Capítulo Único
(Tell me why) I don't like Mondays
(Me diga porque eu não gosto de segundas-feiras)
I want to shoot the whole day down
(Eu quero tirar o dia inteiro abaixo)
– , mesa 14. Rápido, e ponha um sorriso nesse rosto, mais uma semana começando. Todos nós não gostamos de segunda porque queríamos que o domingo durasse mais, porém não dura e vida que segue. – Carmem, a chefe do café onde trabalho disse, enquanto me entregava uma caneta e o talão para anotar os pedidos.
Suspirei e me virei, indo em direção à mesa 14, onde um grupo de 4 garotos havia acabado de se sentar. Queria tanto que meu motivo para não gostar de segundas-feiras fosse tão simples como Carmem havia dito.
– Bom dia, senhores! Já sabem o que vão pedir? – Eu disse, tentando forçar um sorriso, o que não aconteceu, então tentei ser a mais polida que conseguia, sem demostrar a profunda tristeza que atravessava minha alma.
– Bom dia, senhorita... . Bonito nome, inclusive. – Um jovem com cabelos loiros mechados e desgrenhados, com maxilar forte e com uns olhos azuis sonhadores disse, me dando o sorriso mais lindo que eu já havia visto, que eu queria com todas as forças retribuir verdadeiramente, mas acabei por dar um sorriso amarelo meio forçado.
– Obrigada.
– Nós vamos querer 4 cafés e 8 cookies, sendo eles metade chocolate e metade tradicional, por favor. – O rapaz de cabelos também grandes mas castanhos, sentado ao do cabeludo de olhos azuis, disse.
– Ok. Já trarei o pedido dos senhores.
Eu me virei para ir em direção à cozinha deixar os pedidos mas, em todo o momento, pude me sentir sendo observada por aqueles lindos olhos azuis. Quando, minutos depois, levei os pedidos, o cara de olhos azuis me agradeceu, novamente mostrando aquele sorriso de lado lindo e olhando no fundo dos meus olhos. E desta vez, por algum motivo que eu não fazia ideia, eu consegui dar um sorriso verdadeiro para uma pessoa em 9 anos, e em plena segunda-feira. E, por uma fração de segundos, consegui esquecer a escuridão que dominava o meu coração desde 29 de janeiro de 1979.
Entretanto, assim que virei as costas e que deixei de olhar naquelas duas bolas azuis, a paz que senti foi embora. As lembranças daquela fatídica segunda-feira voltaram e, com elas, meus demônios particulares. E, desta vez, não consegui segurar. Pedi para me cobrir, pois precisava ir ao banheiro. simplesmente acenou em resposta. Ela era a única amiga que eu tinha e, por isso, sabia da minha história.
Cheguei ao banheiro no fundo do café e, dentro daquela pequena e apertada cabine, me permiti, mais uma vez, ser consumida pelas lembranças e pela culpa, que me consumiam desde o dia em que vi meu pai morrer em um tiroteio por conta da amiga louca de Jason, o garoto pelo qual eu nutria uma paixão por conta de seu jeito bad boy, que quase sempre estava chapado de LSD que Brenda arrumava para ele. Eu não sei como eu pude gostar daquele garoto. Talvez por birra com meu pai, e pelas expectativas que todos colocavam em cima de mim. Eu sempre tinha que ser a filha perfeita do diretor da escola. Ou seja, todas as pessoas esperavam que eu fosse nada menos que perfeita.
Eu comecei a andar para o carro do Jason, não importando se meu pai viria ou não. Cansei de ser a perfeição, cansei das pessoas me comparando com a minha mãe, cansei do meu pai olhar pra mim e querer me proteger de tudo e todos, com medo de me perder como perdeu a mamãe. Enquanto eu caminhava em direção do carro, pude ouvir meu pai me chamando, mas continuei sem olhar para trás, com os olhos fixos em Jason, que me esperava dentro do carro, atrás do volante. Jason não era oficialmente meu namorado. Era um garoto mais velho com quem eu andava e que me fornecia uns troços que me faziam sair da realidade. Meu pai, quando descobriu, ao chegar em casa um dia mais cedo e nos encontrar chapados na sala de estar, ficou extremamente irritado e decepcionado, o que acabou por gerar nossa primeira e pior briga, briga essa que se estendeu para o dia seguinte.
Quando estava a poucos passos do carro, comecei a ouvir uns sons estranhos. Isso... São fogos de artificio? Às 8 horas de segunda-feira? Realmente, tem doido pra tudo, pensei enquanto caminhava, mas algo me parecia estranho, algo dentro de mim.
– ! – Ouvi meu pai gritar e, quando me virei, pareceu que tudo à minha volta ficou em câmera lenta.
Eu vi crianças com o mesmo uniforme que eu usava, vi adolescentes, e vi meus colegas de classe misturados em um caos total. Alguns estavam correndo em várias direções, e alguns estavam no chão, com suas roupas machadas em vermelho.
Sangue.
E no meio dessa confusão, eu avistei meu pai, próximo de Liza, minha colega de classe, ambos caído no chão, com uma enorme mancha vermelha na camisa social do meu pai, próximo ao nó de sua gravata.
Era muito sangue.
O seu sangue, o mesmo sangue que corria pelas minhas veias.
Quando meu cérebro pareceu voltar a funcionar, meu instinto foi de ir em direção a ele, mas senti dois braços fortes me pegarem e me puxarem por trás.
- Não, ! Não! Precisamos nos abrigar dos tiros, vem! – Eu reconheci a voz de Jason, mas só conseguia pensar no que ele havia acabado de me contar.
Abrigar dos tiros...
Tiros...
Tiros!
Não sei por quanto tempo ficamos abaixados embaixo do carro. Eu só conseguia olhar para o corpo do meu pai a metros de distância, sangrando. Isso só pode ser um pesadelo!, eu repetia a frase mentalmente, tentando me convencer daquilo mas, a cada novo som estranho, que eu sabia então que eram de tiros, a realidade me atingia. Minutos – ou seriam horas? – depois, a polícia chegou e conseguiu fazer com que o barulho parasse. Quando ouvi dizerem que pegaram o atirador, só consegui me desvincular dos braços tatuados de Jason e corri para o meu pai. Não me importei com nada, eu só precisava estar em seus braços.
– Não, não, não, não. Vamos, pai, acorda! Me desculpa, eu não devia ter falado aquelas coisas com você. Por favor, paizinho, acorda. Não me abandone também! Eu te amo, fica comigo! – Eu gritava com meu pai e, mesmo com a visão nublada pelas lágrimas, eu não queria acreditar que estava abraçando o corpo quase gélido do meu pai e olhando para aqueles olhos azuis sem vida.
– ! Tem certeza de que essa roupa tá boa? – Eu perguntei à minha melhor amiga e companheira de trabalho, abrindo a porta do pequeno banheiro da cafeteria, que usei para trocar meu uniforme de trabalho por uma calça jeans meio desbotada de cintura alta e uma camisa tomara que caia preta lisa, junto com o par de botas com salto que gentilmente me emprestou.
Em vinte e um anos, quase vinte e dois, nunca tinha me vestido daquele jeito, ou me sentido daquele jeito. Não depois do que me aconteceu. Eu nem cheguei a pensar que poderia um dia sair com alguém, ainda mais um cara cinco anos mais velho e uma estrela do rock em ascensão.
– ! Você está um broto! Ainda mais com esses cabelos castanhos escuro meio cacheados que, com esse batom vermelho, vai te dar um ar tão sexy que o cabeludo não vai querer parar de te beijar! Além de, claro, perceber que nenhuma groupie vai ser mais sexy e maravilhosa que você. – disse enquanto me entregava seu batom vermelho sangue.
Passei o batom e me encarei no espelho do banheiro já meio manchado que tinha na velha cafeteria.
E eu realmente estava linda, como nunca pensei que estaria de novo algum dia. Minhas bochechas estavam levemente rosadas. Passei um pouco do rímel e do lápis de olho preto de , que destacaram meus grandes olhos, e o batom vermelho combinava com o look, realçando meus lábios razoavelmente carnudos. Meu cabelo também decidiu que era um bom dia para ficar perfeito, com aquele ar de liso meio enrolado.
– Toma, coloca esse colete, essas pulseiras e esse colar, vai destacar ainda mais o seu look e vai deixar o cabeludo aspirante a rock star de queixo caído. – disse, me passando um colete jeans com tachinhas espalhadas por ele, um conjunto de pulseiras pratas e um cordão também prata porém um pouco grosso e com um pingente de cruz.
