Capítulo Único
– Oi, gente, essa é minha namorada. – null chegou na lanchonete de mãos dadas com uma menina loira que null já tinha visto antes.
null reconheceria aquele par de olhos azuis em qualquer lugar. Fazia parte de um grupo de garotas que frequentavam a PNC Arena com qualquer outro motivo que não acompanhar hóquei. Ela conhecia bem o tipo. A jornalista frequentava arenas esportivas por tempo o suficiente para saber quando certas “wags” estavam ali apenas por interesse. Mas achou estranho que, de todos os jogadores do Carolina Hurricanes, justo null null tinha caído nessa armadilha, justo null, que sempre aconselhava tão bem os amigos.
– Oi, sou a Lis. – A loira se apresentou com um sorriso nada verdadeiro no rosto.
– Oi, Lis. Sou a null. Esses são Nathan, Bethany e Justin. – null tentou ser simpática, recebendo um olhar atravessado de null caso tentasse alguma coisa.
O jogador conhecia a amiga e sabia que ela não tinha gostado de Lis. Desde que ele convidara Lis para sair, null já tinha certeza que null não iria aprovar. “Ela é muito para o seu caminhãozinho”, ele escutou a voz da amiga em seus pensamentos. Mas então ele ligou o foda-se e percebeu que não precisava que null aprovasse tudo que ele fizesse da vida. Era a vida dele!
– Ei, você também joga no Canes, não é? – Lis apontou para Justin Faulk, confirmando para null sua teoria que a loira era uma puck bunny.
– Culpado. – Faulk respondeu com um sorriso no rosto.
Lis se sentou entre os dois jogadores de hóquei, e, apesar de estar com null, ela estava admirada com Faulk. Os meninos começaram a conversar de hóquei e ela pegou o celular. Adorava estar perto de esportistas, mas odiava quando eles começavam a falar de esporte. Com os anos acompanhando, ela já deveria ter aprendido alguma coisa, mas não era o caso.
null acompanhava a garota calada. Tomava seu milk-shake, observando os olhos azuis sentados à sua frente, que tinham todas as direções, a não ser null. null sabia reconhecer quando alguém estava apaixonada, e Lis claramente não estava.
O motivo pelo qual a garota tinha se aproximado de null intrigava a jornalista. Observar o comportamento das pessoas ao seu redor era parte do seu trabalho, e tinha algo estranho que pairava sobre aquela mesa.
Bethany perguntou se Nathan não aceitava mais batata, pois ela iria até o balcão abastecer o balde com refil que eles tinham comprado. null se levantou para ir junto com a amiga, aproveitaria para buscar mais refrigerante, mas assim que o fez, escutou aquela voz que ela mal conhecia e já tinha que se segurar para não revirar os olhos.
– Babe, compra uma salada para mim, por favor? Não posso ficar comendo fritura. – Lis falou para null com o maior no rosto.
– Claro, linda. – null interrompeu a conversa com os amigos e saiu em direção ao balcão para atender o pedido da namorada.
null apenas observou, enquanto o amigo ia todo feliz cumprir ordens como um pau-mandado. Nem ao técnico null obedecia tão facilmente assim.
– Beth, você achou algo estranho nessa menina? – null perguntou assim que entraram na fila do caixa.
– Na Lis? Olha, você sabe que eu não costumo julgar as pessoas tão fácil assim, mas essa garota não me está cheirando bem.
– She seems like One of Those Girls. – null comentou, um código que as amigas tinham para se referir às famosas puck bunnys.
…
null ainda não tinha retornado quando null e Bethany voltaram para a mesa. Lis prestava atenção em tudo que Justin falava, como se ele fosse um Deus. Se ele falasse para ela que a Terra era quadrada, Lis iria acreditar.
Nathan já estava ficando incomodado com a atitude da menina, mas também tinha ficado na sua e agradeceu quando a namorada voltou e se afastou de Justin. O jogador de hóquei também se sentia incomodado com a postura de Lis. Ela era namorada de null, então por que parecia estar dando em cima dele?
Para a sorte de Justin, um par de mãos tampou seus olhos, e ele sabia muito bem quem tinha mania de fazer isso.
– Adivinha quem é?
– A mulher mais linda do mundo. – Ele sorriu para null quando a morena se sentou ao seu lado, dando-o um selinho. – Estava com saudades.
– Eu também. Aliás, eu estava com saudades de todas vocês! – null falou, olhando para os amigos e abraçando Bethany de lado.
