Capítulo Único
sentia que aquela seria sua noite. A brisa que bagunçava seus fios recém pintados parecia lhe dizer que algo muito bom aconteceria naquela sexta-feira. Era sua primeira noite na grande cidade brilhante e queria aproveitá-la da melhor forma possível, afinal, as aulas começariam na segunda-feira seguinte e havia prometido a si mesma, e a seus pais, que se esforçaria como nunca antes. Tudo para ter as melhores notas e se formar com louvor na faculdade de Jornalismo.
A garota havia acabado de completar seus tão sonhados 21 anos e tomara uma decisão para lá de inovadora para seus pais: sairia da faculdade de Psicologia, tão próxima de casa, e iria, além de trocar de curso, para outro estado. Ah! Nova Iorque era tão linda quanto nos filmes.
Como trabalhava na Carolina do Norte e sabia controlar seu suado dinheirinho, podia escolher uma casa para si mesma, ter seu próprio cantinho, mas preferiu, dessa vez, curtir a vida universitária com tudo o que tinha direito, inclusive, uma república. Levemente decepcionada por não ser como nos filmes em que sempre vira as incríveis fraternidades de universidades grandes, não precisou de nenhum teste ou prova de iniciação. Apenas conversou com a reitoria e foi designada para uma república mista, onde conviveria com mais cinco pessoas pelos próximos quatro anos. No final, deu tudo certo e gostou de todos eles. Mesmo que fosse quase três anos mais velha que todo mundo. Estava nervosa por ter toda a responsabilidade de ser a mais velha do local, mas estava tudo bem, todos pareciam estar extremamente preocupados com a vida acadêmica e pouco interessados nas festas. Menos aquela noite.
Naquela noite, esqueceriam os próprios nomes.
Por tal motivo, batia os pés no ritmo de uma música qualquer que servia para animar o ambiente enquanto esperava Jessica terminar de se arrumar.
- Você acha que essa roupa está demais? - A loira virou -se para ela e arqueou a sobrancelha esquerda.
- Não, você está linda. - sorriu e arregalou levemente os olhos quando a outra encarou o espelho novamente. Jessica estava linda em seu vestido preto e brilhante, os saltos tão altos que se fosse em cima deles, a primeira parada da noite seria a emergência de qualquer hospital para enfaixar o tornozelo. Olhou para a própria roupa e pensou que poderia vestir algo parecido a mais nova, mas estava tão confortável em sua calça jeans e tênis que mudou de ideia imediatamente.
Era melhor está se sentindo bem do que sofrendo em uma roupa em que não poderia respirar direito.
- Vamos? - olharam para a porta ao mesmo tempo e sorriram para a dona dos cachos mais linda do campus. Serena também estava de vestido e salto, porém, mais baixos do que os de Jessica. - Os meninos já estão impacientes lá embaixo.
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As janelas do carro estavam todas abaixadas e quatro pessoas espremiam-se no banco de trás. Se seus pais vissem aquilo, com certeza ficariam loucos.
- Para onde vamos? - Jessica perguntou, aproximando-se dos meninos no banco do motorista e passageiro
- Há uma boate próxima ao campus que é ótima. Todo mundo gosta de lá. - respondeu Jackson, o único veterano no meio deles. Era seu segundo ano na Universidade de Nova Iorque, mas havia preferido trocar de casa porque não se dava tão bem com seus antigos colegas de quarto. - Ela geralmente é cheia de universitários, vocês conhecerão muita gente lá.
continuou quieta enquanto olhava pela janela e via todas as luzes da cidade acessas. Tantas lojas. Tantas pessoas. Era um sonho finalmente estar na cidade mais viva do mundo.
- Vocês também podem sentir a eletricidade no ar? - perguntou.
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- Cara, eu já perdi a conta de quantas garrafas vi passar por sua mão. - falou rindo do melhor amigo. Queria aproveitar aquela noite como nunca antes, fazê-la tão incrível que todo o grupo jamais esqueceria.
- , meu caro, preciso te falar... Eu também já perdi. - riram juntos. e Fernando eram melhores amigos desde o primeiro ano da faculdade, quase dez anos atrás, e desde o primeiro dia, onde descobriram que dividiriam o dormitório, tornaram-se inseparáveis. Eram completamente diferentes, mas havia algo entre os dois que nem mesmo eles foram capazes de descobrir ao longo de todos aqueles anos.
O grupo era formado por quatro homens, todos amigos da faculdade, e apesar de algumas brigas que os separaram durante algumas semanas, sempre davam um jeito de se reunir. Até mesmo Jason, o único casado do grupo.
Aquela era mais uma das noites em que saíam para beber algumas cervejas e colocar a conversa em dia, com apenas um diferencial: dessa vez, não sabiam quando aconteceria novamente. estava indo embora e não havia previsão de uma nova reunião dos quatro.
Semanas antes, havia recebido o convite para trabalhar em uma multinacional, aquela que sempre sonhara trabalhar, porém, seria diretamente na sede de Chicago. Não poderia abrir mão da oportunidade, então fez as malas, viajou para a nova cidade e procurou por um lugar para morar. Já estava tudo pronto para se mudar para a nova cidade e começar seu novo emprego dos sonhos, só precisava fazer três coisas: cumprir o aviso prévio, terminar de empacotar suas coisas e ter uma última noite incrível com seus melhores amigos. No momento, estava fazendo a última delas. Seu voo sairia de Nova Iorque às nove horas da manhã. Sua intenção, era sair da boate direto para o aeroporto.
- , você está nervoso? - olhou para a voz feminina e sorriu calmo. Samantha era uma mulher incrível e Jason era o homem mais sortudo da face da Terra por ter casado-se com ela.
Por serem os mais velhos do grupo, mesmo que por alguns anos, a mulher cuidava de todos eles como se fosse mãe. Talvez irmã mais velha.
- Um pouco. Estou mais para ansioso do que nervoso, mas acredito que é por conta de toda a mudança que isso representará em minha vida. Nada vai ser como antes.
- Isso é ótimo. Você sempre disse que não estava aqui para viver cotidianamente? Chegou sua hora de mudar de fato. - Richy chamou a atenção do grupo para si. - Você finalmente fará algo diferente nos últimos... Cinco anos?
- Sim. Finalmente chegou minha hora. - todos levantaram as long neck e brindaram.
Brindaram às novas escolhas de . À nova vida que ele iniciaria na manhã seguinte. Mesmo sem falar nada, todos sabiam que na mente de cada um passava-se um flashback dos últimos anos. Os primeiros encontros, as primeiras festas, as provas na faculdade. Tudo havia acontecido tão rápido que nem mesmo sabiam como haviam parado ali. Em que momento estavam sendo padrinhos de Jason?
- À noite mais incrível que passamos juntos!
Alguns minutos depois, estavam competindo para ver quem tomava mais rápido a dose dupla de tequila.
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Finnick conhecia o segurança daquela noite, segundo ele, eles haviam dado uns amassos alguns dias antes. Entraram na boate sem precisar aguardar a vez na fila, deixando muitas pessoas extremamente nervosas do lado de fora.
O grupo caminhou diretamente para uma mesa mais afastada da pista e o primeiro pedido, vindo diretamente de Jackson, foi a dose dupla de tequila.
- Precisamos começar nossa noite com muito estilo. Senhoras e senhores, sejam bem-vindos a Nova Iorque.
Segurando sua terceira cerveja da noite, sentiu um frio percorrer a espinha ao ouvir sua música tocar. Señorita deveria ser considerada a obra-prima musical da década. Que música!
- Alguém quer dançar? - perguntou a ninguém exatamente, mas desistiu de uma resposta quando notou cada um dos novos amigos entretidos em suas próprias coisas.
Levantou-se e caminhou, balançando o corpo no ritmo da música, até o meio da pista. Fechou os olhos e seguiu dançando, balançando o corpo e tomando alguns goles da bebida de vez em quando. Sentiu uma mão rodear sua cintura e alguém a abraçando. Não ligou, apenas continuou dançando como se não houvesse amanhã. Virou -se para o homem e, ainda de olhos fechados, levou as mãos para sua nuca, movimentando-se junto a ele.
A música, o ambiente, o álcool percorrendo suas veias. A eletricidade no ar. Tudo parecia levá-la até aquele momento, aqueles braços. sentia que não havia outro lugar para estar. Não haveria outro momento como aquele. Nova Iorque realmente era mágica.
Abriu os olhos e sentiu-se sem fôlego por alguns instantes. Quem era aquele homem? Era como uma pintura de Michelangelo a abraçando.