– , não vai ficar um pouco demais?
– Não, , vai! Coloca logo. E anda, John já deve estar te esperando. Nosso turno já acabou há meia hora!
Coloquei rapidamente os acessórios que me passou. Eu estava tão diferente de como normalmente era, tão simples e pra baixo, a garota que nunca sorria. Mas, naquele momento, era justamente um sorriso que eu não conseguia segurar ao me aproximar da saída da cafeteria de onde, mesmo ainda do lado de dentro, pude observar a silhueta alta, cabeluda e musculosa de JBJ. E a cada passo que dava, meu coração acelerava, como se fosse sair pela boca. Será que ele vai gostar do meu novo estilo para ir vê-lo tocar?, eu não conseguia tirar aquia duvida da minha cabeça. Enfim, , que estava na minha frente, abriu a porta, já cumprimentando John. Eu saí logo em seguida e pude notar que ele jogava a binga de cigarro no chão enquanto eu passava pela porta. Assim que entrei completamente em seu campo de visão, John me olhou dos pés à cabeça demoradamente e, quando seus olhos encontraram os meus, eu consegui ler um misto de surpresa, admiração, saudades e desejo naquelas duas bolas azuis.
– John!
– Meu Deus, ! Isso tudo é pra mim?
– Bem... Hoje, eu devo sair com um carinha aí que é o novo queridinho de Nova Jersey, que está acabando de voltar de uma tour pelo Estados Unidos. Achei que deveria me vestir a altura desse futuro astro do rock.
– Você está a metros de distância de mim, broto. Você está maravilhosa. – John disse, se aproximando de mim com o seu jeito galante e dominador, emanando sensualidade e desejo, com aquela cara de garanhão que eu tanto via nas revistas ao longo do último mês.
Ele logo passou seus braços pela minha cintura e grudou nossos corpos de uma maneira bruta, com o olhar – que, antes, estava preso no meu – revezando entre minha boca e meus olhos.
– Bem, casal, eu já fechei o café, acho que deveríamos ir andando. Até porque você tem horário, John. Vocês podem continuar essa conversa depois. O Dave vai estar lá?
cortou nosso clima, nos lembrando que JBJ tinha um show para fazer em um bar famosinho a umas quadras de onde estávamos. John, com um pequeno urro de frustação, me largou e se pôs entre nós duas. Então, nos ofereceu o seu braço. Logo começamos a caminhar de braços dados com ele a caminho do local. John confirmou a que David – ou Dave, para os mais íntimos –, seu melhor amigo de infância e tecladista, obviamente estaria lá e estava ansioso para reencontrar a namorada. Eu me recordava como se tivesse sido dita no dia anterior, quando chegou no café extremamente feliz após ter sido pedida em namoro pelo músico no terceiro encontro deles. E não pude evitar sentir uma pintadinha de tristeza, mas eu entendia John. Eu era uma pessoa muito difícil, quebrada. Quem conseguiria me amar com o passado que tinha? Eu sentia que John gostava de mim mas, em pouco tempo, ele conheceria alguém, o amor da sua vida. Uma mulher linda, com olhos verdes, loira, possivelmente quase esquelética e branca como a neve. Eles formariam um casal lindo, e eu voltaria para a minha vida cinza e sozinha de sempre.
Acabei sendo tirada dos meus pensamentos sobre um futuro depressivo e sozinho por uma gritaria, e percebi que já estávamos na frente do bar, que tinha uma fila que continha, principalmente, groupies histéricas que, assim que perceberem o John se aproximando, começaram a gritar, e só não saíram da fila para não perderem o lugar. Logo, percebi como John mudou, ficou com a postura igual a um pavão, lindo, dominante e charmoso como o inferno! A passagem nos foi liberada, e JBJ nos guiou para o backstage, onde o resto de sua banda se encontrava para subir ao palco, se preparando. Com isso, pude notar que eles já estavam um pouco chapados do que eu reconheci como cocaína na mesinha de centro. Apesar de saber que drogas eram uma coisa muito consumida no meio artístico, e fora dele também, e que eu mesma, aos onze anos, já tinha experimentado com Jason, eu não conseguia evitar a repulsa que eu sentia. Cumprimentei os garotos e me sentei ao lado do JBJ pois, apesar daquilo, eles eram legais. Logo, e Dave começaram um beijo um tanto quanto... Quente. E antes que o lugar pegasse fogo, Matt, irmão caçula do John, apareceu, dizendo que todos precisavam se encaminhar para o palco pois faltava cinco minutos para o show começar. Ameacei me levantar, mas John exerceu uma pressão nos meus ombros, já que eu estava sentada do seu lado esquerdo e com seu braço me abraçando por eles.
– Eu já vou, Matt, só quero ter uma conversa com a antes.
– JBJ...
– Eu sei. Em cinco minutos, encontro vocês na entrada do palco. Vai, Matt!
Matt olhou pra John, balançando a cabeça de um lado para o outro, e não parecia querer aceitar o que o irmão disse. Entretanto, saiu junto com o pessoal da banda. E eu estava nervosa. O que diabos John queria conversar comigo? Assim que a porta fechou, direcionei meu olhar para o John, que já tinha se posto na minha frente, e abri a boca para perguntar o que ele tinha para conversar comigo, minha boca foi, literalmente, atacada por seus lábios famintos, o que me deixou paralisada por um momento, mas logo me rendi àquele beijo ardente que John me proporcionava. Não pude evitar de fechar meus olhos para aproveitar todas aquelas sensações inebriantes que John me proporcionava a cada beijo, sentir melhor o seu cheiro masculino característico, aproveitar a nossa bolha de paixão e desejo. Nossas línguas se embolavam em uma batalha para ver qual das duas conseguiria explorar totalmente o território de nossas bocas. John já estava com os braços na minha cintura, me empurrando de lado para que eu deitasse no sofá com ele por cima de mim, com umas das mãos dando leves puxões no meu cabelo e, quando o ar se tornou muito essencial, ele começou a descer beijos, lambidas e chupões pela minha garganta, até chegar ao meu decote.
– Eu queria fazer isso desde que pus meus olhos em você hoje, . Você está tão sexy nessa roupa, com esse olhar sensual marcado por esses lápis pretos, com esse batom vermelho que ressalta esses lábios que eu gosto tanto de beijar... Eu quase não consigo me conter. Você veio assim para tirar minha sanidade, em todos os sentidos. Primeiro porque vou ter que fazer um imenso esforço para não ficar trancado nesse camarim com você, beijando essa boca que eu esperei meses para beijar de novo, e abandonar esse show. E segundo porque, assim que eu subir naquele palco, sei que o público masculino, e até algumas mulheres, vão voltar seus olhares desejosos para você. E eu não quero te dividir com ninguém, você é só minha.
John fez o seu monólogo na minha orelha enquanto uma de suas mãos habilidosas já estavam tocando no ponto mais quente e necessitado do meu corpo. E enquanto me mostrava o quanto ele era habilidoso com outras coisas sem ser o microfone e o violão, ele, com um chupão forte do meu pescoço, que com certeza deixaria marcas, voltou seus lábios para os meus. Eu já sentia que ia explodir de tanto prazer. A porta foi aberta de supetão e Matt entrou, fazendo tanto barulho como um elefante.
Eu queria morrer. Ser pega quase tendo a minha primeira vez no camarim da banda pelo irmão caçula do homem que estava quase me desvirtuando foi uma situação embaraçosa. Pelo menos, para mim, pois John apenas conseguiu soltar um grito – ou seria um urro? – de frustação. Logo, ele se levantou, procurando ajeitar suas calças que estavam com um volume aparente. Aquilo dele não gostar de usar cueca e usar calças tão coladas, naquele momento, não era uma coisa boa... Para ele, porque eu estava me deliciando com a visão. John me deu a mão para me levantar, e eu comecei a tentar desamassar um pouco minhas roupas, arrumar o meu cabelo que, assim como o do John, estava uma bagunça, fazendo parecer que um furacão tinha passado por nós. Logo, também procurei um guardanapo para limpar o meu batom, que manchava toda a minha boca e a do John. Mesmo com Matt me apresando, consegui quase desaparecer com a mancha de batom vermelho naqueles lábios carnudos do John. Assim que ele já estava apresentável, Matt o puxou pelo braço e o empurrou para a saída, dizendo por cima dos ombros que já estava me esperando para acompanhar o show do Bon Jovi na entrada do palco.