Desde que null tinha começado a residência, sua frequência em reuniões do grupo e jogos de hóquei tinha diminuído. Mas todos entendiam.
null era uma energia viva, ela trazia uma luz diferente para o ambiente, e todos se sentiam bem ao seu lado. Não tinha sido à toa que ela escolhera ser médica; ajudar os outros e levar essa energia para quem precisava era seu objetivo de vida.
Ela e Justin estavam juntos há muitos anos. Ele era um bobo apaixonado por ela, e, apesar das ausências de ambos, eles davam um jeito de se encontrar.
– Hm, acho que não fomos apresentadas. Sou a null. – null sorriu, estendendo a mão para Lis.
A loira estendeu a mão, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, null voltou com sua salada.
– Está aqui, babe. Oi, null! Quanto tempo!
O assunto da mesa passou a ser null, em como sua vida estava corrida e em quanto sentiam falta de passar um tempo juntos. As meninas combinaram de fazer uma festa do pijama assim que null tivesse folga. Lis perguntou se poderia ir, e null sugeriu que elas convidassem a namorada também. Seria uma forma delas se conhecerem.
null olhou para o amigo, incrédula. Como que ele conseguia ser tão cego?
O clima ficou mais estranho do que já estava, e null disse que Lis poderia ir na festa também. Por sorte, a data ainda não estava marcada e null já estava pensando em uma forma de desconvidar a garota.
…
Os planos de null não tinham dado certo. null telefonou para Lis, convidando a namorada de null para ir ao seu apartamento no centro de Raleigh contra todas as reclamações de null.
– Amb, essa menina não me cheira bem. – null falou quando as duas faziam massa de cookie para a festa.
– Você nunca gosta de ninguém, null. Ainda mais quando é uma garota que null esteja apaixonado. – A médica falou, levantando uma sobrancelha.
null se sentiu ficando vermelha.
– Não é isso! Dessa vez é diferente, juro. Bethany também concordou comigo.
– Ouvi meu nome. – Bethany entrou na cozinha carregando a garrafa de vinho que tinha trazido. Buscou três taças no armário como se aquele apartamento também fosse seu. – Eu também achei essa garota bem esquisita, viu, Amb. Não sei, tem algo na postura dela que não me convenceu.
null olhou para as duas amigas como se elas não tivessem jeito.
– Será que vocês não podem dar uma chance pelo menos essa noite? Se não por mim, pelo null? – null olhou em direção a null, sabendo que colocar o nome do null no meio faria com que a menina repensasse.
– Tá bom. – As outras duas disseram sem nenhuma vontade, mas apenas porque sabiam que não teriam como convencer null.
– Mas pelo null. – null apontou o dedo para a amiga.
Não demorou muito para a campainha do apartamento tocar.
null foi a primeira a levantar-se e ir atentar à porta. Olhou para as amigas de forma a alertar que não fizessem nenhuma gracinha, mas teve que prender a respiração e pensar que as meninas poderiam estar certas sobre Lis assim que abriu a porta.
– HELLO, FRIENDS! Como estão minhas novas melhores amigas? – Lis vestia um pijama de flanela todo cor-de-rosa, usava um tapa olho também cor-de-rosa na cabeça, como se fosse uma faixa de cabelo, e carregava uma pequena mala de rodinhas.
Quanta coisa aquela mulher precisava para passar a noite? E pior, quantos anos ela achava que tinha?
– Oi, Lis, entre! – null sorriu, sendo a anfitriã educada de sempre e fingindo que não estava começando a concordar com as amigas, mas teve medo de falar o costumeiro “sinta-se em casa”. Por algum motivo, achou que aquela mulher não iria entender o conceito educado da frase.
– Que apartamento lindo você tem, Amby! Ah, eu trouxe coisas para vocês! – Lis se sentou no tapete da sala e abriu a mala. Lá de dentro, tirou três pijamas iguais, do mesmo tamanho que o dela, e entregou para as meninas. – Para ficarmos iguais.
null olhou para aquilo atônita. Lis realmente achava que um pijama do mesmo número que o dela caberia em todas?
Lis tinha o corpo extremamente magro, quase esquelético, enquanto null e Bethany tinham um corpo mais musculoso devido a muita academia. Mas null? null estava muitos quilos acima do peso, e as amigas sabiam o quanto aquilo incomodava a menina.
– O que foi? – Lis perguntou quando null olhou para a roupa com uma cara estranha.
– Nada. – null respondeu, revirando os olhos e saindo da sala.
