11. Love Me Or Leave Me

Última atualização: 01/07/2017

Capítulo Único

Um ano antes...

- Ele é tão lindo. – Eu falava para enquanto encarava meu anel. Nós estávamos em meu apartamento, deitados na minha cama. Senti sua risada em minha nuca e um leve beijo.
- Fico feliz que tenha gostado. – Aconcheguei-me ainda mais a ele, com um sorriso que não deixaria meu rosto por um bom tempo. Era como se um filme passasse pela minha cabeça. Eu, no início da minha carreira, fazendo shows em algumas universidades do país e o , professor de Matemática que cruzou meu caminho em uma delas. Nunca imaginei que aquele breve encontro nos traria até aqui.
Não foi fácil conciliar nosso relacionamento minhas viagens pelo mundo, enquanto ele estava “preso” nos Estados Unidos dando aula. Mas não mudaria parte alguma de nossa história.
- Eu amo você, . – Eu disse, o olhando sobre meu ombro.
- Eu amo você, futura Senhora .


Dias atuais...

- , nós precisamos começar a marcar os ensaios para o casamento, só faltam três meses! – Joanne, a responsável por toda a cerimônia e festa, falava pela milionésima vez.
- Eu sei, eu vou falar com o . – Suspirei, a situação estava tão complicada entre nós.
- Certo, preciso de um calendário com os horários dele, os seus eu já tenho. – Apenas assenti, não seria uma conversa das mais agradáveis.
- Você entra no palco em 3 minutos, melhor se concentrar. Depois você fala sobre isso, Joanne. – Taylor, minha melhor amiga e assessora, veio em meu socorro. Fechei os olhos e respirei fundo, usando toda a minha concentração para não pensar no quão distante estava, ou em como nosso relacionamento estava em uma crise terrível. Peguei o microfone que estenderam para mim e subi ao palco, um sorriso em meus lábios e uma animação que eu já estava mais do que preparada para encenar.


- Juro que não sei como você consegue estar com a mente tão cheia de coisas e ainda se apresentar como se estivesse tudo um mar de rosas. – Taylor falava enquanto deixávamos o estúdio de televisão. Apenas dei de ombros, sem querer conversar.
Peguei meu celular na bolsa, não tinha mandado mensagem alguma. Apoiei minha cabeça no vidro, segurando as lágrimas que logo se formaram em meus olhos.

“Joanne precisa dos seus horários e dias disponíveis para marcar os ensaios para o casamento.”

Enviei a mensagem. Poucos segundos depois, recebi um “ok” como resposta. Eu não aguentava mais.

“Nós precisamos conversar.”

Sua reposta demorou muito mais dessa vez. Quando já estava quase em casa, ouvi o celular apitar.

“Tudo bem.”

Bufei.
- Mais de dez minutos pra mandar um “tudo bem”, ele só pode estar de brincadeira. – Murmurei, não acreditando na mudança de postura do . – Engoli minha raiva e mandei:

“Podemos jantar hoje? Eu peço comida daquele restaurante que você adora :)”

“Estarei aí às 19h.”


Suas respostas curtas estavam me tirando do sério.

“Te espero então. Amo você.”

Sua resposta nunca chegou.


