Capítulo Único
Meu nome é , tenho vinte e cinco anos e minha cor favorita é amarelo, assim como o líquido da cerveja que eu bebo todo dia após meu trabalho estressante, ou nem tão estressante assim. A rotina nunca fez parte de mim até o momento e se acostumar com a mesma durante esse ano e essa mudança tem causado uma exaustão tão grande que quase me faz sentir saudade das minhas loucuras, das minha viagens, fugas e inúmeras noites sem dormir, da minha total irresponsabilidade. Eu era insana e amava tudo isso, amava tanto que era um amor ruim.
Estava deitada na cama esperando o despertador tocar pela segunda vez naquela sexta-feira e pelo pouco que eu podia ver da janela o dia estava cinza outra vez e provavelmente chovendo, o que me remetia a casacos e botas, parando para pensar havia escolhido a Filadélfia por não fazer frio os 365 dias dos anos, mas talvez eu estivesse um pouco azarada nos primeiros seis meses aqui. O despertador deu seu sinal de existência e todo o meu corpo e alma reclamaram, minha mente trabalhou para inventar uma desculpa qualquer e passar as três pessoas agendadas no horário da manhã para o meu colega, da mesma forma que o pensamento surgiu ele foi embora com a chegada de uma ligação interrompida e uma mensagem em seguida. Era o .
Bom dia e não se atrase. Não seja mau humorada.
Eu ri com a mensagem e quase enfiei na cabeça que iria me atrasar sim, eu odiava quando o me mandava mensagens me dando ordens, e bom ele fazia de propósito depois de um tempo. Conheci em pub chamado HFK no mês retrasado na Filadélfia, eu estava no canto do bar totalmente escondida e escrevendo na minha agenda conforme vinha fazendo desde que pus os pés aqui e duas mesas na frente estava arrumando uma grande confusão com algum cara tão babaca quanto ele, eu não estava tão alheia a situação.
Flashback ON
Era só mais uma briga de bar e por incrível que pareça não estava sendo causada por mim e tão pouco era eu o motivo, isso costumava acontecer no passado, a questão toda me deixava com vontade de me intrometer. Fechei minha agenda e a deixei em cima da mesa próximo ao meu copo de cerveja e a minha bolsa, chamei a atenção dos dois babacas e do segurança que tentava apartar a discussão ser ter sucesso.
- Hey que tal resolvermos essa briga de macho alfa comigo na sinuca? – Sugeri. O babaca número 1 riu e o babaca número 2, que era o , apenas sussurrou um “Ela é perigosa! ” E ele tirou essa conclusão antes mesmo de conhecer o perigo e isso era bom.
Eu derrotei os dois e por mais que o ego de homem ferido tivesse os atingindo, alguém reconheceu o que eu tinha feito e elogiou-me e agradeceu por ter salvado sua pele ou melhor, seu dinheiro, eu apenas ri de sua cara sem dar muita confiança e me retirei, já tinha passado da minha hora. Estava tarde e o que eu não esperava era que tivesse visto abertura suficiente para virar meu acompanhante naquela noite.
- Hey, não sei seu nome! – Ele chamou minha atenção assim que passei pela porta do HFK – E você não vem sempre aqui. – Inverteu a cantada barata e antes mesmo que eu respondesse ele já havia dito que iria me acompanhar até em casa como recompensa.
- Meu nome é . Frangipane.
Flashback OFF
Ir de bicicleta para o trabalho não era nem de longe uma opção para ir ao trabalho hoje, então assim que passei pela porta do prédio dando bom dia para Mark o mesmo perguntou se eu precisava de um táxi ou iria de metrô, minha mente não tinha cogitado o táxi até agora e então fiz que sim com a cabeça e ele foi de bom grado parar qualquer carro com um motorista mal-humorado para mim.
Pude avistar a parede laranja nada discreta do estúdio e a porta entreaberta entregando que já estaria lá dentro ouvindo seu maldito punk rock antes mesmo das dez da manhã, com a melhor cara de quem teve uma ótima noite de sono e sexo e eu odiava por isso também.
- Eu deveria te odiar! – Foi a primeira coisa que falei ao passar pela porta da Inkadelphia tattoo Studio e por incrível que pareça estava silencioso sem nenhum rock pesado tocando, sem o miado do gato e sem a voz do me respondendo de maneira malcriada.
Maluco.
- Como deixa o estúdio aberto e sai? - Perguntei para o nada e comecei a arrumar e organizar o estúdio, as cadeiras estavam fora do lugar e eu sabia que isso era obra de um fechando o estúdio de qualquer jeito no dia anterior. Cadeiras e macas no lugar, chão varrido, música ambiente e uma bancada com tudo que eu iria precisar para fazer a primeira tatuagem que eu tinha agendada para o dia, a música trocou de Coldplay para Halsey e o começo de Bad at love era tudo o que eu não precisava para aquela manhã chuvosa e cinzenta, peguei minha agenda dentro da bolsa e se a minha inspiração pra desenhar estivesse acesa eu os farias mas o que aconteceu foi totalmente o contrário, a nostalgia me bateu e ao invés de desenhar encontrava-se folheando aquelas páginas manchadas com tinta de caneta em uma letra bonita e arredondada no começo e de qualquer jeito no final, com histórias da minha vida, histórias nada bonitas.
- Mas que baixo astral, Blue! – surgiu como Mercúrio do X Men ou eu estava realmente alheia do mundo que não ouvi quando ele entrou no recinto ou quando mudou a música, fechei minha agenda de maneira rápida e joguei na poltrona que estava na minha frente.
- Por que diabos deixou o estúdio aberto se não estava aqui? – Reclamei e girei na cadeira para ficar de frente para ele, ... Como posso dizer, estava arrumado demais para um dia normal de trabalho o que era bastante estranho, seus cabelos loiros que estavam sempre uma bagunça hoje estavam penteados e devidamente arrumados embaixo de seu chapéu, suas calças jeans rasgadas não saíram do armário hoje e suas blusas de banda de rock deram vez a uma blusa social azul marinho e seus olhos verdes estavam gritantes juntando com a sua sobrancelha levantada enquanto me olhava.
- Ah Blue – ele me chamou pelo apelidinho de sempre por conta da cor dos meus cabelos – Eu sabia que você iria notar! Como estou?
Como um príncipe bastardo.