- Senhorita. - A voz grave foi seguida de um sorriso grande, fazendo com que cada célula de seu corpo formigasse. - Obrigado pela dança.
O homem a soltou assim que a última nota da música tocou e virou-se afastando-se rapidamente pela multidão que já dançava a música seguinte.
não sabia explicar o que era aquele aperto em seu peito, não havia sentido algo parecido antes, mas sabia, sentia em cada extremidade de seu corpo, que não podia deixar que o estranho fosse embora daquela maneira.
Enfiou-se no meio da multidão, espremendo-se e empurrando até que avisasse aquela camisa social branca novamente. Não seria difícil, visto que poucos homens estavam vestidos daquela maneira. Finalmente o encontrou e não perdeu tempo ao segurar seu pulso e puxá-lo em sua direção. O homem virou-se assustado e sorriu ao vê-la ali. Arqueou a sobrancelha, esperando que ela dissesse algo e riu baixo ao vê-la engasgar.
- Quando vi você dançando, pensei que não poderia terminar essa noite sem aproximar-me pelo menos uma vez. - novamente, sentiu cada célula de seu corpo formigar.
- Então fique comigo mais um pouco.
♤♡◇♧
- Estou falando sério, não tenho nenhum apelido. - O homem deu de ombros e riu alto, sentindo-se tão alegre que ficou levemente assustada.
- Sabe, eu não confio em pessoas que não tem apelido. - falou seria e virou a garrafa, terminando a bebida que estava começando a esquentar.
- Qual seu apelido, então? Vou decidir se confio em você com base nele. - falava tão sério que a garota chegou a questionar se ele realmente estava brincando.
- . - mordeu os lábios tentando não rir da expressão cômica que o rosto dele se tornou.
- Que diabos de apelido é esse? - o homem caiu na gargalhada e ela sentiu-se compelida a acompanhá-lo. Gargalhou tanto que sentiu sua barriga doer.
- Meu irmão mais novo me chama assim desde pequeno, vamos, dê um desconto.
- Apenas porque crianças pequenas são adoráveis. - a deixou falando sozinha por alguns minutos e, quando voltou, segurava a dose dupla de tequila tão famosa das sextas-feiras do local. - Um brinde.
Viraram as doses sem conversa. fechou os olhos e sacudiu a cabeça. Tinha uma amiga na época da escola que sempre falava que isso fazia a bebida subir mais rápido.
- Quer ficar bêbada é? Realmente achei que fosse uma boa companhia! - parecia triste, mas ela sabia que era apenas fingimento.
- Oh, não seja tão frágil, por favor. - Por alguns segundos, ficaram apenas encarando um ao outro. - Quantos anos você tem?
- Trinta e dois. - arregalou levemente os olhos. Ele não parecia tão velho assim. - Qual é, eu não sou tão velho assim! - riu sozinha. Seria ele capaz de ler pensamentos? - Você é maior de idade pelo menos?
- Sim...
estava adorando a presença da garota. Ela era engraçada, bonita e gostosa pra caralho. Era realmente uma pena que estivesse de mudança. Não poderia tê-la conhecido em Chicago? O carma realmente é uma vadia.
Não sabia mais que horas eram, nem onde seus amigos estavam, se ainda estavam ali. A menina havia feito com que esquecesse tudo que acontecia no mundo e tudo o que mudaria na noite seguinte. Então, lembrou -se o motivo de tudo aquilo e decidiu que voltaria para a mesa onde estava o quarteto o esperando.
- É minha primeira noite em Nova Iorque. Acabei de me mudar e segunda as aulas começam na faculdade. Queria aproveitar um pouco antes de toda a loucura recomeçar. - assentiu, lembrando-se de seus anos na faculdade. Havia pensado a mesma coisa, mas não demorou muito para que as festas universitárias ganhassem sua atenção. Secretamente, desejou que ela fosse capaz de realmente focar em seus estudos.
- É a minha última noite em Nova Iorque. Mudo-me para Chicago amanhã. Queria aproveitar um pouco antes de toda a loucura da mudança. - contou sua versão da noite da mesma forma que ela havia dito. Viu a garota arquear as sobrancelhas e assentir levemente. - Então, se não se importar, voltarei para a mesa com meus amigos. Quero curtir nossa última noite juntos.
- É claro. Eu devo voltar para a mesa com os meus. Curtir a nossa primeira noite. - piscou e sorriu leve. sorriu de volta e levantou-se, olhando em volta até encontrar a mesa com os amigos.
- Até qualquer dia, .
Quando chegou à mesa, foi recebido com risadinhas e comentários desnecessários de seus amigos, sentando-se no lugar em que estava e pegando outra cerveja do balde no centro de todos.
- Malick? - ouviu Samantha chamar e olhou para a ruiva. - Nós sabemos o quanto você quer aproveitar essa noite e fazê-la especial, mas... Nós fizemos isso tantas vezes. E não é porque você estará em outro estado que vamos parar de nos falar ou nos ver. Será mais difícil, mas se há uma coisa que continuará a mesma, é a relação que temos...
- O que ela está tentando dizer, - Fernando a interrompeu -, é que você deve se despedir de Nova Iorque da melhor maneira possível. Vá conhecer aquela garota, quem sabe arrumar um último corpo nova iorquino para passar a noite. - riu e bebeu um gole da nova cerveja, levantando-se.
- Vocês estão errados em apenas uma coisa. - fez suspense antes de sair. - Ela é da Carolina do Norte.
sorriu com as risadas e deu as costas para o grupo, afastando-se sem se despedir. Aquele não era um adeus.
Andou rápido até a mesa onde ainda estava, ignorando toda e qualquer pessoa que estivesse com ela.
- , pode parecer loucura e provavelmente é, você também será capaz de negar, mas, por favor diga sim após me ouvir. - A mulher o olhou assustada, parecendo envergonhada da risada que o garoto ao lado dela deu.
- ...? - o garoto riu novamente e beijou a testa dela, afastando-se e indo na direção de outra mesa onde estavam algumas pessoas. Deviam ser os amigos dela.
- Certo, . Qual sua proposta? - A eletricidade que estava no ar parecia ter ido para seu corpo. Sentiu-se tão elétrica que achou ser possível ligar um equipamento 220v em si mesma.
- É minha última noite e a sua primeira em Nova Iorque. Sei que, assim como eu, você quer que ela seja história. Por que não fazemos isso juntos? Te mostro a vida na cidade grande durante à noite e me despeço dela. Sei que parece loucura, mas... - parou de falar assim que a mais nova levantou, parando em frente a ele. já levara incontáveis tapas de garotas nas boates em que ia, mas, mesmo que não soubesse explicar o motivo, estava decepcionado por pensar que também seria uma delas.
- Para onde vamos primeiro?
♤♡◇♧
Após uns bons quinze minutos, decidiram que rodariam a cidade a pé, para que pudessem realmente experimentar cada segundo daquela noite.
A boate ficava próxima da Universidade, mas consideravelmente longe de pontos turísticos e locais que desejava tanto ver.
- Como seu guia turístico, preciso saber uma coisa antes de decidir para quais locais devo levá-la. - falou enquanto andava lentamente ao lado dela, com as mãos nos bolsos e encarando o chão. - Por que essa boate?
- É a boate da Universidade. Muitos alunos veem aqui e Jackson queria que nós nos enturmássemos. - respondeu dando de ombros.
- Eu costumava vir aqui na época da faculdade também. - a menina o olhou assustada e respondeu a primeira coisa que veio em sua mente.
- Nossa, não sabia que essa boate é tão velha...
- Ouch, ! - O homem levou a mão ao peito, simulando uma careta de dor e riu ao ver a expressão de desespero dela.
- Não! Não foi isso que eu quis dizer! - tentou se justificar, mas ele não parava de rir e parecia não se importar de fato.
- Aqui. - fez sinal para um táxi e abriu a porta para que ela pudesse entrar. - Assim vamos chegar mais rápido.
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estava em êxtase. Times Square era exatamente como na televisão. Lojas e mais lojas, luzes para todos os lados e tantas pessoas que nem parecia ser quase meia noite. A garota parou no meio da calçada e abriu os braços, girando lentamente para que pudesse captar cada mínimo sinal do local. Era realmente mágico. Era disso que as pessoas tanto falavam nas músicas sobre a cidade? A mágica que os filmes queriam mostrar?
