Capítulo Único
- , anda logo. A gente vai se atrasar já no primeiro dia de aula? – Joshua estava berrando na sala enquanto eu descia as escadas com certa pressa.
- Ai calma. Pra que essa animação? É só mais um dia como outro qualquer. Conhecemos os alunos, os colegas de turma, os professores... Nada mudou.
- Devem ter entrado garotas novas. Estou curioso por carne nova no terreno.
- Por que você se refere as garotas dessa forma? – Eu questionei. – Elas merecem respeito. Não são pedaços de carne. – Revirei os olhos e fechei a porta de casa.
Fomos caminhando lentamente até a escola. Assim que entramos pude notar que tudo continuava igual. Grupo dos jogadores, grudo das líderes de torcida, grupo dos geeks, alguns alunos novos perdidos nos corredores e eu e Joshua. Melhores amigos desde sempre. Amigos de todo mundo sem pertencer a grupo nenhum.
- Nossa! O jardim está mais florido que o ano passado. A gente se vê na aula.
- Calma Joshua, onde você vai? – Eu sabia a resposta.
- Estou indo ajudar umas alunas perdidas. Love u bro.
Balancei a cabeça negativamente e sorri. Fui andando em direção ao meu armário e no percurso cumprimentei várias pessoas conhecidas, pude ajudar alguns alunos perdidos e, finalmente, cheguei até meu armário. Ao meu lado tinha uma garota quase quebrando a fechadura do seu armário por não conseguir destrancá-lo e inserir um novo código. Me controlei para não soltar uma gargalhada. Estava na hora de mais uma ação do dia. Com certa pressa empurrei a garota um pouco pro lado e dei um tapa na porta do objeto.
- A primeira vez só funciona assim. Sou o .
- Obrigada. Sou a . Sou nova por aqui, mas você deve ter percebido pelo jeito que esse armário estava me dando de 10 x 0. – Sorri. Bonita, impossível não prestar atenção, simpática também e tem senso de humor.
- Já sabe onde serão suas aulas? Aqui é muito fácil se perder.
- Só sei os números das salas, ainda não consegui explorar a escola inteira.
- Não tem muito o que ver aqui. Temos quadra, piscina, vestiários, salas de aula, auditório, sala de teatro, cantina e refeitório separadamente... Enfim.
- Isso não é muito? – Ela foi interrompida com a sirene avisando que o primeiro tempo estava no ar.
- Eu preciso ir. Qual é a sua aula?
- Biologia. Segundo ano.
- É o destino. Segundo ano também. Vamos, então.
- Você pode me mostrar depois como troca o segredo desse treco?
- Claro.
***
A aula de biologia não foi tão tediosa como de costume, tinha uma parcela importante por eu ter suportado a aula sem querer surtar ou fugir na metade do horário. Essa garota estava mexendo comigo. Eu acabei de conhece-la, que poder ela pode ter sobre mim?
- Quer almoçar? – Ela perguntou enquanto eu estava viajando em meus pensamentos e a observando com uma cara idiota. – ?
- Desculpa, o que você disse?
- Perguntei se você quer ir almoçar. Vamos?
- Claro, vamos dar um pulo no armário antes.
O destino faz certas coisas que eu chego a duvidar que é possível. Somos vizinhos de armário, nos demos bem no primeiro contato e ela desperta algo em mim que não consigo descrever em palavras. Vocês acreditam em amor à primeira vista? Não sou mais capaz de opinar.
Fomos caminhando até o armário enquanto ela fazia algumas perguntas que qualquer aluno que acabara de chegar perguntaria e eu plenamente tirei suas dúvidas.
- Pra trocar a senha é só fazer esse movimento aqui. – Expliquei quantas vezes ela deveria rodar sentido horário e anti-horário. – Em seguida é só inserir um novo número com três dígitos e voir là, um novo segredo no seu armário.
- Obrigada. Podemos almoçar?
- Vamos, é por aqui.
Fomos para o refeitório e ela observava atentamente o percurso que fazíamos, observava as pessoas, observava as salas de aula. Continuamos andando até o refeitório e, finalmente, Joshua apareceu depois de faltar as aulas da manhã.
