Capítulo Único
A vida sempre foi uma caixinha de surpresas para , o que a agradava. Desde a formação em cinema e audiovisual, ela passou a ir atrás do seu objetivo, trabalhar em um talk show, o que não era tão difícil mas também não era tão fácil. Claro que demorou muito para ela conseguir trabalhar no programa da April, mas não no cargo que desejava. Talvez aquilo só se alguém fosse estrelar um outro talk show ou em um programa onde pudesse demonstrar todos seus dotes profissionais.
– , está com tempo? – April bateu na porta.
– Claro. – Deixou os papéis em cima da mesa. – Quer conversar aqui ou na sua sala?
– Na verdade, quero que venha comigo.
Era suspeito. Quando é que April, a apresentadora e organizadora do programa, iria chamá-la? E mais! Queria que ela fosse a um determinado lugar com ela?
a seguiu até o palco, onde quase toda a equipe estava reunida. April subiu na parte mais alta onde, assim, pudesse olhar para todos.
– Eu agradeço por todos terem vindo até aqui. Sei que muitos estavam trabalhando, mas eu precisei que vocês viessem até o palco. – Deu alguns passos. – Hoje, o programa faz quatro anos, e nada seria conquistado sem vocês. – O sorriso sincero estava em seu rosto. – Para a comemoração, eu pedi para Buddy Valastro preparar um bolo, teremos um convidado especial no nosso programa e um momento de recordações. Dito isso, quero que determinadas equipes façam uma boa organização. – Designou os grupos, cada um com sua devida função, porém via que ela era a única a não estar em nenhum lugar, em nenhum grupo.
Então ela não era nada perante a April e a equipe?
– Você não foi chamada? – Um dos funcionários perguntou para .
Entretanto, quando ela foi responder, April a chamou.
– , você vai ter apenas uma função. Tudo bem trabalhar sozinha?
– Sim, sem nenhum problema.
April desceu e foi até ela.
– Nosso convidado especial sofre de ansiedade constantemente. Mesmo sabendo lidar com ela, eu preferi designar apenas uma pessoa para poder cuidar dele.
Dele?, se indagou.
– Então, , sei que não é o seu, cargo mas acho que cai bem para você.
– Pode contar comigo.
– Chris Evans vai ser...
E então ela não ouviu mais nada. O tempo parou quando ouviu o nome daquele que tirava os suspiros mais profundos, o mesmo que atualizava sua fanfic mental todo dia antes de dormir, mesmo se ele não gostasse dela ou qualquer outra coisa que pudesse atrapalhar.
– Eu envio tudo para você pelo e-mail.
– Estarei no aguardo.
– Ok, gente. – Chamou a atenção de todos. – Vai chegar um e-mail para vocês sobre o traje, o dia e o tempo que iremos ao ar, mas queria avisar de antemão que será ao vivo a transmissão.
Todos concordaram em alto e bom som, sem deixar dúvidas para April.
Já voltou para seu escritório ainda digerindo seu objetivo. Não conseguia entender como ela chegara até aquele momento, até aquele dia em que poderia vê-lo. Era surreal o que estava prestes a acontecer.
•
No conforto da sua casa, ela terminava de arrumar tudo para a próxima gravação do programa da April. Precisavam manter a audiência no último ponto. Era assim que ela mantinha sempre tudo organizado.
Mesmo nova, com seus vinte e quatro anos, ela lutou pelo seu cargo e direitos.
Só que quem disse que ela conseguia formular tudo? Seu pensamento estava longe, junto da imaginação. Imaginava se sua fanfic mental ia acontecer parcialmente. Não tinha respostas para suas dúvidas e preferiu ajeitar tudo na mesa do seu escritório e foi para a cama.
O amanhecer traria um outro dia.
•
E lá ia ela para mais um dia de gravação. Era a terceira gravação da semana e aquela era que ia ao ar na quinta. Os programas gravados eram sempre passados na segunda, quinta e domingo, tudo com uma ótima pontuação de audiência. April havia conquistado um lugar que muitos apresentadores desejavam. Independente do ramo, só queriam ser aclamados pelo público.
– April, aqui está seu pilot. – Entregou uma série de papéis com o logo do programa.
– Obrigada, .
– Pessoal, então vamos começar? – questionou a sua equipe.
Ah, claro! Naquele dia, a sua superior começava a entrar na licença maternidade e, com a confiança da supervisora, ficou no lugar dela. Seria o começo de um sonho? Quem sabe.
– Em 3... – A plateia se arrumou. – 2... – Os câmeras e toda a equipe já ficavam em ponto para não desandar a gravação. – 1... – April abriu o sorriso, olhando para todos da plateia. – Gravando!
– Boa noite a todos! Sejam bem-vindos à minha casa, que também é a de vocês. Hoje, o Queen Night, o talk show que tem a maior diversidade, tem a honra de ter convidada de a Kaya Scodelario. Vamos trazer imagens exclusivas do filme vencedor do Oscar e uma conversa com o diretor do mesmo, além do nosso giro de notícias. Sinta-se bem-vindo, pegue sua bebida, seu jantar e venha fazer parte dessa noite especial.
administrava tudo, ajudava até mesmo os vetes que passavam para April. Não era ao vivo, mas tinha um bom pressentimento, pela plateia, de que tudo estava indo nos conformes.
Os programas estavam gravados, era hora de editar. Aquilo ocorria sempre com a presença de April, ela se recusava que fosse editado sem a permissão dela.
•
Era seu dia de folga, e ela aproveitavda da melhor forma. assistia uma série. Recebeu um e-mail e o título causou palpitação em seu coraçãozinho apaixonado. “Aniversário de 4 anos do QN – April”. Abriu toda desesperada. Na caixa de entrada, haviam dois e-mails, um para a equipe toda – dava para deduzir pelo os outros e-mails copiados. Este, ela ignorou com todas as energias e focou no que era apenas seu.
Estava, ali, tudo escrito detalhadamente sobre o que ela precisava fazer: o horário em que ela deveria chegar, o horário em que Chris Evans ia chegar, até mesmo todo o roteiro organizado especialmente para e o traje que ela deveria usar.
Se já era estabanada quando estava com tênis, imaginava quando ela estivesse de salto e ao lado de seu amor.
levantou do sofá azul e foi até seu closet. Procurou algum vestido formal que pudesse usar no aniversário do programa, mas nada. Todos estavam pequenos ou estavam com algumas manchas amareladas. Odiou-se por não ter escutado sua mãe quando ela foi visitá-la da última vez.
Como sempre foi tranquila para se desapegar de algumas roupas, colocou vestidos dentro de uma mala de viagem com todo cuidado e partiu rumo à casa de sua mãe. Era perto da casa que morava, e comprou lá de propósito. Nunca ficaria longe da mulher, principalmente por serem apenas as duas.
•
Não deu nem dois segundos e a mulher, com bobs na cabeça, abriu a porta para a filha que, automática, caiu na gargalhada.
– O que foi, menina?
– Mãe, hoje em dia, tem o babyliss. Ele é bem mais prático e rápido.
– Com o bob fica melhor. O que tem nessa mala?
– Então, eu preciso de ajuda. Sabe o programa onde eu trabalho? – Viu sua mãe concordar. – Então, vamos comemorar o aniversário de quatro anos, então, com isso, preciso ter vestido de festa, mas... – Abriu a mala. – Uns então pequenos, outros estão amarelados.
– , eu só não te dou um tapa porque você já é grandinha. – Fez a filha rir. – Esses amarelados não saem. – Olhava bem. – Por causa do tecido, é muito delicado para ser tirado. Os curtos, você sabe muito bem que não dá para você usar.
– Curto, dá. O que não dá é ele ser apertado.
– Leva esses para o brechó e esses você deixa naquela lavanderia, sabe?
– Sim.
– Eles aceitam vestido assim. Na verdade, qualquer roupa. E, com isso, eles dão um jeito ou aproveitam a parte boa para reparar outra peça.
– Ok, mãe. Você quer ir comigo comprar?
– Não vou poder. Tenho plantão hoje, entre às treze horas.
olhou no relógio.
– Mãe, então o que você tá fazendo aqui?
– Ué, você chegou, fui dar atenção para minha menininha. Vou me arrumar, suba comigo.
revirou os olhos pelo o “menininha” e acompanhou a matriarca. Jogou-se na cama fofinha e ficou vendo a mulher fazendo os cachos. Realmente, era mais lindo se feito com o bob, e ficava mais natural. Tudo na sua mãe ficava mais natural e perfeito.
– Vai gravar o programa? – A mulher separava a roupa para se trocar no hospital.
– Vai ser ao vivo, espero que você consiga ver.
– Tentarei. Não prometo nada, mas deixo ligado em todo o hospital.
– É a melhor mãe do mundo.
– Faço o que posso. Se precisar de dinheiro para comprar o vestido, é só falar.
– Ok, mas eu acho que não irei precisar.
– Vamos? Ou você fecha a casa?
– Não, eu tenho que aproveitar minha folga para ver o vestido e fazer a compra do mês.
– Certo. – Desciam as escadas. – Você vai lá jantar comigo?
– Claro, mãe, envio uma mensagem quando eu estiver perto.
– Estarei esperando. Até!
– Até mais tarde.
Ela passou no brechó, deixou os vestidos e fez o mesmo na lavanderia que ela ia sempre junto de sua mãe. Foi para as lojas, procurou vestido por vestido, qualquer um que lhe agradasse, que pudesse descrever a que ela era e, também, não reter toda atenção para ela. Afinal, April era a anfitriã do aniversário.
– É esse. – Olhava-se no espelho. – E agora é só pagar.
Ela fez tudo muito rápido e comprou todos os supérfluos que desejava comer. Tomou um banho rápido e enviou a mensagem para sua mãe, que já estava a caminho.
A senhora Amybeth separou uma mesa para elas. chegou até que rápido, pegou o jantar no refeitório e procurou sua mãe.
– Oi, mãe, perdão a demora. Eu perdi a noção do tempo.
– Tudo bem. E o vestido?
– Perfeito, tirei foto dele para te mostrar. – Desbloqueou o celular e entregou para ela, com a foto no visor. – Aqui, olha que lindo. Você acha que vou tirar a atenção da April?
– Maravilhoso! Não0 filha, está perfeito. – Jantavam. – Você tem salto para ir?
– Infelizmente, eu não queria, mas fazer o quê.
– Não entre em pânico, você não vai cair dele.
– Espero, porque você me conhece. – As mulheres riram.
– O que você pode me adiantar da festa?
– Não muita coisa. Eu não li o e-mail geral, li só o meu, mas saiba que Chris Evans vai ser o convidado de honra dessa vez.
– Você não perdeu o controle?
– Quase. Eu não falei nada para April. Não vi essa hora chegar, conhecer o Evans é mais que um sonho.
Amybeth era uma das melhores amigas de . Contava tudo para sua mãe, e isso não era desde a dor que ambas sentiram anos atrás. Com isso, tudo que sentia, amava e até mesmo acontecia com ela, contava para sua mãe, como seu amor pelo Chris Evans.
– Não faça nada do que eu não faria e, por favor, se vocês dois saírem juntos, usem camisinha.
– Mãe! – Ela se engasgou de tanto rir. – Não precisa falar essas coisas.
– Precisa. Você ainda é minha filha, e eu tenho esse direito. Você é muito nova para ser mãe.
– Tenho vinte e quatro.
– Com vinte e quatro anos, eu já estava correndo atrás de você. E seu pai, correndo atrás de um emprego.
– Ai, o papai... – Suspirou pesado. – Ele faz tanta falta. Ele lia tanto Mulan e Pocahontas...
– Suas histórias favoritas, onde a moça salvava o reino e a si mesma.
– Sim. – Comeu um tomate cereja. – Mas ele tá melhor agora, bem melhor.
– Ah claro, tá jogando o vinte um dele lá. – Risos tristonhos pairaram pela mesa. – Preciso ir. – Pegou a bandeja. – Vejo você mais tarde.
– Está bem. Bom trabalho, doutora.
E, mais uma vez no conforto da sua casa, ela pediu uma pizza grande com um belo refrigerante gelado. O vestido estava pendurado na arara que tinha na sala, com uma capa de proteção, então era só esperar com dia chegar.
•
Era o dia da última gravação para a semana. Eles iam gravar para um dia antes e depois do programa de aniversário. April estava cansada, a equipe toda estava, mas estava animada ainda. A vontade do dia chegar era tanta que não deixava o cansaço tomar conta de si mas, quando se deitava, dormia em questão de segundos.
Ironicamente, o aniversário do programa era no domingo, o que facilita para o canal e para e April. Um dia antes, passou no SPA. Estava morrendo e precisava de uma boa massagem na cabeleireira para hidratar seus fios e deixá-los um pouco mais claros. Deu uma passada na mãe dela. Mesmo conversando todas as noites por videoconferência, não conseguia deixar de receber um abraço dela.
Precisou de um chá para dormir, a ansiedade para olhar naqueles olhos azuis era tanta que não sabia controlar seu coração apaixonado.
Seu celular despertou exatamente às três horas da manhã, depois de dois alarmes perdidos. Ela sabia que aquilo ia acontecer, sabia que ia acordar atrasada. Mal estava vestida e já tomava seu café da manhã. Xingou-se por não poder tomar um banho antes de sair de casa, odiava fazer aquilo no banheiro da emissora.
Conferiu tudo na bolsa, até mesmo seu batom pessoal. Colocou no carro e foi rapidamente para o estúdio.
– ! – Jake, o vice diretor, passava pelo o estúdio. – April está te procurando.
– Oi, eu já vou. O carro quebrou no meio do caminho, eu estou tão brava... Vou tomar um banho bem rápido e já vou ir até ela.
– Você tem certeza?
– Por quê? Chris Evans já chegou? – Arrependeu-se amargamente por voltar a dormir de tarde.
– Daqui a cinco minutos.
– Certo, é o que eu preciso.
Foi tão rápida no banho que até esqueceu de passar o creme no cabelo – sim, ela havia levado. O vestido, pelo menos, estava impecável. Colocou o mesmo e se olhou no espelho, o tecido branco todo lume de mangas compridas e bem acinturado. Colocou o salto e passou o batom de frente ao espelho. Claramente, faltava o restante da maquiagem, mas não havia tempo.
– April, perdão a demora. O carro quebrou e eu fiquei tempos esperando o mecânico da concessionária. – Mentiu descaradamente.
– Tudo bem, respire. Chris Evans vai se atrasar um pouco, o que é bom. – Começaram a andar, estava mais calma. – Nosso maravilhoso prefeito... – O tom era de ironia, tirando um risinho baixo. – ... quer fazer uma transmissão em todos os canais, então o horário vai ser mais tarde. Temos que dar espaço para a outra programação.
– Ótimo, podemos organizar tudo melhor.
– Sim, mas fique atenta. Não sei exatamente o horário em que ele chega.
– Não se preocupe, ele vai ser bem recebido.
– Ok, , vou ver como está o restante.
concordou com a cabeça e foi até a maquiadora. Precisava pelo menos terminar a maquiagem para poder ficar pronta e recebê-lo.
Uma hora e meia passou, já estava cansada de ficar com o salto. Ela o tirou temporariamente e ficou na anti-sala, na espera de Chris. O estúdio havia ganhado uma reforma meses atrás, a sala de espera não ficava mais em um dos camarins. Era literalmente uma casa, e era daquele jeito que April queria que todos se sentissem, até mesmo a plateia: em casa.
observava as árvores em movimento com o vento, a chuva caindo naquela manhã com pouca intensidade, e a brisa fria junto dela, a famosa e típica chuva de outono.
