Capítulo Único
Blackpool, Inglaterra – 14 de dezembro de 2014, 22:23hs
A luz da lua iluminava o quarto, enquanto uma mulher sentada no chão gelado do cômodo olhava atentamente para uma foto antiga. Aquela foto dizia tanto sobre quem ela foi e como sentia-se anos atrás que era como se pudesse voltar ao passado ao admirar aquela fotografia. Esperava por um chamado em seu celular que nunca vinha, sentia seus olhos arderem pedindo que a mulher de longos cabelos castanhos permitisse que as lágrimas rolassem pelo seu rosto. Mas, ela não deixaria. Não podia mais chorar, estava cansada de tudo aquilo, lembrava-se dos anos passados com tanto amor e carinho, mas que em pouco tempo tornava-se dor e mágoa. Não queria que seus sentimentos mudassem tão bruscamente, da água para o vinho, mas aquela distância estava lhe matando de pouco em pouco.
ouviu o barulho característico do seu Skype, que vinha diretamente do notebook aberto à sua frente, olhou com um pequeno sorriso formando-se no canto de sua boca.
Abriu o ícone, e em segundos a tela que antes estava toda preta tomava cor e forma, e logo estava ali o homem responsável por suas lágrimas e sorrisos, medos e certezas. sorriu e coçou os olhos, parecia ter acabado de acordar, mesmo ela tendo certeza que era impossível, já que onde ele estava, ainda era cedo para estar dormindo.
E então, como se as palavras sumissem e fossem pouco para explicar o que estava acontecendo com ambos, abaixou a cabeça deixando os cabelos crescidos sobre seus olhos, como um véu que impediu que visse o olhar triste dele. Ela olhou para o lado, observou o seu filtro dos sonhos pendurado ao lado da janela, e permitiu, finalmente e exausta de tanto segurar, que as lágrimas molhassem seu rosto.
- Não chora, , por favor. – ele quebrou aquele silêncio que parecia ser eterno entre eles.
- O que você quer que eu faça? – ela o olhou, magoada.
- Só... Não chora. – ele suspirou.
- Oh, claro, é muito fácil para você falar. – ela disse irritada. – Isso, , é o que eu mais tenho feito desde que você foi embora. – ela falava nervosa, ressentida, chorosa.
- Você diz como se tudo fosse culpa minha, mas , não é minha culpa. Nem sua. – ele bagunçou os cabelos, ela fechou os olhos e respirou fundo, criando coragem para lhe lançar a pergunta que habitava há dias em sua mente. O inevitável havia chegado. Era o fim iminente deles.
Ela sabia. Ele sabia. Todos sabiam.
Só precisavam aceitar isso.
- Tudo bem, você tem razão. – ela respirou e inspirou, a encarou, queria tanto poder estar dentro daquele quarto minúsculo e rosa dela, poder tocar seu rosto e enxugar aquelas lágrimas, lhe fazer cócegas e dizer repetidas vezes o quanto a ama.
Ficaram em silêncio, sem coragem de quebrar o contato visual e aquele momento tão tranquilo que criaram em segundos. Por fim, balançou a cabeça abrindo um sorriso diferente do que costumava dar a ele, era um sorriso acima de tudo, triste.
- Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
E foi com essas palavras que deixou que sua armadura caísse aos seus pés junto das lágrimas. O coração dele trincou enquanto ouvia a voz dela, tão doce e delicada, pronunciar aquela frase.
Aquela maldita frase.
Ele estendeu a mão em direção à maçã do rosto dela, mesmo sabendo que não lhe tocaria a face, e sim o gelo da tela do computador. Ela limpou os olhos e olhou para o outro lado. fechou os olhos, a mão ainda estendida, lembrando-se de quando a história deles começou e quando aquele inferno iniciou-se.
Blackpool, Inglaterra – 5 de outubro de 2011, 12:17hs
caminhava atrapalhada, com seus livros e cadernos nos braços, em direção à sua casa. A música que saía dos seus fones de ouvidos no último volume, os cabelos presos desajeitadamente em um coque e a blusa cropped totalmente inadequada para usar num colégio era o que tornava a menina alguém tão incrivelmente diferente. Ela pouco se importava com o que poderiam falar ou pensar dela. Estava satisfeita consigo mesma. Estou tão feliz!, pensava enquanto subia os primeiros degraus da varanda de sua casa.
Foi quando o viu.
O vizinho irresistivelmente lindo. O cara mais alto astral do mundo. O garoto mais popular da escola. O seu amor de infância. O seu melhor amigo.
encontrou o olhar de sobre si e sorriu, lhe mostrando a língua em seguida. Ela fez careta e abriu a porta de casa, dando beijos em sua mãe e indo para seu quarto.
Seu quarto pequeno e todo rosa. Seu lugar de paz.
Jogou os livros em cima da cama junto com o iPod, e soltou os cabelos balançando-os de um lado para o outro. Começou a puxar a blusa para cima quando ouviu um barulho na janela, estava com a boca levemente aberta observando o corpo da melhor amiga, na janela do seu próprio quarto. Ela revirou os olhos e abriu a janela segurando o riso.
- Tarado. – ela sibilou divertida e ele fez careta. – Faltou hoje, ? – ela o questionou.
- Não estava com vontade de ir para o colégio. Fiquei até tarde escrevendo uma música nova. – ele confessou, e arregalou os olhos, enquanto passava suas pernas pela janela e sentava-se ali, sem preocupação alguma em... Cair no quintal de sua casa. – , sai daí agora.
- Para de ser medroso, . – mostrou a língua rindo. – Eu estou segura. E, música nova? Eu quero ouvir. – ela juntou as mãos em frente ao seu rosto e ele estendeu a mão como se fosse segurá-la.
- Eu mostro, juro por tudo que é mais sagrado que eu te mostro, mas desce daí. – ele pediu carinhoso e preocupado, ela bateu palmas sorrindo e voltou para dentro do quarto.
- Eu vou tomar banho e já vou para sua casa, ok? – ela avisou observando os olhos castanhos e grandes do seu melhor amigo brilharem, ele sorriu assentindo, e fechou a janela e cortina correndo para o banheiro.
A morena tomou um banho quente e demorado, e quando saiu dali enrolada numa toalha, ficou por mais alguns longos minutos procurando por uma roupa. Era impossível não tentar chamar a atenção de . Queria sempre estar linda e cheirosa, mesmo que ele nunca demonstrasse sentir algo por ela. O que a garota não sabia era que não precisava de nada daquilo... era completamente louco por ela desde os doze anos de idade. Desde que tinha vindo morar ao lado da casa da menina. Ele já estava apaixonado há anos e não tinha coragem de falar. O medo de perder a amizade dela era mais forte do que a esperança de receber um sim.
escolheu, por fim, um cropped azul marinho com o contorno de flores brancas e um short de cintura alta preto, calçou suas sapatilhas pretas e prendeu os cabelos molhados num rabo de cavalo. Saiu em direção à casa do menino.
Depois de falar com a mãe de , subiu até o quarto dele, que abriu a porta usando uma bermuda preta e regata cinza, os cabelos bagunçados como sempre. Ela lhe deu um beijo e pulou na cama, deitando de bruços e esperando-o começar a tocar a nova música para ela.
E ele o fez. Tocou e cantou repetidas vezes para ela, esperando que ela entendesse cada letra, cada palavra ali escrita e cantada.
Tudo era para ela. Sempre foi e sempre seria.
sentou na cama com as pernas cruzadas como de índio e o chamou com a mão, batendo no lugar vago à sua frente, ele abandonou o violão no chão e sentou de frente para a morena. E, sem que esperasse por um gesto dela, o abraçou tão apertado que ele pensou que estava ficando sem ar. Era sempre tão bom senti-la em seus braços, naqueles momentos sonhava como seria tê-la como sua, poder falar que não era apenas sua melhor amiga, mas sua namorada. Ele sorriu fechando os olhos e sentindo o cheiro do shampoo de morango dela.
Ela afastou-se minimamente, e tomada por um ato de coragem, segurou o rosto dele entre suas mãos pequenas e macias, encostou seus narizes num gesto fofo e delicado. E, não esperou que a coragem fosse embora, aproximou seus lábios dos dele e ficou parada. Ela queria muito que todas as palavras cantadas minutos atrás significassem o que ela tinha entendido, queria tanto que aquilo que ela sentia fosse correspondido, fosse sentido por igual. Ainda estava parada como uma estátua, quando sentiu a mão de segurar seus cabelos e abrir a boca, passando a língua por entre seus lábios, pedindo-a que lhe desse passagem para lhe beijar corretamente. E ela lhe deu livre acesso para beijá-la como bem queria.
Os dois beijaram-se apaixonadamente, mordendo os lábios, acariciando os fios de cabelos, o puxando pela regata, deixou seu corpo descansar na cama enquanto sentia o corpo de sobre o seu. Ele afastou-se, depois de alguns minutos de muitos beijos, e a encarou esperando qualquer reação negativa dela. Ela, por sua vez, sorriu. E foi com o sorriso dela que o garoto teve certeza que eles nunca mais ficariam só. Teve certeza que aquele era o começo de uma grande história de amor.
Blackpool, Inglaterra – 15 de fevereiro de 2012, 17:54hs
A morena não conseguia acreditar que o dia sempre tão especial para ela estava sendo aquela droga. Era o seu dia. O seu aniversário de dezesseis anos, era para todos desde seus pais até o seu melhor amigo ‘colorido’ estarem lhe mimando o dia inteiro, mas não, aparentemente nem lembrar que hoje era o seu aniversário eles pareciam ter se lembrado. E, o dia já estava tornando-se tarde, e mesmo assim não tinha recebido nem um parabéns sequer.
Estava chateada, decepcionada e magoada.
Então ninguém se importava com ela? Ninguém lembrava dela, afinal?
Ela divagava enquanto voltava do mercado, com uma sacola pequena contendo uma latinha de Coca-Cola e uma bolacha de morango, para casa. O rosto distorcido em uma careta zangada, chutava as pedrinhas que entravam em seu caminho, conversando sozinha. Pensava em como seus pais agiram o dia todo normalmente. Aquilo não era normal, nem sua mãe lembrara que foi naquele dia que a sua bebê, e motivo de tê-la feito gritar e sofrer uma dor tremenda, nasceu. E, ainda tinha o vizinho, o seu queridinho , que resolvera sumir da noite para o dia. Não mandou uma mensagem, não ligou em nenhum momento. Estava triste e irritada, e era definitivo.
Subiu os degraus da varanda de sua casa na maior paciência e lentidão, queria somente entrar em seu quarto e dormir. O dia podia acabar logo, afinal.
Parou em frente à porta notando que a casa estava completamente apagada, procurou dentro do short a sua chave, e quando girou o trinco, abriu a porta e acendeu a luz, quase caiu para trás. Pois no momento em que a luz acendeu ouviu um barulho de bexiga, um estouro, glitter e purpurina caindo do céu, e um coro de “Surpresa” soando por todo o cômodo. Olhou encantada e emocionada para o centro da sala de estar e encontrou os olhares e sorrisos de todos aqueles que eram tão importantes para a garota. Estavam ali seus pais e avós maternos, a tia Anne, suas melhores amigas: Amber e Ally, com seus namorados e amigos da morena: Will e Daniel, e claro, .
Ela deixou as lágrimas rolarem pelo seu rosto enquanto abraçava seus pais e ouvia o resto da turma cantar “Parabéns pra você” em meio aos risos. Beijou e abraçou a todos, recebeu seus tão desejados presentes, comeu muita coisa gostosa, deu o primeiro pedaço de bolo para os seus pais, agradeceu pela surpresa e sorriu. Sorriu o resto da noite toda.
Seus amigos já tinha ido embora, Tia Anne, sua vó e sua mãe conversavam na cozinha enquanto arrumavam as travessas limpas em seus devidos lugares, e o seu pai e avô conversavam na sala enquanto jogavam baralho. a chamou para sentar com ele na varanda, e ela foi de prontidão. Sentaram-se lado a lado no sofá pequeno que estava no canto da varanda e ficaram em silêncio observando a rua.
- Você gostou da surpresa? – o menino perguntou tímido, totalmente diferente do que ele costumava ser, ela riu.
- Muito, muito. – ela confessou. – Pensei que todos tinham se esquecido de mim... Fiquei tão triste o dia todo. – ela fez bico e olhou para as mãos.
- Desculpa. – ele segurou a mão dela.
- Valeu à pena. Obrigada por ter ajudado nessa surpresa. – ela disse o encarando com um sorriso nos lábios.
- Acho que falta uma coisa. – ele disse depois de uns minutos encarando a menina em silêncio, ela franziu a testa confusa.
- O que?
- Meu presente para você. – ele disse e ela riu, o analisou ficar em pé olhando para a rua, respirar fundo e voltar seu olhar para , as duas mãos nos bolsos. – Meu presente é simples, mas sincero. E é um presente meu e seu. Você é minha melhor amiga, eu te conheço desde que tinha dez anos, mas faz somente quatro meses que algumas coisas mudaram para nós. Eu não sei você, mas pra mim, isso que temos sempre foi o certo e o que eu queria. Eu sei que não definimos nada do que temos. Eu sei que estamos juntos e que, segundo você, isso basta. Mas, não para mim. Eu quero além disso, eu quero que saibam que você é minha. Que eu te amo. Que você é a garota que eu escolhi para ser minha... Minha melhor amiga, minha companheira, meu amor, minha namorada. E eu só quero saber se você quer isso também. – ele respirou fundo e tirou do bolso uma caixinha abrindo-a revelando um anel prata fino, delicado e bonito. – Você quer ser minha namorada? – ele perguntou com a voz num sussurro.
- ! – ela disse baixo olhando para as mãos respirando fundo. – Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Eu aceito, é claro que eu aceito. – ela disse pulando em cima do garoto, jogando seus braços ao redor do pescoço do garoto distribuindo alguns selinhos nele. – Você é um fofo quando fica envergonhado. – ela disse rindo.
- Você é linda. – ele beijou a testa dela. – Parabéns, princesa. – ele disse próximo aos lábios da menina.
A porta se abriu e a mãe da menina olhou o casal com um sorriso no rosto, os chamou pedindo que se despedissem dos avós e da tia da menina. Depois disso, ficaram sentados no sofá conversando e rindo, enquanto os pais da menina iam dormir.
Depois de uma hora, estava nervosa e ansiosa. Era meio óbvio que quando ficasse sozinha com , os dois iriam aproveitar o momento para trocarem beijos e carinhos, mas ela não pensou que iria sentir tanta vontade de dar um passo a mais em sua relação com o garoto. segurava seu rosto e beijava seus lábios com calma, enquanto pensava se iria em frente ou não com o que estava planejando. Ela arrastou suas unhas devagar pelo contorno dos braços do namorado e o sentiu tremer apreciando o gesto, e então, ela soube que queria aquilo, sim.
Afastou os lábios dos dele e sorriu, segurou a mão dele, e se levantou do sofá o trazendo junto dela. Desligou a televisão e começou a subir as escadas na ponta dos pés, toda aquela situação que estava criando era arriscada, e só de pensar que iria fazer aquilo com os pais em casa, pensava em desistir. Mas, era só olhar para os olhos confusos e ansiosos de , sentir a mão quente dele na sua e o calor por todo seu corpo, que todo medo e vergonha evaporavam. Abriu a porta do seu quarto e fez com que o moreno entrasse primeiro no cômodo, em seguida, trancou a porta em silêncio.
ficou parado no meio do quarto observando desligar seu celular, fechar as cortinas e apagar as luzes deixando somente o abajur em formato da Torre Eiffel ligado. A menina andou até ele e resgatou do bolso dele o celular do próprio e o desligou deixando ao lado do seu aparelho, e por fim, sorriu. Um sorriso lindo e tímido. E, que já estava começando a entender o que queria, compreendeu tudo naquele momento, com aquele sorriso.
- ... – ele disse baixo.
- ... – ela repetiu caminhando até ele.
- Você tem certeza do que quer? – ele observou colocar suas pequenas mãos por dentro da camiseta dele e arranhar levemente a cintura do garoto.
- Absoluta. – ela sussurrou. – Eu te amo, , eu te escolhi. Eu quero que você seja o meu primeiro e único homem. Eu quero que seja você quem vai me ensinar cada movimento, que vai me fazer sentir cada nova sensação e me mostrar algo novo. Eu quero você, . Quero muito. – ela mordeu o lábio inferior e aproximou o rosto da curva do pescoço do garoto.
- Você se sente pronta, ? – ele perguntou preocupado, mas já sentindo-se excitado com as palavras dela. – Eu não quero te machucar, princesa.
- Você não vai me machucar, amor. – ela disse, antes de beijá-lo com todo carinho que conseguiu, o puxou pela camiseta o trazendo junto de si para sua cama.
Sentiu os joelhos cederem e caiu na cama com sobre seu corpo miúdo. Sentiu os beijos do namorado descerem do seu rosto passando pelo seu pescoço até que chegaram ao seu busto. Levou sua mão até o cabelo dele e acariciou os fios, passando a outra mão pelas costas dele.