Bethany olhou para null como se pedisse para ela resolver, e a médica foi atrás da amiga.
– null, está tudo bem? – Disse assim que chegou na cozinha.
Ao avistar a amiga, essa estava tentando conter as lágrimas nos olhos.
– Está. – null respirou fundo. – O que o null vê mesmo nessa mulher? Ela deve ter algo muito diferente por baixo da saia, só pode.
– Calma, null, talvez tenha sido um mal-entendido.
– Não venha tentar justificar, null! Lis nos conheceu naquele dia, viu a forma como olho para null. Eu tento disfarçar, mas está escrito na minha testa “apaixonada por null null”. Sou uma idiota mesmo, isso sim.
null abraçou a amiga, porque sabia que nada que ela dissesse mudaria os sentimentos de null. Ela sabia o quanto null e null eram próximos. null suspeitava que o jogador de hóquei também gostava de null, mas ele também tinha problemas demais para admitir.
– Não sei como Lis fez null feliz, mas não cabe nem a mim nem a você entender, null. Vamos respirar fundo e tentar sobreviver a essa noite, daí para a frente, ela será todinha responsabilidade de null.
– Não acredito que vocês realmente querem ver esse filme! Não tem nenhum homem aqui para proteger a gente. – Lis reclamou quando Bethany colocou “It! A Coisa” no DVD.
– Sempre assistimos a um filme de terror na Noite do Pijama! É uma tradição desde a época do colégio. – Bethany respondeu.
Lis fez cara feia, mas ficou calada nos primeiros minutos do filme. Ela já tinha reclamado que as meninas não tinham experimentado o presente dela e que todas continuavam com roupas de moletom velhas e sem graça.
null tentou argumentar que experimentaria depois de tomar um banho, afinal não queria usar o presente. Já Bethany disse que estava com calor para usar um pijama de manga comprida. null apenas se encolheu mais ainda no sofá, ignorando a presença de Lis.
Quando o filme não tinha nem dez minutos, null escutou um barulho de um teclado de celular e olhou para o lado e viu Lis grudada no aparelho, conversando com quem quer que seja. null sabia que não era null, o jogador tinha contado para ela que iria pescar com Nathan em uma fazenda próxima e que lá não pegava celular.
Lis começou a ficar desconfortável, digitando apressadamente no aparelho, e nenhuma das outras três prestavam mais atenção no filme. Os olhares estavam em cima da loira, que nem sequer tinha percebido.
– Algum problema, Lis? – null perguntou.
A médica era a única que ainda tentava conversar com a garota.
– Nada. – As três continuaram observando a menina digitando fervorosamente. – null não me está respondendo desde a hora do almoço. Peguei o celular para ficar no Instagram enquanto vocês assistiam ao filme, mas quando não vi nem sequer o tracinho azul nas mensagens, não me segurei.
null olhou para null e respirou fundo antes de responder.
– null viajou com Nathan para pescar. Eles estão sem sinal desde cedo e devem voltar apenas amanhã. – null tentou sorrir, mas apenas tentou.
– Como que ele safado não me avisou? No mínimo ele está mentindo e deve ter saído com outras mulheres.
– Lis, Nathan é meu namorado. – Bethany disse, lembrando à loira do rapaz moreno que também estava na lanchonete e destravando o celular para mostrar a mensagem que havia sido enviada às 11 horas da manhã. – Aqui, pode conferir.
Nathan: Hey, love, estou indo com null pescar. Ficaremos sem sinal, porque vamos dormir no John. Até amanhã, fique bem, Lov U.
Lis devolveu o celular para Bethany e torceu o nariz, ainda não acreditando naquela história. Pegou o seu próprio celular e se levantou do sofá, discando o número de null enquanto andava de um lado para o outro.
– O que ela está tentando fazer? – null perguntou quando Bethany veio se sentar do seu lado.
– Não faço ideia.
null se levantou do sofá e foi até a cozinha buscar a garrafa de vinho. Serviu as duas amigas e se sentou no braço do sofá, ao lado de null.
– Essa mulher é louca.
– Doidinha de pedra. – Concordou Bethany.
– O que null null viu nela? – null refletiu mais uma vez naquela noite.
– Certeza que ela tem alguma coisa debaixo daquela saia, não é possível. – null respondeu, concordando com as amigas que se seguraram para não responder “eu te disse”.