- Está parecendo que veio de Nova York, posso saber o motivo disso? – Indaguei e fingi falso interesse, quando na verdade na minha testa piscava um turbilhão de perguntas. poderia ter entrado direto para minha lista de amores ruins sem nem mesmo precisar fazer alguma coisa, eu conhecia o tipo dele de longe e sem sombra de dúvidas a beleza peculiar que ele possuía encantava qualquer garota, até mesmo eu que havia me fechado para qualquer tipo de visitações que envolvesse atração e sentimentos ficava encantada com ele, mas nunca tentou absolutamente nada. Mantínhamos uma espécie de amizade aonde eu sabia tudo de sua vida e ele não sabia quase nada de mim, apenas que eu havia caído de para quedas na Filadélfia, que fingia odiar aniversários, que não era boa em me relacionar com pessoas e que eu não iria transar com ele. Ah, e que eu havia me formado na faculdade e virado tatuadora e body piercer no período que fiquei na Califórnia, queria descobrir tudo sobre mim ou o suficiente para que se sentisse confortável, ele mesmo já havia me dito isso em uma noite de muita cerveja no bar e mesmo bêbada eu não contei nada, só fui embora.
- O motivo é a pessoa que está vindo tatuar com você!
POV
não havia conversado muito comigo hoje, na verdade ela não andava conversando muito comigo fazia dois dias e sua inquietação era algo que me incomodava muito pois ela nunca partilhava, mas desta vez eu sabia o que era. Sua agenda havia ficado no estúdio por dois dias seguidos e infelizmente eu não me contive e invadi o seu espaço. E ela no fundo sabia disso, por mais que eu não tenha falado absolutamente nada.
“As piores férias de verão foram em Michigan. Quem disse que adolescência é a melhor fase da vida de um ser humano estava completamente errado, ser adolescente foi desastroso para mim e para um par de pessoas que viviam ao meu redor. Eu tinha 14 anos quando dei meu primeiro beijo e foi traumatizante “Deus me livre ter que beijar alguém nessa vida de novo” era a frase que usava toda vez que algum menino do colégio chegava muito perto de mim, uma pena que Deus só me livrou de beijar alguém novamente por dois anos. Campgrounds, foi a palavra que me aterrorizou durante uma semana e meus pais não se importaram com a minha lista de argumentos contra a minha ida para o meio do mato.
1) Alergia a formiga e mosquito.
2) Água gelada.
3) Qualquer bicho que voa.
4) Não quero ir.
5) Não quero ir.
6) Eu vou morrer.
E “eu vou morrer” estava do 6 ao 200 e ainda assim não adiantou. Era sexta feira de manhã e lá estava eu junto com minha amiga de turma, Maia, escolhendo um lugar no ônibus e descobrindo que não seria só os alunos do nosso colégio que estariam naquela droga de Campgrounds durante um fucking mês.
Reclamei a viagem inteira e no fim das contas ao chegar nem era de todo mal. Os vestígios da primavera ainda podiam ser vistos por qualquer um, o que me agradou bastante, a imensa casa de telhados verdes a minha frente meu sorriso cresceu tanto que minhas bochechas no mínimo doeram e aquele sorriso era para ser no mínimo maníaco quando na verdade se tornou o mais bonito por Joan. Joan era de outro colégio e em dois dias de acampamento eu tinha descoberto que ela era dois anos mais velho do que eu e tinha uma fama ruim em seu colégio e era só isso, a sua simpatia e sorriso compensavam o que me disseram e agora eu não queria mais que Deus me livrasse de ter que beijar na boca nessa vida pois eu queria beijar Joan. Da mesma forma que fiquei sabendo sobre ele, o mesmo ficou sabendo sobre mim a titulada a Maria virjona, certamente para ele seria um desafio chegar até mim e me beijar, todos esperavam a minha recusa e então eu o beijei no sétimo dia em que passávamos naquele lugar.
O acampamento que antes me pareceu um martírio agora era maravilhoso, os trailers espalhados pela área ficavam devidamente separados por colégios o que era injusto e por gêneros do sexo masculino e feminino o que era justo visto que se com essa regra não diminuía a juventude a flor da pele, imagine sem ela? Quinze dias no camping e hoje era a primeira vez que estava fazendo calor o suficiente para que eu entrasse no lago, Joan havia tomado café com seus amigos e o planejamento do dia do colégio dele não era o mesmo que o meu. O meu era simplesmente receber a escola novata, que ficaria apenas 15 dias conosco e o dele era a tirolesa no lago, o meu descontentamento era visível tanto na voz quanto na feição e talvez tenha sido por isso que após o almoço meu grupo foi liberado para fazer o que quiséssemos contanto que não ultrapassássemos o limite dado pelos nossos reponsáveis naquele lugar. Maia não era muito interessada em aventuras, mas desde o momento em que ela escutou as palavras “quebrar regras” saindo da minha boca tudo mudou de figura.
Entramos no trailer dos meninos em especifico no trailer de Joan e seus amigos e pelo visto seus responsáveis não eram tão rigorosos quanto os nossos, além de visualizar a grande bagunça e uma música que ainda havia descoberto de onde vinha, eu podia ver uma garrafa Jack Daniels pela metade no meio das roupas jogadas, Maia havia falando algo como “porcos imundos” em meus ouvidos e única coisa que eu consegui escutar foi uma voz feminina chamando Jamie, era o amigo de Joan. Oportunidade para sair do trailer sem ser notada eu tive, tanto que Maia o fez, mas eu fiquei e persegui a voz feminina abrindo o banheiro daquele trailer e encontrado Jamie com uma das garotas que havia acabado de chegar do outro colégio, eu não gritei e tão pouco os julguei, apenas sai e esperei no meu lugar, por Joan.
Mas ele nunca apareceu.
Jamie arrumou alguma maneira de todos ficarem sabendo o que ouve e a culpa caiu em mim, se toda a minha fama na escola era ruim agora estava no lixo.
De Maria virjona a vadia. ”
(...)
“Ah, a faculdade! Eu suspirava de felicidade a cada dia por saber que havia conseguido o curso que queria de Artes Plásticas e hoje em especial após a conclusão do meu terceiro período havia sido convocada para ser monitora da turma de pintura, não via a hora de encontrar meu pai para contar tudo. Meu pai trabalhava na rua de minha faculdade e então eu sempre aproveitava sua carona para ir para casa e nesse dia não foi diferente, contei tudo para ele com toda a minha animação de sempre e ele ficou mais feliz do que eu poderia imaginar mesmo que este fato mudasse nossa rotina durante três dias na semana.
E esses três dias na semana foram o suficiente para que eu conhecesse George, o menino do interior, como todos chamavam. O conheci na volta para casa, após duas semanas que estava como monitora e ele sempre me acompanhava até o ônibus, por mais que não pegássemos o mesmo.
Quinta semana: “Se a resposta for não, isso não foi um pedido para sair. Que jantar amanhã à noite? ”
Sexta semana: “Acho que vou ser obrigado a te levar para jantar toda semana. ”
Sétima semana: “Você precisa para de olhar para mim assim, eu já estou apaixonado, você conseguiu. ”
Oitava semana: “Não sabia que você ficava ainda mais bonita quando pintava os cabelos de rosa. ”
Nona semana: “Daqui 365 dias seria ótimo para comemorarmos um ano de namoro, sabia? ”
Décima semana: “Então quer dizer que a minha namorada não vai embora comigo hoje? Ficarei até mais tarde com você, só quero ficar ao seu lado. ”
E então George era o meu namorado.
