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Capítulo 1



Setembro
Um novo semestre começava na Lamar High School em Houston, os alunos se abraçavam ao rever os amigos, os professores acompanhavam com os olhares a excitação do primeiro dia de aula, que provavelmente só duraria uma semana. Os jogadores de Hockey no Gelo já conversavam sobre a nova festa que eles dariam, seria a segunda na semana; a primeira foi pelo fim das férias, a segunda pelo início das aulas, bela criatividade. Além de organizadores de festas, onde na maioria dos jovens tinham que sair correndo por causa da “aparição” de carros da polícia local, “Houston we have a problem”. Um dos tais esportistas era o atual presidente do grêmio estudantil, e, obviamente um dos mais populares da escola.
– Dará tudo certo dessa vez – rolava os olhos – não haverá problemas novamente.
era o presidente, o garoto mais cobiçado da escola inteira, atacante do time de Hockey, namorado de uma das mais belas meninas de sua turma, Emma. Sim, ele era lindo, seu cabelo ruivo, os olhos azuis, sem falar do seu corpo escultural.
– Você sempre fala isso, o encarava – se nessa festa de agora não ocorrer algum problema, a próxima eu irei.
, você é meu melhor amigo, eu te conheço desde os meus sete anos – seu cabelo cor de fogo balançava com o típico vento dessa época de ano – e eu nunca te meti em problemas – sorriu, batendo no ombro do amigo.
– Verdade – tinha um sorriso sarcástico nos lábios – você só me fez te tirar de todas as enrascadas – o pai do era o Detetive da cidade, sim, ele era importante.
O amigo o olhou com cara de “por favor, eu preciso de você lá”, até que sua namorada cortou o silêncio deles.
– Eu vou com você, – sorriu, o abraçando de lado.
– Claro que você vai – o menino riu debochadamente –, você é minha namorada, não teria nem a opção de você não ir.
A menina já estava ficando acostumada com esses tipos de comentários que ele gostava de falar, na verdade, apenas ela e o melhor amigo dele achavam totalmente desnecessários. O resto do grupo achava normal, a maior parte da escola achava normal aquela reação.
– Depois vocês decidem quem irá aonde, obviamente eu irei, . – Ryan era o ciumento da turma, ele não se conformava em não ser o melhor amigo de . – Olhem para aquela garota dirigindo um Camaro 327!
– Não deveriam deixar andar na rua com um clássico desse – riu .
– Por que não? – perguntou inocentemente.
– Ela é uma mulher, sabe como é: mulher no volante, perigo constante – enquanto ria de sua própria piada, revirava os olhos.
– Ela vai estacionar do lado da sua vaga – riu Ryan –, tomara que ela tenha noção de espaço.
– Se ela tirar uma lasca... – encarou o amigo, lançando um sorriso.
– Mas ela é linda – Emma a encarou.
Realmente, a menina que saíra do carro era linda, alta, morena, cabelos ondulados. E que estilo, pensou . Short, coturno, regata preta, blusa quadriculada branca e preta amarrada na cintura. Ele daria o mundo para ver a cor daqueles olhos escondidos por trás do Ray Ban de aro prateado.
– É, bro – envolveu um dos braços no pescoço do amigo, encarando-o. – ela estacionou o carro perfeitamente, e nem deixou a roda do carro fora da faixa da vaga, que nem você.
– Ha ha ha, que engraçado – detestava quando era contra ele e ainda por cima o caçoava, e hoje ele já tinha se mostrado na oposição duas vezes. – Hey, babe, você é mais linda – encarou Emma, tirando um sorriso dela, pelo menos um comentário inteligente ele tinha dado.
– Olha quem está vindo para cá – Ryan claramente estava encantado pela garota, boa coisa não sairia.
A menina havia reparado os quatro olhares nela, três com casacos do time de Hockey e uma menina, que pelo jeito que encarava a situação, estava totalmente desconfortável. Será que em toda escola ela chamará atenção?
Começou a subir os degraus até a porta principal da escola, pôde sentir o olhar de cada um quando passava por eles, até chegar no último.
– My anaconda don’t want none – ouviu um riso – Unless you got bunz, hun. E você tem.
A menina se virou lentamente para o garoto, que tinha um estúpido sorriso nos lábios, olhos brilhante, como se tivesse dito a coisa mais inteligente do mundo. Ela levantou os óculos escuros, encarou a trupe, o do cabelo de cor vermelha tentava controlar o riso; a menina fingia que não tinha ouvido; o outro menino a surpreendeu, tinha cara de “que idiota”.
– Você sabe – a menina riu ironicamente –, provavelmente não, mas Nicki escreveu essa música para provar que ela pode cantar sobre sexo, palavrões e etc. no mesmo patamar que os homens, MAS isso não te dá o direito de sair falando isso. Até porquê – ela o encarou de cima abaixo – você não daria conta.
Voltou a subir as escadas, deixando o menino perplexo por sua atitude, enquanto ria, gargalhava, e ficara abismado. Que tipo de garota nova chega e faz esse furdunço todo em menos de 20 minutos e vai embora assim?




Capítulo 2



A aula de literatura estava para acabar, só conseguia se concentrar na nova aluna que estava sentada ao lado da janela. Ele não prestou nenhuma atenção na aula, nem quando a professora Erin falava sobre E. E. Cummings. O vento que batia naqueles cabelos, será que ele conseguiria prestar atenção nas aulas de física e química, suas favoritas? Ela batucava a borracha que tinha na ponta do lápis na cadeira, encarava a professora como se ela declamasse tudo que ela queria ouvir, concentração com toda certeza ela tinha, já ele.
A única coisa boa que a piada de Ryan serviu foi para descobrir a cor daqueles olhos, castanhos escuro, mas que com a luz clareavam. já havia chutado sua cadeira umas três vezes, “para de babar pela encrenca” foi sua mensagem, claro que havia ignorado. Sentiu uma tensão no pescoço quando encarou o relógio, será que ele havia ficado com o rosto virado para ela a aula toda? Pressionou o pescoço, virando-o para a professora, ela estava bem arrumada para seu primeiro dia de aula, usava um terninho azul. Azul, da mesma cor que o Camaro 327.
– Bem, alunos, como vocês sabem, todo ano uma nova plataforma de Grêmio pode ser proposta, e pelo que me lembro, todos os anos, o grêmio dos jogadores de Hockey é eleito. Quem sabe outros presidentes e novidades virão?
– Não mesmo – riu .
– Controle-se, .
– Professora – suspirou ao ouvir de novo a voz da menina, ela tinha o acertado em cheio – todos anos eles ganham? – pelo seu tom de voz, ela estava incrédula.
– Sim, querida.
– Alunos novos podem se candidatar? – ela havia se endireitado na cadeira, sua feição mostrava seriedade.
– Você está brincando? – a encarou, sério. – Porque só pode estar.
– Deixa eu pensar – ela contou até três internamente –, não – voltou a olhar a professora.
– Claro que pode, uma boa concorrência seria boa.
– Isso quer dizer que não há concorrência?
– Não importa se há – se endireitou na carteira – ganharemos.
– Você precisa de um calmante, seriamente.
– Nos últimos dois anos não houve concorrência – respondeu, fazendo a menina o encarar de cima abaixo. – Seria bom que tivesse.
– O QUÊ? Você só pode estar louco! – levantou os braços.
– Pelo menos alguém é sensato – a menina sussurrou, virando para frente.
– Bom saber que há novas pessoas interessadas – a professora concluiu, se aproximando da mesa – Hora da chamada.
Agora se endireitava na carteira. O que ele havia dito? Ele era da mesma chapa que o amigo dele, não era para aceitar, muito menos apoiar uma concorrência. Bem, pelo menos ele teve a confirmação de que entre ele e o amigo, ele era o sensato. A professora falava os nomes, então notou que saberia o nome dela.
.
– Presente – a turma toda encarou de novo a menina sentada ao lado da janela. Dessa vez era o pé que ela mexia freneticamente.
– Prazer, – a professora sorria.