Cheguei onde estava e os meninos já tinham começado o show, que estava levando a plateia à loucura, como acontecia sempre, segundo eu lia nos jornais. , assim que cheguei, fez um comentário sobre o meu estado e o do JBJ, já que, com o olhar de águia que ela tinha, percebeu que ele tinha marcas fracas de seu batom perto dos lábios. E a minha própria falta de batom foi apenas uma confirmação de suas suspeitas. Mas voltando minha atenção ao show, especificamente ao John, eu percebi o quanto ele nasceu para estar no palco, e ele cantando ao vivo era demais. Eu já o achava um ótimo cantor quando os ouvia tocando na rádio e nos discos mas, ao vivo, ele era insano, ainda mais por sua interação com a plateia e seu domínio de palco. Era impossível não pensar em como aquele homem foi olhar pra mim, ainda mais tendo todo aquele público feminino que estava, assim como eu, hiperventilado por ele a cada gesto que ele fazia, a cada sorriso largo, a cada piscadela marota, a cada passo que ele dava, emanado rebeldia e sensualidade. Foi impossível não compará-lo ao JBJ que eu conheci na mesa 14 da cafeteria onde trabalhava, que passou a ir lá quase todos os dias, tentando puxar assunto comigo. O quanto aquele cara me balançou e o quanto eu resisti àquele sentimento que eu ainda não sabia nomear... Seria amor?
Fui tirada dos meus pensamentos por John vindo em nossa direção. Como já tinha mais de uma hora de show, pensei que ele já tinha acabado e estava tão distraída em nomear meus sentimentos pelo roqueiro que não percebi ele se despedir. Mas assim que ele chegou, percebi que era só ele, e fiquei com uma cara de interrogação.
– Quero que preste atenção nessa última música, muita atenção. – Ele disse antes de me roubar um beijo que me deixou sem fôlego para, logo em seguida, retornar ao palco.
Olhei para com um olhar de interrogação e, logo, os primeiros acordes da música começaram a soar e John, a cantar. A cada palavra, eu ficava cada vez mais nervosa. Por que JBJ queria que eu prestasse atenção justamente naquela música? Em um certo momento da música, ele se distanciou do centro do palco, virou para onde eu e estávamos e cantou olhando nos meus olhos.
– I dream of when she'll be mine, I dream of crossing that line (Eu sonho com o dia que ela será minha, sonho em cruzar aquela linha) And holding her so tender, dreaming it could come true (E abraçá-la carinhosamente, sonhando que isso poderia se tornar realidade) So many things I could do, if only you'd give me a chance (Tantas coisas eu faria, se ao menos você me desse uma chance).
Tudo à minha volta parou por um momento, ou melhor, até aquela música acabar. Seria ela uma declaração do John para mim? Decidi ar essas dúvidas no fundo da minha mente e só aproveitar o show do Bon Jovi. Logo após o fim da música, o show foi dado como encerrado e a banda saiu do palco. Dave abraçou e, logo, eles estavam lado a lado, indo direto para o camarim. Segundos depois, John chegou, com suor escorrendo pela lateral do seu rosto e com aquele olhar e sorriso de satisfação por fazer o que amava e nascera para fazer. Ele, logo, me capturou em seus braços e fez com que nossos lábios se tocassem em um selinho casto para, em seguida, se dirigir comigo para o camarim com os outros. Entramos no camarim, mas foi apenas pra eles juntarem suas coisas e colocarem no carro, para que tudo já ficasse ajeitado para quando descidíssimos ir embora. Eles começaram a juntar as coisas, ignorando a minha presença e a de . Tentamos ajudar, mas os meninos negaram veemente, principalmente John e Dave. Então eu e minha amiga apenas ficamos do lado da porta, observando a movimentação do lugar e jogando conversa fora.
Depois de alguns minutos, tudo já estava arrumado e Dave e John apareceram do nosso lado, perpassaram seus braços por nossos ombros e fomos para uma mesa já reservada no canto esquerdo do palco onde, naquele momento, nenhuma banda tocava e o som no bar era proveniente de uma toca disco.
Sentamos na mesa e, logo, Richie se dirigiu ao bar. Minutos depois, voltou com cervejas para todos. Todos nós engatamos em conversas de uma maneira leve e descontraída. Eu podia sentir o olhar das groupies para lá, especificamente para o homem que me tinha em seus braços, mas nenhuma ousou se aproximar. Um tempo depois, quando a mesa já estava tomada por uma atmosfera que cheirava a álcool e cigarros, John se levantou e me puxou junto, me levando em direção à pista de dança.
– John, o que foi?
– Cansei deles, quero curtir você, meu broto. Estava com saudades. Vamos dançar. – Ele disse, me roubando um beijo e, quando o ar ficou escasso, voltou a se encaminhar para o meio da pista de dança, não se importando com os meus protestos sobre não saber dançar.
Assim que chegamos, Another one bites the dust do Queen já estourava, levando as pessoas à loucura. Tentei me mexer ao som da música, mas ainda estava meio travada, ainda mais por sentir os olhares das pessoas em mim, por estar com o JBJ.
– Feche os olhos e sinta a música, vou te ajudar. – John disse, pegando minha mão, me rodando e me puxando para perto dele, de modo que meu corpo ficasse de frente ao seu, cedendo a ele acesso total ao meu pescoço e ouvidos.
Ele logo pousou suas mãos em minha cintura e começou a me guiar no balanço da música. Já com olhos fechados, deixei me levar.
Quando a música se aproximava do seu final, já totalmente solta e sentindo o efeito da bebida na minha mente, que contribuiu para que minha timidez passasse, me virei para ficar de frente ao John. Logo assim que a música acabou, já estávamos com nossos corpos colados e sem desviar o olhar um do outro, e eu já estava pegando fogo pelo desejo que li naquelas duas bolas azuis. A música ao nosso redor mudou mas, em vez de continuar no mesmo estilo dançante, a música que acabara de começar era mais lenta. John aproximou seu rosto do meu e, quando pensei que ele ia me beijar do jeito que ele me beijara no camarim, ele beijou minha testa, juntou a suas mãos em minha cintura e começou a dançar comigo no ritmo da música. Rapidamente, passei meus braços ao redor de seu pescoço e começamos a dançar aquela música calma, uma dança que não pensei que compartilharia com alguém um dia.
– Sabe, você foi uma garota muito difícil de conquistar. – John disse no meu ouvido mais ou menos no meio da música, quando já estávamos presos em nossa bolha.
– Quem disse que você me conquistou? – Eu disse, sorrindo de lado.
Obviamente, a insistência dele e aquele sorriso me conquistaram completamente.
– Seus olhos. E sei que você não estaria aqui em plena segunda-feira se não tivesse caído no meu charme irresistível. – E, ao fim da frase, ele deu aquele sorriso torto que fazia toda a população feminina desmanchar em seus braços.
– JBJ, você é muito convencido. Mas você sabe o porquê de eu não querer que ninguém se aproximasse. Eu ainda não consigo me perdoar pelo que aconteceu. E também porque eu não quero perder mais ninguém.
– Você não vai me perder. Eu suei muito para ter esse momento com você, meu broto, pra estar dançando essa música com você, para cantar She Don't Know Me para minha musa inspiradora.
– O quê?! A sua última música do show de hoje foi escrita para mim? – Disse, realmente espantada.
– Sim. Essa música, eu escrevi para você, enquanto te olhava no café. Eu sempre te vi naquele café, mas nunca tive coragem de me aproximar. Naquela segunda-feira, eu consegui convencer os caras a irem comigo. Mas eu já tinha desistido na nossa primeira troca de palavras, achando que você realmente não estava interessada. Mas, quando você trouxe nossos cafés e cookies e me mostrou um sorriso verdadeiro, que me fez me encantar ainda mais por você, eu não pude não voltar lá até conseguir sair com você. E quando estava lá, a inspiração vinha, e passei a anotar as palavras no guardanapo e, em casa, as colocar no meu violão.
– JBJ, não posso crer. – Por um momento, consegui notar a música ao nosso redor mudando mais uma vez, mas ainda continuou naquela pegada romântica e, logo, Is this Love do Whitesnake começou a tocar.
Eu amava quando estávamos limpando o café e a música tocava no rádio. Apesar de não ter nenhuma perspectiva de um dia amar, aquela música sempre tocou uma parte do meu morto coração que, com John, não parecia estar tão morto assim.
