10. Into It
Finalizada em: 28/07/2018

Capítulo Único


Rolei para o lado, querendo me esticar porque minhas costas estavam doloridas e eu precisava de mais espaço, mas no lugar de encontrar mais da minha cama, acabei presa no espaço entre os bancos da frente e o traseiro. Abri os olhos ainda desorientada, vendo dormindo tranquilamente ainda, então lembrei que não estava na minha cama, e sim dormindo no banco de trás do meu carro numa parada da nossa roadtrip.
- ... – chamei, mas ele nem se mexeu. – !
Continuou sem se mexer.
- ! – gritei.
Ele acordou assustado e sentou rapidamente, batendo a cabeça no teto do carro, o que me fez rir e meu corpo deslizar ainda mais até que eu caísse de vez no chão do carro. Fiz uma careta e encostei a cabeça no sofá, sonolenta demais pra fazer esforço e sair dali.
- O que foi isso, ? – perguntou, levando a mão até a cabeça onde tinha batido.
- Você se mexe demais, me derrubou – falei, fechando os olhos e soltando um bocejo.
- Você que passa a noite toda me chutando!
- Mentira, eu nem me mexo – me fiz de sonsa e voltei a olhar para ele. – Me ajuda a sair daqui, tô sem força.
riu, mas segurou minhas mãos quando eu estendi os braços e me puxou para cima. Com uma preguiça enorme, fui obrigada a botar minhas pernas para funcionarem para me ajudar a voltar para o banco detrás. Pegando impulso e sendo puxada por , consegui voltar para cima, me encolhendo de lado e de frente para ele.
- Opa, bom dia – ele sorriu, passando um braço ao redor da minha cintura.
- Se nós precisarmos dormir no carro de novo, você dorme na frente – avisei, apontando para o banco. – Esse sofá tá ficando pequeno demais para nós dois.
- E por que eu tenho que ir dormir na frente se é você que tá reclamando? – arqueou uma sobrancelha. – E eu já te disse que é banco, não sofá.
- Porque é você que tá me derrubando – insisti. – E eu não sei por que eu chamo banco de sofá, é automático!
- Não tô nada, você que cai sozinha – voltou a se defender. – E você é louca, Chapeuzinho.
- Me respeita, seu babaca – sorri e belisquei sua cintura por me chamar de louca.
- Mas de qualquer forma, esse “sofá” ainda é meu lugar favorito – abriu um dos seus sorrisos safados. – Porque você tem que ficar coladinha em mim pra gente caber aqui.
Soltei uma risada, balançando a cabeça em negação.
- Tarado! – acusei, mas dessa parte eu gostava também. – Mas tô te dizendo, da próxima você não dorme aqui comigo.
- E você disse sofá de novo – falou, rindo.
- Argh, que coisa chata! De onde eu tirei isso? – choraminguei de frustração, mas acabei rindo junto.
- Porque você é louca, – zombou.
- E tá fazendo o que trancado no mesmo carro que uma louca? – arqueei uma sobrancelha.
- Compartilhando da mesma loucura que ela.
Ri quando me puxou para cima dele e montei no seu quadril, apoiando uma mão no encosto do banco.
- E se aproveitando também.
Batidas no vidro me assustaram um pouquinho, mas quando virei para ver, era só o Bill, dono do restaurante onde e eu tínhamos parado para comer ontem à noite e que por ser um amor, também nos deixou estacionar ali para dormir.
- Nada de sexo no meu estacionamento! – Bill falou meio risonho. – Saiam daí e venham comer. Tem uma viatura da polícia que para aqui toda manhã, já não iam gostar de ver vocês dois dormindo aí, imagine transando.
- Já estamos saindo, Bill – caí na risada e também.
Fiz um contorcionismo para poder abrir a porta atrás de mim e saí de lá muito feliz por poder me esticar. Adorava meu Jeep Compass, mas dormir nele não era nem de longe a melhor experiência da minha vida ou a mais confortável. O dia tava meio nublado e com certeza choveria a qualquer momento.
- Alguma chance de você ter um chuveiro aí dentro para nos deixar usar, Bill? – perguntou quando saiu do carro.
Assim como eu, ele precisou se alongar algumas vezes para recuperar.
- Tô achando que vocês estão abusando demais da minha boa vontade, hein? – ele brincou. – Mas tem sim, o chuveiro fica no quartinho lá nos fundos.
- Juro que eu peço um monte de waffles com chocolate, panqueca, café, ovos e deixo uma gorjeta bem grande – pisquei para Bill. – Então, podemos ir?
- Opa, vou querer isso tudo aí e muito bacon – acrescentou.
- Vou preparar então – Bill sorriu. – E sim, podem ir. Só não tem água quente.
Abri a porta da frente para pegar as mochilas que havíamos jogado ali para dormir no banco de trás ontem à noite e joguei uma para . Peguei meu celular no bolso da frente e vi que havia umas mil mensagens de e umas dez ligações também, mas passando só o olhar pelas mensagens vi que não era nada grave, ela só estava ansiosa por ir conhecer os pais de Fred.
- É só sete da manhã! – resmunguei, olhando para . – Quem acorda sete da manhã?
- Trabalhadores ou vagabundos que, como nós, dormiram em um carro no meio de um estacionamento – respondeu, seguindo na frente até o quartinho.
- E a – acrescentei, rindo com outra mensagem dela. – Ela vai conhecer os pais do Fred hoje, tá surtando desde seis da manhã, credo.
- Que horas eles vão se encontrar? – perguntou.
- Não lembro, mas acho que vão sair para almoçar – respondi, lembrando só isso do que ela havia me falado.
- Ah, então ela ainda tem algumas horas para desistir e fugir. Conhecer os pais é uma cilada – riu. – Fala para ela que eu dou total apoio caso ela decida fazer isso.
- Você é terrível, garoto! – não pude deixar de rir também. – Ela não quer fugir, só tá com medo deles não gostarem dela, mas quem não gosta do meu bolinho? é maravilhosa, fico dizendo isso para ela, mas ela ouve? Não.
- Conhecer os pais é terrível, não culpo ela.
- E quantos pais você já conheceu? – arqueei uma sobrancelha, pois o conhecia bem suficiente para saber sua resposta.
- Nenhum, e é exatamente por ser terrível! – encolheu os ombros, mas voltou a rir.
- Você é inacreditável! – ri alto.
- Mas e você, quantos pais já conheceu? – arqueou uma sobrancelha.