– Qual é o seu problema? – perguntou ao ver seu melhor amigo se sentar à mesa.
Estava na hora do intervalo, o refeitório estava lotado, e claro, a mesa deles ficavam no meio de todas. Segundo , eles eram o sol e o resto, o resto. Ele tinha um rei dentro da barriga chapada dele.
– Que problema? – o amigo se fez de desentendido enquanto mordia seu pão com recheio de frango, seu favorito.
– Você praticamente apoiou a candidatura da novata, bro. Nós somos a chapa principal, os vencedores, você não pode apoiar ela desse jeito.
– Primeiro, , eu não apoiei. Segundo, é chato ganhar porque não teve concorrência, isso não é justo.
– Agora ele se importa com o que é justo – Ryan riu.
– Pelo que eu saiba, eu sempre me importei, senhor Anaconda.
– Chega, vocês dois – esbravejou. – Ok, , no final a gente ganhará, mesmo.
– Eu acho legal – Emma resolveu participar da conversa – vai ser tipo uma eleição.
– Babe – a encarou –, você não acha legal! Você tem que concordar comigo, é um dever como minha namorada.
– Por favor, – a menina revirou os olhos.
– Eu estou falando sério – o garoto a encarava, fazendo-a suspirar. – Estou falando sério com você também, , não gostei.
– Você já devia saber que eu não faço as coisas só para lhe agradar, não sou o Ryan.
– HEY!
– Já chega, os dois – pediu mais uma vez.
– É, já chega – Allison se aproximou, se sentando ao lado de . – Não sei o que houve, mas já deu, né, anjo? – a menina encarava o garoto.
– É – ele sussurrou.
– Vocês voltaram? – perguntou Emma à melhor amiga.
– Não – respondeu por ela.
– Ainda não – corrigiu –, mas o que tanto vocês discutiam, é sobre o murmúrio de que haverá outra chapa?
– Viu! – levantara os braços de novo. – Agora essa nova chapa é um assunto.
– Fala sério, , a garota é uma novata, ninguém conhece ela ainda!
– Exato, – Ryan sorriu. – Ninguém a conhece, AINDA.


Enquanto essa estúpida discussão acontecia, se aproximava com sua bandeja de uma mesa do lado de fora do refeitório, só tinha uma pessoa sentada lá fora.
– Hey – a menina sorriu para a outra – posso sentar aqui?
– Você realmente quer sentar aqui? – essa pergunta a fez estranhar.
– Tem algum problema em eu querer sentar aqui? – perguntou, encarando a mesa.
– Não – as bochechas da menina branca já estavam da cor de um tomate –, é que nunca ninguém quer sentar aqui.
– Prazer, sou ninguém – a menina riu, se sentando.
– Jenny – a menina estendeu a mão, ficando surpresa com a resposta do ato da morena à sua frente.
– sorriu, apertando a mão da menina. – Você estuda aqui há muito tempo? – perguntou, enquanto abria seu suco de manga.
– Desde o ano passado – deu um sorriso triste.
– Ainda não fez amigos? – por mais que já tivesse causado um murmúrio na escola, ainda tinha uma certa inocência em suas perguntas.
– Quem gostaria de fazer amizade comigo? – a encarou por um momento.
Jenny, era branca, suas bochechas eram rosadas, seus olhos eram redondos e incrivelmente verdes, seus cabelos loiros estavam presos num rabo de cavalo frouxo e ela era obesa. Era esse o problema? Provavelmente, os alunos daquela escola só reparariam naquele detalhe.
– Eu gostaria – sussurrou, abrindo o pacote do sanduíche feito pela escola. Pão com frango. – E pare de se minimizar.
– E o que você sabe sobre ser gor...
– Licença – um grupo de meninas se aproximara da mesa –, você por acaso é a menina que os corredores estão falando, que primeiro enfrentou o Ryan e depois ?
– São os meninos do Hockey?
– Sim – as meninas responderam.
– Ah, então sim – mordiscou seu pedaço de pão, que era incrivelmente bom.
– Wow – as meninas riram e se sentaram – você sabia que a chapa dos esportistas tem ganhado desde sempre? – a morena de cabelos lisos continuava. – Primeiro foi o irmão do , atual presidente, o Luke. Ele foi o presidente de sua turma até colarem o grau.
– Primeiro se apresentem – riu – depois me expliquem como funciona isso de grêmio.
As meninas se apresentaram uma a uma, a morena dos cabelos lisos se chamava Sophia, Megan era a mais baixa dentre as três, tinha um jeito agitado pelo jeito como se mexia toda, Hayley era a mais alta, tinha um porte de modelo, era uma bela negra, chegava a lembrar a Miss Angola que tinha acabado de ganhar o concurso de Miss universo.
– Bem – ela sorriu ao ouvir os nomes das meninas – sou e essa é minha amiga Jenny.
– Prazer – disseram as três juntas.
– A chapa – Sophia falava – é formada por um presidente, um vice presidente e por alunos de todos os anos do Ensino Médio, que serão os representantes de classe. Seguindo o caminho do irmão Luke, acabou se tornando o presidente da chapa, e ganhou sem nenhuma concorrência, assim como seu irmão na sua última disputa.
– Isso é errado – Jenny sussurrou.
– O que disse Jenny? – perguntou.
– Que isso é errado – a menina estava mais vermelha ainda.
– De fato, é, mas nem é a melhor parte – Megan sorriu de lado. – Todos do colégio acham que Emma, namorada de , e sua amiga, Allison, fazem parte da chapa, mas não. Não há uma mulher na chapa deles.
– Vocês estão brincando, né? – estava abismada, seu olhar pulava de uma a uma.
– Gostaríamos de estar – Hayley continuou. – O fato que é super machista. Nós três somos do grupo de dança da faculdade, fomos pedir o apoio dele para que pudéssemos ensaiar e ter nossas aulas no auditório, em vez da pequena sala 301, mas ele fez pouco caso.
– Bem, pelo que eu sei ele só foca nas festas e no dinheiro que irá gastar nos novos equipamentos do time dele – Jenny prosseguiu, ficara feliz ao ver a garota se entrosando também.
– Por isso – as três meninas se aproximaram – temos que ter certeza se você participará dessa eleição! Pois se sim, você terá eleitores, acredite.
– Bem, eu vou participar! Ainda mais agora depois do que vocês me falaram.
Depois disso só foi histeria coletiva de comemoração, as meninas continuavam a conversar sobre o que de errado tinha acontecido nesse ano de presidência do , o fiasco que fora sua festa de fim de férias, como a má administração era feita. Tudo.




Capítulo 3



Depois do intervalo as meninas tiveram que correr para suas respectivas classes, elas tinham conseguido se entrosar. Claro, nenhuma delas sabiam da vida de ou Jenny, mas algo dizia que elas logo se tornariam um grande apoio. A novata jurava para si mesma que tentaria de todas as formas, legais obviamente, ganhar esse grêmio. Ela não poderia deixar que apenas uma classe saísse favorecida, também não podia se deixar intimidar pelos olhares intimidadores de , ele não havia gostado mesmo do que ela dissera em sala de aula.
A futura presidente de chapa entrara na sala segundos antes do professor de Química, todas as mesas do laboratório estavam cheias, cada uma com quatro, menos uma que tinha três alunos, dois de óculos e, infelizmente, um de casaco do time de Hockey.
– Será que eu posso me juntar a vocês? – perguntou, encarando os meninos da bancada.
Ao ouvir a voz de , não conseguia nem acreditar que era a voz dela, percebeu que seus amigos ficaram rígidos com a presença dela ali, eram poucas as meninas que estudavam Química. Na verdade, a maioria dos alunos odiava Química, mas ela estava lá. Ele não conseguiu controlar o sorriso ao vê-la na sua frente, e ela havia reparado nisso, do mesmo jeito que fechou sua cara quando Ryan havia proferido aquelas estúpidas palavras na mesma manhã, ela se fechara de novo. Fazendo o menino sorrir mais ainda.
– Claro que pode – respondeu, retirando sua mochila da única carteira vazia e deixando no chão.
– Obrigada – desviou os olhares para os outros meninos.
– Meu nome é Maxwell – o menino mais magro de blusa cinza sorrira, seus óculos eram redondos, fazendo-a se lembrar de Harry Potter.
– O meu é Julian – assim que encarou o outro menino, pôde perceber que ele era o gêmeo do outro, e graças a Deus eles não se vestiam iguais. Julian vestia uma blusa social branca com a manga dobrada até o cotovelo e sua calça tinha um suspensório.
– Eu sou , mas pode me chamar de – estendeu a mão, dos três, ele foi o único a estender a mão. A menina logo mudou a reação ao encará-lo. Cabelos pretos em pé, olhos de mesma cor, um sorriso largo que fazia pequenas voltinhas se formarem no final de sua boca. Por dentro do casaco de Hockey, ele vestia uma camisa quadriculada verde e uma regata branca.
– Prazer – a menina continuou com seu olhar fixo – Me chamo , mas pode me chamar de – os colegas dele riram assim que ela terminou de falar, ele teria que tratá-la com nome e sobrenome.
A aula de química passara rápida, por isso gostava das aulas de química e física, elas passavam rapidamente, e eles ainda testavam o que aprendiam, claro que com o auxílio do professor.
Entretanto, por mais que ele tentasse se convencer que aquela tinha sido melhor aula por ser suas matérias favoritas, a verdade era outra: vê-la prestando atenção ali, ao seu lado, copiando tudo, batucando aquele lápis na mesa, olhando os cálculos... Além de tê-la visto com aqueles óculos de laboratório, conversando e debatendo sobre estequiometria com os garotos mais inteligentes da escola inteira como se fosse o assunto mais comum.
Ela tinha atitude.