– Sim, , você é a minha inspiração para muitas coisas. E desde que me contou sobre o seu passado, eu fiquei ainda mais encantado por você. Sabe, você é tão linda e tão forte... E a partir dali, soube que precisava fazer, falar o que vou te falar. – Ele se afastou para me dar uma visão completamente clara do seu sério rosto e olhar diretamente nos meus olhos. – , eu não aguento mais. Esse mês separado de você só me fez ter certeza de que preciso saber que, quando eu voltar das turnês, você vai estar aqui me esperando se não puder ir comigo.
– John...
– Não... – John disse, colocando seus dedos nos meus lábios para me impedir de falar. – , eu preciso dizer. Eu não sei se isso que sinto é amor, se é finalmente o amor que procuro e que sonho e sobre o qual escrevo nas minhas músicas. Mas eu preciso de você para sentir que tudo está certo. , sei que não vai ser fácil, pois meu trabalho me leva para longe e, às vezes, muito longe de você, e que preciso ter aquela postura no palco, a postura de um garanhão. Mas preciso saber se, apesar disso tudo, você está disposta a me ter em sua vida, oficialmente, como seu... Como seu namorado.
– John, eu também não sei se é amor o que sinto mas, para ser tão forte assim, a ponto de me fazer contar tudo da minha vida pra você, só pode ser o amor dos sonhos que eu pensei que não teria um dia. E é obvio que te aceito na minha vida, por quanto tempo você me quiser na sua. Você transformou meus dias cinzas em dias coloridos novamente.
– Para sempre.
E a música que falava de uma coisa que pensei que nunca conseguiria vivenciar acabou se tornando a primeira música que dancei como namorada oficial de John Francis Bongiovi Jr..
– Sabe... Nunca imaginei que me casaria, ainda mais com uma estrela do rock. – Eu disse em seu ouvido, enquanto dançávamos a nossa primeira música como marido e mulher, que não poderia ser nada diferente de um bom rock, no caso, a primeira música que dançamos como namorados, a linda Is this Love do Whitesnake – Naquele primeiro dia no café, exatos cinco anos atrás, você me fez abrir o meu primeiro sorriso verdadeiro em nove anos, desde que meu pai foi assassinado. Eu não imaginava, até aquele momento, que poderia ser feliz novamente.
– ... – John disse, colocando sua mão direita no meu rosto e encostando nossos narizes.
– Não... Eu quero falar... Eu preciso falar. John Francis Bongiovi Jr., você recoloriu a minha vida quando nossos olhares se cruzaram pela primeira vez, naquela cafeteria, aqui em Nova Jersey. Eu sempre tive meu pai como meu pai e minha mãe e, quando me lembro que nossos últimos momentos juntos foram discutindo, eu nunca consegui me perdoar. – Eu disse, olhando naqueles lindos olhos azuis, que demonstravam tanto amor por mim que eu não sabia como poderia ser tão sortuda. – John, eu não conseguia me perdoar... Até você aparecer na minha vida. Por ironia do destino, em uma segunda-feira. Aquele rapaz de olhos azuis sonhadores, de cabelo grande e desgrenhado, com o sorriso mais lindo que eu já vi na minha vida. Que ficou insistindo por dois meses para me levar pra sair, que me pediu em namoro ao som desta mesma música, que combinava tanto com os meus sentimentos e dúvidas, meu primeiro e único homem e amor. Depois o Jon Bon Jovi, grande músico, com essa voz maravilhosa, autêntica, com essa aura rebelde e sexy que te transforma quando está no palco, magnético, um verdadeiro astro do rock. Eu morria sempre que te via no palco, olhando direto pra mim, dando aquele sorriso largo com sua cara de garanhão e aquelas piscadelas marotas. Não sabe como eu me sentia sortuda sempre que eu te via na minha porta, de volta para mim, após cada turnê pelo estado, pelo país e pelo mundo. E hoje estamos aqui, casados. Eu te amo tanto, JBJ. Você me resgatou de uma vida cinza, trouxe de volta as cores na minha vida. E, apesar de tudo que me aconteceu antes de você, eu sou muito grata. Pois todo o meu sofrimento me levou até aqui, até esse momento. Eu não tenho mais raiva de mim, eu já consigo ouvir I don’t Like Mondays do The Boomtown Rats, e até gosto, pois ela me faz lembrar do que passei, e me faz ver que, mesmo que a vida de uma pessoa possa ser destroçada por uma maldade, por uma tragédia, com amor, tudo pode ser reconstruído. Eu te amo, para sempre. E isso com certeza é amor que eu não sabia que estava procurando. ¬– Eu disse, com a visão já um pouco borrada pelas lágrimas que estava segurando, encarando os lindos olhos azuis de John que estavam ainda mais lindos, coisa que pensava ser impossível acontecer.
– , você é uma pessoa maravilhosa, linda por fora e, principalmente, por dentro. Você é a pessoa mais forte que eu já conheci. Meu Deus, mulher, você era um osso duro de roer quando falei a primeira vez com você. Eu jogava todo o meu charme, que funcionava em todas as garotas mas, em você, parecia ter zero efeitos. Claro que eu não imaginava o porquê e, quando você conseguiu me dizer, eu só queria te envolver nos meus braços e não soltar nunca mais.
E mesmo que a música já estivesse acabando, John se aproximou do meu ouvido e começou a cantar baixinho.
– I can't stop the feeling, I've been this way before (Não consigo parar o sentimento, já estive desse jeito antes) But with you I've found the key, To open any door (Mas com você eu encontrei a chave, para abrir qualquer porta) I can feel my love for you, Growing stronger day by day (Eu posso sentir meu amor por você, ficando mais forte dia a dia) And I can't wait to see you again, So I can hold you in my arms (E eu mal posso esperar pra te ver novamente, para que eu possa te envolver em meus braços).
Eu não aguentei e beijei aquele homem, o meu marido. Precisava fazê-lo sentir, através daquele beijo, o quanto eu o amava e o quanto eu era grata por tê-lo em minha vida. Após partir o beijo, ficamos dançando mais alguns minutos na nossa bolha, aproveitando aquele dia que, com certeza, era o primeiro de muitos dias da nossa vida de casados. Uma vida que eu nunca imaginei que teria e que eu não poderia mais viver sem.
(Me diga porque eu não gosto de segundas-feiras)
I want to shoot the whole day down
(Eu quero tirar o dia inteiro abaixo)
Sayreville, Nova Jersey – EUA
Segunda-feira, 28 de março de 1988
Segunda-feira, 28 de março de 1988
– , mesa 14. Rápido, e ponha um sorriso nesse rosto, mais uma semana começando. Todos nós não gostamos de segunda porque queríamos que o domingo durasse mais, porém não dura e vida que segue. – Carmem, a chefe do café onde trabalho disse, enquanto me entregava uma caneta e o talão para anotar os pedidos.
Suspirei e me virei, indo em direção à mesa 14, onde um grupo de 4 garotos havia acabado de se sentar. Queria tanto que meu motivo para não gostar de segundas-feiras fosse tão simples como Carmem havia dito.
– Bom dia, senhores! Já sabem o que vão pedir? – Eu disse, tentando forçar um sorriso, o que não aconteceu, então tentei ser a mais polida que conseguia, sem demostrar a profunda tristeza que atravessava minha alma.
– Bom dia, senhorita... . Bonito nome, inclusive. – Um jovem com cabelos loiros mechados e desgrenhados, com maxilar forte e com uns olhos azuis sonhadores disse, me dando o sorriso mais lindo que eu já havia visto, que eu queria com todas as forças retribuir verdadeiramente, mas acabei por dar um sorriso amarelo meio forçado.
– Obrigada.
– Nós vamos querer 4 cafés e 8 cookies, sendo eles metade chocolate e metade tradicional, por favor. – O rapaz de cabelos também grandes mas castanhos, sentado ao do cabeludo de olhos azuis, disse.
– Ok. Já trarei o pedido dos senhores.
Eu me virei para ir em direção à cozinha deixar os pedidos mas, em todo o momento, pude me sentir sendo observada por aqueles lindos olhos azuis. Quando, minutos depois, levei os pedidos, o cara de olhos azuis me agradeceu, novamente mostrando aquele sorriso de lado lindo e olhando no fundo dos meus olhos. E desta vez, por algum motivo que eu não fazia ideia, eu consegui dar um sorriso verdadeiro para uma pessoa em 9 anos, e em plena segunda-feira. E, por uma fração de segundos, consegui esquecer a escuridão que dominava o meu coração desde 29 de janeiro de 1979.