- Nenhum, mas isso eu já falei – pisquei um olho para ele, passando na sua frente. – E eu nem tô abrindo a boca para reclamar.
Quando chegamos na parte detrás da lanchonete, foi fácil de ver o quartinho adjacente e fui direto até lá, abrindo a porta e acendendo a luz. Era até arrumado, tinha uma pia com espelho, uma mesa e um boxe com chuveiro.
- Mas você podia – falou, me deixando confusa.
- Podia o quê? – perguntei, deixando minha mochila em cima da mesinha para poder pegar minhas coisas.
- Conhecer meus pais – explicou, sorrindo de canto. – Eles só estão curiosos sobre com quem eu tô rodando os Estados Unidos. Meu tio falou com eles, mas minha mãe tá preocupada que você seja uma má influência.
- Sua mãe conhece o filho que tem para estar com medo de eu ser a má influência nessa viagem? – brinquei, me ocupando em pegar minhas coisas dentro da mochila por não saber o que responder, por também não saber se ele estava ou não falando sério.
- Claro que ela conhece, por isso mesmo. Ela sabe o anjinho que eu sou.
Olhei para ele com a melhor cara de “Ah, tá!”. Nem a cara dele negava o cachorro que ele era.
- Tá bom, , tá bom... – ironizei.
- E esse seu tom cheio de ironia, hein, Chapeuzinho? – semicerrou os olhos, vindo na minha direção com a escova de dente e o creme dental.
- Nem você acredita nisso, ! – arqueei as sobrancelhas, tirei a pasta da sua mão e coloquei nas nossas escovas. – Não vem se fazer de ultrajado para perto de mim, Seu Lobo.
- Todo dia sendo rechaçado de maneira diferente por você, . Um dia eu canso – dramatizou, indo cabisbaixo até a pia.
- Até parece! – ri, seguindo atrás dele. – Eu sou só amores com você.
Mas ele não me olhou, continuou com o drama enquanto escovava os dentes e mantinha os olhos no espelho.
- Uma criança emburrada mesmo, viu? – empurrei ele com o quadril. – Para com isso.
Mas ele continuou com o olhar fixo no espelho. Revirei os olhos e comecei a escovar os dentes também, mas implicando com ele ao esbarrar o braço no seu, bater o quadril no dele e o encarar bem fixamente e bem séria com a boca cheia de espuma e ainda escovando os dentes. Seu olhar finalmente desviou do espelho até mim e ele falou alguma coisa que eu não entendi nadinha, pois ele tava com a escova na boca ainda.
- Hã? – franzi a testa.
Ele repetiu, mas continuei sem entender e balancei a cabeça para indicar isso, então ele desistiu. Assim que lavou a boca, se escorou na pia e cruzou os braços, me observando terminar de escovar os dentes. Fiz uma careta por isso, mas ignorei e quando terminei de lavar a boca, o encarei de volta.
- Que foi? – perguntei.
- Nada – deu de ombros.
- E por que você tá me olhando assim? – questionei.
- Porque eu gosto de te olhar – respondeu.
- E o que você tava falando naquela hora?
- Que se você continuasse me olhando daquele jeito, eu ia te agarrar assim que a gente terminasse de escovar os dentes – abriu um sorrisinho lento, cheio de malícia.
Antes que eu falasse mais um “a”, me puxou pela cintura e eu larguei a escova na pia ao sentir os lábios dele nos meus. Entrelacei os dedos de uma mão nos seus cachos escuros e segurei em seu ombro, caminhando junto com ele até a mesinha que eu havia notado ali logo que entramos. Me segurando pelas coxas, me sentou na mesa e ficou entre as minhas pernas, colando o seu corpo no meu e subindo suas mãos – que com certeza eram de outro planeta pelos arrepios que me causavam – por minhas coxas até dentro da saia do meu vestido.
- Essa mesa vai quebrar, , ela é muito mole – sorri contra o beijo, aproveitando para morder o seu lábio inferior.
- Se quebrar é porque a gente tá fazendo alguma coisa direito – murmurou, sorrindo de leve antes de descer os lábios pelo meu pescoço.
Fechei os olhos, me rendendo completamente. Nem se quisesse eu conseguiria resistir a ele e eu realmente não queria. Nada fazia sentido quando o assunto era , e o que eu sentia por ele, e por mais que eu tentasse colocar em palavras, elas só atrapalhavam e me deixavam ainda mais confusa, portanto eu nem tentava mais.

- Isso tava maravilhoso, Bill! – suspirou em total devoção ao comer o último pedaço de bacon. – Eu já tô sentindo falta de Phoenix só por esse bacon.
- Um incentivo pra vocês voltarem por aqui mais vezes – ele sorriu, colocando o último prato na bandeja e pegando também o dinheiro da conta que havíamos acabado de pagar. – Obrigado e voltem sempre, crianças!
- Obrigado você por ter nos deixado parar aqui ontem à noite e por essa comida dos deuses, Bill – sorri, soltando um beijo estalado para ele, que riu antes de ir até o balcão.
- E então, para onde vamos? – me olhou, pegando o mapa e colocando em cima da mesa. – Sua vez de escolher.
Sorri animada, olhando para o mapa dos Estados Unidos que ele havia acabado de abrir. Os pontinhos vermelhos indicavam os estados que já havíamos passado como Texas, Colorado, Florida, Alabama e Georgia. Fechei os olhos e girei o mapa umas duas vezes para eu perder a ideia de onde estava cada estado. Quando parei, deslizei o dedo pelo mapa até parar em um.
- E aí? – perguntei, abrindo apenas um olho.
- Olha você mesma – sorriu abertamente, desviando o olhar do meu para o mapa.
- NÓS VAMOS PARA LAS VEGAS, ! – gritei, muito animada após olhar onde meu dedo estava.
- LAS VEGAS, ! – gritou comigo, atraindo olhares para nós dois, mas que nenhum de nós ligou.
- Vamos, corre! – levantei, tirando meu celular da tomada e enfiando na minha mochila para levantar da cadeira.
- Pera aí, pera aí... – levantou do banco, mas parou na frente da mesa. – Nossa, tá muito perto! Só quatro horas e mais uns minutos. Como vamos abastecer o carro naquele posto ali, podemos chegar antes disso se não fizermos nenhuma parada. Vamos?
- Vou até colocar Elvis para tocar no caminho – falei, tirando o celular da bolsa de novo para já ir abrindo o Spotify pra aproveitar o wi-fi. – Você vai ter que me aturar cantar e... !