Vigésima quarta semana: “Eu amo você, pequi. ”
Vigésima quinta semana: “Feche os olhos e abra as mãos, não precisa ficar com medo. Confie em mim! ”
Vigésima sexta semana: “Passe as férias comigo? Eu prometo que vão ser as melhores férias das nossas vidas! ”
E não foram. Eu passaria quase 4 meses longe de casa e isso incluía o meu aniversário, o interior era lindo para quem gostava de calmaria e natureza, mas eu era agitada, e isso me incomodou logo nos primeiros dias. A casa de George ou melhor dizendo o sítio, com o quintal enorme, muitas árvores, a água da cachoeira também passava por ali também e eu não conseguia contar nos dedos a quantidade de animais que ele e sua família tinham mas conseguia contar quantas vezes seu pai fora arrogante comigo apenas por ser uma mulher que tem interesse por estudos e eu relevei por respeito, por George, por não estar na minha casa e por inúmeros motivos errados que eu criei na minha cabeça, eu relevei. A minha presença na casa gerava desconforto era palpável e isso apenas alimentava a minha vontade de voltar correndo para casa, George tentava ao máximo ser quem ele era quando estava longe de casa, ele era apenas alguém que queria sair das garras do pai e seu pensamento quadrado. Definitivamente isso só dava certo na cidade grande, ao meu ver.
E definitivamente eu estava errado sobre isso.
Os dias foram passando e sem perceber eu estava sendo moldada na dona de casa que a mãe e a irmã de George eram. Enquanto ele saia com seu pai nós ficamos em casa fazendo todas as tarefas domesticas e cuidando dos animais, exceto cuidar da gente. Eu sequer saí do sítio durante uma semana inteira e no dia em que resolvi ou melhor, resolvemos sair, não o ter feito soou como uma ótima opção depois do que George soltou sobre mim.
Ele disse que não ficaríamos juntos até a formatura.
E eu lhe disse que acreditava que estávamos destinados a ser e que tudo seria compensado.
Mas ele me queria assim como sua mãe e sua irmã.
E mesmo sendo ruim em amar, eu sabia me amar mais.
(...)
Califórnia
Achei que ela seria a pessoa certa dessa vez, mas nunca tive a chance de ficar com ela.
Não importava a paciência e o amor que eu lhe demostrava, seu vício sempre vinha em primeiro lugar.
Eu era apaixonada por ela e ela apaixonada pela cocaína.
Eu amava a minha vida e ela só amava destruir a própria vida.
(...)
Inkadelphia
me faz bem, aquele maldito príncipe bastardo que eu NÃO POSSO deixar entrar na minha vida.
Ele é a catástrofe em forma da pomba branca, mas não tem paz ali.
Não para mim.
Talvez porque eu não esteja procurando por uma, talvez.
(...)
HFK
Em uma brincadeira idiota onde a bebedeira se fez presente, eu quase derramei todo o meu passado sobre , na realidade acho que ele me embebedou para isso.
Ps: Ok, eu bebi porque eu quis, assumo minha parcela de teor alcoólico.
Mas a única coisa que eu lhe disse era que eu estava vivendo para o azar e nesse mesmo dia ele nos fez voltar ao estúdio dizendo que teria que me mostrar algo e então eu ganhei uma tatuagem no braço direito, uma ferradura de cabeça pra baixo.
Segundo , de um jeito ou de outro, todos nós fazemos parte de um clube de má sorte a diferença é que agora eu estava marcada como ser a personificação da má sorte.
Eu deveria ter ficado brava, mas na verdade eu já me encontrava perdida o suficiente para identificar o que eu estava sentindo.
(...)
A tatuagem da ferradura de cabeça para baixo que eu tinha acabado de fazer nem de longe estava alinhada, de qualquer forma não importa se torta ou reta e sim o significado que ela passou a carregar, se estava orgulhosa de ser a personificação da má sorte e agora posso afirmar que sem motivo algum, eu também poderia ser.
- !! – O grito de quase me fez saltar da cadeira, eu estava ciente de que o horário da sua chegada era ás 10h e pela minha última olhada no relógio faltavam mais de quinze minutos para que isso acontece e sem contar a sua margem de atraso de todo dia, claramente o desespero era por conta da agenda e agora eu entendia o porquê de ela guardar a maldita agenda. Era o seu diário. Ela tinha total ciência de que eu havia lido pelo menos algo que continha ali dentro, o que ela não sabia e provavelmente acabara de descobrir é que as páginas não estavam mais lá e sim queimadas, apenas cinzas.
- VOCÊ NÃO TINHA ESSE DIREITO! – Ela abriu a agenda e balançou mostrando as páginas que faltavam, seus cabelos podiam passar de azul para vermelho a qualquer momento tamanha era sua raiva e no fundo eu esperava que isso acontecesse, minha Blue precisava explodir e parar de guardar as mágoas só para ela. Dei meu melhor sorriso de desinteressado antes de respondê-la.
- Eram só folhas Blue. – Dei de ombros para mulher a minha frente e tudo que eu estava vendo era uma filosofia obscura nadando em decepção com o olhar alternando entre mim e a agenda. – ! – A chamei não esperando encontrar seus olhos que geralmente estavam claros rodeados de um vermelho arrebatador, tudo o que estava em minha mente para falar se dissipou e saiu porta a fora.
Eu com certeza havia acabado de entrar para sua coleção de mágoas e meu coração, o qual insistia em dizer que não existia estava doendo e apertado, minha cabeça ganhava pontadas a cada vez que a imagem dos seus olhos vermelhos e vazios passavam pela minha cabeça.
Fiquei parado no mesmo lugar com a cabeça rodeada de pensamentos e a insistência em ligar e mandar mensagem para mesmo sabendo que ela não me atenderia ou responderia. Já era a vigésima mensagem que eu enviava a ela.
“, atenda! Eu deixo você me xingar mas precisamos conversar. ”
“Eu reconheço que não deveria ler e muito menos arrancar as páginas de sua agenda, mas você precisa se libertar dessa mágoa. Precisa dar uma chance a você mesma, as pessoas que te magoaram não sabiam o que estavam perdendo e sinceramente, você teve amor próprio o suficiente para saber que todos os seus amores anteriores não te mereciam. Não se feche e não se esqueça de quem você é por conta das mágoas, seja você mesma com todo o seu amor próprio e não o transforme em uma onda de azar, se amar não ruim. ”
“Blue, por favor! ”
O sino da porta se fez presente fazendo com que eu desse um pulo da cadeira assustando o gato e quem entrava pela porta, e eu estava revezando para que fosse e toda sua fúria, no entanto a voz presente não era dela e nem de ninguém conhecido, meu pequeno sorriso foi embora e o mau humor foi entregue na voz.