Não sabe como ou quanto tempo levou para que ficassem somente com uma peça de roupa cada um. Uma calcinha pequena, rendada e branca. Uma boxer preta. Eram somente dois pedaços de pano que os impediam e lhe davam um limite para consumar o ato. gemeu baixinho quando o garoto, perdendo a vergonha, começou a beijar, sugar e morder os seios da menina, acariciando o interior da coxa dela, os dedos quase encostando na virilha de . Ela deixou de lado a vergonha também e puxou para baixo a cueca dele, revelando a sua intimidade, deixando-a totalmente corada e sem reação.
afastou-se e acariciou os fios de cabelo que grudavam no rosto de , e sorriu enquanto pegava do chão a sua carteira e pescava uma camisinha dali de dentro. Protegeu-se devidamente e depois de verificar se a namorada estava preparada e receber como resposta um sorriso seguido de um longo beijo, passou a penetrá-la devagar.
Ele tinha que se conter, porque a sensação que tinha era tão gostosa que, puta merda, queria se enfiar todo ali de uma vez só, mas sabia que para não estava sendo uma sensação tão boa assim. Pelo menos, não por enquanto. Ela fez uma careta de dor, mordeu a língua dele por descuido, fechou os olhos e apertou o braço dele. Estava doendo, não era impossível de aguentar, mas não estava sendo gostoso como queria que fosse. a beijou na curva do pescoço e na clavícula, voltando para seus lábios avermelhados.
- Vai ficar bom, , eu juro. – ele sussurrou, seus lábios se tocando aos poucos. – Você só precisa se adaptar comigo dentro de você. – ele entrou inteiro e ficou imóvel, observando os traços delicados e femininos da namorada.
- Promete que vai ficar gostoso? Tão gostoso que eu vou fazer essa cara safada que você está fazendo? – ela perguntou mordendo o lábio inferior e ele gemeu baixinho, as palavras dela o atiçando mais.
- Vai ser bom, amor, tão bom que a carinha que você vai fazer será mil vezes melhor e mais safada do que a minha. – ele disse mexendo-se levemente e fechou os olhos sentido seu interior aquecer.
E, após aquelas palavras, começou a se movimentar devagar e espontaneamente contra o sexo do namorado, passou a pedir baixinho para que ele a acompanhasse, movimentando-se contra seu corpo. E foi bom. Foi gostoso para ambos. Eles sorriram, fizeram caras bem mais safadas, gemeram baixinho um contra a boca do outro, ela o arranhou, ele a mordeu e se beijaram. Beijaram-se muito mais. Na realidade, nada daquilo estava sendo carnal ou um desejo adolescente. Estava sendo uma troca de amor e carinho. Estavam fazendo amor.
Puro e simples: amor.
Blackpool, Inglaterra – 07 de dezembro de 2013, 09:37hs
A primeira coisa que a garota ouviu foram os barulhos de pratos e a conversa alegre no andar de baixo entre seus pais. Apoiou-se nos antebraços, observando o quarto todo revirado, o vestido que tinha usado na noite anterior em sua formatura e baile da escola estava esticado sobre a poltrona do canto do quarto, os sapatos jogados de qualquer forma ao lado. A janela estava semi aberta deixando o ar gelado da manhã junto com poucos raios de sol entrarem no cômodo, a morena olhou ao lado procurando por outro corpo, mas encontrou o vazio, somente um pedaço de papel. Rolou pela cama ficando de bruços, os cabelos bagunçados caindo pelas costas nuas, e segurou o papel em seus dedos lendo-o.
“Minha princesa, estava tão linda dormindo que eu não quis te acordar. Saí logo que amanheceu, não queria que seu pai me matasse um dia depois de estarmos formados. Mas, depois do horário do almoço eu voltarei.
Te amo. Seu ”
deu um sorriso bobo, divertindo-se com o bilhete do namorado, enfiou o rosto entre as almofadas sentindo ainda o perfume amadeirado do garoto, e lembrando-se dos momentos passado com ele na noite anterior. O momento que receberam o Diploma, a mensagem dela como oradora da turma, a valsa com o namorado, a diversão entre eles e os amigos, e por fim, a noite que passaram juntos desfrutando dos seus carinhos e beijos.
Cada pequeno toque. Cada beijo. Cada sussurro e juras de amor trocadas.
Ainda conseguia sentir os dedos dele trilhando todas as suas curvas até alcançar a sua cintura, as sensações sempre que ele a tomava como sua e movimentava seu corpo contra o dela.
podia gritar de tanta felicidade. Ela o amava tanto que ardia dentro de si.
Resolveu levantar-se, quando notou que o horário passava das nove da manhã. Empurrou as cobertas para o lado e correu para o banheiro, e enquanto lavava o cabelo desmanchando-se do penteado e do mousse que passara para fixar suas madeixas no lugar, teve uma sensação tão ruim... Tão alarmante, que teve que se apoiar na parede respirando fundo. Olhou para frente observando seu reflexo no boxe do banheiro e tentou acreditar que o que havia sentido não era nada. Não podia ser. Não era um sinal dizendo que algo ruim ia acontecer, não podia.
Saiu do banheiro um pouco menos alegre do que antes, já tinha separado um short jeans para vestir, quando notou a mudança brusca que o tempo dera em poucos minutos. O sol que antes estava brilhando no céu, estava encoberto pelas nuvens, e o céu começava a ficar acinzentado mostrando que logo a chuva cairia. sentiu um arrepio, e voltou-se para o guarda-roupa colocando uma calça jeans preta e uma blusa de manga longa branca com lilás. Deixou o cabelo solto para que secasse, e já estava pronta para ir até a cozinha quando ouviu alguns gritos na casa ao lado. aproximou-se da janela e observou pela janela de vidro da casa vizinha, os pais de gritando um com o outro, franziu a testa confusa e resolveu ir até onde os seus pais estavam.
- Marien tinha me dito que estava complicada a situação entre eles, Matt. – Louise, mãe de , falava com o pai da garota.
- Você acha que eles vão... – Matthew estava no meio de uma frase quando apareceu na cozinha.
- Filha! – Louise disse sorridente, e claramente mudando de assunto. – Dormiu bem?
- Sim. – a menina disse olhando desconfiada para os pais.
- Diga ao que eu sei que ele dormiu aqui. – o pai dela disse cruzando os braços. – Ele não precisa continuar saindo pelo amanhecer como um fugitivo. – arregalou os olhos corada.
- Pai, é porque, ai, o senhor sabe que... – ela começou tentar se explicar, e a mãe riu divertida.
- Não quero ouvir, . Não precisa explicar, eu sei como vocês jovens são, eu só não quero o namorado da minha filha saindo escondido do quarto dela durante a madrugada. – ele piscou um olho, e a menina riu.
- Você é o melhor pai do mundo. – ela pulou no colo dele lhe dando um beijo na bochecha.
**
O clima ali estava tão bom e alegre que era um contraste com a casa vizinha.
Desde o momento em que saiu do seu banho, ouvia as vozes dos seus pais e os passos agitados pela casa, mas foi somente quando chegou na casa que notou, talvez pela primeira vez em muito tempo, que a sua família estava ruindo debaixo dos seus olhos. Marien, sua mãe, estava com um porta-retratos que continha uma bonita foto da família reunida, erguido, pronta para jogar sobre Joseph, que a encarava com um copo de Uísque na mão e um sorriso zombeteiro nos lábios. observou o porta retrato ser jogado e se estilhaçar na parede tornando-se cacos e mais cacos, o moreno ofegou dando um passo para trás, querendo entender o que acontecia ali.
- Mãe! – ele falou tentando chamar a atenção da mulher, mas Marien voltou a gritar com o marido, as lágrimas correndo pelo rosto.
- Você não pode agir como se nada tivesse acontecido. – ela ignorou o filho, caminhou até Joseph pegando o copo da mão dele e jogando ao chão.
- Pare de quebrar tudo, mulher. – o homem disse casualmente olhando para os vidros aos pés do casal. – Alguém pode se machucar.
- Você me traiu, seu filho da puta, na minha cama com uma vagabunda que tem a idade do seu filho. – ela disse com a voz beirando à loucura, arregalou os olhos, e somente ouviu o estralo do tapa que sua mãe dera em seu pai junto ao trovão que deu início ao grande temporal.
O garoto estava ainda paralisado, os minutos começaram a correr, enquanto seus pais gritavam, jogavam coisas um sobre o outro.
Joseph bebia e Marien chorava.
estava decepcionado e assustado.
Como tudo aquilo tinha acontecido e ele não tinha visto? Não tinha notado? Sentou-se na escada e ouviu as vozes altas tornarem-se um silêncio assustador, observou o dia claro e bonito tornar-se uma tarde acinzentada e fria, e então, logo estava de frente aos seus pais ouvindo o que ele já sabia que iria ouvir, só não acreditava.
Eles iam se separar. Estava decidido.
Só não conseguiu digerir o resto da informação que veio acompanhada com esse fato. Sua mãe não ficaria naquela casa, mas era além disso, e o que ouviu de Marien acabou com tudo que tinha planejado por anos. Ele negou, gritou com os pais, ficou vermelho de ódio, e por fim, chorou dentro do seu quarto, revoltado por como as merdas do seu pai influenciavam na sua vida.
A chuva ainda não tinha cessado quando o garoto bateu na porta da casa vizinha e foi recebido por um abraço reconfortante e conhecido por ele. o apertou contra seu corpo pequeno e sentiu as lágrimas dele molharem a camiseta do seu pijama, entrelaçou seus dedos e o puxou para a sala da sua casa, e ficou em silêncio olhando para o namorado. Ele limpou as lágrimas, depois de poucos minutos, segurou o rosto dela e a beijou com todo carinho que pôde colocar no ato, ela o acompanhou mesmo confusa.
- O que aconteceu, ? – ela perguntou baixo, temerosa. – Eu ouvi os gritos, fiquei tão preocupada...
- Shh... – ele colocou o dedo indicador sobre os lábios vermelhos dela. – Faz amor comigo, . – ele pediu e a morena franziu a testa.
- ... – ela o questionou, mas ele ficou em pé caminhando até o quarto dela.
E quando a porta fechou-se, mesmo sabendo que os pais da garota estavam em outro cômodo, muito possivelmente acordados: eles fizeram amor. Ele a tocou de um jeito diferente e sentiram juntos algo que nunca chegaram perto de sentir. a beijou com devoção, gravando em sua mente cada curva dela, a excitando como nunca antes, e tentando o máximo lhe mostrar como seus beijos, carícias e olhares o quanto a amava e sempre iria amar. Ela era muito mais do que a sua primeira namorada. O seu primeiro amor. era quem ele escolheu para ser a mulher da vida dele. Com as mãos entrelaçadas acima da cabeça da morena, os lábios encostados e os olhos fechados, chegaram ao ápice dos seus prazeres, deixando os seus gemidos satisfeitos ecoarem por todo o quarto acompanhando o batimento acelerado dos seus corações.
estava sobre o peito dele, acariciando levemente os cabelos desgrenhados do namorado, e ele a beijou antes de ficar em pé e se trocar lentamente. Ela o acompanhou e quando terminaram sentaram-se lado a lado na cama da menina, observando pela janela fechada a chuva que caia lá fora.
- Meus pais vão se divorciar. Ele a traiu, na nossa casa, com uma aluna dele. – começou a falar baixo, o encarou surpresa. Sempre viu Marien e Joseph como um casal feliz e apaixonado. – E isso não é tudo... – ele apoiou os braços sobre as coxas e escondeu o rosto em suas mãos soltando um resmungo e algumas lágrimas, encostou a cabeça nas costas dele acariciando o braço do namorado.
- Eu sinto muito, amor. – ela falou baixinho. – Isso não é tudo? Como assim? – ela perguntou depois de uns minutos em silêncio, ele ergueu o rosto e a encarou.
- Minha mãe não vai continuar nessa casa. – ele prendeu a respiração e soltou aos poucos. – Nós, eu e ela, vamos nos mudar.
- É claro, , sua mãe não pode mesmo continuar no mesmo teto que o seu... Pai. Seria terrível para ela. – a menina concordou.
- Nós vamos nos mudar para Nova York, ... – ele disse num sussurro sofrido e ela arregalou os olhos se afastando dele.
- O quê?
- , isso não vai mudar nada entre a gente, eu juro. Eu vou com minha mãe porque ela precisa de mim, mas eu vou voltar. Eu vou voltar pra você. – ele aproximou-se da garota e segurou as mãos dela. – Eu já pensei em tudo... Eu vou começar a faculdade e arrumar um emprego, e então, quando você fizer dezoito, ano que vem, eu venho te buscar para morar comigo e terminar sua faculdade lá. Você aceita? Você quer? – ele pediu angustiado, desesperado pelo sim.
- ! – ela o abraçou apertado deixando as lágrimas mancharem seu rosto. – Sim. Eu quero... – ela falou fraca. – Por favor, olha pra mim, me promete que não vai mudar nada na nossa relação. Por favor... Eu te amo. – ela pediu olhando para os olhos dele.
- Não vai, princesa, eu te amo e sou pra sempre seu. – ele acariciou o rosto dela. – Só são alguns meses... Só isso.
E ele tinha prometido ser somente alguns meses. Tinha prometido que nada iria mudar. Tinha prometido vir buscá-la. Tinha feito promessa em cima de promessa sem medir a força das suas palavras.
Uma semana depois...
A morena sentou-se nas escadas de sua varanda, observando o carro da casa vizinha ali parado, sendo cheio por caixas e malas. Ela estava assustada, como Marien tinha conseguido assinar os papéis de divórcio e arrumar um lugar para morar no outro lado do oceano tão rápido? Parecia que aquilo vinha sendo planejado há meses pela mãe do seu namorado, mas para aquilo era o que menos importava. Poderia entender que era triste para o ver sua família se romper, mas para a garota era pior ainda vê-lo ir embora. Sem previsão de volta, sem nenhuma certeza que o que prometeram dias atrás em seu quarto seria cumprido.
Ouviu a porta de sua casa abrir, e logo em seguida, sua mãe estava ao seu lado segurando sua mão e olhando para a mudança dos vizinhos. apoiou a cabeça no colo da mãe e deixou algumas lágrimas correrem pelo seu rosto enquanto escutava dentro da sua cabeça o tic-tac do relógio que marcava a hora dele ir embora.
E, como se tivesse chego rápido demais, olhou para frente da sua casa e viu ali parado. Marien já estava dentro do carro, em silêncio. E ele estava ali esperando para se despedir de sua namorada. Louise acariciou as costas da filha e a incentivou a ir até onde o garoto estava parado, mas a menina estava com medo daquilo se tornar um adeus. Levantou-se se demorando em cada passo, até que não aguentou mais, ficando poucos passos longe de , cobriu seu rosto com as mãos e deixou-se chorar. sentiu seu coração apertar, andou até sua garota, e lhe abraçou apertado. Repetia incansavelmente que aquilo não era um adeus, nunca seria. Ele era dela, pra sempre. Não tinha mais volta, eles ficariam juntos de novo. Ele pedia aos céus que ela acreditasse naquilo, pedia aos céus que aquilo fosse verdade, que eles pudessem ficar juntos novamente e que ninguém mais pudesse separá-los. Ele deixou uma mão sua segurando-a pela cintura enquanto a outra acariciava a bochecha rosada da menina, ele sorriu através de suas próprias lágrimas, e aproximou seus lábios dos dela, a beijando com amor, necessidade, carinho e saudade.
- Eu te amo. Eu te amo, , nunca se esqueça, me ouviu? – ele disse com firmeza contra os lábios dela.
- Eu te amo, . – ela suspirou.
Ele lhe deu outro beijo junto com outro abraço, e então... Foi embora.
Blackpool, Inglaterra – 14 de dezembro de 2014, 22:45hs
Presente – Coloque essa música para tocar agora.
Who’s gonna be the first one to start the fight?
Quem vai ser o primeiro a começar a briga?
Who’s gonna be the first one to fall asleep at night?
Quem vai ser o primeiro a adormecer a noite?
Who’s gonna be the last one to drive away?
Quem vai ser o último a ir embora?
Who’s gonna be the last one to forget this place?
Quem vai ser o último a esquecer esse lugar?
Quando voltou a abrir seus olhos, viu que estava em pé de frente para a janela do seu quarto, olhando para fora. Ele respirou fundo, já estava pronto para abrir sua boca e falar qualquer coisa que pudesse remediar aquela situação, quando notou em cima do criado-mudo perto do porta retrato da garota, uma foto. Aquela foto era tão importante para eles. queria pegar aquela foto em seus dedos e observar mais de perto... Naquela foto estava e ele sentados na varanda da casa da garota, um olhava para o outro sorrindo. Não tinha nada de surpreendente, mas era um olhar calmo e tranquilo, repleto de amor e segredos trocados.
Foi a noite em que tinha escolhido como seu primeiro e único amor, foi a noite em que tinha dito que a amava, foi a noite em que eles tinham começado a namorar.
