Capítulo Único
Terça-feira, 3:30 P.M.
O aeroporto da pequena ilha não estava nada cheio, justamente por não ser tão comum receber tantos visitantes fora de temporada. Isso tecnicamente era bom; as filas não estavam grandes, as esteiras para pegar as bagagens tampouco estavam com uma quantidade grande de malas e pessoas. Essa era minha época favorita para viajar e, também, a única.
Por ter tantas programações, tanto individuais quanto grupais, só me restava o final do verão para poder descansar e ver quem eu gostaria de ver. As férias eram o momento mais esperado do ano.
Caminhando para fora do aeroporto, também era possível ver que ninguém andava por ali e que tudo não passava de uma tranquilidade.
Como o voo havia chegado antes do esperado, meus amigos também iriam demorar alguns minutos para chegar. Mas, incrivelmente, era possível dizer que o mundo parecia conspirar a favor de quem é a favor dele. Ela estava ali, saiu por aquela porta que minutos atrás eu estava saindo.
Foi um choque vê-la depois de alguns meses? Sim, mas foi um alívio vê-la bem e saudável. Eu estava esperando por esse momento, o momento de vê-la depois de tanto sentir sua falta.
– Oh! – ela fez uma cara de surpresa. – Você chegou cedo também?
– Estou aqui há alguns minutos! – eu a encarei e a vi acabar sorrindo sorrateiramente para algo atrás de mim. Não me atrevi a virar para verificar, mas através do próprio espelho pude ver uma família do outro lado da rua, mãe, pai e seu pequeno. O garoto fazia algumas gracinhas, e era possível ver seus pais rindo do mesmo com muito amor visível. – Você sempre gostou de crianças. – eu deixei as palavras escaparem de minha boca, palavras que prometi serem deixadas apenas em minha mente.
– Eu continuo. – ela, dessa vez, foi normal em relação a suas respostas, muito diferente de algum tempo atrás. – Eu não mudei, .
– Eu sei. – eu abaixei a cabeça instantaneamente. – Eu apenas... Deixa para lá. – obviamente o silêncio estranho iria se instalar até nossos amigos chegarem, claro, se aquele encontro repentino tivesse acontecido alguns dias atrás. – Por que seu voo chegou mais cedo?
– Eles disseram algo como “o clima está bom, o aeroporto está vazio, aproveitem os seus dias”. Realmente não sei até o momento se essas foram palavras ditas pela aeromoça ou pelo piloto, eu estava mais dormindo do que acordada. – ela riu da maneira que apenas ela sabia fazer, ela riu de maneira fascinante.
Era bom vê-la de novo e vê-la bem.
– Eu diria que foram ditas as mesmas palavras pela aeromoça do meu voo, se eu não estivesse dormindo igual uma pedra no momento em que pousamos. – eu também ri, lembrando-me da jovem aeromoça sacudindo-me. – Provavelmente, de início, a aeromoça pode ter pensado que eu estava morto.
– Sei muito bem como funciona seu sono, simplesmente horrível te acordar! – ela sorriu. – Pobre aeromoça! – ela abaixou sua cabeça, sorrindo mais uma vez.
Ah, repito mais uma vez, como era bom vê-la sorrir.
– Olá! – uma garota com a expressão tímida disse, cutucando-me levemente o ombro. – Você é o , certo? – ela sorriu, animada, assim que assenti. – Podemos tirar uma foto com você? – eu apenas assenti mais uma vez, e ela se voltou em direção a .
– Nem precisa pedir. – sorriu, amigável, pegando o celular da garota em seguida.
Aquilo tudo apenas durou como uns cinco minutos e elas se foram, deixando-me mais uma vez sozinho com .
– Vocês chegaram mais cedo! – foi possível escutar o gritinho agudo muito bem reconhecível de , que em seguida desceu correndo do carro. – Seus cretinos, por que não avisaram?