Olhei feio ao vê-lo rindo de mim já na porta da lanchonete, pois eu tinha ficado para trás, mas não por muito tempo. Corri até ele e pulei nas suas costas com tudo, rindo com gosto ao ouvir seu resmungo.
- Não teria te deixado comer tanto bacon se soubesse que você ia me fazer de burro de carga, – zombou, me segurando pelas coxas e caminhando na direção do carro.
- Olha aqui, você me respeita! Eu só fui bem alimentada, seu ridículo – reclamei, mas sem perder a graça. – Vou te fazer correr se reclamar de novo.
- Não corro por nada nesse mundo com você pesando nas minhas costas – continuou a implicar, praticamente se arrastando pelo estacionamento.
- É assim, é? – arqueei uma sobrancelha mesmo que ele não pudesse ver, então aproximei os lábios do seu ouvido para falar. – Te faço um boquete enquanto você dirige se correr comigo agora.
- Se você acha que vai me dobrar fácil assim, tá completamente certa – falou bem sério, então riu e começou a correr. – VEGAS, BABY!
Soltei um grito em meio a risada, apertando os braços ao redor dos ombros de para me segurar melhor enquanto ele corria até o carro. Quando chegamos no carro, ele me deixou sentada no capô e girou até ficar de frente para mim.
- Você é muito fácil de persuadir, Seu Lobo – provoquei, envolvendo os braços ao redor de seu pescoço quando ele segurou na minha cintura.
- É só com você – falou, encostando a boca de leve na minha. – Porque fica muito difícil de resistir a essas propostas tão tentadoras que você faz.
- E nem precisa resistir – rocei os nossos lábios, fechando os olhos quando a pressão das suas mãos na minha cintura aumentou.
- E quem disse que eu resisto? – falou. – Nunca consegui e acho que nunca tentei.
- Que bom – murmurei antes de beijá-lo.
Soltei um suspiro baixinho quando começamos a nos beijar e o puxei mais para perto de mim, praticamente me reclinando para trás. Suas mãos desceram da minha cintura até as minhas coxas e as apertaram de leve, fazendo com que automaticamente eu já as envolvesse ao redor da sua cintura. Mordi seu lábio inferior antes de chupar entre os meus e recomeçar o beijo, mesmo sabendo que devíamos parar por ali.
- Para de me beijar, – resmunguei entre o beijo, mas não fiz questão de parar.
- Não – sorriu, subindo uma das mãos até a minha nuca, puxando de leve minha cabeça para trás. – Tá bom aqui.
Ele desceu os beijos pelo meu pescoço, me fazendo amolecer todinha e quase esquecer onde estávamos. Entreabri os olhos só para checar se não tinha ninguém ali e rapidamente os arregalei, empurrando e pulando do capô ao ver a viatura da polícia que Bill tinha mencionado mais cedo.
- Vamos parar por aqui antes de sermos presos por atentado ao pudor – ri, dando um selinho rápido nele antes de seguir para o lado do carona.
- Se soubessem como sexo em um lugar assim dá tesão, eles nunca iam prender ninguém por ser feliz – balançou a cabeça, indo para o lado do motorista.
- Socorro, ! – caí na risada.
- Tô mentindo? Não tô – ele sorriu.
Joguei nossas mochilas no banco de trás do carro enquanto programava o GPS, depois coloquei o cinto de segurança e conectei o Spotify no som do carro.
- Começo com qual? – perguntei. – Burning Love ou Always On My Mind?
- Burning Love, a outra é sofredora demais.
- A outra tá perfeita para esse clima – apontei para o para-brisas, onde algumas gotas de chuva começavam a cair enquanto saíamos da vaga do estacionamento.
- E é por isso mesmo que colocar Burning Love é a melhor escolha!
- Eu vou colocar – falei, apertando play na música e já começando a dançar no banco quando começou. – Lord almighty, I feel my temperature rising, higher higher, it’s burning throw my soul...
- Girl, girl, girl you gonna set me on fire – começou a cantar na segunda parte, mantendo os olhos fixos na estrada, mas mexendo os ombros e tamborilando os dedos no volante. – My brain is flaming, I don’t know wich way to go.
- Ai, tô me sentindo no episódio de Friends que eles vão para Las Vegas – comentei, olhando para .
- Somos Ross e Rachel então? – me olhou de soslaio. – Ou Chandler e Mônica? Ou Phoebe e Joey? Estamos mais pra Phoebe e Joey quando resolvem voltar para New York de carro.
- Você é uma mistura do Chandler com o Joey, eu sou a Rachel e a Phoebe. Não gosto do Ross – fiz uma careta. – Chandler e Mônica são OTP, mas eles acabam querendo casar.
- O primeiro de Se Beber Não Case foi lá em Las Vegas, né? – ele perguntou.
- Sim! No Ceasers Palace, sou louquinha por lá – suspirei só em pensar. – Nós devíamos ir no cassino de lá! Eu sou uma ótima jogadora, maravilhosa com os números. Nível da Mônica.
- É? Certeza que não vai só perder dinheiro, Chapeuzinho? – sorriu em provocação.
- Olha aqui, eu nunca perco dinheiro! E eu sou realmente boa nisso, você não faz ideia – sorri, confiante demais para entrar na sua provocação.
- Hmm, isso me cheira a problema – murmurou, me olhando desconfiado. – Gostei, vamos nessa.
- Então, primeira parada: Ceasers Palace! – bati palmas, animada.
O resto da viagem foi baseada em provocações, zoações e muita cantoria desafinada – da minha parte pelo menos, pois cantava maravilhosamente. A chuva deu uma trégua quando chegamos na metade da estrada entre Nevada e Arizona e depois disso o calor pegou de jeito. O tempo passou mais rápido do que eu esperava e quando me dei conta já estávamos na The Streep, principal avenida de Las Vegas.
- O Ceasers fica bem ali – me inclinei sobre o painel, apontando para o hotel que diga-se de passagem, era enorme.
- Uh, já tô ansioso pra perder dinheiro com você – me zombou.
- Olha aqui, vou te fazer calar a boca por duvidar das minhas habilidades em cassinos – ameacei, beliscando o seu braço.
- Outch – fez uma cara que com certeza era puro drama, depois me olhou de soslaio com um sorriso malicioso. – Mas se for calar minha boca com a sua pode fazer agora mesmo.
Ri alto, balançando a cabeça em descrença.
- Já falei que você não presta?
Ele fingiu pensar.
- Algumas vezes.
