes. Sei também que mais vale me divertir com você...não me importo de compartilhar seus lábios.
– Não são seus para que compartilhe, Lewis. – sussurrou, em seguida, aproximou-se do piloto, sentindo seu cheiro e o tocando suavemente com seu nariz. – Eu sou dona de mim, só eu posso compartilha-los e faço isso quantas vezes quiser.
– Gostaria da parte que me toca, se for digno agora. – O inglês pediu, apertando com força as coxas e bunda da colombiana.
– Tive um dia extremamente estressante, senhor Hamilton. – Ela lembrou. – Mas tenho um Armand De Brignac gelado.
– Pretende tomar sozinha para se esquecer do aborrecimento de seus amantes obcecados. – Lewis a provocou, sabia exatamente como era movida a colombiana.
– Só há um homem no mundo que habita meus pensamentos agora, senhor Hamilton...e eu posso garantir que não pretendo esquece-lo tão cedo. – estreitou o olhar e levantou sutilmente o queixo, puxando em seguida o piloto inglês para dentro.
– Sentiu saudades? – Ele perguntou baixinho e rouco, ao ouvido dela.
– Não sou eu que estou na sua casa, Sir Lewis. – provocou e o viu morder o lábio.
Lewis permitiu que seu corpo caísse pesadamente ao lado de uma suada e ofegante, assim como ele. Os dois apenas sorriam, não uma para o outro, mas de satisfação por causa da sensação de plenitude e relaxamento que os havia alcançado. O piloto inglês deitou-se de lado, apoiando a cabeça com a mão, observando a mulher retomar seu ritmo respiratório.
– Não sentiu mesmo saudades? – Ele quis saber e riu.
– Feri seu ego, sir?
– Curiosidade. – Lewis piscou e deu de ombros.
– Não tive tempo para sentir saudades.
pôs-se de pé, resgatando o robe no chão e cobrindo seu corpo com ele.
– Vou tomar um banho. – Avisou dando-lhe as costas.
– Devo entender isso como um convite? – O inglês sondou, sentando-se na cama, ainda nu.
– Lewis, querido. – A advogada sorriu docemente e aproximou-se dele, apoiando as mãos na cama e depositando nos lábios do inglês um beijo rápido. – Já fazemos isso a tempo suficiente para saber que meus banhos são só meus. Não tem espaço para mais ninguém. Mas você é fofo, uma gracinha. – Ela implicou, tocando o nariz dele com o seu. – Te convidaria para uma taça de champanhe, mas imagino que não possa beber hoje. Então, te desejo uma ótima e sóbria noite, sir Lewis Hamilton. – A advogada piscou e se afastou em seguida.
estava de volta ao autódromo, mais uma vez naquele evento tedioso e ao seu lado Jean Mauvaise discutia qualquer coisa sobre pneus com os homens que viviam o rodeando. Uma hora havia se passado desde que a colombiana pisara naquela espécie de área VIP com seus próprios paparazzis e precisava fingir contentamento. Uma hora rodeada de velhos ricos e tão entediados quanto ela, uma hora repensando todas suas escolhas de vida e a lista do mercado.
Uma das razões para rechaçar o casamento era a ideia de ficar presa aos planos de alguém, a obrigação de sorrir e ser uma esposa dócil enquanto o marido fazia coisas de homem. Naquele momento, trincava os dentes, estava sendo exatamente a mulher que jurara não ser apenas para agradar mais um velho rico. O mundo dá voltas, ela se lembrou da frase que seu pai sempre dissera.
E não haviam muitas coisas que uma mulher pudesse fazer naquele ambiente, aparentemente apenas beber, ouvir conversas monótonas enquanto sorria e observava o amplo cardápio de homens com seus diferentes estilos, cargos e nacionalidades. A certa distância, podia enxergar a movimentação das equipes mais abaixo, e para sua deliciosa surpresa, passava por ali, tinha o macacão de corrida aberto e enrolado até a cintura, usava um boné e estava tão belo quanto uma estátua num museu. A advogada mordeu o lábio, ansiosa com a ideia de tê-lo em sua cama, até compraria outra garrafa de champanhe, já que o presente do espanhol fora consumida por ela depois da partida de certo piloto inglês, costumava valer a pena. Mas a ideia murchou como um balão de festa furado rapidamente, quando a cena dramática do dia anterior a invadiu. Uma pena, por mais que quisesse dividir a cama com o espanhol, não se prestaria ao papel de ir até ele, o jogo não funcionava assim.