E depois de um milésimo de segundo, Chris Evans surgiu no estacionamento. Colocou rapidamente os saltos e foi até a porta com um guarda-chuva mas, logo, Chris sorriu e fez um sinal que ela ficasse. Em passos rápidos, ele chegou até ela. Parecia cena de filme, tudo em câmera lenta aos olhos dela. Os pequenos pingos de água caiam sobre a jaqueta azul dele, os olhos azuis ganhavam destaque com o tempo mais frio e nublado, estava mais claros, os lábios corados pelo frio. Ele estava perfeito.
– Oi, você deve ser a .
– Sim. – Engoliu em seco.
– April falou muito sobre você no e-mail.
– Espero que sejam coisas boas. Vamos? – Ele concordou e andaram. – Vou praticamente fazer companhia para você e também ajudar do que precisa. – Enviou uma mensagem rápida, avisando que ele já havia chegado.
– Não vou dar tanto trabalho. – Sorriu. – Espero que a demora não tenha atrapalhado vocês.
– Não, claro que não. April precisou esperar o tão glorioso anúncio do presidente e, depois, o fim do programa. Aqui, esse é seu camarim.
– Então cheguei a tempo. Essa chuva atrapalhou meus planos. Se eu soubesse, teria saído mais cedo de casa.
– Não se preocupe, isso é o de menos agora. – Pegava um pequeno kit. – Aqui, para você se secar.
– Obrigado.
Ela olhou o celular.
– Eu já volto, mas sinta-se à vontade. Tem algumas cervejas, água e alguns quitutes. – Apontou para o mini frigobar e a mesa ao lado, tudo com um sorriso bobo nos lábios.
saiu do camarim e colocou a plaquinha com o nome dele, tudo havia mudado de última hora.
– Chamou?
– April está ficando de cabelo em pé. A cada segundo, é uma novidade, e o programa adia. – Jake falou.
– Queen Night nunca foi um programa ao vivo, teremos que aguentar mas, se tiver mais uma, deve ser sabotagem.
– Sabotagem?
– April é incrível. Você já viu os pontos de audiência? São imbatíveis! Claro que pode ser sabotagem.
– Aviso você, mas teria como pensar em algum projeto para, pelo menos, trazer emoção a ela?
– Claro, Jake, eu mando tudo para você não privado.
– Obrigado. – Sorriu de lado para a mulher, um sorriso sedutor.
Mas quem ia a prestar atenção naquele sorriso quando se tinha Chris Evans por inteiro para admirar?
Ela voltou até depois de bater na porta e ter a permissão.
– Você quer secar a jaqueta para usar no programa?
– Acho que, até lá, não seca.
– Posso ver o terno daqui. Você experimenta e fica perfeito, pronto. – Corrigiu rapidamente.
– Eu agradeço.
– Certo, vou trazer. Ah, antes que eu me esqueça... – Pegou a caneta esferográfica e um papel de dentro da sua pochete. – Aqui está meu número. – Inclinou-se na mesinha da penteadeira e Chris passeou pelas curvas do corpo de , apenas com os olhos azuis. – Se precisar de qualquer coisa nesse meio tempo, pode mandar mensagem. Eu preciso resolver um problema de última hora para o Jake, mas eu volto logo.
– Obrigado. – Pegou o papel.
– Qualquer coisa, até mesmo para jogar uno. – Ela riu. – Pode me chamar e logo trago um dos seus futuros ternos temporários.
– Pode ir com calma, não vou sair daqui.
– Agradeço em saber. Se eu perder você, April não tira só o meu cargo mas meu emprego. Volto já, Chris.
estava entrando em declínio, precisava ficar fazendo companhia para o Evans, resolver o problema para Jake e cuidar do seu cargo provisório. Com a correria, não percebeu que havia passado o número pessoal dela, e isso aquilo causaria uma pequena confusão.
Jake apressava ela na sala de comandos com o notebook, organizando tudo por lá, já que era daquele jeito que ela trabalhava até mesmo nos últimos segundos para ter um projeto decente.
– Pronto, Jake. – Voltava com as folhas impressas. – Vai ser um vídeo dos pais da April. Podemos jogar isso no final do programa, junto com o bolo. – Mostrava o passo a passo. – Eu designei a Joyce para fazer a videoconferência e gravar, também pedi para ela gravar com o filho dela e o namorado. Sei que eles estão para vir aqui, mas ela vai fazer tudo certo.
– O vídeo vai conter só declaração?
– Não, vai contar a trajetória dela para conseguir o programa, até mesmo as noites que ela passou em claro para colocar o Queen Night onde está. Pode confiar em mim, vou monitorar tudo pelo o celular.
– Celular, ?
– Sim. April pediu para eu ficar junto de Chris Evans. Eu não vou desobedecer a ordem dela.
– Eu sou o vice-diretor.
– E eu, a dona do Queen Night. – April entrou na sala. – Eu não sei o que você deseja, vice-diretor, mas a está certa. Mesmo sabendo que quero ela junto de Chris Evans, ela está aqui te ajudando, e sabe muito bem organizar tudo por um celular. Pode ir, .
– Obrigada, April.
Respirava fundo por April ter entrado na hora certa. Não ia aguentar desaforo daquele que nem assinava seu contrato, ainda mais de Jake que em hipótese nenhuma media palavras para falar com uma mulher, tirando April, a única que fazia ele ficar no maior silêncio. Talvez naquele dia as coisas iam mudar.
Enquanto andava rapidamente sem o salto – é, ela havia tirado mais uma vez –, ela recebeu uma mensagem, mas estranhou. O pessoal nunca tocava, todos sabiam nitidamente bem o horário em que ela respondia. E ao ver, ela percebeu a pequena burrada que fez.
“Escolhi o terno e avisei uma das moças que passou vendo se achava uma arara de ternos.”
“LOL, eu estou a caminho já, acho que eu demorei um pouco para devolver a arara. Deu tudo certo com o terno?”
“Sim, deixei separado já. Obrigado, .”
– Não há de quê. – Entrou no camarim enquanto terminava de salvar o número dele. – Cheguei, desculpe a demora.
– Sem problemas, April passou aqui.
– Agora eu entendo como ela me achou muito fácil. Você comentou sobre Jake, não é? – Ela riu.
– Não era para avisar?
– Pelo o contrário, eu agradeço por ter avisado, isso sim. Jake, às vezes, me deixa louca. Então tudo certo com o terno, vejo que a moça deixou anotado aqui no papel. – Alternou o olhar entre o ator e o papel.
– Tudo certo. Você trabalha para April faz tempo?
– Quase dois anos. April aceitou quando eu estava em processo de estágio. Depois, eu levei os papéis para ela assinar, pois já tinha terminado e, com isso, ela resolveu me contratar. Ela deve ter gostado de mim. – Falou profissionalmente.
– Ela é bem incrível. April tem um coração bom, minha irmã sempre disse.
– Não sabia disso. A única coisa que sei da April é o que ela me fala. Às vezes, acho que sou Andy trabalhando para a Miranda Priestly mas aí, do nada, ela fala do filho dela e parece que eu estou vendo The Notebook. ¬– Sentou no sofá.
Afrouxou um pouco a fivela do salto.
– Ela é bem reservada. – Abriu o frigobar. – Aceita algo daqui? Tem Stella.
– Só uma água. Sabe como é, um passarinho me contou que supostamente você gosta de Stella.
– É uma pena não poder tomar agora. – Entregou a água ao sentar ao lado dela.
– Obrigada. Pode tomar depois do programa. Normalmente, eu faço isso com algumas coisas daqui.
– Você leva cerveja?
– Não, não gosto muito de cerveja, mas a única coisa que eu levo para casa ou outro lugar é refrigerante, mais especificamente Coca-Cola. Houve um dia, que era minha folga, e levei alguns refrigerantes junto comigo. Isso foi enquanto eu estava em L.A., então eu resolvi ir até o letreiro de Hollywood e... Bom, eu acabei acampando atrás do letreiro. – Ela riu. – Eu sei, pode parecer muito estranho, mas foi muito bom.
– Primeira pessoa que eu vejo que faz algo diferente.
– Eu gosto. Sempre gostei de aproveitar o agora, então já fiz tantas coisas de último momento... Já me mudei, como o dia que eu acabei dormindo aqui no Queen Night... Eu tenho uma tatuagem por causa de uma aposta. Pelo menos, é bonitinha. É sobre o dia em que eu praticamente conheci Leo DiCaprio, tudo por causa de Titanic.
– Você foi até a casa dele? – Ele se interessou pela história.
– Não. – Eles se ajeitaram para conversarem melhor. – Quando ele estava gravando The Great Gatsby, eu quase me tornei uma das figurantes, mas um dos seguranças percebeu que eu não estava na lista. Ele tinha uma lista eletrônica com todas as fotos, Chris. – Bebeu e viu o homem rindo. – Eu só sei que lembro dele: “Você está em qual cena?”. Eu, bem calma, quase correndo dali: “A com o Leonardo DiCaprio”. “Mas ele já terminou todas as gravações dele dessa semana.” Aí eu parei, olhei em volta... Eu sabia onde estava a porta de saída. Eu só lembro que as roupas, que eram supostamente do meu figurino, pedi para ele segurar e eu corri muito até o ponto de ônibus mais próximo. Eu nunca mais faço isso.
– Você me fez rir como nunca.
– É um dom particular. – Olhou o celular. – Está na hora do programa. Vamos? – levantou.
– Vamos. Depois, tomamos uma cerveja juntos?
– Claro.
Depois da conversa casual dentro do camarim, o levou até a o estúdio. Colocou o microfone de lapela nele, ficou ao longe com o fone, prestando atenção no começo do programa e, para a sua surpresa, Holly apareceu junto a ela. realmente não esperava a mulher por lá, a barriga grande aparecendo lindamente no vestido da mulher deixou mais encantada ainda. Desligou temporariamente seu comunicador e conversou com a mulher.
– Oi, achei que não ia vir.
– April pediu que eu viesse de última hora.
– Por quê? – Estranhou a atitude.
– Ela mandou, exatamente hoje, Jake embora.
– Ele foi demitido?!
– Foi. Resumindo tudo, ela pediu que só hoje eu ficasse aqui. Como vocês têm programa gravado, fica mais fácil para mim.
– Nossa, quanta coisa! Depois me conte detalhadamente, vou voltar até o Chris.
– Designada apenas para ele. – Sorriu.
– Confesso que queria passar mais tempo com ele. – Tirou risos da amiga.
Parou ao lado do homem e esperou o momento certo de levá-lo até a entrada certa do programa.
– Você entra logo, ok?
–Certo. – Viu ela o analisando. – Está tudo bem?
– Está torto. Posso?
E ele concordou. Com isso, ela se aproximou um pouco, acertou o terno e tirou alguns pelinhos que estavam no mesmo. O perfume dele era tão suave e marcante, a deixou flutuando por alguns milésimos de segundo. Daria tudo para poder chegar mais perto e sentir os lábios dele. Chris não deixou de admirá-la, apreciar aquele rosto, os olhos doces e os lábios bem pintados de nude. Já tinha achado as curvas do corpo dela mais que atraentes, não deixou de imaginar-se a sós com ela.
– Obrigado.
– Por nada. Siga-me. – Andaram até uma marcação.
Pelo fone, ela escutou os comandos de Holly.
– Certo, April vai te chamar daqui a três minutos.
– Vai ficar vendo tudo daqui?
– Claro, bem ali. – Apontou para a cadeira dela. – Se precisar de qualquer coisa durante o programa, você pode e deve me procurar.
– E eu vou te procurar.
Os três minutos se passaram. Chris subiu ao palco, mantendo toda a atenção da plateia e, principalmente, de . Precisava se concentrar tanto em Holly quanto em Chris, mesmo sabendo que seria bem difícil não imaginar uma fanfic mental naqueles segundos. Nos intervalos do programa, ela conversava com a produção sobre o projeto de última hora com Holly, fora que precisava ser a ponte por ela. Afinal, havia um bebê para nascer dali a algumas semanas.
E não teria como admirá-lo interagindo com alguns fãs na plateia. Mordiscou os lábios sem perceber que fazia isso olhando para ele. Se queria ficar com ele – ou, pelo menos, tentar –, não podia deixar passar daquele jeito. gostava sempre de viver o agora então, pelo menos, tentaria, mesmo se não desse certo.
– Acho que ninguém avisou você que não serviram água para o Chris. – Holly falou tranquila com .
– O quê? Deixaram o meu, o Chris... – Corrigiu rápido. – ... sem uma água depois de uns vídeos engraçados desses?
– Você gosta dele, né? Quer dizer, você o ama. – As mulheres falaram baixo.
– O que denuncia isso? O olhar ou o modo que falo dele ou o jeito que estou cuidando dele?
– Tudo. Te conheço desde sempre.
– Desde dois anos, Holly. Certo, eu tenho um penhasco por ele, mas isso não quer dizer que eu vá tentar algo.
– Você está falando sério? – Holly arqueou a sobrancelha.
– Claro que não. – Sorriu. – Vou tentar, e não força a barra com isso.
– Certa você. Agora, por favor, conversa com a menina que você designou.
– Estou indo ver, e também a água.
– Claro, a água.
Com tudo certo e a garrafinha já em mãos, andou até ele. Evans terminava de ajeitar o termo depois que sentou na poltrona vinho.
– Oi. Me falaram que esqueceram sua água, queria pedir perdão. O moço que cuida disso deve ter se esquecido.
– Sem problemas. – Levantou a caneca com seu nome. – Obrigado.
– Eu vou me retirar mas, antes, seu microfone tá torto.
– Ah, claro. – Riu. – Tento não mexer muito nele.
– Sem problemas, acho melhor o de lapela do que o outro. – Ela o fez rir junto a si.
– É. – Concordou, ainda rindo.
– Logo começa o próximo bloco. – Recuperava-se. – Até.
– Até.
Com todos os momentos do programa perfeitos, Holly mostrava a Jake como fazer um programa ao vivo. Além da surpresa final, o vídeo foi passado minutos antes de Buddy Valastro entrar com o bolo e gritar a típica frase que sempre aparecia em seus programas.
A plateia se retirou depois de todos ganharem um pedaço de bolo. Sim, April pediu para que fosse grande para a quantidade exata da equipe Queen Night, Chris Evans e a plateia. voltava com a jaqueta de Chris em suas mãos. Caminhou até ele sem pressa e, quando ele a viu, sorriu para a moça.
– Sua jaqueta. – Estendeu.
– Obrigado, não achei que você cuidaria dela tão bem.
– Ah, só levei na lavanderia, não ia deixá-lo com cheiro de roupa molhada. – Recebeu o terno enquanto retirava o microfone. – Foi boa a entrevista. Estava tudo bom para você?
– Não esperava ser algo leve. Muitos sabem que não gosto de responder muito sobre mim, mas vocês fizeram algo que não imaginava. Só fui pego de surpresa por apresentarem o vídeo.
– Então... – Ajeitou o cabelo. – A ideia foi minha. Me desculpa, mas eu não ia levar jeito se entrasse no meio do programa.
– Tudo bem.
– Eu aviso você, caso tenha uma próxima vez, e sobre focar em outros pontos... Tenho bons informantes.
– April? – Viu a moça negar. – Quem? – Estava bem curioso.
– Conheço uma fã sua e, às vezes, ela só fala de você, então só uni o útil ao agradável.
– Pessoal, vocês poderiam todos aprestar atenção um pouquinho aqui? – April falou no microfone.
– Ela e seus discursos... Não tem um em que eu não me emociono. – Chris e viraram para o palco.
– A cerveja ainda está de pé?
– Por mim, é claro. – Sorriu para ele.