Entretanto, assim que virei as costas e que deixei de olhar naquelas duas bolas azuis, a paz que senti foi embora. As lembranças daquela fatídica segunda-feira voltaram e, com elas, meus demônios particulares. E, desta vez, não consegui segurar. Pedi para me cobrir, pois precisava ir ao banheiro. simplesmente acenou em resposta. Ela era a única amiga que eu tinha e, por isso, sabia da minha história.
Cheguei ao banheiro no fundo do café e, dentro daquela pequena e apertada cabine, me permiti, mais uma vez, ser consumida pelas lembranças e pela culpa, que me consumiam desde o dia em que vi meu pai morrer em um tiroteio por conta da amiga louca de Jason, o garoto pelo qual eu nutria uma paixão por conta de seu jeito bad boy, que quase sempre estava chapado de LSD que Brenda arrumava para ele. Eu não sei como eu pude gostar daquele garoto. Talvez por birra com meu pai, e pelas expectativas que todos colocavam em cima de mim. Eu sempre tinha que ser a filha perfeita do diretor da escola. Ou seja, todas as pessoas esperavam que eu fosse nada menos que perfeita.
San Diego, Califórnia – EUA
Segunda-feira, 29 de janeiro de 1979
Segunda-feira, 29 de janeiro de 1979
Eu comecei a andar para o carro do Jason, não importando se meu pai viria ou não. Cansei de ser a perfeição, cansei das pessoas me comparando com a minha mãe, cansei do meu pai olhar pra mim e querer me proteger de tudo e todos, com medo de me perder como perdeu a mamãe. Enquanto eu caminhava em direção do carro, pude ouvir meu pai me chamando, mas continuei sem olhar para trás, com os olhos fixos em Jason, que me esperava dentro do carro, atrás do volante. Jason não era oficialmente meu namorado. Era um garoto mais velho com quem eu andava e que me fornecia uns troços que me faziam sair da realidade. Meu pai, quando descobriu, ao chegar em casa um dia mais cedo e nos encontrar chapados na sala de estar, ficou extremamente irritado e decepcionado, o que acabou por gerar nossa primeira e pior briga, briga essa que se estendeu para o dia seguinte.
Quando estava a poucos passos do carro, comecei a ouvir uns sons estranhos. Isso... São fogos de artificio? Às 8 horas de segunda-feira? Realmente, tem doido pra tudo, pensei enquanto caminhava, mas algo me parecia estranho, algo dentro de mim.
– ! – Ouvi meu pai gritar e, quando me virei, pareceu que tudo à minha volta ficou em câmera lenta.
Eu vi crianças com o mesmo uniforme que eu usava, vi adolescentes, e vi meus colegas de classe misturados em um caos total. Alguns estavam correndo em várias direções, e alguns estavam no chão, com suas roupas machadas em vermelho.
Sangue.
E no meio dessa confusão, eu avistei meu pai, próximo de Liza, minha colega de classe, ambos caído no chão, com uma enorme mancha vermelha na camisa social do meu pai, próximo ao nó de sua gravata.
Era muito sangue.
O seu sangue, o mesmo sangue que corria pelas minhas veias.
Quando meu cérebro pareceu voltar a funcionar, meu instinto foi de ir em direção a ele, mas senti dois braços fortes me pegarem e me puxarem por trás.
- Não, ! Não! Precisamos nos abrigar dos tiros, vem! – Eu reconheci a voz de Jason, mas só conseguia pensar no que ele havia acabado de me contar.
Abrigar dos tiros...
Tiros...
Tiros!
Não sei por quanto tempo ficamos abaixados embaixo do carro. Eu só conseguia olhar para o corpo do meu pai a metros de distância, sangrando. Isso só pode ser um pesadelo!, eu repetia a frase mentalmente, tentando me convencer daquilo mas, a cada novo som estranho, que eu sabia então que eram de tiros, a realidade me atingia. Minutos – ou seriam horas? – depois, a polícia chegou e conseguiu fazer com que o barulho parasse. Quando ouvi dizerem que pegaram o atirador, só consegui me desvincular dos braços tatuados de Jason e corri para o meu pai. Não me importei com nada, eu só precisava estar em seus braços.
– Não, não, não, não. Vamos, pai, acorda! Me desculpa, eu não devia ter falado aquelas coisas com você. Por favor, paizinho, acorda. Não me abandone também! Eu te amo, fica comigo! – Eu gritava com meu pai e, mesmo com a visão nublada pelas lágrimas, eu não queria acreditar que estava abraçando o corpo quase gélido do meu pai e olhando para aqueles olhos azuis sem vida.
Sayreville, Nova Jersey – EUA
Segunda-feira, 28 de novembro de 1988
Segunda-feira, 28 de novembro de 1988
– ! Tem certeza de que essa roupa tá boa? – Eu perguntei à minha melhor amiga e companheira de trabalho, abrindo a porta do pequeno banheiro da cafeteria, que usei para trocar meu uniforme de trabalho por uma calça jeans meio desbotada de cintura alta e uma camisa tomara que caia preta lisa, junto com o par de botas com salto que gentilmente me emprestou.
Em vinte e um anos, quase vinte e dois, nunca tinha me vestido daquele jeito, ou me sentido daquele jeito. Não depois do que me aconteceu. Eu nem cheguei a pensar que poderia um dia sair com alguém, ainda mais um cara cinco anos mais velho e uma estrela do rock em ascensão.
– ! Você está um broto! Ainda mais com esses cabelos castanhos escuro meio cacheados que, com esse batom vermelho, vai te dar um ar tão sexy que o cabeludo não vai querer parar de te beijar! Além de, claro, perceber que nenhuma groupie vai ser mais sexy e maravilhosa que você. – disse enquanto me entregava seu batom vermelho sangue.
Passei o batom e me encarei no espelho do banheiro já meio manchado que tinha na velha cafeteria.
E eu realmente estava linda, como nunca pensei que estaria de novo algum dia. Minhas bochechas estavam levemente rosadas. Passei um pouco do rímel e do lápis de olho preto de , que destacaram meus grandes olhos, e o batom vermelho combinava com o look, realçando meus lábios razoavelmente carnudos. Meu cabelo também decidiu que era um bom dia para ficar perfeito, com aquele ar de liso meio enrolado.
– Toma, coloca esse colete, essas pulseiras e esse colar, vai destacar ainda mais o seu look e vai deixar o cabeludo aspirante a rock star de queixo caído. – disse, me passando um colete jeans com tachinhas espalhadas por ele, um conjunto de pulseiras pratas e um cordão também prata porém um pouco grosso e com um pingente de cruz.
– , não vai ficar um pouco demais?
– Não, , vai! Coloca logo. E anda, John já deve estar te esperando. Nosso turno já acabou há meia hora!
Coloquei rapidamente os acessórios que me passou. Eu estava tão diferente de como normalmente era, tão simples e pra baixo, a garota que nunca sorria. Mas, naquele momento, era justamente um sorriso que eu não conseguia segurar ao me aproximar da saída da cafeteria de onde, mesmo ainda do lado de dentro, pude observar a silhueta alta, cabeluda e musculosa de JBJ. E a cada passo que dava, meu coração acelerava, como se fosse sair pela boca. Será que ele vai gostar do meu novo estilo para ir vê-lo tocar?, eu não conseguia tirar aquia duvida da minha cabeça. Enfim, , que estava na minha frente, abriu a porta, já cumprimentando John. Eu saí logo em seguida e pude notar que ele jogava a binga de cigarro no chão enquanto eu passava pela porta. Assim que entrei completamente em seu campo de visão, John me olhou dos pés à cabeça demoradamente e, quando seus olhos encontraram os meus, eu consegui ler um misto de surpresa, admiração, saudades e desejo naquelas duas bolas azuis.
– John!
– Meu Deus, ! Isso tudo é pra mim?
– Bem... Hoje, eu devo sair com um carinha aí que é o novo queridinho de Nova Jersey, que está acabando de voltar de uma tour pelo Estados Unidos. Achei que deveria me vestir a altura desse futuro astro do rock.
– Você está a metros de distância de mim, broto. Você está maravilhosa. – John disse, se aproximando de mim com o seu jeito galante e dominador, emanando sensualidade e desejo, com aquela cara de garanhão que eu tanto via nas revistas ao longo do último mês.