Era quase 21h quando ele chegou. A comida já estava gelada fazia muito tempo e eu estava sentada ao piano, rabiscando versos que não faziam muito sentido ainda. Tinha alguma coisa errada, eu só não conseguia saber o que era.
Não ergui meus olhos quando se aproximou, colocando sua bolsa sobre o sofá. Continuei a tocar notas soltas, dando forma a uma melodia triste que representava muito bem o momento. Eu não estava brava, eu me sentia vazia, o que era muito pior.
parou em frente ao piano. Tentou começar a falar algumas vezes, mas nenhum som saiu da sua boca. Meus olhos ainda estavam presos às teclas, controlando a vontade de chorar que a cada momento crescia dentro de mim.
Quando sua mão se aproximou do meu caderno de composições, eu logo o puxei para o meu colo.
e eu tínhamos essa forma de nos entender. Eu conseguia me expressar muito melhor por meio das músicas, então quando alguma coisa estava errada, bastava ele ler os versos que eu escrevia que ele entendia. Mas dessa vez não. Eram meus pensamentos, minhas angústias e eu não queria entregá-los tão facilmente hoje.
Com um longo suspiro, ele saiu da sala e foi em direção à cozinha. Eu não tinha retirado a comida da mesa, porque eu queria que ele visse o quanto ele havia me magoado e sua postura apenas reforçava o que eu já sabia: ele não fez questão alguma de chegar no horário combinado, só para evitar nossa conversa.
Quando senti a primeira lágrima escorrer pelo meu rosto, fechei o piano e segui em direção ao quarto. Corri para o banheiro e tranquei a porta, outra atitude que não era comum, mas que eu precisava. Eu não queria olhar para ele, eu não queria ouvir suas desculpas. Eu queria que ele confiasse em mim e me contasse o que estava acontecendo de verdade, porque esse não era o que me pediu em casamento um ano atrás.
Já debaixo do chuveiro, deixei que as lágrimas que segurei por toda a noite caíssem livremente. Logo os soluços começaram e eu apenas podia torcer para que ele estivesse bem longe do quarto e não estivesse ouvindo.
Aos poucos, consegui recuperar o controle e minha respiração acalmou. Terminei meu banho e vesti o pijama, enrolando uma toalha no cabelo molhado. Assim que abri a porta, vi sentado na beirada da cama, me encarando. Desviei o olhar e abri a cômoda, pegando meu secador. A ideia estúpida de lavar o cabelo a essa hora da noite não me parecia mais tão estúpida, já que o barulho me daria mais alguns minutos de paz.
Com toda a calma do mundo, segui em direção ao espelho do quarto, encarando meu nariz e olhos vermelhos devido ao choro. Penteei meu cabelo bem devagar, ligando o secador em seguida e secando meu cabelo. Minha mente estava vazia, eu me concentrava apenas nos movimentos necessários para que terminasse o que estava fazendo e pudesse dormir.
Assim que acabei, voltei ao banheiro para escovar meus dentes e fui para a cama. não havia dito uma palavra, nem se mexido durante todo esse tempo. Puxei as cobertas, apaguei a luz do abajur e deitei, fechando os olhos com força, pedindo aos céus para que não iniciasse uma conversa, eu não aguentaria.
Senti seu peso levantar da cama e ouvi o barulho da porta sendo fechada. Talvez ele fosse embora, ou dormisse no quarto ao lado.
Pouco tempo depois, a porta abriu novamente e veio em direção ao outro lado da cama. Ele repetiu minhas ações. Assim que tudo estava escuro e no mais completo silêncio, soltei minha respiração lentamente.
Era mais uma noite que íamos para a cama brigados um com o outro e meu único pensamento era: o que aconteceu com a gente?


Já de manhã, senti se mexendo na cama e despertei, mas não fiz movimento algum. Minha esperança era ele sair da cama e me deixar ali sozinha.
- Eu sei que você já acordou. – disse, fazendo com que eu soltasse um suspiro involuntário. Me virei na cama e encarei o teto. – Você não me deixou ler seu caderno ontem. – Ele disse, na mesma posição que eu.
- Você não queria conversar antes. – Falei, mudando de assunto.
- Por quê? – Eu podia sentir que ele havia ficado chateado quando o privei de ler meus pensamentos, mas ele não tinha o direito de se sentir assim depois do que fez.
- O que está acontecendo com a gente? – Perguntei, bem baixinho.
- Nada, tudo está do mesmo jeito de sempre. – Soltei uma risada forçada.
- Certo. – Fiz menção de levantar, mas segurou minha mão, o que fez com que eu olhasse para ele.
- Por que você está evitando me olhar? – Ele perguntou, com os olhos mais sérios do que jamais vi em toda a minha vida.
- Porque eu tenho medo da sua imagem de agora apagar a do homem pelo qual eu me apaixonei. – Tirei minha mão bruscamente da sua e segui para o banheiro. Quando saí, não estava mais no apartamento.