- Estamos fechados hoje.
POV
A cada passo que eu dava para longe do estúdio uma lágrima escorria e sem paciência para limpá-las, deixar que elas escorressem foi a minha única opção.
Raiva.
Muito raiva.
não tinha o direito de invadir a minha privacidade dessa maneira, ele não tinha direito de merda nenhuma e só queria gritar e soca-lo por ter feito o que fez. Minha agenda parecia estar intacta durante dois malditos dias inteiros e de repente tudo havia sumido, eu havia sumido, sabe se lá o que diabo havia feitos com as minhas folhas a única coisa que eu tinha certeza agora, é que ele tinha apagado o pouco que eu comecei a reconstruir de mim.
Parei na primeira loja de conveniência e agradeci a Deus ou a Diabo, como quiser, pelo fato de vender bebida alcoólica no lugar, a atendente me olhou com a sua melhor cara de interrogação e eu lhe devolvi o olhar junto com o dinheiro pegando as minhas cervejas, a essa altura eu já havia silenciado o meu celular pois a cada passo que eu dava e a cada lágrima que escorria o meu celular também vibrava e não precisa ser especialista para saber que era o motivo dessa agitação. Após beber as duas cervejas de uma maneira que nunca havia bebido antes, nem mesmo em todas as loucas feitas da faculdade, verifiquei meu celular checando as três últimas mensagens, de .
“Eu reconheço que não deveria ler e muito menos arrancar as páginas de sua agenda, mas você precisa se libertar dessa mágoa. Precisa dar uma chance a você mesma, as pessoas que te magoaram não sabiam o que estavam perdendo e sinceramente, você teve amor próprio o suficiente para saber que todos os seus amores anteriores não te mereciam. Não se feche e não se esqueça de quem você é por conta das mágoas, seja você mesma com todo o seu amor próprio e não o transforme em uma onda de azar, se amar não ruim. ”
Ele anexou a foto de uma tatuagem igual a minha junto a mensagem.
Clube de má sorte.
Eu ainda queria socá-lo, mas apenas fiz meu caminho de volta ao estúdio com determinação e topei com um homem enquanto subia a pequena rampa e resmungou algo como “Não perca seu tempo, está fechado” e seguiu seu caminho, eu abri a porta e a voz de se fez presente com toda grosseria e mau humor que podia possuir e eu até então não sabia.
- Eu já disse que estamos fechados!
- Eu trabalho aqui e acho que estamos abertos hoje, . – Devolvi no mesmo mau humor e joguei minha agenda em sua direção acertando sua cabeça em cheio, xingou e pediu desculpas ao mesmo tempo enquanto só o olhava com os braços cruzados sem saber muito o que falar, direcionei meus olhos em sua mais nova tatuagem, mas sua voz me chamou a atenção.
- Eu estou pedindo desculpa, mas não é de coração. Blue você precisa viver, sair desse mundo que criou em sua agenda! A vida sempre vai ser feita de bons e maus momentos e temos que superá-los, carregar conosco não faz bem de forma alguma. – Ele suspirou e colocou a agenda em uma bancada próxima. – Eu soube sobre sua vida através de papeis quando na verdade você poderia ter contado para mim, conversado comigo e dissipado essa mágoa. Conversa comigo Blue, por favor?
A vontade de chorar veio em cheio, mas eu engoli o choro e olhei para tentando encontrar o porquê dele sempre se interessar em saber sobre mim, ele esperou pacientemente durante alguns minutos antes de eu abrir a boca para lhe contar algo ou simplesmente sair porta a fora novamente, e a segunda opção me pareceu mais viável se não tivesse interrompido o meu momento de ser covarde.
- Não precisa ter medo Blue, é só uma conversa! – Ele afirmou e voltou a se sentar, esperando que eu falasse algo, eu virei de costas para e comecei a falar.
Assim parecia mais fácil.
1. Até os meus 13/14 anos eu tirava o queijo da pizza.
2. Tenho medo/pavor de passarinhos a ponto de não ir na casa de alguém se tiver um bichano desses lá.
3. Já tomei 3 pontos na língua quando tinha uns 7 anos e não chorei enquanto não vi o sangue.
4. Expulsei uma menina do meu aniversário quando era pequena e depois a reencontrei na faculdade e temi que ela me expulsasse de algum lugar.
5. Já vendi alguma das minhas coisas para comprar bebida alcoólica e churros.
6. Comecei a andar bem antes de completar um ano.
7. Pulei uma série na escola porque já sabia ler e escrever, eu era bem esperta.
8. Já quebrei um total de 8 copos de vidro, no mesmo dia quando trabalhei de garçonete na Califórnia.
9. Tenho alergia a frutos do mar.
10. Meu pai a melhor pessoa que eu conheci em toda a minha vida.
11. Tenho saudades de casa mesmo que sinta que lá não é o meu lugar.
12. Minha mãe poderia ter sido melhor em muito quesitos. Não a culpo, minha primeira fuga para Califórnia a destruiu e destruiu o casamento dos meus pais.
13. Tenho medo de escuro.
14. Já usei drogas.
15. Já namorei três mulheres e cinco homens.
16. Londres é lindo, você deveria visitar.
17. Odeio quando você me chama de Blue.
18. Agora você sabe um pouco do que penso sobre você e é por isso que me mandou essa mensagem bonita?
Depois de enumerar coisas bobas da qual eu sei que queria saber, eu lhe perguntei o que estava martelando na minha cabeça e virei para poder observá-lo e o sorriso que estava estampando em seu rosto chegava a ser estúpido de tão grande, meu dedo do meio se fez presente ele sibilou um “Blue” antes de levantar e estender as mãos para que eu fizesse o mesmo, o que não aconteceu pois a tensão no olhos de estava quase palpável e o que eu menos precisava agora era que transformasse essa situação em uma que eu não conseguiria sair.
- Eu sei que você está com medo. – Ele disse e manteve a mão esticada para mim. – Eu vou me afastar. – Alertou e antes que ele o fizesse, eu segurei sua mão.
Dessa vez eu não queria que o sentimento desaparecesse, eu queria ser boa em amar, queria fazer parte do clube de boa sorte e dessa vez eu não estava mentindo para mim mesma.
Definitivamente era quem finalmente poderia me consertar, porque para ele eu não precisava de conserto.
Estava deitada na cama esperando o despertador tocar pela segunda vez naquela sexta-feira e pelo pouco que eu podia ver da janela o dia estava cinza outra vez e provavelmente chovendo, o que me remetia a casacos e botas, parando para pensar havia escolhido a Filadélfia por não fazer frio os 365 dias dos anos, mas talvez eu estivesse um pouco azarada nos primeiros seis meses aqui. O despertador deu seu sinal de existência e todo o meu corpo e alma reclamaram, minha mente trabalhou para inventar uma desculpa qualquer e passar as três pessoas agendadas no horário da manhã para o meu colega, da mesma forma que o pensamento surgiu ele foi embora com a chegada de uma ligação interrompida e uma mensagem em seguida. Era o .