– o menino apareceu ao seu lado no corredor.
A menina o encarou, ele tinha levantado o rosto, mordiscava os lábios de 2 em 2 segundos, suas mãos estavam no bolso de sua calça jeans, ele não fazia ideia do que estava fazendo.
– Então? – ela perguntou, cruzando os braços.
– Vai ter uma festa, de comemoração da volta às aulas.
– Estou sabendo. – Outch!, pensou o menino.
– Gostaria só de convidá-la, talvez seja legal – ele continuava a duvidar de que seria legal.
– Ok, obrigada – desviou seu olhar do dele. – Jenny – gritou, indo até ela.
O menino ficara ali parado, encarando aquela cena, ele realmente a tinha convidado para festa que, de manhã, ele mesmo estava julgando. Começara a duvidar do seu cargo de sensatez.
– É, – os gêmeos apareceram –, tem que ser suave, senão elas correm – Julian concluiu.
– O que você sabe de garotas? – perguntou ao amigo, rindo.
– Sei que elas adoram um suspensório – respondeu, deslizando o dedão no seu suspensório.
– Fala sério, Julian – pedia Max – isso é ridículo.
– Se fosse uma festa dos anos 60, talvez você estivesse sexy – implicou.
– Vocês sentem inveja do meu sex appeal – murmurou.
– Que seja – Max revirou os olhos. – você acha que ela vai nessa festa? Que obviamente não dará certo.
encarou o amigo, balançando a cabeça negativamente, mas quem sabia, né?

Jenny havia aceitado a carona que oferecera, para ela tinha sido o melhor primeiro dia de aula possível, ela não tinha ficado sozinha no intervalo, como sempre acontecia, e acabara conhecendo mais três pessoas. Se perguntava por que havia se sentado ao lado dela, então percebeu que ela era esse tipo de pessoa de tomar uma decisão; se tivesse dito para ela não se sentar ali, provavelmente ela se sentaria do mesmo jeito. Ela mal tinha chegado, e já tinha conquistado um espaço, tinha encarado o maior machista do colégio, tinha mostrado interesse em participar do grêmio estudantil. Talvez, continuou a pensar, se ela tivesse tomado a mesma decisão que ela, se ela tivesse feito algo, teria conquistado as mesmas coisas que havia feito. Então encarou a nova amiga ao entrar no carro e depois se olhou: é, não teria conquistado, concluiu.
– Põe o cinto – pediu, enquanto ajeitava o para-brisa. Ligou o carro e logo saiu do estacionamento, saindo direto na avenida principal.
– Onde você mora? – perguntou a Jenny.
– Daqui a três quarteirões você vira a esquerda, é a terceira casa.
– Ok – ligou o rádio e estava tocando Girl, das Destiny's Child.
Jenny encarou , ela cantava os versos da música enquanto dirigia. Ela era uma boa motorista, os óculos que antes estavam presos na sua regata agora estavam em seus olhos e a davam mais ar de “Boss”.
– Por que tão quieta, Jenny?
– Nada – a garota sussurrou.
A menina estacionou o carro na primeira placa que dizia que podia estacionar.
– Fala – desligou o carro, tirou os óculos e a encarou.
– Eu só estava pensando – suspirou – que talvez se eu tivesse agido que nem você, eu não passasse um ano lanchando sozinha.
– Oh, Jenny – a menina deu um sorriso triste de lado. – Cada um tem seu jeito de ser, o meu é esse, o seu é esse, somos perfeitas do jeito que somos.
– Perfeita – riu ironicamente.
– Sim! E não ria – estava séria. – Que tipo de pessoa aceita uma estranha como companheira de lanche no primeiro dia?
– Mas isso não é perfeição...
– Entenda assim, temos mais qualidades do que erros, essas qualidades, por serem isso, são perfeitas.
– Você está dizendo, então, que até o pode ser perfeito.
– Sim – riu –, mas ele só age com seus defeitos.
– Você é estranha – riu.
– Olhe para mim, olhe bem – a menina viu aquele par de olhos verdes a encararem – você tem que agir com atitude, mostrar respeito, se você se menospreza por conceitos de outras pessoas, você desrespeita a si mesma! Mostre seus valores, suas qualidades – ela enumerava com os dedos. – Não seja nariz em pé, mas nem o deixe abaixado, mostre suas atitudes. Diga para todos aqueles que a fizeram mal: eu estou ótima essa noite, assim como todos os dias.
– Quem te ensinou isso? – ela meio que estava assustada com tantos conselhos diretos.
– Minha família – voltou a ligar o carro. – Vou te contar um pouco da minha história – ela tinha os olhos focados na estrada. – Minha mãe me deu uma boa formação em casa, ela casou com um mexicano em seu primeiro casamento, sofreu muito com os típicos comentários. “Casou com um latino, foi um bravo homem.” Já meu pai me ensinou a amar os meus inimigos, ele vivia dizendo que não vale a pena ter os mesmos sentimentos que eles. Eu ainda não consegui aderir isso perfeitamente. Chegamos à minha irmã, que me ensinou que eu deveria falar o que penso, ela nunca guardou nada para si mesma.
– Sei a quem você puxou, então – a menina riu com o comentário. – Agora, me fala o que queria com você no corredor?
– Falar de uma festa, tive que fazer par com ele e os amigos legais dele na aula de química.
– O grupo de química só conseguiu 10% de apoio por causa dele.
– Jura?
– Aham, ele é o único que tem cérebro, daqueles meninos.
– Ele parece ser inteligente.
– Você devia ir – Jenny a encarou –, sério! Ia mostrar que você está por dentro das coisas já, que está envolvida.
– Você acha?
– Aham, e provavelmente essa será a festa da fogueira, você poderia aproveitar essa oportunidade.
– Você está me dando ótimas ideias – respondeu, estacionando o carro na terceira casa do lado esquerdo.




Capítulo 4



Quarta-feira.
O dia não estava sendo bom, além de estar parcialmente nublado, podia-se sentir o vento ficando frio, Houston tinha apenas dois climas: ou quente, ou frio, não havia meio termo. tinha ficado mais agitado que nunca ao ouvir as suposições de que ela já estava começando a recrutar representantes para sua chapa. só conseguia pensar que era apenas o terceiro dia de aula.
– A gente tem que criar mais ideias e expor tudo na noite da fogueira!
– Você quer dizer sábado agora? – perguntou Ryan, enquanto bocejava.
– Não, idiota! Mês que vem. Claro que é para sábado! Se essa novata, que claramente não sabe de nada, estiver mesmo criando algo, ela está completamente enganada.
– Por que ela estaria completamente enganada? – encarou o melhor amigo, enquanto bebia seu suco matinal.
– É sua culpa, isso tudo! – lá estava ele voltando a falar da mesma coisa, roda o disco, foi tudo que pensou.
– Você só está irritado assim porque é uma mulher que está sendo contrária a você. – além de , a única que falava a verdade era Allison.
– O que sabem vocês, mulheres, sobre cuidar de diversos departamentos e de administração? Nada. Vocês não aguentariam a pressão, aliás, Ally, você deveria me agradecer que continuamos aqui nos empenhando para manter tudo “ok”. – a menina o encarara, ouvindo cada palavra, para depois soltar uma gargalhada.
– Fala sério, você só sabe a quantidade novas de tacos que precisa para o novo torneio, do mais, não sabe nada. Ainda precisa de ajuda para isso – ela havia se levantado da mesa. – Toma cuidado, viu, com esses típicos comentários, você pode acabar não só perdendo a eleição, como sua namorada.
– Do que essa vad...
! – havia levantado a voz – Controle-se!
Metade do refeitório encarava a mesa principal. Eles definitivamente tinham atraído atenção dos outros alunos. Alguns desviaram os olhares para a única mesa que ficava lá fora, apenas as outras meninas estavam lá, a que seria presidente não havia dado as caras até aquela hora.