- Nossa, sua cara está péssima. – Taylor falou assim que cheguei ao estúdio de gravação. Eu apenas segui em direção ao piano, eu precisava me afogar na música, deixar que toda essa angústia dentro do meu peito saísse de dentro de mim de alguma maneira.
Os versos sem sentido da noite passada estavam tomando forma, e cada vez que eu lia, era uma pontada no coração, uma mais forte do que a outra. Eu estava com tanto medo.
Todos haviam ido embora, deixando-me sozinha com meus pensamentos. Taylor sabia que as coisas não estavam indo bem com o e deve ter dispensado todo mundo para que eu pudesse ter um momento de privacidade.
Quando senti que ninguém mais me observada, deixei que as lágrimas caíssem. Eu não aguentava mais essa situação, não aguentava confrontar o e ele falar que tudo estava da mesma forma, que eu estava louca.
Meus dedos voavam pelas teclas, batendo com mais força a cada vez que uma nova lembrança dolorosa vinha à minha mente. Fechei os olhos e levantei a cabeça, olhando para cima, como se esperasse algum sinal divino. As lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, mas a música estava preenchendo os espaços dentro de mim, correndo pelas minhas veias e colocando para fora aquilo que eu não era capaz de falar.
Abri os olhos abruptamente quando ouvi um forte barulho da porta batendo.
- Me desculpe, eu não quis te atrapalhar, mas não queriam me deixar entrar. – disse, mas eu estava tão perdida em meu mundo, que o susto embaralhou grande parte de suas palavras.
- Tu...tudo bem. – Disse, um pouco mais calma.
- Posso entrar? – Ele pediu. Apenas assenti, e logo estava sentado ao meu lado. Esperei que ele falasse alguma coisa, mas nada saiu da sua boca.
- Algum problema? – Ele respirou fundo.
- Não, eu só... O que acha da gente sair pra almoçar e conversar um pouco? – Encarei o relógio que ficava fixo sobre a porta do estúdio e me espantei com a hora. – Se perdeu no seu mundo de novo? – Ele já sabia a resposta, então apenas assenti.
- Eu vou só pegar meu casaco.
pegou minha mão assim que saímos do estúdio. Era estranho sentir seu toque depois de tantos dias com um clima tão pesado entre a gente. Ele começou a contar dos seus alunos da faculdade, e eu fazia o possível para prestar atenção e acompanhar, mas não conseguia deixar de pensar que ele estava agindo como se nada tivesse acontecido. E isso me deixava extremamente preocupada.
Eu não conseguiria seguir em frente sem discutir todo o seu comportamento dos últimos dias, as brigas, e principalmente as coisas não ditas. Nada estava bem resolvido entre a gente.
- ? Você tá me ouvindo? – Ele perguntou, um leve sorriso em seus lábios.
- Me desculpe, eu estava com uma letra na mente e me perdi. – Seu sorriso aumentou, mas eu podia ver que não chegava aos seus olhos. Ele sabia o que estava fazendo, e sabia que não estava funcionando.
- Eu perguntei se aquele restaurante – ele apontou. –, está bom para almoçarmos. – Eu olhei para onde ele apontava, era um pequeno restaurante de esquina, bem próximo do estúdio, no qual já havia comido algumas vezes, principalmente durante o processo de composição e gravação de um álbum.
- Claro, a comida aqui é bem gostosa. – ia dizer alguma coisa, mas apenas o ouvi praguejar quando os primeiros barulhos de flash chegaram aos meus ouvidos. – Parece que teremos companhia. Eu vou pedir para dona do restaurante nos colocar em uma mesa escondida lá dentro. – Seu sorriso, agora ainda mais falso e forçado, estava estampado em seu rosto enquanto seguíamos para o restaurante. Senti um nó se formar em minha garganta, mas meu rosto estava exatamente como o seu: mostrando para o mundo que éramos um casal feliz e sem dramas, fingindo um amor que eu começava a duvidar que estivesse sendo correspondido.
Sentamos em uma mesa bem ao fundo do restaurante, longe de todas as câmeras. Estávamos completamente isolados, mas havia perdido toda a sua motivação de agir como se tudo estivesse bem.
O garçom logo veio e fizemos nosso pedido, um silêncio extremamente desconfortável entre nós.
- Desculpe por isso. – Me senti na obrigação de dizer, ainda sem saber o porquê.
- Não é como se fosse algo inédito. – Sua voz estava ácida, seu mau humor dos últimos dias parecia nada perto desse sentado à minha frente.
- Você nunca se importou tanto assim. – Disse, encarando minhas mãos sobre a mesa.
- Eu não poderia imaginar as proporções, mas... – Ele não terminou a frase. Logo ergui minha cabeça, encarando seu rosto, que olhava para qualquer outro lugar, menos para mim.
- Acho que esse almoço não foi uma boa ideia. – Falei, ainda não acreditando em suas palavras. Eu não conseguia encontrar forças para pressioná-lo a terminar seu pensamento. deu de ombros, como se não se importasse. Segurei as lágrimas, juntando todas as minhas forças para não sair correndo dali.
Os pratos logo chegaram e nós comemos em silêncio. Eu não tinha o que falar depois das suas duras palavras, assim como eu esperava que ele falasse mais nada, porque tudo que saía da sua boca ultimamente era nada menos do que cruel.
Nós saímos do restaurante da mesma forma que chegamos, com sorrisos estampados no rosto e de mãos dadas, como se tivéssemos tido o melhor dos encontros.
- É melhor você ir. – Disse quando já estávamos dentro do estúdio. me encarou, surpreso com a minha fala.
- Acho que você nunca me expulsou daqui antes.
- Você só tem sido cruel comigo e mentindo que está tudo bem. Eu não sei o que está passando pela sua cabeça, mas não vou deixar você estragar esse lugar pra mim. Talvez seja seu problema com a separação dos seus pais quando você era mais novo e agora está surtando com a aproximação do nosso casamento, mas pra mim chega, . Não vou aceitar essas suas atitudes babacas, não vou admitir que me trate como se eu não importasse. Lide com as suas merdas sem descontar em mim. – Virei as costas, desliguei o microfone que dava para dentro da outra sala e me tranquei ali, permitindo que todo o choro que segurei desde o momento em que acordei saísse.