Voltou a concentrar-se nos pilotos que passavam, alguns rostos conhecidos, outros nem tanto, mas nada interessante o suficiente para distraí-la daquele momento tedioso na companhia de uma taça quente de champanhe.
– Fiquei curioso para ver o que de tão interessante está acontecendo lá embaixo. – O perfume de Toto Wolff aguçou o olfato da advogada antes que suas palavras encontrassem seus ouvidos.
– Tentando me distrair com algo melhor que champanhe quente. – respondeu franzindo o nariz.
– Te tem faltado diversões, ? – O homem a provocou.
– As que realmente valem a pena, sim. – A advogada girou o corpo para observar o homem, Wolff era um dos homens mais belos daquele esporte e não era necessário nenhum conhecimento sobre carros ou pneus para ter certeza.
– Como estão as coisas com Verstappen? – Wolff sondou e cruzou os braços sobre o peito, tentando destacar os músculos sob a camisa branca justa.
– Essa é a forma mais sutil que encontrou para descobrir com quem tenho dormido, Torger? – levantou um dos cantos da boca num sorriso misterioso e estreitou o olhar. – Sabe melhor que ninguém que não o vejo há muito tempo, você estava lá...estava na minha cama quando aconteceu. – Sussurrou.
– Eu gosto de resultados, não me importo com os meios. – Toto falou com a voz levemente rouca, por estar sussurrando.
– Nós já concordamos em outras ocasiões que o meio muitas vezes é mais importante que o fim...e geralmente mais lembrado. – maneou a cabeça e Wolff expirou, balançando a cabeça negativamente. Em seguida, a advogada escorreu o dedo indicador do ombro até o peito do austríaco. – São esses detalhes, Torger...que te afastam dos meus lençóis.
girou o corpo novamente, dando as costas para o homem, enquanto Toto ria abafado, talvez por não ter uma resposta à altura da acusação da mulher.
– Talvez tenha chegado o momento de procurar outra geração de pilotos...ou mudar de esporte, de novo. – Ela disse, olhando para ele por sobre o ombro. – Lembranças a sir Lewis Hamilton.
Dizendo isso, a colombiana se afastou rumo ao bar, Torger era um caso antigo, um dos homens que havia decidido domá-la, mas que havia falhado vergonhosamente. Não eram exceções os homens que ao ouvir as histórias da advogada com seus amigos, colegas, quisessem também se aventurar com ela, provar que também eram bons o suficiente para passar na cama de . Por sorte, ela tinha radar para estes casos, percebia assim que os homens proferiam as primeiras sílabas, livrando-se deles rapidamente.
Toto Wolff era um caso à parte, talvez o austríaco só quisesse provar a si mesmo que poderia dominá-la, mas não estava preparado para tourear, para domesticar o furacão colombiano com mais de um metro e setenta.
Já era a quarta volta que completava dentro da cidade, o sol começava a se pôr, e havia quase se chocado contra outros carros vezes demais para considerar seguro continuar dirigindo. Estava cansada, mas não queria ir para casa, queria ir para qualquer outro lugar, talvez uma praia paradisíaca ou uma ilha isolada. Se afastar do cinza da cidade e descansar. Quando a colombiana pisou no corredor do último andar, percebeu um homem sentado à sua porta, ele tinha um grosso moletom com capuz vermelho cobrindo a cabeça, os braços abraçavam os joelhos dobrados e cabeça baixa. A coluna de enrijeceu, sua respiração se tornou gélida e a machucava toda vez que tentava inspirar o ar para dentro de seus pulmões. Sem mudar a firmeza e a direção de seus passos, a colombiana aproximou-se da porta. O homem, ao ouvir o som dos sapatos da mulher, levantou o olhar e ficou de pé num salto, assustando a advogada, que cedeu dois passos, se afastando dele.
– ? O que faz aqui? – indagou, assim que sua visão turva de susto reconheceu os olhos castanhos e ansiosos do espanhol.
– Lo siento, no quise asustarte. (Desculpe, não quis te assustar.) – O homem disse em sua língua materna.
