Finalizada em: 07/01/2017

Capítulo Único

"A vida é um grande emaranhado de encontros e desencontros. Às vezes temos que nos perder para nos encontrarmos. E as vezes, nos encontramos apenas para nos perdermos. E você nem ao menos pode controlar, pois a partir do momento que a decisão foi tomada, a reação está ali, ao lado, esperando apenas o seu momento de entrar. E então você está perdido novamente."

Maio 2014
- Oi, sou , a nova neurocirurgiã. Hoje é... - foi interrompida por vários médicos correndo.
- O que temos aqui? - Uma moça loira perguntou enquanto colocava luvas descartáveis.
- Um cano de gás explodiu em um prédio. Cinco feridos, alguns seriamente. - Respondeu um rapaz. não pensou duas vezes. Amarrou seu cabelo, pegou um avental descartável, luvas e os seguiu.
- Lucas Hamestel, 34 anos, abdômen atingido, fratura no crânio, queimaduras de terceiro grau em 30% do corpo. - Disse o paramédico enquanto abria a porta da ambulância.
- Eu fico com ele. Reserve a sala de operação dois e chame o neuro. - Disse um homem loiro.
- Eu sou neuro. Posso ajudar. - Disse .
- Encaminhe os próximos para a triagem, e chame a plástica e a cardio. - Continuou o homem antes de seguir com o paciente para a triagem. - Você é a nova neuro? , né? - Disse ele e confirmou. - Meu nome é , sou cirurgião de trauma. - Ele sorriu. - Temos aqui o seu presente de boas-vindas. – Disse, tirando o tampão do ferimento.

+++


- Chefe! - Exclamou . seguiu o olhar do colega até o homem que adentrava ao bar. O mesmo sorriu e seguiu em direção a mesa que ela estava sentada, até Hanna resolver que queria paquerar o barman e a arrastar com ela.
Hanna era a chefe da pediatria. Haviam se conhecido no pequeno intervalo que fez para ir comer qualquer coisa. Em quinze minutos as duas já pareciam amigas de anos, o que deixou a neuro muito feliz. Estava com medo de sentir-se deslocada.
- Então esse é o famoso Chefe ? - Perguntou a neurocirurgiã. Hanna, nada discreta, olhou para a mesa e confirmou.
- Sim. Vocês ainda não se conheceram? Ele gosta de recepcionar os novos cirurgiões.
- Acho que nos desencontramos. - Respondeu , observando o homem. - Soube que ele voltou há pouco tempo do deserto. - Continuou.
- Sim. - Hanna disse. - Faz alguns meses, ouvi falar que ele foi dispensado. Doutor Orella, o chefe anterior, o conhecia do exército e o convidou para assumir o seu lugar.
Enquanto Hanna falava, o observava. Não demorou muito para que o homem notasse seus olhos sobre si.
sorriu e sustentou o olhar da mais nova. Não sabia bem o porquê, mas estava ansioso para encontrá-la. Não havia tido uma oportunidade de apresentar-se, o que o motivou a ir encontrar seus colegas no bar. Sabia que ela estaria lá.
- Ele é solteiro. - Disse Hanna, notando que não tirava os olhos de .
- Que bom! - Ela disse, rindo, enquanto pedia outra bebida.
- Não acredito. Vou ter que ir, desculpa. - Disse Hanna, observando seu pager que a chamava para alguma emergência. Hanna pegou suas coisas com pressa e saiu em seguida.
Era tarde e a estava cansada, não esperava ter um dia tão corrido. Estava tão acostumada com a rotina calma da clínica que trabalhava, que havia esquecido de como era bom esse ritmo frenético de um hospital.
Bebeu todo o conteúdo de seu copo e pediu mais uma, iria embora logo em seguida.
- ? - Sorriu ouvindo meu nome ser pronunciado.
- Boa noite, Chefe. – Disse, sem observar o homem que se sentava ao seu lado.
- Não conseguimos nos encontrar hoje. - Disse . - Eu costumo recepcionar os novos cirurgiões.
Ela sorriu enquanto ele pedia uma dose de qualquer coisa. - . Major . - Ele ofereceu a mão em um cumprimento.
- Muito prazer, Major. - disse, mordiscando o canto do meu lábio inferior enquanto apertava sua mão.
- Como foi o seu primeiro dia? - Perguntou o homem.
- Nossa, uma loucura! Passei o dia todo na sala de operação. Duas craniotomias seguidas. - Disse a moça animada.
estava nervoso. Riu sozinho quando percebeu. Que bobeira, pensou. Pediu outra dose de whisky assim que terminou a primeira.
notou que estava inquieto ali, e procurou por uma mesa vazia. Encontrou uma no canto, próxima ao banheiro.
- Vem. Vamos pegar uma mesa. Acho que é mais confortável. - Disse , pegando sua bolsa. Ele concordou e a seguiu. Sentaram-se frente a frente. Ambos cheios de expectativas. Não eram apenas colegas de trabalhado se conhecendo, estava longe disso.
soube desde o início, desde quando o viu entrando naquele bar, desde que o observou conversando com seus amigos e, principalmente, desde que seus olhos encontraram com o dele que era ali, nele, que ela iria se encontrar.
E se perder, de novo.

Maio de 2014
Ela o notou assim que ele chegou ao bar e sentou no canto do balcão. Estavam comentando no hospital que ele havia perdido um paciente na semana passada e que desde então estava mal. Seu cabelo e estava comprido e sua barba estava por fazer, as olheiras também estavam enormes. Provavelmente fazia dias que ele estava no hospital sem dormir. Talvez esse tenha sido o motivo de ela não encontrar com ele por ali desde o dia que se conheceram.
- Boa tarde, Chefe . – Disse, sentindo-se ao lado dele. - Quanto tempo não o vejo por aqui.
- Doutora . - Ele cumprimentou-a. - Estive em um plantão interminável. Muitos problemas para resolver. - Disse ele sem dar importância.
- Coisas de chefe. - Disse a médica.
- Por aí. - Ele respondeu, virando sua bebida num gole e pedindo outra em seguida. - E você, está gostando do hospital? Você trabalhava em uma clínica antes né? Muito diferente?
- Demais! Lá era tudo tão calmo, estava até enferrujada. Não sabia que sentia tantas saudades de estar em um hospital até voltar. E olha que nem fiquei tanto tempo longe.
- Ficou quanto tempo na clínica?
- Quase quatro anos. Assim que terminei a residência fui pra lá. O salário era bom, tinha como crescer, fazer meu nome. Mas não era isso que eu queria. - Respondeu , dando um gole em sua bebida.
- Mas funcionou. - Disse ele.
- O quê? - Perguntou a moça sem entender.
- Você fez seu nome. Foi por isso que te contratei. Precisava de alguém que pudesse ser chefe do departamento. Quem está acima de mim não tinha tanta certeza devido à sua idade. Achavam que não daria conta. Eu até cogitei essa hipótese, mas depois que li seus estudos, sabia que não iria me arrepender. - Ele sorriu.
sabia que era quase impossível ela conseguir o cargo de chefe da neurologia de um hospital como aquele. Tinha praticamente acabado de tornar-se atendente. Mas é aquilo, o não ela já tinha. Quando ligaram para dizer que ela havia conseguido, ela não acreditou, perguntou várias vezes se tinham ligado para a pessoa certa. Nunca soube muito bem o motivo de ter sido escolhida. Mas tinha certeza que era boa o suficiente e que não se arrependeriam se a contratassem.
Ela só não sabia que tinha um dedo do chefe nisso.
- Que bom que acreditou em mim. - Respondeu ela piscando para ele, fazendo-o sorrir. - Você deveria sorrir mais, Chefe, fica bonito assim. - Disse antes de pedir outra bebida e a conta.
- Já vai? - Perguntou visivelmente chateado.
- Sim. Vai fazer um mês que estou aqui e ainda não terminei de arrumar meu apartamento. Tenho esperanças que finalmente eu consiga terminar hoje.
- Se você quiser uma ajuda, estou disponível. - Disse com um sorriso no rosto.
- Eu não conseguiria arrumar nada com você lá, Major . - Disse , rindo e fazendo-o rir também. A moça bebeu todo o conteúdo de seu copo antes de levantar.
- Marcamos alguma coisa qualquer dia desses. Preciso ir, descanse, doutor .