– Se soubéssemos, avisaríamos! – disse, correndo em direção ao carro. – É tão bom vê-los juntos. – a voz de um dos amigos soou, e em seguida um grito de susto também soou da mesma boca.
– Cala a boca, insensível! – obviamente algum tipo de ato bruto havia vindo de .
– É bom vê-los também. – eu disse logo para que mais uma vez ele apanhasse ou algo do tipo. – E é bom vê-la de novo.
– Vamos? – disse, batendo na porta do carro. – Nós temos que aproveitar cada minuto que existe, afinal nós temos um idol entre nós, e esse tempo é precioso.
Durante todo o percurso, eu podia ver o quanto cada gesto vindo dela era gracioso para mim. Ela havia posto uma de suas mãos para fora da janela, e eu observava aquilo com grande apreço. De todas as formas que eu a conhecia, com toda certeza aquele era o meu “eu” dela preferido. Ela sabia aproveitar as pequenas coisas, e isso me fascinava, afinal somos jovens, selvagens e livres. Mas também temos que saber apreciar as pequenas coisas que a vida nos dá. E eu, com toda certeza e dificuldade, apreciava-a.
Existem aqueles dias em que você sabe que o melhor a se fazer é ficar em casa, embolar-se nos edredons e fingir que nada do mundo pode te atingir. Também existem aqueles dias em que você tenta fazer de tudo para que nada dê errado, você engole seu orgulho e prende a respiração nos momentos em que quer explodir e xingar todos a sua volta, e então você coloca um sorriso no rosto e finge que nada de ruim está acontecendo, você finge que seu mundo não está caindo em ruínas e que seu coração não está prestes a ser arrancado do seu peito.
– Você precisa dar um jeito nessa bagunça, , seus fãs são a parte mais importante nessa equação – era tudo que eu vinha ouvindo desde que aquelas malditas fotos tinham sido vazadas para a mídia; era tudo que tinha sido empurrado em minha direção desde que 90% dos meus fãs tinham se voltado contra a dona do meu coração.
Não era justo.
Não era justo eu ser obrigado a escolher entre minha carreira ou a mulher que amo. Era cruel demais, era horrível imaginar minha vida sem qualquer uma das opções.
A música era parte da minha vida, e tinha se tornado minha vida nos anos em que nosso relacionamento vinha alcançando. Ela era aquela que colocava um sorriso em meu rosto pela manhã e afastava meus medos pela noite, ela me segurava em seus braços amorosos durante meus momentos de desespero e sussurrava com a voz mais suave do mundo que tudo ia ficar bem. Ela era meu ponto de estabilidade, e agora eles queriam eu a deixasse. Eles queriam que eu me afastasse dela e seguisse como se nada estivesse acontecendo, como se eu não fosse morrer por dentro ao vê-la ter que partir.
Eu não queria isso.
Eu não queria ter de abandoná-la desde que ela tinha abandonado tudo para estar ao meu lado. Ela tinha deixado sua casa, sua família e amigos para trás sem pensar duas vezes só para que eu pudesse seguir meu sonho, e agora eu estava prestes a abandoná-la? Era tão errado. Era desleal ao que nós tínhamos construído ao longo dos anos, era como sujar toda nossa história com aquela decisão tão cruel.
Pisquei meus olhos, finalmente tomando coragem para entrar no apartamento no qual eu vinha dividindo meus melhores momentos com . Meus olhos percorreram toda sala e eu sorri ao encontrá-la sentada confortavelmente na grande poltrona de frente para a janela, onde o vento frio da noite entrava e bagunçava seus cabelos. Ela se virou em minha direção assim que o barulho da porta se fechando se propagou pelo cômodo.
E foi aí que eu notei o quão vermelhos seus olhos estavam, seu pequeno nariz também se encontrava avermelhado e ela tinha um sorriso triste em seus lábios. Isso partiu meu coração.
era o tipo de pessoa que nunca deveria ter um sorriso triste no rosto, ela merecia toda a felicidade do mundo, e eu comecei a sentir-me a pior pessoa do mundo por ser o causador de sua tristeza.