– Entonces no deberías cubrirte la cara y sentarte en mi puerta. (Então não devia cobrir o rosto e se sentar na minha porta.) – rosnou, destrancando a porta, sem olhar para o homem.
– Yo...sólo necesitaba verte. Era urgente.(Eu...eu só precisava te ver. Era urgente.) – contou, apoiando-se a porta, pondo-se paralelamente a mulher.
– ¿Qué pasó esta vez? ¿Dije algo que no debía de nuevo? (O que foi dessa vez? Disse algo que não devia de novo?) – Questionou irritada.
– No, , sólo quería... necesitaba verte.(Não, , só queria...precisava te ver.) – O espanhol confessou, tocando o braço da advogada, tentando capturar sua atenção.
– ¿Y por qué? Pensé que no querías volver a verme. (E por que? Pensei que não queria voltar a me ver.) – Lembrou ela, girando o corpo para que ficasse frente a ele.
– Desearía no volver a verte...Ojalá pudiera, pero no puedo, soy débil. (Eu queria não te ver de novo. Queria conseguir, mas não consigo, sou fraco.) – confessou, unindo as sobrancelhas.
– Permíteme hacerte este favor. (Permita-me fazer este favor a você, então.) – entrou rapidamente para dentro do apartamento, tentando fechar a porta em seguida.
– No, , te quiero...te extraño, te extraño mucho. (Não, , eu quero você...sinto saudades, sinto sua falta, muito.) – declarou, impedindo que a advogada fechasse a porta, para então, seguir a mulher para dentro de casa. – ¿No lo entiendes? ¿No sabes cómo me siento? ¿No te importo? Me gustas, y todos los días me muestras a los diferentes hombres con los que estoy obligado a compartirte. Sufro.(Você não entende? Não sabe como me sinto? Não se importa comigo? Eu gosto de você, e todos os dias você me mostra os diferentes homens com quem sou obrigado a compartilhar você. Eu sofro.) – Desabafou, tinha o olhar magoado, sobrancelhas juntas e voz alterada, deixando transparecer totalmente seu estado emocional.
– ¿Acaso te acuerdas de cuando empezamos esto? Tú quisiste así. (Acaso se lembra de quando começamos isso? Você quis assim.) – o lembrou, batendo com o dedo indicador no peito do espanhol. Por mais que odiasse vê-lo daquela forma, estava chateada demais para ceder.
– Tú también elegiste estar conmigo. (Você também escolheu ficar comigo.) – se defendeu, segurando a mão da mulher junto ao peito.
– No seas inocente. Sabes bien cómo sucedió. – riu abafado, sem qualquer traço de humor, balançou a cabeça e deu as costas para o homem. – ¿Te olvidaste que me hiciste romper mi compromiso? Yo estaba feliz con Isco, íbamos a casarnos, toda vida de aventuras estaba superada, y entonces apareciste. – A advogada voltou-se ao homem novamente, agora ela tinha o timbre alterado também. – ¿Recuerdas cómo evité que todo sucediera? Pero usted me rodeó en el trabajo, hablando, provocando hasta que yo cedí y me dejé llevar. No te importó cuando fue Isco que sufrió. – Acusou ela. – Tú sabías mejor que nadie que no sé pertenecer a solo uno. ¿Cómo puedes cobrarme eso? (Não seja inocente. Sabe bem como aconteceu. Se esqueceu que me fez desmanchar meu noivado? Eu estava feliz com Isco, íamos nos casar, toda vida de aventuras estava superada, e então você apareceu. Se lembra como evitei que tudo acontecesse? Mas você me cercou no trabalho, falando, provocando até que eu cedi e me deixei levar. Não se importou quando foi Isco quem sofreu, você sabia melhor que todos que não sei pertencer a apenas um. Como pode me cobrar isso?)
– Pero con nosotros dos es diferente, mi amor, ¿no lo ves? ¿Después de todo este tiempo? Hace tres años...yo soy el único que se quedó. (Mas com nós dois é diferente, meu amor, não vê? Depois de todo esse tempo? Fazem três anos...eu sou o único que permaneceu.) – tentou aproximar-se dela, tocando seus ombros, mas se afastou.
– Pero aún así, no parece ser suficiente para ti, ya que estás aquí, aburriéndome con esas trivialidades.(Mas mesmo assim, não parece ser o suficiente para você, já que está aqui, me aborrecendo com essas trivialidades.) – Ela lamentou, expirando pesadamente.