Junho 2014
- Você precisa me contar! - Dizia Hanna enquanto seguia até a portaria da emergência.
- Eu já disse. Não tem o que contar. Não aconteceu nada. - Respondeu a neuro.
- Como que não aconteceu, . Faz praticamente um mês que você está saindo com e não aconteceu nada? Nem um beijo? Pare de mentir! Você não pode me esconder uma coisa dessas!
- Eu não estou saindo com . Nos encontramos algumas vezes no bar, só isso. Pare de imaginar coisas, credo! O que temos aqui? - Ela olhou para o crachá da residente que estava na recepção. - Doutora Gomez.
- Nada. Hoje estamos parados. - Disse triste.
- Ótimo. Era o que me faltava. Nenhuma emergência e você aqui me enchendo o saco! - Disse para Hanna, que gargalhou encostando-se no balcão.
- Sei muito bem quem você queria aqui que tivesse te enchendo. Não disse de que. - Disse Hanna. a olhou horrorizada e riu.
- Quieta! Você é louca? - Hanna olhava por cima dos ombros da amiga e ria. Sussurrou um “ está aqui” e ficou completamente vermelha, fazendo Hanna rir mais ainda.
- Está tudo bem? - perguntou, observando as duas.
- Está tudo bem. A doutora não está muito bem, estava tentando ajudá-la.
- Oh, o que está sentindo, ? Quer que eu lhe examine? - Ele perguntou.
- Por favor. - Disse Hanna antes que pudesse falar qualquer coisa. - Eu preciso checar meus pequenos, até depois. - Hanna piscou e saiu a caminho da pediatria.
- Está tudo bem? - perguntou, analisando-a.
- Estou. Na verdade, não sei. - Para essa poderia ser oportunidade perfeita de testar se as teorias de que também estava interessado nela eram verdadeiras.
- Posso lhe examinar. Vamos até a sala de triagem. - Disse o médico. Ela concordou e o seguiu até a sala, fechando a porta assim que entraram. a olhou, questionando-a. não deixou que ele falasse, aproximou-se e o beijou. Um beijo simples, um encostar de bocas, que fez com que seu corpo todo formigasse. colou seu corpo no dela e a beijou novamente. Ansiava por esse momento desde o dia que a conheceu no bar. Não era mais um beijo simples, era um beijo com urgência, intenso. a pegou no colo, fazendo com que a mesma entrelaçasse as pernas em sua cintura e a encostou na porta. passou as mãos pelos cabelos dele e os puxou, dando espaço para que ela pudesse beijar o pescoço do médico, que suspirou. Ela não conseguia pensar em nada que não fosse tê-lo naquele momento. juntou os cabelos da moça em um rabo de cavalo e a observou. Sua boca estava inchada e vermelha, o batom estava borrado e sua roupa estava toda amassada. Acariciou os lábios dela com o polegar, fazendo a sorrir e a beijou novamente.
passou a mão pelos ombros do Major com o objetivo de tirar o seu jaleco. Queria senti-lo.
- Me diz que seu plantão já acabou. - Sussurrou , aproveitando para morder o lóbulo da orelha da médica.
- Sim. - Respondeu , tentando não gemer.
- Nós podíamos. - Ele sussurrava. - Sair daqui. - Continuo roçando seu corpo contra o dela, fazendo-a gemer baixo. - Eu não moro muito longe daqui. - Ele disse, mordendo o pescoço dela.
- Eu moro no outro lado da rua. - Respondeu num sussurro. Seu corpo estava em combustão, não sabia mais por quanto tempo ia aguentar.
- Chefe ? - Ouviram a voz do outro lado da porta. - Alguns fornecedores estão aqui para aquela reunião. Estão esperando há um tempo já. Você não respondeu seu pager, tomei liberdade de vir chamá-lo. - Era Alice, a assistente de . O médico encostou a testa na de e aguardou em silêncio até que sua respiração voltasse ao normal.
- 5 minutos. - Disse antes de liberar de seu abraço.
Major estava uma bagunça e o volume em sua calça era mais do que nítido. permitiu-se observá-lo enquanto o mesmo se recompunha.
- Desculpa. Eu me esqueci completamente dessa reunião.
- Tudo bem. - Ela sorriu. - Posso esperar, vamos embora juntos. - Respondeu.
- Tem certeza? - perguntou e apenas confirmou. - Uma hora no máximo. - Disse ele antes de lhe dar um selinho e sair da sala.

Agosto de 2014
tinha acabado de checar seus pós-operatórios quando foi levada por para dentro do almoxarifado.
- Chefe , o que você está... - Ele a beijou. O chefe havia acabado de sair de uma cirurgia de horas e a primeira coisa que pensou foi em como estava com saudades da neurocirurgiã.
- Estava com saudades. - Ele disse fazendo-a sorrir. colocou seus braços envolta do pescoço do homem e selou seus lábios nos dele.
- Eu também estava. - Respondeu a moça antes de beijá-lo.
Os encontros clandestinos dentro do hospital haviam se tornado recorrentes desde o acontecido na sala de triagem.
Ainda não haviam conversado sobre isso, mas estava acontecendo alguma coisa ali.
- Eu sei que você disse que não queria transar no hospital. - Disse ofegante. - Mas, você não quer reconsiderar isso? - Perguntou enquanto beijava o pescoço do homem.
- Eu sei que você precisa ser um exemplo. - Ela gemeu quando ele segurou seus cabelos num rabo de cavalo. - Ninguém vai deixar de fazer porque você não faz. - Disse ela antes de tirar seu jaleco.
- Você sabe que eu não posso. - Disse ele sussurrando. a pegou no colo e a encostou na parede. - Você pode ir pra minha casa hoje. - Disse ele beijando seu pescoço. - Podemos fazer o que você quiser lá. -
- Podemos fazer aqui. - Ela rebolava em seu colo, deixando-o cada vez mais arrependido por estar tentando seguir as normas do hospital. A moça puxou sua camisa até tirá-la. - Não acredito que vai deixar uma oportunidade como essas passar Major . - Disse antes de abrir seu sutiã.
- Eu te odeio . - Disse ele antes de beijá-la novamente.