- Eu sei. - olhou para que parou ao seu lado e suspirou. - As vezes, durante as noites em que estou com muitos problemas e preciso achar uma solução rápida, venho para cá. Não entro em nenhuma loja, não converso com ninguém. Fico parado em alguma esquina observando a avenida, vendo as luzes brincando na escuridão. De vez em quando, assisto ao show de algum artista de rua, dou alguns trocados. É um local cheio, com muita informação em todos os lados, mas acho ótimo para libertar a mente e limpar meus poros de todos os problemas.
- Parece ótimo. A vida parece incrível na cidade grande e brilhante. - voltando a girar, viu uma placa brilhante com o nome de alguma peça da Broadway. - Sempre quis ver um espetáculo deles. - O mais velho olhou na mesma direção que ela e deu de ombros, voltando a andar.
- C.A.T.S é superestimado.
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- Sabe, estava pensando na porcentagem em que isso poderia acontecer. - olhou para e franziu o cenho.
- Isso o que? - Encostou no banco e prendeu a respiração, admirando as luzes refletindo na água escura do rio.
- Essa noite. Nós dois. - virou-se para o mais velho e deu de ombros. - Analise a situação. Qual a probabilidade de irmos para o mesmo bar, na mesma noite, dançarmos a mesma música e pararmos aqui? E o melhor: sua última e minha primeira noite na cidade. Nem os melhores roteiros de comédias românticas pensam nisso.
- Bom, acho que deveríamos vender a ideia, então. Seria um bom filme. - riram e olhou na mesma direção do homem, observando as luzes dançando sozinhas, embaladas pela música que o movimento da água fazia.
- Eu só aceito se ficar com a maior parte do dinheiro.
- O que? Sua pequena capitalista! - fingiu-se chocado e riu em seguida. tinha uma energia boa, diferente de todas as outras garotas que haviam passado por sua vida. Por um momento, pensou que era realmente uma pena estar indo embora.
- Você acha que existirá outro momento como esse? - perguntou baixo, talvez com medo da resposta que ele lhe daria.
- Não. Mesmo que se repita em algum momento, não será igual. As coisas que estamos sentindo hoje, não serão sentidos novamente. Nunca. Por isso é tão especial. - virou-se para ela e sorriu sincero. - Tão único. Estamos experimentando algo inexplicável e isso basta. É o tipo de momento que não deve ser compartilhado, devemos guardar no cofre existente dentro de nós. Um momento que só nós temos o direito de lembrar.
assentiu e respirou fundo, abaixando a cabeça alguns centímetros, sorrindo. Era uma ótima noite, realmente.
♤♡◇♧
- Você sempre foi assim? - perguntou após saírem do restaurante de comida tailandesa. - Todos os lugares em que vai sempre tem alguém que te conhece? - riu.
- Nem sempre. Nos primeiros meses da faculdade eu era um completo estranho. - deu de ombros. - Depois comecei a frequentar os locais onde sabia que os universitários frequentavam e, quando vi, era tão conhecido quanto os jogadores de futebol e as líderes de torcida. E meus amigos também. - pensou por alguns segundos e continuou a frase. - Na verdade, todos que andaram comigo em algum momento tornaram-se conhecidos.
- Você era uma espécie de imã para fama, é? - riu sozinha. Era tão fácil pensar em como um desses garotos que todas as meninas queriam ficar. - Parece chato.
- O que? É incrível! Sabe quantas vezes eu esqueci meu nome de tanta bebida e não paguei por uma sequer? - andou um pouco mais rápido, ficando à frente de e abrindo os braços, andando de costas. - Às vezes, você só precisa saber aproveitar o que a vida te dá. Como estamos fazendo agora. - deu de ombros novamente e virou-se para frente, voltando a acompanhar a mais nova.
- Pensando por esse lado, pode ser divertido de vez em quando, mas você nunca se cansou de chegar nos lugares e todos saberem quem você é? Não sei, me parece que você não tinha muita liberdade na faculdade.
- Não somente na faculdade, após ela também. Meio que continuei no círculo de colegas de classe, então, posso dizer que não tive um segundo de paz depois da formatura. Mas não ligo muito. É tão bom estar onde todos sabem seu nome, sabe, apresentações são muito entediantes.
- Eu não acho. - parou de andar e ficou apenas encarando a fonte em sua frente, analisando o fluxo de água subir e cair em cascatas, escondendo-se novamente no concreto.
- Vai aprender que a vida na faculdade pode ser muito mais legal se as meninas caírem aos seus pés. - A garota o olhou de soslaio e riu baixo. - Ou os garotos.
- Você é o típico garanhão que minha mãe sempre me avisou. - balançou a cabeça fingindo estar inconformada.
- Tudo o que eu toco vira ouro, . Apenas veja e aprenda.
Ela riu. Ele realmente era onze anos mais velha que ela?
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Mesmo após algumas horas andando, as luzes ainda encantavam a mulher. Não sabia dizer ao certo o que chamava tanto sua atenção, mas poderia afirmar que seus olhos brilhavam tanto quanto a Times Square.
Sentada em um banco qualquer, encarava com extrema curiosidade, tentando entender o que estavam fazendo naquela noite. Ele era um ótimo guia turístico, havia a apresentado à diversas pessoas e mostrado pontos turísticos que, segundo ele, eram mais interessantes do que os lugares que todo mundo ia. Afinal, ela com certeza precisava saber qual era o melhor caixa eletrônico perto do campus e onde poderia encontrar emprego fácil caso precisasse.
Ele tinha um certo magnetismo que não entendia, mas sentia a puxando para ele com força. Se estivesse na faculdade ao mesmo tempo que ele, provavelmente seria mais uma das meninas que brigavam por sua atenção.
- Estava lembrando de momentos na faculdade. Você precisa aproveitar, . - A voz grave a tirou de seus pensamentos e os olhos focaram no rosto dele novamente. - Não falo apenas das aulas e cursos extracurriculares que você deve fazer, mas também as festas. Os jogos. Os bares. Isso tudo faz parte da vida acadêmica e pelo pouco que me contou, percebi que na Carolina do Norte, você não fazia essas coisas. - Malick virou-se para ela e sorriu, fazendo com que sentisse que suas pernas fossem gelatina. - A vida universitária deve ser aproveitada ao máximo.
- Você sente muita falta? - perguntou curiosa.
- Não. Na verdade, fazia muito tempo que não pensava tanto nesses anos que passei lá dentro. Acho que é por conta da mudança, da despedida. Quando conheci a empresa, achei que fosse designado para a sede de Nova Iorque, mas preferiram me levar diretamente para Chicago, o berço dela. Eu deveria ficar feliz com isso, não é?
- Exatamente. Mas como você disse, tudo o que toca vira ouro. Não levará muito para que Chicago torne-se a melhor cidade do mundo depois de amanhã.
- Mesmo que isso aconteça, nunca será como Nova Iorque, baby. A cidade grande e brilhante.
♤♡◇♧
- Imagine isso... - correu e pulou em um banco, abrindo os braços e olhando para o céu. - Você está aqui, embaixo da Estátua da Liberdade. Quantas vezes você se imaginou fazendo isso e quantas pensou que realmente pudesse acontecer? - estendeu as mãos para a garota e ela as segurou com força, rindo alto ao ser puxada para cima do banco.
- Não consigo pensar em quantas vezes essa cena passou por minha cabeça. - fechou os olhos e inclinou a cabeça para cima, deixando o corpo livre para sentir a força descomunal que enchia seu ser.
Sentiu movimento ao seu lado e abriu os olhos, vendo sentado encarando o horizonte. - O que houve? - sentou-se ao lado dele e o encarou até que eles estivessem prontos para falar.
- Estou com medo. Passei todos os anos da minha vida nessa cidade e agora vou embora. Um lugar totalmente diferente, sem toda a vida de Nova Iorque, sem todas as luzes. Isso é aterrorizante.
- Ah! Pare com isso, você está abraçando seu sonho. A vida é isso mesmo, . Você não pode ficar preso em seu ninho, você já sabe voar. Agora é hora de voar para longe. - levou a mão para a dele e apertou com força. - Às vezes você só quer ir para algum lugar onde todos sabem o seu nome, mas... É maravilhoso ir para onde ninguém conhece você. Você pode ser quem quiser, fazer o que quiser. Algo que não seria capaz de fazer onde as pessoas sabem quem você é... - virando-se para o homem, sentiu os lábios tremerem e os lambeu, umedecendo o tecido fino e respirando tão pesado que quase não conseguiu puxar todo o oxigênio que precisava.
- Ainda há um lugar que quero te levar!
