10. The Grudge

Finalizada

Capítulo Único

null segurava o telefone com força, sentindo o coração disparado. null nunca ligava durante o dia, sabia que ela estaria ensaiando. Algo estava errado. O barulho das pessoas conversando ao redor parecia distante, abafado. null segurava o celular com força, como se o aparelho fosse desmoronar em suas mãos.
— Oi, amor, está tudo bem? — perguntou, com um sorriso ainda nos lábios, sem imaginar o que estava por vir.
O silêncio dele foi a primeira coisa que a incomodou. A respiração pesada do outro lado da linha. E então veio a confissão:
— Me perdoa, mas eu preciso ser honesto com você... Eu te traí.

O mundo ao redor de null parou.

Ela piscou, sentindo o sangue deixar seu rosto.
— O quê?
— Eu… não sei como dizer isso sem parecer ainda pior, mas foi mais de uma vez.
Aquela última frase foi como uma faca cravada em seu peito. null não tinha apenas errado uma única vez, não tinha sido um deslize, uma noite de bebida.
Ele havia mentido, mantido segredos, escolhido outra pessoa repetidamente.
— Você… está brincando comigo? — Sua voz saiu trêmula, mas fria.
null… eu sinto muito.
Ela riu. Não de alegria, mas de puro choque.
— Você sente muito? — repetiu, incapaz de acreditar. — Quantas vezes, null? Com quem?
Outro silêncio.
— Você conhece ela.
O coração de null apertou.
— Diga o nome.
null.
A raiva que tomou conta dela foi instantânea. null era sua colega de elenco. Elas não eram amigas próximas, mas compartilhavam o palco, os bastidores, conversavam sobre a indústria.
E agora null descobria que, enquanto ela confiava em null, enquanto dormia ao lado dele todas as noites, ele passava os dias nos braços de outra mulher.
— Você me destruiu.
null suspirou.
— Eu nunca quis te machucar.
— Mas machucou.

null desligou.

E foi nesse dia, naquela sexta-feira de maio, que o amor que ela sentia por ele morreu.
Ou pelo menos foi o que ela achou.
Os dias seguintes foram um borrão.
null mal conseguia sair da cama. As mensagens de null se acumulavam em seu celular, mas ela não respondia.
A dor era sufocante, como se alguém tivesse arrancado um pedaço dela. E, ao mesmo tempo, a raiva crescia.
Quando finalmente voltou aos ensaios, a notícia já tinha se espalhado. null não parecia arrependida, apenas desconfortável com os olhares dos outros.
Na primeira vez que se viram após a revelação, null a encarou sem piscar.

— Você ao menos pensou no que estava fazendo?
null suspirou, cruzando os braços.
— Eu não queria que fosse assim. Mas aconteceu.
null riu sem humor.
— Aconteceu? Você dormiu com ele por meses. Isso não é um erro, null. Isso é caráter.
O pior de tudo foi que a mídia descobriu. As revistas de fofoca começaram a publicar manchetes como "O Coração Partido de null null", "Traição nos Bastidores", e null foi pintado como o vilão da história.
Mas, para a surpresa de null, ao invés de prejudicá-lo, isso fez sua carreira decolar.
null usou a imagem de homem arrependido a seu favor. Ele era carismático, sabia falar com as pessoas, e logo conseguiu investidores para abrir sua própria produtora. O escândalo o colocou nos holofotes, e ele soube como se aproveitar disso.
Enquanto null lutava contra os rumores e tentava se reerguer emocionalmente, null crescia no mundo dos negócios.
A injustiça queimava dentro dela.
E foi naquele momento que prometeu a si mesma que um dia faria ele sentir exatamente o que ela sentiu.

Mesmo que levasse anos.

Cinco anos depois.

null estava em seu camarim, sentada diante do espelho, quando ouviu batidas na porta.

— Cinco minutos, senhorita Vasquez! — anunciou um dos assistentes de palco.