– ¿Es un pecado quererte sólo para mí? (É um pecado querer você só para mim?) – indagou.
– No nací para vivir entre rejas, , pero si quieres correr conmigo, dejaré la puerta abierta. (Não nasci para viver entre grades, , mas se quiser correr livre comigo, deixarei a porta aberta.) – declarou, descendo de seus sapatos e dirigindo-se ao seu quarto.
Não precisava de aborrecimentos, nem possuía energia psíquica suficiente para dispensar . Precisava de um banho quente, sua cama e talvez por duas semanas. começou a se despir, primeiro a camisa de seda branca, depois a saia lápis, cobrindo-se com um de seus robes, sentindo o incomodo do tecido frio em contato com sua pele. Através do espelho, percebeu a presença de , que escorado a porta a observava atentamente. Em seguida, a colombiana retirou as joias e toda maquiagem com ajuda de alguns lenços, enquanto respirava fundo.
Sentiu-se um pouco melhor quando percebeu o corpo de a envolver, o espanhol tinha as mãos em sua cintura, e a beijou docemente no ombro. relaxou o corpo e permitiu que sua cabeça pendesse para trás, apoiando-se nos ombros do homem.
– Te quitaste el maquillaje. (Você tirou a maquiagem.) – sussurrou, próximo a orelha da mulher.
– Ya no me importa que me veas así. (Já não me importo que me veja assim.)
– Parece que me necessitas. (Você parece precisar de mim.) – Ele soprou.
– No necesito a nadie más que a mí misma. (Não preciso de ninguém além de mim mesma.) – suspirou, dando de ombros.
– ¿Estás seguro de esto? (Tem certeza sobre isso?) – beijou o pescoço da advogada devagar e demoradamente. – Te noto un poco tensa. ¿Qué pasó? (Percebi que está um pouco tensa. O que aconteceu?)– ¿Quién? ¿Qué te hicieron? (Quem? O que fizeram?) – Ele juntou as sobrancelhas, numa careta irritada, tentando descobrir o que a incomodava.
– ¿Has venido a hablar? (Veio aqui para conversar?) – questionou, girando o corpo para que pudesse olhar nos olhos dele.
– No vine hasta aquí sólo para tener sexo. (Não vim até aqui só para transar.) – O espanhol sorriu docemente, tirando uma mecha dos cabelos da mulher de seu rosto.
– ¿Y por qué has venido? (E por que veio?) – quis saber, tocando a bochecha quente do homem com a ponta de seu nariz gelado.
– Porque no puedo estar lejos de ti, extraño tu olor...tu sabor...de su piel. (Porque não consigo ficar longe de você, sinto falta do seu cheiro...seu gosto...da sua pele.) – sussurrou.
colou a testa na bochecha de , respirando profundamente seu perfume, depois o abraçou, usando as mãos para sentir toda extensão de seus ombros. O corpo forte de envolto pelo moletom quente gerava uma sensação agradável ao corpo da colombiana. Os braços do piloto envolveram sua cintura num abraço apertado, devolvendo a advogada a sensação de contorno corporal que lhe faltava, principalmente em dias ruins como aquele.
– Entonces no te quedes. (Então não fique.) – beijou-o rapidamente nos lábios e se afastou.
despiu de seu robe, jogando-o despreocupadamente no chão e entrou no banheiro, abrindo a água quente, e despejando sais e espuma na banheira. Talvez o que precisasse naquele momento não era ficar sozinha, nem de sexo, mas só de companhia, outra pessoa por perto, distraindo-a de seus pensamentos.
permanecia no quarto, sentado sobre a cama e quando a advogada notou que a banheira estava suficientemente cheia, voltou-se até ele, os olhos do espanhol a acompanhavam atentamente, lendo seus movimentos. sorriu sem mostrar os dentes, com doçura e maneou a cabeça, num convite silencioso para que o espanhol a acompanhasse. franziu o cenho e juntou as sobrancelhas, confuso, mas não se moveu.
– Ven. Ven a quedarte conmigo. (Vem. Venha ficar comigo.)
franziu o cenho novamente e em seguida, sorriu. Pôs-se de pé e começou a despir-se rapidamente, ainda sorrindo.