Meus pés me levaram em sua direção sem desviar os olhos dos dela por um segundo sequer.
– Você estava chorando. – meus dedos se perderam em seus cabelos e ela suspirou, deitando seu rosto em minha mão.
– Eu não posso mais lidar com isso, . – eu pisquei, confuso, e aproximei meu corpo do seu, e então meu coração foi quebrado mais um pouco quando ela deu dois passos para trás. Sua mão puxou a grande mala cinza que estava até então muito bem escondida atrás do sofá.
– O que você está fazendo? – minha voz tremeu e ela engoliu em seco, puxando todo o ar ao seu redor para dentro de seus pulmões em seguida.
– Eu não posso ser egoísta ao ponto de fazer você escolher, eu não posso ficar aqui esperando e ao mesmo tempo vendo você desmoronar. – ela puxou mais uma lufada de ar e se virou na direção da janela. – Eu não posso ficar aqui vendo o que está acontecendo com você em silêncio. , eu amo você, e por amar você, eu não posso permitir que você sofra mais. Meu coração está sendo quebrado, mas eu quero que o seu se mantenha intacto.
– Você acha que com tudo que tem acontecido com você o meu coração continua intacto?
– Eu sinto muito mesmo, mas eu não posso lidar com isso. Não posso lidar com tudo que as pessoas têm falado sobre mim ou minha vida. – seus olhos se viraram em minha direção e ela deixou escorrer uma lágrima solitária. – Eu preciso ir embora, preciso da minha vida de volta. Essa não é a vida que eu escolhi para mim.
O ar em meus pulmões não era suficiente para me fazer ficar de pé naquele momento, então meus joelhos cederam e eu me sentei no sofá, puxando uma grande quantidade de oxigênio para dentro, na tentativa de não sufocar.
– Você está me deixando? Depois de tudo o que vivemos, você está me deixando?
– Eu sinto muito mesmo, mas tudo isso é demais para mim.
E então ela deixou nosso apartamento, levando sua mala e meu coração junto com ela.
Terça-feira, 16:00 P.M
Não nos dirigimos diretamente à casa para levar as coisas. Era como tinha dito, cada minuto era precioso nessas férias, e eu havia entendido o real sentido por trás das palavras; ela estava tentando me ajudar a resolver tudo que eu e ainda trazíamos pendentes. Ela sabia que eu a amava e também sabia que apenas quis me proteger e se proteger quando acabou indo embora.
Estávamos na praia, um dos lugares favoritos de , o que torna especial para mim também, afinal onde me declarei a primeira vez também foi nessa mesma praia anos atrás. Porém, a alegria de ela estar perto de mim mais uma vez não era única, toda essa cena de arrumar um piquenique na praia e estarmos reunidos me lembra de anos atrás, quando eu realmente ainda conseguia separar tempo para estar com eles. Era uma cena tão nostálgica e cheia de alegria que eu apenas sentia vontade de me sentar e ficar observando eles para que a recordação fosse maior e mais vívida em mim.
E foi exatamente isso que eu fiz, por um instante, eu apenas os observei até me dar conta de que um olhar pairava sobre mim, trazendo um sorriso que eu já conhecia muito bem quando notado. Era ela mais uma vez fazendo-me desejar que ela fosse apenas minha pelo resto do verão, pelo resto da minha vida.
Ela era divertida.
Ela era amorosa.
Ela era ela.
E ela não me odiava como pensei que aconteceria.
nos tirou daquele momento entre apenas nós dois com seus gritos histéricos, enquanto nossos amigos riam e se levantavam. havia agarrado a garota e colocado a mesma em seus ombros, impedindo-a de sair e levando-a em direção a água fria do mar. Todos também se levantaram e o seguiram, mas não ela. E, se ela não fosse, eu também não a deixaria sozinha, afinal era ficar a sós com ela que eu queria no momento.