Andavam lado a lado. Ela avisou que guardaria o terno no acervo e voltaria para o camarim em que ele estava. Chris estava sentado no sofá com uma long neck aberta. Com o tempo frio lá fora, uma cerveja gelada caía bem. Estranhou a garota estar demorando tanto. Eles haviam apenas combinado de tomar uma garrafa e dividí-la.
– Cheguei! Espero que não tenha terminado sem mim.
– Não, estava esperando por você. Aqui.
– Vemos que alguém gostou da ideia. – Pegou a bebida. – Eles estão fechando o estúdio. – Olhou o celular e colocou ele de lado.
– E foi assim que você ficou no estúdio?
– Não. – Sorriu. – Eu acabei ficando presa aqui enquanto trabalhava, não sei porque ninguém foi no meu escritório. – Deu um gole. – O bom foi que eu pude dormir tranquila sem me atrasar. – Tirou uma risada espontânea dele. – Que foi?
– Você os recebeu.
– É claro. Eu faria isso de novo só que, agora, como eu tenho a chave, eu pediria comida. – Ela olhou para ele e rapidamente arquitetou um pequeno plano para passar mais tempo com ele e, quem sabe, emendar em um próximo encontro. – Se quiser, podemos pedir algo para comer aqui.
Evans ficou surpreso, não esperava ela convidá-lo daquela forma, inesperadamente, e ali mesmo.
– O que você gosta de pedir? – Pegava mais uma Stella.
– Qualquer coisa. Não tenho frescura, posso pedir uma pizza. O que acha? Sério, vai ser legal.
– Não quero fazer você ficar aqui por algumas horas, deve estar cansada já. – Estava para abrir a garrafa.
– Eu estou bem, Chris. A não ser que você não queria ficar aqui.
Ela já tinha atraído sua atenção, principalmente depois de saber que fazia o que desejava sem medo, lutava pelos seus direitos de mulher e ainda tinha uma boa colocação na política. Podia-se dizer que era perfeita até aquele momento desde que a conheceu, mas a vontade de conhecer ainda mais aquele lado já despertava mais ainda a vontade de ficar com ela ali.
– Você nunca fez isso, né? Ficar no estúdio depois que todos vão embora. É legal. Pelo menos, eu achei.
– As coisas não vão ficar complicadas para você?
– Claro que não, está tudo bem. Agora, se não quiser, podemos nos encontrar ou dia.
– Eu prefiro assim. – Chris se sentiu melhor.
– Está bem, uma noite com pizza e Stella.
– Combinado.
– Pode enviar naquele número que está com você. Ele, na verdade, é o meu pessoal. Passei ele no automático para você.
– Melhor ainda, mais fácil para entrarmos em contato. – Ela concordou com a cabeça.
– Vamos então? Pode levar essa Stella. – Pegou sua bolsa.
– Tem a chave mesmo?
– É claro. A não ser que queria ficar aqui para saber como é passar a noite em um grande estúdio.
– Quem sabe outro dia. – Riram.
Iam até a porta. apenas sorriu para ele. Ia cobrar, e seria logo. Não ficaria apenas em uma bebida.
– Quer uma carona?
– Não, obrigada, vim com o meu. – Apontou para o mesmo. – Mas agradeço. Até qualquer dia então.
– Até breve, .
Chris entrou em seu carro e acompanhou o pequeno trajeto, seguindo o carro de . Depois de uma buzina de tchau, ele seguiu rumo à sua casa temporária que, na verdade, era a casa de seu irmão, Scott.
Esperava que ele acordasse para poder, pelo menos, abrir a porta da casa para que, depois, ele voltasse a dormir.
– Chris, eu não esperava sua ligação, muito menos você aqui a essa hora. Aconteceu alguma coisa? – Já estavam dentro de casa.
– Não, eu passei tempo demais no estúdio do programa.
– Gravação.
– Não. – Negou a afirmação do irmão. – Fiquei conversando com uma das moças que trabalha lá.
– Conversando, sei.
– Scott. – Um sorriso vergonhoso estava em seu rosto. – Só conversamos enquanto tomei uma cerveja que foi separada para mim.
– E você não tomou sozinho, ela ficou lá contigo.
– Sim, estávamos fazendo isso antes de ir ao ar. Ela ficou fazendo companhia o tempo todo em que estive lá.
– Faça amizade com ela, parece ser legal.
– , além de ser legal, tem um lado mais.. – Buscou a palavra.
– Única? Diferente?
– Não, ela não tem definição, mas é especial. Ela faz o que gosta e quando quer. Ela acampou atrás do letreiro de Hollywood.
– Ela é incrível, coragem. – Riu.
– É. – Acompanhou o irmão. – Tudo bem eu dormir aqui? Amanhã, vou para Boston.
– Mi casa es su casa, o quarto de hóspedes já está ajeitado.
– Obrigado, irmão.
– Ela mexeu com você, não é? – Parou no meio do caminho.
– Ela despertou algo em mim, ela tem um calor único. Ela tinha me convidado para comer pizza no estúdio.
– Devia ter aceitado sair com ela. Aparentemente, essa vai fazer mais bem para você do que você imagina, Chris.
Evans sorriu e concordou com a cabeça.
– Boa noite, Scott.
– Boa noite, Chris.
Realmente, mexeu com ele. Ele já tinha marcado um encontro em um dia sem data, mas o medo era de que aquela pequena admiração virasse um grande amor e, no fim, não conseguisse sair dele, muito menos dos braços dela.
•
Com o tempo, a saudade de conversar com crescia. Ele sempre olhava o chat da conversa aleatória daquele domingo. Perguntava-se se ela fora apenas gentil ou estava atraída por ele.
Para , também, mas ela havia se acostumando com homens não ligando e enviando mensagem, então não ficava olhando o celular a cada cinco minutos. Queria, na verdade, poder deixar de recordar os minutos ao lado de Chris, o olhar dele, os sorrisos, até mesmo o perfume que ficou no seu vestido.
Ele já era seu amor Hollywoodiano, e não teria nada que pudesse mudar aquele sentimento.
Preparava seu almoço enquanto conversava com sua mãe, o cabelo mal preso no coque, a blusa social amarrotada e o salto ao lado da ilha mostrava que estava em casa fazia um tempo.
– Você não vai ligar para ele?
– Não, mãe. – O som da faca era escutado pela senhora. – Se ele tem interesse, ele vai ligar. Já o convidei, porém não vou pressionar o homem, da mesma forma que não quero que ninguém faça isso comigo.
– Ainda acho que devia ligar para ele. Vai que ele esqueceu que tem seu número.
– Ai, mãe, me poupe. Você sabe melhor do que ninguém que eu não fico correndo atrás de homem, nem mesmo se esse homem for Chris Evans.
– Eu sei, e é por isso que você devia dar mais valor e atenção. Ele tem uma agenda cheia.
– Pronto. – Soltou a faca e olhou pro tablet. – Você respondeu a falta de mensagem dele. Ele tem agenda cheia, não é um ator que não é renomeado. Chris carrega muitos filmes e projetos incríveis.
– Por isso que você devia enviar mensagem. Ele pode ter esquecido, não ter lembrado de ver uma brecha para sair com você.
– Ou simplesmente não gostado de mim. – Sorriu. – Eu te amo mas, às vezes, você sonha mais que eu, dona Amy.
– Claro que não, filha.
– Fingirei que acredito, e você continua seu jantar aí.
– Está terminando o seu?
– Sim, falta só abrir o vinho e você terminar o seu jantar. – Estava apoiada no balcão.
– Calma, a salada já está quase pronta, vou deixar na mesa.
– Eu vou pôr a minha.
colocou o tablet na mesa e se serviu. Era um jantar rotineiro. Como sua mãe trabalhava muito no hospital, elas precisavam jantar daquela forma, isso quando ela não almoçava ou jantava no hospital.
– Pronto, podemos voltar a conversar.
– Poderia começar a oração? – A matriarca pediu.
– Sim, mãe.
orou com a chama de vídeo à sua frente, com muito amor e carinho. Conversaram enquanto jantavam, e ajudou sua mãe em um discurso para uma palestra. Sempre faziam aquilo, não gostavam de ligação nem mesmo ficar mandando mensagens ou áudios por um longo tempo.
Ajeitou tudo para dormir, sentou na cama e pegou a Lady de pelúcia. Foi o último presente de seu pai. E como ela sempre amou A Dama e o Vagabundo, seu pai comprou para ela a Lady. Podia ter feito vinte e dois anos na época, mas ele amava tratá-la ainda como a princesinha do papai.
– Pai, pai... Você faz tanta falta, e eu nem pude agradecer você direito.
Abraçou forte a Lady de pelúcia e colocou no criado mudo. O cobertor aconchegante e a televisão programada para desligar em canal de desenho mostravam uma preocupada, com saudades e ansiosa.
Foi acordada com os sons da chuva contra sua janela. A mesma estava tão intensa que o tráfego de carros era pouco. morava no último andar de um dos prédios mais altos, e o mais acessível ao seu bolso. Ela olhava a chuva cair e escutava as mensagens chegando no grupo QN. Claramente, não ia haver uma reunião pós-aniversário, o que a deixou com o trabalho livre de não fazer nada, ou então planejar uma nova mudança no apartamento.
tinha o The Sims 4 aberto no seu notebook. Sim, ela tinha uma pequena réplica perfeita do apartamento no jogo e pensava em como redecorar tudo de novo. Entretanto, seus pensamentos foram longe ao ver o celular acender. Um sorriso nos lábios apareceu e, junto, uma leve mordida nos lábios veio. Ela só podia estar sonhando, não era verdade o que lia. Tirou até os óculos para poder responder.
"Oi, , desculpe a demora para conversar com você."
"Oi! Sem problemas. Como você está?"
"Cansado, e você?"
"Estou bem, aproveitando a chuva e o dia em casa para poder arrumar algumas coisas."
"Eu queria saber se ainda está de pé aquele nosso encontro."
E aí ela quase deixou a caneca de chá cair no teclado. Não era verdade, alguém estava fazendo uma gracinha com ela. Porém sempre foi de viver o agora.
"Claro, quando e onde quiser."
– Espero que não tenha parecido tão desesperador. – Desejou.
"Quando é seu dia de folga?"
"Amanhã."
"Então vamos amanhã mesmo. Em Boston ou em New York?"
"Não tenho preferência, deixo você escolher, desde que não se importe se eu levar a cerveja."
"Eu encontro você no metrô de Boston. De lá, pegamos uma pizza e vamos para minha casa."
"Combinado, mas como vou saber quem é você?"
Chris riu do outro lado do telefone, atraindo a atenção de Dodger para ele.
"LOL, não se preocupe com isso, vou ser o de boné da NASA."
"Ah, sim, obrigada pela informação 😂."
"Amanhã, às duas da tarde, no metrô."
"Ok, aviso quando eu chegar próximo à estação."
bloqueou o celular e encostou em seu coraçãozinho. O sorriso dava voltas, suas bochechas doíam, estava nas nuvens. Era no dia seguinte. Não sabia se deitava no sofá, se ia pro guarda-roupa escolher algo para usar. Só conseguia sentir aquele turbilhão de emoção dentro de si.
Chris sorria. Não imaginou que se sentiria tão feliz e ansioso para vê-la. Não tinha explicação para o que sentia, se preocupou até mesmo com o Dodger estar bem cheiroso. Encostou no sofá, deixando com celular no lado. Dodger subiu no sofá e deitou ao lado dele. Tudo estava diferente, o dia passara a ser mais bonito, alguns raios de sol passaram a entrar pela janela da sala de Chris.
– O que foi? – Dodger latiu. – Não, eu não sinto nada por ela. Vamos ser amigos, e não me olha assim. – Acariciou o pelo do cachorro. – Vamos brincar.
Levantou-se e escutou as patinhas dele. Com o celular na mão, ele respondeu enquanto brincava com o Dodger e o frisbee.
•
Colocou o moletom azul marinho, combinando com a lavagem do jeans, o tênis confortável para poder andar até o metrô e sua mochila com seus pertences. Ela caminhou tranquila.
Passou na loja e olhou o engradado, mas mudou de ideia no meio do caminho. Não fazia lógica ela comprar. E se alguém roubasse suas bebidas? Riu com a ideia e saiu da venda.
Um tempo depois, enviou uma mensagem a Chris, avisando que já estava próxima da estação.
Ele saiu do carro, ajeitando a blusa e o boné, desceu as escadas e foi esperar a moça.
tinha acabado de sair do vagão, as mãos no bolso. Caminhou para a parte menos movimentada, procurou por Chris e não achou, até o momento em que desistiu de procurar.
– Oi.
– Oi! Eu já ia enviar mensagem.
Ele sorriu, tirando todo o foco de .
– Vamos, temos que pegar pizza.
– E cerveja. Resolvi comprar por aqui, não ia ser uma boa andar com um engradado no metrô.
– Eu concordo.
– Tem pizzaria aberta a essa hora?
– Uma que eu conheço, sim. Passamos lá e, depois, em um mercado perto de casa.
– Gosto.
– É aquele ali. – Mostrou o carro.
Os dois foram até a pizzaria e, depois, compraram um engradado de Heineken. Daquela vez, eles iam tomar a cerveja favorita da mulher.
Dodger a recebeu muito bem. Sentou aos pés dela para ganhar carinho e ainda pediu para brincar. precisou alternar sua atenção entre ele e Chris.
– Eu amo pizza de pepperoni, mas essa de marguerita está maravilhosa.
– Essa pizzaria tem as melhores pizzas, concordo com você.
– Eu vou vir aqui mais vezes. – Bebeu um pouco. – Não aqui, mas em Boston. Assumo que bebi demais.
– Compreendi na primeira vez. – Eles riam. – Mas, se quiser passar aqui...
– Vou lembrar do convite. Ah! – Prendeu a atenção dele mais ainda em si. – Depois que fomos embora do estúdio, fiquei sabendo que um dos câmeras estava no banho ainda, e eu desliguei a luz. – A vermelhidão tomou conta das bochechas. – Pensa a vergonha que eu senti quando eu soube disso.
– Além de viver o que deseja, paga um pouco de mico.
– Supero sempre minhas aventuras. – Eles sorriram, mas aquele silêncio de fim de conversa estava a deixando um pouco angustiada. – Sempre quis ter um cachorro. – Falou aleatoriamente e deixou Dodger chegar perto dela.
– Deseja adotar um?
– Queria. É o que quero. Adulto, não filhote. Nada contra, mas acho que você sabe. É difícil alguém querer adotar um adulto. Eu só não tenho pois, em meu prédio, não é permitido. – Revirou os olhos.
– É, uma pena.
– Muita mas, se eu adotasse um, ia ter a melhor vista de New York. Já viu a parte de cima de New York?
– Algumas vezes.
– Em prédios famosos, não?
– Sim.
– A vista do meu prédio seria você vendo New York de fora, e o mais lindo é ver do terraço. Quem sabe um dia você admira a vista.
– Só mandar mensagem, eu vejo um dia bom.
– Eu vou mandar, quando eu tiver o dia certo para tirar a folga.
– Vou esperar, viu? E eu que levarei a cerveja.
– Você fica bêbado fácil? Espero que não, porque eu sim, e tô indo para a terceira garrafa. – Não conseguia abrir.
– Aqui, pega a minha. – Parcialmente, estaria beijando Chris Evans de tabela. – Meu irmão, Scott, disse que as vistas do terraço são as melhores. Você tem acesso?
– Obrigada. Queria ter. Eu teria acesso por morar no último andar, mas a dona disse que a chave sumiu, ninguém nunca conseguiu achar a mesma e não pretendem chamar um chaveiro.
– Estranho, ela deve saber onde está a chave.