♤♡◇♧
- Primeira regra da vida em Nova Iorque: seja amigo das pessoas certas! - disse ao entrarem no elevador que os levaria para o ponto mais alto do Empire State Building.
- Como você conhece o segurança da madrugada? - A menina estava surpresa. havia simplesmente cumprimentado o homem e entrado no prédio, como se fosse a coisa mais simples do mundo!
- Nós estudamos juntos no colégio. - deu de ombros e sorriu ao ouvir o apitar do elevador, que abriu as portas em seguida. - , conheça Nova Iorque. - A garota saiu do elevador e correu até a grade de proteção, segurando-se firmemente e sentindo os pelos arrepiarem-se por conta do vento gelado.
Podia ver toda a cidade, todos os prédios, todas as luzes! Lá embaixo, os carros passavam tão devagar que pareciam parar no tempo, as pessoas tão minúsculas que se sentiu como dona do mundo. Os olhos encheram-se de lágrimas. Era lindo! Era... Não tinha palavras para descrever toda grandiosidade do que via diante de seus olhos. Deus! A noite realmente era sua. Somente sua. E não poderia acontecer nada que a fizesse pensar diferente.
- , você acha que... - virou-se para questionar o mais velho, porém, foi surpreendida pela mão gelada em sua bochecha e os lábios macios tocando os seus com suavidade, quase medo. Suspirou e fechou os olhos, entregando-se ao beijo com desejo e algo mais, entrelaçando as mãos na nuca do homem e sentindo a mão dele puxando seu corpo para mais perto, grudando-os a ponto de sentir cada fibra dele estremecer contra seu contato.
O beijo permaneceu lento por alguns minutos, enquanto mãos buscavam por pele descoberta e fios de cabelo. Suspiros audíveis preenchiam a cobertura do prédio e ambos se puxavam com tanta força que, se possível, fundiriam-se. afastou-se com dificuldade, selando os lábios de diversas vezes.
- Se você quiser, há realmente um último lugar no qual eu quero te levar.
estremeceu. Assentiu. Como ela desejou ter mais tempo para conhecer .
♤♡◇♧
- Antes de entrarmos, quero te dizer algo. - encostou-se à parede e puxou para si, envolvendo sua cintura e fechando os olhos ao sentir os dedos frios em seu rosto. - Entraremos em um dos pontos turísticos mais diferentes e maravilhosos de Nova Iorque.
- Uma estação de trem? - A voz confusa da garota o fez rir.
- Essa não é apenas uma estação de trem, é A estação de trem. Penn Station é... Não há palavras para descrever, você precisa ver com seus próprios olhos. - A mais nova tentou desvencilhar-se dos braços dele, mas ele a segurou com mais força.
- O que está fazendo? Agora quero entrar logo e ver o que tem lá dentro. - riu, pois ela parecia uma criança mimada.
- Preciso fazer algo antes. - sem dar-lhe tempo para perguntar o que, puxou a universitária para si, colando os lábios.
não sabia era um local público que proibia beijos, mas estava nas nuvens. E não queria descer.
♤♡◇♧
O apartamento escuro estava repleto de caixas e algumas bagunças espalhadas. Coisas que decidira não levar consigo e pedira para Fernando dar um jeito depois que se curasse da ressaca.
- Desculpe pela bagunça, não fazia parte dos meus planos voltar para aqui. - Malick disse assim que entraram no local.
- Tudo bem. Minha casa está pior. - A menina deu de ombros e riu, tirando os tênis com os pés e jogando num canto atrás da porta. - Bom... Eu sei por que estamos aqui, mas preciso dizer algo antes de as coisas... Esquentarem.
franziu as sobrancelhas e tirou a jaqueta de couro, jogando em cima de uma caixa que dizia “DVDs & CDs”.
- O que pode ser tão sério assim?
- Eu sou virgem e não sei se isso é um problema para você. - notou que a face da garota tornou-se avermelhada e achou que nada poderia ser mais cativante como aquilo. Talvez, os gemidos dela dentro de alguns minutos. Aproximou -se devagar e acariciou as bochechas quentes, levando o indicador até o queixo para fazê-la olhar seus olhos.
- Se você estiver pronta, está tudo bem pra mim. - sorriu e sentiu algo quentinho em seu peito. Era isso que suas amigas falavam sobre a primeira vez? Apesar de ter certeza do que queria, de sentir confortável e nada pressionada, estava nervosa. Será que sua primeira transa seria memorável? Queria tanto que sim! - Mas, talvez, a gente realmente tenha um problema.
A mulher estremeceu.
- O que? - respirou fundo e deu de ombros, sorrindo amarelo.
- Nós só temos um sofá.
riu e o puxou para si, colando os lábios novamente.
♤♡◇♧
Algumas horas depois, após experimentar o primeiro orgasmo de sua vida, viu pegar seu celular e digitar um número, salvando em seguida em sua lista de contatos.
- Qual nome você colocou? - questionou curiosa, vendo-o colocar o celular no chão novamente.
- Garoto Chicago. - riu gostoso ao sentir o peito de balançar sobre o seu, rindo também. - Isso foi incrível.
- Sim. Obrigada, . Você fez minha primeira noite em Nova Iorque ser histórica. Nunca serei a mesma mulher depois de hoje. - sorriu e selou os lábios rosados da mulher.
- Obrigada, . Minha última noite em Nova Iorque foi incrível. Você é incrível. - A garota sentiu os olhos fecharem-se sem sua vontade, levando-a lentamente para um sono profundo, mas não antes de ouvi-lo dizer a frase que ficaria em seus pensamentos por meses a fio. - É uma pena que eu esteja indo embora.
♤♡◇♧
acordou assustado com o celular tocando. Olhou para o chão e esticou o braço lentamente, tentando não acordar a mais nova em seu peito. No visor, leu o nome de Fernando e atendeu.
- O que foi, cara? - resmungou. Odiava ser acordado.
- Onde você está? Já são sete e meia! - arregalou os olhos e desligou o celular sem dizer nada. Não queria acordar , mas era necessário. Sacudiu a garota por alguns segundos até que ela abrisse os olhos e o encarasse confusa. Selou os lábios novamente e esperou que ela sentasse para, enfim, sentar-se também. - Você quer tomar banho primeiro? - com a negativa, levantou-se e caminhou até o banheiro, sabendo que tinha poucos minutos para se arrumar e chegar ao aeroporto.
, por outro lado, preferiu se arrumar e esperá-lo para que pudessem sair do apartamento juntos. Não se lembrava muito bem onde estavam, mas sabia que não era tão longe do campus.
Nossa, haviam rodado a cidade inteira na noite anterior. Haviam transado. Uau. Perdida em pensamentos, não viu quando se aproximou e surpreendeu-se quando sentiu os lábios dele nos seus.
- Vamos? - assentiu e levantou, seguindo-o para fora do apartamento.
♤♡◇♧
Ao chegarem do lado de fora, a mulher viu um carro parado e quatro pessoas encostadas nele. A mulher sorriu grande ao vê-los, enquanto os homens encaravam com caras pervertidas. Sentiu as bochechas esquentando novamente, mas decidiu ignorar e ser a mulher que havia decido assim que chegou na cidade.
- Bom dia! - cumprimentou todos com um sorriso e parou ao lado de , que dava a jaqueta para um dos homens jogar dentro do carro.
- Agora entendi porque você demorou tanto para descer. - Um dos homens, o que segurava a chave do carro em mãos, disse rindo e o deu um soquinho no braço.
- Cale a boca, Fernando. Se não se importarem, podem me esperar dentro do carro? Com as janelas fechadas. - os quatro fizeram o pedido e fecharam as janelas, mesmo que um deles, o que usava aliança, tenha tentado deixar uma fresta para poder ouvir. - ...
- , não precisa disso. Nosso combinado foi termos a melhor noite de nossas vidas e aproveitarmos a cidade. Fizemos isso, certo? - sorriu para ele e deu de ombros. - Você vai perder seu voo. - sorriu e se aproximou dela novamente, selando os lábios demoradamente.
- Aproveite a vida, . - sem que ela pudesse responder algo, acenou e entrou no carro. ficou parada na calçada, acenando, enquanto o carro se afastava e misturava aos outros na rua.
Sorrindo, virou-se para o outro lado e passou a caminhar devagar, pensando em cada segundo da noite passada.
sabia que nada seria como antes e estava pronta para enfrentar a nova realidade de sua vida. Pensando em como tinha sido bom ter o corpo quente de sob o seu, balançou a cabeça rindo e apertando as mãos.