corria pelos corredores da escola, detestava perder a hora, mas hoje seria impossível não perder. Ela havia passado a madrugada toda pensando em folhetos, em logotipos, em frases de impacto. O pensamento dela era: posso até perder, mas perco tentando.
Abriu a porta do refeitório com força, enquanto reparava nos minutos que teria para falar com as novas amigas – onze minutos e quatro segundos. Merda, ela detestava se atrasar, encarou o refeitório ao sentir inúmeros olhares até ela, tinha um clima tenso no ar. Se virou para a mesa ao centro, novamente quatro olhares a ela, o Sr. Anaconda, Emma, Sr. Presidente e , mas que pode ser chamado de . Parou, checando-se por um instante; é, tudo normal.
– Bom dia a todos – encarou no fundo daqueles olhos azuis, depois desviou para todo o resto dos alunos.
– Bom dia – responderam, sorrindo, voltando aos assuntos que antes conversavam.
Caminhou para sua mesa, sorrindo para as amigas, todas a encaravam batendo o dedo indicador nos relógios.
– Eu sei, eu sei – respirou fundo ao se sentar na mesa –, mas eu estava fazendo isso!
– A menina jogou sua mochila jeans verde em cima da mesa e retirou um folheto rosa, as meninas encararam o papel que tinha como logotipo, desenhado no computador, um diamante que tinha pilastras segurando a base principal e o título: Chapa Diamante.
– Por que um diamante? – perguntou Megan curiosa que estava sentada na mesa.
– Leia – a amiga sugeriu.
“Cada diamante bruto já é lindo, encantador, mas quando lapidado, se torna perfeito”, Jenny lia. “Assim que devemos ver a Lamar School, e cada pilastra existente nela, não apenas uma, precisa ser lapidada. Meu diamante, perfeito. Seu diamante, perfeito.”
– O que acharam? – se apoiou na mesa, encarando os quatro pares de olhos.
– Menina, você vai detonar! – Sophia ria – Por favor, diga que usaremos esses folhetos na festa da fogueira!
– Leu minha mente – sorriu Hayley –, precisamos usar, !
– E iremos!! Só precisarei de uma pequena ajuda dos gêmeos.
– Você acha que eles vão ajudar? – Jenny perguntou surpresa – Eles são, tipo, os melhores amigos do .
– Melhores amigos do , da chapa esportista, jamais – a amiga piscou.
O sinal acabara de tocar, alguns alunos começavam a se levantar e ir para suas salas, menos , que ficava encarando, descaradamente, o grupo de meninas, parecia um gavião na espreita da presa.
– Sério, ele dá medo – Megan sussurrou ao encarar .
– Só ignora – Jenny respondeu no mesmo tom.
– Ou dá tchau – acenou para o rapaz. – Ele pode parecer um pitbull, mas ele não morde.
– Sei não – Sophia também tinha um certo receio. – Você não devia subestimar seus inimigos.
– E eu não faço – piscou. – E vocês, treinando para coreografia da fogueira?
As meninas, além de terem dado algumas ideias de planejamento, tiveram a criatividade de fazer uma pequena dança nessa noite. Elas tinham todo um caminho planejado, tudo nos mínimos detalhes, nada poderia dar errado.
– Claro – Megan sorriu –, arrasaremos!
– Deve ser legal dançar assim – Jenny sorriu timidamente ao ver que tinha pensado alto. – Ér, é que eu sempre quis dançar também.
– Por que não dança? – Hayley perguntou, curiosa.
– Bem só olhar para mim – a menina riu, sem graça.
– Ih, pronto. – revirou os olhos.
– Que isso, menina, você é toda trabalhada no all about that bass – só Megan para tirar um sorriso dela.
– Você devia fazer o que gosta – completou Sophia.
– Definitivamente! Por que você não ensaia com elas depois da aula? Se ficar legal, você dança no dia da fogueira também – tinha um olhar encorajador.
– Não sei – respondeu sem jeito.
– É só um ensaio – pedia Megan –, por favor!
– Ok – concordou, fazendo as meninas comemorarem.

Elas se separaram, caminhando cada uma para sua respectiva turma, Megan e Jenny eram do primeiro ano, só que de turmas diferentes, Hayley e Sophia eram do mesmo ano que a líder do grupo, só que da outra turma. caminhava para sua aula de História, e com o cansaço que sentia, duvidava que pudesse se manter acordada, talvez se tivesse bebido aquela latinha de energético que tinha na porta da geladeira, quando saíra de casa.
Entrou em sala e professor chamado Caio já estava escrevendo no quadro, só podia ser mentira, não havia passado um minuto que a aula começara, e ele já estava lotando o quadro?
se sentara na carteira do meio para o final, claro ao lado da janela, encarava o andar das nuvens, era melhor o professor falar ou logo dormiria.
– Bem, acabou a brincadeira – Caio riu. – Primeira aula de história, não serei tão carrasco assim. Vamos fazer um pequeno trabalho, para sabermos o quanto vocês sabem sobre história.
– Vale ponto? – perguntou, tinha que ser.
– O tipo de pergunta igual a: é para copiar o que está no quadro? Claro que vale ponto. – a turma toda deu uma gargalhada – Enfim, juntarei alguns alunos e cada época que eu falar, vocês terão 20 segundos para pôr no papel o que lembram dessa década. Fácil – fez careta.
O professor começara a ler a chamada, juntando pares. A boa parte dele escolher é que dessa forma a novata não teria que ir atrás da sua dupla perfeita, a parte ruim é que ela poderia acabar com uma pessoa indesejável.
e Emma – o professor disse.
Bem, Emma não era uma má pessoa, nem a encarava como se tivesse cometendo um assassinado, mas do mesmo jeito, era namorada do presidente do grêmio atual.
– Oi – a menina sorriu, puxando uma cadeira vazia e se sentando.
– Olá – sorriu de volta. – Você é boa em história?
– Sou – riu. – Você também, né?
– Dá para o gasto – encarou a menina, não seria tão ruim assim.
– Podem pegar os papéis – o professor pediu –, que os jogos comecem. Década de 90.
– Guerra do golfo – iniciara.
– Fim da guerra fria.
– Queda do muro de Berlim.
– Não, essa foi em 89 – a menina sorriu, enquanto anotava o que lembrava.
– Nossa, você é boa mesmo!
O professor havia passado por várias décadas, não seguindo uma sequência. Ele falou da década de 20, depois pulou para 50, não havia uma ordem cronológica que pudesse ajudar. Além de perguntar de séculos também, definitivamente não dormiria. Quando ele questionou sobre o século XX, percebeu que a maioria que Emma tinha escrito era sobre os movimentos feministas da época.
– Posso te fazer uma pergunta?
– Todos que fazem esse tipo de pergunta sabem que a pergunta não é muito conveniente – a menina a encarou –, mas pode.
– Você namora com um dos caras mais machistas desse colégio e sabe tudo sobre os movimentos feministas! Como isso é possível? – Emma encarou aqueles olhos castanhos.
– Eu me pergunto isso todo dia, mas eu gosto dele – suspirou. – Mesmo com todos esses comentários ridículos, os bons dele estavam se sobrepondo – ela encarou com um olhar triste.
– Agora não estão mais, é isso?
O sinal tocara ao fim dessa pergunta, fazendo a menina piscar um dos olhos e se levantar para sua mesa. Internamente, Emma agradecia pelo sinal ter tocado, ela não teria que admitir para si mesma a verdade, nem ter que expor isso.




Capítulo 5



As meninas haviam decidido se arrumar na casa de Sophia, por ser uma das maiores casas, os pais dela eram um dos mais ricos de toda Houston, talvez de todo o Texas. Seu pai aparentava ter seus 60 anos, estava sentado em uma cadeira conforto reclinável preta, ouvindo Tim McGraw, enquanto balançava o copo de Whisky na mão. Sophia era a versão mais nova de sua mãe, que aparentava ter seus 50 bem cuidados anos. Os dois trataram as meninas a pão de ló, servindo sucos e algumas torradas, aparecendo no quarto de 15 e 15 minutos, perguntando se estava tudo bem. Era uma enorme casa para apenas três pessoas.
– É uma casa bem grande para apenas três pessoas – Jenny comentara,
– Éramos cinco – respondeu Sophia, enquanto abria seu closet – Seth – o irmão mais velho dos três filhos – se casou tem 6 meses e James está fazendo faculdade em Berkeley, só volta nas férias.
– É como se você fosse filha única pela primeira vez – afirmou.
– Na verdade, eu sempre me achei filha única, porque não tem aquela história de pais “super protetores” – ela fez aspas com as mãos –, quando se tem apenas um filho, então eu sofro isso. Meus irmãos nunca tiveram problema de sair, dormir fora, voltar no dia seguinte, já eu – rolou os olhos –, tormento total, só por que eu sou a “menininha” da família.
– Sério? – perguntou Megan, enquanto mordiscava sua torrada – nunca sofri com isso.
– Sorte a sua.