Quando chegamos ao Ceasers, foi por muito pouco que conseguimos uma vaga no estacionamento de visitantes. Saí praticamente saltitando do carro de tão animada e veio rindo comigo. O lobby do hotel era simplesmente maravilhoso, mas eu babei mesmo quando chegamos na parte do cassino.
- Queria ter colocado aquele meu vestido de fenda para ir tipo aquelas mulheres poderosas jogar poker – falei, ainda olhando para tudo ao redor.
- Se você tivesse vindo com aquele vestido, seria uma covardia enorme comigo, Chapeuzinho – disse, voltando seu olhar para mim. – E aí, onde vamos perder dinheiro primeiro?
- Seria? E por quê? – me fiz de sonsa. – Eu vou te bater se me zoar mais uma vez, babaca!
- Por quê? Isso nem é uma pergunta séria, – colocou as mãos nos meus ombros, entrando mais comigo no cassino. – E eu tô brincando, acredito nas suas habilidades de jogadora.
- Vamos no 21, eu sou muita boa nessa, já fiz muita gente do meu dormitório perder aposta comigo – respondi, procurando alguma mesa onde estivesse tendo o jogo.
Puxei comigo pelo cassino a dentro e quando estava quase chegando na mesa, um cara parou na minha frente, interceptando o caminho. Ele era uns bons centímetros mais alto que eu e bem bonito até, abriu um sorriso ao me olhar.
- Opa, uma moça bonita para uma aposta era exatamente o que eu tava procurando – falou cheio de galanteio.
- , você não precisa dar em cima de ninguém enquanto procura alguém para apostar com a gente – uma garota apareceu ao lado dele, então olhou pra mim e para .
- Com licença, mas a gente tava indo jogar em outro lugar – falou primeiro, olhando estranho para o tal .
- Ah, nós temos uma proposta muito interessante – a morena falou. – Nosso pai é sócio do cassino, eu e o estamos na Forum Towers Emperors Suits e nosso quarto é um triplex. Estamos entediados, então estamos apostando e quem ganhar fica duas diárias conosco como convidados e de graça.
Olhei para com os olhos arregalados porque a proposta era irrecusável. Duas diárias de graça naquele hotel dos sonhos? Eu estava dentro.
- E o que vamos ter que jogar? – ele se adiantou em perguntar.
- Só dados – a garota apontou para a mesa do lado que era a que eles estavam. – Escolham um número entre 4 e 9, se cair ele três vezes, o quarto é de vocês.
- Uh, não sou boa escolhendo números – fiz uma careta. – Você escolhe o número, eu jogo.
- Oito pareceu funcionar para a Mônica e o Chandler, vamos apostar nesse – sorriu, me puxando pela mão para perto da mesa de dados. – E aí, vamos mostrar aquelas habilidades que você tanto falou?
- Olha, tira esse seu sorriso idiota da cara ou vou te bater – impliquei, fazendo ele rir. – Mas sim, vou mostrar.
Além de nós, na mesa ainda tinha umas outras três pessoas que pareciam turistas curiosos. O shooter da mesa me entregou os dois dados e eu me posicionei melhor ao redor da mesa, balançando os dados nas mãos antes de soltar eles na mesa.
- Dois quatros! – gritei, erguendo as mãos para cima.
- Olha isso, não é que você tem talento com as mãos? – falou perto do meu ouvido e só um santo para não entender a duplicidade de sentido da frase.
- Mas isso você já sabia – respondi, contendo o sorriso.
- Ah, e como sei... – suspirou quase nostálgico, o que me fez rir de vez;
- 1 de 3 já foi – a garota falou. – Continua.
O shooter da mesa puxou os dados e me entregou de novo. Mordi o lábio, mexendo eles na mão de novo, ansiosa para conseguir essa também. Eu me mataria se perdesse isso, era fácil demais de ganhar. Outra vez abri a mão e deixei os dados caírem na mesa. Meu coração quase saiu pela boca quando vi que um tinha caído 5 e só respirei de novo quando vi que o outro tinha sido 3.
- Mais um oito! Eu disse que esse número funcionava – comemorou batucando na mesa. – Vai lá, Chapeuzinho. Arrasa.
- Você é boa mesmo com esses dados – comentou e eu sorri por ele ter notado. – Adoraria umas aulas mais tarde já que pelo visto você vai conseguir o quarto e vamos ter um tempinho para nos conhecermos melhor.
- Obrigada – agradeci, pegando os dados que o shooter me que entregou de novo. – Não tem muito segredo, mas claro que eu te ajudo sim.
- Olha a enrolação aí, deixem de conversa, joga os dados, – olhei para quando ele falou, vendo que seus olhos estavam semicerrados na direção do , me deixando confusa.
- Relaxa, já tô jogando – arqueei as sobrancelhas para ele, mexendo os dados na mão.
- Ué, tô relaxado. Tem ninguém com pressa aqui não, Chapeuzinho – falou, voltando a me olhar.
Apenas balancei a cabeça porque não o entendia mesmo e abri a mão, fazendo os dados caírem na mesa de novo.
- Dois quatros! – comemorei de novo, pulando nas costas do . – O quarto é nosso, Seu Lobo.
- Sempre acreditei nas suas habilidades de jogadora de cassino, – riu e eu precisei bater na testa dele.
- Agora você acredita, né, seu ridículo? – reclamei, mas ri junto.
- Tô feliz que vocês conseguiram! – a garota sorriu para nós dois. – Agora vamos lá, peguem suas coisas e vamos colocar em uma das melhores suítes desse hotel para aproveitarmos a tarde toda aqui.

(...)


- E vai ter uma festa na piscina mais tarde, nós vamos. Vocês também, né? Open bar, gente famosa... – , a irmã do , perguntou, colocando suas cartas na mesa. – Full house.
- Definitivamente – respondeu, abaixando as cartas também. – Outro full house, mas tenho três reis.
- Só um flush – bufou, deixando as cartas na mesa. – ?
- Não dá para ganhar todas, né, lindo? – pisquei para , que havia ganhado duas vezes seguidas, então abaixei minhas cartas. – Royal flush.
- Argh – revirou os olhos. – Por isso eu nem jogo, sou péssima.
- Eu tô descobrindo agora que não devia jogar com a também – estreitou os olhos para mim, me fazendo rir.
- Você vive jogando comigo, . Vem reclamar agora? – arqueei uma sobrancelha.
- Antes eu não perdia nada além do juízo, – respondeu, usando o mesmo tom de voz que o meu.