Setembro de 2014
- As pessoas vão começar a comentar assim. - Disse enquanto vestia seu casaco para ir embora depois de um plantão de 18 horas.
- Eu não vejo nenhum problema. Não é como se eu tivesse que dar satisfações pra alguém. - Disse encostado ao lado da porta.
- Você diz isso porque não é você que vai ficar falado por estar saindo com o Chefe.
- Pare de bobeira. - Disse ele, puxando-a para um beijo. - Você quer ir pra minha casa? Ou vamos pra sua?
- Vamos pra minha, estou com um paciente em observação, seu estado é crítico, quero estar por perto caso ele precise. Tudo bem? - Respondeu a médica enquanto eles caminhavam para fora do hospital.
- Claro. Vamos pedir alguma coisa pra comer? - Perguntou o médico.
- Pode ser. Estou tão cansada. Não sei se irei conseguir assistir um episódio inteiro com você hoje.
- Não tem problema, meu amor, podemos só dormir hoje. - nem percebeu que havia chamado de amor. Saiu tão naturalmente que só se deu conta quando a moça não o respondeu. Ela apenas riu baixinho enquanto abria a porta do apartamento. achou tão fofo como foi espontâneo que limitou-se apenas a sorrir.
- Na verdade. - Disse ela assim que entraram. - As pessoas vão mesmo começar a falar. Elas vão falar que o Chefe não toma banho, acho que é o terceiro dia que você está com esse suéter. – Perguntou, rindo.
- Acho que tenho que trazer algumas roupas pra cá. - Respondeu .
- Ou talvez você possa se mudar, pra cá. - Disse como se fosse algo óbvio, enquanto tirava seus sapatos.

Dezembro de 2014
- Tem certeza que você quer fazer isso? - Perguntou a moça enquanto estavam no elevador.
- Todo mundo já sabe, , não tem motivo para continuar escondendo. - Ele disse, entrelaçando seus dedos nos dela.
- Não estava escondendo, só estava sendo discreta. - deu de ombros.
- Tão discreta que já nos flagraram duas vezes praticamente sem roupas. - Ele beijou sua testa. - Não vão nem se importar. - Disse ele quando as portas do elevador se abriram.
Todos olharam quando o casal desceu do elevador e saiu andando de mãos dadas pelo hospital. não queria que falassem que tudo o que ela viesse a conquistar fosse fruto de sua relação com o chefe, por isso decidiu que não queria que o relacionamento viesse à tona. Não é como se todos já não soubessem pois, quando os encontravam fora do hospital eles não escondiam que eram um casal. No início era fácil, mas, com o tempo, foi difícil se encontrarem e agirem apenas como colegas de trabalho. Foi depois de um beijo no meio do refeitório que propôs que deveriam se assumir. Nada de “Oi, estamos namorando” , mas agir naturalmente. Como estavam fazendo ali, chegando de mãos dadas. Era um ótimo começo segundo . Foram juntos até o vestiário dos atendentes.
- Bom dia, Senhor e Senhora . - Disse .
- . - Respondeu , guardando sua bolsa. - Continuarei sendo mesmo depois do casamento. - Disse a moça dando um beijo no rosto do amigo. - Como está a sua mãe?
- Ah, não foi nada grave, só quebrou o braço esquerdo. Vai ficar bem. - A mãe de havia sofrido um acidente de bicicleta.
- Ela veio passar uns dias com você? - Perguntou enquanto pegava seu uniforme.
- Não quis. Disse que ficaria bem. Eu vou pra lá no final de semana, a Doutora Vilaseca disse que iria cuidar dos meus pós-operatórios.
- Está todo mundo comentando! - Disse Hanna, chegando no local.
- O quê? - Perguntou .
- Sobre o mais novo velho casal. - Ela respondeu.
- Eu lhe disse. - Disse para . - Hoje será um longo dia. - Ela riu antes de ir ao banheiro trocar de roupa.
- acha que vão falar alguma coisa por estarmos juntos. - Disse o chefe aos amigos.
- Todo mundo já sabe. - Respondeu enquanto amarrava o tênis.
- Sim, eu disse a ela. - Disse .
- Eu sabia que eles falariam mesmo assim. - Disse Hanna, dando de ombros.
- Deixe que falem. - Respondeu o chefe. – , estou indo. - Ele disse na porta do banheiro. A moça que estava vestido seu uniforme abriu a porta para se despedir do namorado.
- Vai lá pra casa hoje? - Ela perguntou enquanto vestia a camisa.
- Acho que não. Tenho muita coisa pra fazer. Passe na minha sala antes de ir ok? Até depois. - Ele beijou a médica e foi para sua sala.
- Soube que você precisa de mim hoje, Hanna. - comentou enquanto calçava seus sapatos.
- Sim! - A loira exclamou. - Tenho um bebê que suspeito que esteja com Hipotonia, preciso que você dê uma olhada nos exames.
- Tudo bem. Só vou checar um paciente e já te encontro lá. - Disse a neuro antes de sair.

Fevereiro de 2016
- Feliz aniversário! - sussurrou no ouvido da namorada que estava completamente distraída observando algumas tomografias.
- Que susto! - Disse ela num pulo. - Não ouvi você entrando. - segurava uma única rosa vermelha na mão. - Isso é pra mim?
- Parabéns! - Ele sorriu e selou seus lábios nos dela.
- Mas ainda não...
- Já passou da meia noite. - Ele a interrompeu.
- Já? Nossa. - Ela tirou os óculos e coçou os olhos. - Nem vi a hora passar. - A moça pegou a rosa da mão do namorado. - Obrigada! - Sorriu e o beijou mais uma vez.
- Tenho outro presente. - Ele disse, sentando-se na beirada da mesa.
- Mas? - Ela disse e ele riu.
- Mas só vou te dar em casa. - Ele completou.
- Meu turno já acabou. - Disse ela, fazendo-o rir. Sabia que a namorada era ansiosa.
- O meu também. Vamos para a sua casa ou para a minha?
- A minha casa já virou nossa, né? - Fazia algum tempo que ela estava jogando algumas indiretas para ele que ele se mudasse de vez para o seu apartamento. Não que fosse mudar muita coisa, dormia quase todos os dias lá e boa parte das coisas dele também já haviam se mudado.
- Tudo bem, vamos pra casa então. Eu só preciso pegar um negócio que esqueci em minha sala. Te encontro lá embaixo?
- Aham. - Concordou a médica.

+++


- Não estou gostando desse clima de suspense. - Disse depois do jantar que havia comprado pra eles.
- Você é muito ansiosa! - Ele disse antes lhe dar um beijo. - Eu já notei que você está me convidando para morar aqui desde... - Ele parou para pensar.
- Quando estávamos juntos há uns dois meses. - Ela continuou, fazendo-o rir.
Eles tinham ido para casa depois do trabalho e havia pedido comida mexicana, a favorita da namorada. Comeram sentados no sofá bebendo mojito. andava um pouco fraca para bebidas e já estava um pouquinho alegre.
- Sim, com uns dois meses. Só que eu não queria que fosse tudo muito rápido. Eu tinha acabado de voltar do deserto, não estava muito bem ainda. Tinha medo que você me conhecesse melhor e abandonasse o barco. - Ele continuou e ela riu. - Eu acredito que possa dar certo. Nós dois. Sei que nunca foi feito um pedido de namoro. Não sei se você esperava por isso. Mas, talvez podemos pular essa parte. Você poderia casar comigo, se você quiser é claro. Não vai mudar muita coisa. Só tenho que trazer o resto das minhas coisas e devolver o apartamento. Se você não quiser tudo bem, podemos esperar mais um pouco. - interrompeu o namorado sentando em seu colo e beijando-o.
- Isso é um sim? - Ele perguntou.
- É claro que é! - Ela o beijou novamente.
- Eu não comprei um anel. Sei que você não gosta. - Ele tirou uma caixa de trás da almofada do sofá e entregou a moça.
abriu imediatamente. Era um colar bem delicado, com um pingente em formato de coração.
- Que lindo! - Ela disse. - Coloca pra mim? - Pediu e ele concordou. Tirando o colar da caixa e colando no pescoço da amada. - Muito obrigada! - Ela o beijou novamente.
- Eu amo você. - Ele disse, acariciando seu rosto.
- Eu também amo você!