Oito horas da noite e elas nem tinham terminado de se arrumar, isso por que antes de se arrumarem elas resolveram rever os passos de dança, e sim, Jenny dançaria com elas.
Elas estavam lindas, mesmo sem maquiagem, era o único detalhe que faltava, todas estavam de vestido preto, mais cada um em seu estilo, havia sido uma decisão delas. havia pegado o vestido preto favorito de sua irmã que tinha o colo e as costas todas rendadas, estava deslumbrante. Precisavam estar, seria a primeira aparição delas como chapa formada, tudo tinha que sair como planejado.
– Julian – atendera o celular assim que se sentara em seu carro, Jenny no banco do carona, Sophia, Hayley e Megan no de trás –, tudo certo?
– Tudo pronto, vocês emplacarão! – ele tinha dado uma gargalhada gostosa.
– Max conseguiu se resolver com o DJ?
– Sim, ele acabou perdendo umas pratas, mas assim que vocês entrarem no recinto, estará tocando a música desejada.
– E vocês estarão a postos para que tudo...
– Vai dar tudo certo, , relaxa e vem logo para cá, todos estão aqui.
suspirou fundo ao desligar o celular, olhou as meninas pelo retrovisor, era a hora, encarou a pista e ligou o carro. Logo elas estariam no sítio de .
estava encostado na estrutura de ferro montada que sustentava o DJ, tinha um copo vermelho em sua mão, a fogueira estava distante, apenas aquecendo a noite, o chão de terra havia sido tampado com material parecido com madeira, a cada minuto, mais carros chegavam, logo aquilo estaria cheio. O céu estava estrelado, e com as pequenas lâmpadas que havia conseguido pendurar, que mais pareciam estrelas caídas, estava tudo bem organizado. Essa, de fato, só pela arrumação, já estava mil vezes mais linda que a última festa.
– O que achou? – perguntou Emma, se aproximando dele.
– Acho que essa arrumação tem toque seu e de Allison – a encarou, aqueles olhos verdes totalmente delineados com lápis preto.
– Acertou – ela riu –, mil vez mais bonita né?
– De fato! – ele sorriu, levantando um pouco o copo, como se estivesse brindando. – Parabéns.
– Obrigada – sorriu sem jeito.
– Mas me fala, cadê o ?
– Provavelmente falando pela milésima vez com os seguranças que ficam em volta da fogueira.
– Pelo menos ele está tomando cuidados, o que ele não fez na última...
– Ele está se sentindo ameaçado – a menina o encarou, séria. – Ele não te contou, mas mais de 70% dessa festa saiu do bolso dele, até ajuda do irmão ele pediu. Ele acha que isso conta como boa reputação.
– Acredite, pode vir a contar.
– Eu sei... mas ele está exagerando. – encarou o céu estrelados – Enfim, vou atrás dele! Até daqui a pouco, .
ficou vendo a amiga sair, ele também desejava que aquilo saísse do jeito do melhor amigo, para que assim ele pudesse parar de pôr a culpa nele de tudo isso. Mas se perguntava também se ela viria, uma parte dele pedia para que não, a outra implorava para que sim.
– Sobe logo, Julian – ouviu o sussurrou de Max, guiou-se pelo o barulho dos gêmeos até vê-los subindo a estrutura do DJ, que também ajudava.
– O que vocês estão fazendo? – perguntou, cruzando os braços. – E o que são esses canos que vocês estão levando? – cada vez que seu olhar desviava de Max para Julian, mais confuso ficava. Por que eles estavam todos de preto?
– Bro – Julian suspirou ao terminar de subir as escadas –, longa história.
– Depois a gente explica, – pela cara de Max, era sério. – Elas estão chegando – sussurrou para Julian.
– Quem estão chegando, quem são elas?
– Dude – Julian pulava, animado, lá de cima. – Vai começar o showtime, eu, se fosse você, subia aqui. – Pela cara que Max encarou o irmão, era sério.
apoiara o copo do lado da escada, e subiu de dois em dois degraus até chegar lá, começava a se preocupar se aquela ansiedade de Julian tinha a ver com , mas algo dizia a si mesmo que tinha, terminou de subir e encarou os dois irmãos, que já seguravam seus canos.
– O que é isso? – perguntou.
– Se aproximou da beirada e, nossa, que vista, dava para ver tudo lá de cima. A fogueira, os carros chegando pela estrada, as pessoas já na pista de dança, tudo. O DJ remixava uma das músicas da Rihanna.
– Me digam quando for a hora – sorriu, conectando o microfone ao aparelho.
– Vocês podem me dizer o que é isso? – cruzou os braços, nervoso.
– Você já vai ver – Julian riu – e vai adorar.
– Me explica o que são esses troços de vocês
– São tipo bazucas de alta pressão, vai sair papel daqui, , matou sua curiosidade? – perguntou Max, olhando para a estrada.
– Não – respondeu no mesmo tom de voz, fazendo o amigo revirar os olhos.
conseguia ver o Camaro azul vindo pela estrada, sua mãos começaram a suar, e pela animação dos gêmeos, sim, ela iria aprontar novamente. Ficou olhando o automóvel chegar em todo seu trajeto, até quando estacionou, queria vê-la, queria ter a certeza. As portas se abriram, e uma a uma iam saindo as novas amigas dela, todas de preto. Encarou os gêmeos, todos de preto, encarou o DJ, todo de preto.
– Agora – Julian piscou para o DJ.
– Boa, boa, BOA NOITE! – O DJ tinha um sorriso no rosto – Espero que vocês aproveitem a noite, o tanto o quanto eu já estou aproveitando.
Os alunos gritaram com uma resposta de sim, iremos a loucura, pode deixar.
– Mas antes – DJ riu –, que tal uma apresentação de dança dessas lindas mulheres? – Max tinha alinhado um canhão de luz para elas, e lá estava ela, com um sorriso largo no rosto.
O som da música Survivor, das Destiny’s Child, começava a tocar, as pessoas tinham feito um círculo em volta das meninas, que dançavam como se fosse algo natural, como se a música as levavam, trocavam de lugares sem ao menos olharem para si, olhos vidrados na multidão que as encaravam. O ensino médio todo tinha os olhos nelas, a música diminuía o ritmo e elas agora reproduziam os passos de dança de uma das maiores girlband.
Além da voz das cantoras, podia-se ouvir a voz delas no fundo da música: “I’m a survivor, I’m not gonna give up, I’m not gonna stop, I’m going work harder”. A música terminara, elas estavam no meio das atenções, o DJ nem pedira para bater palmas e todos já batiam. Assim que a salva de palmas começara, Julian e Max apertaram o gatilho, e milhares de papeis em formato de diamantes começaram a cair, a maioria nas cores rosas e pretas.
– Toma um para você – Julian jogara um ao .
Assim que abrira o diamante, sentira um leve perfume feminino. O papel tinha dizeres, ao terminar de ler, tinha percebido, elas tinham aproveitado a festa para se tornarem os destaques, para fazerem propagandas delas mesmas. Voltou a encarar as pessoas na pista de dança, e todos já tinham aberto seus diamantes.
– Boa jogada, .




Capítulo 6



Dez para as três da manhã e a festa continuava cheia, o fogo da fogueira tinha se reduzido, mas nem por isso o calor humano também tinha. tentou controlar um raivoso, que estava fora de si e continuava a repetir “Faço a melhor festa para essas garotas, que até ontem eram ninguém, virarem a sensação”.
Entretanto, o único a se preocupar com isso era ele, as meninas tiveram mais um motivo para comemorarem, se a guerra dos sexos estava declarada, já estava 4x0 para elas. A grande maioria da festa, menos o time de Hockey titular, pois até alguns reservas tinham feito seus cumprimentos a elas, sem falar nos elogios que não eram de nenhum tom rude, e sim carinhosos, até o apelido de As Panteras elas ganharam. Os olhos ainda eram presentes nelas a qualquer lugar que elas iam, era o único que não tinha seu olhar preso a quatro garotas, e sim a apenas uma garota, e ela já tinha percebido.
andava entre os carros estacionados, dando passos leves, às vezes se agachando para ficar na altura do teto dos carros. Sua sorte era que a maioria dos alunos tinham uma picape ou os pais deles tinham. Se aproximou lentamente de um Honda Crz preto, dando uma volta pela sua traseira.
– Me procurando, ? – cruzou os braços, enquanto o menino se virava com um sorriso no rosto.
– Me perguntando até quando você se manteria na altura dos carros – seus olhos tinham um brilho de diversão.
– O que você quer? – se aproximou o suficiente de não ter um palmo de distância entre eles. Quer deixar um homem sem ação, o encare de perto, eles nunca esperam isso.
Era como se ele tivesse ficado hipnotizado, ele só conseguia olhar aqueles olhos que pareciam ser mais desafiadores do que o normal. Sua boca abria e fechava em curtos espaços de tempo que mal dava para contar. Ela até de salto continuava mais baixa que ele.
No final soltou apenas uma gargalhada nervosa.
– Você gosta de surpreender, né – ela mantinha o olhar.
– Você não respondeu minha pergunta.
– Ok, vim te parabenizar pela entrada triunfal – sorriu, estava ele sendo sincero? – Você gosta de surpreender, né?
– Obrigada – sorriu, se afastando – Mas obrigada a você, você me chamou para festa, você me incentivou com isso da chapa, você, . – ela o encarou mais uma vez antes de sair.
A mão dele segurou aquela mão, que estava tão gelada quanto a dele, o olhar dela de não me toque, o fez soltá-la.
– Desculpa – sussurrou –, mas você não precisa me tratar desse jeito só porque eu sou seu concorrente.
– Você anda com dois patetas, um pior que o outro, e acha que eu não deveria tomar cuidado.
– Você deveria falar os nomes deles, pois eu ando com dois patetas nerds que aparentemente lhe ajudaram e muito hoje. – ela o encarou, ele tinha uma camisa “v” preta, uma calça vinho escura.
– Ok, um ponto para você.
– Isso não é um jogo, .
, . – o menino revirara o olho.
– Por que o interesse pelo grêmio? – se encostou no carro.
– Eu só quis saber como funcionava as coisas lá, também participei do grêmio da minha antiga escola. Mas – ela riu, o encarando – foi seu amigo que me fez ter certeza de que iria participar.
– Ele é meio estourado.
– Que seja, o que importa é que eu estou levando isso a sério, não só o time de Hockey sairá ganhando.
– Fico feliz de ouvir isso – é, tinha sinceridade em sua voz –, mas você não tem uma semana na escola! E já causou mais alvoroço do que muita gente que estuda lá.
– Digamos que eu sou a “frase de efeito” em pessoa.
– Você é – ele sorriu. – Enfim, eu gostei da ideia de diamante, da entrada triunfal – fez aspas com os dedos –, disso de ter uma disputa, só não quero que torne um campo de guerra.
– Você é diferente do seu amigo...
– Ele é meu melhor amigo desde que me conheço por gente, mas discordamos em muita coisa, entre elas, essas atitudes – ele desencostou do carro, encarou a menina mais uma vez, ela estava linda. – Era isso que eu queria conversar.
Ele dera seu melhor sorriso, passara por ela encarando o chão, tentando focar em qualquer perfume que pudesse sentir. Já estavam a três passos de distância, quando ouviu ela pronunciar seu nome. Se virou, aquele par de olhos castanhos o encaravam, logo aqueles três passos não eram mais nada.
As mãos dela passaram por seu rosto, sentindo sua fina barba, o hálito de menta e vodka, os cabelos da nuca dele se arrepiando, e o choque do beijo que ela dera nele.
– Mais uma vez, boa jogada, .