– Penso o mesmo mas, como nunca paro em casa, ela não deve querer entregar.
– Ou ela tem medo que você transforme em casa para um cachorro.
– Chris, eu nunca tinha pensado assim. Não é que faz mais sentido!
Christopher deixou um sorriso tímido aparecer.
– Quer que eu abra uma para você?
– Não precisa. Eu já vou indo, é uma viagem longa.
– Posso levá-la.
– Não se preocupe com isso, eu compro um doce no meio do caminho e, de lá, vou para a estação.
– Certo. Eu devo ter algum doce aqui, isso se meus sobrinhos não comeram tudo.
– Chris, – Seguiu ele. – não se preocupa com isso.
– Aqui, uma barra de chocolate fechada.
– Porém não vou recusar um chocolate. – Abriu e logo comeu um quadradinho. – Quer?
– Não posso.
– Gravação? – Viu ele concordar, debruçado no balcão, quase ao seu lado. – Mas cerveja pode. – Ele riu.
– Eu tive que escolher, e a cerveja...
– Ela ganha de tudo, posso imaginar.
– Acho que agora é de quase tudo. – Olhava para ela, ficou vermelha e desviou seu olhar.
– Bom, eu vou indo. Queria agradecer a tarde maravilhosa.
Christopher a acompanhou até a porta, junto de Dodger. Primeiro, ela se agachou para se despedir do seu mais novo amigo.
Eles se abraçaram apertado, e ela sentiu a barba dele fazendo leves cócegas em seu pescoço. O perfume dele ficava preso em sua roupa, podia sentir o coração dela batendo mais rápido. Eles se soltaram devagar, até ficarem de frente um para o outro. Passou alguns minutos ali, olhando aquela imensidão azul, de forma que podia dizer que estava olhando para o céu que sempre lhe trazia paz.
sentiu a pior e a melhor sensação quando percebeu que ele se aproximava dela. Com os lábios úmidos, ele olhava fixamente para os olhos de . Entretanto, seu corpo lhe afastou de Christopher, dizendo que aquele possível beijo era apenas fruto de algumas garrafas de Heineken. Ambos não estavam sóbrios.
Com um beijo na bochecha e um até breve, saiu da casa de Evans com um sorriso bobo, um pouco bêbada e o chocolate em suas mãos. Ela foi para casa, repassando todos os momentos ao lado dele.
Quem diria que, um dia, voltaria para casa com um sorriso nos lábios e repassando todo o momento ao lado do Chris? Colocou as roupas de molho e preparou algo para comer. Pensou em enviar uma mensagem para sua mãe, mas deixou pro dia seguinte, não queria fazer isso naquele momento.
•
Havia exatamente duas semanas em que Christopher e conversavam absolutamente sobre tudo, até mesmo fotos do Dodger ela recebeu. Muitas vezes, Chris precisou silenciar o celular para poder focar nos conteúdos para adicionar ao seu website, aqueles que sempre passavam também por ele.
colocou sua vida em um posicionamento diferente, pintando em tons alaranjados e quentes, igualmente o verão. Aquele lado divertido único despertou em si algo que nenhuma outra mulher havia desertado. Só que algo estava incomodando o ator. Toda vez que ele tocava no assunto em sair mais uma vez com ela ou perguntava o seu dia de folga, ela fugia da conversa.
O que o incomodava passou a ser preocupante. Em apenas dois dias, ela sumiu, não respondia mais as mensagens. Isso chegou até a atrapalhar o preparo do almoço da família.
– Chris. – A voz da sua mãe o despertou. – Desse jeito, você vai fazer o arroz virar carvão. – Riu baixinho.
– Estava pensando em outras coisas.
– Tenta não voar tanto. – Chris acenou com a cabeça.
A mulher saiu com o refratário. Scott esperou sua mãe se afastar, talvez ele soubesse o nome daqueles pensamentos longes.
– ?
– Ela não me responde faz dois dias.
– Algo deve ter acontecido. Sabe se ela entra no WhatsApp?
– Não reparei.
– Ela entrou em contato.
– Não.
– Não, cara, ela respondeu. – Entregou o celular.
Chris pegou rapidamente, como se fosse um adolescente desesperado por uma resposta.
"Oi, me desculpa sumir. Bom, os dois dias foram cansativos, exaustivos e tristes. Com isso, queria saber se não quer vir aqui sexta que vem, à noite. Eu preparo um jantar e você traz a cerveja, como tínhamos combinado."
"Posso. Qual o horário?"
"Às dezenove horas?"
"Pode ser. Você está melhor?"
"Parcialmente sim. Vai demorar um pouco mas vou ficar melhor."
"Se quiser contar..."
"Lógico, na sexta. Eu vou voltar ajudar minha mãe, estou aproveitando as horas com ela. Até mais tarde, Chris."
"Até, ."
Bloqueou o celular e comemorou discretamente. Guardou o celular e foi se a juntar à sua família, o brilho no olhar até o denunciou ao Scott.
•
A sexta estava mais fria, as árvores já estavam sem suas folhas. Chris verificava o endereço enquanto terminava de ajeitar a mesa. Logo, ela já estava o recebendo na entrada.
– Realmente, a vista é bem bonita.
– É maravilhosa. O apartamento não é tão grande, mas a vista compensa tudo.
– O apartamento é bonito, aconchegante. Fica perto do estúdio?
– Mais ou menos. Pelo menos, estou perto do hospital em que minha mãe trabalha. – Abriu as cervejas. – O jantar está servido, e já vou dizendo eu não cozinho perfeitamente, mas minha mãe fala que é bom. – Eles se serviam.
– É realmente bom, melhor que o Scott
– Não exagera.
– Verdade.
– Obrigada. – Sorriu de lado.
Depois do jantar, eles ainda conversam sentados no sofá de frente para a grande janela.
Entre um gole e outro, podia escutar o som dos carros ao fundo, as luzes da cidade refletindo na janela.
– Próximo lugar para a gente se encontrar? – questionou.
Ele negou com a cabeça.
– Eu escolho então, mas ainda não vai ser no terraço do meu prédio. Ainda não abri.
– Você está tentando?
– É claro, eu pago por aquela parte. Mas prometo achar um lugar que não faça você se espantar com as minhas loucuras.
– E por que eu ficaria? Você é indescritível, .
– Claro, uma garota de vinte e quatro anos agindo como uma adolescente.
– Você sabe os limites, mesmo às vezes passando deles.
– Sobre Hollywood. – Mordeu os lábios e o ato atraiu o olhar de Evans. – Eu conheço os seguranças de lá. Um deles é meu tio, então...
– ... – Ele riu.
– O que foi? – Ela se aproximou dele. – Achou mesmo que eu seria louca de ser presa? Eu sei os limites.
– . – Olhava no fundo dos olhos dela, o desenho dos lábios dela, o pequeno brilho no olhar.
Ela tirava todo o sentido da vida dele, aquele sentido que ele colocou para ele mesmo. Desejava poder passar mais tempo com ela, no tempo dela, conhecer cada lugar da forma de . Ela era um verão, literalmente, em todos os sentidos.
colocou a garrafa no chão junto a dele. Seu coração batia tão rápido que podia jurar que sairia a qualquer momento, mas também podia jurar que aquela troca de olhares e a aproximação não eram efeitos do álcool. Eles só tinham bebido apenas uma única garrafa das seis que vinham no engradado.
Christopher entrelaçou seus dedos nos fios finos de para uma boa estabilidade. Ela se apoiou no peitoral do ator, acompanhando o movimento da respiração dele.
Devagar, ele a beijou com calma. podia sentir a cada toque dos lábios dele, fazia seu corpo estremecer. Havia mais sentimentos naquele beijo do que muitos espalhados pelos quatro cantos do Estados Unidos da América.
– Eu preciso te contar uma coisa. – Fazia carinho nele.
– Você é minha fã.
– Como? Chris, você tem bola de cristal?
– Seu celular denunciou. – Sorria.
– Ai, eu literalmente esqueci de trocar.
– Tudo bem. – Ajeitou o cabelo dela. – O que não está bem é que eu tenho que ir.
– Mas já?
– Infelizmente, mas eu te envio mensagem quando chegar.
– Está bem. – Deu um selinho.
– Eu vou olhar minha agenda e pegar mais tempo para passar com você.
– Chris, não precisa.
– Precisa. Eu percebi que não vou conseguir passar muito tempo longe de você.
Ele se beijaram mais uma vez, deixando o desejo de ter o toque de seus corpos mais intenso no beijo, tão intenso que juraria que poderia acontecer mais coisas naquele sofá azul.
Acompanhou o homem até a porta e se despediram com o último beijo do dia.
marcava os lugares para eles irem, sempre no meio termo entre Boston e New York. Christopher realmente arrumou a agenda para poder passar mais tempo com ela. Os dois não tinham um relacionamento confirmado. Eles ficavam aproveitando os dias juntos, de todas as maneiras. Ele era uma máquina sexy, e isso não podia negar.
•
Eles mantinham o relacionamento disfarçado, mesmo depois de Chris perceber que haviam muitos paparazzis o seguindo. Suposições estavam sendo citadas na internet e aquilo apertou o coração do homem. Aquela movimentação chamou muito a atenção de todos, e claro que Christopher sabia onde ia chegar. Talvez, a única saída fosse aquela que rondava seus pensamentos nos últimos dias.
“Oi, bom dia!”
Recebeu a mensagem de .
“Bom dia.”
“Está com folga no sábado?”
“Sim. Vamos aonde?”
“Surpresa, só me encontra no lugar do print que vou enviar. Que horas dá para você vir?”
“Qualquer horário, só preciso que avise antes por causa do Dodger.”
“Eu sempre aviso antes.”
estava estranhando, algo tinha acontecido e ele não queria contar. A garota enviou um boa noite juntamente de uma explicação boba, porém cabível. No começo do amanhecer, já indo a caminho do estúdio. Ela passou no apartamento, verificou o que queria desde o início e foi trabalhar.
Na volta pra casa, passou em uma loja e comprou uma lockpick, já que a chave de fenda não tinha ajudado muito. Enviou o print para ele e o horário.
– Maravilha, era isso que eu queria. – A porta estava aberta. – Agora, só trazer tudo e deixar preparado.
Realmente, estava bem animada, até mesmo seus lábios desenharam essa felicidade em um sorriso.
Vestiu o casaco por cima do vestido e ajeitou a meia calça. Estava com uma sacola ao seu lado e a bolsa pendurada em seu ombro. Estava ali fazia um tempo, sabia que precisaria ir por lugares que ninguém – fotógrafos – pudesse seguí-la e, por causa disso, escolheu ir a pé.
Christopher estacionou o carro, no outro lado da rua, debaixo de uma árvore.
– Oi, . – Beijou-a brevemente.
– Oi. Vamos? – Ele concordou com a cabeça.
– Que prédio é esse?
– Ah, um que tenho acesso. Só, por favor, não suba fazendo muito barulhos.
– Tem elevador. – Apontou, mas ainda era guiado pela garota.
– Eu sei, mas pela escada é melhor. Assim, ninguém vê a gente, lembra?
Respirou fundo ao se lembrar da última conversa com ela. se lembrava do pedido sobre poucas pessoas verem os dois juntos. O casal subiu até o último andar, passaram pela corrente, a pulando, e subiram mais alguns degraus. Christopher a viu mexer no bolso da jaqueta e tirar uma ferramenta. Com cuidado, ela destrancou a porta e abriu a mesma, deixando uma corrente de ar álgido passar por eles.
– O que estamos fazendo aqui?
– Primeiro, eu não podia usar meu prédio, então achei esse. Segundo, eu conheço esse prédio, então eu conheço a rotina de todos daqui.
– Que vista.
– É, eu vinha aqui sempre.
– Você já entrou aqui sem ninguém saber?
– Não, eu vinha com meu pai... Eu não contei. Aquele dia que eu sumi e não respondi você nas mensagens... Está lembrado?
– Estou. Até achei que tinha sido evasivo demais.
– Você não foi. Naquele dia, fez quase cinco meses que meu pai faleceu. – Andou para a beirada do prédio. – Eu morava aqui com ele e minha mãe. O hospital aí da frente é onde minha mãe trabalha. Depois que ele faleceu, a gente se mudou. Eu fiquei com uma casa só para mim e ela, a mesma coisa.
– Meus sentimentos.
– Obrigada.
– E essa cabana? – Mudou de assunto.
– Ah, sim. Nitidamente, é para a gente. Eu fiz isso hoje cedo. Achei melhor, já que vamos comer algumas coisinhas aqui. – Sentou-se no acolchoado. – Comida chinesa.
– Como você sabia?
– Que era bom ter uma cabana?
– Não. – Ele riu. – Que eu queria comida chinesa.
– Boa pergunta. Eu achei que mais pizza podia ser ruim. E as produções?
– Estão indo bem. Uma das séries já foi terminada de editar, fiquei sabendo que logo entra no streaming. Recebi um convite para um papel em um filme.
– Curiosa, mas não conta, quero saber depois. Vai fazer o teste?
– Vou. É algo diferente do que estou acostumado a fazer, uma pessoa anda me inspirando. – Acariciou o rosto dela.
– Então essa pessoa tem muita sorte. – Um sorrisinho tímido apareceu.
– Eu que tenho sorte. – Beijaram-se.
Jantaram e deitaram um do lado do outro. Chris não conseguia acreditar que tinha feito tantas coisas naqueles meses, ido em lugares em que nunca se imaginou, e principalmente "invadir" a antiga casa de... O que era realmente? Ela não tinha um adjetivo para ele, apenas dizia a ele que ela era dela e, muitas vezes, Chris se referia a ela como minha de uma forma carinhosa e não de posse.
Mas a verdade é que não imaginavam que, dentro daquela cabana de camping, eles se amariam intensamente.
– Bom dia. – Ele a olhava. – Dormiu bem?
– Melhor do que nunca. O que foi?
– A gente precisa conversar.
– Aconteceu alguma coisa? Chris, você nunca me olhou assim.
– Eu passei esse tempo todo olhando para você enquanto dormia e...
– E? Para de medir perfeitamente as palavras. – Ela se mexeu.
– , temos que parar com isso, não podemos continuar com esses encontros.
– Por quê? – Ele ficou em silêncio. – Christopher, por quê? – Enfatizou a palavra.
– Você é muito nova.
– Agora eu sou muito nova? Mas ontem, na mensagem, eu era perfeita para você e você tinha sorte por me conhecer. – Sentiu que não conseguiria conter as lágrimas.
– , escuta.
– Não... Chris, você... Caramba, eu não consigo pensar em nada. – Tirou o cabelo que atrapalhava. – Você sabe que não é isso. – Falou sobre a justificativa dele. – Caramba, você sabe que podemos manter tudo isso em segredo, da mesma forma sabe que você me tem por inteira. Posso ser sua amante. Não literalmente, você entendeu a colocação da palavra. Eu preciso de água.
– , não podemos continuar. Não vou manter tudo isso em segredo, não mais. Me desculpe.
– Ok. – Apoiou a mão na cintura. – Mas só me responda só uma única coisa, com toda a sinceridade.
– Pode perguntar.
– E o sentimento que você disse que existia? Ele era real ou era só "vou experimentar para ver como que é e depois cair fora"?
– Não, ele...
– Entendi. – Interrompeu. – Entendi completamente.
Pegou sua bolsa depois de colocar a bota de cano longo e saiu, escutando Christopher pedindo para ela esperar. As lágrimas escorriam sobre a pele fria que o vento assoprava, ela não conseguia esconder de ninguém seus olhos vermelhos.