– ¿De verdad quieres que vaya? ¿Quieres que me bañe contigo? (Quer mesmo que eu vá? Quer que eu tome banho com você?) – Ele questionou e apenas assentiu sorrindo.
e estavam deitados na banheira a pelo menos uma hora, os espelhos e vidros do banheiro estavam embaçados, a água quente aquecia todo cômodo, diferente do clima frio e da chuva grossa que castigava do lado de fora. Os cabelos dos dois estavam molhados e a espuma já era quase inexistente, estavam sentados em lados opostos um do outro, respirava fundo, tentando encontrar uma solução viável para seu dilema, enquanto sentia massagear seus pés, que estavam apoiados no peito do espanhol.
– Não vai mesmo contar como foi seu dia? – O homem perguntou curioso.
– Nossa relação não envolve sessões de terapia, senhor . – disse ainda de olhos fechados.
– Mas envolve viagens para Montreal, fins de semana na praia e agora...banhos juntos. – a provocou sorrindo, jogando um pouco de água quente no pescoço e rosto da advogada.
– Viajamos para Montreal uma vez, quando você resolveu me seguir até lá, mas confesso que sua companhia é boa nos fins de semana na praia. – A colombiana deu de ombros.
– Você devia parar de negar e aceitar que gosta de mim também. – disse, beijando suavemente os pés da advogada.
– Eu não nego, , gosto de você. – A advogada abriu os olhos e viu o homem sorrir. – Mas gosto mais de mim. – Piscou e a face do espanhol foi atravessada pela frustração. – Não se aborreça com isso, , você é especial. Com quem mais eu poderia falar em minha língua materna, ou aproveitar os benefícios do sangue quente espanhol, viajar para praia e todas as outras coisas que fazemos juntas.
– É a isso que sou resumido? – Ele arqueou uma sobrancelha e expirou, balançando a cabeça negativamente.
rolou os olhos, não valia a pena travar outra guerra com , talvez fosse hora de traze-lo para perto novamente. Conhecia bem o homem e seu temperamento sentimental e intenso, teria que dar a ele algum tipo de reforço positivo se quisesse se manter sem estresse. Por isso a advogada se aproximou do piloto, sentando-se sobre as pernas dele.
– Você é o único em muitas coisas e sabe disso, não aja como um amante ciumento. – Pediu, beijando o pescoço do espanhol. – Não vamos perder nosso precioso tempo juntos discutindo, achei que já estivesse bem claro.
– Então fique comigo, vamos contar para todos que estamos juntos. – propôs, segurando a cintura da mulher. – Case-se comigo.
– Belo. – sorriu grande e negou com a cabeça, devagar. – Você sabe que não posso. – A advogada voltou a beijá-lo no pescoço e ombros. – Você é visto como um homem machista, um pouco preconceituoso e com comportamento...sutilmente problemático. – Ela listou e a encarou atônito. – Você e eu, uma colombiana vulgar...não seriamos vistos como um dos melhores casais.
– Não acredito, não acredito que é por isso. – balançou a cabeça negativamente.
– Belo, você está se tornando cansativo...– expirou profundamente e voltou a se sentar do outro lado da banheira, entediada e cansada por ter que voltar aquele assunto por mais vezes do que julgava necessário.
se contentou a baixar o olhar e se concentrar nos movimentos que seus dedos faziam, agitando a água quente. O espanhol manteve-se em silêncio por algum tempo, até resolver se pronunciar novamente.
– Se sou especial, se gosta de mim de alguma forma...posso fazer um pedido? – perguntou, observando a expressão dela.
– Me surpreenda, senhor . – sorriu.
– Não veja mais Pérez.
– Como? – Ela franziu o cenho. – Sergio Pérez? Por que ele?
– Ele também fala espanhol. – levantou os ombros. – E eu vi a reação dele quando te viu, o jeito que ele te olhou...diferente dos outros.
– Não vou prometer algo que não sei se posso cumprir. – respondeu de pronto, mas repensou sua resposta em seguida, quando notou o espanto e incredulidade do espanhol. – Mas posso tentar evitar e não deixar que ele conheça minha cama.
– Não é suficiente. – resmungou.
– É o que posso oferecer. – A colombiana deu de ombros e voltou a fechar os olhos, relaxando na água quente.