- Tô curiosa com uma coisa – falou, se debruçando em cima da mesa. – Vocês dois são o quê?
Franzi o cenho, levando um segundo para entender a pergunta. Mordi a parte interna da bochecha, olhando rapidamente para antes que nós dois desviássemos. O que nós erámos? Amigos, ué. Amigos que tinham sentimentos mais profundos pelo outro, mas que continuavam sendo amigos porque tudo é confuso demais.
- Amigos – respondeu.
- Amigos – confirmei.
- Sei... – prolongou a palavra, não parecendo muito convencida. – Então tá, se estão dizendo. Vamos subir para nos arrumar? Ainda quero comer antes da festa.
Enchi minha bolsa com as fichas que eu havia ganhado e segui os outros três até a suíte que, assim como o hotel todo, era enorme. Era tipo uma cobertura de luxo no sétimo andar de um hotel. Tinha algumas TVs giratórias, banheira com hidromassagem, cama king size e uma vista de tirar o fôlego.
- E que horas é essa festa aí? – perguntou quando entramos no elevador.
- Às nove – respondeu. – A gente desce junto se vocês quiserem.
- E precisa de alguma roupa específica? – questionei logo.
- Não, não – negou. – E vocês são lindos, ficariam maravilhosos até com saco de lixo em um baile de gala.
- Concordo – sorriu, mas seu olhar era só em mim. – Com um sorriso desse, ninguém ia nem ver o que a estava usando.
- E você é dentista? – perguntou para .
pareceu confuso.
- Não. Sou estudante de direito. Por quê?
- Ah, não sei... Prestou atenção demais no sorriso da , pensei que devia ter alguma coisa com dentes – deu de ombros.
- É meio difícil não notar alguma coisa nela, né? Ela é linda – voltou a sorrir galanteador para mim e sorri em resposta, mais por divertimento do que por educação.
- Obrigada, – agradeci, jogando um pouquinho de charme. – Você também é todo lindo.
- É, é meio difícil não notar mesmo... – resmungou. – Mas a sua irmã também é linda e eu não tô vendo você falar dela.
Arqueei uma sobrancelha para ele quando abriu a boca para falar de , mas, felizmente, o elevador abriu no nosso andar e os quatro saímos de lá.
- E eu falo sobre a beleza da minha irmã, mas a eu conheci hoje – respondeu.
- Acho que todo mundo aqui é lindo e sabe, né? , você sabe que é linda? Claro que sabe porque eu já disse e todo mundo já disse. , você sabe que é linda? Claro que sabe porque o seu irmão disse que já falou e eu tô dizendo também. , você sabe que é lindo? Deve saber porque tá confiante demais dando em cima da ... – desembestou a falar rapidamente, passando na frente de todos nós e me deixando extremamente confusa com o porquê de ele estar assim.
- Obrigada... – agradeceu meio confusa o elogio e abriu a porta para passarmos.
- , você tá bem? – perguntei, puxando sua mão para ele entrar comigo no quarto.
- Claro que tô, por que não estaria? Vai lá conversar com o sobre o quanto o sorriso dele é lindo.
Deixei um sorriso deslizar pelos meus lábios.
- Tá com ciúmes, ? – provoquei.
- Eu? Não tenho ciúmes. Vai lá sorrir para o , vai – apontou com o queixo para a porta do quarto.
Estreitei os olhos na direção dele.
- Talvez eu vá mesmo – retruquei, cruzando os braços. – Eu e você não temos nada mesmo.
- Não temos... – deu de ombros. – Então vai lá, não tô amarrando você ainda.
- Pois é, não temos, então eu vou mesmo! – falei decidida, indo até minhas coisas pegar minhas roupas, mas parei no meio do quarto. – E não tá amarrando ainda? Isso é uma possibilidade?
A última pergunta foi mais forte que eu, não resisti e isso me fez revirar os olhos.
- Ai, você me deixou confusa! Tchau, .
- Não, não, vai não... – ele correu até mim, segurando minha cintura e colando seu corpo no meu. – Volta aqui para eu amarrar você.
- Agora você quer que eu fique, né? Quero te bater, – suspirei, olhando de cara feia para ele.
- Nunca quis que você fosse mesmo – sorriu, tirando a mochila da minha mão. – E vai me bater para eu me amarrar ainda mais em você?
Ri alto.
- Você é um idiota, socorro – balancei a cabeça em total negação. – Eu te odeio.
- Não odeia – roçou a boca na minha, me fazendo fechar os olhos. – Você se amarra em mim.
- Não mesmo – murmurei, subindo minhas mãos até seus ombros quando ele envolveu os braços na minha cintura. – Eu devia estar longe de você.
- Não – ele prendeu meu lábio inferior entre os seus, sugando de leve. – Nós devíamos estar naquela king size lá no canto.
Não protestei, só me deixei ser arrastada até a cama e cair de costas no colchão de muito bom grado. Puxei seu corpo contra o meu quando subiu em cima de mim, me beijando de vez. Minhas mãos deslizaram por seus braços até chegar em sua cintura, onde eu deixei uma delas adentrar sua camisa pelas costas.
- Por que você faz isso, ? – murmurou entre o beijo.
- O quê? – arfei ao sentir seus dedos acariciarem o interior da minha coxa.
- Mexe com meus sentimentos e minha cabeça – respondeu, parando o beijo para fitar meus olhos. – Eu não me entendo por sua culpa e já faz um tempo.
Segurei o seu olhar, me sentindo tão perdida quanto ele. Na verdade eu não fazia ideia de como tínhamos passado de beijos sem compromissos para isso tão confuso e cheio de sentimentos que nós dois pouco conhecíamos. Eu não fazia ideia do que era me apaixonar por alguém ou querer estar com alguém até sentir isso por e eu ainda não sabia o que devia fazer com essas coisas.
- Me pergunto o mesmo sobre você, – admiti.
Voltei a beijá-lo, mas agora empurrei seu corpo para a cama e subi em cima, montando no seu quadril. Suas mãos agarraram meu quadril e eu embrenhei as minhas por seus cachos, deslizando meus lábios desejosos pelos dele.
- , achei um vestido que vai ficar lindo em você, vem cá ver se você gosta – ouvi gritar.
Soltei um suspiro derrotado visto que teríamos que interromper ali.
- Finge que a gente dormiu – sugeriu, me distraindo ao beijar meu pescoço.
- Não acho que ela vai acreditar muito – voltei a fechar os olhos. – Me deixa ir.