Ele logo passou seus braços pela minha cintura e grudou nossos corpos de uma maneira bruta, com o olhar – que, antes, estava preso no meu – revezando entre minha boca e meus olhos.
– Bem, casal, eu já fechei o café, acho que deveríamos ir andando. Até porque você tem horário, John. Vocês podem continuar essa conversa depois. O Dave vai estar lá?
cortou nosso clima, nos lembrando que JBJ tinha um show para fazer em um bar famosinho a umas quadras de onde estávamos. John, com um pequeno urro de frustação, me largou e se pôs entre nós duas. Então, nos ofereceu o seu braço. Logo começamos a caminhar de braços dados com ele a caminho do local. John confirmou a que David – ou Dave, para os mais íntimos –, seu melhor amigo de infância e tecladista, obviamente estaria lá e estava ansioso para reencontrar a namorada. Eu me recordava como se tivesse sido dita no dia anterior, quando chegou no café extremamente feliz após ter sido pedida em namoro pelo músico no terceiro encontro deles. E não pude evitar sentir uma pintadinha de tristeza, mas eu entendia John. Eu era uma pessoa muito difícil, quebrada. Quem conseguiria me amar com o passado que tinha? Eu sentia que John gostava de mim mas, em pouco tempo, ele conheceria alguém, o amor da sua vida. Uma mulher linda, com olhos verdes, loira, possivelmente quase esquelética e branca como a neve. Eles formariam um casal lindo, e eu voltaria para a minha vida cinza e sozinha de sempre.
Acabei sendo tirada dos meus pensamentos sobre um futuro depressivo e sozinho por uma gritaria, e percebi que já estávamos na frente do bar, que tinha uma fila que continha, principalmente, groupies histéricas que, assim que perceberem o John se aproximando, começaram a gritar, e só não saíram da fila para não perderem o lugar. Logo, percebi como John mudou, ficou com a postura igual a um pavão, lindo, dominante e charmoso como o inferno! A passagem nos foi liberada, e JBJ nos guiou para o backstage, onde o resto de sua banda se encontrava para subir ao palco, se preparando. Com isso, pude notar que eles já estavam um pouco chapados do que eu reconheci como cocaína na mesinha de centro. Apesar de saber que drogas eram uma coisa muito consumida no meio artístico, e fora dele também, e que eu mesma, aos onze anos, já tinha experimentado com Jason, eu não conseguia evitar a repulsa que eu sentia. Cumprimentei os garotos e me sentei ao lado do JBJ pois, apesar daquilo, eles eram legais. Logo, e Dave começaram um beijo um tanto quanto... Quente. E antes que o lugar pegasse fogo, Matt, irmão caçula do John, apareceu, dizendo que todos precisavam se encaminhar para o palco pois faltava cinco minutos para o show começar. Ameacei me levantar, mas John exerceu uma pressão nos meus ombros, já que eu estava sentada do seu lado esquerdo e com seu braço me abraçando por eles.
– Eu já vou, Matt, só quero ter uma conversa com a antes.
– JBJ...
– Eu sei. Em cinco minutos, encontro vocês na entrada do palco. Vai, Matt!
Matt olhou pra John, balançando a cabeça de um lado para o outro, e não parecia querer aceitar o que o irmão disse. Entretanto, saiu junto com o pessoal da banda. E eu estava nervosa. O que diabos John queria conversar comigo? Assim que a porta fechou, direcionei meu olhar para o John, que já tinha se posto na minha frente, e abri a boca para perguntar o que ele tinha para conversar comigo, minha boca foi, literalmente, atacada por seus lábios famintos, o que me deixou paralisada por um momento, mas logo me rendi àquele beijo ardente que John me proporcionava. Não pude evitar de fechar meus olhos para aproveitar todas aquelas sensações inebriantes que John me proporcionava a cada beijo, sentir melhor o seu cheiro masculino característico, aproveitar a nossa bolha de paixão e desejo. Nossas línguas se embolavam em uma batalha para ver qual das duas conseguiria explorar totalmente o território de nossas bocas. John já estava com os braços na minha cintura, me empurrando de lado para que eu deitasse no sofá com ele por cima de mim, com umas das mãos dando leves puxões no meu cabelo e, quando o ar se tornou muito essencial, ele começou a descer beijos, lambidas e chupões pela minha garganta, até chegar ao meu decote.
– Eu queria fazer isso desde que pus meus olhos em você hoje, . Você está tão sexy nessa roupa, com esse olhar sensual marcado por esses lápis pretos, com esse batom vermelho que ressalta esses lábios que eu gosto tanto de beijar... Eu quase não consigo me conter. Você veio assim para tirar minha sanidade, em todos os sentidos. Primeiro porque vou ter que fazer um imenso esforço para não ficar trancado nesse camarim com você, beijando essa boca que eu esperei meses para beijar de novo, e abandonar esse show. E segundo porque, assim que eu subir naquele palco, sei que o público masculino, e até algumas mulheres, vão voltar seus olhares desejosos para você. E eu não quero te dividir com ninguém, você é só minha.
John fez o seu monólogo na minha orelha enquanto uma de suas mãos habilidosas já estavam tocando no ponto mais quente e necessitado do meu corpo. E enquanto me mostrava o quanto ele era habilidoso com outras coisas sem ser o microfone e o violão, ele, com um chupão forte do meu pescoço, que com certeza deixaria marcas, voltou seus lábios para os meus. Eu já sentia que ia explodir de tanto prazer. A porta foi aberta de supetão e Matt entrou, fazendo tanto barulho como um elefante.
Eu queria morrer. Ser pega quase tendo a minha primeira vez no camarim da banda pelo irmão caçula do homem que estava quase me desvirtuando foi uma situação embaraçosa. Pelo menos, para mim, pois John apenas conseguiu soltar um grito – ou seria um urro? – de frustação. Logo, ele se levantou, procurando ajeitar suas calças que estavam com um volume aparente. Aquilo dele não gostar de usar cueca e usar calças tão coladas, naquele momento, não era uma coisa boa... Para ele, porque eu estava me deliciando com a visão. John me deu a mão para me levantar, e eu comecei a tentar desamassar um pouco minhas roupas, arrumar o meu cabelo que, assim como o do John, estava uma bagunça, fazendo parecer que um furacão tinha passado por nós. Logo, também procurei um guardanapo para limpar o meu batom, que manchava toda a minha boca e a do John. Mesmo com Matt me apresando, consegui quase desaparecer com a mancha de batom vermelho naqueles lábios carnudos do John. Assim que ele já estava apresentável, Matt o puxou pelo braço e o empurrou para a saída, dizendo por cima dos ombros que já estava me esperando para acompanhar o show do Bon Jovi na entrada do palco.
Cheguei onde estava e os meninos já tinham começado o show, que estava levando a plateia à loucura, como acontecia sempre, segundo eu lia nos jornais. , assim que cheguei, fez um comentário sobre o meu estado e o do JBJ, já que, com o olhar de águia que ela tinha, percebeu que ele tinha marcas fracas de seu batom perto dos lábios. E a minha própria falta de batom foi apenas uma confirmação de suas suspeitas. Mas voltando minha atenção ao show, especificamente ao John, eu percebi o quanto ele nasceu para estar no palco, e ele cantando ao vivo era demais. Eu já o achava um ótimo cantor quando os ouvia tocando na rádio e nos discos mas, ao vivo, ele era insano, ainda mais por sua interação com a plateia e seu domínio de palco. Era impossível não pensar em como aquele homem foi olhar pra mim, ainda mais tendo todo aquele público feminino que estava, assim como eu, hiperventilado por ele a cada gesto que ele fazia, a cada sorriso largo, a cada piscadela marota, a cada passo que ele dava, emanado rebeldia e sensualidade. Foi impossível não compará-lo ao JBJ que eu conheci na mesa 14 da cafeteria onde trabalhava, que passou a ir lá quase todos os dias, tentando puxar assunto comigo. O quanto aquele cara me balançou e o quanto eu resisti àquele sentimento que eu ainda não sabia nomear... Seria amor?
Fui tirada dos meus pensamentos por John vindo em nossa direção. Como já tinha mais de uma hora de show, pensei que ele já tinha acabado e estava tão distraída em nomear meus sentimentos pelo roqueiro que não percebi ele se despedir. Mas assim que ele chegou, percebi que era só ele, e fiquei com uma cara de interrogação.
– Quero que preste atenção nessa última música, muita atenção. – Ele disse antes de me roubar um beijo que me deixou sem fôlego para, logo em seguida, retornar ao palco.