Nós dois caminhamos, sorrindo ao ver a cena. Nossos amigos estavam prestes a se casar, e sabíamos que aquilo seria uma bagunça completa, tanto por quanto para . Afinal, eles sem dúvidas eram a metade um do outro.
– Eles precisam de um do outro. – disse, sorrindo e analisando a cena. – Não os vejo sozinhos ou com outras pessoas, claramente necessitavam desse empurrãozinho ou outras histórias iriam ser interrompidas.
– Eu concordo! – minha ansiedade havia aumentado nesse momento. Aquela conversa não havia sido tão simples quanto parece, porém eu não sabia se minha mente estava se autodestruindo em pensar que ela realmente estava falando de nós dois, e não apenas de nossos amigos.
O clima havia ficado um tanto quanto confortável entre nós, porém não dizíamos nada, e eu precisava que alguma coisa fizesse nos aproximar mais uma vez. Como ela sorria, ainda observando nossos amigos, eu a despertei com um pouquinho de água.
– Por que não entra também? – perguntei, sorrindo, vendo-a se assustar com a água um pouco fria. – Eu sei o quanto você gosta de estar no mar.
– Hoje não! – ela retribuiu o gesto da água. – Amanhã apareço por aqui bem cedinho e faço isso. Agora você... – ela me olhou e sorriu, um pouco malvada. – Por que você não aproveita? – ela me empurrou de leve e de forma brincalhona em direção a água fria, fazendo-me pular algumas vezes pela temperatura da água.
– Já estamos aqui, você também deveria, não? – eu a abracei e a levei junto a mim com os pés na água, e ela riu alto e divertido, o que apenas me fez rir também.
E assim continuamos por um tempo. Estávamos confortáveis um com o outro de novo, agora sim parecíamos a e o de antigamente. Agora sim ela parecia de novo minha melhor amiga e primeiro amor.
Terça-feira, 17:00 P.M
Havíamos chegado à casa de mais um casal de amigos que não puderam estar com a gente na praia e nem no aeroporto, e era um casal que eu sentia muita falta, e . Eles, assim como , e todos os outros, também foram importantes para muitas coisas, como o início da minha carreira e, principalmente, com .
– Onde está a pequena Olívia? – perguntei, entrando na casa.
– Eu estou muito bem, obrigado por perguntar. – disse, irônico. – Como pode minha filha amar mais o tio do que o próprio pai, e o próprio tio amar mais a própria afilhada do que ama os pais dela. – ele riu e eu o cumprimentei com um abraço. – Ela está na casa dos avós, mais tarde ela aparecerá por aqui.
– Ainda me sinto mal por não ter aparecido no aniversário de seis aninhos dela. – eu lamentei. – Mas, para compensar, eu trouxe um monte de coisas para ela. Avise-a, por favor, irmão.
– E para mim? – brincou. – Eu ganho alguma coisa também?
– A minha presença é seu presente! – eu disse, sendo convencido.
Era possível observar de longe as três garotas daquela casa conversando animadamente sobre algo que não era possível entender. fazia alguma gracinha, mandava ela parar e ria com exagero. Era possível ver o quanto elas sentiam falta de estarem reunidas constantemente, e o pior era que eu havia tirado isso dela.
Anos atrás, quando me mudei para Seul, não queria ficar sem ela nem por um instante, foi quando fizemos nossa promessa de estarmos juntos, e ela partiu comigo para a capital. E, depois de tanto tempo, realmente vê-la longe de mim sentimentalmente e também longe de seus amigos, mas em questão de distância, deixava-me com o sentimento de culpa muito grande. No mesmo momento, olhou do local em que se encontrava, fazendo com que nossos olhos se encontrassem e um sorriso surgisse em sua boca, quase fazendo-me perder a respiração.
– Vocês já conversaram? – era observador o suficiente para ver que nada estava resolvido, mas que também nada estava acabado.