…
A noite do pijama tinha sido um desastre. Já tinha se passado uma semana e null ainda se sentia mal com a história do pijama, e pior, ainda estava ignorando as mensagens de null, que insistia em ter uma explicação do porquê Lis estava tão brava com ele naquele dia.
null tinha certeza que Lis tinha inventado alguma mentira. Feito ela ou as amigas ficarem feias em frente a null, e ela não sabia se sentia raiva da menina ou do amigo por não estar acreditando nela.
A garota tentava de toda forma concentrar no seu trabalho. Normalmente ela amava trabalhar na Barnes and Nobels. Ficar entre livros, indicar os melhores para leitores indecisos e, nos intervalos, passar um tempo na sessão de novidades, anotando quais deles iria adquirir em breve.
null era viciada em livros desde que se entendia por gente. Era neles que ela escondia todas as suas inseguranças e esperanças de que um dia seu crush iria notá-la. Ou não.
E, pensando exatamente nisso, a menina foi para sua sessão de livros favoritos para escolher um para levar para casa. Seu expediente tinha chegado ao fim, e era o mínimo que ela poderia fazer por si mesma naquele momento.
– Será que a gente pode conversar? – null estava tão concentrada na prateleira à sua frente que assustou. Principalmente quando reconheceu aquela voz tão familiar.
Ela se virou com os braços cruzados para encarar null null, que a olhava de uma forma triste.
– Diga.
– Não aqui. Sei que já acabou seu turno, topa uma partida de minigolfe?
null pensou em recusar. O que ela ganhava nutrindo essa paixão platônica que não a levaria em lugar nenhum? Mas ela simplesmente não conseguia dizer não. Quando se deu conta, já estava no carro de null em direção ao 401 Par Golf.
Os dois se sentaram no restaurante que tinha logo na entrada do parque. null ficou perguntando-se se null não iria jogar, mas o rapaz não fez nenhuma indicação de se levantar e ir atrás de fichas.
null pegou o celular, abriu em alguma tela que, de início, null não entendeu muito bem e colocou na frente de null.
– Você consegue me explicar por que recebi essas mensagens?
null olhou para o amigo sem entender do que ele estava falando, mas então abaixou o olhar e viu que era a conversa com Lis. Nas mensagens, a garota reclamava do porquê null não estava respondendo, mas logo em seguida dizia que null e as amigas estavam desprezando ela, que não tinham valorizado o presente que ela levara com todo carinho e que tinham escolhido um filme sem levar em conta a opinião dela. null parou de ler naquele ponto, porque viu que as reclamações seguiam, junto com algumas outras mentiras e distorções de fato.
– O que você quer que eu fale? – Ela olhou para null de forma desafiadora, sabia que nada do que dissesse iria mudar a forma de pensar do rapaz.
– Diga-me que vocês não fizeram isso com ela. Lis é uma pessoa difícil, mas na maioria das vezes ela faz as coisas com a melhor das intenções.
– Sim, como comprar um presente com o número dela para todas nós e dizer que fizemos pouco caso. null, você acha mesmo que uma roupa com o tamanho de modelo da Lis iria caber em mim? Eu sou gorda, cheia de curvas e excesso de pele. Nem tentei experimentar o tecido que não caberia nem no meu braço. – null soltou sem pensar no que estava falando.
– null, você não é gorda… É cheinha apenas.
– É, e o seu problema é que você enxerga só o que quer. Não consegue ver que as coisas vão muito além do que o seu mundinho perfeito de jogador de hóquei.
null sabia que tinha sido cruel. Sabia que não era verdade e que null era um excelente amigo. Ele já a tinha ajudado em várias situações complicadas e sabia o quanto null o valorizava. Mas antes que o rapaz pudesse responder, o assunto da conversa chegou à mesa.
– null? Que coincidência! O que você está fazendo aqui? – Lis disse, sentando-se ao lado do namorado e dando um selinho nele, fazendo com que null revirasse os olhos.
– Eu quem lhe pergunto. O que você está fazendo aqui? – null olhou para a loira.
– Vim com uns amigos, mas quando te vi, resolvi fazer uma surpresa.
– Bem, eu já estava de saída. Vai querer carona, null? – null empurrou a namorada do banco e se levantou.
– Você me trouxe para onde não tem ônibus, né? Então sim. – null se levantou, pegando a sua mochila cheia de livros e um moletom.
– Ai, amor, você pode me deixar em casa também?
null respirou fundo e apenas fez sinal para que ela o seguisse.
Durante todo o caminho até a casa de Lis, o silêncio reinava no carro. null teve medo que a namorada fosse reclamar de ser deixada primeiro, ou até mesmo que ele não tivesse entendido alguma segunda intenção, mas naquele momento ele realmente não estava a fim de lidar com ela.