E, agora eles estavam ali tão longe um do outro. Sem olhares cheio de amor, sem tranquilidade e calmaria. Só tristeza. Ele suspirou e a chamou, finalmente, olhou para a tela do computador limpando as lágrimas do rosto, ele balançou a cabeça começando a falar:
- Eu jurei para mim mesmo que daria tudo certo, . Eu quis tanto, tanto que fosse tudo fácil, que eu chegasse aqui e em poucos meses pudesse voltar para você. E, que juntos tomássemos a decisão de vir para cá ou ficar aí, eu quis e quero todos os dias, . Eu nunca quis que meu pai traísse minha mãe, nunca quis que meus pais se divorciassem, nunca quis que minha mãe resolvesse mudar de país, nunca quis morar em Nova York... Mas eu tive que aceitar. – ele respirou fundo e a morena voltou a prestar atenção em cada palavra dele. – Mas, o que eu sempre quis foi você. Desde sempre eu te quero, não consigo não querer seus beijos, seus toques, seus conselhos, sua voz, sua risada, seu cheiro... Não consigo e não quero ficar sem isso. – e então ele parou deixando que seu coração sangrasse mais um pouco. – Só que eu também não posso te forçar a querer isso, não posso te fazer aguentar os espaços profundos que estão entre nós e não posso te dar certeza de quando ficaremos juntos de novo, . E então...
- Adeus, meu amor! – os dois falaram juntos, aceitando mesmo sem querer, o fim deles.
We keep taking turns
Nós continuamos revezando
Will we ever learn?
Nunca vamos aprender?
não esperou um minuto sequer, fechou a tela do computador desligando-o, e caiu em sua cama chorando. As palavras dele indo e voltando em sua cabeça junto com as sensações de sentir o toque dele sobre sua pele, iria enlouquecer ali. Fechou os olhos encolhendo-se em seu próprio casulo e esperou até que seu coração acalmasse e o corpo parasse de tremer. Levantou aos poucos a cabeça, olhando todo o seu quarto, até parar seu olhar na foto ao seu lado. Estava exausta. Saiu da sua cama e foi até a cozinha, no andar de baixo, pegou tudo que achou necessário e voltou para seu quarto trancando a porta.
Abriu a janela colocando uma vasilha grande ali e dentro jogou as cartas que recebeu de e algumas fotos que ela sempre olhava antes de dormir, acendeu um fósforo jogando álcool em tudo e fechou os olhos antes de deixar que o fogo consumisse tudo ali. As chamas queimando tudo à sua volta sobre o olhar atento da morena.
Quando deu por si, estava com uma garrafa de água em sua mão, tentando apagar as chamas, desesperada para salvar suas fotos. Caiu no chão, se arrependendo do que estava fazendo antes, não queria queimar tudo, não queria colocar um fim naquilo.
, me perdoa. Amor, volta para mim.
Tudo que ouvia, tudo que pensava, tudo que queria era ele.Sempre seria.
The spaces between us
Oh, os espaços entre nós
Keep getting deeper
Continuam mais profundos
It’s harder to reach her
É difícil alcançá-la
Even though I've tried
Mesmo que eu tente
não conseguia acreditar que ela tinha dito o mesmo que ele e nem dado uma chance dele olhar o seu rosto por uma última vez. A tela toda preta à sua frente era um reflexo da sua alma, seu corpo tremia. Ele queria gritar e quebrar tudo. Queria entrar no quarto de sua mãe e dizer que ia embora... Ia voltar para . Mas, não podia, não conseguia... Era um fraco e inútil, estava acostumado com sua vida ali, tinha criado amigos e estava agora na faculdade dos seus sonhos.
“Idiota. Imbecil. Você acabou de terminar um relacionamento de anos com a mulher da sua vida e está pensando na droga da sua universidade?”
Ele suspirou fechando os olhos sentindo as lágrimas, arrastou-se até sua cama deitando-se ali, abraçando uma foto de como se sua vida dependesse daquilo. Não queria ter dito adeus. Não queria que aquele fosse o fim deles.Olhou para o teto do quarto buscando qualquer forma de consertar aquilo, respirava e inspirava fundo.
Spaces between us
Espaços entre nós
Hold all our secrets
Guardam todos os nossos segredos
Leaving us speechless
Nos deixando sem palavras
And I don’t know why
E eu não sei por que
Who’s gonna be the first to say goodbye?
Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
Ouviu a porta do seu quarto abrir e o perfume doce de sua mãe invadir o lugar, não abriu os olhos e nem se moveu, enquanto ouvia os passos dela. Marien deitou ao lado do filho o abraçando como se ainda fosse um bebê e disse que “tudo ficaria bem, aquela dor iria passar”, o que ela não entendia é que nada ficaria bem sem com ele, aquela dor não iria passar... Ele respirou com dificuldade. , minha princesa, volta para mim. Eu preciso de você comigo, por favor.
Who’s gonna be the first one to compromise?
Quem vai ser o primeiro a se comprometer?
Who’s gonna be the first one to set it all on fire?
Quem vai ser o primeiro a colocar fogo em tudo?
Who’s gonna be the last one to drive away?
Quem vai ser o último a ir embora?
Forgetting every single promise we ever made
Esquecendo cada promessa que já fizemos
***
Quando abriu os olhos, no dia seguinte, notou que estava deitada confortavelmente em sua cama coberta por uma manta lilás sendo abraçada por sua mãe. virou seu corpo até encontrar o rosto sereno de Louise, a morena respirou fundo tentando afastar da sua cabeça as palavras ditas na noite passada, tentou lembrar o que fizera depois... Mas, estava tudo em branco. Resolveu que tinha que seguir em frente, dar um passo de cada vez, tentando esquecer seus problemas e suas dores. Desvencilhou-se da mãe e foi até o banheiro, onde tomou um longo banho e voltou para o quarto colocando uma roupa quente para ir ao trabalho. Louise abriu os olhos e sentou-se na cama, enquanto observava a filha arrumar a sua própria bolsa em silêncio.
- ... – ela a chamou. – Você está bem? – sabia que estava aos cacos, desde o momento em que tinha chegado em casa e encontrado a filha deitada no chão do quarto chorando e sussurrando o nome do namorado, soube que estava tudo acabado entre eles e que, agora a menina se fecharia para si mesma.
- Ótima. – ela disse sorrindo. – Obrigado por ter dormido comigo, agora estou indo para o trabalho. Bom dia! – deu um beijo na bochecha da mãe e saiu afobada pela porta, e pela primeira vez em anos, sem a pequena aliança prata que usava em sua mão direita.
- , você precisa conversar comigo... Eu sou sua mãe. – Louise a seguiu pelo corredor e notou quando a morena titubeou, parando na beira da escada em silêncio. – O que aconteceu?
- Eu... Eu não posso falar, mãe. – ela disse baixo.
- Cadê sua aliança? – a mulher perguntou inocente e surpresa por não ver a aliança ali como todos os dias.
- Mãe! Pare com isso. – a menina virou de frente para Louise desesperada. – Eu estou tentando seguir em frente... Acabou, tá legal? Mas, eu não quero ouvir o nome dele, não quero ficar pensando em tudo isso. Não posso. – ela choramingou. – Por favor, mamãe, me deixe seguir em frente.
- Filha... – ela sussurrou tristemente. – Tenha um bom dia, querida. – ela deu um beijo na testa da menina deixando-a ir.
The spaces between us
Oh, os espaços entre nós
Keep getting deeper
Continuam mais profundos
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É difícil alcançá-la
Even though I've tried
Mesmo que eu tente
Spaces between us
Espaços entre nós
Hold all our secrets
Guardam todos os nossos segredos
Leaving us speechless
Nos deixando sem palavras
And I don’t know why
E eu não sei por que
Who’s gonna be the first to say goodbye?
Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
Nova York, Estados Unidos – 15 de dezembro de 2014, 09:03hs
O moreno pegou sua mochila e entrou na sala de estar, deu um beijo na bochecha da mãe e pegou uma maçã, despedindo-se da mulher com um aceno de cabeça e sem falar nada sobre a noite passada, saiu do apartamento que dividia com Marien. Parou em frente ao elevador e pressionou o botão prateado enquanto aguardava o cubículo parar no seu andar. Quando a porta prateada abriu entrou vendo ali dentro Skylar. Ele a cumprimentou com um pequeno sorriso e voltou seu olhar para seu celular. Sem mensagens ou ligações perdidas. Respirou fundo e saiu do elevador cumprimentando o porteiro do prédio com um high-five, passou pela porta giratória do prédio e foi recebido por um vento gelado. Arrepiou-se e quase voltou para dentro em busca de sua touca preta, mas por fim, prosseguiu seu caminho até o metrô.
We keep taking turns
Nós continuamos revezando
Will we ever learn?
Nunca vamos aprender?
When will we learn?
Quando vamos aprender?
Mesmo que a Juilliard School* estivesse fechada por conta das férias de inverno e das festas do fim de ano, ainda assim o garoto, junto com seus dois amigos de turma, conseguiam um lugar para ensaiarem e treinarem suas vocações. Ele aprimorando sua voz e treinando os instrumentos que aprendera a tocar, como o violão e o piano. Eram as únicas coisas, diria até que era o único momento em que conseguia se desconectar da sua própria vida e só prestar atenção na música, no Universo.
Entrou no prédio de Luke, e subiu os dois lances de escadas, até estar no estúdio de dança e teatro da mãe do garoto. Deu dois toques na porta sendo recebido pelo amigo.
- Chegou na hora, cara. – Luke disse abrindo espaço para que entrasse.
- Na hora do quê? – o garoto sorriu andando em direção ao piano que estava perto da janela de vidro.
- Do ensaio das bailarinas, . – ele disse maliciosamente e o moreno riu divertido, sentando-se no banco. – Ah, esqueci que você tem a garota inglesa... – o moreno pensou em dizer que não a tinha mais, mas deixou que o amigo pensasse que ele ainda a tinha, porque não queria se despedir ainda da garota.
- Mas, isso não me impede de olhar o ensaio das nossas queridas amigas bailarinas. – porém, isso não significava que ele não podia olhar belas mulheres, afinal, não tinha mais um relacionamento para honrar.
Who’s gonna be the first to say goodbye?
Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
Who’s gonna be the first to say goodbye?
Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
The spaces between us
Os espaços entre nós
Yes, the spaces between us
Sim, espaços entre nós
The spaces between us
Os espaços entre nós
Nova York, Estados Unidos – 07 de abril de 2016, 08:15hs
Dois anos depois...
A mulher observava os prédios passarem por seus olhos com um sorriso tímido e um olhar encantado. O taxista conversava com ela, num sotaque americano tão engraçado que a fazia rir, e elogiava o sotaque inglês dela. O homem passou com ela por algumas casas e a morena achou tudo tão lindo, queria tirar muitas fotos para poder mostrar aos seus pais, estava ansiosa para conhecer o seu apartamento. Estava ansiosa para começar a viver ali em Nova York, a cidade que durante longos dois anos repudiou com todas as forças. E, ironicamente, seria agora a sua cidade, o seu lugar, a sua moradia. Ela desceu do táxi, após pagar a corrida e dar uma bela gorjeta ao homem mais velho, com um sorriso bonito olhando admirada para o prédio à sua frente. Olhou tudo ao seu redor com os olhos brilhando, enquanto suas duas malas eram colocadas ao seu lado. Aquele bairro era calmo e bonito. As pessoas andavam bem arrumadas e relaxadas, as árvores repletas de flores, por conta da primavera, estava feliz. Segurou as malas e caminhou até o porteiro, um sorriso simples nos lábios.
- Bom dia. – ouviu sua voz soar envergonhada e irritantemente sonhadora.
- Bom dia. – o porteiro soou feliz e receptivo. – Qual o seu nome, senhorita?
- , sou a nova moradora do 5° andar. – ela sorriu.
- Oh, claro, claro. – ele parou pressionando um botão que fez o portão abrir, a morena entrou observando o hall de entrada e os elevadores. – Aqui está a sua chave, o seu apartamento é do número 17. A senhorita quer que eu a acompanhe? – ele perguntou educado.
- Oh, não precisa, senhor... – ela franziu a testa buscando em sua mente o nome do porteiro.
- Smith. – ele estendeu a mão para ela, que aceitou.
- Obrigada, senhor Smith, mas não precisa. – ela olhou para frente. – Eu vou subir para conhecer meu apartamento, certo? Obrigada e bom dia. – ela disse educada e prosseguiu seu caminho.
Entrou no cubículo prateado e em poucos segundos já estava no corredor do seu apartamento, abriu a porta e ouviu algumas vozes no apartamento do lado. Já estava ansiosa para saber quem seriam seus vizinhos, como seria terminar sua faculdade em Nova York e trabalhar ali. Mas, além disso, queria saber como um certo alguém estava. Fazia tanto tempo que não ouvia a voz dele ou recebia uma notícia do homem que fazia seu coração apertar, queria tanto ter ligado para ele e dado a notícia de que estava indo morar naquela cidade. Queria ter tido coragem de ligar e contar como fora o momento em que ela tomou a decisão de mudar sua vida e seguir com seus sonhos, sair da sua pequena cidade na Inglaterra e ir para aquela metrópole, queria dizer como estava com medo e animada. Queria que ele lhe mostrasse os pontos turísticos e se divertissem com as crises de menina do interior dela. Mas, ela não ligou. E ele nunca saberia que ela estava ali perto, e ao mesmo tempo, longe dele.
As malas já estavam abertas sobre sua cama, algumas roupas colocadas no guarda-roupa, a foto do seus pais em cima do criado mudo, o notebook aberto sob a mesa da sala. Ela estava com os cabelos molhados e um roupão deitada no sofá conversando com Louise e Matthew, seus pais, sobre como tinha sido bem recebida pelo senhor Smith e como o prédio era bonito e silencioso, e o apartamento era confortável. estava tão feliz que não ouviu a porta do apartamento ao lado do seu ser aberta e vozes soarem mais altas de pouco em pouco.
**
abriu com sua chave o portão, virando de costas somente para acenar para Luke e Sophie, e voltou a entrar no prédio. Observou o hall ainda silencioso, e o balcão onde senhor Smith estava lendo o jornal do dia acompanhado de uma xícara de café preto, andou até onde as caixas de correio estavam, procurando pela sua própria.
- Bom dia! – o moreno disse para o porteiro que ergueu o olhar.
- Pequeno . – Sr. Smith disse o apelido que aprendera a chamá-lo desde que o homem tinha chegado em Nova York. – Como está?
- Bem. – ele disse abrindo a caixa de correio de número 18 e vendo que a caixa ao seu lado direito estava fechada. – Porque a 17 está fechada de novo? – ele virou de frente para o porteiro com as suas cartas em mãos.
- Ah, o apartamento foi alugado. – o homem respondeu. – O senhor e a senhora tem uma nova, e com todo respeito, belíssima vizinha. – ele virou a folha do jornal distraído.
- Vizinha? – ele ergueu a sobrancelha e o homem riu. – Ela é daqui?
- Ela parece bem tímida, e se não me falha a memória, veio da Inglaterra, igual ao senhor. – o homem disse pensativo, e sentiu o coração apertar quase sonhador, e se fosse ela?
- Como ela é? – ele perguntou desesperado por uma melhor informação.
- Ela é... – e antes que o senhor Smith pudesse o responder, Marien apareceu no hall, os braços cruzados e um olhar repreensivo sobre o filho. – Bom dia, senhora .
- Bom dia, senhor Smith. – ela sorriu levemente. – , onde você passou a noite?
Ele a ignorou, acenando para o porteiro, e indo em direção aos elevadores. Estava tornando-se insuportável sua convivência com a mãe. Marien tinha se tornado amarga e fria após o divórcio, o impediu de ir visitar a namorada com medo de que ele conversasse com o pai. Depois do seu término com , ela começou a impedir que ele ligasse para a garota e para o próprio pai. Aos poucos, queria impedi-lo de sair com os amigos ou conhecer novas garotas.
Parecia que sua mãe tinha medo de perdê-lo querendo que ele fosse somente dela, que sua vida fosse vivida em função da mulher. Ele estava cansado. tinha a faculdade de música e o trabalho temporário como bartender. Não podia ficar restrito somente à sua mãe. Passou pela porta prateada ouvindo os resmungos da mãe, observou o tapete rosa claro recém colocado no chão em frente à porta número 17 e sorriu curioso para conhecer a vizinha.
Destrancou a porta do seu apartamento no mesmo momento que ouviu a voz fina e chateada de sua mãe.
- Onde você estava, filho?
- Mãe, pelo amor de Deus, eu estava trabalhando. – ele disse tirando a touca e bagunçando os fios de cabelo enquanto sentava no sofá.
- Trabalhando? Até essas horas, ? – ela disse angustiada.
- Mãe! Eu sou bartender, eu trabalho de madrugada num pub e é normal que eu chegue nesse horário, você deveria estar acostumada.
- Como eu posso estar acostumada com o meu filho chegando de manhã em casa? – ela disse irritada. – Você está usando drogas? Bebendo?
- Qual é o seu problema? – ele ficou em pé furioso. – Como pode me perguntar algo assim? Eu estou tentando manter a nossa casa e o meu curso, é isso que eu estou fazendo!
- Você precisa trabalhar com algo mais decente! – ela disse cruzando os braços.
- Isso é decente! – ele balançou a cabeça.
- Você está ficando igual ao seu pai. – ela disse com lágrimas nos olhos.
- Eu não sou como ele. – gritou. – Nunca mais ouse falar algo parecido, Marien. – ele a chamou pelo nome de tão furioso que estava.
– Você vai me abandonar como ele fez... – ela choramingou, e soltou a respiração fechando os olhos.
- Não chora, mãe. – ele caminhou até abraçá-la. – Desculpa. Eu não vou te abandonar, mas você precisa entender que tudo que tenho feito é pensando em mim e em você. Mas, a senhora também precisa encontrar algo para fazer. Encontrar algo que lhe faça feliz novamente.