Olhei para com um olhar de interrogação e, logo, os primeiros acordes da música começaram a soar e John, a cantar. A cada palavra, eu ficava cada vez mais nervosa. Por que JBJ queria que eu prestasse atenção justamente naquela música? Em um certo momento da música, ele se distanciou do centro do palco, virou para onde eu e estávamos e cantou olhando nos meus olhos.
– I dream of when she'll be mine, I dream of crossing that line (Eu sonho com o dia que ela será minha, sonho em cruzar aquela linha) And holding her so tender, dreaming it could come true (E abraçá-la carinhosamente, sonhando que isso poderia se tornar realidade) So many things I could do, if only you'd give me a chance (Tantas coisas eu faria, se ao menos você me desse uma chance).
Tudo à minha volta parou por um momento, ou melhor, até aquela música acabar. Seria ela uma declaração do John para mim? Decidi ar essas dúvidas no fundo da minha mente e só aproveitar o show do Bon Jovi. Logo após o fim da música, o show foi dado como encerrado e a banda saiu do palco. Dave abraçou e, logo, eles estavam lado a lado, indo direto para o camarim. Segundos depois, John chegou, com suor escorrendo pela lateral do seu rosto e com aquele olhar e sorriso de satisfação por fazer o que amava e nascera para fazer. Ele, logo, me capturou em seus braços e fez com que nossos lábios se tocassem em um selinho casto para, em seguida, se dirigir comigo para o camarim com os outros. Entramos no camarim, mas foi apenas pra eles juntarem suas coisas e colocarem no carro, para que tudo já ficasse ajeitado para quando descidíssimos ir embora. Eles começaram a juntar as coisas, ignorando a minha presença e a de . Tentamos ajudar, mas os meninos negaram veemente, principalmente John e Dave. Então eu e minha amiga apenas ficamos do lado da porta, observando a movimentação do lugar e jogando conversa fora.
Depois de alguns minutos, tudo já estava arrumado e Dave e John apareceram do nosso lado, perpassaram seus braços por nossos ombros e fomos para uma mesa já reservada no canto esquerdo do palco onde, naquele momento, nenhuma banda tocava e o som no bar era proveniente de uma toca disco.
Sentamos na mesa e, logo, Richie se dirigiu ao bar. Minutos depois, voltou com cervejas para todos. Todos nós engatamos em conversas de uma maneira leve e descontraída. Eu podia sentir o olhar das groupies para lá, especificamente para o homem que me tinha em seus braços, mas nenhuma ousou se aproximar. Um tempo depois, quando a mesa já estava tomada por uma atmosfera que cheirava a álcool e cigarros, John se levantou e me puxou junto, me levando em direção à pista de dança.
– John, o que foi?
– Cansei deles, quero curtir você, meu broto. Estava com saudades. Vamos dançar. – Ele disse, me roubando um beijo e, quando o ar ficou escasso, voltou a se encaminhar para o meio da pista de dança, não se importando com os meus protestos sobre não saber dançar.
Assim que chegamos, Another one bites the dust do Queen já estourava, levando as pessoas à loucura. Tentei me mexer ao som da música, mas ainda estava meio travada, ainda mais por sentir os olhares das pessoas em mim, por estar com o JBJ.
– Feche os olhos e sinta a música, vou te ajudar. – John disse, pegando minha mão, me rodando e me puxando para perto dele, de modo que meu corpo ficasse de frente ao seu, cedendo a ele acesso total ao meu pescoço e ouvidos.
Ele logo pousou suas mãos em minha cintura e começou a me guiar no balanço da música. Já com olhos fechados, deixei me levar.
Quando a música se aproximava do seu final, já totalmente solta e sentindo o efeito da bebida na minha mente, que contribuiu para que minha timidez passasse, me virei para ficar de frente ao John. Logo assim que a música acabou, já estávamos com nossos corpos colados e sem desviar o olhar um do outro, e eu já estava pegando fogo pelo desejo que li naquelas duas bolas azuis. A música ao nosso redor mudou mas, em vez de continuar no mesmo estilo dançante, a música que acabara de começar era mais lenta. John aproximou seu rosto do meu e, quando pensei que ele ia me beijar do jeito que ele me beijara no camarim, ele beijou minha testa, juntou a suas mãos em minha cintura e começou a dançar comigo no ritmo da música. Rapidamente, passei meus braços ao redor de seu pescoço e começamos a dançar aquela música calma, uma dança que não pensei que compartilharia com alguém um dia.
– Sabe, você foi uma garota muito difícil de conquistar. – John disse no meu ouvido mais ou menos no meio da música, quando já estávamos presos em nossa bolha.
– Quem disse que você me conquistou? – Eu disse, sorrindo de lado.
Obviamente, a insistência dele e aquele sorriso me conquistaram completamente.
– Seus olhos. E sei que você não estaria aqui em plena segunda-feira se não tivesse caído no meu charme irresistível. – E, ao fim da frase, ele deu aquele sorriso torto que fazia toda a população feminina desmanchar em seus braços.
– JBJ, você é muito convencido. Mas você sabe o porquê de eu não querer que ninguém se aproximasse. Eu ainda não consigo me perdoar pelo que aconteceu. E também porque eu não quero perder mais ninguém.
– Você não vai me perder. Eu suei muito para ter esse momento com você, meu broto, pra estar dançando essa música com você, para cantar She Don't Know Me para minha musa inspiradora.
– O quê?! A sua última música do show de hoje foi escrita para mim? – Disse, realmente espantada.
– Sim. Essa música, eu escrevi para você, enquanto te olhava no café. Eu sempre te vi naquele café, mas nunca tive coragem de me aproximar. Naquela segunda-feira, eu consegui convencer os caras a irem comigo. Mas eu já tinha desistido na nossa primeira troca de palavras, achando que você realmente não estava interessada. Mas, quando você trouxe nossos cafés e cookies e me mostrou um sorriso verdadeiro, que me fez me encantar ainda mais por você, eu não pude não voltar lá até conseguir sair com você. E quando estava lá, a inspiração vinha, e passei a anotar as palavras no guardanapo e, em casa, as colocar no meu violão.
– JBJ, não posso crer. – Por um momento, consegui notar a música ao nosso redor mudando mais uma vez, mas ainda continuou naquela pegada romântica e, logo, Is this Love do Whitesnake começou a tocar.
Eu amava quando estávamos limpando o café e a música tocava no rádio. Apesar de não ter nenhuma perspectiva de um dia amar, aquela música sempre tocou uma parte do meu morto coração que, com John, não parecia estar tão morto assim.
– Sim, , você é a minha inspiração para muitas coisas. E desde que me contou sobre o seu passado, eu fiquei ainda mais encantado por você. Sabe, você é tão linda e tão forte... E a partir dali, soube que precisava fazer, falar o que vou te falar. – Ele se afastou para me dar uma visão completamente clara do seu sério rosto e olhar diretamente nos meus olhos. – , eu não aguento mais. Esse mês separado de você só me fez ter certeza de que preciso saber que, quando eu voltar das turnês, você vai estar aqui me esperando se não puder ir comigo.
– John...
– Não... – John disse, colocando seus dedos nos meus lábios para me impedir de falar. – , eu preciso dizer. Eu não sei se isso que sinto é amor, se é finalmente o amor que procuro e que sonho e sobre o qual escrevo nas minhas músicas. Mas eu preciso de você para sentir que tudo está certo. , sei que não vai ser fácil, pois meu trabalho me leva para longe e, às vezes, muito longe de você, e que preciso ter aquela postura no palco, a postura de um garanhão. Mas preciso saber se, apesar disso tudo, você está disposta a me ter em sua vida, oficialmente, como seu... Como seu namorado.
– John, eu também não sei se é amor o que sinto mas, para ser tão forte assim, a ponto de me fazer contar tudo da minha vida pra você, só pode ser o amor dos sonhos que eu pensei que não teria um dia. E é obvio que te aceito na minha vida, por quanto tempo você me quiser na sua. Você transformou meus dias cinzas em dias coloridos novamente.
– Para sempre.
E a música que falava de uma coisa que pensei que nunca conseguiria vivenciar acabou se tornando a primeira música que dancei como namorada oficial de John Francis Bongiovi Jr..