Aquele quilômetro para a sua casa parecia uma viagem até a França. Chegou em casa, jogou tudo no chão, tirou de qualquer forma a roupa e, sem se importar se amassaria, jogou também. Pelo menos, a água quente do chuveiro era um pouco reconfortante.
Depois do banho, com o cabelo molhado, ela se jogou na cama e abraçou a Lady. Era para tudo dar certo. Não foi invasiva, não usou as informações de fã.
Questionou-se o que foi que dera errado. E talvez ela nunca teria aquela resposta.
– , está com tempo? – April bateu na porta.
– Claro. – Deixou os papéis em cima da mesa. – Quer conversar aqui ou na sua sala?
– Na verdade, quero que venha comigo.
Era suspeito. Quando é que April, a apresentadora e organizadora do programa, iria chamá-la? E mais! Queria que ela fosse a um determinado lugar com ela?
a seguiu até o palco, onde quase toda a equipe estava reunida. April subiu na parte mais alta onde, assim, pudesse olhar para todos.
– Eu agradeço por todos terem vindo até aqui. Sei que muitos estavam trabalhando, mas eu precisei que vocês viessem até o palco. – Deu alguns passos. – Hoje, o programa faz quatro anos, e nada seria conquistado sem vocês. – O sorriso sincero estava em seu rosto. – Para a comemoração, eu pedi para Buddy Valastro preparar um bolo, teremos um convidado especial no nosso programa e um momento de recordações. Dito isso, quero que determinadas equipes façam uma boa organização. – Designou os grupos, cada um com sua devida função, porém via que ela era a única a não estar em nenhum lugar, em nenhum grupo.
Então ela não era nada perante a April e a equipe?
– Você não foi chamada? – Um dos funcionários perguntou para .
Entretanto, quando ela foi responder, April a chamou.
– , você vai ter apenas uma função. Tudo bem trabalhar sozinha?
– Sim, sem nenhum problema.
April desceu e foi até ela.
– Nosso convidado especial sofre de ansiedade constantemente. Mesmo sabendo lidar com ela, eu preferi designar apenas uma pessoa para poder cuidar dele.
Dele?, se indagou.
– Então, , sei que não é o seu, cargo mas acho que cai bem para você.
– Pode contar comigo.
– Chris Evans vai ser...
E então ela não ouviu mais nada. O tempo parou quando ouviu o nome daquele que tirava os suspiros mais profundos, o mesmo que atualizava sua fanfic mental todo dia antes de dormir, mesmo se ele não gostasse dela ou qualquer outra coisa que pudesse atrapalhar.
– Eu envio tudo para você pelo e-mail.
– Estarei no aguardo.
– Ok, gente. – Chamou a atenção de todos. – Vai chegar um e-mail para vocês sobre o traje, o dia e o tempo que iremos ao ar, mas queria avisar de antemão que será ao vivo a transmissão.
Todos concordaram em alto e bom som, sem deixar dúvidas para April.
Já voltou para seu escritório ainda digerindo seu objetivo. Não conseguia entender como ela chegara até aquele momento, até aquele dia em que poderia vê-lo. Era surreal o que estava prestes a acontecer.
No conforto da sua casa, ela terminava de arrumar tudo para a próxima gravação do programa da April. Precisavam manter a audiência no último ponto. Era assim que ela mantinha sempre tudo organizado.
Mesmo nova, com seus vinte e quatro anos, ela lutou pelo seu cargo e direitos.
Só que quem disse que ela conseguia formular tudo? Seu pensamento estava longe, junto da imaginação. Imaginava se sua fanfic mental ia acontecer parcialmente. Não tinha respostas para suas dúvidas e preferiu ajeitar tudo na mesa do seu escritório e foi para a cama.
O amanhecer traria um outro dia.
E lá ia ela para mais um dia de gravação. Era a terceira gravação da semana e aquela era que ia ao ar na quinta. Os programas gravados eram sempre passados na segunda, quinta e domingo, tudo com uma ótima pontuação de audiência. April havia conquistado um lugar que muitos apresentadores desejavam. Independente do ramo, só queriam ser aclamados pelo público.
– April, aqui está seu pilot. – Entregou uma série de papéis com o logo do programa.
– Obrigada, .
– Pessoal, então vamos começar? – questionou a sua equipe.
Ah, claro! Naquele dia, a sua superior começava a entrar na licença maternidade e, com a confiança da supervisora, ficou no lugar dela. Seria o começo de um sonho? Quem sabe.
– Em 3... – A plateia se arrumou. – 2... – Os câmeras e toda a equipe já ficavam em ponto para não desandar a gravação. – 1... – April abriu o sorriso, olhando para todos da plateia. – Gravando!
– Boa noite a todos! Sejam bem-vindos à minha casa, que também é a de vocês. Hoje, o Queen Night, o talk show que tem a maior diversidade, tem a honra de ter convidada de a Kaya Scodelario. Vamos trazer imagens exclusivas do filme vencedor do Oscar e uma conversa com o diretor do mesmo, além do nosso giro de notícias. Sinta-se bem-vindo, pegue sua bebida, seu jantar e venha fazer parte dessa noite especial.
administrava tudo, ajudava até mesmo os vetes que passavam para April. Não era ao vivo, mas tinha um bom pressentimento, pela plateia, de que tudo estava indo nos conformes.
Os programas estavam gravados, era hora de editar. Aquilo ocorria sempre com a presença de April, ela se recusava que fosse editado sem a permissão dela.
Era seu dia de folga, e ela aproveitavda da melhor forma. assistia uma série. Recebeu um e-mail e o título causou palpitação em seu coraçãozinho apaixonado. “Aniversário de 4 anos do QN – April”. Abriu toda desesperada. Na caixa de entrada, haviam dois e-mails, um para a equipe toda – dava para deduzir pelo os outros e-mails copiados. Este, ela ignorou com todas as energias e focou no que era apenas seu.
Estava, ali, tudo escrito detalhadamente sobre o que ela precisava fazer: o horário em que ela deveria chegar, o horário em que Chris Evans ia chegar, até mesmo todo o roteiro organizado especialmente para e o traje que ela deveria usar.
Se já era estabanada quando estava com tênis, imaginava quando ela estivesse de salto e ao lado de seu amor.
levantou do sofá azul e foi até seu closet. Procurou algum vestido formal que pudesse usar no aniversário do programa, mas nada. Todos estavam pequenos ou estavam com algumas manchas amareladas. Odiou-se por não ter escutado sua mãe quando ela foi visitá-la da última vez.
Como sempre foi tranquila para se desapegar de algumas roupas, colocou vestidos dentro de uma mala de viagem com todo cuidado e partiu rumo à casa de sua mãe. Era perto da casa que morava, e comprou lá de propósito. Nunca ficaria longe da mulher, principalmente por serem apenas as duas.
Não deu nem dois segundos e a mulher, com bobs na cabeça, abriu a porta para a filha que, automática, caiu na gargalhada.
– O que foi, menina?
– Mãe, hoje em dia, tem o babyliss. Ele é bem mais prático e rápido.
– Com o bob fica melhor. O que tem nessa mala?
– Então, eu preciso de ajuda. Sabe o programa onde eu trabalho? – Viu sua mãe concordar. – Então, vamos comemorar o aniversário de quatro anos, então, com isso, preciso ter vestido de festa, mas... – Abriu a mala. – Uns então pequenos, outros estão amarelados.
– , eu só não te dou um tapa porque você já é grandinha. – Fez a filha rir. – Esses amarelados não saem. – Olhava bem. – Por causa do tecido, é muito delicado para ser tirado. Os curtos, você sabe muito bem que não dá para você usar.
– Curto, dá. O que não dá é ele ser apertado.
– Leva esses para o brechó e esses você deixa naquela lavanderia, sabe?
– Sim.
– Eles aceitam vestido assim. Na verdade, qualquer roupa. E, com isso, eles dão um jeito ou aproveitam a parte boa para reparar outra peça.
– Ok, mãe. Você quer ir comigo comprar?
– Não vou poder. Tenho plantão hoje, entre às treze horas.
olhou no relógio.
– Mãe, então o que você tá fazendo aqui?
– Ué, você chegou, fui dar atenção para minha menininha. Vou me arrumar, suba comigo.
revirou os olhos pelo o “menininha” e acompanhou a matriarca. Jogou-se na cama fofinha e ficou vendo a mulher fazendo os cachos. Realmente, era mais lindo se feito com o bob, e ficava mais natural. Tudo na sua mãe ficava mais natural e perfeito.
– Vai gravar o programa? – A mulher separava a roupa para se trocar no hospital.
– Vai ser ao vivo, espero que você consiga ver.
– Tentarei. Não prometo nada, mas deixo ligado em todo o hospital.
– É a melhor mãe do mundo.
– Faço o que posso. Se precisar de dinheiro para comprar o vestido, é só falar.
– Ok, mas eu acho que não irei precisar.
– Vamos? Ou você fecha a casa?
– Não, eu tenho que aproveitar minha folga para ver o vestido e fazer a compra do mês.
– Certo. – Desciam as escadas. – Você vai lá jantar comigo?
– Claro, mãe, envio uma mensagem quando eu estiver perto.
– Estarei esperando. Até!
– Até mais tarde.
Ela passou no brechó, deixou os vestidos e fez o mesmo na lavanderia que ela ia sempre junto de sua mãe. Foi para as lojas, procurou vestido por vestido, qualquer um que lhe agradasse, que pudesse descrever a que ela era e, também, não reter toda atenção para ela. Afinal, April era a anfitriã do aniversário.
– É esse. – Olhava-se no espelho. – E agora é só pagar.
Ela fez tudo muito rápido e comprou todos os supérfluos que desejava comer. Tomou um banho rápido e enviou a mensagem para sua mãe, que já estava a caminho.
A senhora Amybeth separou uma mesa para elas. chegou até que rápido, pegou o jantar no refeitório e procurou sua mãe.
– Oi, mãe, perdão a demora. Eu perdi a noção do tempo.
– Tudo bem. E o vestido?
– Perfeito, tirei foto dele para te mostrar. – Desbloqueou o celular e entregou para ela, com a foto no visor. – Aqui, olha que lindo. Você acha que vou tirar a atenção da April?
– Maravilhoso! Não0 filha, está perfeito. – Jantavam. – Você tem salto para ir?
– Infelizmente, eu não queria, mas fazer o quê.
– Não entre em pânico, você não vai cair dele.
– Espero, porque você me conhece. – As mulheres riram.
– O que você pode me adiantar da festa?
– Não muita coisa. Eu não li o e-mail geral, li só o meu, mas saiba que Chris Evans vai ser o convidado de honra dessa vez.
– Você não perdeu o controle?
– Quase. Eu não falei nada para April. Não vi essa hora chegar, conhecer o Evans é mais que um sonho.
Amybeth era uma das melhores amigas de . Contava tudo para sua mãe, e isso não era desde a dor que ambas sentiram anos atrás. Com isso, tudo que sentia, amava e até mesmo acontecia com ela, contava para sua mãe, como seu amor pelo Chris Evans.
– Não faça nada do que eu não faria e, por favor, se vocês dois saírem juntos, usem camisinha.
– Mãe! – Ela se engasgou de tanto rir. – Não precisa falar essas coisas.
– Precisa. Você ainda é minha filha, e eu tenho esse direito. Você é muito nova para ser mãe.
– Tenho vinte e quatro.
– Com vinte e quatro anos, eu já estava correndo atrás de você. E seu pai, correndo atrás de um emprego.
– Ai, o papai... – Suspirou pesado. – Ele faz tanta falta. Ele lia tanto Mulan e Pocahontas...
– Suas histórias favoritas, onde a moça salvava o reino e a si mesma.
– Sim. – Comeu um tomate cereja. – Mas ele tá melhor agora, bem melhor.
– Ah claro, tá jogando o vinte um dele lá. – Risos tristonhos pairaram pela mesa. – Preciso ir. – Pegou a bandeja. – Vejo você mais tarde.
– Está bem. Bom trabalho, doutora.
E, mais uma vez no conforto da sua casa, ela pediu uma pizza grande com um belo refrigerante gelado. O vestido estava pendurado na arara que tinha na sala, com uma capa de proteção, então era só esperar com dia chegar.
Era o dia da última gravação para a semana. Eles iam gravar para um dia antes e depois do programa de aniversário. April estava cansada, a equipe toda estava, mas estava animada ainda. A vontade do dia chegar era tanta que não deixava o cansaço tomar conta de si mas, quando se deitava, dormia em questão de segundos.
Ironicamente, o aniversário do programa era no domingo, o que facilita para o canal e para e April. Um dia antes, passou no SPA. Estava morrendo e precisava de uma boa massagem na cabeleireira para hidratar seus fios e deixá-los um pouco mais claros. Deu uma passada na mãe dela. Mesmo conversando todas as noites por videoconferência, não conseguia deixar de receber um abraço dela.
Precisou de um chá para dormir, a ansiedade para olhar naqueles olhos azuis era tanta que não sabia controlar seu coração apaixonado.
Seu celular despertou exatamente às três horas da manhã, depois de dois alarmes perdidos. Ela sabia que aquilo ia acontecer, sabia que ia acordar atrasada. Mal estava vestida e já tomava seu café da manhã. Xingou-se por não poder tomar um banho antes de sair de casa, odiava fazer aquilo no banheiro da emissora.
Conferiu tudo na bolsa, até mesmo seu batom pessoal. Colocou no carro e foi rapidamente para o estúdio.
– ! – Jake, o vice diretor, passava pelo o estúdio. – April está te procurando.
– Oi, eu já vou. O carro quebrou no meio do caminho, eu estou tão brava... Vou tomar um banho bem rápido e já vou ir até ela.
– Você tem certeza?
– Por quê? Chris Evans já chegou? – Arrependeu-se amargamente por voltar a dormir de tarde.
– Daqui a cinco minutos.
– Certo, é o que eu preciso.
Foi tão rápida no banho que até esqueceu de passar o creme no cabelo – sim, ela havia levado. O vestido, pelo menos, estava impecável. Colocou o mesmo e se olhou no espelho, o tecido branco todo lume de mangas compridas e bem acinturado. Colocou o salto e passou o batom de frente ao espelho. Claramente, faltava o restante da maquiagem, mas não havia tempo.
– April, perdão a demora. O carro quebrou e eu fiquei tempos esperando o mecânico da concessionária. – Mentiu descaradamente.
– Tudo bem, respire. Chris Evans vai se atrasar um pouco, o que é bom. – Começaram a andar, estava mais calma. – Nosso maravilhoso prefeito... – O tom era de ironia, tirando um risinho baixo. – ... quer fazer uma transmissão em todos os canais, então o horário vai ser mais tarde. Temos que dar espaço para a outra programação.
– Ótimo, podemos organizar tudo melhor.
– Sim, mas fique atenta. Não sei exatamente o horário em que ele chega.
– Não se preocupe, ele vai ser bem recebido.
– Ok, , vou ver como está o restante.
concordou com a cabeça e foi até a maquiadora. Precisava pelo menos terminar a maquiagem para poder ficar pronta e recebê-lo.
Uma hora e meia passou, já estava cansada de ficar com o salto. Ela o tirou temporariamente e ficou na anti-sala, na espera de Chris. O estúdio havia ganhado uma reforma meses atrás, a sala de espera não ficava mais em um dos camarins. Era literalmente uma casa, e era daquele jeito que April queria que todos se sentissem, até mesmo a plateia: em casa.
observava as árvores em movimento com o vento, a chuva caindo naquela manhã com pouca intensidade, e a brisa fria junto dela, a famosa e típica chuva de outono.