Agosto de 2015
- Eu acho que estou grávida. - Disse assim que se sentou à mesa de e Hanna. O rapaz engasgou-se com a comida.
- O quê? - Ele disse.
- Estou atrasada. Nunca atrasa. Eu não posso estar grávida. Eu nem quero ter um bebê.
- Mas você não tomava remédio? - Disse Hanna.
- Sim. Eu tomo. Mas não usamos camisinha. Eu nem lembro de algum dia chegamos a usar.
- Está há quantos dias atrasada? - Perguntou a pediatra.
- Ah, esse papo não é pra mim. Até depois. - Disse , levantando.
- Não comente nada com . - Disse . - Por favor.
- Não direi. - Respondeu o loiro.
- Eu não lembro a última vez que veio. - Continuou a neuro.
- Como que não lembra? - A amiga respondeu abismada.
- Fiz muitos plantões mês passado. E não consigo me lembrar se veio. Eu acho que não, pois lembro que todas as vezes que sobrava um pouquinho de tempo nos encontrávamos para transar. - Disse tentando lembrar dos fatos do mês anterior. - O que eu vou fazer se tiver grávida? Como vou contar pra ?
- Você disse que ele queria ter filhos.
- Ele quer muito! Já escolheu até os nomes, Isla e Joan.
- Que fofo!
- Estou surtando. - Disse .
- Vamos fazer um teste. Qualquer coisa você finge que nada aconteceu.
- Eu já fiz! Esse é o problema. Dois positivos e um negativo.
- Doutora ! - Disse um interno que ela ainda não havia decorado o nome. - Estão te chamando na emergência.
- Ué. - A moça procurou pelo seu pager em seus bolsos. - Estou com o pager errado. - Disse quando viu que estava com o do noivo.
- Me procura depois que tiramos a prova. - Disse Hanna antes da amiga ir.

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- Eu preciso te contar uma coisa e você tem que me prometer que não vai surtar. - Disse entrando na sala de . Ela havia acabado de sair de uma craniotomia de emergência. Tinha passado a cirurgia toda pensando e decidiu que deveria dividir isso com ele.
- , eu estou ocup..
- Eu estou grávida. - Ela o interrompeu. Fechou a porta atrás de si e sentou-se.
- O quê? - Ele perguntou.
- Na verdade, eu não tenho certeza. Preciso que faça o exame de sangue pra mim.
- Calma , não estou te acompanhando. Você está grávida? - Era nítida a felicidade em sua voz.
- Sim. Na verdade, não sei, mais ou menos. Fiz três testes de farmácia ontem. Dois positivos e um negativo. Então eu não sei.
- Meu deus, você está grávida. Eu não acredito que vamos ter um bebê. Eu te amo demais! - Disse , levantando-se para beijar a noiva. - Precisamos de um apartamento maior.
- Acho que precisamos ter certeza antes de pensarmos nisso. - Respondeu a moça. - Preciso de ajuda para fazer o exame. Hanna já foi embora, não queria esperar até amanhã.
- Eu não estou acreditando que teremos um bebê. Você não tem ideia do quanto eu estou feliz. - Dizia ajoelhado na frente da moça.
- Era por isso que eu não tinha certeza se queria te contar. Sabia que ficaria muito animado. E se for um alarme falso?
- Não é. Não é um alarme falso, estou sentindo. - Ele pegou as mãos da noiva, beijando-as. - Eu te amo. Eu te amo.
- Eu também te amo. - Respondeu . - Você pode fazer a coleta?

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- Você é uma neurocirurgiã e tem medo de agulhas? - Disse enquanto procurava uma veia no braço da noiva.
- Não tenho medo. Só não gosto delas sendo enfiadas em mim. - Respondeu com os olhos fechados.
- Como você treinava então?
- Pra que existem os melhores amigos? - Ela disse, fazendo-o rir.
- Você é dissimulada. - Ele respondeu. - Pronto. Vou levar para análise de emergência.
- Não coloque meu nome, não quero que ninguém fique comentando. Pode colocar Bergeron, era o nome de solteira da minha mãe.
- Tudo bem. Você pode me esperar aqui? Está um pouco pálida. Vou trazer algo para você comer. - Disse .
- Ok. Não demore. - Respondeu a moça.

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- , precisamos abrir o exame. - Disse sentado na cama ao lado da noiva. Fazia algum tempo já que eles estavam em casa. Já haviam jantado, tomado banho e agora estavam na cama prontos para dormir.
- E se aqui disser negativo? - Perguntou a moça. Antes ela estava aterrorizada, mas, pensando ao longo do dia, ela até que estava feliz com a ideia.
- Não tem problema. Tentamos de novo.
- Tudo bem. Abra. - Ela disse, dando o envelope para que o rasgou imediatamente.
- E então? - Ela perguntou notando que ele havia ficado um tempo em silêncio.
- Negativo. - Disse triste.
- É, faz sentido, eu não estava me sentindo grávida.
- Não tem problema, pode ser um sinal que devemos começar a tentar. - Disse ele, amassando o papel.
- Você e os sinais. - Respondeu , rindo.
- Podemos tentar agora se você quiser. - Ele sussurrou no ouvido da noiva.
- Eu sempre quero.

Dezembro de 2015
havia passado o dia todo pensando na ligação que havia recebido do exército. Sabia que era uma situação delicada e que deveria abordar a questão com muita calma. Ele não tinha dúvidas quanto voltar ao deserto. Iria de bom grado. Só que agora tinha . Sabia o que a moça pensava sobre isso e tinha medo que ela entendesse qualquer coisa errado.
- Preciso falar com você. - Ele disse sentando ao lado dela na cama. - Eu recebi uma ligação pedindo que eu participasse de outra missão. - Ele fez uma pausa para ver a reação da moça. Ela apenas pediu para que ele prosseguisse. - Estão com dificuldades com os cirurgiões e solicitaram que eu voltasse pois precisavam de ajuda. -
- Quanto tempo? - Ela perguntou.
- 3 meses.
não respondeu. Não tinha o que falar, sabia que não era uma escolha sua. Entretanto, ela achava que se isso acontecesse ele não aceitaria voltar, tendo em vista que ele almejava tanto uma família.
- Eu sei que é difícil, mas você sabe que eu fiz um juramento. - Ele disse, observando-a.
- Podemos dormir? Eu tive um dia difícil. Podemos conversar amanhã?
- Tudo bem.