Sayreville, Nova Jersey – EUA
Domingo, 28 de março de 1993
Domingo, 28 de março de 1993
– Sabe... Nunca imaginei que me casaria, ainda mais com uma estrela do rock. – Eu disse em seu ouvido, enquanto dançávamos a nossa primeira música como marido e mulher, que não poderia ser nada diferente de um bom rock, no caso, a primeira música que dançamos como namorados, a linda Is this Love do Whitesnake – Naquele primeiro dia no café, exatos cinco anos atrás, você me fez abrir o meu primeiro sorriso verdadeiro em nove anos, desde que meu pai foi assassinado. Eu não imaginava, até aquele momento, que poderia ser feliz novamente.
– ... – John disse, colocando sua mão direita no meu rosto e encostando nossos narizes.
– Não... Eu quero falar... Eu preciso falar. John Francis Bongiovi Jr., você recoloriu a minha vida quando nossos olhares se cruzaram pela primeira vez, naquela cafeteria, aqui em Nova Jersey. Eu sempre tive meu pai como meu pai e minha mãe e, quando me lembro que nossos últimos momentos juntos foram discutindo, eu nunca consegui me perdoar. – Eu disse, olhando naqueles lindos olhos azuis, que demonstravam tanto amor por mim que eu não sabia como poderia ser tão sortuda. – John, eu não conseguia me perdoar... Até você aparecer na minha vida. Por ironia do destino, em uma segunda-feira. Aquele rapaz de olhos azuis sonhadores, de cabelo grande e desgrenhado, com o sorriso mais lindo que eu já vi na minha vida. Que ficou insistindo por dois meses para me levar pra sair, que me pediu em namoro ao som desta mesma música, que combinava tanto com os meus sentimentos e dúvidas, meu primeiro e único homem e amor. Depois o Jon Bon Jovi, grande músico, com essa voz maravilhosa, autêntica, com essa aura rebelde e sexy que te transforma quando está no palco, magnético, um verdadeiro astro do rock. Eu morria sempre que te via no palco, olhando direto pra mim, dando aquele sorriso largo com sua cara de garanhão e aquelas piscadelas marotas. Não sabe como eu me sentia sortuda sempre que eu te via na minha porta, de volta para mim, após cada turnê pelo estado, pelo país e pelo mundo. E hoje estamos aqui, casados. Eu te amo tanto, JBJ. Você me resgatou de uma vida cinza, trouxe de volta as cores na minha vida. E, apesar de tudo que me aconteceu antes de você, eu sou muito grata. Pois todo o meu sofrimento me levou até aqui, até esse momento. Eu não tenho mais raiva de mim, eu já consigo ouvir I don’t Like Mondays do The Boomtown Rats, e até gosto, pois ela me faz lembrar do que passei, e me faz ver que, mesmo que a vida de uma pessoa possa ser destroçada por uma maldade, por uma tragédia, com amor, tudo pode ser reconstruído. Eu te amo, para sempre. E isso com certeza é amor que eu não sabia que estava procurando. ¬– Eu disse, com a visão já um pouco borrada pelas lágrimas que estava segurando, encarando os lindos olhos azuis de John que estavam ainda mais lindos, coisa que pensava ser impossível acontecer.
– , você é uma pessoa maravilhosa, linda por fora e, principalmente, por dentro. Você é a pessoa mais forte que eu já conheci. Meu Deus, mulher, você era um osso duro de roer quando falei a primeira vez com você. Eu jogava todo o meu charme, que funcionava em todas as garotas mas, em você, parecia ter zero efeitos. Claro que eu não imaginava o porquê e, quando você conseguiu me dizer, eu só queria te envolver nos meus braços e não soltar nunca mais.
E mesmo que a música já estivesse acabando, John se aproximou do meu ouvido e começou a cantar baixinho.
– I can't stop the feeling, I've been this way before (Não consigo parar o sentimento, já estive desse jeito antes) But with you I've found the key, To open any door (Mas com você eu encontrei a chave, para abrir qualquer porta) I can feel my love for you, Growing stronger day by day (Eu posso sentir meu amor por você, ficando mais forte dia a dia) And I can't wait to see you again, So I can hold you in my arms (E eu mal posso esperar pra te ver novamente, para que eu possa te envolver em meus braços).
Eu não aguentei e beijei aquele homem, o meu marido. Precisava fazê-lo sentir, através daquele beijo, o quanto eu o amava e o quanto eu era grata por tê-lo em minha vida. Após partir o beijo, ficamos dançando mais alguns minutos na nossa bolha, aproveitando aquele dia que, com certeza, era o primeiro de muitos dias da nossa vida de casados. Uma vida que eu nunca imaginei que teria e que eu não poderia mais viver sem.
Fim.
Nota da autora: "AI NEM ACREDITO QUE CONSEGUI! AAAAA
Então que difícil transformar essa música que foi escrita a partir de um, dos vários, momentos tristes da humanidade. Contudo não queria fazer algo muito triste, queria fazer algo fofo, meio romântica, que deixasse duas mensagens importantes: a primeira de que todos os momentos tristes que passamos na nossa vida são importantes para nos levar onde devemos estar, quem devemos ser; e a segunda de que o amor supera qualquer dor.
Eu sou muito cafona? Sou, uma romântica incorrigível. E amo músicas, principalmente os rocks românticos da década de 80/90, e Is this Love é uma das minhas canções preferidas e que amo forte de paixão. No início eu não ia colocar nenhuma música, mas conforme fui escrevendo me veio a inspiração e eu decidi colocar, seguindo minha intuição, e quando fui pesquisar o ano que a música foi lançada para ver se faria sentido com a timeline que já tinha planejado, ela se ajustou perfeitamente.
Outro desafio foi escrever sobre uma época que não vivi, afinal eu nasci no final dos anos 90, então foi totalmente desafiador e emocionante. E escrever uma fic que teria que entrar com o status de finalizada, me deixou morta de ansiedade, trabalhava e não conseguia pensar em nada a não ser que o tempo passava e eu não conseguia escrever kkkkkkkk (cada k foi uma lagrima que derramei mentalmente em preocupação com essa fic).
Espero que tenham gostado, e que eu não tenha viajado muito na maionese. Foi um desafio escrever essa fanfic com um prazo de entrega, baseada nessa música e sem ter a mínima ideia de como faria quando escolhi participar. Mas foi uma experiencia incrível, quando a inspiração bateu, escrevi quase tudo no fim de semana. Por isso queria agradecer muito a minha beta, Gabrielle por me pressionar para participar e por me ajudar na ideia inicial, e a Rafaela, a única corintiana que eu gosto hahahaha, por me apoiar sempre.
Beijinhos."
Outras Fanfics:
Pasión [Clube de Regatas do Flamengo - Em andamento]
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Então que difícil transformar essa música que foi escrita a partir de um, dos vários, momentos tristes da humanidade. Contudo não queria fazer algo muito triste, queria fazer algo fofo, meio romântica, que deixasse duas mensagens importantes: a primeira de que todos os momentos tristes que passamos na nossa vida são importantes para nos levar onde devemos estar, quem devemos ser; e a segunda de que o amor supera qualquer dor.
Eu sou muito cafona? Sou, uma romântica incorrigível. E amo músicas, principalmente os rocks românticos da década de 80/90, e Is this Love é uma das minhas canções preferidas e que amo forte de paixão. No início eu não ia colocar nenhuma música, mas conforme fui escrevendo me veio a inspiração e eu decidi colocar, seguindo minha intuição, e quando fui pesquisar o ano que a música foi lançada para ver se faria sentido com a timeline que já tinha planejado, ela se ajustou perfeitamente.
Outro desafio foi escrever sobre uma época que não vivi, afinal eu nasci no final dos anos 90, então foi totalmente desafiador e emocionante. E escrever uma fic que teria que entrar com o status de finalizada, me deixou morta de ansiedade, trabalhava e não conseguia pensar em nada a não ser que o tempo passava e eu não conseguia escrever kkkkkkkk (cada k foi uma lagrima que derramei mentalmente em preocupação com essa fic).
Espero que tenham gostado, e que eu não tenha viajado muito na maionese. Foi um desafio escrever essa fanfic com um prazo de entrega, baseada nessa música e sem ter a mínima ideia de como faria quando escolhi participar. Mas foi uma experiencia incrível, quando a inspiração bateu, escrevi quase tudo no fim de semana. Por isso queria agradecer muito a minha beta, Gabrielle por me pressionar para participar e por me ajudar na ideia inicial, e a Rafaela, a única corintiana que eu gosto hahahaha, por me apoiar sempre.
Beijinhos."
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