E depois de um milésimo de segundo, Chris Evans surgiu no estacionamento. Colocou rapidamente os saltos e foi até a porta com um guarda-chuva mas, logo, Chris sorriu e fez um sinal que ela ficasse. Em passos rápidos, ele chegou até ela. Parecia cena de filme, tudo em câmera lenta aos olhos dela. Os pequenos pingos de água caiam sobre a jaqueta azul dele, os olhos azuis ganhavam destaque com o tempo mais frio e nublado, estava mais claros, os lábios corados pelo frio. Ele estava perfeito.
– Oi, você deve ser a .
– Sim. – Engoliu em seco.
– April falou muito sobre você no e-mail.
– Espero que sejam coisas boas. Vamos? – Ele concordou e andaram. – Vou praticamente fazer companhia para você e também ajudar do que precisa. – Enviou uma mensagem rápida, avisando que ele já havia chegado.
– Não vou dar tanto trabalho. – Sorriu. – Espero que a demora não tenha atrapalhado vocês.
– Não, claro que não. April precisou esperar o tão glorioso anúncio do presidente e, depois, o fim do programa. Aqui, esse é seu camarim.
– Então cheguei a tempo. Essa chuva atrapalhou meus planos. Se eu soubesse, teria saído mais cedo de casa.
– Não se preocupe, isso é o de menos agora. – Pegava um pequeno kit. – Aqui, para você se secar.
– Obrigado.
Ela olhou o celular.
– Eu já volto, mas sinta-se à vontade. Tem algumas cervejas, água e alguns quitutes. – Apontou para o mini frigobar e a mesa ao lado, tudo com um sorriso bobo nos lábios.
saiu do camarim e colocou a plaquinha com o nome dele, tudo havia mudado de última hora.
– Chamou?
– April está ficando de cabelo em pé. A cada segundo, é uma novidade, e o programa adia. – Jake falou.
– Queen Night nunca foi um programa ao vivo, teremos que aguentar mas, se tiver mais uma, deve ser sabotagem.
– Sabotagem?
– April é incrível. Você já viu os pontos de audiência? São imbatíveis! Claro que pode ser sabotagem.
– Aviso você, mas teria como pensar em algum projeto para, pelo menos, trazer emoção a ela?
– Claro, Jake, eu mando tudo para você não privado.
– Obrigado. – Sorriu de lado para a mulher, um sorriso sedutor.
Mas quem ia a prestar atenção naquele sorriso quando se tinha Chris Evans por inteiro para admirar?
Ela voltou até depois de bater na porta e ter a permissão.
– Você quer secar a jaqueta para usar no programa?
– Acho que, até lá, não seca.
– Posso ver o terno daqui. Você experimenta e fica perfeito, pronto. – Corrigiu rapidamente.
– Eu agradeço.
– Certo, vou trazer. Ah, antes que eu me esqueça... – Pegou a caneta esferográfica e um papel de dentro da sua pochete. – Aqui está meu número. – Inclinou-se na mesinha da penteadeira e Chris passeou pelas curvas do corpo de , apenas com os olhos azuis. – Se precisar de qualquer coisa nesse meio tempo, pode mandar mensagem. Eu preciso resolver um problema de última hora para o Jake, mas eu volto logo.
– Obrigado. – Pegou o papel.
– Qualquer coisa, até mesmo para jogar uno. – Ela riu. – Pode me chamar e logo trago um dos seus futuros ternos temporários.
– Pode ir com calma, não vou sair daqui.
– Agradeço em saber. Se eu perder você, April não tira só o meu cargo mas meu emprego. Volto já, Chris.
estava entrando em declínio, precisava ficar fazendo companhia para o Evans, resolver o problema para Jake e cuidar do seu cargo provisório. Com a correria, não percebeu que havia passado o número pessoal dela, e isso aquilo causaria uma pequena confusão.
Jake apressava ela na sala de comandos com o notebook, organizando tudo por lá, já que era daquele jeito que ela trabalhava até mesmo nos últimos segundos para ter um projeto decente.
– Pronto, Jake. – Voltava com as folhas impressas. – Vai ser um vídeo dos pais da April. Podemos jogar isso no final do programa, junto com o bolo. – Mostrava o passo a passo. – Eu designei a Joyce para fazer a videoconferência e gravar, também pedi para ela gravar com o filho dela e o namorado. Sei que eles estão para vir aqui, mas ela vai fazer tudo certo.
– O vídeo vai conter só declaração?
– Não, vai contar a trajetória dela para conseguir o programa, até mesmo as noites que ela passou em claro para colocar o Queen Night onde está. Pode confiar em mim, vou monitorar tudo pelo o celular.
– Celular, ?
– Sim. April pediu para eu ficar junto de Chris Evans. Eu não vou desobedecer a ordem dela.
– Eu sou o vice-diretor.
– E eu, a dona do Queen Night. – April entrou na sala. – Eu não sei o que você deseja, vice-diretor, mas a está certa. Mesmo sabendo que quero ela junto de Chris Evans, ela está aqui te ajudando, e sabe muito bem organizar tudo por um celular. Pode ir, .
– Obrigada, April.
Respirava fundo por April ter entrado na hora certa. Não ia aguentar desaforo daquele que nem assinava seu contrato, ainda mais de Jake que em hipótese nenhuma media palavras para falar com uma mulher, tirando April, a única que fazia ele ficar no maior silêncio. Talvez naquele dia as coisas iam mudar.
Enquanto andava rapidamente sem o salto – é, ela havia tirado mais uma vez –, ela recebeu uma mensagem, mas estranhou. O pessoal nunca tocava, todos sabiam nitidamente bem o horário em que ela respondia. E ao ver, ela percebeu a pequena burrada que fez.
“LOL, eu estou a caminho já, acho que eu demorei um pouco para devolver a arara. Deu tudo certo com o terno?”
“Sim, deixei separado já. Obrigado, .”
– Não há de quê. – Entrou no camarim enquanto terminava de salvar o número dele. – Cheguei, desculpe a demora.
– Sem problemas, April passou aqui.
– Agora eu entendo como ela me achou muito fácil. Você comentou sobre Jake, não é? – Ela riu.
– Não era para avisar?
– Pelo o contrário, eu agradeço por ter avisado, isso sim. Jake, às vezes, me deixa louca. Então tudo certo com o terno, vejo que a moça deixou anotado aqui no papel. – Alternou o olhar entre o ator e o papel.
– Tudo certo. Você trabalha para April faz tempo?
– Quase dois anos. April aceitou quando eu estava em processo de estágio. Depois, eu levei os papéis para ela assinar, pois já tinha terminado e, com isso, ela resolveu me contratar. Ela deve ter gostado de mim. – Falou profissionalmente.
– Ela é bem incrível. April tem um coração bom, minha irmã sempre disse.
– Não sabia disso. A única coisa que sei da April é o que ela me fala. Às vezes, acho que sou Andy trabalhando para a Miranda Priestly mas aí, do nada, ela fala do filho dela e parece que eu estou vendo The Notebook. ¬– Sentou no sofá.
Afrouxou um pouco a fivela do salto.
– Ela é bem reservada. – Abriu o frigobar. – Aceita algo daqui? Tem Stella.
– Só uma água. Sabe como é, um passarinho me contou que supostamente você gosta de Stella.
– É uma pena não poder tomar agora. – Entregou a água ao sentar ao lado dela.
– Obrigada. Pode tomar depois do programa. Normalmente, eu faço isso com algumas coisas daqui.
– Você leva cerveja?
– Não, não gosto muito de cerveja, mas a única coisa que eu levo para casa ou outro lugar é refrigerante, mais especificamente Coca-Cola. Houve um dia, que era minha folga, e levei alguns refrigerantes junto comigo. Isso foi enquanto eu estava em L.A., então eu resolvi ir até o letreiro de Hollywood e... Bom, eu acabei acampando atrás do letreiro. – Ela riu. – Eu sei, pode parecer muito estranho, mas foi muito bom.
– Primeira pessoa que eu vejo que faz algo diferente.
– Eu gosto. Sempre gostei de aproveitar o agora, então já fiz tantas coisas de último momento... Já me mudei, como o dia que eu acabei dormindo aqui no Queen Night... Eu tenho uma tatuagem por causa de uma aposta. Pelo menos, é bonitinha. É sobre o dia em que eu praticamente conheci Leo DiCaprio, tudo por causa de Titanic.
– Você foi até a casa dele? – Ele se interessou pela história.
– Não. – Eles se ajeitaram para conversarem melhor. – Quando ele estava gravando The Great Gatsby, eu quase me tornei uma das figurantes, mas um dos seguranças percebeu que eu não estava na lista. Ele tinha uma lista eletrônica com todas as fotos, Chris. – Bebeu e viu o homem rindo. – Eu só sei que lembro dele: “Você está em qual cena?”. Eu, bem calma, quase correndo dali: “A com o Leonardo DiCaprio”. “Mas ele já terminou todas as gravações dele dessa semana.” Aí eu parei, olhei em volta... Eu sabia onde estava a porta de saída. Eu só lembro que as roupas, que eram supostamente do meu figurino, pedi para ele segurar e eu corri muito até o ponto de ônibus mais próximo. Eu nunca mais faço isso.
– Você me fez rir como nunca.
– É um dom particular. – Olhou o celular. – Está na hora do programa. Vamos? – levantou.
– Vamos. Depois, tomamos uma cerveja juntos?
– Claro.
Depois da conversa casual dentro do camarim, o levou até a o estúdio. Colocou o microfone de lapela nele, ficou ao longe com o fone, prestando atenção no começo do programa e, para a sua surpresa, Holly apareceu junto a ela. realmente não esperava a mulher por lá, a barriga grande aparecendo lindamente no vestido da mulher deixou mais encantada ainda. Desligou temporariamente seu comunicador e conversou com a mulher.
– Oi, achei que não ia vir.
– April pediu que eu viesse de última hora.
– Por quê? – Estranhou a atitude.
– Ela mandou, exatamente hoje, Jake embora.
– Ele foi demitido?!
– Foi. Resumindo tudo, ela pediu que só hoje eu ficasse aqui. Como vocês têm programa gravado, fica mais fácil para mim.
– Nossa, quanta coisa! Depois me conte detalhadamente, vou voltar até o Chris.
– Designada apenas para ele. – Sorriu.
– Confesso que queria passar mais tempo com ele. – Tirou risos da amiga.
Parou ao lado do homem e esperou o momento certo de levá-lo até a entrada certa do programa.
– Você entra logo, ok?
–Certo. – Viu ela o analisando. – Está tudo bem?
– Está torto. Posso?
E ele concordou. Com isso, ela se aproximou um pouco, acertou o terno e tirou alguns pelinhos que estavam no mesmo. O perfume dele era tão suave e marcante, a deixou flutuando por alguns milésimos de segundo. Daria tudo para poder chegar mais perto e sentir os lábios dele. Chris não deixou de admirá-la, apreciar aquele rosto, os olhos doces e os lábios bem pintados de nude. Já tinha achado as curvas do corpo dela mais que atraentes, não deixou de imaginar-se a sós com ela.
– Obrigado.
– Por nada. Siga-me. – Andaram até uma marcação.
Pelo fone, ela escutou os comandos de Holly.
– Certo, April vai te chamar daqui a três minutos.
– Vai ficar vendo tudo daqui?
– Claro, bem ali. – Apontou para a cadeira dela. – Se precisar de qualquer coisa durante o programa, você pode e deve me procurar.
– E eu vou te procurar.
Os três minutos se passaram. Chris subiu ao palco, mantendo toda a atenção da plateia e, principalmente, de . Precisava se concentrar tanto em Holly quanto em Chris, mesmo sabendo que seria bem difícil não imaginar uma fanfic mental naqueles segundos. Nos intervalos do programa, ela conversava com a produção sobre o projeto de última hora com Holly, fora que precisava ser a ponte por ela. Afinal, havia um bebê para nascer dali a algumas semanas.
E não teria como admirá-lo interagindo com alguns fãs na plateia. Mordiscou os lábios sem perceber que fazia isso olhando para ele. Se queria ficar com ele – ou, pelo menos, tentar –, não podia deixar passar daquele jeito. gostava sempre de viver o agora então, pelo menos, tentaria, mesmo se não desse certo.
– Acho que ninguém avisou você que não serviram água para o Chris. – Holly falou tranquila com .
– O quê? Deixaram o meu, o Chris... – Corrigiu rápido. – ... sem uma água depois de uns vídeos engraçados desses?
– Você gosta dele, né? Quer dizer, você o ama. – As mulheres falaram baixo.
– O que denuncia isso? O olhar ou o modo que falo dele ou o jeito que estou cuidando dele?
– Tudo. Te conheço desde sempre.
– Desde dois anos, Holly. Certo, eu tenho um penhasco por ele, mas isso não quer dizer que eu vá tentar algo.
– Você está falando sério? – Holly arqueou a sobrancelha.
– Claro que não. – Sorriu. – Vou tentar, e não força a barra com isso.
– Certa você. Agora, por favor, conversa com a menina que você designou.
– Estou indo ver, e também a água.
– Claro, a água.
Com tudo certo e a garrafinha já em mãos, andou até ele. Evans terminava de ajeitar o termo depois que sentou na poltrona vinho.
– Oi. Me falaram que esqueceram sua água, queria pedir perdão. O moço que cuida disso deve ter se esquecido.
– Sem problemas. – Levantou a caneca com seu nome. – Obrigado.
– Eu vou me retirar mas, antes, seu microfone tá torto.
– Ah, claro. – Riu. – Tento não mexer muito nele.
– Sem problemas, acho melhor o de lapela do que o outro. – Ela o fez rir junto a si.
– É. – Concordou, ainda rindo.
– Logo começa o próximo bloco. – Recuperava-se. – Até.
– Até.
Com todos os momentos do programa perfeitos, Holly mostrava a Jake como fazer um programa ao vivo. Além da surpresa final, o vídeo foi passado minutos antes de Buddy Valastro entrar com o bolo e gritar a típica frase que sempre aparecia em seus programas.
A plateia se retirou depois de todos ganharem um pedaço de bolo. Sim, April pediu para que fosse grande para a quantidade exata da equipe Queen Night, Chris Evans e a plateia. voltava com a jaqueta de Chris em suas mãos. Caminhou até ele sem pressa e, quando ele a viu, sorriu para a moça.
– Sua jaqueta. – Estendeu.
– Obrigado, não achei que você cuidaria dela tão bem.
– Ah, só levei na lavanderia, não ia deixá-lo com cheiro de roupa molhada. – Recebeu o terno enquanto retirava o microfone. – Foi boa a entrevista. Estava tudo bom para você?
– Não esperava ser algo leve. Muitos sabem que não gosto de responder muito sobre mim, mas vocês fizeram algo que não imaginava. Só fui pego de surpresa por apresentarem o vídeo.
– Então... – Ajeitou o cabelo. – A ideia foi minha. Me desculpa, mas eu não ia levar jeito se entrasse no meio do programa.
– Tudo bem.
– Eu aviso você, caso tenha uma próxima vez, e sobre focar em outros pontos... Tenho bons informantes.
– April? – Viu a moça negar. – Quem? – Estava bem curioso.
– Conheço uma fã sua e, às vezes, ela só fala de você, então só uni o útil ao agradável.
– Pessoal, vocês poderiam todos aprestar atenção um pouquinho aqui? – April falou no microfone.
– Ela e seus discursos... Não tem um em que eu não me emociono. – Chris e viraram para o palco.
– A cerveja ainda está de pé?
– Por mim, é claro. – Sorriu para ele.
Andavam lado a lado. Ela avisou que guardaria o terno no acervo e voltaria para o camarim em que ele estava. Chris estava sentado no sofá com uma long neck aberta. Com o tempo frio lá fora, uma cerveja gelada caía bem. Estranhou a garota estar demorando tanto. Eles haviam apenas combinado de tomar uma garrafa e dividí-la.