Janeiro de 2016
- Você me promete que vai voltar? - Disse depois de alguns minutos em silêncio dentro do carro.
- Você já me perguntou isso várias vezes. - Respondeu .
- Eu sei, eu só preciso ouvir mais uma vez.
- Eu vou voltar. - Respondeu ele. - Não precisa ficar tão preocupada. Eu já fui outras vezes.
- Você vai me ligar todos os dias?
- Eu vou ligar sempre que puder. - Disse acariciando os cabelos da noiva.
- Se você puder lugar todos os dias, você irá ligar?
- Você sabe que sim. Vamos? Está quase na hora. - limitou-se apenas a concordar e saiu do carro. pegou sua mochila e eles seguiram lado a lado até ao aeroporto.
- Não precisa ficar tão triste assim, não é como se eu não fosse voltar meu, amor. - Disse assim que percebeu que a moça não segurava mais as lágrimas.
- Sinto como se estivesse te levando para a cova. Eu sei que é horrível. Mas sinto como se nunca mais fosse te ver. - Ela suspirou. - Continuo sem entender o motivo de ir pra lá.
- Meu país precisa de mim. Eu fiz um juramento. Aqueles soldados precisam de mim. Se eu pudesse escolher, ficaria aqui com você. - Respondeu o Major, abraçando-a. - Vai dar tudo certo. E quando eu voltar, eu juro pra você, que nunca mais voltarei pra lá. E vamos nos casar.
- E ter um bebê. - Disse .
- Sim, e ter um bebê. Tudo vai dar certo. Três meses passam rápido.
- Só se for pra você. - Disse ela triste, abraçando-o mais forte.
- Vai passar, você nem vai perceber a minha ausência. - Ele olhou no relógio e viu que faltava pouco menos de trinta minutos para o embarque. - Eu preciso ir. - segurou o rosto de com as duas mãos. - Não chora assim. Você parte meu coração.
- Não consigo. - Ela respondeu. Ele também não conseguia mais conter as lágrimas.
- Eu te amo. Só não esquece disso, que eu te amo. - Disse ele selando os lábios nos dela.
- Eu também te amo. - respondeu e o beijou mais uma vez antes que ele partisse.

Fevereiro de 2016
Fazia pouco mais de um mês que havia ido para o deserto e estava péssima.
Ele fazia o possível para ligar todos os dias, mas era difícil. E ela entendia, sabia que era complicado e que ele tinha muita coisa para fazer. Mas cada dia que passava sem uma ligação a angústia crescia em seu peito.
- Você pode pedir uns dias de folga. - Disse .
- Isso seria pior. Eu teria que ficar em casa sozinha. Não iria aguentar.
Eles estavam sentados em um banco atrás do hospital. O dia estava lindo.
- Na verdade. - Ela continuou. - Eu poderia pegar mais plantões. Ocuparia a minha cabeça.
- Você tem certeza? Já está quase morando aqui dentro. - Perguntou o amigo.
- Não suporto ficar naquele apartamento sozinha. - Disse ela, encostando a cabeça no ombro do amigo. - Você poderia me chamar para sair. Hanna me abandonou depois que começou a sair com o ginecologista.
- Podemos marcar. Também ando passando muito tempo aqui.
- Você está melhor? - perguntou. havia terminado seu noivado recentemente.
- Sim. Nós dois sabíamos que não iria dar certo.
- Que bom que foi tudo... - foi interrompida pelo barulho da ambulância. De várias ambulâncias.
- Era disso que eu precisava! - Disse a moça levantando num pulo.
- Por favor, eu preciso de uma carnificina. - disse enquanto corriam para a emergência.
- Feliz Aniversário, Doutora . - Disse Sven, o paramédico, antes de abrir as portas da ambulância.

Abril de 2016
- Você vai ao bar hoje? - Perguntou enquanto deixavam o hospital.
- Hoje não. disse que ligaria umas três, por conta do fuso horário.
- Ah, entendi porque queria tanto trocar o horário do plantão. - Ele riu. - Diga para ele que estou com saudades.
- Pode deixar.
- Não é pra esquecer. - Ele disse, fazendo a amiga rir.
- Não vou esquecer! - Ela gritou enquanto atravessava a rua até seu apartamento. Seu telefone tocou assim que entrou. Tirou os sapatos e jogou a bolsa em qualquer canto antes de atendê-lo.
- Olá! - Disse animada, deitando-se na cama.
- Olá meu amor. Tudo bem?
- Aham e com você?
- Tá tudo bem. - ouviu um estrondo vindo da ligação. - Tá tendo alguns bombardeios aqui por perto.
- Quando você vai voltar?
- Em algumas semanas. Você já está procurando uma casa para nós?
- Ah! Sim, que bom que você me lembrou. - Disse ela, fazendo-o rir. - Tem um apartamento aqui no prédio mesmo, no décimo segundo andar. Acabou de ser reformado, foi comprado por um investidor em um leilão, ele reformou para vender. Marquei uma visita para amanhã, posso enviar algumas fotos para o seu e-mail. Aliás, eu mandei o anúncio para você.
- Estou sem acesso ao email, faz alguns dias já. Mas você não me disse que queria uma casa?
- Eu queria. Mas gosto tanto de morar aqui, na frente do hospital, que quando vi esse anúncio sabia que merecia uma atenção maior. Posso pagar a taxa de reserva, como você não irá demorar para voltar. Aí assim que você chegar marcamos uma visita para você dar a sua opinião. -
- Bom. Você pode, hum, eu confio em você. Se você gostar, eu também vou. Você está com acesso à minha conta, já conversei com o meu gerente, ela ficou ciente que estávamos à procura de um imóvel. Pode comprar. -
- Não quer mesmo que eu espere você voltar? - Ela perguntou.
- Acredito que não há necessidade. Já disse que confio no seu bom gosto. - Disse ele fazendo-a rir.

Maio de 2016
- te ligou? - Perguntou , sentando ao lado de no refeitório.
- Não, faz alguns dias que ele não me liga na verdade.
- Ele disse que ia me ligar na terça, hoje já é sexta e até agora nada.
- Talvez ele esteja em algum lugar que não tenha sinal. Ele depositou o dinheiro desse mês?
- Sim.
- Então ele tá vivo. - Disse o amigo com a boca cheia.
- Mas é claro que ele tá vivo! - Exclamou .
- Chegou um novo cirurgião. - Disse Hanna, juntando-se a eles.
- Novo cirurgião? - Perguntou .
- Sim, de trauma. Estávamos desfalcados desde que ... - Disse a loira.
- Não precisávamos de outro cirurgião. está para voltar. - disse enquanto comia.
- Ele está dois meses atrasado, né? - Disse Hanna. - Entendo que o hospital queira manter o quadro de médicos atualizado.
- Não havia necessidade, estávamos dando conta sem ele. - também não havia gostado da ideia.
- Talvez eles só queiram aumentar a equipe. - Hanna deu de ombros.
- Espero que não contratem ninguém para o meu departamento sem me consultar. - disse visivelmente incomodada. - Eu tenho algumas coisas para fazer. Até depois.
- Mas você não comeu nada. - Disse .
- Estou sem fome. Depois conversamos. - despediu-se dos amigos e seguiu até a sala dos plantonistas. Pegou seu telefone e ficou o observando. Não podia ligar para porque não possuía seu número, ele sempre ligava de números privados. A única coisa que ela podia fazer era esperar.