- Eu sei... Eu sei, filho. – ela disse baixinho abraçando o filho.
**
A primeira semana passou depressa para que ficou dividida entre arrumar o apartamento, os documentos da faculdade e conhecer a cidade. Mas, mesmo na correria do seu dia a dia, conseguia se encantar mais ainda. Aos poucos, tornou-se quase compreensível os motivos de ter preferido continuar na metrópole ao invés de voltar para a cidadezinha do interior onde nasceram e cresceram. Ela não conseguia mais se imaginar voltando para sua cidade pequena, porque aquela cidade enorme era A cidade. Onde os sonhos se tornam realidade.
A convivência no prédio também estava sendo agradável. Mesmo que já tivesse ouvido alguns barulhos, ainda não tinha conhecido os seus vizinhos ao lado, de qualquer maneira, já tinha conhecido uma senhora que morava no andar de baixo e conversava bastante com o Senhor Smith, que a tratava muito bem. Foram eles quem a receberam de braços abertos e com extremo carinho.
Claro que aquela semana não estava sendo só flores, já que todas as noites sentia falta do abraço da sua mãe e do beijo na testa que seu pai sempre lhe dava, mesmo ligando sempre para os dois e conversando pelo Skype com ambos, sentia falta da presença. E, como já passara por isso antes, sabia que essa falta não sumiria de um dia para o outro. De qualquer maneira, sabia que estava ali para seguir e realizar seus sonhos.
Logo que amanheceu, vestiu um short jeans e uma camiseta simples e saiu pelas ruas da cidade. Não conhecia nada, tinha apenas um guia turístico em mãos, mas foi com a cara e a coragem em busca de conhecer todos os lugares que conseguisse.
O sol estava coberto pelas nuvens, mas o clima estava ameno, enquanto ela passeava pelo Central Park. Segurava em uma de suas mãos um suco colorido e bem gelado, observando e tirando fotos de tudo ao seu redor, sorria para câmera e enviou algumas selfies para os pais. Por fim, sentou-se num banco em frente ao lago e ficou em silêncio respirando o ar puro e vendo os nova iorquinos aproveitando o dia. Um casal passou à sua frente, as mãos entrelaçadas e os sorrisos fáceis, e foi somente isso que a despertou, sentiu saudade de seu ex-namorado, tanto que num pulo, já estava dando as costas para aquela paisagem, seguindo em direção a saída. Lembrou-se, enquanto entrava numa rua qualquer, que precisava ir até sua nova Universidade levar um último documento. Olhou mais adiante notando um prédio antigo e tão bonito, os jovens ali em frente conversavam animados perto da saída, sentados nas escadas ou encostados as árvores. Ela parou perto da parede olhando rosto por rosto, era logicamente outra Universidade, e naquele momento, começou a pensar como seriam o início de suas aulas, os novos amigos... Enquanto imaginava e sonhava timidamente, encontrou um rosto.
Era ele. Ela tinha certeza que poderia ter caído ao chão se já não estivesse encostada a parede. Estava tão perto, sorrindo enquanto conversava com um casal, parecia um anjo. Os cabelos bagunçados e maiores do que lembrava, estava mais forte, mais homem... Ele estava ali. estava sem reação, o que fazer, afinal? Ir até lá dar um "oi"? Mas, isso seria ridículo, não é? E o clima entre eles estavam bom o bastante para isso? Clima, mas qual clima? Estavam há tantos anos sem se verem, e até mesmo, sem se falarem.
Deu um passo para frente tentando expulsar os seus temores, estava com tanta saudade, mas logo retrocedeu o passo, no momento em que uma outra garota aproximou-se dos três amigos. A mulher tinha os cabelos bem longos e loiros claríssimos e mantinha um sorriso nos lábios, e em segundos, estava com os braços ao redor dele. Ela arregalou os olhos, ao mesmo tempo, que sua ficha caía e ela compreendia que ele tinha seguido em frente.
**
Fazia dois dias desde o dia em que tinha visto . Ela estava triste e assustada. Várias perguntas rondando sua cabeça, em alguns momentos, durante aquelas 48 horas pensou em chamá-lo no Skype ou ligar para o homem. Mas, para quê? O que diria? Não tinha sentido ela sentir-se traída, afinal, eles tinham terminado. Tinham decidido juntos e por livre e espontânea vontade, não poderia brigar.
E ela precisava estar feliz, aquele era o seu primeiro dia de aula, e era o que se esforçava fazer enquanto pegava um caderno e um livro, indicado pela moça da secretaria, da estante e seguia em direção à porta. Era bem cedo, teria tempo suficiente para comer em alguma cafeteria e ir andando até a New York University. Trancou sua porta e apoiou a bolsa em seu ombro direito enquanto pressionava o botão prateado aguardando pelo elevador.
Térreo.
Primeiro Andar.
Segundo Andar.
Terceiro Andar.
Quarto Andar.
Quinto Andar.
Era o dela, a porta abriu-se e ergueu a cabeça para adentrar o cubículo, mas paralisou quando seu olhar fixou-se aos olhos castanhos escuros dele. prendeu a respiração com os olhos arregalados de espanto e surpresa, enquanto sentia seu corpo tremer, sentindo todos os efeitos que só ele poderia causar nela. Suas mãos fracas deixaram que os livros que segurava fossem ao chão quebrando o silêncio descomunal que os envolvia. Isso foi o bastante para que ele erguesse a mão dando um passo à frente, precisava tocá-la para ter certeza que aquilo não era uma miragem, fruto dos seus sonhos mais secretos. Porém, antes que ele a alcançasse e que ela saísse do piloto automático e reagisse a porta fechou-se e tudo voltou ao silêncio.
bateu a mão na porta irritado, apertando desesperado no botão do andar de baixo, correria escada acima até segurar pelos braços. Enquanto sentia seus olhos encherem de lágrimas, abaixou-se recolhendo os livros, e começou a andar apressada até a porta do seu apartamento. Procurava aflita e desesperada pela chave, tinha acabado de guardar ali, não poderia já estar perdida entre suas coisas. "Cadê a chave?", ela praticamente gritava consigo mesma, as lágrimas inundando cada vez mais seus olhos. Ouviu os passos apressados nas escadas de emergência e a porta de ferro sendo arrastada, ao mesmo tempo, que segurava em seus dedos sua chave. Encaixou na fechadura e jogou-se para dentro do apartamento na hora em que entrou no corredor, vendo somente os fios de cabelo dela, e o bater da porta. Ele andou até o número 17 e bateu incessantemente na porta. Ela sentada no chão, o rosto vermelho e molhado de lágrimas, não respondia nada. Ouvia os resmungos e os pedidos dele. Poderia acabar com aquele sofrimento, era só abrir a porta, mas não conseguia.
Ele deixou as mãos caírem ao lado do seu corpo e encostou a cabeça na porta respirando fundo incontáveis vezes. Estranhamente começou a chorar e rir ao mesmo tempo. ergueu a cabeça ao reconhecer aquele som que tanto sentiu falta.
- Você está aqui! - ele sussurrou olhando para o chão, tendo certeza que além daquela porta, ela ouviria sua voz. - Aqui! E você pode não querer me ver, mas... Eu estou tão feliz que não consigo expressar. - ele sentou no chão de costas para a porta. - Eu vou ficar sentado bem aqui... Porque eu preciso ouvir sua respiração e seus resmungos para ter certeza que isso é real... Que isso está, finalmente, acontecendo.
E, era mesmo aquele tipo de pessoa que quando fala, cumpre. Ficou sentado ali por uma hora, viu sua mãe sair do apartamento e o encarar confusa. Ele a chamou até onde estava e disse simplesmente: "Ela está aqui. Mãe, a está aqui", e Marien sorriu compreendendo. Seu filho parecia tão feliz que resolveu que não iria mandá-lo ir para casa e sair da porta da nova casa da garota, despediu-se do homem, e em seguida, entrou no elevador sorrindo. já tinha mandando milhares de mensagens para sua mãe e todas tinha uma resposta "Abra a porta, filha".
Como iria encará-lo? Estava pronta para aquilo? Fazia dois anos desde o fim deles, como poderiam agir normalmente agora? Sua cabeça girava e girava, sua respiração estava entrecortada e o coração disparado, puxou os cabelos para cima prendendo num coque e soltando em seguida. Ficou em pé andando de um lado para o outro e só parou quando ouviu a voz dele novamente:
- Só me deixa te ver. - era um sussurro, o tom tão triste e nostálgico como lembrava-se da última vez que falaram-se por uma tela de computador. Respirou fundo. - Abre a porta, .
Ela limpou as lágrimas e olhou para a janela à sua frente, o sol começava a nascer, deixando o céu num misto de laranja, amarelo e rosa. Estava tudo tão lindo. Ela queria vê-lo.
Destrancou a porta com sutileza, tentando não fazer barulho, e afastou-se, caminhando até a janela de vidro. O silêncio estava agradável e necessário, mas ao mesmo tempo, queria ouvir o timbre da voz dele, o som da gargalhada dele e os resmungos baixinhos do seu eterno garoto. Abraçou-se quando ouviu a maçaneta girar e a porta ser empurrada aos poucos, e a viu de costas, olhando para a rua em silêncio. Ela estava ali. Não importa desde quando, como ou por que. Tudo que importava era que ela estava ali. deu todos os passos que o afastava dela, pensando ao mesmo tempo em cada milha que os separaram durante anos. Cada passo era um ano perdido. Cada passo, um sorriso roubado. Cada passo, uma lágrima derrubada. Cada passo, um país que os separava. Cada passo, uma parte do oceano que ele atravessava para chegar até ela.
Ele parou atrás dela e ficou em dúvida sobre o que fazer. Abraçá-la, tocar o braço, segurar a mão, chamar seu nome? O que fazer? Mas, tornara-se impulsivo demais para ficar parado pensando e deixando o tempo passar. Resolveu por fazer tudo ao mesmo tempo. Segurou a mão dela entrelaçando seus dedos e a abraçou por trás, inspirando o perfume dela, o cheiro do shampoo. Apertou o corpo dela contra o seu, sentiu a mulher tremer e render-se aos poucos ao calor do corpo dele.
- ... - ele sussurrou no ouvido dela, quente e carinhoso, do jeito que ela lembrava.
Aos poucos, eles foram separando-se do abraço, e ficou de frente para ele. O olhou por longos minutos, tocou o pulso dele subindo seus dedos macios por todo o braço, ombro e nuca. Levou sua mão até o rosto dele onde desenhou cada traço até segurar os fios de cabelos de , sentindo a maciez e suprindo a vontade que tinha de fazer cafuné nele. sorriu fechando os olhos, deixando uma mão apoiada na cintura dela. Ela respirou fundo e suspirou, chamando a atenção dele. ergueu o olhar e fixou-se nos olhos da mulher, não resistindo e erguendo uma mão para segurar o rosto dela, aproximando-se com calma o bastante para permitir que ela se afastasse se assim quisesse.
Ela não se afastou.
Ele sorriu tocando seus narizes, acariciando a bochecha rosada dela, até que deixou seus lábios tocarem os dela, numa carícia saudosa e tão bem conhecida. Em primeiro momento, fora somente isso, um tocar de lábios. Mas, ambos estavam fartos daquela distância. Estavam fartos daquele fim ridículo. Ao mesmo tempo, abriram suas bocas deixando que suas línguas se encontrassem num beijo feroz e apaixonado, as mãos segurando os rosto o mais perto possível, o perfume deles se misturando. Ela encostou-se à janela de vidro o sentindo encostar-se a ela, sorriu por entre o beijo, até que fora estritamente necessário se afastarem. Ela ficou de olhos fechados, enquanto , apoiava sua testa na dela e abria os olhos gravando os traços perfeitos de sua garota.
- Você perdeu a voz, ? - ele perguntou risonho. - Quero ouvir sua voz. - ela abriu os olhos sorrindo, ele tocou os cabelos dela, e sabia que a única coisa certa e mais sincera que poderia dizer, seria talvez a última que ele pensava que ela diria. Mesmo assim, ela disse sem arrependimentos.
- ... - ela sussurrou da mesma maneira que ele, conseguindo a atenção completa dele. - Eu te amo!
Ele sorriu tão abertamente que poderia rasgar o seu rosto e mesmo assim não seria ele quem iria se importar. estava ali na sua frente, ela tinha retribuído o beijo, e mais do que isso, tinha dito que o amava. Definitivamente, aquele era o melhor dia da sua vida. Ele a puxou para si, erguendo-a em seus braços e a abraçando apertado enquanto andava até o sofá. Ela riu divertida e leve como uma pluma. Ele não precisava respondê-la para que soubesse que ele ainda a amava. a puxou para outro beijo e quando se afastaram, ele segurou o rosto dela entre suas mãos.
- Eu te amei ontem. Eu te amo hoje. E eu te amarei amanhã. - ele disse apaixonadamente olhando nos olhos dela. ficou em pé.
- , as coisas não são assim. Nós ficamos anos sem nos ver e é possível que você já tenha alguém. - ela disse jogando verde. - E, nada se resolve assim como num conto de fadas.
- Você tem alguém? - ele ficou em pé de braços cruzados, o semblante sério e a voz adquirindo um tom ciumento.
- Não. - ela respondeu franzindo a testa.
- Você gosta de outra pessoa? – o ciúmes ainda presente, mas aos poucos, dando espaço para o divertimento.
- Não. - disse com mais rapidez do que antes, confusa.
- Você acha mesmo que todos esses anos que passamos separados foram ruins e não nos fizeram bem algum?
- Não... Na verdade, acho que foram bons anos. - ela disse sincera, olhando para suas mãos. - Eu amadureci bastante, .
- E eu também. - ele segurou o queixo dela. - Se tivéssemos ficado juntos todo esse tempo, estaríamos fadados ao desastre... Mas arriscamos nos separar, acreditando ser para sempre, e nos tornamos pessoas melhores. Somos adultos e amadurecemos com a dor. Mas, eu quero deixar isso para trás, .
- Você tem razão. - ela suspirou fechando os olhos. – Mas, e se isso aqui não funcionar mais? – ela olhou para os seus corpos próximos. – E se tivermos mudado tanto que não nos reconhecemos mais? E se você não me amar mais como antes? – ela fez a última indagação num fio de voz, tímida.
- Nós mudamos para melhor, princesa. E toda mudança vem para o melhor. E, há minutos atrás eu disse que te amo, mulher. Nós mudamos, crescemos, amadurecemos e com isso, o nosso amor também. Isso vai funcionar porque é o certo. – ele apontou seus corpos e sorriu carinhoso.
- Você não mudou nada, . – ela deu uma risada e ele franziu a testa. - Continua me deixando sem palavras.
Ficaram alguns minutos em silêncio. Um silêncio agradável e muito bem recebido, enquanto observavam os seus traços, um sorriso formando-se em seus rostos, as mãos entrelaçadas. “Ela continua tão linda”, o moreno pensava enquanto acariciava a maçã do rosto dela. “Como ele se tornou um homem mais lindo do que antes?”, suspirou apaixonada.
- Ah, ... Eu não sei como pude viver esses anos todos sem te tocar, te olhar assim tão perto, sentir seu cheiro, ouvir sua risada... - ele beijou a testa dela aspirando o perfume doce da morena. - O que eu sei é que eu não posso mais ficar sem isso. Então, por favor, me diz que vai ficar aqui. - ele fechou os olhos. - Fica aqui comigo.
- Eu sempre estive com você, amor. - ela disse num tom cheio de carinho e paixão abrindo os olhos. - E não pretendo nunca mais ficar longe de você. - ela deu um selinho nele.
Ele abriu os olhos sorrindo e a ergueu pelas coxas, fazendo com que a mulher entrelaçasse suas pernas na cintura do moreno, abraçando o pescoço dele com seus braços. Ele a beijou lentamente enquanto sentava-se no sofá com a mulher sobre seu colo.
- Eu te amo, . - ele disse contra os lábios dela.
E, a partir daquela declaração, sabia que estava tudo em seu devido lugar. Finalmente, estava em casa e seu coração estava tranquilo como há muito tempo não se encontrava. Descobriu que não precisava de um emprego novo ou algum curso novo para voltar a ser feliz. Tudo que precisava era tê-lo para si novamente. E, ali estava ele, sendo dela de novo.
E, quando o sol alcançou o seu majestoso lugar no centro do céu, e entregaram-se um ao outro de corpo, alma e coração.
Com um único pensamento, eles se olharam, as mãos unidas tanto quanto seus corpos grudados e trocaram um beijo longo e apaixonado.
"O amor verdadeiro ultrapassa a distância, e até mesmo, o tempo."
Observação: A Juilliard School (popularmente identificada somente como Juilliard) é uma escola de música e artes cênicas localizada em Nova York, nos Estados Unidos, reconhecida por seus alunos graduados em música. Atualmente sediada no Lincoln Center, a Juilliard gradua alunos nas áreas de dança, música e dramaturgia. A instituição é considerada um dos principais conservatórios e escolas de dramaturgia do mundo.