Era mais um dia tedioso no autódromo, assistindo a mais uma parte tediosa daquele Grande Prêmio. Nem mesmo podia ter o colírio de ver de perto os pilotos, nem mesmo podia vê-los já que todos usavam capacetes e roupas apropriadas que não deixavam nem um centímetro de pele a mostra.
Enquanto bebia devagar seu champanhe, a advogada desviou o olhar para fora, tentando encontrar alguém tão entediado quanto ela, com quem pudesse conversar. Algum tempo depois, uma movimentação estranha chamou a atenção da advogada novamente, todos estavam reunidos frente as telas, tensos e com olhares assustados. Seus ouvidos captaram e entendera se tratar de algum acidente, por isso, também se direcionou para junto do grupo.
Pôde ver um carro vermelho, despedaçado depois de se chocar contra uma das barreiras de contenção ao redor da pista. As vozes e a tela revelaram logo se tratar de , o espanhol com quem, a menos de vinte quatro horas atrás compartilhara a banheira. Por mais que tentasse, a advogada não podia conter o medo e a ansiedade de se abaterem sobre ela, temia pela vida de , obviamente. Não era um monstro sem sentimentos, possuía certo apego pelo espanhol, preocupava-se com sua vida.
– Está tudo bem? O que houve? – Perguntou nervosa, com olhos arregalados e pernas bambas. – Alguém pode me responder? – Insistiu diante o silêncio das pessoas.
– , bateu forte. – Alguém aleatório disse, apontando para uma das telas.
congelou, impassível, lutando internamente para não movimentar um músculo sequer. Não queria que qualquer pessoa percebesse qualquer interesse de sua parte, ou afeição pelo piloto espanhol.
Quase duas hora haviam se passado desde o acidente até o final da corrida que consagrava Max Verstappen como vencedor, seguido por Lewis Hamilton e Valtteri Bottas. mal podia esperar para deixar a presença tediosa daquelas pessoas e ir embora, também estava mais ansiosa do que gostaria de admitir por mais informações sobre o estado de saúde de , que vira sendo removido de ambulância do circuito, mesmo conseguindo caminhar sozinho até o veículo. Mas infelizmente tinha uma tarefa a cumprir, e segundo sua intuição, os momentos após a celebração do pódio eram os mais propícios para isso.
Andando pelo paddock, não demorou para que a advogada alcançasse a figura de Max Verstappen, um de seus antigos casos, mas que agora parecia mais interessante do que nunca e que se dirigia despreocupado e sorridente para o motorhome de sua escuderia, cercado de outras pessoas igualmente felizes. Quando o piloto holandês notou a figura da advogada, passou a encará-la com curiosidade.
– Parabéns, Max. – sorriu ao se aproximar. – Foi uma vitória muito merecida.
– Obrigada. – O holandês inclinou a cabeça sobre o ombro, confuso com a presença da advogada. – Você assistiu a corrida? – Perguntou ao mesmo tempo que acenava para o grupo que o acompanhava, ficando a sós com a mulher.
– Estou realizando alguns serviços particulares para a federação, ele me convidou para assistir. – contou.
– E você veio aqui só para me parabenizar? – Max indagou, desconfiado.
– Claro, por que eu não viria? – A advogada abaixou os ombros, segurando a bolsa nas mãos, na frente do corpo e baixando o queixo, permitindo que o piloto a olhasse de cima. – Eu sei que as coisas não acabaram bem entre nós dois, mas isso não significa que deixei de gostar de você. – Declarou, tocando o braço de Verstappen, que acompanhou o movimento dela com o olhar.
– Depois de tudo...você estava na cama...na cama com Totó Wolff, dizer que as coisas não acabaram bem é eufemismo. – Max acusou.
– Ainda me pergunto como pude trocá-lo por ele. – projetou o lábio inferior, fingindo-se chateada e se aproximou mais dele.
– E o que você quer? – Max não disfarçava sua desconfiança, mas não costumava ver naquela posição, vulnerável, meiga e dócil, de certo modo. Aquela visão reaviva certos sentimentos que o holandês lutara para sufocar.
– Nada, Max...eu juro. – suspirou. – Só te parabenizar, meu sentimento é genuíno. Estou realmente feliz por você.