Ele sorriu, negando com a cabeça.
- Nunca.
Não sabia se adorava a resposta ou me irritava por ele me fazer não querer sair daquela cama nunca mais.
- A gente se vê mais tarde – falei, dando um último beijo nele antes de sair de cima dele e levantar.
- Você vai acabar comigo uma hora dessas – suspirou, virando o rosto para me olhar.
- Você tá livre pra isso mais tarde? – brinquei.
- Pra você, tô livre toda hora, .
- Então até mais tarde, Seu Lobo – pisquei para ele, depois peguei minha mochila e corri até o quarto de .
Assim que entrei, me empurrou uns três vestidos e eu provei os três, escolhendo o preto que me deixou com uma cintura maravilhosa. Depois do banho, me ajudou com os meus cachos e trabalhamos juntas na make uma da outra. Ela era maravilhosa e toda essa “girl thing” me deixou com saudade da minha melhor amiga e bolinho favorito, a .
- Nossa, você tá uma beleza nesse vestido, elogiou assim que eu fiquei pronta.
Sorri para o meu reflexo no espelho porque eu tava realmente linda. O vestido preto ia até o meio das minhas coxas e tinha as costas totalmente nuas que parava um pouco antes da bunda. Os saltos também pretos com meias arrastão 7/8 e o batom vermelho completava o pacote.
- Você também tá maravilhosa, – fui bem sincera porque ela estava mesmo.
Sua pele negra fazia contraste com o prata do vestido e a deixou incrivelmente linda.
- Vamos lá para você acabar com o coração do e do – brincou, entrelaçando o braço no meu. – Como é que vocês ainda dizem que não tem nada rolando quando obviamente tem?
Mordi o canto da boca, segurando um sorriso.
- Porque é só sexo, – dei de ombros. – Não sou boa com sentimentos, ele também não.
- E já tentaram? – arqueou uma sobrancelha.
- Só parece ser mais fácil deixar como tá – encolhi os ombros.
- Oh, sweetie – balançou a cabeça. – Sentimentos são confusos, ainda mais quando a gente não é familiarizada com eles, mas sabe de uma coisa? Não é fugindo que vocês vão entender.
- Você é uma especialista no amor, ? – brinquei.
- Assim como os Trolls de Frozen – ela riu.
Saímos para a sala enorme que ficava entre os quartos e já estava nos esperando lá. Ele abriu um sorriso gigante ao nos ver e até levantou do sofá.
- Eu vou estar com as mulheres mais lindas dessa festa hoje – soltou, se aproximando de nós duas. – Espero que eu seja digno de pelo menos uma dança sua, .
- E por que não seria? – sorri, dando de ombros.
- Vou cobrar então – piscou para mim. – Estão prontas, né?
- Prontíssimas, maninho – se pendurou nos ombros dele. – Louquinha para arrumar umas bocas para beijar. Acha que aquela Louise que a gente viu na piscina ainda tá no hotel? Adoraria conhecer mais do quarto dela.
- Então só falta seu amigo, apontou para a porta do quarto que estava fechada. – E eu acho que ela disse que ia embora hoje, . Mas você nunca perdeu tempo. E aquele barman que você tava de olho hoje no cassino? Ele disse que ia estar na festa.
suspirou feliz.
- Ser bi é uma delícia, sempre sou cheia de opções – falou, sorrindo satisfeita.
- Maravilhosa! – sorri para ela. – Eu vou lá ver se o tá perto.
Mas antes que eu desse se quer o primeiro passo, a porta do quarto se abriu e ele saiu todo lindo. Camisa preta, jaqueta de couro e aquele maldito sorriso que se estendeu pelos seus lábios ao me ver.
- Vocês capricharam, hein? – ele falou, olhando de mim para . – Estão lindas.
- Nunca me arrumo para ficar menos do que eu já sou, respondeu, soltando um beijo no ar para ele. – Vamos indo? Não quero perder nada.
- Você tá tão gata que quase valeu a pena a ter te roubado – falou para mim, colocando uma mão na base da minha coluna.
- Só quase? – fiz um biquinho.
- Você fica igualmente linda quando tá vermelha, ofegante e descabelada embaixo ou em cima de mim, – sorriu, piscando um olho para mim.
Balancei a cabeça, escondendo um sorriso e nem respondendo mais nada. No elevador, e eu começamos a dançar até com a musiquinha ambiente típica e quem entrou nos outros andares e viu nós duas dançando com certeza achou que já estávamos bêbadas. O lugar da piscina era incrível e tava maravilhoso com a decoração preta e prata, as bolas na piscina e um monte de gente linda andando para cima e para baixo.
- Ai, era exatamente isso que eu precisava – abri um sorriso enorme. – E aí, vamos para onde?
- Tenho uns amigos que convidaram a gente para aquela mesa – apontou para o outro lado da piscina perto da pista de dança. – Vamos indo?
Seguimos que foi na frente por ser quem conhecia o pessoal, mas assim que chegamos ele apresentou e eu para o casal e as outras três garotas que pareciam já conhecer . Todos eram bem legais, então não foi difícil todos estarmos sintonizados no mesmo assunto, ainda mais quando o open bar foi liberado e os copos não davam tempo nem de esvaziar.
- Sim! Mas é ótimo, juro. Hoje de manhã mesmo nós estávamos no Arizona – contei para a Stella, uma das garotas que tínhamos conhecido agora. – Mas os dias que a gente passou na Georgia foram loucos, eu nem faço ideia de como foi aquilo. , conta aq...
Não terminei a frase, pois quando virei para o lado dei de cara com ele conversando bem entretido com a Belle que era só sorrisos e toques no braço dele. Estreitei os olhos para os dois e flexionei os dedos da mão, chutando a canela de com força. Ele arregalou os olhos e virou para mim confuso.
Abri um sorriso extremamente falso para ele.
- Tava falando para as meninas da Georgia, mas você sabe contar melhor a história – falei calmamente.
- E precisava me chutar, Chapeuzinho? – arqueou as sobrancelhas.
- Você parecia focado no seu papo com a Bea – apontei com o queixo para a morena com cara de entojo que tava me olhando feio agora.
- É Beatrice o nome dela, – me corrigiu.
- Tá, tá, Betânia, entendi... – dei de ombros. Não me importava o nome dela.
Ele semicerrou os olhos com desconfiança.
- Tá com ciúmes? – umedeceu os lábios, com certeza lutando contra um sorriso.
Revirei os olhos.