A luz da lua iluminava o quarto, enquanto uma mulher sentada no chão gelado do cômodo olhava atentamente para uma foto antiga. Aquela foto dizia tanto sobre quem ela foi e como sentia-se anos atrás que era como se pudesse voltar ao passado ao admirar aquela fotografia. Esperava por um chamado em seu celular que nunca vinha, sentia seus olhos arderem pedindo que a mulher de longos cabelos castanhos permitisse que as lágrimas rolassem pelo seu rosto. Mas, ela não deixaria. Não podia mais chorar, estava cansada de tudo aquilo, lembrava-se dos anos passados com tanto amor e carinho, mas que em pouco tempo tornava-se dor e mágoa. Não queria que seus sentimentos mudassem tão bruscamente, da água para o vinho, mas aquela distância estava lhe matando de pouco em pouco.
ouviu o barulho característico do seu Skype, que vinha diretamente do notebook aberto à sua frente, olhou com um pequeno sorriso formando-se no canto de sua boca.
Abriu o ícone, e em segundos a tela que antes estava toda preta tomava cor e forma, e logo estava ali o homem responsável por suas lágrimas e sorrisos, medos e certezas. sorriu e coçou os olhos, parecia ter acabado de acordar, mesmo ela tendo certeza que era impossível, já que onde ele estava, ainda era cedo para estar dormindo.
E então, como se as palavras sumissem e fossem pouco para explicar o que estava acontecendo com ambos, abaixou a cabeça deixando os cabelos crescidos sobre seus olhos, como um véu que impediu que visse o olhar triste dele. Ela olhou para o lado, observou o seu filtro dos sonhos pendurado ao lado da janela, e permitiu, finalmente e exausta de tanto segurar, que as lágrimas molhassem seu rosto.
- Não chora, , por favor. – ele quebrou aquele silêncio que parecia ser eterno entre eles.
- O que você quer que eu faça? – ela o olhou, magoada.
- Só... Não chora. – ele suspirou.
- Oh, claro, é muito fácil para você falar. – ela disse irritada. – Isso, , é o que eu mais tenho feito desde que você foi embora. – ela falava nervosa, ressentida, chorosa.
- Você diz como se tudo fosse culpa minha, mas , não é minha culpa. Nem sua. – ele bagunçou os cabelos, ela fechou os olhos e respirou fundo, criando coragem para lhe lançar a pergunta que habitava há dias em sua mente. O inevitável havia chegado. Era o fim iminente deles.
Ela sabia. Ele sabia. Todos sabiam.
Só precisavam aceitar isso.
- Tudo bem, você tem razão. – ela respirou e inspirou, a encarou, queria tanto poder estar dentro daquele quarto minúsculo e rosa dela, poder tocar seu rosto e enxugar aquelas lágrimas, lhe fazer cócegas e dizer repetidas vezes o quanto a ama.
Ficaram em silêncio, sem coragem de quebrar o contato visual e aquele momento tão tranquilo que criaram em segundos. Por fim, balançou a cabeça abrindo um sorriso diferente do que costumava dar a ele, era um sorriso acima de tudo, triste.
- Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
E foi com essas palavras que deixou que sua armadura caísse aos seus pés junto das lágrimas. O coração dele trincou enquanto ouvia a voz dela, tão doce e delicada, pronunciar aquela frase.
Aquela maldita frase.
Ele estendeu a mão em direção à maçã do rosto dela, mesmo sabendo que não lhe tocaria a face, e sim o gelo da tela do computador. Ela limpou os olhos e olhou para o outro lado. fechou os olhos, a mão ainda estendida, lembrando-se de quando a história deles começou e quando aquele inferno iniciou-se.
Blackpool, Inglaterra – 5 de outubro de 2011, 12:17hs
caminhava atrapalhada, com seus livros e cadernos nos braços, em direção à sua casa. A música que saía dos seus fones de ouvidos no último volume, os cabelos presos desajeitadamente em um coque e a blusa cropped totalmente inadequada para usar num colégio era o que tornava a menina alguém tão incrivelmente diferente. Ela pouco se importava com o que poderiam falar ou pensar dela. Estava satisfeita consigo mesma. Estou tão feliz!, pensava enquanto subia os primeiros degraus da varanda de sua casa.
Foi quando o viu.
O vizinho irresistivelmente lindo. O cara mais alto astral do mundo. O garoto mais popular da escola. O seu amor de infância. O seu melhor amigo.
encontrou o olhar de sobre si e sorriu, lhe mostrando a língua em seguida. Ela fez careta e abriu a porta de casa, dando beijos em sua mãe e indo para seu quarto.
Seu quarto pequeno e todo rosa. Seu lugar de paz.
Jogou os livros em cima da cama junto com o iPod, e soltou os cabelos balançando-os de um lado para o outro. Começou a puxar a blusa para cima quando ouviu um barulho na janela, estava com a boca levemente aberta observando o corpo da melhor amiga, na janela do seu próprio quarto. Ela revirou os olhos e abriu a janela segurando o riso.
- Tarado. – ela sibilou divertida e ele fez careta. – Faltou hoje, ? – ela o questionou.
- Não estava com vontade de ir para o colégio. Fiquei até tarde escrevendo uma música nova. – ele confessou, e arregalou os olhos, enquanto passava suas pernas pela janela e sentava-se ali, sem preocupação alguma em... Cair no quintal de sua casa. – , sai daí agora.
- Para de ser medroso, . – mostrou a língua rindo. – Eu estou segura. E, música nova? Eu quero ouvir. – ela juntou as mãos em frente ao seu rosto e ele estendeu a mão como se fosse segurá-la.
- Eu mostro, juro por tudo que é mais sagrado que eu te mostro, mas desce daí. – ele pediu carinhoso e preocupado, ela bateu palmas sorrindo e voltou para dentro do quarto.
- Eu vou tomar banho e já vou para sua casa, ok? – ela avisou observando os olhos castanhos e grandes do seu melhor amigo brilharem, ele sorriu assentindo, e fechou a janela e cortina correndo para o banheiro.
A morena tomou um banho quente e demorado, e quando saiu dali enrolada numa toalha, ficou por mais alguns longos minutos procurando por uma roupa. Era impossível não tentar chamar a atenção de . Queria sempre estar linda e cheirosa, mesmo que ele nunca demonstrasse sentir algo por ela. O que a garota não sabia era que não precisava de nada daquilo... era completamente louco por ela desde os doze anos de idade. Desde que tinha vindo morar ao lado da casa da menina. Ele já estava apaixonado há anos e não tinha coragem de falar. O medo de perder a amizade dela era mais forte do que a esperança de receber um sim.
escolheu, por fim, um cropped azul marinho com o contorno de flores brancas e um short de cintura alta preto, calçou suas sapatilhas pretas e prendeu os cabelos molhados num rabo de cavalo. Saiu em direção à casa do menino.
Depois de falar com a mãe de , subiu até o quarto dele, que abriu a porta usando uma bermuda preta e regata cinza, os cabelos bagunçados como sempre. Ela lhe deu um beijo e pulou na cama, deitando de bruços e esperando-o começar a tocar a nova música para ela.
E ele o fez. Tocou e cantou repetidas vezes para ela, esperando que ela entendesse cada letra, cada palavra ali escrita e cantada.
Tudo era para ela. Sempre foi e sempre seria.
sentou na cama com as pernas cruzadas como de índio e o chamou com a mão, batendo no lugar vago à sua frente, ele abandonou o violão no chão e sentou de frente para a morena. E, sem que esperasse por um gesto dela, o abraçou tão apertado que ele pensou que estava ficando sem ar. Era sempre tão bom senti-la em seus braços, naqueles momentos sonhava como seria tê-la como sua, poder falar que não era apenas sua melhor amiga, mas sua namorada. Ele sorriu fechando os olhos e sentindo o cheiro do shampoo de morango dela.
Ela afastou-se minimamente, e tomada por um ato de coragem, segurou o rosto dele entre suas mãos pequenas e macias, encostou seus narizes num gesto fofo e delicado. E, não esperou que a coragem fosse embora, aproximou seus lábios dos dele e ficou parada. Ela queria muito que todas as palavras cantadas minutos atrás significassem o que ela tinha entendido, queria tanto que aquilo que ela sentia fosse correspondido, fosse sentido por igual. Ainda estava parada como uma estátua, quando sentiu a mão de segurar seus cabelos e abrir a boca, passando a língua por entre seus lábios, pedindo-a que lhe desse passagem para lhe beijar corretamente. E ela lhe deu livre acesso para beijá-la como bem queria.
Os dois beijaram-se apaixonadamente, mordendo os lábios, acariciando os fios de cabelos, o puxando pela regata, deixou seu corpo descansar na cama enquanto sentia o corpo de sobre o seu. Ele afastou-se, depois de alguns minutos de muitos beijos, e a encarou esperando qualquer reação negativa dela. Ela, por sua vez, sorriu. E foi com o sorriso dela que o garoto teve certeza que eles nunca mais ficariam só. Teve certeza que aquele era o começo de uma grande história de amor.
Blackpool, Inglaterra – 15 de fevereiro de 2012, 17:54hs
A morena não conseguia acreditar que o dia sempre tão especial para ela estava sendo aquela droga. Era o seu dia. O seu aniversário de dezesseis anos, era para todos desde seus pais até o seu melhor amigo ‘colorido’ estarem lhe mimando o dia inteiro, mas não, aparentemente nem lembrar que hoje era o seu aniversário eles pareciam ter se lembrado. E, o dia já estava tornando-se tarde, e mesmo assim não tinha recebido nem um parabéns sequer.
Estava chateada, decepcionada e magoada.
Então ninguém se importava com ela? Ninguém lembrava dela, afinal?
Ela divagava enquanto voltava do mercado, com uma sacola pequena contendo uma latinha de Coca-Cola e uma bolacha de morango, para casa. O rosto distorcido em uma careta zangada, chutava as pedrinhas que entravam em seu caminho, conversando sozinha. Pensava em como seus pais agiram o dia todo normalmente. Aquilo não era normal, nem sua mãe lembrara que foi naquele dia que a sua bebê, e motivo de tê-la feito gritar e sofrer uma dor tremenda, nasceu. E, ainda tinha o vizinho, o seu queridinho , que resolvera sumir da noite para o dia. Não mandou uma mensagem, não ligou em nenhum momento. Estava triste e irritada, e era definitivo.
Subiu os degraus da varanda de sua casa na maior paciência e lentidão, queria somente entrar em seu quarto e dormir. O dia podia acabar logo, afinal.
Parou em frente à porta notando que a casa estava completamente apagada, procurou dentro do short a sua chave, e quando girou o trinco, abriu a porta e acendeu a luz, quase caiu para trás. Pois no momento em que a luz acendeu ouviu um barulho de bexiga, um estouro, glitter e purpurina caindo do céu, e um coro de “Surpresa” soando por todo o cômodo. Olhou encantada e emocionada para o centro da sala de estar e encontrou os olhares e sorrisos de todos aqueles que eram tão importantes para a garota. Estavam ali seus pais e avós maternos, a tia Anne, suas melhores amigas: Amber e Ally, com seus namorados e amigos da morena: Will e Daniel, e claro, .
Ela deixou as lágrimas rolarem pelo seu rosto enquanto abraçava seus pais e ouvia o resto da turma cantar “Parabéns pra você” em meio aos risos. Beijou e abraçou a todos, recebeu seus tão desejados presentes, comeu muita coisa gostosa, deu o primeiro pedaço de bolo para os seus pais, agradeceu pela surpresa e sorriu. Sorriu o resto da noite toda.
Seus amigos já tinha ido embora, Tia Anne, sua vó e sua mãe conversavam na cozinha enquanto arrumavam as travessas limpas em seus devidos lugares, e o seu pai e avô conversavam na sala enquanto jogavam baralho. a chamou para sentar com ele na varanda, e ela foi de prontidão. Sentaram-se lado a lado no sofá pequeno que estava no canto da varanda e ficaram em silêncio observando a rua.
- Você gostou da surpresa? – o menino perguntou tímido, totalmente diferente do que ele costumava ser, ela riu.
- Muito, muito. – ela confessou. – Pensei que todos tinham se esquecido de mim... Fiquei tão triste o dia todo. – ela fez bico e olhou para as mãos.
- Desculpa. – ele segurou a mão dela.
- Valeu à pena. Obrigada por ter ajudado nessa surpresa. – ela disse o encarando com um sorriso nos lábios.
- Acho que falta uma coisa. – ele disse depois de uns minutos encarando a menina em silêncio, ela franziu a testa confusa.
- O que?
- Meu presente para você. – ele disse e ela riu, o analisou ficar em pé olhando para a rua, respirar fundo e voltar seu olhar para , as duas mãos nos bolsos. – Meu presente é simples, mas sincero. E é um presente meu e seu. Você é minha melhor amiga, eu te conheço desde que tinha dez anos, mas faz somente quatro meses que algumas coisas mudaram para nós. Eu não sei você, mas pra mim, isso que temos sempre foi o certo e o que eu queria. Eu sei que não definimos nada do que temos. Eu sei que estamos juntos e que, segundo você, isso basta. Mas, não para mim. Eu quero além disso, eu quero que saibam que você é minha. Que eu te amo. Que você é a garota que eu escolhi para ser minha... Minha melhor amiga, minha companheira, meu amor, minha namorada. E eu só quero saber se você quer isso também. – ele respirou fundo e tirou do bolso uma caixinha abrindo-a revelando um anel prata fino, delicado e bonito. – Você quer ser minha namorada? – ele perguntou com a voz num sussurro.
- ! – ela disse baixo olhando para as mãos respirando fundo. – Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Eu aceito, é claro que eu aceito. – ela disse pulando em cima do garoto, jogando seus braços ao redor do pescoço do garoto distribuindo alguns selinhos nele. – Você é um fofo quando fica envergonhado. – ela disse rindo.
- Você é linda. – ele beijou a testa dela. – Parabéns, princesa. – ele disse próximo aos lábios da menina.
A porta se abriu e a mãe da menina olhou o casal com um sorriso no rosto, os chamou pedindo que se despedissem dos avós e da tia da menina. Depois disso, ficaram sentados no sofá conversando e rindo, enquanto os pais da menina iam dormir.
Depois de uma hora, estava nervosa e ansiosa. Era meio óbvio que quando ficasse sozinha com , os dois iriam aproveitar o momento para trocarem beijos e carinhos, mas ela não pensou que iria sentir tanta vontade de dar um passo a mais em sua relação com o garoto. segurava seu rosto e beijava seus lábios com calma, enquanto pensava se iria em frente ou não com o que estava planejando. Ela arrastou suas unhas devagar pelo contorno dos braços do namorado e o sentiu tremer apreciando o gesto, e então, ela soube que queria aquilo, sim.
Afastou os lábios dos dele e sorriu, segurou a mão dele, e se levantou do sofá o trazendo junto dela. Desligou a televisão e começou a subir as escadas na ponta dos pés, toda aquela situação que estava criando era arriscada, e só de pensar que iria fazer aquilo com os pais em casa, pensava em desistir. Mas, era só olhar para os olhos confusos e ansiosos de , sentir a mão quente dele na sua e o calor por todo seu corpo, que todo medo e vergonha evaporavam. Abriu a porta do seu quarto e fez com que o moreno entrasse primeiro no cômodo, em seguida, trancou a porta em silêncio.
ficou parado no meio do quarto observando desligar seu celular, fechar as cortinas e apagar as luzes deixando somente o abajur em formato da Torre Eiffel ligado. A menina andou até ele e resgatou do bolso dele o celular do próprio e o desligou deixando ao lado do seu aparelho, e por fim, sorriu. Um sorriso lindo e tímido. E, que já estava começando a entender o que queria, compreendeu tudo naquele momento, com aquele sorriso.
- ... – ele disse baixo.
- ... – ela repetiu caminhando até ele.
- Você tem certeza do que quer? – ele observou colocar suas pequenas mãos por dentro da camiseta dele e arranhar levemente a cintura do garoto.
- Absoluta. – ela sussurrou. – Eu te amo, , eu te escolhi. Eu quero que você seja o meu primeiro e único homem. Eu quero que seja você quem vai me ensinar cada movimento, que vai me fazer sentir cada nova sensação e me mostrar algo novo. Eu quero você, . Quero muito. – ela mordeu o lábio inferior e aproximou o rosto da curva do pescoço do garoto.
- Você se sente pronta, ? – ele perguntou preocupado, mas já sentindo-se excitado com as palavras dela. – Eu não quero te machucar, princesa.
- Você não vai me machucar, amor. – ela disse, antes de beijá-lo com todo carinho que conseguiu, o puxou pela camiseta o trazendo junto de si para sua cama.
Sentiu os joelhos cederem e caiu na cama com sobre seu corpo miúdo. Sentiu os beijos do namorado descerem do seu rosto passando pelo seu pescoço até que chegaram ao seu busto. Levou sua mão até o cabelo dele e acariciou os fios, passando a outra mão pelas costas dele.
Não sabe como ou quanto tempo levou para que ficassem somente com uma peça de roupa cada um. Uma calcinha pequena, rendada e branca. Uma boxer preta. Eram somente dois pedaços de pano que os impediam e lhe davam um limite para consumar o ato. gemeu baixinho quando o garoto, perdendo a vergonha, começou a beijar, sugar e morder os seios da menina, acariciando o interior da coxa dela, os dedos quase encostando na virilha de . Ela deixou de lado a vergonha também e puxou para baixo a cueca dele, revelando a sua intimidade, deixando-a totalmente corada e sem reação.
afastou-se e acariciou os fios de cabelo que grudavam no rosto de , e sorriu enquanto pegava do chão a sua carteira e pescava uma camisinha dali de dentro. Protegeu-se devidamente e depois de verificar se a namorada estava preparada e receber como resposta um sorriso seguido de um longo beijo, passou a penetrá-la devagar.