– Confesso que vencer e ver a cara do Wolff me olhando do chão...foi mais satisfatório que pensei. – Max levantou os ombros e torceu a boca, exalando sua conhecida arrogância.
– Ele sempre soube que você era uma ameaça. – contou, enfatizando com o olhar o duplo sentido de sua fala.
– É bom que ele se sinta ameaçado...– Verstappen rosnou, perdendo-se em seguida nos olhos e boca da mulher que estava perto demais.
– Você deve mostrar a ele...deve mostrar que ele não é páreo para você. – sussurrou, aproximando-se do piloto, olhando fixamente em seus olhos. – Não é páreo para você nas pistas...nem em outros lugares. – Disse perto demais da orelha do holandês, e sorriu leve quando notou a pele arrepiada no pescoço de Max.
– Ele não é...– Verstappen concordou baixinho.
– Então não o deixe vencer...em nenhum campo. – aconselhou, com os olhos presos aos olhos de Verstappen. – Pensei muito em você nos últimos tempos...até comprei aquele vinho que você gostava. – A advogada sorriu e percebendo os olhos do holandês presos a sua boca, umedeceu os lábios calmamente. – Pensei em tomar algumas taças hoje à noite...só para relaxar.
Dizendo isso, sorriu novamente, em seguida beijou o canto da boca de Max e lentamente tocou a bochecha do piloto com a ponta de seu nariz. Depois sorriu de novo e deu-lhe as costas, se afastando e caminhando em direção a saída, vez ou outra, olhava para trás, sempre encontrando a figura estática de Max Verstappen a assistindo partir. O jogo havia começado.
Quando entrou no carro e pôde deixar de lado a persona frágil e feminina que havia incorporado, percebeu algumas mensagens em seu celular.
~ Te necesito mucho hoy.(Preciso muito de você hoje.)
Ao ler aquela mensagem, o coração de se acalmou ao menos um pouco, estava bem o suficiente para ser pegajoso e ainda podia digitar mensagens.
Para , nada no mundo era mais atraente do que um homem difícil, desafiador, inalcançável. Era uma motivação, conquista-los, traze-los para perto, dominá-los apenas para provar para si mesma que conseguia, que podia.
Adorava a fama de mulher fatal, sem sentimentos e sexualmente insaciável, apesar de se tratar de um grande exagero dizerem de sua falta de sentimentos, claro que tinha sentimentos, muitas vezes eram eles que a faziam escolher, que a impulsionavam a seguir adiante. Sua paixão pela vida e pelos homens, pelas sensações que lhe causavam, como ainda podia ser chamava de insensível? Sem sentimentos?
Suas escolhas eram passionais, quase sempre, as vezes limitadas por certo pragmatismo, mas norteadas por suas vontades. Naquele momento, enquanto respondia com paciência as mensagens de , esperava que o vinho alcançasse sua temperatura perfeita, e finalizava sua maquiagem, vestida no robe de tule preto, nenhum ser humano na terra poderia acusa-la de não ter sentimentos. A escolha da noite fora feita puramente por emoção, proteção e respeito, em nome da pessoa que mais amava no mundo.
Afinal, quem vive preso, incapaz de amar a só uma pessoa? se imaginava sendo um pássaro, e pássaros voam para onde querem, sempre. Não é bom que um pássaro viva em uma gaiola, portanto, também não achava justo viver.
ajeitou o tecido fluido ao corpo quando ouviu a campainha, dirigindo-se a porta com paciência. Sabia que provavelmente teria uma longa noite de explicações, acusações e dramas, mas esperava que em algum momento da noite de domingo, recebesse algum cuidado, o tratamento que precisava. A advogada abriu a porta e mordeu o lábio devagar, permitindo que o homem percebesse sua falsa hesitação, depois sorriu com doçura.
– Que surpresa. – sorriu mais aberto, mostrando os dentes e rindo abafado. – Não esperava vê-lo aqui essa noite. – Mentiu. Sabia que ele viria, o havia provocado para isso.
– Não consegui parar de pensar no que disse. – Ele confessou. – Eu precisava vir aqui...vir até você...
– Xiu...– aproximou-se dele, tocando-lhe os lábios. – Relaxe, não precisa se explicar, existem outras coisas mais divertidas que podemos fazer, Max. – Ela sorriu.
FIM.
Nota da autora:Sem nota.
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