Bom dia e não se atrase. Não seja mau humorada.
Eu ri com a mensagem e quase enfiei na cabeça que iria me atrasar sim, eu odiava quando o me mandava mensagens me dando ordens, e bom ele fazia de propósito depois de um tempo. Conheci em pub chamado HFK no mês retrasado na Filadélfia, eu estava no canto do bar totalmente escondida e escrevendo na minha agenda conforme vinha fazendo desde que pus os pés aqui e duas mesas na frente estava arrumando uma grande confusão com algum cara tão babaca quanto ele, eu não estava tão alheia a situação.
Flashback ON
Era só mais uma briga de bar e por incrível que pareça não estava sendo causada por mim e tão pouco era eu o motivo, isso costumava acontecer no passado, a questão toda me deixava com vontade de me intrometer. Fechei minha agenda e a deixei em cima da mesa próximo ao meu copo de cerveja e a minha bolsa, chamei a atenção dos dois babacas e do segurança que tentava apartar a discussão ser ter sucesso.
- Hey que tal resolvermos essa briga de macho alfa comigo na sinuca? – Sugeri. O babaca número 1 riu e o babaca número 2, que era o , apenas sussurrou um “Ela é perigosa! ” E ele tirou essa conclusão antes mesmo de conhecer o perigo e isso era bom.
Eu derrotei os dois e por mais que o ego de homem ferido tivesse os atingindo, alguém reconheceu o que eu tinha feito e elogiou-me e agradeceu por ter salvado sua pele ou melhor, seu dinheiro, eu apenas ri de sua cara sem dar muita confiança e me retirei, já tinha passado da minha hora. Estava tarde e o que eu não esperava era que tivesse visto abertura suficiente para virar meu acompanhante naquela noite.
- Hey, não sei seu nome! – Ele chamou minha atenção assim que passei pela porta do HFK – E você não vem sempre aqui. – Inverteu a cantada barata e antes mesmo que eu respondesse ele já havia dito que iria me acompanhar até em casa como recompensa.
- Meu nome é . Frangipane.
Flashback OFF
Ir de bicicleta para o trabalho não era nem de longe uma opção para ir ao trabalho hoje, então assim que passei pela porta do prédio dando bom dia para Mark o mesmo perguntou se eu precisava de um táxi ou iria de metrô, minha mente não tinha cogitado o táxi até agora e então fiz que sim com a cabeça e ele foi de bom grado parar qualquer carro com um motorista mal-humorado para mim.
Pude avistar a parede laranja nada discreta do estúdio e a porta entreaberta entregando que já estaria lá dentro ouvindo seu maldito punk rock antes mesmo das dez da manhã, com a melhor cara de quem teve uma ótima noite de sono e sexo e eu odiava por isso também.
- Eu deveria te odiar! – Foi a primeira coisa que falei ao passar pela porta da Inkadelphia tattoo Studio e por incrível que pareça estava silencioso sem nenhum rock pesado tocando, sem o miado do gato e sem a voz do me respondendo de maneira malcriada.
Maluco.
- Como deixa o estúdio aberto e sai? - Perguntei para o nada e comecei a arrumar e organizar o estúdio, as cadeiras estavam fora do lugar e eu sabia que isso era obra de um fechando o estúdio de qualquer jeito no dia anterior. Cadeiras e macas no lugar, chão varrido, música ambiente e uma bancada com tudo que eu iria precisar para fazer a primeira tatuagem que eu tinha agendada para o dia, a música trocou de Coldplay para Halsey e o começo de Bad at love era tudo o que eu não precisava para aquela manhã chuvosa e cinzenta, peguei minha agenda dentro da bolsa e se a minha inspiração pra desenhar estivesse acesa eu os farias mas o que aconteceu foi totalmente o contrário, a nostalgia me bateu e ao invés de desenhar encontrava-se folheando aquelas páginas manchadas com tinta de caneta em uma letra bonita e arredondada no começo e de qualquer jeito no final, com histórias da minha vida, histórias nada bonitas.
- Mas que baixo astral, Blue! – surgiu como Mercúrio do X Men ou eu estava realmente alheia do mundo que não ouvi quando ele entrou no recinto ou quando mudou a música, fechei minha agenda de maneira rápida e joguei na poltrona que estava na minha frente.
- Por que diabos deixou o estúdio aberto se não estava aqui? – Reclamei e girei na cadeira para ficar de frente para ele, ... Como posso dizer, estava arrumado demais para um dia normal de trabalho o que era bastante estranho, seus cabelos loiros que estavam sempre uma bagunça hoje estavam penteados e devidamente arrumados embaixo de seu chapéu, suas calças jeans rasgadas não saíram do armário hoje e suas blusas de banda de rock deram vez a uma blusa social azul marinho e seus olhos verdes estavam gritantes juntando com a sua sobrancelha levantada enquanto me olhava.
- Ah Blue – ele me chamou pelo apelidinho de sempre por conta da cor dos meus cabelos – Eu sabia que você iria notar! Como estou?
Como um príncipe bastardo.
- Está parecendo que veio de Nova York, posso saber o motivo disso? – Indaguei e fingi falso interesse, quando na verdade na minha testa piscava um turbilhão de perguntas. poderia ter entrado direto para minha lista de amores ruins sem nem mesmo precisar fazer alguma coisa, eu conhecia o tipo dele de longe e sem sombra de dúvidas a beleza peculiar que ele possuía encantava qualquer garota, até mesmo eu que havia me fechado para qualquer tipo de visitações que envolvesse atração e sentimentos ficava encantada com ele, mas nunca tentou absolutamente nada. Mantínhamos uma espécie de amizade aonde eu sabia tudo de sua vida e ele não sabia quase nada de mim, apenas que eu havia caído de para quedas na Filadélfia, que fingia odiar aniversários, que não era boa em me relacionar com pessoas e que eu não iria transar com ele. Ah, e que eu havia me formado na faculdade e virado tatuadora e body piercer no período que fiquei na Califórnia, queria descobrir tudo sobre mim ou o suficiente para que se sentisse confortável, ele mesmo já havia me dito isso em uma noite de muita cerveja no bar e mesmo bêbada eu não contei nada, só fui embora.
- O motivo é a pessoa que está vindo tatuar com você!
POV
não havia conversado muito comigo hoje, na verdade ela não andava conversando muito comigo fazia dois dias e sua inquietação era algo que me incomodava muito pois ela nunca partilhava, mas desta vez eu sabia o que era. Sua agenda havia ficado no estúdio por dois dias seguidos e infelizmente eu não me contive e invadi o seu espaço. E ela no fundo sabia disso, por mais que eu não tenha falado absolutamente nada.