- Onde você se meteu Joshua? – Eu questionei rapidamente. – Essa é a . esse é o Joshua meu melhor amigo. Bro essa é a , ela é da nossa classe e acabou de chegar.
- Olá. – Foi tudo o que ela conseguiu dizer. – Isso na gola da sua camisa é batom? – Ela questionou e soltou uma gargalhada que ainda não conhecia. Até sorrindo descontroladamente ela ficava excepcionalmente bonita.
Joshua se juntou a nós e fomos almoçar. Contamos para várias histórias, mostramos fotos de evento, ela disse já estar interessada em alguns clubes para atividades extracurriculares.
- Temos aula durante a tarde também?
- Sim, são as melhores. – Joshua falou. – A escola está bem vazia e o ensino médio domina. – Ela sorriu.
- As garotas não são muito adeptas a novatas, não é?
- Raramente. – Meu amigo disparou.
- Joshua. Não fala assim.
- É a verdade. Elas ficam fazendo seleções das garotas em que vale a pena investir para se tornar uma líder de torcida.
Depois desse comentário a conversa se encerrou e fomos para mais uma aula.
Dias depois
As primeiras semanas passaram voando e com elas vieram os primeiros trabalhos em equipe. Duplas, dessa vez. Joshua se prontificou a fazer dupla com uma garota que ele já estava de olho há um tempo e eu acabei ficando com .
- Não temos muito tempo. Podemos começar hoje mesmo? – Ela questionou e eu rapidamente assenti. – Na minha casa ou na sua?
- Pode ser na minha. 18h? A gente sai daqui as 16h.
- Perfeito.
O dia estava passando lentamente e eu estava distraído com algumas coisas que não havia conseguido concluir na noite anterior. Fomos liberados mais cedo devido à ausência de um professor, então me adiantei e fui para casa.
***
Passei a tarde deitado com um caderno ao meu lado em cima da cama e o violão do outro lado. Riscando notas, riscando letras, nada estava bom. Mal percebi a hora passar.
chegou na minha casa no horário combinado, mas estava distraído demais para sequer ter escutado a campainha. Minha mãe a recebeu e ela subiu lentamente as escadas até parar na porta do meu quarto. Estava em silêncio e me observava dedilhar as cordas do violão buscando uma melodia para uma nova composição.
- Não sabia que você tocava. – Dei um grito assustado. Não a imaginava ali me olhando. – Desculpa, não quis te assustar.
- Você quase me matou do coração. Há quanto tempo está parada aí?
- Tempo suficiente para ouvir algumas palavras e escutar uma doce melodia. Parecia uma canção de amor. Temos um apaixonado por aqui? – Ela cerrou os olhos e fez uma cara engraçada.
- Não, não. Eu gosto de falar de amor. É o sentimento mais puro, intenso e vivo que existe.
- Belas palavras, cantor. Vamos ao trabalho?
Começamos a trabalhar. Pesquisando, lendo, copiando e refazendo. Era interessante ver como era uma aluna dedicada. Nunca falamos sobre futuro, mas tenho plena certeza de que qualquer profissão que ela escolher será muito bem sucedida.
- Terminamos? Não acredito! – Ela exclamou extremamente cansada. – Ainda bem que amanhã é sábado.
- Meu Deus, está tarde. Quase 1 da madrugada.
- Vou pedir para minha mãe me buscar.
- Pode passar a noite aqui, se quiser. Temos um quarto de hóspedes.
- Perfeito. – Ela sorriu em gratidão e eu sorri de volta. – Posso pedir uma coisa?
- Pode.
- Me mostra o que você estava compondo.
- Certo... – Eu disse enquanto pegava o violão e a letra. – Ainda não está bom, tenho muitas modif...
- Só me mostra. – Ela me cortou e eu concordei.
Comecei a melodia e pude ver seus olhos brilharem enquanto acompanhavam o movimento dos meus dedos pelas cordas do instrumento. Cantei o que tinha escrito e encerrei.
- Posso dar uma lida?
- Fique à vontade.
Ela pediu um lápis e começou a rabiscar algumas coisas por cima do que eu já tinha escrito. Modificações, talvez.