Ele tinha que se conter, porque a sensação que tinha era tão gostosa que, puta merda, queria se enfiar todo ali de uma vez só, mas sabia que para não estava sendo uma sensação tão boa assim. Pelo menos, não por enquanto. Ela fez uma careta de dor, mordeu a língua dele por descuido, fechou os olhos e apertou o braço dele. Estava doendo, não era impossível de aguentar, mas não estava sendo gostoso como queria que fosse. a beijou na curva do pescoço e na clavícula, voltando para seus lábios avermelhados.
- Vai ficar bom, , eu juro. – ele sussurrou, seus lábios se tocando aos poucos. – Você só precisa se adaptar comigo dentro de você. – ele entrou inteiro e ficou imóvel, observando os traços delicados e femininos da namorada.
- Promete que vai ficar gostoso? Tão gostoso que eu vou fazer essa cara safada que você está fazendo? – ela perguntou mordendo o lábio inferior e ele gemeu baixinho, as palavras dela o atiçando mais.
- Vai ser bom, amor, tão bom que a carinha que você vai fazer será mil vezes melhor e mais safada do que a minha. – ele disse mexendo-se levemente e fechou os olhos sentido seu interior aquecer.
E, após aquelas palavras, começou a se movimentar devagar e espontaneamente contra o sexo do namorado, passou a pedir baixinho para que ele a acompanhasse, movimentando-se contra seu corpo. E foi bom. Foi gostoso para ambos. Eles sorriram, fizeram caras bem mais safadas, gemeram baixinho um contra a boca do outro, ela o arranhou, ele a mordeu e se beijaram. Beijaram-se muito mais. Na realidade, nada daquilo estava sendo carnal ou um desejo adolescente. Estava sendo uma troca de amor e carinho. Estavam fazendo amor.
Puro e simples: amor.
Blackpool, Inglaterra – 07 de dezembro de 2013, 09:37hs
A primeira coisa que a garota ouviu foram os barulhos de pratos e a conversa alegre no andar de baixo entre seus pais. Apoiou-se nos antebraços, observando o quarto todo revirado, o vestido que tinha usado na noite anterior em sua formatura e baile da escola estava esticado sobre a poltrona do canto do quarto, os sapatos jogados de qualquer forma ao lado. A janela estava semi aberta deixando o ar gelado da manhã junto com poucos raios de sol entrarem no cômodo, a morena olhou ao lado procurando por outro corpo, mas encontrou o vazio, somente um pedaço de papel. Rolou pela cama ficando de bruços, os cabelos bagunçados caindo pelas costas nuas, e segurou o papel em seus dedos lendo-o.
deu um sorriso bobo, divertindo-se com o bilhete do namorado, enfiou o rosto entre as almofadas sentindo ainda o perfume amadeirado do garoto, e lembrando-se dos momentos passado com ele na noite anterior. O momento que receberam o Diploma, a mensagem dela como oradora da turma, a valsa com o namorado, a diversão entre eles e os amigos, e por fim, a noite que passaram juntos desfrutando dos seus carinhos e beijos.
Cada pequeno toque. Cada beijo. Cada sussurro e juras de amor trocadas.
Ainda conseguia sentir os dedos dele trilhando todas as suas curvas até alcançar a sua cintura, as sensações sempre que ele a tomava como sua e movimentava seu corpo contra o dela.
podia gritar de tanta felicidade. Ela o amava tanto que ardia dentro de si.
Resolveu levantar-se, quando notou que o horário passava das nove da manhã. Empurrou as cobertas para o lado e correu para o banheiro, e enquanto lavava o cabelo desmanchando-se do penteado e do mousse que passara para fixar suas madeixas no lugar, teve uma sensação tão ruim... Tão alarmante, que teve que se apoiar na parede respirando fundo. Olhou para frente observando seu reflexo no boxe do banheiro e tentou acreditar que o que havia sentido não era nada. Não podia ser. Não era um sinal dizendo que algo ruim ia acontecer, não podia.
Saiu do banheiro um pouco menos alegre do que antes, já tinha separado um short jeans para vestir, quando notou a mudança brusca que o tempo dera em poucos minutos. O sol que antes estava brilhando no céu, estava encoberto pelas nuvens, e o céu começava a ficar acinzentado mostrando que logo a chuva cairia. sentiu um arrepio, e voltou-se para o guarda-roupa colocando uma calça jeans preta e uma blusa de manga longa branca com lilás. Deixou o cabelo solto para que secasse, e já estava pronta para ir até a cozinha quando ouviu alguns gritos na casa ao lado. aproximou-se da janela e observou pela janela de vidro da casa vizinha, os pais de gritando um com o outro, franziu a testa confusa e resolveu ir até onde os seus pais estavam.
- Marien tinha me dito que estava complicada a situação entre eles, Matt. – Louise, mãe de , falava com o pai da garota.
- Você acha que eles vão... – Matthew estava no meio de uma frase quando apareceu na cozinha.
- Filha! – Louise disse sorridente, e claramente mudando de assunto. – Dormiu bem?
- Sim. – a menina disse olhando desconfiada para os pais.
- Diga ao que eu sei que ele dormiu aqui. – o pai dela disse cruzando os braços. – Ele não precisa continuar saindo pelo amanhecer como um fugitivo. – arregalou os olhos corada.
- Pai, é porque, ai, o senhor sabe que... – ela começou tentar se explicar, e a mãe riu divertida.
- Não quero ouvir, . Não precisa explicar, eu sei como vocês jovens são, eu só não quero o namorado da minha filha saindo escondido do quarto dela durante a madrugada. – ele piscou um olho, e a menina riu.
- Você é o melhor pai do mundo. – ela pulou no colo dele lhe dando um beijo na bochecha.
**
O clima ali estava tão bom e alegre que era um contraste com a casa vizinha.
Desde o momento em que saiu do seu banho, ouvia as vozes dos seus pais e os passos agitados pela casa, mas foi somente quando chegou na casa que notou, talvez pela primeira vez em muito tempo, que a sua família estava ruindo debaixo dos seus olhos. Marien, sua mãe, estava com um porta-retratos que continha uma bonita foto da família reunida, erguido, pronta para jogar sobre Joseph, que a encarava com um copo de Uísque na mão e um sorriso zombeteiro nos lábios. observou o porta retrato ser jogado e se estilhaçar na parede tornando-se cacos e mais cacos, o moreno ofegou dando um passo para trás, querendo entender o que acontecia ali.
- Mãe! – ele falou tentando chamar a atenção da mulher, mas Marien voltou a gritar com o marido, as lágrimas correndo pelo rosto.
- Você não pode agir como se nada tivesse acontecido. – ela ignorou o filho, caminhou até Joseph pegando o copo da mão dele e jogando ao chão.
- Pare de quebrar tudo, mulher. – o homem disse casualmente olhando para os vidros aos pés do casal. – Alguém pode se machucar.
- Você me traiu, seu filho da puta, na minha cama com uma vagabunda que tem a idade do seu filho. – ela disse com a voz beirando à loucura, arregalou os olhos, e somente ouviu o estralo do tapa que sua mãe dera em seu pai junto ao trovão que deu início ao grande temporal.
O garoto estava ainda paralisado, os minutos começaram a correr, enquanto seus pais gritavam, jogavam coisas um sobre o outro.
Joseph bebia e Marien chorava.
estava decepcionado e assustado.
Como tudo aquilo tinha acontecido e ele não tinha visto? Não tinha notado? Sentou-se na escada e ouviu as vozes altas tornarem-se um silêncio assustador, observou o dia claro e bonito tornar-se uma tarde acinzentada e fria, e então, logo estava de frente aos seus pais ouvindo o que ele já sabia que iria ouvir, só não acreditava.
Eles iam se separar. Estava decidido.
Só não conseguiu digerir o resto da informação que veio acompanhada com esse fato. Sua mãe não ficaria naquela casa, mas era além disso, e o que ouviu de Marien acabou com tudo que tinha planejado por anos. Ele negou, gritou com os pais, ficou vermelho de ódio, e por fim, chorou dentro do seu quarto, revoltado por como as merdas do seu pai influenciavam na sua vida.
A chuva ainda não tinha cessado quando o garoto bateu na porta da casa vizinha e foi recebido por um abraço reconfortante e conhecido por ele. o apertou contra seu corpo pequeno e sentiu as lágrimas dele molharem a camiseta do seu pijama, entrelaçou seus dedos e o puxou para a sala da sua casa, e ficou em silêncio olhando para o namorado. Ele limpou as lágrimas, depois de poucos minutos, segurou o rosto dela e a beijou com todo carinho que pôde colocar no ato, ela o acompanhou mesmo confusa.
- O que aconteceu, ? – ela perguntou baixo, temerosa. – Eu ouvi os gritos, fiquei tão preocupada...
- Shh... – ele colocou o dedo indicador sobre os lábios vermelhos dela. – Faz amor comigo, . – ele pediu e a morena franziu a testa.
- ... – ela o questionou, mas ele ficou em pé caminhando até o quarto dela.
E quando a porta fechou-se, mesmo sabendo que os pais da garota estavam em outro cômodo, muito possivelmente acordados: eles fizeram amor. Ele a tocou de um jeito diferente e sentiram juntos algo que nunca chegaram perto de sentir. a beijou com devoção, gravando em sua mente cada curva dela, a excitando como nunca antes, e tentando o máximo lhe mostrar como seus beijos, carícias e olhares o quanto a amava e sempre iria amar. Ela era muito mais do que a sua primeira namorada. O seu primeiro amor. era quem ele escolheu para ser a mulher da vida dele. Com as mãos entrelaçadas acima da cabeça da morena, os lábios encostados e os olhos fechados, chegaram ao ápice dos seus prazeres, deixando os seus gemidos satisfeitos ecoarem por todo o quarto acompanhando o batimento acelerado dos seus corações.
estava sobre o peito dele, acariciando levemente os cabelos desgrenhados do namorado, e ele a beijou antes de ficar em pé e se trocar lentamente. Ela o acompanhou e quando terminaram sentaram-se lado a lado na cama da menina, observando pela janela fechada a chuva que caia lá fora.
- Meus pais vão se divorciar. Ele a traiu, na nossa casa, com uma aluna dele. – começou a falar baixo, o encarou surpresa. Sempre viu Marien e Joseph como um casal feliz e apaixonado. – E isso não é tudo... – ele apoiou os braços sobre as coxas e escondeu o rosto em suas mãos soltando um resmungo e algumas lágrimas, encostou a cabeça nas costas dele acariciando o braço do namorado.
- Eu sinto muito, amor. – ela falou baixinho. – Isso não é tudo? Como assim? – ela perguntou depois de uns minutos em silêncio, ele ergueu o rosto e a encarou.
- Minha mãe não vai continuar nessa casa. – ele prendeu a respiração e soltou aos poucos. – Nós, eu e ela, vamos nos mudar.
- É claro, , sua mãe não pode mesmo continuar no mesmo teto que o seu... Pai. Seria terrível para ela. – a menina concordou.
- Nós vamos nos mudar para Nova York, ... – ele disse num sussurro sofrido e ela arregalou os olhos se afastando dele.
- O quê?
- , isso não vai mudar nada entre a gente, eu juro. Eu vou com minha mãe porque ela precisa de mim, mas eu vou voltar. Eu vou voltar pra você. – ele aproximou-se da garota e segurou as mãos dela. – Eu já pensei em tudo... Eu vou começar a faculdade e arrumar um emprego, e então, quando você fizer dezoito, ano que vem, eu venho te buscar para morar comigo e terminar sua faculdade lá. Você aceita? Você quer? – ele pediu angustiado, desesperado pelo sim.
- ! – ela o abraçou apertado deixando as lágrimas mancharem seu rosto. – Sim. Eu quero... – ela falou fraca. – Por favor, olha pra mim, me promete que não vai mudar nada na nossa relação. Por favor... Eu te amo. – ela pediu olhando para os olhos dele.
- Não vai, princesa, eu te amo e sou pra sempre seu. – ele acariciou o rosto dela. – Só são alguns meses... Só isso.
E ele tinha prometido ser somente alguns meses. Tinha prometido que nada iria mudar. Tinha prometido vir buscá-la. Tinha feito promessa em cima de promessa sem medir a força das suas palavras.
Uma semana depois...
A morena sentou-se nas escadas de sua varanda, observando o carro da casa vizinha ali parado, sendo cheio por caixas e malas. Ela estava assustada, como Marien tinha conseguido assinar os papéis de divórcio e arrumar um lugar para morar no outro lado do oceano tão rápido? Parecia que aquilo vinha sendo planejado há meses pela mãe do seu namorado, mas para aquilo era o que menos importava. Poderia entender que era triste para o ver sua família se romper, mas para a garota era pior ainda vê-lo ir embora. Sem previsão de volta, sem nenhuma certeza que o que prometeram dias atrás em seu quarto seria cumprido.
Ouviu a porta de sua casa abrir, e logo em seguida, sua mãe estava ao seu lado segurando sua mão e olhando para a mudança dos vizinhos. apoiou a cabeça no colo da mãe e deixou algumas lágrimas correrem pelo seu rosto enquanto escutava dentro da sua cabeça o tic-tac do relógio que marcava a hora dele ir embora.
E, como se tivesse chego rápido demais, olhou para frente da sua casa e viu ali parado. Marien já estava dentro do carro, em silêncio. E ele estava ali esperando para se despedir de sua namorada. Louise acariciou as costas da filha e a incentivou a ir até onde o garoto estava parado, mas a menina estava com medo daquilo se tornar um adeus. Levantou-se se demorando em cada passo, até que não aguentou mais, ficando poucos passos longe de , cobriu seu rosto com as mãos e deixou-se chorar. sentiu seu coração apertar, andou até sua garota, e lhe abraçou apertado. Repetia incansavelmente que aquilo não era um adeus, nunca seria. Ele era dela, pra sempre. Não tinha mais volta, eles ficariam juntos de novo. Ele pedia aos céus que ela acreditasse naquilo, pedia aos céus que aquilo fosse verdade, que eles pudessem ficar juntos novamente e que ninguém mais pudesse separá-los. Ele deixou uma mão sua segurando-a pela cintura enquanto a outra acariciava a bochecha rosada da menina, ele sorriu através de suas próprias lágrimas, e aproximou seus lábios dos dela, a beijando com amor, necessidade, carinho e saudade.
- Eu te amo. Eu te amo, , nunca se esqueça, me ouviu? – ele disse com firmeza contra os lábios dela.
- Eu te amo, . – ela suspirou.
Ele lhe deu outro beijo junto com outro abraço, e então... Foi embora.
Blackpool, Inglaterra – 14 de dezembro de 2014, 22:45hs
Presente – Coloque essa música para tocar agora.
Quem vai ser o primeiro a começar a briga?
Who’s gonna be the first one to fall asleep at night?
Quem vai ser o primeiro a adormecer a noite?
Who’s gonna be the last one to drive away?
Quem vai ser o último a ir embora?
Who’s gonna be the last one to forget this place?
Quem vai ser o último a esquecer esse lugar?
Quando voltou a abrir seus olhos, viu que estava em pé de frente para a janela do seu quarto, olhando para fora. Ele respirou fundo, já estava pronto para abrir sua boca e falar qualquer coisa que pudesse remediar aquela situação, quando notou em cima do criado-mudo perto do porta retrato da garota, uma foto. Aquela foto era tão importante para eles. queria pegar aquela foto em seus dedos e observar mais de perto... Naquela foto estava e ele sentados na varanda da casa da garota, um olhava para o outro sorrindo. Não tinha nada de surpreendente, mas era um olhar calmo e tranquilo, repleto de amor e segredos trocados.
Foi a noite em que tinha escolhido como seu primeiro e único amor, foi a noite em que tinha dito que a amava, foi a noite em que eles tinham começado a namorar.
E, agora eles estavam ali tão longe um do outro. Sem olhares cheio de amor, sem tranquilidade e calmaria. Só tristeza. Ele suspirou e a chamou, finalmente, olhou para a tela do computador limpando as lágrimas do rosto, ele balançou a cabeça começando a falar:
- Eu jurei para mim mesmo que daria tudo certo, . Eu quis tanto, tanto que fosse tudo fácil, que eu chegasse aqui e em poucos meses pudesse voltar para você. E, que juntos tomássemos a decisão de vir para cá ou ficar aí, eu quis e quero todos os dias, . Eu nunca quis que meu pai traísse minha mãe, nunca quis que meus pais se divorciassem, nunca quis que minha mãe resolvesse mudar de país, nunca quis morar em Nova York... Mas eu tive que aceitar. – ele respirou fundo e a morena voltou a prestar atenção em cada palavra dele. – Mas, o que eu sempre quis foi você. Desde sempre eu te quero, não consigo não querer seus beijos, seus toques, seus conselhos, sua voz, sua risada, seu cheiro... Não consigo e não quero ficar sem isso. – e então ele parou deixando que seu coração sangrasse mais um pouco. – Só que eu também não posso te forçar a querer isso, não posso te fazer aguentar os espaços profundos que estão entre nós e não posso te dar certeza de quando ficaremos juntos de novo, . E então...