– Sobre nós? – o amigo balançou a cabeça em concordância. – Não, nos vimos hoje, depois de exatos três meses sem nos falarmos ou nos vermos. E tudo simplesmente parece como os tempos em que ainda estávamos descobrindo sobre tudo que sentíamos.
– Calma, vocês ainda vão ter tempo para isso! – eu sorri um pouco sem ânimo para ele.
Ele entendia o quanto me deixava confuso ficar longe dela e que a única coisa que me ocupava era trabalhar sem parar, uma das causas para que ela fosse embora também.
– Vamos jantar? – chegou, chamando todos que estavam ali reunidos nos outros cômodos.
– Ah, sim! – eu disse, animado. – No caminho vindo para cá, eu acabei comprando vinho para que possamos tomar. – todos sorriram e assentiram, agradecendo também.
Aquele ambiente era o meu favorito, todos reunidos em uma mesa grande com comida, bebida, sorrisos e risos, familiaridade. Era aquele ambiente de familiaridade que às vezes me fazia falta. Eles faziam parte da minha vida, e eu sempre deixei bem claro.
– Vamos fazer um brinde! – disse , levantando seu copo. – Um brinde às oportunidades e aos amigos.
Todos levantaram seus copos e os brindaram, mas eu também queria fazer um brinde, então também levantei o meu, dizendo algumas palavras que me haviam marcado “que sejamos sempre jovens, selvagens e livres” e todos gritaram de acordo.
– Você provou esse? – perguntou e eu sacudi a cabeça em negação. – Aqui. – ela me deu um pedaço do petisco em minha boca. – É bom, não é?
Não era possível dizer se , depois de todo aquele álcool, estava bêbada ou não, mas ela agindo dessa forma com toda certeza apenas me deixava mais confuso. Talvez ela estivesse confusa também, porém eu apenas não sabia o que fazer.
– Que tal uma música? – um dos amigos sugeriu. – Nós não somos os idols aqui, porém ele está de folga, então quem cantará somos nós.
A melodia e a letra eram tão bonitas que todos se aconchegaram para prestar atenção neles, eles eram e sempre foram talentosos, mas nunca quiseram seguir alguma carreira, como eu acabei seguindo. Eu também não queria seguir uma carreira nesse status, porém acabou acontecendo, e eu posso dizer que tenho amor no que faço, mas isso me afastou de muitas coisas que eu poderia ter tranquilamente. Como ela.
Por um momento, eu deixei de prestar atenção no que todos ao meu redor faziam para mais uma vez me pegar observando ela, que sorria animadamente para uma velinha que soltava faíscas. E assim como ela olhava admirando a velinha, eu olhava admirando a ela e, mais uma vez, admirando o quão preciosa ela era.
– Você quer dar uma volta? – eu a chamei sem nem mesmo pensar antes, e ela colocou sua atenção em mim.
– Claro! – foi o único que ela disse.
Caminhamos por um lindo caminho onde as árvores eram enormes e acabavam fazendo daquilo um túnel, a praia estava ao lado e a maré pela noite fazia uma harmonia com o silêncio, absurdamente lindo. Era o momento perfeito para tentar algo mais uma vez. Mas ao mesmo tempo era algo tão grande e difícil, como se voltássemos ao início e eu fosse me confessar para ela.
Sua mão estava livre e eu queria segurá-la, mas a insegurança não deixou com que eu agisse antes que ela caminhasse um pouco mais à frente, fazendo-me parar e observá-la, pensando em tudo o que passar, suportar e superar. Por que não faríamos isso agora?
– Você acha que nós teríamos continuado juntos se eu não tivesse partido aquele dia? – ela se virou em minha direção e o sorriso solto em seus lábios fez meu coração começar a bater em um ritmo um pouco mais frenético.
– Eu não teria desistido. – as palavras saltaram de minha boca e ela piscou lentamente antes de se virar para as estrelas novamente.