- Repete essa frase três vezes, coloca essa frase primeiro, essa em segundo e essa em terceiro. Canta tudo de novo. – Obedeci.
Recomecei e ela começou a acompanhar revelando uma bela voz. Ela transformou o meu solo em um dueto? Ou ela transformou um “eu” em “nós”?
- Ficou incrível. Que voz...
Suas bochechas coraram levemente, então ela apenas se despediu e foi até o quarto de hóspedes já preparado para recebe-la.
Passei a madrugada trabalhando na letra dessa música. As correções que ela fez na música contribuíram para um belo trabalho final. Queria cantar para , ela também fez parte disso.
No dia seguinte, antes que ela pudesse ir embora, a levei até o quintal da minha casa.
- Eu tenho que te mostrar o trabalho final. Passei a madrugada inteira trabalhando na música.
- Estou curiosa.
Comecei a dedilhar o violão e aos poucos a letra foi saindo naturalmente de mim. Falava sobre estar apaixonado, sobre querer escrever uma canção de amor, sobre o amor e a vontade de amar.
- Ficou sensacional! Perfeito. Incrível.
- Você gostou mesmo? Tem dedo seu aqui também! É um trabalho conjunto.
- Imagina, o mérito é todo seu.
Deixei o violão de lado e me aproximei dela. Peguei em suas mãos que estavam levemente geladas.
- Eu gosto tanto de você . Desde o dia que nos conhecemos e você estava brigando com o seu armário. Fiquei encantado. Deslumbrado. A letra dessa música é parte do que sinto. Finalmente poder falar. Eu sei, a gente se conhece há pouco tempo, mas parece que vivemos uma vida inteira juntos. Eu sinto isso só de olhar para você.
- Eu não sei muito bem como responder. Você é o meu melhor amigo, me arranca sorrisos. Está ao meu lado todos os dias. É a peça que faltava no meu quebra-cabeças que eu chamo de vida. Eu nunca me senti assim e nem sei o que dizer. Provavelmente estou dizendo coisas que não fazem o menor sentido, mas...
E eu apenas a calei com um beijo. Um beijo carinhoso, puro, com ternura. Um beijo que nós dois merecíamos. Um beijo que a gente não sabia o peso que teria daqui pra frente.
- Ai calma. Pra que essa animação? É só mais um dia como outro qualquer. Conhecemos os alunos, os colegas de turma, os professores... Nada mudou.
- Devem ter entrado garotas novas. Estou curioso por carne nova no terreno.
- Por que você se refere as garotas dessa forma? – Eu questionei. – Elas merecem respeito. Não são pedaços de carne. – Revirei os olhos e fechei a porta de casa.
Fomos caminhando lentamente até a escola. Assim que entramos pude notar que tudo continuava igual. Grupo dos jogadores, grudo das líderes de torcida, grupo dos geeks, alguns alunos novos perdidos nos corredores e eu e Joshua. Melhores amigos desde sempre. Amigos de todo mundo sem pertencer a grupo nenhum.
- Nossa! O jardim está mais florido que o ano passado. A gente se vê na aula.
- Calma Joshua, onde você vai? – Eu sabia a resposta.
- Estou indo ajudar umas alunas perdidas. Love u bro.
Balancei a cabeça negativamente e sorri. Fui andando em direção ao meu armário e no percurso cumprimentei várias pessoas conhecidas, pude ajudar alguns alunos perdidos e, finalmente, cheguei até meu armário. Ao meu lado tinha uma garota quase quebrando a fechadura do seu armário por não conseguir destrancá-lo e inserir um novo código. Me controlei para não soltar uma gargalhada. Estava na hora de mais uma ação do dia. Com certa pressa empurrei a garota um pouco pro lado e dei um tapa na porta do objeto.
- A primeira vez só funciona assim. Sou o .
- Obrigada. Sou a . Sou nova por aqui, mas você deve ter percebido pelo jeito que esse armário estava me dando de 10 x 0. – Sorri. Bonita, impossível não prestar atenção, simpática também e tem senso de humor.
- Já sabe onde serão suas aulas? Aqui é muito fácil se perder.
- Só sei os números das salas, ainda não consegui explorar a escola inteira.