Junho de 2016
- Me diga que você tem boas notícias. - Disse Martha assim que entrou em seu quarto.
- Bom dia, Senhora Holtz. Estou com seus exames aqui e ao que tudo indica você poderá voltar para casa hoje. - Disse sorrindo.
- Glória a Deus. - Ela comemorou levantando os braços em sinal de reverência a Deus.
- Iremos fazer mais alguns exames só para ver como você passou a noite, tudo bem? - Ela concordou com a cabeça, estava visivelmente muito emocionada.
- Oh, eu preciso ligar para os meus filhos! - Disse Martha. - E para o meu marido. Ele ficará tão feliz! Você é casada, doutora ?
suspirou, lembrando-se de .
- Sou noiva. - Sorriu enquanto ouvia os batimentos cardíacos da paciente.
- Ele é médico?
- Sim, ele é Cirurgião de Trauma. Trabalha aqui, mas agora está na guerra. - Ela não queria falar sobre , não agora. Duas semanas sem notícias.
- Me desculpa. - Disse Martha, notando o desconforto da médica.
- Tudo bem. - Respondeu , colocando o estetoscópio em volta de seu pescoço.
- Nem acredito que irei para casa. Semana que vem é aniversário do meu neto mais novo. Poderei dar uma festança! - Comemorou Martha. Entretanto, a atenção da neurocirurgiã estava voltada ao homem com o uniforme do exército parado em frente ao balcão das enfermeiras, observando-a. Não era possível que a saudade estava tão grande que ela havia começado a alucinar.
- Vocês estão vendo aquele homem parado ali? - Perguntou .
- Quem? O Doutor ? - Disse a residente.
sentiu seu coração disparar e seus olhos instantaneamente marejarem. Balançou a cabeça em negação e suspirou. Fechou os olhos por um segundo, suplicando para que não fosse mentira. Ao abri-los novamente, notou que ele estava sorrindo.
- Doutora ? - Perguntou Gomez. - Eu posso conferir o pós-operatório, se você me permitir, é claro. Acredito que queira ir falar com o doutor .
afirmou com a cabeça, entregou o prontuário a residente e seguiu até .
- Desculpa por ter ficado todos esses dias sem mandar notícias. Sofremos um ataque, não tínhamos como contatar ninguém. Quando nos resgataram, resolvi vir direto para cá. - Ela não disse nada, apenas o abraçou forte e chorou.
- Meu amor, me desculpa. Eu não queria que você ficasse assim. - Ele dizia enquanto acariciava o rosto a moça enquanto ela chorava. - Eu voltei para você.

+++


- Eu não vou te esperar. - Disse baixo.
- O quê? - finalmente a olhou. A médica respirou fundo antes de responder.
- Eu não vou te esperar. Pense no que você está me dizendo. Você está indo sem prazo para voltar. Acredita que seja um ano. Um ano igual aos três meses que viraram quase seis? Não dá, . Se você for eu não...
- Você não pode fazer isso. - Ele disse. - Você não pode estar me pedindo para escolher. - Ele alisou seus cabelos, visivelmente transtornado.
- Por que eu não posso fazer isso? - Perguntou e ele não respondeu. - Me responda, , por quê? Por que você já escolheu, né? Você escolheu voltar, você não veio aqui pedir a minha opinião. Você veio me informar que estava indo.
- Não é bem assim. - Ele suspirou.
Fazia três dias que havia voltado do deserto. Na verdade, não tinha voltado, não para ficar. Seu acampamento havia sido roubado e eles precisavam de medicamentos que só ele tinha conhecimento. havia aproveitado a busca dos produtos para matar um pouco das saudades da noiva. Porém, vendo o estado que ela estava, disse que havia voltado para ficar. Quando teve que contar que iria voltar, não acreditou.
- Eu não acredito. Depois de tudo o que você passou lá. Não, eu não posso fazer parte disso. Não mais uma vez. Você sabe como foi pra mim ficar aqui sozinha? Você faz ideia de como foi ficar ao lado do telefone esperando pelo pior nessas duas últimas semanas? Todos os dias, , todos os dias eu rezei pedindo para que você voltasse. Para que você tivesse mais um dia de vida. Não teve um dia nesses sete meses que você estava naquele inferno em que eu não pedisse por você. Eu cheguei a pedir para que Ele me levasse, . Para que me levasse no seu lugar se fosse necessário. Logo eu, que nunca acreditei em nada, rezei por você. Eu tive que me agarrar em tudo o que eu podia, por menor que fosse. E agora você me diz que vai voltar? Sinto muito, mas eu não posso fazer parte disso.

Agosto de 2016
Era três e quarenta e sete da manhã e estava vomitando. E não era a primeira vez neste dia, nem neste mês.
Ela já sabia o que estava acontecendo há alguns dias, só não queria tirar prova e tornar isso real.
Sentou ao lado do vaso sanitário e limpou a boca com um pedaço de papel higiênico. Ela só queria que isso acabasse. Queria acordar desse pesadelo que sua vida havia se tornado.
- ? Você está bem? - Ouviu a voz de a chamando.
- Sim. Comi um lanche estragado. - Disse enquanto levantava para escovar os dentes. - Já saio.
- Você está péssima. - Disse ele assim que viu .
- Eu imagino, nem lembro qual foi a última vez que dormi na minha cama. - Forçou um sorriso.
- Se você quiser ir eu aviso ao Chefe Morisson que você não estava passando bem. - Ele disse, avaliando-a com o olhar.
- Ei, não precisa fazer essa cara. Eu estou bem. Não preciso ir embora. Estou sentido que chegará uma grande emergência. E se precisar de uma excelente neurocirurgiã? - riu e revirou os olhos.
- É, você está bem mesmo. - Foram interrompidos pelo bipe do pager informando uma nova emergência.
- O que eu acabei de dizer? - Disse a ele enquanto corriam até a emergência.

+++


- Doutora , você está bem? - Perguntou um interno a doutora que não parecia muito bem. - Quer que eu chame alguém? Doutor Capdevilla?
- Estou bem. - Ela respirou fundo. - Chame alguém da cardiologia. Por favor. Diga que tem um paciente na sala 2 esperando. - Disse ela antes de sair da sala. Caminhou até o balcão da emergência.
- ? - perguntou. - Anderson disse que você estava passando mal. Tem certeza que está bem?
- Não estou doente, . – Disse, apoiando-se no balcão. Estava tonta e seu estômago estava vazio, já havia colocado tudo pra fora.
- Você não me parece bem. Pode estar com alguma virose.
- Não estou doente, . Estou grávida. É normal, vai passar, eu aguento.
- Você tem certeza? - Foi o que o amigo se limitou a perguntar.
- Tenho. - Disse num suspiro. - Eu vou dormir um pouco, ok? Vou aproveitar que está tudo calmo por aqui. Até depois. - Despediu-se do amigo e foi para o quarto dos plantonistas.
Deitou na cama para descansar um pouco o corpo.
sentia-se sozinha. E por mais que não demonstrasse, isso a apavorava. Sentir-se sozinha era demais para ela suportar. Ela sabia o que as pessoas iriam dizer que ela era capaz, era forte, que ela ia conseguir. Mas ela não sentia isso, ela mal conseguia continuar. Ela sabia que era demais.