– Eu estava com tanto medo. – ela falou e então se abaixou, sentando em uma grande pedra no chão. – Eu não queria ser aquela que iria acabar com sua carreira, você lutou tanto para conquistar tudo o que você tem hoje.
– Eu só consegui porque tinha você ao meu lado. – sussurrei e ela soltou um pequeno riso nasalado.
– Você me dá créditos demais. – eu sorri e me sentei ao seu lado, nossos joelhos se encontraram e eu me virei em sua direção.
– Eu falo sério, eu não teria aguentado uma semana sem você ao meu lado. – ela virou seu rosto em minha direção, com um sorriso de lado, e eu mordi meu lábio inferior na tentativa de manter meu sorriso casual.
– Nós éramos incríveis juntos. – ela riu e olhou para o mar. – Foi aqui que você disse que me amava pela primeira vez.
– Eu sei.
– Por que não pode ser fácil para nós também? Quero dizer, olha como a e o estão felizes com a família deles. – ela começou a gesticular. – A e o vão casar! Casar! Aqueles dois nem gostavam um do outro quando nós éramos crianças. – eu ri, lembrando do quanto eles costumavam brigar durante nossa adolescência. – Mas nós sempre nos amamos, e olha onde estamos. Eu sinto tanto sua falta!
– Eu não queria que tudo virasse essa bagunça que se tornou nossas vidas. – suspirei e me virei em sua direção. – Eu só queria ser feliz ao seu lado, só queria poder fazer minha música e abraçar minha garota sem que todos ficassem tentando me convencer de que aquilo é errado. – ela se virou em minha direção e passou uma das mãos por meu cabelo.
– Você sofreu muito com minha partida, não é?
– Eu ainda sofro. – confessei e ela engoliu em seco, deitando a cabeça nos joelhos dobrados
– Eu queria tanto que nós pudéssemos ficar juntos. – sua voz saiu baixa e eu senti meu interior vibrar.
– Nós podemos, ! Meu Deus, por que você insiste em dizer que não podemos ficar juntos? – ela me encarou e então se levantou, esticando o corpo, eu a acompanhei e parei ao seu lado.
– Eu não quero fazer você escolher, .
– 0 e você continua tentando me afastar! – puxei mais uma lufada de ar, tentando manter a calma, e caminhei até estar parado de frente para ela. – Você nem sequer me deixou falar, você não perguntou o que eu achava sobre tudo isso. Você só virou as costas e sumiu por meses. – a mágoa em minha voz era notável, e abaixou a cabeça, mantendo seus olhos longe dos meus.
– Eu achei que estava fazendo o melhor para nós dois!
– Eu sei, querida. – aproximei-me e segurei seu rosto com ambas as mãos. – Mas o melhor para nós é ficarmos juntos!
– Mas seus fãs me odeiam!
– E daí? Elas vão ter que entender que sem você não existe um feliz, elas vão ter que entender que preciso de você para respirar. – colei nossos corpos e levantou a cabeça, encostando nossas testas. – Que eu preciso de você para viver.
– ...
– É sério, , eu não ligo para o que ninguém vai dizer. – sorri e fiz um pequeno carinho em seu rosto. – Eles podem fazer ou falar o que bem entenderem, eu só me importo se no final do dia eu vou poder correr para seus braços e te fazer sentir a mulher mais amada do mundo. – ela sorriu e eu não consegui segurar meu próprio sorriso. – Porque é isso que você é, a pessoa que eu mais amo nesse mundo.
– ...
– Eu te amo, , e eu não vou deixar você escapar pelos meus dedos novamente. – interrompi-a mais uma vez e ela gargalhou.
– ! Será que dá para você deixar eu falar? – eu concordei e ela suspirou. – Desculpe-me por fugir daquela forma, eu só queria tornar as coisas mais fáceis para você.
– Você não tornou.
– É, agora eu sei disso, então eu vou deixar de me importar com que os outros falam. Eles podem achar que nossas escolhas estão certas ou erradas, podem nos julgar, mas se você não liga, eu também não vou ligar. – sua voz levou um arrepio por todo meu corpo e eu sorri abertamente para ela.