– Tchau. – Disse, seco, quando Lis tentou beijá-lo antes de descer do carro e ir embora.
– Você vai mesmo continuar com isso? – null quebrou o silêncio quando já estavam quase chegando em sua casa.
– Com o quê?
– Sério mesmo, null? Você não consegue ver que essa garota não gosta de você? Ela está apenas te usando! Sabe do seu dinheiro, das suas influências e olha apenas para o próprio umbigo. Sem falar que apareceu do nada em um parque de minigolfe, tipo, oi? Freak too much?
– Ela é legal. – Foi tudo que null disse quando parou o carro na porta do prédio onde null morava.
– Então tá. Continua sendo trouxa aí, mas não venha me procurar quando descobrir que “legal” não é o suficiente. – null bateu a porta e foi embora, deixando null sozinho com uma confusão enorme de sentimentos.
…
Alguns dias se passaram e null tentava dizer para si mesma que não se importava com a distância de null. A temporada de hóquei estava quase no fim, então o jogador iria passar as férias em alguma praia paradisíaca com a namorada metida a modelo dele, e nada disso era problema de null.
Ela quase não abria mais o Instagram. O Facebook já tinha sido excluído há meses, e ainda bem que ela tinha um Twitter fã-clube de ACOTAR, onde ela postava desabafos e reclamava sobre a vida com pessoas que não faziam ideia de quem era null Williams.
Então, quando a campainha tocava incessantemente em um domingo de manhã, null pensou que poderia ser qualquer pessoa, menos null null.
Abriu a porta ainda de pijama, com o cabelo amarrado em um coque bagunçado e um livro de 800 páginas em baixo do braço, e quase fechou a mesma na cara do jogador pelo susto que levou.
– Mas que mer…
– Eu precisava te ver. Posso entrar?
null abriu a porta e sinalizou para que ele entrasse. Fechou a porta e arrumou o cabelo, soltando e prendendo em um rabo de cavalo decente. Ao menos isso ela faria, já bastava as roupas que não favoreciam em nada seu corpo já fora do padrão.
– Eu terminei com a Lis. – Foi a primeira coisa que null disse ao se sentar no sofá. – Você tinha razão.
– Eu não vou dizer “eu te disse”. – null resmungou, sentando ao lado do amigo.
– Vai, eu sei que você está louca para falar.
– Tá bom. – null fez uma pausa, olhando para null. – Eu. Te. Disse. Aceita um café?
A morena levantou do sofá e null foi atrás dela até a cozinha, os dois rindo como se nada tivesse acontecido. Mas ambos sabiam que algo em sua dinâmica tinha mudado. Eles não conseguiam mais se sentir leves ao lado um do outro, muitas coisas passaram a ser não ditas, e nenhum dos dois iria ser o primeiro a admir.
Ciúmes, preocupação, carinho, amor. null aos poucos estava enxergando as pequenas ações de null. Como ela colocava o cabelo para trás da orelha quando estava nervosa, como ela sorria mais quando ele conversava com ela e como ela prestava atenção nas coisas que ele dizia.
Aos poucos, null também foi percebendo que null poderia ser mais do que só aquela amiga, que seu coração perdia algumas batidas quando ela estava presente nos jogos, ou como ele queria fazer de tudo para que ela ganhasse mais autoconfiança. null queria ver null indo longe, tão longe que ele tinha medo de não conseguir alcançá-la. Medo dela ser demais para o caminhãozinho dele.
E então ele entendeu: não existia isso de ser melhor ou pior. Não era um rosto bonito ou um manequim 36. Não era sua conta bancária ou o lugar onde passava suas férias. No final, o que mais importava era quem estava ali todos os dias. Quem te ouvia quando você não estava bem e quem também ria com você nas melhores horas.
Eventualmente, eles iriam encontrar o caminho certo um para o outro. Eventualmente, null iria ver que null não era One of Those Girls.
Fim.
Nota da autora: Esse conto foi um parto. Já tinha a ideia para ele há muito tempo mas nada parecia se encaixar. No fim, só tentei escrever um clichê com um toque diferente ao imaginar a pp com um corpo mais cheinho, mas me recuso a dizer fora do padrão, até porque, o padrão deveria ser ter dois olhos, um nariz e uma boca não é mesmo? Qualquer coisa só vir no meu twitter @ichbin_yulia ou entrem no meu grupo do facebook. Beijos!
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