+++


Setembro de 2016
- Você contou para ele? - Perguntou Hanna enquanto a médica passava o gel na barriga da amiga.
- Por favor, né, Hanna. - Elas já haviam conversado sobre a gravidez e . não devia satisfações para ele. Se ela não fora motivo o suficiente para fazê-lo ficar, então ele não tinha direito algum sobre aquela vida que crescia em sua barriga.
- Desculpa a demora. - Disse , entrando na sala de exame.
- Não tem problema. Vamos começar agora, pode ficar tranquilo, papai. - Disse a médica antes de iniciar o ultrassom.
- Eu não... - interrompeu Olivier com um aceno, não deveriam se preocupar com esse tipo de coisa. Ficar explicando para terceiros um problema que eles não deveriam se preocupar agora.
- Esse aqui é o seu bebê. - Disse a moça, apontando para uma bolinha um pouco mais escura na tela. - Não dá pra ver direito ainda, mas já podemos ouvir seu coração. - Ela ligou o som e todos na sala ouviram o pequeno coração batendo. tentou, mas não conseguiu segurar as lágrimas.
- Você pode imprimir para mim o seu ultrassom? - Perguntou . Ele queria fazer um álbum da gestação da amiga, provavelmente para mostrar para caso ele voltasse.
A médica passou mais algumas informações e em seguida ela foi liberada.
- Você vai comigo? - Perguntou .
- Sim, eu só preciso pegar minha mochila. Já volto! - Disse o cirurgião antes de ir.
- Como assim você vai comigo? - Perguntou Hanna.
- Ah, ele tem ficado alguns dias lá em casa. Disse que se acontecesse alguma coisa ele estaria lá para ajudar.
- Você sabe que ele gosta de você?
- O quê? Até parece. Somos praticamente irmãos.
- Não acho que ele te vê assim. Os boatos que rolam é que ele se interessou por você desde quando você chegou aqui. Só que foi mais rápido. - Disse a loira enquanto caminhavam.
- Que horror. É só um bando de fofoqueiros sem o que fazer. está sendo tão prestativo. As pessoas só vêem maldade nas coisas, credo. - respondeu horrorizada.

Outubro de 2016
estava acariciando sua barriga que começava a crescer. Ela repetia para si mesma que poderia fazer isso e que se sairia muito bem. Ela conseguiria sim ser uma ótima mãe. Não deixaria que a sombra do que viveu e planejou com tirassem seu foco.
Ela repetia para si mesma que ela poderia fazer isso e que sem nenhuma ajuda ela se sairia muito bem.

+++


- Doutora . - Disse o interno que lhe acompanhava na cirurgia. A doutora estava concentrada em uma cirurgia de remoção de um tumor do lóbulo frontal de uma moça. Era um caso complicado, não queria ser incomodada. Não havia acordado bem e estava tendo um péssimo dia até entrar na sala de operações.
- Doutora . - Repetiu o rapaz.
- O que foi? - Disse ríspida, sem tirar os olhos do equipamento.
- Você. Você está sangrando. - Disse apontando para baixo com o rosto.
A médica imediatamente seguiu seu olhar. Seu pijama cirúrgico estava vermelho. Ela estava abortando.
Seu coração disparou e suas mãos começaram a tremer.
- Não. Não. Não. Chame a doutora Sanders. Rápido, e qualquer outro neuro. - tinha consciência de que isso poderia acontecer, já havia sido avisada que era uma gravidez de risco. Mas, em hipótese alguma imaginou que fosse mesmo passar por isso. Não tinha como isso estar acontecendo, ela se cuidava tanto, ia duas vezes ao mês fazer o pré natal. Hanna havia dito que tudo estava bem, o bebê estava saudável. Ela se cuidava tão bem. Naquele momento ela não conseguia pensar nenhum motivo sequer para ser uma cirugiã, pelo contrário, ela poderia pensar em mil motivos para desistir.
- Você precisa sentar, Doutora. - Disse uma enfermeira, fazendo com que lembrasse onde estava e o que estava fazendo.
Ela não poderia perder a calma, não com uma mãe de família ali, dependendo dela para viver.
- Sim, isso pode ajudar. - Falou alguém dentro da sala de operações.
- Não, eu não posso sentar. Preciso continuar.
- Mas Doutora.
- Tem uma mulher com a cabeça aberta aqui, não há possibilidades de eu deixá-la aqui assim. Quanto tempo ainda temos? - Perguntou ao anestesista que estava cronometrando o tempo de cirurgia.
- Pouco mais de quarenta minutos doutora. -
- Tudo bem. - Ela disse antes de posicionar-se novamente atrás do microscópio cirúrgico.
- Vou começar a sucção. - Disse enquanto posicionava o aspirador ultrassônico sobre a massa tumoral. respirou fundo, não poderia cometer nenhum erro, qualquer milímetro calculado errado poderia custar seus sentidos ou sua vida.
- O que está acontecendo? - Disse Doutor Stevens perguntou assim que adentrou a sala.
- Estou abortando. O que é muito estranho pois Hanna havia dito que estava tudo bem. - Disse .
Stevens olhou para todos questionando o comportamento de , queria saber porque ela estava ali em uma situação como aquela. Sabia que a paciente poderia esperar alguns minutos.
- Deixa que eu continuo. - Disse ele, colocando a mão próxima a de . - Solte com calma.
respirou fundo e, ao soltar sentiu que o aspirador tremeu. Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, Stevens assumiu o seu lugar.
- Está tudo bem, doutora . Nada aconteceu. – Disse, tranquilizando-a.
Foi o precisava para a doutora respirar fundo e apagar.

+++


A primeira coisa que a consciência de notou foi o barulho da máquina de monitoramento cardíaco. Sentia-se zonza, sua cabeça estava esquisita. Consequência de algum sedativo, ou anestesia? Não tinha certeza. Não precisava abrir os olhos para saber que estava ali. Seu cheiro estava no ambiente. Talvez Hanna estivesse ali também. Não queria abrir os olhos, tinha medo do que viria a seguir.
Não havia se recuperado do término com , não iria aguentar perder seu bebê.
- . - Ela murmurou ainda de olhos fechados.
- Oi, , você está bem? - Ela sentiu alguém pegar em sua mão.
- Isso quem tem que responder é você, doutor. - Ela o ouviu respirar fundo.
- Está tudo bem. Hanna atendeu vocês a tempo. Está tudo bem. - Ouviu o amigo dizer e o alívio tomou conta de seu corpo. Estava tudo bem.
- Foi um descolamento de placenta. Poderia ter sido algo pior se vocês não tivessem sido atendidas antes.
- Atendidas? - ainda não tinha conseguido ver o sexo do bebê.
- Sim! - O amigo disse animado. - É uma menina! Já podemos começar a comprar as coisas. - riu.
- Finalmente! - A neuro comemorou. - E a paciente que eu estava operando? - Perguntou ao amigo e viu a hesitação em sua face. - Não me diga que ela não resistiu.
- Ela está viva. Só não acordou ainda. Stevens disse que ela pode estar cega.
- Oh meu deus! - Disse sentindo a culpa tomar seus pensamentos.