- Adeus, meu amor! – os dois falaram juntos, aceitando mesmo sem querer, o fim deles.
Nós continuamos revezando
Will we ever learn?
Nunca vamos aprender?
não esperou um minuto sequer, fechou a tela do computador desligando-o, e caiu em sua cama chorando. As palavras dele indo e voltando em sua cabeça junto com as sensações de sentir o toque dele sobre sua pele, iria enlouquecer ali. Fechou os olhos encolhendo-se em seu próprio casulo e esperou até que seu coração acalmasse e o corpo parasse de tremer. Levantou aos poucos a cabeça, olhando todo o seu quarto, até parar seu olhar na foto ao seu lado. Estava exausta. Saiu da sua cama e foi até a cozinha, no andar de baixo, pegou tudo que achou necessário e voltou para seu quarto trancando a porta.
Abriu a janela colocando uma vasilha grande ali e dentro jogou as cartas que recebeu de e algumas fotos que ela sempre olhava antes de dormir, acendeu um fósforo jogando álcool em tudo e fechou os olhos antes de deixar que o fogo consumisse tudo ali. As chamas queimando tudo à sua volta sobre o olhar atento da morena.
Quando deu por si, estava com uma garrafa de água em sua mão, tentando apagar as chamas, desesperada para salvar suas fotos. Caiu no chão, se arrependendo do que estava fazendo antes, não queria queimar tudo, não queria colocar um fim naquilo.
, me perdoa. Amor, volta para mim.
Tudo que ouvia, tudo que pensava, tudo que queria era ele.Sempre seria.
Oh, os espaços entre nós
Keep getting deeper
Continuam mais profundos
It’s harder to reach her
É difícil alcançá-la
Even though I've tried
Mesmo que eu tente
não conseguia acreditar que ela tinha dito o mesmo que ele e nem dado uma chance dele olhar o seu rosto por uma última vez. A tela toda preta à sua frente era um reflexo da sua alma, seu corpo tremia. Ele queria gritar e quebrar tudo. Queria entrar no quarto de sua mãe e dizer que ia embora... Ia voltar para . Mas, não podia, não conseguia... Era um fraco e inútil, estava acostumado com sua vida ali, tinha criado amigos e estava agora na faculdade dos seus sonhos.
“Idiota. Imbecil. Você acabou de terminar um relacionamento de anos com a mulher da sua vida e está pensando na droga da sua universidade?”
Ele suspirou fechando os olhos sentindo as lágrimas, arrastou-se até sua cama deitando-se ali, abraçando uma foto de como se sua vida dependesse daquilo. Não queria ter dito adeus. Não queria que aquele fosse o fim deles.Olhou para o teto do quarto buscando qualquer forma de consertar aquilo, respirava e inspirava fundo.
Espaços entre nós
Hold all our secrets
Guardam todos os nossos segredos
Leaving us speechless
Nos deixando sem palavras
And I don’t know why
E eu não sei por que
Who’s gonna be the first to say goodbye?
Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
Ouviu a porta do seu quarto abrir e o perfume doce de sua mãe invadir o lugar, não abriu os olhos e nem se moveu, enquanto ouvia os passos dela. Marien deitou ao lado do filho o abraçando como se ainda fosse um bebê e disse que “tudo ficaria bem, aquela dor iria passar”, o que ela não entendia é que nada ficaria bem sem com ele, aquela dor não iria passar... Ele respirou com dificuldade. , minha princesa, volta para mim. Eu preciso de você comigo, por favor.
Quem vai ser o primeiro a se comprometer?
Who’s gonna be the first one to set it all on fire?
Quem vai ser o primeiro a colocar fogo em tudo?
Who’s gonna be the last one to drive away?
Quem vai ser o último a ir embora?
Forgetting every single promise we ever made
Esquecendo cada promessa que já fizemos
***
Quando abriu os olhos, no dia seguinte, notou que estava deitada confortavelmente em sua cama coberta por uma manta lilás sendo abraçada por sua mãe. virou seu corpo até encontrar o rosto sereno de Louise, a morena respirou fundo tentando afastar da sua cabeça as palavras ditas na noite passada, tentou lembrar o que fizera depois... Mas, estava tudo em branco. Resolveu que tinha que seguir em frente, dar um passo de cada vez, tentando esquecer seus problemas e suas dores. Desvencilhou-se da mãe e foi até o banheiro, onde tomou um longo banho e voltou para o quarto colocando uma roupa quente para ir ao trabalho. Louise abriu os olhos e sentou-se na cama, enquanto observava a filha arrumar a sua própria bolsa em silêncio.
- ... – ela a chamou. – Você está bem? – sabia que estava aos cacos, desde o momento em que tinha chegado em casa e encontrado a filha deitada no chão do quarto chorando e sussurrando o nome do namorado, soube que estava tudo acabado entre eles e que, agora a menina se fecharia para si mesma.
- Ótima. – ela disse sorrindo. – Obrigado por ter dormido comigo, agora estou indo para o trabalho. Bom dia! – deu um beijo na bochecha da mãe e saiu afobada pela porta, e pela primeira vez em anos, sem a pequena aliança prata que usava em sua mão direita.
- , você precisa conversar comigo... Eu sou sua mãe. – Louise a seguiu pelo corredor e notou quando a morena titubeou, parando na beira da escada em silêncio. – O que aconteceu?
- Eu... Eu não posso falar, mãe. – ela disse baixo.
- Cadê sua aliança? – a mulher perguntou inocente e surpresa por não ver a aliança ali como todos os dias.
- Mãe! Pare com isso. – a menina virou de frente para Louise desesperada. – Eu estou tentando seguir em frente... Acabou, tá legal? Mas, eu não quero ouvir o nome dele, não quero ficar pensando em tudo isso. Não posso. – ela choramingou. – Por favor, mamãe, me deixe seguir em frente.
- Filha... – ela sussurrou tristemente. – Tenha um bom dia, querida. – ela deu um beijo na testa da menina deixando-a ir.
Oh, os espaços entre nós
Keep getting deeper
Continuam mais profundos
It’s harder to reach her
É difícil alcançá-la
Even though I've tried
Mesmo que eu tente
Spaces between us
Espaços entre nós
Hold all our secrets
Guardam todos os nossos segredos
Leaving us speechless
Nos deixando sem palavras
And I don’t know why
E eu não sei por que
Who’s gonna be the first to say goodbye?
Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
Nova York, Estados Unidos – 15 de dezembro de 2014, 09:03hs
O moreno pegou sua mochila e entrou na sala de estar, deu um beijo na bochecha da mãe e pegou uma maçã, despedindo-se da mulher com um aceno de cabeça e sem falar nada sobre a noite passada, saiu do apartamento que dividia com Marien. Parou em frente ao elevador e pressionou o botão prateado enquanto aguardava o cubículo parar no seu andar. Quando a porta prateada abriu entrou vendo ali dentro Skylar. Ele a cumprimentou com um pequeno sorriso e voltou seu olhar para seu celular. Sem mensagens ou ligações perdidas. Respirou fundo e saiu do elevador cumprimentando o porteiro do prédio com um high-five, passou pela porta giratória do prédio e foi recebido por um vento gelado. Arrepiou-se e quase voltou para dentro em busca de sua touca preta, mas por fim, prosseguiu seu caminho até o metrô.
Nós continuamos revezando
Will we ever learn?
Nunca vamos aprender?
When will we learn?
Quando vamos aprender?
Mesmo que a Juilliard School* estivesse fechada por conta das férias de inverno e das festas do fim de ano, ainda assim o garoto, junto com seus dois amigos de turma, conseguiam um lugar para ensaiarem e treinarem suas vocações. Ele aprimorando sua voz e treinando os instrumentos que aprendera a tocar, como o violão e o piano. Eram as únicas coisas, diria até que era o único momento em que conseguia se desconectar da sua própria vida e só prestar atenção na música, no Universo.
Entrou no prédio de Luke, e subiu os dois lances de escadas, até estar no estúdio de dança e teatro da mãe do garoto. Deu dois toques na porta sendo recebido pelo amigo.
- Chegou na hora, cara. – Luke disse abrindo espaço para que entrasse.
- Na hora do quê? – o garoto sorriu andando em direção ao piano que estava perto da janela de vidro.
- Do ensaio das bailarinas, . – ele disse maliciosamente e o moreno riu divertido, sentando-se no banco. – Ah, esqueci que você tem a garota inglesa... – o moreno pensou em dizer que não a tinha mais, mas deixou que o amigo pensasse que ele ainda a tinha, porque não queria se despedir ainda da garota.
- Mas, isso não me impede de olhar o ensaio das nossas queridas amigas bailarinas. – porém, isso não significava que ele não podia olhar belas mulheres, afinal, não tinha mais um relacionamento para honrar.
Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
Who’s gonna be the first to say goodbye?
Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
The spaces between us
Os espaços entre nós
Yes, the spaces between us
Sim, espaços entre nós
The spaces between us
Os espaços entre nós
Nova York, Estados Unidos – 07 de abril de 2016, 08:15hs
Dois anos depois...
A mulher observava os prédios passarem por seus olhos com um sorriso tímido e um olhar encantado. O taxista conversava com ela, num sotaque americano tão engraçado que a fazia rir, e elogiava o sotaque inglês dela. O homem passou com ela por algumas casas e a morena achou tudo tão lindo, queria tirar muitas fotos para poder mostrar aos seus pais, estava ansiosa para conhecer o seu apartamento. Estava ansiosa para começar a viver ali em Nova York, a cidade que durante longos dois anos repudiou com todas as forças. E, ironicamente, seria agora a sua cidade, o seu lugar, a sua moradia. Ela desceu do táxi, após pagar a corrida e dar uma bela gorjeta ao homem mais velho, com um sorriso bonito olhando admirada para o prédio à sua frente. Olhou tudo ao seu redor com os olhos brilhando, enquanto suas duas malas eram colocadas ao seu lado. Aquele bairro era calmo e bonito. As pessoas andavam bem arrumadas e relaxadas, as árvores repletas de flores, por conta da primavera, estava feliz. Segurou as malas e caminhou até o porteiro, um sorriso simples nos lábios.
- Bom dia. – ouviu sua voz soar envergonhada e irritantemente sonhadora.
- Bom dia. – o porteiro soou feliz e receptivo. – Qual o seu nome, senhorita?
- , sou a nova moradora do 5° andar. – ela sorriu.
- Oh, claro, claro. – ele parou pressionando um botão que fez o portão abrir, a morena entrou observando o hall de entrada e os elevadores. – Aqui está a sua chave, o seu apartamento é do número 17. A senhorita quer que eu a acompanhe? – ele perguntou educado.
- Oh, não precisa, senhor... – ela franziu a testa buscando em sua mente o nome do porteiro.
- Smith. – ele estendeu a mão para ela, que aceitou.
- Obrigada, senhor Smith, mas não precisa. – ela olhou para frente. – Eu vou subir para conhecer meu apartamento, certo? Obrigada e bom dia. – ela disse educada e prosseguiu seu caminho.
Entrou no cubículo prateado e em poucos segundos já estava no corredor do seu apartamento, abriu a porta e ouviu algumas vozes no apartamento do lado. Já estava ansiosa para saber quem seriam seus vizinhos, como seria terminar sua faculdade em Nova York e trabalhar ali. Mas, além disso, queria saber como um certo alguém estava. Fazia tanto tempo que não ouvia a voz dele ou recebia uma notícia do homem que fazia seu coração apertar, queria tanto ter ligado para ele e dado a notícia de que estava indo morar naquela cidade. Queria ter tido coragem de ligar e contar como fora o momento em que ela tomou a decisão de mudar sua vida e seguir com seus sonhos, sair da sua pequena cidade na Inglaterra e ir para aquela metrópole, queria dizer como estava com medo e animada. Queria que ele lhe mostrasse os pontos turísticos e se divertissem com as crises de menina do interior dela. Mas, ela não ligou. E ele nunca saberia que ela estava ali perto, e ao mesmo tempo, longe dele.
As malas já estavam abertas sobre sua cama, algumas roupas colocadas no guarda-roupa, a foto do seus pais em cima do criado mudo, o notebook aberto sob a mesa da sala. Ela estava com os cabelos molhados e um roupão deitada no sofá conversando com Louise e Matthew, seus pais, sobre como tinha sido bem recebida pelo senhor Smith e como o prédio era bonito e silencioso, e o apartamento era confortável. estava tão feliz que não ouviu a porta do apartamento ao lado do seu ser aberta e vozes soarem mais altas de pouco em pouco.
**
abriu com sua chave o portão, virando de costas somente para acenar para Luke e Sophie, e voltou a entrar no prédio. Observou o hall ainda silencioso, e o balcão onde senhor Smith estava lendo o jornal do dia acompanhado de uma xícara de café preto, andou até onde as caixas de correio estavam, procurando pela sua própria.
- Bom dia! – o moreno disse para o porteiro que ergueu o olhar.
- Pequeno . – Sr. Smith disse o apelido que aprendera a chamá-lo desde que o homem tinha chegado em Nova York. – Como está?
- Bem. – ele disse abrindo a caixa de correio de número 18 e vendo que a caixa ao seu lado direito estava fechada. – Porque a 17 está fechada de novo? – ele virou de frente para o porteiro com as suas cartas em mãos.
- Ah, o apartamento foi alugado. – o homem respondeu. – O senhor e a senhora tem uma nova, e com todo respeito, belíssima vizinha. – ele virou a folha do jornal distraído.
- Vizinha? – ele ergueu a sobrancelha e o homem riu. – Ela é daqui?
- Ela parece bem tímida, e se não me falha a memória, veio da Inglaterra, igual ao senhor. – o homem disse pensativo, e sentiu o coração apertar quase sonhador, e se fosse ela?
- Como ela é? – ele perguntou desesperado por uma melhor informação.
- Ela é... – e antes que o senhor Smith pudesse o responder, Marien apareceu no hall, os braços cruzados e um olhar repreensivo sobre o filho. – Bom dia, senhora .
- Bom dia, senhor Smith. – ela sorriu levemente. – , onde você passou a noite?
Ele a ignorou, acenando para o porteiro, e indo em direção aos elevadores. Estava tornando-se insuportável sua convivência com a mãe. Marien tinha se tornado amarga e fria após o divórcio, o impediu de ir visitar a namorada com medo de que ele conversasse com o pai. Depois do seu término com , ela começou a impedir que ele ligasse para a garota e para o próprio pai. Aos poucos, queria impedi-lo de sair com os amigos ou conhecer novas garotas.
Parecia que sua mãe tinha medo de perdê-lo querendo que ele fosse somente dela, que sua vida fosse vivida em função da mulher. Ele estava cansado. tinha a faculdade de música e o trabalho temporário como bartender. Não podia ficar restrito somente à sua mãe. Passou pela porta prateada ouvindo os resmungos da mãe, observou o tapete rosa claro recém colocado no chão em frente à porta número 17 e sorriu curioso para conhecer a vizinha.
Destrancou a porta do seu apartamento no mesmo momento que ouviu a voz fina e chateada de sua mãe.
- Onde você estava, filho?
- Mãe, pelo amor de Deus, eu estava trabalhando. – ele disse tirando a touca e bagunçando os fios de cabelo enquanto sentava no sofá.
- Trabalhando? Até essas horas, ? – ela disse angustiada.
- Mãe! Eu sou bartender, eu trabalho de madrugada num pub e é normal que eu chegue nesse horário, você deveria estar acostumada.
- Como eu posso estar acostumada com o meu filho chegando de manhã em casa? – ela disse irritada. – Você está usando drogas? Bebendo?
- Qual é o seu problema? – ele ficou em pé furioso. – Como pode me perguntar algo assim? Eu estou tentando manter a nossa casa e o meu curso, é isso que eu estou fazendo!
- Você precisa trabalhar com algo mais decente! – ela disse cruzando os braços.
- Isso é decente! – ele balançou a cabeça.
- Você está ficando igual ao seu pai. – ela disse com lágrimas nos olhos.
- Eu não sou como ele. – gritou. – Nunca mais ouse falar algo parecido, Marien. – ele a chamou pelo nome de tão furioso que estava.
– Você vai me abandonar como ele fez... – ela choramingou, e soltou a respiração fechando os olhos.
- Não chora, mãe. – ele caminhou até abraçá-la. – Desculpa. Eu não vou te abandonar, mas você precisa entender que tudo que tenho feito é pensando em mim e em você. Mas, a senhora também precisa encontrar algo para fazer. Encontrar algo que lhe faça feliz novamente.
- Eu sei... Eu sei, filho. – ela disse baixinho abraçando o filho.
**
A primeira semana passou depressa para que ficou dividida entre arrumar o apartamento, os documentos da faculdade e conhecer a cidade. Mas, mesmo na correria do seu dia a dia, conseguia se encantar mais ainda. Aos poucos, tornou-se quase compreensível os motivos de ter preferido continuar na metrópole ao invés de voltar para a cidadezinha do interior onde nasceram e cresceram. Ela não conseguia mais se imaginar voltando para sua cidade pequena, porque aquela cidade enorme era A cidade. Onde os sonhos se tornam realidade.