- Luzes brilhantes e a cidade grande. Que noite, . Que noite!
A garota havia acabado de completar seus tão sonhados 21 anos e tomara uma decisão para lá de inovadora para seus pais: sairia da faculdade de Psicologia, tão próxima de casa, e iria, além de trocar de curso, para outro estado. Ah! Nova Iorque era tão linda quanto nos filmes.
Como trabalhava na Carolina do Norte e sabia controlar seu suado dinheirinho, podia escolher uma casa para si mesma, ter seu próprio cantinho, mas preferiu, dessa vez, curtir a vida universitária com tudo o que tinha direito, inclusive, uma república. Levemente decepcionada por não ser como nos filmes em que sempre vira as incríveis fraternidades de universidades grandes, não precisou de nenhum teste ou prova de iniciação. Apenas conversou com a reitoria e foi designada para uma república mista, onde conviveria com mais cinco pessoas pelos próximos quatro anos. No final, deu tudo certo e gostou de todos eles. Mesmo que fosse quase três anos mais velha que todo mundo. Estava nervosa por ter toda a responsabilidade de ser a mais velha do local, mas estava tudo bem, todos pareciam estar extremamente preocupados com a vida acadêmica e pouco interessados nas festas. Menos aquela noite.
Naquela noite, esqueceriam os próprios nomes.
Por tal motivo, batia os pés no ritmo de uma música qualquer que servia para animar o ambiente enquanto esperava Jessica terminar de se arrumar.
- Você acha que essa roupa está demais? - A loira virou -se para ela e arqueou a sobrancelha esquerda.
- Não, você está linda. - sorriu e arregalou levemente os olhos quando a outra encarou o espelho novamente. Jessica estava linda em seu vestido preto e brilhante, os saltos tão altos que se fosse em cima deles, a primeira parada da noite seria a emergência de qualquer hospital para enfaixar o tornozelo. Olhou para a própria roupa e pensou que poderia vestir algo parecido a mais nova, mas estava tão confortável em sua calça jeans e tênis que mudou de ideia imediatamente.
Era melhor está se sentindo bem do que sofrendo em uma roupa em que não poderia respirar direito.
- Vamos? - olharam para a porta ao mesmo tempo e sorriram para a dona dos cachos mais linda do campus. Serena também estava de vestido e salto, porém, mais baixos do que os de Jessica. - Os meninos já estão impacientes lá embaixo.
As janelas do carro estavam todas abaixadas e quatro pessoas espremiam-se no banco de trás. Se seus pais vissem aquilo, com certeza ficariam loucos.
- Para onde vamos? - Jessica perguntou, aproximando-se dos meninos no banco do motorista e passageiro
- Há uma boate próxima ao campus que é ótima. Todo mundo gosta de lá. - respondeu Jackson, o único veterano no meio deles. Era seu segundo ano na Universidade de Nova Iorque, mas havia preferido trocar de casa porque não se dava tão bem com seus antigos colegas de quarto. - Ela geralmente é cheia de universitários, vocês conhecerão muita gente lá.
continuou quieta enquanto olhava pela janela e via todas as luzes da cidade acessas. Tantas lojas. Tantas pessoas. Era um sonho finalmente estar na cidade mais viva do mundo.
- Vocês também podem sentir a eletricidade no ar? - perguntou.
- Cara, eu já perdi a conta de quantas garrafas vi passar por sua mão. - falou rindo do melhor amigo. Queria aproveitar aquela noite como nunca antes, fazê-la tão incrível que todo o grupo jamais esqueceria.
- , meu caro, preciso te falar... Eu também já perdi. - riram juntos. e Fernando eram melhores amigos desde o primeiro ano da faculdade, quase dez anos atrás, e desde o primeiro dia, onde descobriram que dividiriam o dormitório, tornaram-se inseparáveis. Eram completamente diferentes, mas havia algo entre os dois que nem mesmo eles foram capazes de descobrir ao longo de todos aqueles anos.
O grupo era formado por quatro homens, todos amigos da faculdade, e apesar de algumas brigas que os separaram durante algumas semanas, sempre davam um jeito de se reunir. Até mesmo Jason, o único casado do grupo.
Aquela era mais uma das noites em que saíam para beber algumas cervejas e colocar a conversa em dia, com apenas um diferencial: dessa vez, não sabiam quando aconteceria novamente. estava indo embora e não havia previsão de uma nova reunião dos quatro.
Semanas antes, havia recebido o convite para trabalhar em uma multinacional, aquela que sempre sonhara trabalhar, porém, seria diretamente na sede de Chicago. Não poderia abrir mão da oportunidade, então fez as malas, viajou para a nova cidade e procurou por um lugar para morar. Já estava tudo pronto para se mudar para a nova cidade e começar seu novo emprego dos sonhos, só precisava fazer três coisas: cumprir o aviso prévio, terminar de empacotar suas coisas e ter uma última noite incrível com seus melhores amigos. No momento, estava fazendo a última delas. Seu voo sairia de Nova Iorque às nove horas da manhã. Sua intenção, era sair da boate direto para o aeroporto.
- , você está nervoso? - olhou para a voz feminina e sorriu calmo. Samantha era uma mulher incrível e Jason era o homem mais sortudo da face da Terra por ter casado-se com ela.
Por serem os mais velhos do grupo, mesmo que por alguns anos, a mulher cuidava de todos eles como se fosse mãe. Talvez irmã mais velha.
- Um pouco. Estou mais para ansioso do que nervoso, mas acredito que é por conta de toda a mudança que isso representará em minha vida. Nada vai ser como antes.
- Isso é ótimo. Você sempre disse que não estava aqui para viver cotidianamente? Chegou sua hora de mudar de fato. - Richy chamou a atenção do grupo para si. - Você finalmente fará algo diferente nos últimos... Cinco anos?
- Sim. Finalmente chegou minha hora. - todos levantaram as long neck e brindaram.
Brindaram às novas escolhas de . À nova vida que ele iniciaria na manhã seguinte. Mesmo sem falar nada, todos sabiam que na mente de cada um passava-se um flashback dos últimos anos. Os primeiros encontros, as primeiras festas, as provas na faculdade. Tudo havia acontecido tão rápido que nem mesmo sabiam como haviam parado ali. Em que momento estavam sendo padrinhos de Jason?
- À noite mais incrível que passamos juntos!
Alguns minutos depois, estavam competindo para ver quem tomava mais rápido a dose dupla de tequila.
Finnick conhecia o segurança daquela noite, segundo ele, eles haviam dado uns amassos alguns dias antes. Entraram na boate sem precisar aguardar a vez na fila, deixando muitas pessoas extremamente nervosas do lado de fora.
O grupo caminhou diretamente para uma mesa mais afastada da pista e o primeiro pedido, vindo diretamente de Jackson, foi a dose dupla de tequila.
- Precisamos começar nossa noite com muito estilo. Senhoras e senhores, sejam bem-vindos a Nova Iorque.
Segurando sua terceira cerveja da noite, sentiu um frio percorrer a espinha ao ouvir sua música tocar. Señorita deveria ser considerada a obra-prima musical da década. Que música!
- Alguém quer dançar? - perguntou a ninguém exatamente, mas desistiu de uma resposta quando notou cada um dos novos amigos entretidos em suas próprias coisas.
Levantou-se e caminhou, balançando o corpo no ritmo da música, até o meio da pista. Fechou os olhos e seguiu dançando, balançando o corpo e tomando alguns goles da bebida de vez em quando. Sentiu uma mão rodear sua cintura e alguém a abraçando. Não ligou, apenas continuou dançando como se não houvesse amanhã. Virou -se para o homem e, ainda de olhos fechados, levou as mãos para sua nuca, movimentando-se junto a ele.
A música, o ambiente, o álcool percorrendo suas veias. A eletricidade no ar. Tudo parecia levá-la até aquele momento, aqueles braços. sentia que não havia outro lugar para estar. Não haveria outro momento como aquele. Nova Iorque realmente era mágica.
Abriu os olhos e sentiu-se sem fôlego por alguns instantes. Quem era aquele homem? Era como uma pintura de Michelangelo a abraçando.
- Senhorita. - A voz grave foi seguida de um sorriso grande, fazendo com que cada célula de seu corpo formigasse. - Obrigado pela dança.
O homem a soltou assim que a última nota da música tocou e virou-se afastando-se rapidamente pela multidão que já dançava a música seguinte.
não sabia explicar o que era aquele aperto em seu peito, não havia sentido algo parecido antes, mas sabia, sentia em cada extremidade de seu corpo, que não podia deixar que o estranho fosse embora daquela maneira.