Ela respirou fundo, observando seu próprio reflexo. Seus olhos já não carregavam a ingenuidade de antes. Seu rosto, embora delicado e expressivo, tinha um olhar mais afiado, mais calculista.
Colocou o batom vermelho, ajeitou a maquiagem e se levantou. Era hora do show.
O evento estava lotado de grandes nomes da indústria cinematográfica. null desfilava pelo salão com confiança, cumprimentando produtores, diretores e atores renomados. Mas foi no meio de uma conversa que ela sentiu um arrepio estranho.
Uma presença familiar.
Virou-se devagar e, no meio da multidão, viu null.
Ele estava exatamente como ela se lembrava, mas ao mesmo tempo diferente. Mais maduro, mais seguro de si. Vestia um terno impecável e conversava com um grupo de investidores. Quando seus olhos se encontraram, ele congelou por um segundo.
null sentiu o coração acelerar, mas não de forma agradável. Era uma mistura de raiva e algo mais profundo, algo que ela não queria admitir.
Respirando fundo, pegou uma taça de champanhe e caminhou até ele.
— Bem, se não é null null. — Sua voz saiu casual, mas seu olhar era afiado.
Ele piscou algumas vezes, como se precisasse ter certeza de que era ela.
null… — disse baixinho, parecendo desconcertado.
— Faz tempo, não é? — Ela ergueu a taça em um brinde sarcástico antes de dar um gole.
Ele sorriu, mas havia algo hesitante naquele sorriso.
— Sim… Eu soube do seu sucesso. Estou feliz por você.
Ela arqueou uma sobrancelha, fingindo surpresa.
— Feliz por mim? Que generoso. Mas me diga, null… Como andam null e seus filhos, soube que tem 2. — Ela sorriu, parecia se divertir, tinha descoberto que ele tinha contado sobre a traição por dois motivos: o primeiro era por que, por pura burrice, tinha engravidado a amante e segundo, quando o pai dela, um bilionário do ramo de construções, soube que iriam se casar, resolveu investir nos negócios de null e por isso ele tinha se tornado um produtor de sucesso.
Ele ficou em silêncio por um momento.
— Hmm, eu não fico à vontade falando com você sobre isso. Eu sempre imaginei que quando tivéssemos esse reencontro, iríamos falar sobre outros assuntos. — Deu um gole em seu Whisky e falou daquela forma charmosa que só ele conseguia.
— Você pensa muito em mim?
— Sim. Mais do que você imagina.
Ela segurou o sorriso.

Ótimo. Isso tornaria tudo mais interessante.

null não perdeu tempo. Sabia que null ainda sentia algo por ela, e usaria isso a seu favor. Conversaram muito durante aquela noite e até trocaram número, com a desculpa de que era para um âmbito profissional.
Durante semanas, ela se manteve presente em sua vida, de forma sutil, mas estratégica. Encontros casuais, sorrisos carregados de segundas intenções, conversas que faziam parecer que algo ainda existia entre eles.
Uma noite, durante um evento de gala, null a chamou para conversar em particular.
— Eu preciso perguntar… Por que você está agindo assim? — ele disse, parecendo confuso.
Ela riu suavemente, inclinando a cabeça.
— Assim como?
— Você está me provocando, me testando. Eu sinto isso. Mas ao mesmo tempo… parece que não me odeia tanto quanto deveria.
Ela deu um passo à frente, olhando nos olhos dele.
— Quem disse que eu não te odeio, null?
Ele franziu a testa, mas antes que pudesse responder, ela passou por ele e desapareceu na multidão.
A verdade era que null estava jogando um jogo perigoso.
E o mais perigoso de tudo era que, no fundo, uma parte dela sabia que ela poderia se dar tão mal quanto ele quando colocasse todo o plano em ação
Certa noite, null apareceu de surpresa no teatro onde null ensaiava para sua nova peça.
Ela estava no palco, sozinha, repetindo falas, quando ouviu passos atrás de si.