– Cheguei! Espero que não tenha terminado sem mim.
– Não, estava esperando por você. Aqui.
– Vemos que alguém gostou da ideia. – Pegou a bebida. – Eles estão fechando o estúdio. – Olhou o celular e colocou ele de lado.
– E foi assim que você ficou no estúdio?
– Não. – Sorriu. – Eu acabei ficando presa aqui enquanto trabalhava, não sei porque ninguém foi no meu escritório. – Deu um gole. – O bom foi que eu pude dormir tranquila sem me atrasar. – Tirou uma risada espontânea dele. – Que foi?
– Você os recebeu.
– É claro. Eu faria isso de novo só que, agora, como eu tenho a chave, eu pediria comida. – Ela olhou para ele e rapidamente arquitetou um pequeno plano para passar mais tempo com ele e, quem sabe, emendar em um próximo encontro. – Se quiser, podemos pedir algo para comer aqui.
Evans ficou surpreso, não esperava ela convidá-lo daquela forma, inesperadamente, e ali mesmo.
– O que você gosta de pedir? – Pegava mais uma Stella.
– Qualquer coisa. Não tenho frescura, posso pedir uma pizza. O que acha? Sério, vai ser legal.
– Não quero fazer você ficar aqui por algumas horas, deve estar cansada já. – Estava para abrir a garrafa.
– Eu estou bem, Chris. A não ser que você não queria ficar aqui.
Ela já tinha atraído sua atenção, principalmente depois de saber que fazia o que desejava sem medo, lutava pelos seus direitos de mulher e ainda tinha uma boa colocação na política. Podia-se dizer que era perfeita até aquele momento desde que a conheceu, mas a vontade de conhecer ainda mais aquele lado já despertava mais ainda a vontade de ficar com ela ali.
– Você nunca fez isso, né? Ficar no estúdio depois que todos vão embora. É legal. Pelo menos, eu achei.
– As coisas não vão ficar complicadas para você?
– Claro que não, está tudo bem. Agora, se não quiser, podemos nos encontrar ou dia.
– Eu prefiro assim. – Chris se sentiu melhor.
– Está bem, uma noite com pizza e Stella.
– Combinado.
– Pode enviar naquele número que está com você. Ele, na verdade, é o meu pessoal. Passei ele no automático para você.
– Melhor ainda, mais fácil para entrarmos em contato. – Ela concordou com a cabeça.
– Vamos então? Pode levar essa Stella. – Pegou sua bolsa.
– Tem a chave mesmo?
– É claro. A não ser que queria ficar aqui para saber como é passar a noite em um grande estúdio.
– Quem sabe outro dia. – Riram.
Iam até a porta. apenas sorriu para ele. Ia cobrar, e seria logo. Não ficaria apenas em uma bebida.
– Quer uma carona?
– Não, obrigada, vim com o meu. – Apontou para o mesmo. – Mas agradeço. Até qualquer dia então.
– Até breve, .
Chris entrou em seu carro e acompanhou o pequeno trajeto, seguindo o carro de . Depois de uma buzina de tchau, ele seguiu rumo à sua casa temporária que, na verdade, era a casa de seu irmão, Scott.
Esperava que ele acordasse para poder, pelo menos, abrir a porta da casa para que, depois, ele voltasse a dormir.
– Chris, eu não esperava sua ligação, muito menos você aqui a essa hora. Aconteceu alguma coisa? – Já estavam dentro de casa.
– Não, eu passei tempo demais no estúdio do programa.
– Gravação.
– Não. – Negou a afirmação do irmão. – Fiquei conversando com uma das moças que trabalha lá.
– Conversando, sei.
– Scott. – Um sorriso vergonhoso estava em seu rosto. – Só conversamos enquanto tomei uma cerveja que foi separada para mim.
– E você não tomou sozinho, ela ficou lá contigo.
– Sim, estávamos fazendo isso antes de ir ao ar. Ela ficou fazendo companhia o tempo todo em que estive lá.
– Faça amizade com ela, parece ser legal.
– , além de ser legal, tem um lado mais.. – Buscou a palavra.
– Única? Diferente?
– Não, ela não tem definição, mas é especial. Ela faz o que gosta e quando quer. Ela acampou atrás do letreiro de Hollywood.
– Ela é incrível, coragem. – Riu.
– É. – Acompanhou o irmão. – Tudo bem eu dormir aqui? Amanhã, vou para Boston.
– Mi casa es su casa, o quarto de hóspedes já está ajeitado.
– Obrigado, irmão.
– Ela mexeu com você, não é? – Parou no meio do caminho.
– Ela despertou algo em mim, ela tem um calor único. Ela tinha me convidado para comer pizza no estúdio.
– Devia ter aceitado sair com ela. Aparentemente, essa vai fazer mais bem para você do que você imagina, Chris.
Evans sorriu e concordou com a cabeça.
– Boa noite, Scott.
– Boa noite, Chris.
Realmente, mexeu com ele. Ele já tinha marcado um encontro em um dia sem data, mas o medo era de que aquela pequena admiração virasse um grande amor e, no fim, não conseguisse sair dele, muito menos dos braços dela.
Com o tempo, a saudade de conversar com crescia. Ele sempre olhava o chat da conversa aleatória daquele domingo. Perguntava-se se ela fora apenas gentil ou estava atraída por ele.
Para , também, mas ela havia se acostumando com homens não ligando e enviando mensagem, então não ficava olhando o celular a cada cinco minutos. Queria, na verdade, poder deixar de recordar os minutos ao lado de Chris, o olhar dele, os sorrisos, até mesmo o perfume que ficou no seu vestido.
Ele já era seu amor Hollywoodiano, e não teria nada que pudesse mudar aquele sentimento.
Preparava seu almoço enquanto conversava com sua mãe, o cabelo mal preso no coque, a blusa social amarrotada e o salto ao lado da ilha mostrava que estava em casa fazia um tempo.
– Você não vai ligar para ele?
– Não, mãe. – O som da faca era escutado pela senhora. – Se ele tem interesse, ele vai ligar. Já o convidei, porém não vou pressionar o homem, da mesma forma que não quero que ninguém faça isso comigo.
– Ainda acho que devia ligar para ele. Vai que ele esqueceu que tem seu número.
– Ai, mãe, me poupe. Você sabe melhor do que ninguém que eu não fico correndo atrás de homem, nem mesmo se esse homem for Chris Evans.
– Eu sei, e é por isso que você devia dar mais valor e atenção. Ele tem uma agenda cheia.
– Pronto. – Soltou a faca e olhou pro tablet. – Você respondeu a falta de mensagem dele. Ele tem agenda cheia, não é um ator que não é renomeado. Chris carrega muitos filmes e projetos incríveis.
– Por isso que você devia enviar mensagem. Ele pode ter esquecido, não ter lembrado de ver uma brecha para sair com você.
– Ou simplesmente não gostado de mim. – Sorriu. – Eu te amo mas, às vezes, você sonha mais que eu, dona Amy.
– Claro que não, filha.
– Fingirei que acredito, e você continua seu jantar aí.
– Está terminando o seu?
– Sim, falta só abrir o vinho e você terminar o seu jantar. – Estava apoiada no balcão.
– Calma, a salada já está quase pronta, vou deixar na mesa.
– Eu vou pôr a minha.
colocou o tablet na mesa e se serviu. Era um jantar rotineiro. Como sua mãe trabalhava muito no hospital, elas precisavam jantar daquela forma, isso quando ela não almoçava ou jantava no hospital.
– Pronto, podemos voltar a conversar.
– Poderia começar a oração? – A matriarca pediu.
– Sim, mãe.
orou com a chama de vídeo à sua frente, com muito amor e carinho. Conversaram enquanto jantavam, e ajudou sua mãe em um discurso para uma palestra. Sempre faziam aquilo, não gostavam de ligação nem mesmo ficar mandando mensagens ou áudios por um longo tempo.
Ajeitou tudo para dormir, sentou na cama e pegou a Lady de pelúcia. Foi o último presente de seu pai. E como ela sempre amou A Dama e o Vagabundo, seu pai comprou para ela a Lady. Podia ter feito vinte e dois anos na época, mas ele amava tratá-la ainda como a princesinha do papai.
– Pai, pai... Você faz tanta falta, e eu nem pude agradecer você direito.
Abraçou forte a Lady de pelúcia e colocou no criado mudo. O cobertor aconchegante e a televisão programada para desligar em canal de desenho mostravam uma preocupada, com saudades e ansiosa.
Foi acordada com os sons da chuva contra sua janela. A mesma estava tão intensa que o tráfego de carros era pouco. morava no último andar de um dos prédios mais altos, e o mais acessível ao seu bolso. Ela olhava a chuva cair e escutava as mensagens chegando no grupo QN. Claramente, não ia haver uma reunião pós-aniversário, o que a deixou com o trabalho livre de não fazer nada, ou então planejar uma nova mudança no apartamento.
tinha o The Sims 4 aberto no seu notebook. Sim, ela tinha uma pequena réplica perfeita do apartamento no jogo e pensava em como redecorar tudo de novo. Entretanto, seus pensamentos foram longe ao ver o celular acender. Um sorriso nos lábios apareceu e, junto, uma leve mordida nos lábios veio. Ela só podia estar sonhando, não era verdade o que lia. Tirou até os óculos para poder responder.
"Oi! Sem problemas. Como você está?"
"Cansado, e você?"
"Estou bem, aproveitando a chuva e o dia em casa para poder arrumar algumas coisas."
"Eu queria saber se ainda está de pé aquele nosso encontro."
E aí ela quase deixou a caneca de chá cair no teclado. Não era verdade, alguém estava fazendo uma gracinha com ela. Porém sempre foi de viver o agora.
"Claro, quando e onde quiser."
"Amanhã."
"Então vamos amanhã mesmo. Em Boston ou em New York?"
"Não tenho preferência, deixo você escolher, desde que não se importe se eu levar a cerveja."
"Eu encontro você no metrô de Boston. De lá, pegamos uma pizza e vamos para minha casa."
"Combinado, mas como vou saber quem é você?"
Chris riu do outro lado do telefone, atraindo a atenção de Dodger para ele.
"Ah, sim, obrigada pela informação 😂."
"Amanhã, às duas da tarde, no metrô."
"Ok, aviso quando eu chegar próximo à estação."
bloqueou o celular e encostou em seu coraçãozinho. O sorriso dava voltas, suas bochechas doíam, estava nas nuvens. Era no dia seguinte. Não sabia se deitava no sofá, se ia pro guarda-roupa escolher algo para usar. Só conseguia sentir aquele turbilhão de emoção dentro de si.
Chris sorria. Não imaginou que se sentiria tão feliz e ansioso para vê-la. Não tinha explicação para o que sentia, se preocupou até mesmo com o Dodger estar bem cheiroso. Encostou no sofá, deixando com celular no lado. Dodger subiu no sofá e deitou ao lado dele. Tudo estava diferente, o dia passara a ser mais bonito, alguns raios de sol passaram a entrar pela janela da sala de Chris.
– O que foi? – Dodger latiu. – Não, eu não sinto nada por ela. Vamos ser amigos, e não me olha assim. – Acariciou o pelo do cachorro. – Vamos brincar.
Levantou-se e escutou as patinhas dele. Com o celular na mão, ele respondeu enquanto brincava com o Dodger e o frisbee.
Colocou o moletom azul marinho, combinando com a lavagem do jeans, o tênis confortável para poder andar até o metrô e sua mochila com seus pertences. Ela caminhou tranquila.
Passou na loja e olhou o engradado, mas mudou de ideia no meio do caminho. Não fazia lógica ela comprar. E se alguém roubasse suas bebidas? Riu com a ideia e saiu da venda.
Um tempo depois, enviou uma mensagem a Chris, avisando que já estava próxima da estação.
Ele saiu do carro, ajeitando a blusa e o boné, desceu as escadas e foi esperar a moça.
tinha acabado de sair do vagão, as mãos no bolso. Caminhou para a parte menos movimentada, procurou por Chris e não achou, até o momento em que desistiu de procurar.
– Oi.
– Oi! Eu já ia enviar mensagem.
Ele sorriu, tirando todo o foco de .
– Vamos, temos que pegar pizza.
– E cerveja. Resolvi comprar por aqui, não ia ser uma boa andar com um engradado no metrô.
– Eu concordo.
– Tem pizzaria aberta a essa hora?
– Uma que eu conheço, sim. Passamos lá e, depois, em um mercado perto de casa.
– Gosto.
– É aquele ali. – Mostrou o carro.
Os dois foram até a pizzaria e, depois, compraram um engradado de Heineken. Daquela vez, eles iam tomar a cerveja favorita da mulher.
Dodger a recebeu muito bem. Sentou aos pés dela para ganhar carinho e ainda pediu para brincar. precisou alternar sua atenção entre ele e Chris.
– Eu amo pizza de pepperoni, mas essa de marguerita está maravilhosa.
– Essa pizzaria tem as melhores pizzas, concordo com você.
– Eu vou vir aqui mais vezes. – Bebeu um pouco. – Não aqui, mas em Boston. Assumo que bebi demais.
– Compreendi na primeira vez. – Eles riam. – Mas, se quiser passar aqui...
– Vou lembrar do convite. Ah! – Prendeu a atenção dele mais ainda em si. – Depois que fomos embora do estúdio, fiquei sabendo que um dos câmeras estava no banho ainda, e eu desliguei a luz. – A vermelhidão tomou conta das bochechas. – Pensa a vergonha que eu senti quando eu soube disso.
– Além de viver o que deseja, paga um pouco de mico.
– Supero sempre minhas aventuras. – Eles sorriram, mas aquele silêncio de fim de conversa estava a deixando um pouco angustiada. – Sempre quis ter um cachorro. – Falou aleatoriamente e deixou Dodger chegar perto dela.
– Deseja adotar um?
– Queria. É o que quero. Adulto, não filhote. Nada contra, mas acho que você sabe. É difícil alguém querer adotar um adulto. Eu só não tenho pois, em meu prédio, não é permitido. – Revirou os olhos.
– É, uma pena.
– Muita mas, se eu adotasse um, ia ter a melhor vista de New York. Já viu a parte de cima de New York?
– Algumas vezes.
– Em prédios famosos, não?
– Sim.
– A vista do meu prédio seria você vendo New York de fora, e o mais lindo é ver do terraço. Quem sabe um dia você admira a vista.
– Só mandar mensagem, eu vejo um dia bom.
– Eu vou mandar, quando eu tiver o dia certo para tirar a folga.
– Vou esperar, viu? E eu que levarei a cerveja.
– Você fica bêbado fácil? Espero que não, porque eu sim, e tô indo para a terceira garrafa. – Não conseguia abrir.
– Aqui, pega a minha. – Parcialmente, estaria beijando Chris Evans de tabela. – Meu irmão, Scott, disse que as vistas do terraço são as melhores. Você tem acesso?
– Obrigada. Queria ter. Eu teria acesso por morar no último andar, mas a dona disse que a chave sumiu, ninguém nunca conseguiu achar a mesma e não pretendem chamar um chaveiro.
– Estranho, ela deve saber onde está a chave.
– Penso o mesmo mas, como nunca paro em casa, ela não deve querer entregar.
– Ou ela tem medo que você transforme em casa para um cachorro.
– Chris, eu nunca tinha pensado assim. Não é que faz mais sentido!
Christopher deixou um sorriso tímido aparecer.
– Quer que eu abra uma para você?
– Não precisa. Eu já vou indo, é uma viagem longa.
– Posso levá-la.