Novembro de 2016
- , onde você está? - Perguntou no telefone.
- No hospital. Por quê? O que aconteceu? - Ele disse nervoso. Desde o acontecido do mês anterior. havia sido afastada de suas atividades para permanecer em repouso.
- Estou morrendo de vontade de comer torta alemã. - Disse a neurocirurgiã. - Você poderia trazer pra mim? Ou está muito ocupado?
- São quatro da manhã, aonde que eu vou achar isso?
- Aí na lanchonete tem uma maravilhosa. Não faça Isla nascer com cara de torta. - Disse manhosa.
- Isla não irá nascer com cara de torta. Eu vou ver o que posso fazer.
- , você é o melhor! Não esqueça que você tem a chave é só entrar. Estarei no quarto. - Disse a moça antes de desligar.
- Não sabia que estava esperando um bebê. - Disse Gerard, o novo cirurgião de trauma.
- Quê? - Questionou .
- Não pude deixar de ouvir a ligação de sua esposa. Parabéns pelo bebê. -
- Oh, não. É o bebê de . A chefe da neurologia. Ela não é minha esposa, somos somente amigos. Preciso ir atrás de uma torta. Provavelmente eu só volto amanhã. -

+++


- Está gostoso? - Disse o cirurgião enquanto assistia a amiga comendo a torta.
- Muito! Venha aqui comer com a gente. - Disse com a boca cheia.
- Ah não, estou sujo.
- Pare de bobeira. Venha aqui. - Disse , batendo no lugar ao seu lado da cama. - Isso aqui tá uma delícia.
- Você sabe que não consigo negar doce. - Disse ele, sentando ao lado da amiga. cortou um pedaço e lhe deu na boca.
- Nossa, está muito bom mesmo.
- Nunca tinha comido as tortas da cantina? São maravilhosas! - Ele pegou o garfo da mão da amiga para comer mais um pedaço.
- Está saindo do hospital agora? - Ela perguntou e ele confirmou com a cabeça. - Então você podia dormir aqui. Vi que saiu uma série nova, acho que você vai gostar. Podemos assistir juntos.
- Claro, eu só preciso tomar um banho.
- Fique a vontade. Ali no banheiro vai ter tudo que você precisa, eu acho.
- Eu me viro. Já volto. - pegou mais um pedaço antes de ir até ao banheiro.

+++


não conseguia parar de chorar desde que soube que sua última paciente havia realmente ficado cega. Sentia-se um lixo. Sua filha provavelmente tinha notado como ela estava mal, pois estava inquieta. A chutava sem parar. Ela nunca havia sentindo tanto a falta de como estava sentindo naquele momento.
- O que aconteceu? - Disse quando viu o rosto inchado da amiga. Ele havia acabado de chegar.
- Liguei para o hospital e Stevens me contou que a moça ficou cega. - Ela disse entre soluços. - É tudo culpa minha, eu fiquei desesperada e perdi o foco. Fiz uma mulher de 35 anos ficar cega.
- Ei, calma. - Ele abraçou a amiga. - Ela ficou cega, mas está viva. Você salvou a vida dela. Se você não tivesse feito o procedimento na hora ela não teria resistido.
- Eu sei, mas...
- Então não tem mas. Você fez o que podia. Às vezes não dá para acertar em tudo. -
- Não aguento mais. - Ela continuou chorando.
- , o que está acontecendo?
- Eu não sei. Sinto como se não fosse conseguir. É demais pra mim, não vou conseguir.
- Ei, calma. Vem cá, eu tenho uma coisa para você. Só preciso que você se acalme. - Ele secou as lágrimas da moça. - Você promete que vai tentar? - Ela concordou com a cabeça e ele pegou em sua mão e a conduziu até o corredor.
- Acho que já está na hora de começarmos a montar o quarto dessa mocinha. - Disse ele mostrando o berço desmontado que estava no corredor.
- Não acredito! - Ela disse meio chorando meio sorrindo e o abraçou.

Dezembro de 2016
Desde que entrou no Hospital, notou que o ambiente estava estranho. As pessoas estavam inquietas e cheias de segredos. Todo lugar que ela ia havia algum burburinho. Ou talvez fosse só impressão dela. Fazia dois meses desde seu afastamento. Provavelmente só estava estranhando.
- Boa noite, Doutora . Como você está? E a minha afilhada? Nossa, sua barriga parece que está maior do que ontem. - Disse encostando-se no balcão ao seu lado.
- Sério? - Ela olhou para a própria barriga. - Acho que é a posição que ela está deitada.
- Talvez, podemos medir mais tarde. E assistir um filme também. - Disse o médico.
- Claro. Eu terei uma cirurgia, onze horas. Umas 10 ou 12 horas. Você acabou de chegar? - Perguntou .
- Alguns minutos. Quando terminar a cirurgia me procure que vamos embora juntos. - Ele sorriu, beijou o rosto da amiga e saiu acompanhando um residente que o chamava.

+++


- Tudo pronto para a terceiro ventriolocospia? - Perguntou Chefe Morisson assim que viu se preparando para a cirurgia.
- Sim, tudo sob controle. - Ela sorriu. - Estava com saudades de uma sala de operação. - Disse ela fazendo Morisson rir.
- Eu também ficaria! Só vá com calma, se precisar de alguma coisa não hesite em pedir ajuda.
- Você fala como se eu não fosse a chefe do meu departamento. - Ela respondeu.
- Não, não estou questionando a sua capacidade. E que, você sabe, se acontecer alguma coisa.
- Não vai ser hoje que a minha filha vai sair daqui de dentro, pode ficar tranquilo. - Disse a doutora, arrancando uma risada do chefe.
- Não era sobre isso que eu estava falando. Mas tudo bem, boa cirurgia, . - Respondeu o mais velho deixando a sala de higienização logo em seguida.

+++


- Você viu o doutor Capdevilla? - Perguntou a enfermeira.
- O vi na emergência. - Respondeu a moça. - Ele estava te procurando, parecia bem bravo.
estranhou, não lembrava de ter visto bravo. A neurocirurgiã continuou procurando-o. Notou que as pessoas estavam estranhas. Só podia ser paranóia da sua cabeça. Ela encontrou o cirurgião sozinho em uma das salas de triagem.
- . Podemos ir? Estou cansada e Isla está morrendo de vontade de comer aquele seu ensopado de carne. - Disse entrando na sala. Ele estava com as mãos apoiadas na mesa e a cabeça abaixada.
- Precisamos conversar. - Ele disse sem emoção. Sua cara estava péssima.
- O que aconteceu? - Ela a olhou preocupada, nunca tinha visto o amigo daquele jeito.
- Não sei o melhor jeito de lhe contar. - Ele disse.
- Talvez você possa começar pelo começo?
- voltou. "Nós passamos toda a nossa vida nos preocupando com o futuro, planejando para o futuro, tentando prever o futuro. Como se imaginar fosse, de alguma forma, amortecer o impacto. Mas o futuro está sempre mudando. O futuro é a casa dos nossos medos mais profundos e de nossas esperanças mais selvagens. Mas uma coisa é certa... Quando ele finalmente se revela, o futuro nunca é do jeito que imaginamos."


Fim?



Nota da autora: Oi gente! Tudo bem? Eu espero que sim!
Acredito que vocês estão querendo me matar por um final desses. hahahahah
Mas preciso dizer que, nesse momento, para essa música, esse era o final que precisava ter. Mas podem ficar tranquilas que vai sim ter continuação, em uma outra ficstape e assim que acontecer (prometo não demorar porque eu estou muito ansiosa para o futuro deles) irei avisar!
Vocês podem entrar em contato comigo no meu Instagram: @xprimadonnagirl.
Muito obrigada pela leitura e nos vemos na próxima! Xoxo.



Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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