– Eu não ligo para nada!
– Então eu também não ligo. – eu senti todo o peso que vinha carregando nos últimos meses ser arrancado de mim e relaxei meu corpo, aproximando mais meu corpo do dela, nossos lábios roçaram um no outro e ela sorriu, passando os braços por meu pescoço.
– EI, O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO? AI, MEU DEUS, VOCÊS IAM SE BEIJAR! AI, QUE BURRA QUE EU SOU. – soltou uma gargalhada e eu não consegui segurar meu próprio riso. – CONTINUEEEM!– Ela virou as costas, voltando na direção da casa. – E SE BEIJANDO DEBAIXO DA ÁRVORE LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ.
começou a rir em meus braços e eu a abracei, colando nossos corpos e rindo junto com ela.
– Quem deixou essa criança casar, hem? – perguntei e me olhou com os olhos brilhando.
– Eu amo você. – meu coração perdeu uma batida, e eu juro que senti meus joelhos querendo ceder.
Eu amava tanto essa mulher que uma simples declaração vinda dela era capaz de deixar meu mundo inteiro de cabeça para baixo, ela era a única capaz de me tirar dos eixos e também a única capaz de me colocar neles. Era a porra do amor da minha vida.
– Eu amo você.
Epílogo
’s P.O.V
As pétalas de rosas espalhadas por toda a faixa de areia eram a coisa mais linda que eu já tinha visto na vida. As cadeiras enfileiradas sobre o deck que tinha sido montado na faixa de areia próxima a casa recém-comprada por e , as flores espalhadas pelo local e o pequeno altar montado deixava o visual calmo e totalmente a cara do casal pronto para subir nele.
As pessoas circulavam pelo local, escolhendo seus lugares, enquanto eu não conseguia desviar meus olhos do altar. Finalmente tinha chegado o dia pelo qual nós tanto esperamos, o dia em que todo mundo poderia sentir aquele amor como eu podia. Minhas mãos estavam suando, e eu as sequei no longo vestido que eu usava.
– Tia , você está muito linda. – Olivia sorriu para mim e eu não pode deixar de sorrir para ela.
– Você vai roubar toda a atenção hoje, querida, eu nunca vi uma daminha tão linda como você. – o sorriso banguela dela aumentou e os olhos, que eram a cópia exata do pai, piscaram em minha direção.
– Papai disse que nada no mundo é mais lindo do que eu. – ela suspirou e levou a pequena mão até as bochechas rosadas. – Eu sou uma princesa, sabia?
– Qualquer um que te vir saberá que você é uma, querida. – ela sorriu, satisfeita, e desviou os olhos para algo atrás de mim
– TIOOOOOO. – Olivia correu até os braços de , que a pegou no ar e beijou seu rosto, caminhando até mim
– Você está pronta? – perguntou e eu sorri, concordando.
– Esperei por isso a minha vida toda! – falei e mexi na gravata em seu pescoço. – E você? Está pronto?
– Meu amor, eu nasci pronto!
Meus pés descalços foram retirados da areia assim que levantou meu corpo em seus braços, dando uma pequena rodada antes de selar seus lábios nos meus. Meu coração acelerou e eu abri o maior dos sorrisos para ele, que mordeu o lábio, olhando no fundo dos meus olhos.
– Você tem noção do que nós vamos fazer daqui a alguns minutos? – ele se colocou ao meu lado, segurando minha mão e olhando para o altar.
– Eu sei! Ainda não acredito que isso está realmente acontecendo. – ele sorriu e passou a mão na coroa de flores de minha cabeça.
– Isso é a porra do amor, querida.
A organizadora da cerimônia começou a andar em volta da gente e organizar todas as posições certas para dar início ao show. Quando meus pés descalços finalmente tocaram a areia branca, meu corpo inteiro se arrepiou, e eu não consegui apagar o grande sorriso estampado em meu rosto. segurou meu corpo mais próximo ao seu, e eu caminhei até meu lugar no altar, bem ao lado do homem da minha vida.