A convivência no prédio também estava sendo agradável. Mesmo que já tivesse ouvido alguns barulhos, ainda não tinha conhecido os seus vizinhos ao lado, de qualquer maneira, já tinha conhecido uma senhora que morava no andar de baixo e conversava bastante com o Senhor Smith, que a tratava muito bem. Foram eles quem a receberam de braços abertos e com extremo carinho.
Claro que aquela semana não estava sendo só flores, já que todas as noites sentia falta do abraço da sua mãe e do beijo na testa que seu pai sempre lhe dava, mesmo ligando sempre para os dois e conversando pelo Skype com ambos, sentia falta da presença. E, como já passara por isso antes, sabia que essa falta não sumiria de um dia para o outro. De qualquer maneira, sabia que estava ali para seguir e realizar seus sonhos.
Logo que amanheceu, vestiu um short jeans e uma camiseta simples e saiu pelas ruas da cidade. Não conhecia nada, tinha apenas um guia turístico em mãos, mas foi com a cara e a coragem em busca de conhecer todos os lugares que conseguisse.
O sol estava coberto pelas nuvens, mas o clima estava ameno, enquanto ela passeava pelo Central Park. Segurava em uma de suas mãos um suco colorido e bem gelado, observando e tirando fotos de tudo ao seu redor, sorria para câmera e enviou algumas selfies para os pais. Por fim, sentou-se num banco em frente ao lago e ficou em silêncio respirando o ar puro e vendo os nova iorquinos aproveitando o dia. Um casal passou à sua frente, as mãos entrelaçadas e os sorrisos fáceis, e foi somente isso que a despertou, sentiu saudade de seu ex-namorado, tanto que num pulo, já estava dando as costas para aquela paisagem, seguindo em direção a saída. Lembrou-se, enquanto entrava numa rua qualquer, que precisava ir até sua nova Universidade levar um último documento. Olhou mais adiante notando um prédio antigo e tão bonito, os jovens ali em frente conversavam animados perto da saída, sentados nas escadas ou encostados as árvores. Ela parou perto da parede olhando rosto por rosto, era logicamente outra Universidade, e naquele momento, começou a pensar como seriam o início de suas aulas, os novos amigos... Enquanto imaginava e sonhava timidamente, encontrou um rosto.
Era ele. Ela tinha certeza que poderia ter caído ao chão se já não estivesse encostada a parede. Estava tão perto, sorrindo enquanto conversava com um casal, parecia um anjo. Os cabelos bagunçados e maiores do que lembrava, estava mais forte, mais homem... Ele estava ali. estava sem reação, o que fazer, afinal? Ir até lá dar um "oi"? Mas, isso seria ridículo, não é? E o clima entre eles estavam bom o bastante para isso? Clima, mas qual clima? Estavam há tantos anos sem se verem, e até mesmo, sem se falarem.
Deu um passo para frente tentando expulsar os seus temores, estava com tanta saudade, mas logo retrocedeu o passo, no momento em que uma outra garota aproximou-se dos três amigos. A mulher tinha os cabelos bem longos e loiros claríssimos e mantinha um sorriso nos lábios, e em segundos, estava com os braços ao redor dele. Ela arregalou os olhos, ao mesmo tempo, que sua ficha caía e ela compreendia que ele tinha seguido em frente.
**
Fazia dois dias desde o dia em que tinha visto . Ela estava triste e assustada. Várias perguntas rondando sua cabeça, em alguns momentos, durante aquelas 48 horas pensou em chamá-lo no Skype ou ligar para o homem. Mas, para quê? O que diria? Não tinha sentido ela sentir-se traída, afinal, eles tinham terminado. Tinham decidido juntos e por livre e espontânea vontade, não poderia brigar.
E ela precisava estar feliz, aquele era o seu primeiro dia de aula, e era o que se esforçava fazer enquanto pegava um caderno e um livro, indicado pela moça da secretaria, da estante e seguia em direção à porta. Era bem cedo, teria tempo suficiente para comer em alguma cafeteria e ir andando até a New York University. Trancou sua porta e apoiou a bolsa em seu ombro direito enquanto pressionava o botão prateado aguardando pelo elevador.
Térreo.
Primeiro Andar.
Segundo Andar.
Terceiro Andar.
Quarto Andar.
Quinto Andar.
Era o dela, a porta abriu-se e ergueu a cabeça para adentrar o cubículo, mas paralisou quando seu olhar fixou-se aos olhos castanhos escuros dele. prendeu a respiração com os olhos arregalados de espanto e surpresa, enquanto sentia seu corpo tremer, sentindo todos os efeitos que só ele poderia causar nela. Suas mãos fracas deixaram que os livros que segurava fossem ao chão quebrando o silêncio descomunal que os envolvia. Isso foi o bastante para que ele erguesse a mão dando um passo à frente, precisava tocá-la para ter certeza que aquilo não era uma miragem, fruto dos seus sonhos mais secretos. Porém, antes que ele a alcançasse e que ela saísse do piloto automático e reagisse a porta fechou-se e tudo voltou ao silêncio.
bateu a mão na porta irritado, apertando desesperado no botão do andar de baixo, correria escada acima até segurar pelos braços. Enquanto sentia seus olhos encherem de lágrimas, abaixou-se recolhendo os livros, e começou a andar apressada até a porta do seu apartamento. Procurava aflita e desesperada pela chave, tinha acabado de guardar ali, não poderia já estar perdida entre suas coisas. "Cadê a chave?", ela praticamente gritava consigo mesma, as lágrimas inundando cada vez mais seus olhos. Ouviu os passos apressados nas escadas de emergência e a porta de ferro sendo arrastada, ao mesmo tempo, que segurava em seus dedos sua chave. Encaixou na fechadura e jogou-se para dentro do apartamento na hora em que entrou no corredor, vendo somente os fios de cabelo dela, e o bater da porta. Ele andou até o número 17 e bateu incessantemente na porta. Ela sentada no chão, o rosto vermelho e molhado de lágrimas, não respondia nada. Ouvia os resmungos e os pedidos dele. Poderia acabar com aquele sofrimento, era só abrir a porta, mas não conseguia.
Ele deixou as mãos caírem ao lado do seu corpo e encostou a cabeça na porta respirando fundo incontáveis vezes. Estranhamente começou a chorar e rir ao mesmo tempo. ergueu a cabeça ao reconhecer aquele som que tanto sentiu falta.
- Você está aqui! - ele sussurrou olhando para o chão, tendo certeza que além daquela porta, ela ouviria sua voz. - Aqui! E você pode não querer me ver, mas... Eu estou tão feliz que não consigo expressar. - ele sentou no chão de costas para a porta. - Eu vou ficar sentado bem aqui... Porque eu preciso ouvir sua respiração e seus resmungos para ter certeza que isso é real... Que isso está, finalmente, acontecendo.
E, era mesmo aquele tipo de pessoa que quando fala, cumpre. Ficou sentado ali por uma hora, viu sua mãe sair do apartamento e o encarar confusa. Ele a chamou até onde estava e disse simplesmente: "Ela está aqui. Mãe, a está aqui", e Marien sorriu compreendendo. Seu filho parecia tão feliz que resolveu que não iria mandá-lo ir para casa e sair da porta da nova casa da garota, despediu-se do homem, e em seguida, entrou no elevador sorrindo. já tinha mandando milhares de mensagens para sua mãe e todas tinha uma resposta "Abra a porta, filha".
Como iria encará-lo? Estava pronta para aquilo? Fazia dois anos desde o fim deles, como poderiam agir normalmente agora? Sua cabeça girava e girava, sua respiração estava entrecortada e o coração disparado, puxou os cabelos para cima prendendo num coque e soltando em seguida. Ficou em pé andando de um lado para o outro e só parou quando ouviu a voz dele novamente:
- Só me deixa te ver. - era um sussurro, o tom tão triste e nostálgico como lembrava-se da última vez que falaram-se por uma tela de computador. Respirou fundo. - Abre a porta, .
Ela limpou as lágrimas e olhou para a janela à sua frente, o sol começava a nascer, deixando o céu num misto de laranja, amarelo e rosa. Estava tudo tão lindo. Ela queria vê-lo.
Destrancou a porta com sutileza, tentando não fazer barulho, e afastou-se, caminhando até a janela de vidro. O silêncio estava agradável e necessário, mas ao mesmo tempo, queria ouvir o timbre da voz dele, o som da gargalhada dele e os resmungos baixinhos do seu eterno garoto. Abraçou-se quando ouviu a maçaneta girar e a porta ser empurrada aos poucos, e a viu de costas, olhando para a rua em silêncio. Ela estava ali. Não importa desde quando, como ou por que. Tudo que importava era que ela estava ali. deu todos os passos que o afastava dela, pensando ao mesmo tempo em cada milha que os separaram durante anos. Cada passo era um ano perdido. Cada passo, um sorriso roubado. Cada passo, uma lágrima derrubada. Cada passo, um país que os separava. Cada passo, uma parte do oceano que ele atravessava para chegar até ela.
Ele parou atrás dela e ficou em dúvida sobre o que fazer. Abraçá-la, tocar o braço, segurar a mão, chamar seu nome? O que fazer? Mas, tornara-se impulsivo demais para ficar parado pensando e deixando o tempo passar. Resolveu por fazer tudo ao mesmo tempo. Segurou a mão dela entrelaçando seus dedos e a abraçou por trás, inspirando o perfume dela, o cheiro do shampoo. Apertou o corpo dela contra o seu, sentiu a mulher tremer e render-se aos poucos ao calor do corpo dele.
- ... - ele sussurrou no ouvido dela, quente e carinhoso, do jeito que ela lembrava.
Aos poucos, eles foram separando-se do abraço, e ficou de frente para ele. O olhou por longos minutos, tocou o pulso dele subindo seus dedos macios por todo o braço, ombro e nuca. Levou sua mão até o rosto dele onde desenhou cada traço até segurar os fios de cabelos de , sentindo a maciez e suprindo a vontade que tinha de fazer cafuné nele. sorriu fechando os olhos, deixando uma mão apoiada na cintura dela. Ela respirou fundo e suspirou, chamando a atenção dele. ergueu o olhar e fixou-se nos olhos da mulher, não resistindo e erguendo uma mão para segurar o rosto dela, aproximando-se com calma o bastante para permitir que ela se afastasse se assim quisesse.
Ela não se afastou.
Ele sorriu tocando seus narizes, acariciando a bochecha rosada dela, até que deixou seus lábios tocarem os dela, numa carícia saudosa e tão bem conhecida. Em primeiro momento, fora somente isso, um tocar de lábios. Mas, ambos estavam fartos daquela distância. Estavam fartos daquele fim ridículo. Ao mesmo tempo, abriram suas bocas deixando que suas línguas se encontrassem num beijo feroz e apaixonado, as mãos segurando os rosto o mais perto possível, o perfume deles se misturando. Ela encostou-se à janela de vidro o sentindo encostar-se a ela, sorriu por entre o beijo, até que fora estritamente necessário se afastarem. Ela ficou de olhos fechados, enquanto , apoiava sua testa na dela e abria os olhos gravando os traços perfeitos de sua garota.
- Você perdeu a voz, ? - ele perguntou risonho. - Quero ouvir sua voz. - ela abriu os olhos sorrindo, ele tocou os cabelos dela, e sabia que a única coisa certa e mais sincera que poderia dizer, seria talvez a última que ele pensava que ela diria. Mesmo assim, ela disse sem arrependimentos.
- ... - ela sussurrou da mesma maneira que ele, conseguindo a atenção completa dele. - Eu te amo!
Ele sorriu tão abertamente que poderia rasgar o seu rosto e mesmo assim não seria ele quem iria se importar. estava ali na sua frente, ela tinha retribuído o beijo, e mais do que isso, tinha dito que o amava. Definitivamente, aquele era o melhor dia da sua vida. Ele a puxou para si, erguendo-a em seus braços e a abraçando apertado enquanto andava até o sofá. Ela riu divertida e leve como uma pluma. Ele não precisava respondê-la para que soubesse que ele ainda a amava. a puxou para outro beijo e quando se afastaram, ele segurou o rosto dela entre suas mãos.
- Eu te amei ontem. Eu te amo hoje. E eu te amarei amanhã. - ele disse apaixonadamente olhando nos olhos dela. ficou em pé.
- , as coisas não são assim. Nós ficamos anos sem nos ver e é possível que você já tenha alguém. - ela disse jogando verde. - E, nada se resolve assim como num conto de fadas.
- Você tem alguém? - ele ficou em pé de braços cruzados, o semblante sério e a voz adquirindo um tom ciumento.
- Não. - ela respondeu franzindo a testa.
- Você gosta de outra pessoa? – o ciúmes ainda presente, mas aos poucos, dando espaço para o divertimento.
- Não. - disse com mais rapidez do que antes, confusa.
- Você acha mesmo que todos esses anos que passamos separados foram ruins e não nos fizeram bem algum?
- Não... Na verdade, acho que foram bons anos. - ela disse sincera, olhando para suas mãos. - Eu amadureci bastante, .
- E eu também. - ele segurou o queixo dela. - Se tivéssemos ficado juntos todo esse tempo, estaríamos fadados ao desastre... Mas arriscamos nos separar, acreditando ser para sempre, e nos tornamos pessoas melhores. Somos adultos e amadurecemos com a dor. Mas, eu quero deixar isso para trás, .
- Você tem razão. - ela suspirou fechando os olhos. – Mas, e se isso aqui não funcionar mais? – ela olhou para os seus corpos próximos. – E se tivermos mudado tanto que não nos reconhecemos mais? E se você não me amar mais como antes? – ela fez a última indagação num fio de voz, tímida.
- Nós mudamos para melhor, princesa. E toda mudança vem para o melhor. E, há minutos atrás eu disse que te amo, mulher. Nós mudamos, crescemos, amadurecemos e com isso, o nosso amor também. Isso vai funcionar porque é o certo. – ele apontou seus corpos e sorriu carinhoso.
- Você não mudou nada, . – ela deu uma risada e ele franziu a testa. - Continua me deixando sem palavras.
Ficaram alguns minutos em silêncio. Um silêncio agradável e muito bem recebido, enquanto observavam os seus traços, um sorriso formando-se em seus rostos, as mãos entrelaçadas. “Ela continua tão linda”, o moreno pensava enquanto acariciava a maçã do rosto dela. “Como ele se tornou um homem mais lindo do que antes?”, suspirou apaixonada.
- Ah, ... Eu não sei como pude viver esses anos todos sem te tocar, te olhar assim tão perto, sentir seu cheiro, ouvir sua risada... - ele beijou a testa dela aspirando o perfume doce da morena. - O que eu sei é que eu não posso mais ficar sem isso. Então, por favor, me diz que vai ficar aqui. - ele fechou os olhos. - Fica aqui comigo.
- Eu sempre estive com você, amor. - ela disse num tom cheio de carinho e paixão abrindo os olhos. - E não pretendo nunca mais ficar longe de você. - ela deu um selinho nele.
Ele abriu os olhos sorrindo e a ergueu pelas coxas, fazendo com que a mulher entrelaçasse suas pernas na cintura do moreno, abraçando o pescoço dele com seus braços. Ele a beijou lentamente enquanto sentava-se no sofá com a mulher sobre seu colo.
- Eu te amo, . - ele disse contra os lábios dela.
E, a partir daquela declaração, sabia que estava tudo em seu devido lugar. Finalmente, estava em casa e seu coração estava tranquilo como há muito tempo não se encontrava. Descobriu que não precisava de um emprego novo ou algum curso novo para voltar a ser feliz. Tudo que precisava era tê-lo para si novamente. E, ali estava ele, sendo dela de novo.
E, quando o sol alcançou o seu majestoso lugar no centro do céu, e entregaram-se um ao outro de corpo, alma e coração.
Com um único pensamento, eles se olharam, as mãos unidas tanto quanto seus corpos grudados e trocaram um beijo longo e apaixonado.
Observação: A Juilliard School (popularmente identificada somente como Juilliard) é uma escola de música e artes cênicas localizada em Nova York, nos Estados Unidos, reconhecida por seus alunos graduados em música. Atualmente sediada no Lincoln Center, a Juilliard gradua alunos nas áreas de dança, música e dramaturgia. A instituição é considerada um dos principais conservatórios e escolas de dramaturgia do mundo.
FIM
Nota da autora: Olá, como vocês estão? Antes de começar essa nota, gostaria de agradecer a Melissa por ter me convidado para participar dessa Ficstape. Inicialmente, quando ela veio me chamar, eu fiquei totalmente boba e me senti tão honrada de ter sido uma das escolhidas, por que isso significou que ela tinha lido e gostado do que eu escrevo, e isso é maravilhoso. Então, obrigada Mel por ter pensado em mim.
Sobre a fiction, eu fiquei bem em dúvida sobre qual música do CD Four eu queria escrever, eu realmente sou apaixonada por todas as canções e escolher uma era quase impossível, mas... Já fazia um tempo que Spaces estava em minha mente, e eu planejava criar algo com essa canção, e então veio o Especial e escolhi essa mesmo. Eu não estava totalmente confiante com a história, e ainda estou meio assim, acabei finalizando ela durante essa madrugada, e acabei gostando de como ficou. Espero que vocês também tenham gostado, não só da minha shortfic feita com todo carinho, mas as histórias de todas as outras autoras – sensacionais – que participaram desse Ficstape. Comentem, surtem, se apaixonam, vivam essas histórias ao som de Four, One Direction.
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