— Está tarde para visitas. — disse, sem olhar para trás.
— Eu precisava ver você. — null respondeu, caminhando até o palco.
null suspirou e cruzou os braços.
— O que você quer, null?
Ele a observou por um momento antes de dizer:
— Quero entender por que você ainda está aqui. Por que ainda fala comigo, se me odeia tanto.
Ela riu sem humor.
— Talvez eu goste de ver você sofrer um pouco.
Ele apertou os lábios, assentindo.
— Justo. Mas me diz uma coisa… — Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. Em todos esses anos, você já tentou me perdoar?
null travou.
— Perdão? — Sua voz ficou fria. — Você acha que merece perdão, null? Depois do que fez?
Ele suspirou.
— Eu sei que não. Mas eu queria ser alguém que merecesse.
— Porque?
Perguntou querendo instigar ainda mais o homem.
— Porque eu… — Exitou antes de falar, mas se aproximou mais do corpo de null e colocou uma das mãos no rosto dela, olhando profundamente em seus olhos. — Eu nunca deixei de te amar, eu penso em você todos os dias durante todos esses anos e minha vida com a null é uma piada, não passa de uma mentira. Eu odeio a minha vida, só não me separei ainda, por conta do investimento do meu sogro, outro ser insuportável, mas você sabe como são os negócios, não sabe? — O sorriso que ele abriu embrulhou o estômago dela, tinha descoberto que ele era um sujo, mas aquilo era demais, até para ele. — Se você me perdoar, a gente pode voltar a namorar, o que acha?
— Está dizendo que vai se separar de null? — null perguntou, com os olhos arregalados, não achou que aquele reencontro se transformaria naquilo.
— Claro que não, você está louca? — Ele riu acariciando a bochecha dela. — Eu vou continuar casado, mas com uma namorada.
Se inclinou para dar um beijo em seus lábios, mas null virou o rosto.
— Eu não acho que isso seja uma boa ideia. — Se desvencilhou dos braços do homem e se afastou dele. — Mesmo se eu te perdoasse, o que claramente não vou fazer, a gente nunca mais voltaria, você me traiu null. Você está propondo ter um caso nas costas de sua esposa, da mãe dos seus filhos, da mulher que deixou a carreira promissora para trás para ser dona do lar e cuidar integralmente das crianças. Pelo amor de Deus, as pessoas geralmente mudam e amadurecem com o tempo. Mas parece que não tem nenhum efeito sobre você.
Ela foi juntando as coisas dela que estavam no canto. A bolsa, os sapatos, o casaco e o celular.
null disse mais alguma coisa que ela não conseguiu ouvir, pois saiu apressada e entrou no primeiro táxi que passou em frente ao teatro. Ficou com medo que ele fosse atrás dela.
Na manhã seguinte, null acordou com o celular apitando de mensagens. Achou que o celular poderia explodir a qualquer momento, mas estava ligeiramente atrasada para seu primeiro ensaio antes do treino na academia, então, nem conseguiu dar atenção ao aparelho.

— VOCÊ… — null que estava de fone de ouvidos, relendo suas falar, ouviu o grito por trás da música que ouvia e se virou rapidamente para ver um null todo vermelho, soltando fogo pelas ventas. — SUA VADIA, COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO COMIGO? — Ele se aproximou mais rápido do que null pode prever, mas foi segurado por dois de seus colegas de cena.
— Eu não fiz nada. — Disse ela com o aparelho celular no ouvido, estava ligando para alguém. — Você fez sozinho, eu só gravei as suas palavras. Você é o ser desprezível aqui.
— VOCÊ ACABOU COM A MINHA VIDA, EU VOU TE MATAR. — Ele ainda esbravejava e sentava a todo custo chegar perto dela.
— Eu preciso fazer uma denúncia. — null voltou a atenção para o celular em seu ouvido. — null null está me ameaçando de morte, meu nome é null null e eu estou no teatro Lumier… isso, quinze minutos da estação… Certo, certo, vou me manter em um lugar seguro, não demorem, por favor!

Ela desligou o celular, pegou suas coisas e foi com outras colegas de elenco para os camarins, trancaram as portas e ficaram esperando a polícia chegar. null estava fora de si, gritava e grunia enquanto os homens, que agora tinham a companhia dos seguranças do teatro, o seguravam com força, do jeito que ele estava, era capaz de cometer uma loucura.
Saiu do teatro escoltada por uma viatura até a delegacia para prestar queixa e abrir o boletim de ocorrência e depois voltou para casa.
Ainda conhecia muito bem o homem, afinal foram anos juntos, então sabia que mais cedo ou mais tarde ele iria atrás dela, então naquela noite em que ele foi atrás dela no teatro, deixou o celular gravando e depois postou nas redes sociais e mandou para todas as emissoras de televisão.
Quando finalmente teve tempo de acompanhar as notícias, viu que null tinha pedido imediatamente o divórcio e que consequentemente, tanto o pai dela, quanto os demais investidores cessaram os contratos que tinham com a produtora, muitos desses investidores eram amigos pessoais do agora ex sogro dele, então, todos resolveram apoiar o amigo e tiraram seus investimentos do homem.
null finalmente deitou a cabeça no travesseiro e conseguiu dormir com a consciência tranquila, desde que tinha sido comunicada sobre a traição, nunca mais tinha dormido tranquila, e depois de finalmente ter a sua vingança, estava se sentindo leve e relaxada para a melhor noite de sono de toda a sua vida.



Fim



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? EU AMO UMA FANFIC, E É ISSO, DOIS BEIJOS. Espero que goste e não esquece de comentar, ok?

ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.