Capítulo 7



– Você o beijou? – Sophia, Jenny, Megan e Hayley perguntaram após a afirmação da menina.
Elas estavam na mesa do refeitório de sempre, ainda conversavam sobre os efeitos da festa de sábado. Assim que chegaram na escola, grande parte as cumprimentou quando passou por elas, ou sorriam, ou acenavam.
– Vocês perguntam como se eu tivesse matado alguém – ria, enquanto mordiscava sua batata frita. – Foi só um beijo.
– Ok – Sophia suspirou –, mas por que você o beijou?
– Porque eu quis – riu – meninas, ele estava lindo naquela calça vinho escura, a nossa conversa até que foi legal, o ambiente estava legal. Foi tudo uma mistura.
– Cara – Megan ria –, eu sou sua fã. Qual foi a reação dele?
– Eu pensei que ele fosse ficar surpreso – ela mexia na batata frita, com um sorriso no rosto, relembrando do beijo –, mas ele reagiu da melhor maneira possível.
– E qual é a relação de vocês agora?
– Foi só um beijo, gente, nem dois, nem três, apenas um.

Duas semanas se passaram depois da respectiva festa, tempo suficiente para os grupos agora buscarem argumentos, provas, propostas para o debate.
O auditório do colégio começava a ficar cheio, duas bancadas já estavam montadas no meio do palco, cadeiras estavam em volta delas. As duas chapas estavam reunidas no backstage, cada uma em suas extremidades, nenhuma palavra fora trocada entre eles. Nem mesmo e haviam conversado, eles acharam melhor manter o único beijo dado em segredo, preferiam conversar apenas nas aulas de Química e com a supervisão dos gêmeos. Também não era muito possível falar sobre outras coisas, de qualquer forma.
A professora de literatura entrara, chamando os dois grupos para ficarem perto, explicou como funcionaria, o grupo do por ser o governo atual falaria primeiro, depois elas; cada um tinha 4 minutos para falar e responder as suposições do outro.
Apenas 4 minutos, nada mais, nada menos.
Os dois grupos entraram cada um por um lado, uma salva de palmas começou. levantara o braço, balançando de um lado para o outro, como se ele fosse um animador de torcida.
O diretor, antes de todos, se pronunciou, afirmando como aquilo era bonito, para o bem da escola e para a formação de todos eles. O debate serviria para mostrar como a democracia era importante e o quanto aquilo os ajudariam como bom cidadão.
– Bom dia, caros alunos – se pronunciou. – Bom dia, menininhas – se referiu às concorrentes, fazendo-as revirar os olhos. – Temos quatro minutos, mas nem em quatro horas eu poderia dizer o quanto me sinto honrado em ser o presidente do grêmio, por SEMPRE ter estudado nessa escola e não ter chegado há um mês. Enfim, eu quero e vou, com toda a certeza, continuar contribuindo para essa escola! – não sabia porque as pessoas aplaudiam, ele não tinha usado nem 3 minutos.
– Bom dia, alunas, espero que estejam tendo um ótimo dia – encarava as caras ansiosas e outras sonolentas dos alunos. – Como podemos perceber, meu concorrente tem uma bela oratória, só que não. Começarei respondendo pela acusação: você está certo, zinho, estou aqui há um mês, bela observação – ela tinha um sorriso irônico no rosto. – Tempo suficiente para ver todas as irregularidades. Um exemplo é utilização de 80% do dinheiro para o Hockey. E os outros grupos?
– O que você sabe sobre isso? Você estava aqui? Não! Além do que, ganhamos o estadual, mais um troféu, se “caso fosse” isso, rendeu bons frutos. Outro ano, novas atitudes, novos objetivos. Colegas de classe – ele saíra do seu mini palanque –, eu não preciso disso – jogou papéis no chão –, meu irmão sempre estudou aqui, eu sempre estudei aqui, eu sei o que vocês precisam. Meu grupo sabe o que vocês precisam, pois nós convivemos desde sempre. Não será uma menina – agora ele a encarava –, uma simples garota que acabou de entrar, a me dizer o que está certo ou errado. Até porque, até a festa da fogueira, estava tudo perfeito, tão perfeito quanto um diamante – brincou com o slogan adversário.
Todos os alunos, até os que dormiam, ouviram aquela asneira que ele falara, os professores espantados, a pobre professora de Literatura de boca aberta, até e suas amigas achavam aquilo inacreditável.
– Você leva isso como brincadeira, pois eu sou uma menina? – ela tinha um olhar de nojo sobre ele.
– A primeira parte você está errada, eu não levo isso na brincadeira, mas talvez, se você fosse homem...
– Machista! – ela gritou, saindo do palanque.
– Feminista – revidou, encarando-a nos olhos.
– Você acha que me ofende me chamando assim? – ela ria. – Vou te explicar o que é ser feminista. Feminista é a pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica entre os sexos. – ele deu um riso de desgosto. – Você deveria pensar melhor no que fala , pode acabar perdendo a eleição e a namorada – a garota o fez encarar Emma, que tinha olhos de decepção, já tinham o alertado duas vezes. – Ainda mais com metade dos alunos presentes serem mulheres.
A menina caminhou até a saída do palco, onde já estavam suas amigas, ela não falou uma palavra, pra que quebrar o clima? Deixe o garoto lá, sentindo aqueles olhares femininos.
– Você acabou com esse debate! – Megan pulava ao seu lado.
– Só não sei como você teve sangue frio de não dar na cara dele.
– Eu sabia que ele faria esse jogo – suspirou –, só que imaginava que ele não falaria tão abertamente.
A conversa delas estava animada, tirando os absurdos que o capitão do time de Hockey havia falado, acabaria sendo fácil ganhá-lo. Ele mesmo se detonara com aqueles argumentos, que para ele poderia ser de deboche, muitas pessoas ali tinham levado a sério.
Será que haveria um novo grêmio ao final do mês?

– Você acha que sabe tudo, né?! – tudo que é bom dura pouco – Acha que vai ganhar, acha que sabe da escola, acha que sabe do meu namoro! Vou lhe dizer uma coisa, você não sabe nada. Nada.
– Será mesmo, ?
– Não me desafie, garota – seu maxilar estava flexionado, sua veia pulsava na testa.
– Se controla, – o melhor amigo puxava ele, desviando o olhar do amigo para a garota, ele tinha uma feição de quem pedia “por favor”.
– Solta ele, se faz de amigo, mas beijou essa garota na festa da fogueira! – Ryan acabara de jogar fogo na gasolina.
– Você ficou com essa...
– Essa o quê? – agora as meninas a seguravam.
– De que lado você está? – empurrava – Primeiro você a apoia, depois a convida para a festa, fica com ela! Vocês já se conheciam, é isso?
– Claro que não, seja racional! A gente se beijou uma vez, não é uma grande coisa.
– Você era o meu braço direito.
– Usar os outros agora é ser braço direito. Vamos lá, boy, não fique com ciúmes.
– Já falei para você não me desafiar – ele tinha o dedo no rosto dela.
– CHEGA – gritou o Diretor, chegando com os outros professores – Todos para a sala, AGORA!
– Vamos, o puxava.
–Você é traidor! Não me encosta.