- Sim, eu tenho certeza que não vou ficar com ela. – Já em casa, o celular estava apoiado sobre o piano enquanto eu explicava pela milésima vez para os produtores que passaria a música que escrevi durante a tarde para outro artista.
- Mas, ... – Os interrompi.
- Gente, não quero. Eu sei que outra pessoa pode interpretá-la melhor, ok? – Ouvi o barulho das chaves e logo entrou. Ao perceber que eu estava em uma chamada, ele apenas sentou no sofá, ainda olhando para mim.
- ?
- Eu tô aqui. Eu já tenho alguns artistas em mente, vou dar uma pesquisada melhor e mando por e-mail. – Os suspiros do outro lado da linha eram o sinal que eu precisava de que eles tinham desistido.
- Toque o refrão de novo, talvez a gente pense em alguém também. – Respirei fundo e posicionei meus dedos sobre as teclas. não fez nenhuma cerimônia ao me encarar, ele sabia que era sobre a gente.

Don't say it ain't love when it's love still
Não diga que não é amor quando ainda é
Don't say it don't work when it's working
Não diga que não funciona quando está funcionando
Love doesn't hurt if it's not real
O amor não machuca se não é real
And nobody could hurt like we did
E ninguém poderia machucar como nós
My lungs they just burn and I can't breath
Meus pulmões queimam e eu não consigo respirar
There's no way to turn so i stand still
Não tem onde virar, então fico parado
Love doesn't hurt if it's not real
O amor não machuca se não é real
And nobody could hurt like we did
E ninguém poderia machucar como nós