“As piores férias de verão foram em Michigan. Quem disse que adolescência é a melhor fase da vida de um ser humano estava completamente errado, ser adolescente foi desastroso para mim e para um par de pessoas que viviam ao meu redor. Eu tinha 14 anos quando dei meu primeiro beijo e foi traumatizante “Deus me livre ter que beijar alguém nessa vida de novo” era a frase que usava toda vez que algum menino do colégio chegava muito perto de mim, uma pena que Deus só me livrou de beijar alguém novamente por dois anos. Campgrounds, foi a palavra que me aterrorizou durante uma semana e meus pais não se importaram com a minha lista de argumentos contra a minha ida para o meio do mato.
1) Alergia a formiga e mosquito.
2) Água gelada.
3) Qualquer bicho que voa.
4) Não quero ir.
5) Não quero ir.
6) Eu vou morrer.
E “eu vou morrer” estava do 6 ao 200 e ainda assim não adiantou. Era sexta feira de manhã e lá estava eu junto com minha amiga de turma, Maia, escolhendo um lugar no ônibus e descobrindo que não seria só os alunos do nosso colégio que estariam naquela droga de Campgrounds durante um fucking mês.
Reclamei a viagem inteira e no fim das contas ao chegar nem era de todo mal. Os vestígios da primavera ainda podiam ser vistos por qualquer um, o que me agradou bastante, a imensa casa de telhados verdes a minha frente meu sorriso cresceu tanto que minhas bochechas no mínimo doeram e aquele sorriso era para ser no mínimo maníaco quando na verdade se tornou o mais bonito por Joan. Joan era de outro colégio e em dois dias de acampamento eu tinha descoberto que ela era dois anos mais velho do que eu e tinha uma fama ruim em seu colégio e era só isso, a sua simpatia e sorriso compensavam o que me disseram e agora eu não queria mais que Deus me livrasse de ter que beijar na boca nessa vida pois eu queria beijar Joan. Da mesma forma que fiquei sabendo sobre ele, o mesmo ficou sabendo sobre mim a titulada a Maria virjona, certamente para ele seria um desafio chegar até mim e me beijar, todos esperavam a minha recusa e então eu o beijei no sétimo dia em que passávamos naquele lugar.
O acampamento que antes me pareceu um martírio agora era maravilhoso, os trailers espalhados pela área ficavam devidamente separados por colégios o que era injusto e por gêneros do sexo masculino e feminino o que era justo visto que se com essa regra não diminuía a juventude a flor da pele, imagine sem ela? Quinze dias no camping e hoje era a primeira vez que estava fazendo calor o suficiente para que eu entrasse no lago, Joan havia tomado café com seus amigos e o planejamento do dia do colégio dele não era o mesmo que o meu. O meu era simplesmente receber a escola novata, que ficaria apenas 15 dias conosco e o dele era a tirolesa no lago, o meu descontentamento era visível tanto na voz quanto na feição e talvez tenha sido por isso que após o almoço meu grupo foi liberado para fazer o que quiséssemos contanto que não ultrapassássemos o limite dado pelos nossos reponsáveis naquele lugar. Maia não era muito interessada em aventuras, mas desde o momento em que ela escutou as palavras “quebrar regras” saindo da minha boca tudo mudou de figura.
Entramos no trailer dos meninos em especifico no trailer de Joan e seus amigos e pelo visto seus responsáveis não eram tão rigorosos quanto os nossos, além de visualizar a grande bagunça e uma música que ainda havia descoberto de onde vinha, eu podia ver uma garrafa Jack Daniels pela metade no meio das roupas jogadas, Maia havia falando algo como “porcos imundos” em meus ouvidos e única coisa que eu consegui escutar foi uma voz feminina chamando Jamie, era o amigo de Joan. Oportunidade para sair do trailer sem ser notada eu tive, tanto que Maia o fez, mas eu fiquei e persegui a voz feminina abrindo o banheiro daquele trailer e encontrado Jamie com uma das garotas que havia acabado de chegar do outro colégio, eu não gritei e tão pouco os julguei, apenas sai e esperei no meu lugar, por Joan.
Mas ele nunca apareceu.
Jamie arrumou alguma maneira de todos ficarem sabendo o que ouve e a culpa caiu em mim, se toda a minha fama na escola era ruim agora estava no lixo.
De Maria virjona a vadia. ”
“Ah, a faculdade! Eu suspirava de felicidade a cada dia por saber que havia conseguido o curso que queria de Artes Plásticas e hoje em especial após a conclusão do meu terceiro período havia sido convocada para ser monitora da turma de pintura, não via a hora de encontrar meu pai para contar tudo. Meu pai trabalhava na rua de minha faculdade e então eu sempre aproveitava sua carona para ir para casa e nesse dia não foi diferente, contei tudo para ele com toda a minha animação de sempre e ele ficou mais feliz do que eu poderia imaginar mesmo que este fato mudasse nossa rotina durante três dias na semana.
E esses três dias na semana foram o suficiente para que eu conhecesse George, o menino do interior, como todos chamavam. O conheci na volta para casa, após duas semanas que estava como monitora e ele sempre me acompanhava até o ônibus, por mais que não pegássemos o mesmo.
Quinta semana: “Se a resposta for não, isso não foi um pedido para sair. Que jantar amanhã à noite? ”
Sexta semana: “Acho que vou ser obrigado a te levar para jantar toda semana. ”
Sétima semana: “Você precisa para de olhar para mim assim, eu já estou apaixonado, você conseguiu. ”
Oitava semana: “Não sabia que você ficava ainda mais bonita quando pintava os cabelos de rosa. ”
Nona semana: “Daqui 365 dias seria ótimo para comemorarmos um ano de namoro, sabia? ”
Décima semana: “Então quer dizer que a minha namorada não vai embora comigo hoje? Ficarei até mais tarde com você, só quero ficar ao seu lado. ”
E então George era o meu namorado.
Vigésima quarta semana: “Eu amo você, pequi. ”
Vigésima quinta semana: “Feche os olhos e abra as mãos, não precisa ficar com medo. Confie em mim! ”
Vigésima sexta semana: “Passe as férias comigo? Eu prometo que vão ser as melhores férias das nossas vidas! ”
E não foram. Eu passaria quase 4 meses longe de casa e isso incluía o meu aniversário, o interior era lindo para quem gostava de calmaria e natureza, mas eu era agitada, e isso me incomodou logo nos primeiros dias. A casa de George ou melhor dizendo o sítio, com o quintal enorme, muitas árvores, a água da cachoeira também passava por ali também e eu não conseguia contar nos dedos a quantidade de animais que ele e sua família tinham mas conseguia contar quantas vezes seu pai fora arrogante comigo apenas por ser uma mulher que tem interesse por estudos e eu relevei por respeito, por George, por não estar na minha casa e por inúmeros motivos errados que eu criei na minha cabeça, eu relevei. A minha presença na casa gerava desconforto era palpável e isso apenas alimentava a minha vontade de voltar correndo para casa, George tentava ao máximo ser quem ele era quando estava longe de casa, ele era apenas alguém que queria sair das garras do pai e seu pensamento quadrado. Definitivamente isso só dava certo na cidade grande, ao meu ver.