- Não tenho ciúmes – respondi. – Conta para as meninas da viagem, vai.
- Tá parecendo que tem – implicou, dessa vez sem nem esconder o sorriso. – E conto sim, só um segundo.
- Eu não tenho ciúmes, não sei nem o que é isso, – enchi as bochechas de ar e soltei, desviando o olhar do dele.
- Parece muito com ciúmes essa expressão aí na sua cara – apontou para o meu rosto.
- É? – levantei da cadeira, determinada. – Então pega um espelho para ver se é parecida com a que sua cara vai fazer agora.
Ele pareceu confuso, mas não dei explicações. Fui até e estendi a mão para ele que nem hesitou em aceitar, só sorriu, segurou minha mão e me puxou para a pista de dança. Fiz questão de ficar em um lugar que desse para ver da mesa e ainda estava olhando para mim.
- Já tava até indo te chamar – falou.
- Olha aí, nem precisou – sorri para ele, desviando o olhar.
- Tava meio na dúvida se você tinha alguma coisa mesmo com o , não queria ser talarico. Ele é um cara legal – explicou, colocando uma mão no meu quadril e me puxando mais para perto.
- Bom, somos só amigos – garanti com firmeza.
Só amigos. É, erámos só amigos.
- Ótimo saber – sorriu.
Retribuí seu sorriso, mas o meu desmanchou quase no mesmo instante ao ver vir dançar com a tal Benedita. Ele tava querendo me afrontar? Porque se queria, conseguiu. Me aproximei ainda mais de , colocando as mãos em seus ombros e dançando bem juntinho, olhando por cima do ombro para que continuava me olhando também, mesmo com aquela Berenice se esfregando nele. Mas me forcei a lembrar que erámos só amigos.
Apenas amigos, . Apenas bons amigos. Amiguinhos. Friends. Colegas.
Ah, foda-se o “só amigos”. Não, nós não erámos só amigos. Não mesmo. Eu não sentia vontade de beijar meus “só amigos”. Nem sentia vontade de bater em alguém que estivesse dando em cima dos meus “só amigos”. E nem queria ignorar todos os meus medos e receios para ficar com meus “só amigos”. E eu não queria entender meus sentimentos para poder ficar com meus “só amigos”.
Não, eu não era só amiga de . Eu estava apaixonada por ele e isso me apavorava.
- ... – chamei, me afastando dele. – Desculpa, mas e eu não somos só amigos. A Blenda que tá dançando com ele parece ser gente boa, investe nela.
Deixei para trás e fui até e a tal Barbie, puxando ele pelos ombros e o beijando ali mesmo sem aviso prévio. Suas mãos rodearam a minha cintura e me apertaram com força contra seu corpo. Apoiei minhas mãos em seus antebraços, apertando de leve os seus tríceps.
- Isso foi para provar que eu não tava com ciúmes – murmurei sem fôlego quando interrompi o beijo.
- Ah, tá – desdenhou. – Que bom, porque eu também não fiquei com ciúmes.
- Ótimo! – decretei, me afastando dele. – Porque nós não temos nada e eu posso beijar e dançar com quem eu quiser.
- Exatamente – balançou a cabeça em afirmação. – E eu também não tenho nada com isso, ou tenho?
- Sinceramente? Se você parar de coisa e resolver... – me interrompi no meio da frase. – Deixa para lá. Me diz você, você tem alguma coisa com isso, ?
- E resolver o quê? Continua – se aproximou um pouquinho de mim. – Te agarrar e te chamar de minha?
- É um começo – cruzei os braços como se estivesse totalmente indiferente. – Quando resolver me agarrar e acabar com toda essa palhaçada que a gente armou.
- Eu te agarro, acabo com essa palhaçada que a gente armou e com as suas roupas também – sorriu, quebrando de vez a distância entre nós dois. – Tô pensando em te agarrar agora mesmo.
- Agarra então.
me puxou pela cintura e saímos da pista de dança. Eu o empurrei para o banheiro que tinha visto mais cedo quando chegamos na festa. Mal tranquei a porta e o corpo de se chocou contra o meu, me prendendo contra a porta. Seus lábios voltaram a encontrar os meus em um beijo de no mínimo tirar o fôlego. Suas mãos deslizaram pelas laterais do meu corpo, apertando cada pedacinho de pele e me fazendo arfar quando ele subiu elas por dentro do vestido e apertou minha bunda, me erguendo no colo. Enrolei as pernas na sua cintura para facilitar e entrelacei os dedos nos seus cachos, puxando de leve o seu cabelo.
- Você tá sem calcinha – constatou, interrompendo o beijo para me olhar.
Abri um sorrisinho.
- Esse vestido é colado demais para usar uma. Ficaria marcando, mas além disso, é bem confortável.
passou a língua pelos próprios lábios, balançando a cabeça em negação.
- Você um dia ainda vai me fazer perder o resto do pouco juízo que eu tenho, .
- E você vai adorar – sorri e trouxe o seu rosto pra mais perto do meu, mordiscando o seu lábio inferior em seguida.
- Eu não duvido.
A conversa acabou depois disso porque o beijo foi reiniciado com vontade. Agarrei seu cabelo com uma das mãos, puxando suas mechas escuras entre os dedos, me deliciando novamente com aqueles lábios nos meus. , meio às escuras, girou comigo no colo até achar a pia e me sentou lá, ficando entre as minhas pernas. Chutei os saltos para longe e escorreguei até a ponta da pia para ficar ainda mais perto dele. Deslizei minhas mãos por seus ombros e braços até chegar na sua cintura. Adentrei as lapelas da jaqueta e a tirei com ajuda dele, repetindo o mesmo com sua camisa. As mãos dele me apertavam como se ele quisesse fundir nossos corpos e eu compartilhava do mesmo desejo.
abaixou seu rosto até meu pescoço, deixando sua boca explorar a área com chupões que com certeza deixariam marca, mas que eu não estava nem ligando porque era uma delícia seus lábios deslizando por minha pele e incendiando meu corpo inteiro. Arquejei baixinho quando sua boca continuou descendo, indo até o topo dos meus seios no meu decote nada modesto. Seus olhos encontraram com os meus e ele abriu um sorrisinho, afastando sua boca dali apenas para poder tirar o meu vestido, me deixando totalmente nua, exceto pela meia 7/8 que eu usava com o vestido.