- Você tem mesmo...
- Tenho. Não vou ficar com ela.
- Tudo bem, não vamos mais insistir. Vamos esperar seu e-mail então. Até.
- Tchau. – Finalizei a chamada e continuei ao piano, tocando nada especificamente. Senti que levantou e vinha em minha direção, mas não ousei levantar meu olhar.
- A música é bonita. – Ele disse, já ao meu lado.
- Obrigada. – Ele sentou no banco e eu parei de tocar. tocou levemente meu rosto, fazendo com que eu olhasse para ele.
- Me desculpe. – Meus olhos logo encheram de lágrimas e nenhum esforço do mundo seria capaz de contê-las. – Eu sei que tenho agido mal esses últimos tempos, eu estou com muita coisa na cabeça, mas não é motivo pra te tratar dessa maneira. Eu sinto muito, de verdade. – Ele limpou as lágrimas que escorriam pelo meu rosto e eu o abracei, soltando a respiração que eu não fazia ideia que estava prendendo.
logo passou seus braços ao meu redor, me abraçando forte. Me aconcheguei a ele, deixando que as lágrimas caíssem. Nós apenas ficamos ali, partilhando de um bom momento que há um bom tempo não acontecia entre a gente.
Mais tarde, já deitados na cama, eu disse que o amava e a única resposta que tive foram seus braços ao meu redor. Se não conseguia mais dizer que me amava de volta, o que estávamos fazendo ali?

Quando acordei, fiz o mínimo de movimento possível para sair da cama sem que acordasse. No final das contas, nada tinha mudado. Peguei uma calça jeans e um moletom qualquer, um par de tênis, uma touca e meus óculos escuros e saí do quarto. No banheiro, fiz minha higiene matinal e logo troquei de roupa. Peguei as chaves do carro e segui diretamente para a garagem, não queria ficar ali nem mais um instante.
Parei na primeira padaria que encontrei, tentando passar despercebida pelas pessoas. Ainda não eram sete horas da manhã e o clima gelado da manhã provavelmente me daria mais uns minutos antes que todas as ruas estivessem cheias de pessoas indo para o trabalho.
Sentei em uma mesa no fundo e pedi um achocolatado e um croissant. Puxei o caderno que sempre carregava comigo e comecei a escrever versos que minha mente não parava de formar. A garçonete logo trouxe meu pedido e se retirou. Não sei por quanto tempo fiquei concentrada encarando a música que tinha acabado de compor, mas o barulho ao redor estava ensurdecedor, ainda que só agora tivesse percebido.
Levantei rapidamente e paguei o que havia consumido, deixando a padaria e seguindo para o estúdio. Eu sabia que ninguém estaria ali àquela hora, e era tudo o que eu queria.
Apoiei o caderno sobre o piano e respirei fundo, deixando a música tomar conta de mim e ganhar forma à medida que meus dedos tocavam nas teclas. Quando a melodia já estava praticamente pronta, comecei a ouvir passos ao meu redor. Mais uma vez, eu estava tão perdida na criação, que não notei que o mundo não havia parado. Alguns estavam apenas sentados ali, me encarando. Quando perceberam que eu havia saído do meu mundo, vi a luz acesa, indicando que agora eles poderiam me ouvir.
- A gente não quis interromper, você estava tão concentrada. – John disse, meio sem graça.
- Tudo bem, eu nem vi que estavam aí.
- Notamos. – Um riso tomou conta do ambiente, mas a tensão sobre meus ombros ainda era intensa. – passou por aqui, disse que voltaria em uma hora. – Apenas assenti. Assim que deixei a sala, todos tinham alguma coisa para falar ou perguntar, seja sobre o álbum, sobre colaborações, produção para outros artistas. Era tanta coisa, que mal notei quando uma mão tocou de leve em minha cintura.
- Oi. – disse, me assustando. – Me desculpe. – Um leve sorriso estava em seus lábios, eu conhecia esse sorriso, e meu coração acelerou apenas com a possibilidade. Ele queria uma trégua.
- Oi. – Respondi, com a respiração um pouco falha.
- Você acha que consegue sair um pouco pra gente almoçar ou está muito atarefada? – Ele estava nervoso, essa era uma novidade.
- A gente pode almoçar. – Sorri, a chama da esperança reacendendo dentro de mim. – Me dá só um instante pra colocar as coisas em ordem. – Ele assentiu e seguiu para um sofá ali perto, mas eu sentia seu olhar em cada movimento que eu dava.