- Não tem muito o que ver aqui. Temos quadra, piscina, vestiários, salas de aula, auditório, sala de teatro, cantina e refeitório separadamente... Enfim.
- Isso não é muito? – Ela foi interrompida com a sirene avisando que o primeiro tempo estava no ar.
- Eu preciso ir. Qual é a sua aula?
- Biologia. Segundo ano.
- É o destino. Segundo ano também. Vamos, então.
- Você pode me mostrar depois como troca o segredo desse treco?
- Claro.
A aula de biologia não foi tão tediosa como de costume, tinha uma parcela importante por eu ter suportado a aula sem querer surtar ou fugir na metade do horário. Essa garota estava mexendo comigo. Eu acabei de conhece-la, que poder ela pode ter sobre mim?
- Quer almoçar? – Ela perguntou enquanto eu estava viajando em meus pensamentos e a observando com uma cara idiota. – ?
- Desculpa, o que você disse?
- Perguntei se você quer ir almoçar. Vamos?
- Claro, vamos dar um pulo no armário antes.
O destino faz certas coisas que eu chego a duvidar que é possível. Somos vizinhos de armário, nos demos bem no primeiro contato e ela desperta algo em mim que não consigo descrever em palavras. Vocês acreditam em amor à primeira vista? Não sou mais capaz de opinar.
Fomos caminhando até o armário enquanto ela fazia algumas perguntas que qualquer aluno que acabara de chegar perguntaria e eu plenamente tirei suas dúvidas.
- Pra trocar a senha é só fazer esse movimento aqui. – Expliquei quantas vezes ela deveria rodar sentido horário e anti-horário. – Em seguida é só inserir um novo número com três dígitos e voir là, um novo segredo no seu armário.
- Obrigada. Podemos almoçar?
- Vamos, é por aqui.
Fomos para o refeitório e ela observava atentamente o percurso que fazíamos, observava as pessoas, observava as salas de aula. Continuamos andando até o refeitório e, finalmente, Joshua apareceu depois de faltar as aulas da manhã.
- Onde você se meteu Joshua? – Eu questionei rapidamente. – Essa é a . esse é o Joshua meu melhor amigo. Bro essa é a , ela é da nossa classe e acabou de chegar.
- Olá. – Foi tudo o que ela conseguiu dizer. – Isso na gola da sua camisa é batom? – Ela questionou e soltou uma gargalhada que ainda não conhecia. Até sorrindo descontroladamente ela ficava excepcionalmente bonita.
Joshua se juntou a nós e fomos almoçar. Contamos para várias histórias, mostramos fotos de evento, ela disse já estar interessada em alguns clubes para atividades extracurriculares.
- Temos aula durante a tarde também?
- Sim, são as melhores. – Joshua falou. – A escola está bem vazia e o ensino médio domina. – Ela sorriu.
- As garotas não são muito adeptas a novatas, não é?
- Raramente. – Meu amigo disparou.
- Joshua. Não fala assim.
- É a verdade. Elas ficam fazendo seleções das garotas em que vale a pena investir para se tornar uma líder de torcida.
Depois desse comentário a conversa se encerrou e fomos para mais uma aula.
As primeiras semanas passaram voando e com elas vieram os primeiros trabalhos em equipe. Duplas, dessa vez. Joshua se prontificou a fazer dupla com uma garota que ele já estava de olho há um tempo e eu acabei ficando com .
- Não temos muito tempo. Podemos começar hoje mesmo? – Ela questionou e eu rapidamente assenti. – Na minha casa ou na sua?
- Pode ser na minha. 18h? A gente sai daqui as 16h.
- Perfeito.
O dia estava passando lentamente e eu estava distraído com algumas coisas que não havia conseguido concluir na noite anterior. Fomos liberados mais cedo devido à ausência de um professor, então me adiantei e fui para casa.
Passei a tarde deitado com um caderno ao meu lado em cima da cama e o violão do outro lado. Riscando notas, riscando letras, nada estava bom. Mal percebi a hora passar.
chegou na minha casa no horário combinado, mas estava distraído demais para sequer ter escutado a campainha. Minha mãe a recebeu e ela subiu lentamente as escadas até parar na porta do meu quarto. Estava em silêncio e me observava dedilhar as cordas do violão buscando uma melodia para uma nova composição.