– Não se preocupe com isso, eu compro um doce no meio do caminho e, de lá, vou para a estação.
– Certo. Eu devo ter algum doce aqui, isso se meus sobrinhos não comeram tudo.
– Chris, – Seguiu ele. – não se preocupa com isso.
– Aqui, uma barra de chocolate fechada.
– Porém não vou recusar um chocolate. – Abriu e logo comeu um quadradinho. – Quer?
– Não posso.
– Gravação? – Viu ele concordar, debruçado no balcão, quase ao seu lado. – Mas cerveja pode. – Ele riu.
– Eu tive que escolher, e a cerveja...
– Ela ganha de tudo, posso imaginar.
– Acho que agora é de quase tudo. – Olhava para ela, ficou vermelha e desviou seu olhar.
– Bom, eu vou indo. Queria agradecer a tarde maravilhosa.
Christopher a acompanhou até a porta, junto de Dodger. Primeiro, ela se agachou para se despedir do seu mais novo amigo.
Eles se abraçaram apertado, e ela sentiu a barba dele fazendo leves cócegas em seu pescoço. O perfume dele ficava preso em sua roupa, podia sentir o coração dela batendo mais rápido. Eles se soltaram devagar, até ficarem de frente um para o outro. Passou alguns minutos ali, olhando aquela imensidão azul, de forma que podia dizer que estava olhando para o céu que sempre lhe trazia paz.
sentiu a pior e a melhor sensação quando percebeu que ele se aproximava dela. Com os lábios úmidos, ele olhava fixamente para os olhos de . Entretanto, seu corpo lhe afastou de Christopher, dizendo que aquele possível beijo era apenas fruto de algumas garrafas de Heineken. Ambos não estavam sóbrios.
Com um beijo na bochecha e um até breve, saiu da casa de Evans com um sorriso bobo, um pouco bêbada e o chocolate em suas mãos. Ela foi para casa, repassando todos os momentos ao lado dele.
Quem diria que, um dia, voltaria para casa com um sorriso nos lábios e repassando todo o momento ao lado do Chris? Colocou as roupas de molho e preparou algo para comer. Pensou em enviar uma mensagem para sua mãe, mas deixou pro dia seguinte, não queria fazer isso naquele momento.
Havia exatamente duas semanas em que Christopher e conversavam absolutamente sobre tudo, até mesmo fotos do Dodger ela recebeu. Muitas vezes, Chris precisou silenciar o celular para poder focar nos conteúdos para adicionar ao seu website, aqueles que sempre passavam também por ele.
colocou sua vida em um posicionamento diferente, pintando em tons alaranjados e quentes, igualmente o verão. Aquele lado divertido único despertou em si algo que nenhuma outra mulher havia desertado. Só que algo estava incomodando o ator. Toda vez que ele tocava no assunto em sair mais uma vez com ela ou perguntava o seu dia de folga, ela fugia da conversa.
O que o incomodava passou a ser preocupante. Em apenas dois dias, ela sumiu, não respondia mais as mensagens. Isso chegou até a atrapalhar o preparo do almoço da família.
– Chris. – A voz da sua mãe o despertou. – Desse jeito, você vai fazer o arroz virar carvão. – Riu baixinho.
– Estava pensando em outras coisas.
– Tenta não voar tanto. – Chris acenou com a cabeça.
A mulher saiu com o refratário. Scott esperou sua mãe se afastar, talvez ele soubesse o nome daqueles pensamentos longes.
– ?
– Ela não me responde faz dois dias.
– Algo deve ter acontecido. Sabe se ela entra no WhatsApp?
– Não reparei.
– Ela entrou em contato.
– Não.
– Não, cara, ela respondeu. – Entregou o celular.
Chris pegou rapidamente, como se fosse um adolescente desesperado por uma resposta.
"Posso. Qual o horário?"
"Às dezenove horas?"
"Pode ser. Você está melhor?"
"Parcialmente sim. Vai demorar um pouco mas vou ficar melhor."
"Se quiser contar..."
"Lógico, na sexta. Eu vou voltar ajudar minha mãe, estou aproveitando as horas com ela. Até mais tarde, Chris."
"Até, ."
A sexta estava mais fria, as árvores já estavam sem suas folhas. Chris verificava o endereço enquanto terminava de ajeitar a mesa. Logo, ela já estava o recebendo na entrada.
– Realmente, a vista é bem bonita.
– É maravilhosa. O apartamento não é tão grande, mas a vista compensa tudo.
– O apartamento é bonito, aconchegante. Fica perto do estúdio?
– Mais ou menos. Pelo menos, estou perto do hospital em que minha mãe trabalha. – Abriu as cervejas. – O jantar está servido, e já vou dizendo eu não cozinho perfeitamente, mas minha mãe fala que é bom. – Eles se serviam.
– É realmente bom, melhor que o Scott
– Não exagera.
– Verdade.
– Obrigada. – Sorriu de lado.
Depois do jantar, eles ainda conversam sentados no sofá de frente para a grande janela.
Entre um gole e outro, podia escutar o som dos carros ao fundo, as luzes da cidade refletindo na janela.
– Próximo lugar para a gente se encontrar? – questionou.
Ele negou com a cabeça.
– Eu escolho então, mas ainda não vai ser no terraço do meu prédio. Ainda não abri.
– Você está tentando?
– É claro, eu pago por aquela parte. Mas prometo achar um lugar que não faça você se espantar com as minhas loucuras.
– E por que eu ficaria? Você é indescritível, .
– Claro, uma garota de vinte e quatro anos agindo como uma adolescente.
– Você sabe os limites, mesmo às vezes passando deles.
– Sobre Hollywood. – Mordeu os lábios e o ato atraiu o olhar de Evans. – Eu conheço os seguranças de lá. Um deles é meu tio, então...
– ... – Ele riu.
– O que foi? – Ela se aproximou dele. – Achou mesmo que eu seria louca de ser presa? Eu sei os limites.
– . – Olhava no fundo dos olhos dela, o desenho dos lábios dela, o pequeno brilho no olhar.
Ela tirava todo o sentido da vida dele, aquele sentido que ele colocou para ele mesmo. Desejava poder passar mais tempo com ela, no tempo dela, conhecer cada lugar da forma de . Ela era um verão, literalmente, em todos os sentidos.
colocou a garrafa no chão junto a dele. Seu coração batia tão rápido que podia jurar que sairia a qualquer momento, mas também podia jurar que aquela troca de olhares e a aproximação não eram efeitos do álcool. Eles só tinham bebido apenas uma única garrafa das seis que vinham no engradado.
Christopher entrelaçou seus dedos nos fios finos de para uma boa estabilidade. Ela se apoiou no peitoral do ator, acompanhando o movimento da respiração dele.
Devagar, ele a beijou com calma. podia sentir a cada toque dos lábios dele, fazia seu corpo estremecer. Havia mais sentimentos naquele beijo do que muitos espalhados pelos quatro cantos do Estados Unidos da América.
– Eu preciso te contar uma coisa. – Fazia carinho nele.
– Você é minha fã.
– Como? Chris, você tem bola de cristal?
– Seu celular denunciou. – Sorria.
– Ai, eu literalmente esqueci de trocar.
– Tudo bem. – Ajeitou o cabelo dela. – O que não está bem é que eu tenho que ir.
– Mas já?
– Infelizmente, mas eu te envio mensagem quando chegar.
– Está bem. – Deu um selinho.
– Eu vou olhar minha agenda e pegar mais tempo para passar com você.
– Chris, não precisa.
– Precisa. Eu percebi que não vou conseguir passar muito tempo longe de você.
Ele se beijaram mais uma vez, deixando o desejo de ter o toque de seus corpos mais intenso no beijo, tão intenso que juraria que poderia acontecer mais coisas naquele sofá azul.
Acompanhou o homem até a porta e se despediram com o último beijo do dia.
marcava os lugares para eles irem, sempre no meio termo entre Boston e New York. Christopher realmente arrumou a agenda para poder passar mais tempo com ela. Os dois não tinham um relacionamento confirmado. Eles ficavam aproveitando os dias juntos, de todas as maneiras. Ele era uma máquina sexy, e isso não podia negar.
Eles mantinham o relacionamento disfarçado, mesmo depois de Chris perceber que haviam muitos paparazzis o seguindo. Suposições estavam sendo citadas na internet e aquilo apertou o coração do homem. Aquela movimentação chamou muito a atenção de todos, e claro que Christopher sabia onde ia chegar. Talvez, a única saída fosse aquela que rondava seus pensamentos nos últimos dias.
Recebeu a mensagem de .
“Está com folga no sábado?”
“Sim. Vamos aonde?”
“Surpresa, só me encontra no lugar do print que vou enviar. Que horas dá para você vir?”
“Qualquer horário, só preciso que avise antes por causa do Dodger.”
“Eu sempre aviso antes.”
estava estranhando, algo tinha acontecido e ele não queria contar. A garota enviou um boa noite juntamente de uma explicação boba, porém cabível. No começo do amanhecer, já indo a caminho do estúdio. Ela passou no apartamento, verificou o que queria desde o início e foi trabalhar.
Na volta pra casa, passou em uma loja e comprou uma lockpick, já que a chave de fenda não tinha ajudado muito. Enviou o print para ele e o horário.
– Maravilha, era isso que eu queria. – A porta estava aberta. – Agora, só trazer tudo e deixar preparado.
Realmente, estava bem animada, até mesmo seus lábios desenharam essa felicidade em um sorriso.
Vestiu o casaco por cima do vestido e ajeitou a meia calça. Estava com uma sacola ao seu lado e a bolsa pendurada em seu ombro. Estava ali fazia um tempo, sabia que precisaria ir por lugares que ninguém – fotógrafos – pudesse seguí-la e, por causa disso, escolheu ir a pé.
Christopher estacionou o carro, no outro lado da rua, debaixo de uma árvore.
– Oi, . – Beijou-a brevemente.
– Oi. Vamos? – Ele concordou com a cabeça.
– Que prédio é esse?
– Ah, um que tenho acesso. Só, por favor, não suba fazendo muito barulhos.
– Tem elevador. – Apontou, mas ainda era guiado pela garota.
– Eu sei, mas pela escada é melhor. Assim, ninguém vê a gente, lembra?
Respirou fundo ao se lembrar da última conversa com ela. se lembrava do pedido sobre poucas pessoas verem os dois juntos. O casal subiu até o último andar, passaram pela corrente, a pulando, e subiram mais alguns degraus. Christopher a viu mexer no bolso da jaqueta e tirar uma ferramenta. Com cuidado, ela destrancou a porta e abriu a mesma, deixando uma corrente de ar álgido passar por eles.
– O que estamos fazendo aqui?
– Primeiro, eu não podia usar meu prédio, então achei esse. Segundo, eu conheço esse prédio, então eu conheço a rotina de todos daqui.
– Que vista.
– É, eu vinha aqui sempre.
– Você já entrou aqui sem ninguém saber?
– Não, eu vinha com meu pai... Eu não contei. Aquele dia que eu sumi e não respondi você nas mensagens... Está lembrado?
– Estou. Até achei que tinha sido evasivo demais.
– Você não foi. Naquele dia, fez quase cinco meses que meu pai faleceu. – Andou para a beirada do prédio. – Eu morava aqui com ele e minha mãe. O hospital aí da frente é onde minha mãe trabalha. Depois que ele faleceu, a gente se mudou. Eu fiquei com uma casa só para mim e ela, a mesma coisa.
– Meus sentimentos.
– Obrigada.
– E essa cabana? – Mudou de assunto.
– Ah, sim. Nitidamente, é para a gente. Eu fiz isso hoje cedo. Achei melhor, já que vamos comer algumas coisinhas aqui. – Sentou-se no acolchoado. – Comida chinesa.
– Como você sabia?
– Que era bom ter uma cabana?
– Não. – Ele riu. – Que eu queria comida chinesa.
– Boa pergunta. Eu achei que mais pizza podia ser ruim. E as produções?
– Estão indo bem. Uma das séries já foi terminada de editar, fiquei sabendo que logo entra no streaming. Recebi um convite para um papel em um filme.
– Curiosa, mas não conta, quero saber depois. Vai fazer o teste?
– Vou. É algo diferente do que estou acostumado a fazer, uma pessoa anda me inspirando. – Acariciou o rosto dela.
– Então essa pessoa tem muita sorte. – Um sorrisinho tímido apareceu.
– Eu que tenho sorte. – Beijaram-se.
Jantaram e deitaram um do lado do outro. Chris não conseguia acreditar que tinha feito tantas coisas naqueles meses, ido em lugares em que nunca se imaginou, e principalmente "invadir" a antiga casa de... O que era realmente? Ela não tinha um adjetivo para ele, apenas dizia a ele que ela era dela e, muitas vezes, Chris se referia a ela como minha de uma forma carinhosa e não de posse.
Mas a verdade é que não imaginavam que, dentro daquela cabana de camping, eles se amariam intensamente.
– Bom dia. – Ele a olhava. – Dormiu bem?
– Melhor do que nunca. O que foi?
– A gente precisa conversar.
– Aconteceu alguma coisa? Chris, você nunca me olhou assim.
– Eu passei esse tempo todo olhando para você enquanto dormia e...
– E? Para de medir perfeitamente as palavras. – Ela se mexeu.
– , temos que parar com isso, não podemos continuar com esses encontros.
– Por quê? – Ele ficou em silêncio. – Christopher, por quê? – Enfatizou a palavra.
– Você é muito nova.
– Agora eu sou muito nova? Mas ontem, na mensagem, eu era perfeita para você e você tinha sorte por me conhecer. – Sentiu que não conseguiria conter as lágrimas.
– , escuta.
– Não... Chris, você... Caramba, eu não consigo pensar em nada. – Tirou o cabelo que atrapalhava. – Você sabe que não é isso. – Falou sobre a justificativa dele. – Caramba, você sabe que podemos manter tudo isso em segredo, da mesma forma sabe que você me tem por inteira. Posso ser sua amante. Não literalmente, você entendeu a colocação da palavra. Eu preciso de água.
– , não podemos continuar. Não vou manter tudo isso em segredo, não mais. Me desculpe.
– Ok. – Apoiou a mão na cintura. – Mas só me responda só uma única coisa, com toda a sinceridade.
– Pode perguntar.
– E o sentimento que você disse que existia? Ele era real ou era só "vou experimentar para ver como que é e depois cair fora"?
– Não, ele...
– Entendi. – Interrompeu. – Entendi completamente.
Pegou sua bolsa depois de colocar a bota de cano longo e saiu, escutando Christopher pedindo para ela esperar. As lágrimas escorriam sobre a pele fria que o vento assoprava, ela não conseguia esconder de ninguém seus olhos vermelhos.
Aquele quilômetro para a sua casa parecia uma viagem até a França. Chegou em casa, jogou tudo no chão, tirou de qualquer forma a roupa e, sem se importar se amassaria, jogou também. Pelo menos, a água quente do chuveiro era um pouco reconfortante.
Depois do banho, com o cabelo molhado, ela se jogou na cama e abraçou a Lady. Era para tudo dar certo. Não foi invasiva, não usou as informações de fã.
Questionou-se o que foi que dera errado. E talvez ela nunca teria aquela resposta.
Continua...
Nota da autora: "Estão todas bem? Ninguém quer me xingar? Kk, eu queria dizer que não acaba aqui, foi dividido em três partes a fic do Evans, se quiserem saber quando entra a parte II e III é só vocês acompanharem as informações no grupo do face ou no whats.
Bom amores, eu realmente espero que tenham gostado da fanfic ❤
“Comentem o que acharam, obrigada pelo seu gostei, e nos vemos no próximo capítulo” – Alanzoka.
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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