Seus olhos desceram lentamente pelo meu corpo até que voltaram aos meus exalando desejo. Assim que deixou a minha única peça de roupa se juntar com sua jaqueta no chão, subiu suas mãos até a curva dos meus seios e os ergueu, juntando eles e apertando de leve, me fazendo gemer. Seus lábios encostaram no meu em um beijo rápido no qual ele mordeu meu lábio e puxou entre os seus, soltando antes de voltar a abaixar até o meu colo.
Ele trilhou chupões pelo meu colo até chegar aos meus seios, passando a língua no meio deles, mordendo de leve o direito e me fazendo soltar outro gemido e apertá-lo ainda mais entre as minhas, sentindo minha boceta latejar de tanto desejo. Prendi os dedos nas mechas do seu cabelo novamente perto da raiz, ficando cada vez mais ofegante quando passou a língua pelo meu seio e raspou os dentes no mamilo, sugando em seguida. Soltei outro gemido, mordendo minha própria boca quando ele continuou a chupar meu seio, apertando o outro e me deixando louca.
Ocupei minhas mãos com a sua calça e baixei o zíper, abrindo o botão logo depois e brinquei com o elástico da sua boxer, ameaçando adentrar minha mão. Seus olhos, que ainda estavam fixos nos meus, quase soltaram faíscas com minha ameaça e eu apenas sorri, entrando mais um pouquinho os meus dedos e deixando outro gemido escapar pelos meus lábios quando sua boca se ocupou com meu outro seio, chupando o bico já enrijecido e provocando uma onda de arrepios pelo meu corpo inteiro.
Uma das suas mãos, que estavam nas minhas coxas, desceu mais um pouco e ele acariciou a parte interna da minha coxa, subindo lentamente até a minha virilha, me fazendo prender a respiração quando seus dedos escorregaram até o meu clitóris inchado, começando a massagear calmamente e me torturando. O puxei pelo cabelo, voltando a beijá-lo com intensidade na tentativa de abafar os gemidos cada vez mais frequentes a medida que ele aumentava a velocidade da massagem, me fazendo praticamente rebolar contra seus dedos por precisar de mais.
Batidas e gritos para abrirem a porta começaram a vir lá de fora, nos alertando que não tínhamos todo tempo do mundo e eu me segurei para não mandar irem se ferrar. No lugar de xingar, abaixei sua calça, levando a boxer junto e fechei a mão ao redor do seu pau, sorrindo satisfeita contra seus lábios com o gemido baixinho que soltou quando comecei a mover minha mão em um vai e vem lento.
- Me fode logo, – murmurei, mordendo o seu lábio.
- Com prazer, .
me puxou pelas coxas para a ponta da pia e encostou a testa na minha, fitando meus olhos quando finalmente deslizou seu pau dentro de mim, me preenchendo inteira e fazendo meus olhos se fecharem de tanto prazer. Me agarrei a ele, fincando as unhas em suas costas largas e ficando cada vez mais difícil de conter os gemidos a cada estocada rápida e com força dele. Meus gemidos se misturavam com os grunhidos dele que tentávamos abafar com os beijos, enquanto a música lá fora se misturava com as reclamações de quem estava esperando para usar o banheiro lá e faziam uma trilha sonora secundária.
Me inclinei para trás, puxando ele mais para cima de mim em um ângulo maravilhoso que o permitiu meter ainda mais fundo. Minha respiração acelerada e os movimentos faziam meus seios pularem e as mãos de apertavam minhas nádegas só para me enlouquecer mais. Abandonei os seus lábios e encostei a testa no seu ombro, aproveitando para chupar a pele do seu pescoço que estava bem convidativa ali tão perto. Pelo espelho enorme do outro lado eu conseguia ver claramente a cena aqui, o jeito que ele movia o quadril contra o meu, minhas bochechas coradas pelo calor e era tão excitante.
Ergui o quadril da direção do dele, arrastando as unhas por suas costas e sentindo uma euforia pelo meu corpo inteiro até que eu senti amolecer quando ondas de prazer me dominaram e eu ignorei qualquer coisa, gemendo alto o nome de que saiu como uma ladainha pelos meus lábios. Não demorou muito até que ele gozasse também, me apertando em seus braços e encostando a testa na minha enquanto ambos tentávamos regular a respiração.
As batidas insistentes lá fora continuavam, então nos vestimos rapidamente para liberar o banheiro. se aprontou primeiro, mas eu levei mais tempo para limpar o borrado da minha boca e arrumar meu cabelo, então, quando terminei, meu olhar encontrou com o dele que me encarava pelo espelho, escorado na parede do outro lado.
- O que foi? – perguntei, franzindo o cenho. – Ainda tem alguma coisa fora do lugar?
Ele riu, negando.
- Não, tá gata como sempre.
- E por que tá me olhando assim? – cruzei os braços, virando meu corpo para ele.
- Já disse que eu gosto de te olhar – deu de ombros e se aproximou de mim, tocando nos meus braços para que eu os descruzasse, então entrelaçou nossos dedos. – Mas e você, ?
- Eu o quê? – fiquei sem entender.
- Você quer ser minha? – perguntou, os olhos fixos nos meus.
Quê? Isso era lá pergunta de se fazer do nada e depois do sexo? Eu sabia lá responder isso? Ai, Deus. Eu queria ser dele? Sim. Queria precisar dele? Não, mas eu já precisava e isso me assustava terrivelmente porque eu nunca precisei de ninguém antes. Eu tinha perdido todo o controle do que eu sentia, mas... Era ótimo estar perdida nele.
- Quero – murmurei antes de pensar muito. – Se você estiver dentro, eu também tô.
Ele sorriu, colocando uma mão por trás do meu pescoço e aproximando o rosto do meu.
- Eu já aprendi faz um tempinho que você é minha doença, mas o remédio também, – murmurou, roçando os lábios nos meus. – Eu tô dentro se você estiver.
- Eu estou – confirmei.
- Então eu também estou – falou.
Nos beijamos mais uma vez, mas dessa vez eu não escutei barulho nenhum lá fora, só o barulho do meu coração acelerado no peito e o eco das palavras dele na minha cabeça. Eu, que nunca tive ninguém, agora tinha ele e, eu que nunca fui de ninguém, agora era dele.
É, eu definitivamente estava ferrada e perdida depois dessa, mas era um tipo de perdida que parecia muito como encontrar tudo o que faltava.




Fim.



Nota da autora: Eu AMO essa música e surtei por ter conseguido ela. Adorei a história e amo esse casal também, então espero que vocês curtam tanto quanto eu. Não deixem de falar o que acharam. Beijos!



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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