E definitivamente eu estava errado sobre isso.
Os dias foram passando e sem perceber eu estava sendo moldada na dona de casa que a mãe e a irmã de George eram. Enquanto ele saia com seu pai nós ficamos em casa fazendo todas as tarefas domesticas e cuidando dos animais, exceto cuidar da gente. Eu sequer saí do sítio durante uma semana inteira e no dia em que resolvi ou melhor, resolvemos sair, não o ter feito soou como uma ótima opção depois do que George soltou sobre mim.
Ele disse que não ficaríamos juntos até a formatura.
E eu lhe disse que acreditava que estávamos destinados a ser e que tudo seria compensado.
Mas ele me queria assim como sua mãe e sua irmã.
E mesmo sendo ruim em amar, eu sabia me amar mais.
Califórnia
Achei que ela seria a pessoa certa dessa vez, mas nunca tive a chance de ficar com ela.
Não importava a paciência e o amor que eu lhe demostrava, seu vício sempre vinha em primeiro lugar.
Eu era apaixonada por ela e ela apaixonada pela cocaína.
Eu amava a minha vida e ela só amava destruir a própria vida.
Inkadelphia
me faz bem, aquele maldito príncipe bastardo que eu NÃO POSSO deixar entrar na minha vida.
Ele é a catástrofe em forma da pomba branca, mas não tem paz ali.
Não para mim.
Talvez porque eu não esteja procurando por uma, talvez.
HFK
Em uma brincadeira idiota onde a bebedeira se fez presente, eu quase derramei todo o meu passado sobre , na realidade acho que ele me embebedou para isso.
Ps: Ok, eu bebi porque eu quis, assumo minha parcela de teor alcoólico.
Mas a única coisa que eu lhe disse era que eu estava vivendo para o azar e nesse mesmo dia ele nos fez voltar ao estúdio dizendo que teria que me mostrar algo e então eu ganhei uma tatuagem no braço direito, uma ferradura de cabeça pra baixo.
Segundo , de um jeito ou de outro, todos nós fazemos parte de um clube de má sorte a diferença é que agora eu estava marcada como ser a personificação da má sorte.
Eu deveria ter ficado brava, mas na verdade eu já me encontrava perdida o suficiente para identificar o que eu estava sentindo.
A tatuagem da ferradura de cabeça para baixo que eu tinha acabado de fazer nem de longe estava alinhada, de qualquer forma não importa se torta ou reta e sim o significado que ela passou a carregar, se estava orgulhosa de ser a personificação da má sorte e agora posso afirmar que sem motivo algum, eu também poderia ser.
- !! – O grito de quase me fez saltar da cadeira, eu estava ciente de que o horário da sua chegada era ás 10h e pela minha última olhada no relógio faltavam mais de quinze minutos para que isso acontece e sem contar a sua margem de atraso de todo dia, claramente o desespero era por conta da agenda e agora eu entendia o porquê de ela guardar a maldita agenda. Era o seu diário. Ela tinha total ciência de que eu havia lido pelo menos algo que continha ali dentro, o que ela não sabia e provavelmente acabara de descobrir é que as páginas não estavam mais lá e sim queimadas, apenas cinzas.
- VOCÊ NÃO TINHA ESSE DIREITO! – Ela abriu a agenda e balançou mostrando as páginas que faltavam, seus cabelos podiam passar de azul para vermelho a qualquer momento tamanha era sua raiva e no fundo eu esperava que isso acontecesse, minha Blue precisava explodir e parar de guardar as mágoas só para ela. Dei meu melhor sorriso de desinteressado antes de respondê-la.
- Eram só folhas Blue. – Dei de ombros para mulher a minha frente e tudo que eu estava vendo era uma filosofia obscura nadando em decepção com o olhar alternando entre mim e a agenda. – ! – A chamei não esperando encontrar seus olhos que geralmente estavam claros rodeados de um vermelho arrebatador, tudo o que estava em minha mente para falar se dissipou e saiu porta a fora.
Eu com certeza havia acabado de entrar para sua coleção de mágoas e meu coração, o qual insistia em dizer que não existia estava doendo e apertado, minha cabeça ganhava pontadas a cada vez que a imagem dos seus olhos vermelhos e vazios passavam pela minha cabeça.
Fiquei parado no mesmo lugar com a cabeça rodeada de pensamentos e a insistência em ligar e mandar mensagem para mesmo sabendo que ela não me atenderia ou responderia. Já era a vigésima mensagem que eu enviava a ela.
“, atenda! Eu deixo você me xingar mas precisamos conversar. ”
“Eu reconheço que não deveria ler e muito menos arrancar as páginas de sua agenda, mas você precisa se libertar dessa mágoa. Precisa dar uma chance a você mesma, as pessoas que te magoaram não sabiam o que estavam perdendo e sinceramente, você teve amor próprio o suficiente para saber que todos os seus amores anteriores não te mereciam. Não se feche e não se esqueça de quem você é por conta das mágoas, seja você mesma com todo o seu amor próprio e não o transforme em uma onda de azar, se amar não ruim. ”
“Blue, por favor! ”
O sino da porta se fez presente fazendo com que eu desse um pulo da cadeira assustando o gato e quem entrava pela porta, e eu estava revezando para que fosse e toda sua fúria, no entanto a voz presente não era dela e nem de ninguém conhecido, meu pequeno sorriso foi embora e o mau humor foi entregue na voz.
- Estamos fechados hoje.
POV
A cada passo que eu dava para longe do estúdio uma lágrima escorria e sem paciência para limpá-las, deixar que elas escorressem foi a minha única opção.
Raiva.
Muito raiva.
não tinha o direito de invadir a minha privacidade dessa maneira, ele não tinha direito de merda nenhuma e só queria gritar e soca-lo por ter feito o que fez. Minha agenda parecia estar intacta durante dois malditos dias inteiros e de repente tudo havia sumido, eu havia sumido, sabe se lá o que diabo havia feitos com as minhas folhas a única coisa que eu tinha certeza agora, é que ele tinha apagado o pouco que eu comecei a reconstruir de mim.
Parei na primeira loja de conveniência e agradeci a Deus ou a Diabo, como quiser, pelo fato de vender bebida alcoólica no lugar, a atendente me olhou com a sua melhor cara de interrogação e eu lhe devolvi o olhar junto com o dinheiro pegando as minhas cervejas, a essa altura eu já havia silenciado o meu celular pois a cada passo que eu dava e a cada lágrima que escorria o meu celular também vibrava e não precisa ser especialista para saber que era o motivo dessa agitação. Após beber as duas cervejas de uma maneira que nunca havia bebido antes, nem mesmo em todas as loucas feitas da faculdade, verifiquei meu celular checando as três últimas mensagens, de .