Enfiou-se no meio da multidão, espremendo-se e empurrando até que avisasse aquela camisa social branca novamente. Não seria difícil, visto que poucos homens estavam vestidos daquela maneira. Finalmente o encontrou e não perdeu tempo ao segurar seu pulso e puxá-lo em sua direção. O homem virou-se assustado e sorriu ao vê-la ali. Arqueou a sobrancelha, esperando que ela dissesse algo e riu baixo ao vê-la engasgar.
- Quando vi você dançando, pensei que não poderia terminar essa noite sem aproximar-me pelo menos uma vez. - novamente, sentiu cada célula de seu corpo formigar.
- Então fique comigo mais um pouco.
- Estou falando sério, não tenho nenhum apelido. - O homem deu de ombros e riu alto, sentindo-se tão alegre que ficou levemente assustada.
- Sabe, eu não confio em pessoas que não tem apelido. - falou seria e virou a garrafa, terminando a bebida que estava começando a esquentar.
- Qual seu apelido, então? Vou decidir se confio em você com base nele. - falava tão sério que a garota chegou a questionar se ele realmente estava brincando.
- . - mordeu os lábios tentando não rir da expressão cômica que o rosto dele se tornou.
- Que diabos de apelido é esse? - o homem caiu na gargalhada e ela sentiu-se compelida a acompanhá-lo. Gargalhou tanto que sentiu sua barriga doer.
- Meu irmão mais novo me chama assim desde pequeno, vamos, dê um desconto.
- Apenas porque crianças pequenas são adoráveis. - a deixou falando sozinha por alguns minutos e, quando voltou, segurava a dose dupla de tequila tão famosa das sextas-feiras do local. - Um brinde.
Viraram as doses sem conversa. fechou os olhos e sacudiu a cabeça. Tinha uma amiga na época da escola que sempre falava que isso fazia a bebida subir mais rápido.
- Quer ficar bêbada é? Realmente achei que fosse uma boa companhia! - parecia triste, mas ela sabia que era apenas fingimento.
- Oh, não seja tão frágil, por favor. - Por alguns segundos, ficaram apenas encarando um ao outro. - Quantos anos você tem?
- Trinta e dois. - arregalou levemente os olhos. Ele não parecia tão velho assim. - Qual é, eu não sou tão velho assim! - riu sozinha. Seria ele capaz de ler pensamentos? - Você é maior de idade pelo menos?
- Sim...
estava adorando a presença da garota. Ela era engraçada, bonita e gostosa pra caralho. Era realmente uma pena que estivesse de mudança. Não poderia tê-la conhecido em Chicago? O carma realmente é uma vadia.
Não sabia mais que horas eram, nem onde seus amigos estavam, se ainda estavam ali. A menina havia feito com que esquecesse tudo que acontecia no mundo e tudo o que mudaria na noite seguinte. Então, lembrou -se o motivo de tudo aquilo e decidiu que voltaria para a mesa onde estava o quarteto o esperando.
- É minha primeira noite em Nova Iorque. Acabei de me mudar e segunda as aulas começam na faculdade. Queria aproveitar um pouco antes de toda a loucura recomeçar. - assentiu, lembrando-se de seus anos na faculdade. Havia pensado a mesma coisa, mas não demorou muito para que as festas universitárias ganhassem sua atenção. Secretamente, desejou que ela fosse capaz de realmente focar em seus estudos.
- É a minha última noite em Nova Iorque. Mudo-me para Chicago amanhã. Queria aproveitar um pouco antes de toda a loucura da mudança. - contou sua versão da noite da mesma forma que ela havia dito. Viu a garota arquear as sobrancelhas e assentir levemente. - Então, se não se importar, voltarei para a mesa com meus amigos. Quero curtir nossa última noite juntos.
- É claro. Eu devo voltar para a mesa com os meus. Curtir a nossa primeira noite. - piscou e sorriu leve. sorriu de volta e levantou-se, olhando em volta até encontrar a mesa com os amigos.
- Até qualquer dia, .
Quando chegou à mesa, foi recebido com risadinhas e comentários desnecessários de seus amigos, sentando-se no lugar em que estava e pegando outra cerveja do balde no centro de todos.
- Malick? - ouviu Samantha chamar e olhou para a ruiva. - Nós sabemos o quanto você quer aproveitar essa noite e fazê-la especial, mas... Nós fizemos isso tantas vezes. E não é porque você estará em outro estado que vamos parar de nos falar ou nos ver. Será mais difícil, mas se há uma coisa que continuará a mesma, é a relação que temos...
- O que ela está tentando dizer, - Fernando a interrompeu -, é que você deve se despedir de Nova Iorque da melhor maneira possível. Vá conhecer aquela garota, quem sabe arrumar um último corpo nova iorquino para passar a noite. - riu e bebeu um gole da nova cerveja, levantando-se.
- Vocês estão errados em apenas uma coisa. - fez suspense antes de sair. - Ela é da Carolina do Norte.
sorriu com as risadas e deu as costas para o grupo, afastando-se sem se despedir. Aquele não era um adeus.
Andou rápido até a mesa onde ainda estava, ignorando toda e qualquer pessoa que estivesse com ela.
- , pode parecer loucura e provavelmente é, você também será capaz de negar, mas, por favor diga sim após me ouvir. - A mulher o olhou assustada, parecendo envergonhada da risada que o garoto ao lado dela deu.
- ...? - o garoto riu novamente e beijou a testa dela, afastando-se e indo na direção de outra mesa onde estavam algumas pessoas. Deviam ser os amigos dela.
- Certo, . Qual sua proposta? - A eletricidade que estava no ar parecia ter ido para seu corpo. Sentiu-se tão elétrica que achou ser possível ligar um equipamento 220v em si mesma.
- É minha última noite e a sua primeira em Nova Iorque. Sei que, assim como eu, você quer que ela seja história. Por que não fazemos isso juntos? Te mostro a vida na cidade grande durante à noite e me despeço dela. Sei que parece loucura, mas... - parou de falar assim que a mais nova levantou, parando em frente a ele. já levara incontáveis tapas de garotas nas boates em que ia, mas, mesmo que não soubesse explicar o motivo, estava decepcionado por pensar que também seria uma delas.
- Para onde vamos primeiro?
Após uns bons quinze minutos, decidiram que rodariam a cidade a pé, para que pudessem realmente experimentar cada segundo daquela noite.
A boate ficava próxima da Universidade, mas consideravelmente longe de pontos turísticos e locais que desejava tanto ver.
- Como seu guia turístico, preciso saber uma coisa antes de decidir para quais locais devo levá-la. - falou enquanto andava lentamente ao lado dela, com as mãos nos bolsos e encarando o chão. - Por que essa boate?
- É a boate da Universidade. Muitos alunos veem aqui e Jackson queria que nós nos enturmássemos. - respondeu dando de ombros.
- Eu costumava vir aqui na época da faculdade também. - a menina o olhou assustada e respondeu a primeira coisa que veio em sua mente.
- Nossa, não sabia que essa boate é tão velha...
- Ouch, ! - O homem levou a mão ao peito, simulando uma careta de dor e riu ao ver a expressão de desespero dela.
- Não! Não foi isso que eu quis dizer! - tentou se justificar, mas ele não parava de rir e parecia não se importar de fato.
- Aqui. - fez sinal para um táxi e abriu a porta para que ela pudesse entrar. - Assim vamos chegar mais rápido.
estava em êxtase. Times Square era exatamente como na televisão. Lojas e mais lojas, luzes para todos os lados e tantas pessoas que nem parecia ser quase meia noite. A garota parou no meio da calçada e abriu os braços, girando lentamente para que pudesse captar cada mínimo sinal do local. Era realmente mágico. Era disso que as pessoas tanto falavam nas músicas sobre a cidade? A mágica que os filmes queriam mostrar?
- Eu sei. - olhou para que parou ao seu lado e suspirou. - As vezes, durante as noites em que estou com muitos problemas e preciso achar uma solução rápida, venho para cá. Não entro em nenhuma loja, não converso com ninguém. Fico parado em alguma esquina observando a avenida, vendo as luzes brincando na escuridão. De vez em quando, assisto ao show de algum artista de rua, dou alguns trocados. É um local cheio, com muita informação em todos os lados, mas acho ótimo para libertar a mente e limpar meus poros de todos os problemas.