Capítulo 8



Outubro
Depois da confusão pós-debate, único debate na verdade, o diretor havia decidido acabar com os outros debates, querendo não ouvir mais besteiras e evitar confusões. Decisão extrema? Sim, mas até os grupos concordavam internamente. Os seus principais membros, eram muito cabeças duras, opostos ao quadrado, se repeliam mais que ima de mesmo polos.
Com o cancelamento do que seriam os novos debates, o colégio virou a propaganda em pessoa, cartazes verdes e rosas por todo o lugar, adesivos colados um em cima do outro, bottons entregues pelas turmas votantes. Com o campo de guerra criado, para tirar dúvidas do programa, para saber mais sobre que cada chapa propunha, eles utilizavam os 5 minutos finais de cada aula, para explicação. Isso, claro, separadamente.
e não haviam conversado também, por mais que ela tivesse tentado, de diversas maneiras, por achar que ele era diferente do amigo. A realidade era que ela sentia a falta dele, mesmo não admitindo. , por mais que quisesse, pensava na amizade de 7 anos que tinha, amigos acima de garotas, era o código deles, por mais que não fosse o mesmo, não fosse o mesmo, é difícil querer seguir em frente. Dava para entender seu ponto de vista.
– Vocês não vão mesmo se falar? Continuarão agindo como crianças? – Max os encarava enquanto lavava o tubo de ensaio.
– Eles são muito orgulhosos para isso, irmão – Julian concluíra.
– Eu estou agindo normalmente – suspirou.
– Pelo menos tente fingir – ela o encarara –, eu te liguei para conversar e você ligou o dane-se.
– Eu não sou o meu amigo, para ficar discutindo em sala de aula – encarou o quadro.
– Exatamente – ela virara o seu rosto –, você não é ele, não aja como tal. Seja você, faça o que você quer. Se você quer falar comigo, ótimo. Se ele te convenceu com “Não fala com ela, ela está estragando minha vida”, ótimo também. Mas aja como tal, não fique me encarando, para quando eu olhar, você desviar o olho.
– Você fala como se isso fosse a coisa mais simples! Eu quero falar com você, mas eu não vou pôr minha amizade em jogo por causa de uma campanha e de uma garota.
– Então para com essa cara de encurralado. A gente nunca teve nada, tome atitude.
– Ok – ele buscava palavras para terminar com aquela discussão –, estamos acabados, então.
Esse comentário a fez rir. Eu acabei de falar que não temos nada e ele me fala isso, pensou internamente. Não discordou, nem disse nada, ela não queria ficar debatendo aquilo também, pois o assunto já estava acabado há tempos.
– Era mais fácil você não ter falado nada, Max.
– Cala a boca, Julian.


Assim que acabou a aula de química, foi direto para a sala da chapa esportista, se você parar pensar, que nome menos criativo. Encontrou Emma lendo seu livro favorito, Quando ela se foi, do Harlan Coben. nunca reparara, mas a menina já havia lido o mesmo livro mais de três vezes. Ele ficou ali praticamente a tarde toda, jogando videogame, olhando as horas passarem no relógio digital que ficava no meio da sala toda grafitada, pulando de poltrona em poltrona.
Até Ryan e chegarem.
– Elas tem 75% das intenções de votos – bateu a porta assim que entrara. – SETENTA E CINCO!
Emma e se entre olharam, aquilo iria longe, ele cuspiria fogo em todos que lá estivessem.
– A gente vai virar esse jogo, chefe – Ryan respondeu, fazendo revirar os olhos.
– Virar o jogo? Faltam menos de 3 semanas para as eleições – respondeu, jogando sua jaqueta ao lado de , fazendo-o encarar. – Qual é o seu plano?
– Meu plano? – perguntou estranhando.
– É, ué – respondeu ironicamente. – É sua culpa – ele tinha o dedo na cara do amigo –, você deu suporte, você ajudou, você até mesmo se envolveu com ela. Você estragou tudo! Ache uma solução.
– Não é culpa dele – Emma interviu.
– Não se mete! Você não sabe nada.
– Na verdade, ela sabe, . A culpa não é minha, é toda sua! Completamente sua, se você não fosse esse babaca machista...
– Do que você me chamou do quê?
– Você ouviu muito bem! – o sangue fervia, a veia em seu pescoço pulsava como nos jogos de Hockey – Se você se controlasse, calculasse, pensasse melhor nos outros, isso não aconteceria.
– Ele tem razão – Emma se levantara.
– Você não sabe o que diz!
– Você acha isso por que eu sou mulher ou por que você acha que como sua namorada eu tenho que acatar e concordar com tudo isso? – era a primeira vez que ela o enfrentava na frente dos outros. – Eu estou farta, . Dessa história, das suas atitudes, do nosso relacionamento, de você – ela tinha uma voz de choro. – Suas qualidades não estão ultrapassando os defeitos, não mais.
– Você não pode estar falando sério – ele ria de nervoso. – Eu sou o melhor cara dessa escola toda! Você não podia pedir coisa melhor.
Ela fez questão de não responder, seguiu com seu livro nas mãos para porta. caminhava atrás dela, seu corpo todo tremia. se colocou em sua frente do amigo, como sinal de deixar a menina sair da sala, ele o encarou.
– Está vendo o que sua garota está colocando na cabeça da minha?
– Até por que tudo o que elas disseram, todas as palavras eram verdades, você só liga pro status que isso te dá e pro Hockey. Vangloria tanto por ser homem, desvaloriza tanto elas... – o amigo o encarava, ele nunca havia visto Emma deixá-lo – Seja homem uma vez na vida e assuma os próprios erros. Antes que você perca tudo.




Capítulo 9



Uma semana se passou até arranjar coragem de ir atrás da sua garota. Ele gostava dela. Do jeito estranho, grosseiro dele, tentou de tudo, fez juras de amor que nunca havia feito, até dizer que ia tentar mudar aquele jeito que ele continuava a achar certo. Porém ela estava irredutível, toda mágoa que ela havia guardado, toda humilhação estavam juntas. Só havia um jeito de mostrar que ele realmente queria mudar, e ele tinha que começar o mais rápido possível.
– Eu vou deixar as eleições – disse, assim que viu fechar o armário, eles não se falavam há uma semana também.
– É sério? – ele respondeu balançando a cabeça com um sinal de sim.
– Eu sei que talvez eu tenha errado com você – a careta que fizeram ao ouvir o “talvez”, o fez reconsiderar. – Eu errei com você. Foi mal! Enfim, eu estou fazendo isso pela Emma, mas eu não queria que nossa chapa saísse desse jeito. WO nunca foi nossa tática, então... se eleja no meu lugar.
– Oi? Eu no seu lugar?
– Você sabe que metade da escola admira você, tem amigos em todos os lados, até com A problema – tinha os braços cruzados. – Mas enfim, você tem chances, se for você!
– Eu não sei, .
– Pensa bem, . Você vai continuar a ajudar a gente, e os outros também, não só aos seus amigos nerds.