“Eu reconheço que não deveria ler e muito menos arrancar as páginas de sua agenda, mas você precisa se libertar dessa mágoa. Precisa dar uma chance a você mesma, as pessoas que te magoaram não sabiam o que estavam perdendo e sinceramente, você teve amor próprio o suficiente para saber que todos os seus amores anteriores não te mereciam. Não se feche e não se esqueça de quem você é por conta das mágoas, seja você mesma com todo o seu amor próprio e não o transforme em uma onda de azar, se amar não ruim. ”
Ele anexou a foto de uma tatuagem igual a minha junto a mensagem.
Clube de má sorte.
Eu ainda queria socá-lo, mas apenas fiz meu caminho de volta ao estúdio com determinação e topei com um homem enquanto subia a pequena rampa e resmungou algo como “Não perca seu tempo, está fechado” e seguiu seu caminho, eu abri a porta e a voz de se fez presente com toda grosseria e mau humor que podia possuir e eu até então não sabia.
- Eu já disse que estamos fechados!
- Eu trabalho aqui e acho que estamos abertos hoje, . – Devolvi no mesmo mau humor e joguei minha agenda em sua direção acertando sua cabeça em cheio, xingou e pediu desculpas ao mesmo tempo enquanto só o olhava com os braços cruzados sem saber muito o que falar, direcionei meus olhos em sua mais nova tatuagem, mas sua voz me chamou a atenção.
- Eu estou pedindo desculpa, mas não é de coração. Blue você precisa viver, sair desse mundo que criou em sua agenda! A vida sempre vai ser feita de bons e maus momentos e temos que superá-los, carregar conosco não faz bem de forma alguma. – Ele suspirou e colocou a agenda em uma bancada próxima. – Eu soube sobre sua vida através de papeis quando na verdade você poderia ter contado para mim, conversado comigo e dissipado essa mágoa. Conversa comigo Blue, por favor?
A vontade de chorar veio em cheio, mas eu engoli o choro e olhei para tentando encontrar o porquê dele sempre se interessar em saber sobre mim, ele esperou pacientemente durante alguns minutos antes de eu abrir a boca para lhe contar algo ou simplesmente sair porta a fora novamente, e a segunda opção me pareceu mais viável se não tivesse interrompido o meu momento de ser covarde.
- Não precisa ter medo Blue, é só uma conversa! – Ele afirmou e voltou a se sentar, esperando que eu falasse algo, eu virei de costas para e comecei a falar.
Assim parecia mais fácil.
1. Até os meus 13/14 anos eu tirava o queijo da pizza.
2. Tenho medo/pavor de passarinhos a ponto de não ir na casa de alguém se tiver um bichano desses lá.
3. Já tomei 3 pontos na língua quando tinha uns 7 anos e não chorei enquanto não vi o sangue.
4. Expulsei uma menina do meu aniversário quando era pequena e depois a reencontrei na faculdade e temi que ela me expulsasse de algum lugar.
5. Já vendi alguma das minhas coisas para comprar bebida alcoólica e churros.
6. Comecei a andar bem antes de completar um ano.
7. Pulei uma série na escola porque já sabia ler e escrever, eu era bem esperta.
8. Já quebrei um total de 8 copos de vidro, no mesmo dia quando trabalhei de garçonete na Califórnia.
9. Tenho alergia a frutos do mar.
10. Meu pai a melhor pessoa que eu conheci em toda a minha vida.
11. Tenho saudades de casa mesmo que sinta que lá não é o meu lugar.
12. Minha mãe poderia ter sido melhor em muito quesitos. Não a culpo, minha primeira fuga para Califórnia a destruiu e destruiu o casamento dos meus pais.
13. Tenho medo de escuro.
14. Já usei drogas.
15. Já namorei três mulheres e cinco homens.
16. Londres é lindo, você deveria visitar.
17. Odeio quando você me chama de Blue.
18. Agora você sabe um pouco do que penso sobre você e é por isso que me mandou essa mensagem bonita?
Depois de enumerar coisas bobas da qual eu sei que queria saber, eu lhe perguntei o que estava martelando na minha cabeça e virei para poder observá-lo e o sorriso que estava estampando em seu rosto chegava a ser estúpido de tão grande, meu dedo do meio se fez presente ele sibilou um “Blue” antes de levantar e estender as mãos para que eu fizesse o mesmo, o que não aconteceu pois a tensão no olhos de estava quase palpável e o que eu menos precisava agora era que transformasse essa situação em uma que eu não conseguiria sair.
- Eu sei que você está com medo. – Ele disse e manteve a mão esticada para mim. – Eu vou me afastar. – Alertou e antes que ele o fizesse, eu segurei sua mão.
Dessa vez eu não queria que o sentimento desaparecesse, eu queria ser boa em amar, queria fazer parte do clube de boa sorte e dessa vez eu não estava mentindo para mim mesma.
Definitivamente era quem finalmente poderia me consertar, porque para ele eu não precisava de conserto.
Fim
Nota da autora: Deixar para escrever em cima da hora é sempre mais gostoso, não é mesmo? Brincadeira, pois é desesperador!
Mas vamos lá, devo dizer que quando vi que o ficstape estava fechado eu fiquei bem chateada e nesse mesmo dia eu comentei que alguém podia desistir e bom, desistiram e eu não devia ter ficado feliz, mas eu fiquei. Continuando eis que a Halsey me surge anunciando o clipe e eu simplesmente travei, por medo de começar a escrever e o clipe ser toda uma história que não iria bater com a minha e realmente não bate. Comecei a escrever só após o clipe ser lançado e segui com a minha ideia, então de de coração espero que vocês tenham gostado; E devo agradecer também a Thami por ter feito o script e por todas as meninas do nosso grupo maravilhoso que me deixam fazer essas loucuras de pegar ficstapes e pegam também.
Outras Fanfics:
02. Mercy (Ficstape Illuminate - Finalizada)
Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Mas vamos lá, devo dizer que quando vi que o ficstape estava fechado eu fiquei bem chateada e nesse mesmo dia eu comentei que alguém podia desistir e bom, desistiram e eu não devia ter ficado feliz, mas eu fiquei. Continuando eis que a Halsey me surge anunciando o clipe e eu simplesmente travei, por medo de começar a escrever e o clipe ser toda uma história que não iria bater com a minha e realmente não bate. Comecei a escrever só após o clipe ser lançado e segui com a minha ideia, então de de coração espero que vocês tenham gostado; E devo agradecer também a Thami por ter feito o script e por todas as meninas do nosso grupo maravilhoso que me deixam fazer essas loucuras de pegar ficstapes e pegam também.
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