- Não sabia que você tocava. – Dei um grito assustado. Não a imaginava ali me olhando. – Desculpa, não quis te assustar.
- Você quase me matou do coração. Há quanto tempo está parada aí?
- Tempo suficiente para ouvir algumas palavras e escutar uma doce melodia. Parecia uma canção de amor. Temos um apaixonado por aqui? – Ela cerrou os olhos e fez uma cara engraçada.
- Não, não. Eu gosto de falar de amor. É o sentimento mais puro, intenso e vivo que existe.
- Belas palavras, cantor. Vamos ao trabalho?
Começamos a trabalhar. Pesquisando, lendo, copiando e refazendo. Era interessante ver como era uma aluna dedicada. Nunca falamos sobre futuro, mas tenho plena certeza de que qualquer profissão que ela escolher será muito bem sucedida.
- Terminamos? Não acredito! – Ela exclamou extremamente cansada. – Ainda bem que amanhã é sábado.
- Meu Deus, está tarde. Quase 1 da madrugada.
- Vou pedir para minha mãe me buscar.
- Pode passar a noite aqui, se quiser. Temos um quarto de hóspedes.
- Perfeito. – Ela sorriu em gratidão e eu sorri de volta. – Posso pedir uma coisa?
- Pode.
- Me mostra o que você estava compondo.
- Certo... – Eu disse enquanto pegava o violão e a letra. – Ainda não está bom, tenho muitas modif...
- Só me mostra. – Ela me cortou e eu concordei.
Comecei a melodia e pude ver seus olhos brilharem enquanto acompanhavam o movimento dos meus dedos pelas cordas do instrumento. Cantei o que tinha escrito e encerrei.
- Posso dar uma lida?
- Fique à vontade.
Ela pediu um lápis e começou a rabiscar algumas coisas por cima do que eu já tinha escrito. Modificações, talvez.
- Repete essa frase três vezes, coloca essa frase primeiro, essa em segundo e essa em terceiro. Canta tudo de novo. – Obedeci.
Recomecei e ela começou a acompanhar revelando uma bela voz. Ela transformou o meu solo em um dueto? Ou ela transformou um “eu” em “nós”?
- Ficou incrível. Que voz...
Suas bochechas coraram levemente, então ela apenas se despediu e foi até o quarto de hóspedes já preparado para recebe-la.
Passei a madrugada trabalhando na letra dessa música. As correções que ela fez na música contribuíram para um belo trabalho final. Queria cantar para , ela também fez parte disso.
No dia seguinte, antes que ela pudesse ir embora, a levei até o quintal da minha casa.
- Eu tenho que te mostrar o trabalho final. Passei a madrugada inteira trabalhando na música.
- Estou curiosa.
Comecei a dedilhar o violão e aos poucos a letra foi saindo naturalmente de mim. Falava sobre estar apaixonado, sobre querer escrever uma canção de amor, sobre o amor e a vontade de amar.
- Ficou sensacional! Perfeito. Incrível.
- Você gostou mesmo? Tem dedo seu aqui também! É um trabalho conjunto.
- Imagina, o mérito é todo seu.
Deixei o violão de lado e me aproximei dela. Peguei em suas mãos que estavam levemente geladas.
- Eu gosto tanto de você . Desde o dia que nos conhecemos e você estava brigando com o seu armário. Fiquei encantado. Deslumbrado. A letra dessa música é parte do que sinto. Finalmente poder falar. Eu sei, a gente se conhece há pouco tempo, mas parece que vivemos uma vida inteira juntos. Eu sinto isso só de olhar para você.
- Eu não sei muito bem como responder. Você é o meu melhor amigo, me arranca sorrisos. Está ao meu lado todos os dias. É a peça que faltava no meu quebra-cabeças que eu chamo de vida. Eu nunca me senti assim e nem sei o que dizer. Provavelmente estou dizendo coisas que não fazem o menor sentido, mas...
E eu apenas a calei com um beijo. Um beijo carinhoso, puro, com ternura. Um beijo que nós dois merecíamos. Um beijo que a gente não sabia o peso que teria daqui pra frente.