E então meus olhos se viraram para a estrela daquela manhã ensolarada, o sorriso dela contaminou todos presentes na cerimônia, e eu tive vontade de pular ao redor dela e comemorar que aquele dia finalmente estava começando.
apertou o braço de quando notou seu irmão mais velho, que por um milagre tinha conseguido uma dispensa no exército, na primeira fileira de convidados, e então seus olhos pousaram em mim e ela sorriu mais ainda.
Ela estava feliz e, por ela estar feliz, eu também estava.
– Nunca imaginei que nós iríamos casar esses dois. – murmurou em meu ouvido e eu suspirei.
– A vida tem dessas coisas.
O pastor responsável pela União de nossos amigos começou todo aquele discurso sobre o amor e família, e eu fixei meus olhos no perfil sorridente de , ele parecia fascinado com tudo que acontecia à nossa frente.
– As alianças, por favor?
Olívia começou a caminhar devagar, carregando a pequena cesta com as alianças, seus cabelos balançavam com o vento, e ela sorria na direção de todos.
– Acho que eu estou apaixonado. – murmurou ao meu lado e eu sorri abertamente para ele.
– Eu te entendo.
pegou as alianças de Olivia e então segurou sua mãozinha, ajudando-a ir até seu pai na fileira da frente, e então está de volta no lugar, olhando para , que mantém o sorriso gigantesco no rosto. O pastor pede que eles deem as mãos.
De onde estou, não consigo ver o rosto de direito, mas eu posso ver perfeitamente, e nesse momento sua expressão é cheia de respeito e amor.
O ministro introduz a parte dos votos da cerimônia, e então começa com o noivo.
– Eu, . – ele diz. – Aceito você, , como minha amiga e esposa. Para ser seu na riqueza e na necessidade, na doença e na saúde. – repete os votos e eu seguro o braço de , que sorri, entregando-me um lenço branco. – Na alegria e na dor inevitável, em momentos de falhas e momentos de glória, eu prometo amar e respeitar você, cuidar e proteger você, confortar e encorajar você, e ficar ao seu lado para sempre.
Ah, cara. Meus olhos ardem como loucos conforme eu ouço um dos meus melhores amigos repetir aquelas palavras lindas para a mulher que ele escolheu amar, porque eu sei que ele vai cumpri-las. E o olhar de de volta para era como se ela estivesse ouvindo as palavras de amor pela primeira vez na vida. Como se fosse melhor ela não respirar, porque ela poderia perder alguma coisa.
E eu percebi que queria isso, também. Eu quero ver de frente para todos aqueles que amamos olhando-me como se tivesse ganhado na loteria. E eu quero que ele tenha certeza que eu também ganhei no momento em que nossos olhos se encontraram pela primeira vez.
Quando é a vez de , ela levanta seu queixo, preparando-se e tentando fazer as lágrimas em seus olhos secarem.
O ministro lhe dá a primeira linha de seus votos, e ela sorri, ouvindo tudo atentamente.
– Eu, , te aceito, , como meu amigo e marido.
– Eu, . – sua voz embargada pelo choro me faz sorrir. – Aceito você, , como meu amigo e marido.
– Para ser sua na riqueza e na necessidade.
– Para ser sua na riqueza... – ela limpa sua garganta, e suas bochechas ficam rosadas. – E na necessidade.
– Na doença e na saúde...
repete cada linha devagar, apesar de sua voz se tornar um pouco mais rouca cada vez. – Eu prometo amar e respeitar você...
Aquele era o final feliz dos meus melhores amigos, e eu sorri, virando meu rosto novamente na direção de um sorridente. Ele mantinha seus olhos no casal a nossa frente, e eu me dei conta mais uma vez de que ele era o meu felizes para sempre.
Ele era o MEU final feliz.