- Parece ótimo. A vida parece incrível na cidade grande e brilhante. - voltando a girar, viu uma placa brilhante com o nome de alguma peça da Broadway. - Sempre quis ver um espetáculo deles. - O mais velho olhou na mesma direção que ela e deu de ombros, voltando a andar.
- C.A.T.S é superestimado.
- Sabe, estava pensando na porcentagem em que isso poderia acontecer. - olhou para e franziu o cenho.
- Isso o que? - Encostou no banco e prendeu a respiração, admirando as luzes refletindo na água escura do rio.
- Essa noite. Nós dois. - virou-se para o mais velho e deu de ombros. - Analise a situação. Qual a probabilidade de irmos para o mesmo bar, na mesma noite, dançarmos a mesma música e pararmos aqui? E o melhor: sua última e minha primeira noite na cidade. Nem os melhores roteiros de comédias românticas pensam nisso.
- Bom, acho que deveríamos vender a ideia, então. Seria um bom filme. - riram e olhou na mesma direção do homem, observando as luzes dançando sozinhas, embaladas pela música que o movimento da água fazia.
- Eu só aceito se ficar com a maior parte do dinheiro.
- O que? Sua pequena capitalista! - fingiu-se chocado e riu em seguida. tinha uma energia boa, diferente de todas as outras garotas que haviam passado por sua vida. Por um momento, pensou que era realmente uma pena estar indo embora.
- Você acha que existirá outro momento como esse? - perguntou baixo, talvez com medo da resposta que ele lhe daria.
- Não. Mesmo que se repita em algum momento, não será igual. As coisas que estamos sentindo hoje, não serão sentidos novamente. Nunca. Por isso é tão especial. - virou-se para ela e sorriu sincero. - Tão único. Estamos experimentando algo inexplicável e isso basta. É o tipo de momento que não deve ser compartilhado, devemos guardar no cofre existente dentro de nós. Um momento que só nós temos o direito de lembrar.
assentiu e respirou fundo, abaixando a cabeça alguns centímetros, sorrindo. Era uma ótima noite, realmente.
- Você sempre foi assim? - perguntou após saírem do restaurante de comida tailandesa. - Todos os lugares em que vai sempre tem alguém que te conhece? - riu.
- Nem sempre. Nos primeiros meses da faculdade eu era um completo estranho. - deu de ombros. - Depois comecei a frequentar os locais onde sabia que os universitários frequentavam e, quando vi, era tão conhecido quanto os jogadores de futebol e as líderes de torcida. E meus amigos também. - pensou por alguns segundos e continuou a frase. - Na verdade, todos que andaram comigo em algum momento tornaram-se conhecidos.
- Você era uma espécie de imã para fama, é? - riu sozinha. Era tão fácil pensar em como um desses garotos que todas as meninas queriam ficar. - Parece chato.
- O que? É incrível! Sabe quantas vezes eu esqueci meu nome de tanta bebida e não paguei por uma sequer? - andou um pouco mais rápido, ficando à frente de e abrindo os braços, andando de costas. - Às vezes, você só precisa saber aproveitar o que a vida te dá. Como estamos fazendo agora. - deu de ombros novamente e virou-se para frente, voltando a acompanhar a mais nova.
- Pensando por esse lado, pode ser divertido de vez em quando, mas você nunca se cansou de chegar nos lugares e todos saberem quem você é? Não sei, me parece que você não tinha muita liberdade na faculdade.
- Não somente na faculdade, após ela também. Meio que continuei no círculo de colegas de classe, então, posso dizer que não tive um segundo de paz depois da formatura. Mas não ligo muito. É tão bom estar onde todos sabem seu nome, sabe, apresentações são muito entediantes.
- Eu não acho. - parou de andar e ficou apenas encarando a fonte em sua frente, analisando o fluxo de água subir e cair em cascatas, escondendo-se novamente no concreto.
- Vai aprender que a vida na faculdade pode ser muito mais legal se as meninas caírem aos seus pés. - A garota o olhou de soslaio e riu baixo. - Ou os garotos.
- Você é o típico garanhão que minha mãe sempre me avisou. - balançou a cabeça fingindo estar inconformada.
- Tudo o que eu toco vira ouro, . Apenas veja e aprenda.
Ela riu. Ele realmente era onze anos mais velha que ela?
Mesmo após algumas horas andando, as luzes ainda encantavam a mulher. Não sabia dizer ao certo o que chamava tanto sua atenção, mas poderia afirmar que seus olhos brilhavam tanto quanto a Times Square.
Sentada em um banco qualquer, encarava com extrema curiosidade, tentando entender o que estavam fazendo naquela noite. Ele era um ótimo guia turístico, havia a apresentado à diversas pessoas e mostrado pontos turísticos que, segundo ele, eram mais interessantes do que os lugares que todo mundo ia. Afinal, ela com certeza precisava saber qual era o melhor caixa eletrônico perto do campus e onde poderia encontrar emprego fácil caso precisasse.
Ele tinha um certo magnetismo que não entendia, mas sentia a puxando para ele com força. Se estivesse na faculdade ao mesmo tempo que ele, provavelmente seria mais uma das meninas que brigavam por sua atenção.
- Estava lembrando de momentos na faculdade. Você precisa aproveitar, . - A voz grave a tirou de seus pensamentos e os olhos focaram no rosto dele novamente. - Não falo apenas das aulas e cursos extracurriculares que você deve fazer, mas também as festas. Os jogos. Os bares. Isso tudo faz parte da vida acadêmica e pelo pouco que me contou, percebi que na Carolina do Norte, você não fazia essas coisas. - Malick virou-se para ela e sorriu, fazendo com que sentisse que suas pernas fossem gelatina. - A vida universitária deve ser aproveitada ao máximo.
- Você sente muita falta? - perguntou curiosa.
- Não. Na verdade, fazia muito tempo que não pensava tanto nesses anos que passei lá dentro. Acho que é por conta da mudança, da despedida. Quando conheci a empresa, achei que fosse designado para a sede de Nova Iorque, mas preferiram me levar diretamente para Chicago, o berço dela. Eu deveria ficar feliz com isso, não é?
- Exatamente. Mas como você disse, tudo o que toca vira ouro. Não levará muito para que Chicago torne-se a melhor cidade do mundo depois de amanhã.
- Mesmo que isso aconteça, nunca será como Nova Iorque, baby. A cidade grande e brilhante.
- Imagine isso... - correu e pulou em um banco, abrindo os braços e olhando para o céu. - Você está aqui, embaixo da Estátua da Liberdade. Quantas vezes você se imaginou fazendo isso e quantas pensou que realmente pudesse acontecer? - estendeu as mãos para a garota e ela as segurou com força, rindo alto ao ser puxada para cima do banco.
- Não consigo pensar em quantas vezes essa cena passou por minha cabeça. - fechou os olhos e inclinou a cabeça para cima, deixando o corpo livre para sentir a força descomunal que enchia seu ser.
Sentiu movimento ao seu lado e abriu os olhos, vendo sentado encarando o horizonte. - O que houve? - sentou-se ao lado dele e o encarou até que eles estivessem prontos para falar.
- Estou com medo. Passei todos os anos da minha vida nessa cidade e agora vou embora. Um lugar totalmente diferente, sem toda a vida de Nova Iorque, sem todas as luzes. Isso é aterrorizante.
- Ah! Pare com isso, você está abraçando seu sonho. A vida é isso mesmo, . Você não pode ficar preso em seu ninho, você já sabe voar. Agora é hora de voar para longe. - levou a mão para a dele e apertou com força. - Às vezes você só quer ir para algum lugar onde todos sabem o seu nome, mas... É maravilhoso ir para onde ninguém conhece você. Você pode ser quem quiser, fazer o que quiser. Algo que não seria capaz de fazer onde as pessoas sabem quem você é... - virando-se para o homem, sentiu os lábios tremerem e os lambeu, umedecendo o tecido fino e respirando tão pesado que quase não conseguiu puxar todo o oxigênio que precisava.
- Ainda há um lugar que quero te levar!
- Primeira regra da vida em Nova Iorque: seja amigo das pessoas certas! - disse ao entrarem no elevador que os levaria para o ponto mais alto do Empire State Building.
- Como você conhece o segurança da madrugada? - A menina estava surpresa. havia simplesmente cumprimentado o homem e entrado no prédio, como se fosse a coisa mais simples do mundo!
- Nós estudamos juntos no colégio. - deu de ombros e sorriu ao ouvir o apitar do elevador, que abriu as portas em seguida. - , conheça Nova Iorque. - A garota saiu do elevador e correu até a grade de proteção, segurando-se firmemente e sentindo os pelos arrepiarem-se por conta do vento gelado.