As meninas continuavam no seu local perfeito, a mesa do lado de fora. Uma brisa fresca batia nelas, era um sinal de que o inverno estava mais próximo que nunca. A felicidade estava estampada no rosto delas, os 75% se mantivera, sua chapa estava quase eleita. A sensação era a melhor possível, o sorriso delas parecia de crianças.
Até verem Megan vir correndo.
– Vocês... Não... Sabem – afirmou, esbaforida.
– O que não sabemos, Meg?
– respirou fundo. – Ele desistiu da eleição!
– O QUÊ? – gritara – QUER DIZER QUE GANHAMOS?! – a menina negou enquanto bebia o suco de uva de Jenny.
entrou no lugar dele. – as meninas se entre olharam.
– É brincadeira, né?
– Não, .
– Isso pode vir a ser um problema – Sophia também estava assustada.
– Isso já é um problema – Jenny concordara.
– Mas ainda estamos na frente com 75% – Hayley ponderava.
– Não importa, eu preciso falar com ele!
A menina levantara como um furacão da mesa, era fácil ganhar do , pois ele mesmo se destruía, mas ... o menino carismático, melhor defensor da escola, ótimo aluno em química, e o pior, era o garoto que ela quis beijar e beijou. Ele tinha o apreço de todos naquela escola, até dela. Droga.
Entrou no corredor principal da escola, alguns alunos já entravam para suas respectivas salas, ela nem ao menos tinha ouvido o sinal tocar, o avistou entrar no banheiro masculino, com o mesmo sorriso de sempre, blusa social azul escura.
Encostou ao lado da porta do banheiro, o aguardando.
– É verdade? Você é o novo candidato? – perguntou ao vê-lo sair. Sua cara era de surpreso.
– Sim – respondeu, a encarando –, é verdade.
– É uma tática nova do seu melhor amigo?
– Na verdade, não, ele tem outros problemas para resolver. Enfim, eu tenho que ir em várias salas, nos vemos em sala, .
– Ok, “, mas pode me chamar de ” – o menino sorriu ao ver ela reproduzir sua fala.
A aula de geometria plana demorava a passar, por mais que fosse uma de suas matérias favoritas, ela não conseguia parar de batucar a borracha do lápis na cadeira. Seus olhos desviavam do relógio, para o quadro, e então para a porta, de 10 em 10 minutos. Respirava fundo, tentando focar na voz grossa do professor, na matéria, mas só pensava no novo concorrente. O professor já estava no seu terceiro quadro, e ela só tinha escrito 6 linhas do primeiro quadro e uma do segundo, a cadeira vazia dele a incomodava, a ausência da sensação de alguém a olhar piorava mais ainda. Então ela viu o reflexo dele passar pelo vidro da porta, até abri-la.
– Desculpe professor, eu estava esclarecendo algumas coisas sobre as eleições.
– Tudo bem, . Professora Erin já tinha me alertado, eu lhe dou os cinco minutos finais para você falar.
– Obrigado.
Caminhou pelas fileiras, sentou em sua carteira e olhou para a menina que sentava ao lado da janela, o ritmo do batuque de seu lápis era acelerado. Sorriu ao ver os olhos castanhos focados no quadro.
Se curiosidade matasse, estaria enterrada a cinco palmos, mas finalmente os cinco minutos finais chegaram.
– Professor – o chamou –, os cinco minutos – sorria.
– Oh – Ector encara o relógio –, pode vir aqui, .
– Então – suas mãos estavam no bolso –, como vocês devem ter ouvido, eu sou o novo candidato pelos esportistas – grande parte da turma soltou um Uhul, incluindo . – Sei que vocês devem estar estranhando, mas foi uma decisão tomada pelo próprio , no qual eu tive que concordar. Bem, vocês devem pensar: ele anda com o , mesmas ideias. Somos amigos, sim! Mas somos bem diferentes, não faço dos discursos dele, os meus, nem nunca farei! Sem ofensa, bro – fez um joinha com a mão. – Provavelmente nem ele irá mais reproduzir seus discursos. Por isso, para acabar com qualquer associação machista, eu convidei Emma e Allison a participarem da chapa também. Qualquer dúvida sobre as propostas, vocês podem falar diretamente comigo ou com as meninas. É isso – ele ria, nervoso –, espero que possa atender as necessidades de todos – algumas alunas se olharam, essa frase não havia pegado bem – e que possamos governar juntos, como sempre tivemos, esses anos todos.
Droga, droga, droga, droga, era tudo que podia pensar.




Capítulo 10



As semanas seguintes passaram rapidamente, a eleição se tornou mais pacífica e mais igualitária, os votos da chapa Diamante caíram consideravelmente, por mais que as meninas tentassem, estava difícil reverter os resultados. por outro lado, consertava os discursos anteriores a sua candidatura, melhorava as propostas, dava mais espaços para todos os alunos, além de ir atrás deles. Seu amigo não gostava muito, a mudança entre os dois tinha sido enorme, um abismo praticamente, mas ele se mantinha focado em mudar seu jeito perto de Emma.
O dia da votação passara rápido, todos os alunos estavam na quadra da escola, esperando a contagem dos votos terminar, logo a professora Erin, de Literatura, apareceria. Ambas as chapas estavam nervosas, não parava de pensar na votação, um frio na barriga a perseguia, as outras amigas tentavam acalmá-la, mas aquilo era importante para ela. mantinha seus olhos focados para o portão da escola, logo a professora apareceria, ele imaginara que não ficaria nervoso. Mas seria hipocrisia negar, a verdade é que desde que se tornara candidato, ele dera o máximo de si. Essa era semelhança entre eles, ambos tinham lutado, cada um usando a arma que achava plausível, tinham dado seu suor, as últimas três semanas de propaganda eleitoral haviam sido justas.
Mas seria o resultado justo?
A professora e o diretor saíram juntos, eles sorriam, os alunos da arquibancada começaram a ficar ansiosos, o que será que eles tanto conversavam? Assim que eles chegaram, se mantiveram no meio dos dois grupos, havia um suspense no jeito que eles se comportavam.
– Quem ganhou? – perguntou alguém na arquibancada.
– Calma, calma – o diretor pediu. – Professora Erin quer atribuir algumas palavras.
– Então, gostaria de agradecer as últimas belas semanas de disputa. Agora, sim, pareceu uma eleição saudável, justa, não aquele campo de guerra. – Ok, professora, vá direto ao ponto – Gostaria também dizer que foi bem acirrada, votos equilibrados, e deixar claro que a parte ganhadora terá bastante gente para conquistar e contentar, não só os que votaram em vocês.
– Ok, Erin, vá direto ao ponto – pedia .
– Tudo bem, tudo bem – mais alguns segundos de silêncio. – Aos que perderam, por favor, não fiquem tristes, vocês terão outra oportunidade ano que vem. O presidente eleito – ela parara de falar, encarando os dois rostos, ambos pálidos, com as mãos dentro do Jeans, de mão dadas com as meninas. – E o vencedor é...


caminhava com as meninas em direção ao seu carro, a noite já caia, após o resultado houve uma pequena festa de confraternização no refeitório, com direito a vários pães com frango. Elas conversavam sobre como aquela história toda se deu, de como tudo começara tão rápido e como parecia que tinha sido há anos, e ainda haveria um ano para terminar. Voltaram a falar da festa da fogueira, foi a festa mais épica.
– Preciso assumir uma coisa... – Jenny começara.
– O quê? – perguntou abraçando a amiga de lado.
– Eu e Julian estamos nos relacionando.
– O QUÊ? – perguntaram em coral.
– Eu só não contei antes por causa das eleições, não queria perder o foco.
– Por isso você sumia do nada depois que o sinal batia – Hayley começava a juntar os cacos.
– Você é o motivo da felicidade fora do limite dele, como você esconde isso da gente?
– Ah, ... aconteceu.
– Casal J&J – Megan ria. – Aquele suspensório te conquistou.
– Conquista todo dia – sussurrou.
– Awwwn – fizeram em coral.
Ficaram mais alguns minutos apoiadas no Camaro Azul, ouvindo o som que vinha de dentro da escola, até cantarolando algumas músicas. Até avistarem dois meninos saindo de lá de dentro, um com um rosto sempre sereno, outro com a cara meia dura, rude. e caminhavam até elas.
– Meninas – cumprimentou. – Será que podemos falar com você, ?
– Claro – se distanciou do carro e caminhou até eles.
– Pode falar, . – o amigo deu um leve empurrão. tinha cara de dor, estava agitado, até mesmo mal encarava-a.
– Bem – olhou o chão de terra –, eu estou tentando mudar esse meu jeito de ser, porque eu finalmente vi que eu me importo com Emma, e eu não quero dar valor só quando perder. Então ela me deu um ultimato, acabar com a fixação da eleição e te pedir desculpas. Então.foi.mal – ele tinha cuspido as palavras.
– Isso foi uma desculpa? –– gritou para que as amigas ouvissem, fazendo o menino ficar vermelho de raiva.
– Sim, é uma desculpa, mas isso não quer dizer que eu vá com a sua cara, pois não vou!
– Ok, obrigada pela sinceridade. Também não vou com a sua.
– Eu sei – revirou os olhos –, você é a única. Vou deixar vocês conversarem.
– Assim que viu o amigo entrar de volta ao prédio da Lammar School, a encarou, ela não tinha parado de olhá-lo.
– E você?
– Eu, eu, eu – ele procurava palavras –, vim dizer oi, .
– Oi, , mas pode me chamar de – ela sorria. – Ou devo de chamá-lo de Presidente?
Ah, sim, esqueci de informar. Elas perderam, 52% para , nem tudo são flores.
Até as Girls Tyme, grupo da Beyoncé, perderam para os Skeleton Groove, o importante era continuar com os mesmos ideais, mostrar que sim, a mulher tem o poder da fala, poder de ter a igualdade social-política-econômica. Elas podem ter perdido agora, mas tinham 48% ao seu lado. E o apoio só tinha a crescer mais e mais.
– Me chame do que você achar melhor – sorriu. – Eu vim te parabenizar também. Vocês foram com tudo, não me deixaria surpreso se tivessem ganhado.
– Obrigada, .
– De nada, eu só queria que você tivesse certeza disso. Vocês estavam perfeitas, que nem o diamante de vocês. Enfim, é isso... – ele se virou, andando para escola.
– ela segurou sua mão, fazendo-o virar e encarar aquela mão macia. Déja-vù inverso? – Desculpa – ela o soltou –, eu sempre acreditei no que você disse.
– A verdade é que – ele se aproximara –, desde aquela noite, eu te admiro por ter essa identidade, atitude...
Ela o beijou, de novo, não o deixou terminar de falar. O menino sorria entre beijo enquanto a abraçava. Ele a fazia se sentir impecável. Mesmo perdendo, ela estava feliz, realizada.
– Sabia que ela ia beijar ele! – gritou Sophia – Podem dar minhas cinco pratas, meninas.



Fim




Nota de autora: Sem nota.


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