Podia ver toda a cidade, todos os prédios, todas as luzes! Lá embaixo, os carros passavam tão devagar que pareciam parar no tempo, as pessoas tão minúsculas que se sentiu como dona do mundo. Os olhos encheram-se de lágrimas. Era lindo! Era... Não tinha palavras para descrever toda grandiosidade do que via diante de seus olhos. Deus! A noite realmente era sua. Somente sua. E não poderia acontecer nada que a fizesse pensar diferente.
- , você acha que... - virou-se para questionar o mais velho, porém, foi surpreendida pela mão gelada em sua bochecha e os lábios macios tocando os seus com suavidade, quase medo. Suspirou e fechou os olhos, entregando-se ao beijo com desejo e algo mais, entrelaçando as mãos na nuca do homem e sentindo a mão dele puxando seu corpo para mais perto, grudando-os a ponto de sentir cada fibra dele estremecer contra seu contato.
O beijo permaneceu lento por alguns minutos, enquanto mãos buscavam por pele descoberta e fios de cabelo. Suspiros audíveis preenchiam a cobertura do prédio e ambos se puxavam com tanta força que, se possível, fundiriam-se. afastou-se com dificuldade, selando os lábios de diversas vezes.
- Se você quiser, há realmente um último lugar no qual eu quero te levar.
estremeceu. Assentiu. Como ela desejou ter mais tempo para conhecer .
- Antes de entrarmos, quero te dizer algo. - encostou-se à parede e puxou para si, envolvendo sua cintura e fechando os olhos ao sentir os dedos frios em seu rosto. - Entraremos em um dos pontos turísticos mais diferentes e maravilhosos de Nova Iorque.
- Uma estação de trem? - A voz confusa da garota o fez rir.
- Essa não é apenas uma estação de trem, é A estação de trem. Penn Station é... Não há palavras para descrever, você precisa ver com seus próprios olhos. - A mais nova tentou desvencilhar-se dos braços dele, mas ele a segurou com mais força.
- O que está fazendo? Agora quero entrar logo e ver o que tem lá dentro. - riu, pois ela parecia uma criança mimada.
- Preciso fazer algo antes. - sem dar-lhe tempo para perguntar o que, puxou a universitária para si, colando os lábios.
não sabia era um local público que proibia beijos, mas estava nas nuvens. E não queria descer.
O apartamento escuro estava repleto de caixas e algumas bagunças espalhadas. Coisas que decidira não levar consigo e pedira para Fernando dar um jeito depois que se curasse da ressaca.
- Desculpe pela bagunça, não fazia parte dos meus planos voltar para aqui. - Malick disse assim que entraram no local.
- Tudo bem. Minha casa está pior. - A menina deu de ombros e riu, tirando os tênis com os pés e jogando num canto atrás da porta. - Bom... Eu sei por que estamos aqui, mas preciso dizer algo antes de as coisas... Esquentarem.
franziu as sobrancelhas e tirou a jaqueta de couro, jogando em cima de uma caixa que dizia “DVDs & CDs”.
- O que pode ser tão sério assim?
- Eu sou virgem e não sei se isso é um problema para você. - notou que a face da garota tornou-se avermelhada e achou que nada poderia ser mais cativante como aquilo. Talvez, os gemidos dela dentro de alguns minutos. Aproximou -se devagar e acariciou as bochechas quentes, levando o indicador até o queixo para fazê-la olhar seus olhos.
- Se você estiver pronta, está tudo bem pra mim. - sorriu e sentiu algo quentinho em seu peito. Era isso que suas amigas falavam sobre a primeira vez? Apesar de ter certeza do que queria, de sentir confortável e nada pressionada, estava nervosa. Será que sua primeira transa seria memorável? Queria tanto que sim! - Mas, talvez, a gente realmente tenha um problema.
A mulher estremeceu.
- O que? - respirou fundo e deu de ombros, sorrindo amarelo.
- Nós só temos um sofá.
riu e o puxou para si, colando os lábios novamente.
Algumas horas depois, após experimentar o primeiro orgasmo de sua vida, viu pegar seu celular e digitar um número, salvando em seguida em sua lista de contatos.
- Qual nome você colocou? - questionou curiosa, vendo-o colocar o celular no chão novamente.
- Garoto Chicago. - riu gostoso ao sentir o peito de balançar sobre o seu, rindo também. - Isso foi incrível.
- Sim. Obrigada, . Você fez minha primeira noite em Nova Iorque ser histórica. Nunca serei a mesma mulher depois de hoje. - sorriu e selou os lábios rosados da mulher.
- Obrigada, . Minha última noite em Nova Iorque foi incrível. Você é incrível. - A garota sentiu os olhos fecharem-se sem sua vontade, levando-a lentamente para um sono profundo, mas não antes de ouvi-lo dizer a frase que ficaria em seus pensamentos por meses a fio. - É uma pena que eu esteja indo embora.
acordou assustado com o celular tocando. Olhou para o chão e esticou o braço lentamente, tentando não acordar a mais nova em seu peito. No visor, leu o nome de Fernando e atendeu.
- O que foi, cara? - resmungou. Odiava ser acordado.
- Onde você está? Já são sete e meia! - arregalou os olhos e desligou o celular sem dizer nada. Não queria acordar , mas era necessário. Sacudiu a garota por alguns segundos até que ela abrisse os olhos e o encarasse confusa. Selou os lábios novamente e esperou que ela sentasse para, enfim, sentar-se também. - Você quer tomar banho primeiro? - com a negativa, levantou-se e caminhou até o banheiro, sabendo que tinha poucos minutos para se arrumar e chegar ao aeroporto.
, por outro lado, preferiu se arrumar e esperá-lo para que pudessem sair do apartamento juntos. Não se lembrava muito bem onde estavam, mas sabia que não era tão longe do campus.
Nossa, haviam rodado a cidade inteira na noite anterior. Haviam transado. Uau. Perdida em pensamentos, não viu quando se aproximou e surpreendeu-se quando sentiu os lábios dele nos seus.
- Vamos? - assentiu e levantou, seguindo-o para fora do apartamento.
Ao chegarem do lado de fora, a mulher viu um carro parado e quatro pessoas encostadas nele. A mulher sorriu grande ao vê-los, enquanto os homens encaravam com caras pervertidas. Sentiu as bochechas esquentando novamente, mas decidiu ignorar e ser a mulher que havia decido assim que chegou na cidade.
- Bom dia! - cumprimentou todos com um sorriso e parou ao lado de , que dava a jaqueta para um dos homens jogar dentro do carro.
- Agora entendi porque você demorou tanto para descer. - Um dos homens, o que segurava a chave do carro em mãos, disse rindo e o deu um soquinho no braço.
- Cale a boca, Fernando. Se não se importarem, podem me esperar dentro do carro? Com as janelas fechadas. - os quatro fizeram o pedido e fecharam as janelas, mesmo que um deles, o que usava aliança, tenha tentado deixar uma fresta para poder ouvir. - ...
- , não precisa disso. Nosso combinado foi termos a melhor noite de nossas vidas e aproveitarmos a cidade. Fizemos isso, certo? - sorriu para ele e deu de ombros. - Você vai perder seu voo. - sorriu e se aproximou dela novamente, selando os lábios demoradamente.
- Aproveite a vida, . - sem que ela pudesse responder algo, acenou e entrou no carro. ficou parada na calçada, acenando, enquanto o carro se afastava e misturava aos outros na rua.
Sorrindo, virou-se para o outro lado e passou a caminhar devagar, pensando em cada segundo da noite passada.
sabia que nada seria como antes e estava pronta para enfrentar a nova realidade de sua vida. Pensando em como tinha sido bom ter o corpo quente de sob o seu, balançou a cabeça rindo e apertando as mãos.
- Luzes brilhantes e a cidade grande. Que noite, . Que noite!
Fim
Nota da autora: Olá, meus amores! Espero que tenham aproveitado a noite tanto quanto eu enquanto escrevia! Confesso que não foi um processo muito fácil, queria fazer com que fosse possível demonstrar cada detalhe mínimo da noite, da cidade, e da pequena faísca entre os dois desde o momento em que se tocaram pela primeira vez. Obrigada por ter chegado até aqui!
Até mais...
Eu amei quando eu vi que se passava em NY. Depois que o personagem disse que CATS é superestimado (e e eu concordo). Sério, não teve como não gostar da sua história! Parabéns pela escrita!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Até mais...
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