- Vamos? – levantou seu olhar de uma revista, meio perdido. – As fofocas dessa semana estão tão boas assim pra você estar concentrado desse jeito? – Arqueei uma sobrancelha em sua direção, fazendo graça.
- Muito engraçada você. – Ele fechou a revista e estendeu sua mão em minha direção. – Eu deixei tudo preparado em casa, acho que vamos ficar mais à vontade do que em um restaurante. – Sorri para ele, pelo menos seria uma coisa a menos para a gente brigar, já que não teriam fotógrafos.
Assim que chegamos ao meu apartamento, seguiu para a cozinha. A mesa da sala de jantar estava praticamente arrumada, faltando apenas os pratos principais. Enquanto nos servia, encarava todo lugar, menos meu rosto. Quando tudo já estava servido, ele sentou à mesa e arrumou seu prato. Não ousei iniciar a conversa, eu queria saber o que ele tinha a me dizer.
Comecei a comer devagar, também evitando encará-lo.
- Então... – Ele começou. – Acho que eu te devo um pedido de desculpas. Não, eu não acho, eu tenho certeza. – Ele sorriu torto. – As coisas andam muito corridas na faculdade com o próximo seminário se aproximando, e o casamento. – Ele suspirou. – Você sabe que eu tenho um certo trauma com meus pais, acho que agora que a ficha está caindo, eu... surtei. – Eu não sabia o que dizer, eu já imaginava que tinha algo a ver com a separação conturbada dos pais dele quando ele era apenas uma criança, mas ainda não justificava. – Eu sei que não é motivo pra te tratar da forma distante como foi, e extremamente sem paciência. – Ele continuou, como se lesse minha mente.
- Eu sei que também não deixei sua vida mais simples. Eu sei que estou pedindo muito e te dando uma exposição na mídia que você nunca quis. – Eu respirei fundo antes de continuar. – Mas não desiste da gente. – Eu pedi, com a voz falhando no final. deixou os talheres sobre seu prato e veio em minha direção, ajoelhando na minha frente e segurando minhas mãos.
- A gente vai ficar bem. – Eu soltei minhas mãos das suas e passei meus braços ao seu redor, o abraçando com força.
- Eu amo você, . – Falei, bem baixinho, no vão do seu pescoço. Eu sabia que ele tinha ouvido, porque seu corpo logo ficou tenso, mas, mais uma vez, sua resposta não veio. Ele me soltou e voltou para o seu lugar na mesa. Balancei minha cabeça, como se esse simples movimento fosse afastar a dor que eu achei que iria embora hoje.
No final das contas, nós conversamos, mas ainda tínhamos nada completamente resolvido.

O clima estava realmente mais leve entre a gente, mas o peso no meu coração continuava intenso. A música que tinha escrito mais cedo não saía da minha cabeça e eu sabia que eu precisava colocar isso para fora antes que eu surtasse.
me deixou de volta no estúdio quando terminamos de almoçar, depois de conversar sobre nossos trabalhos. O assunto do casamento nunca surgiu, assim como meu “eu te amo” não respondido.
Muitas pessoas banalizavam essas três palavras, não sabendo o quanto elas podiam iludir e destruir um coração. sabia disso, por isso que cada vez que ele não dizia de volta quebrava uma parte de mim.
Já no caminho de casa, eu tinha um plano fixo na mente: eu falaria. A nossa conversa no almoço não foi o suficiente para que tudo viesse à tona e se não resolvêssemos isso o quanto antes, qual a lógica de continuar com os preparativos do casamento? A dor com tal questionamento era tão forte, que agradeci mentalmente por ter acabado de estacionar na garagem do prédio.
Assim que abri a porta, notei as luzes acesas e vi perdido no meio de muitos trabalhos ou provas, as corrigindo. Ele me deu um sorriso contido, ele sabia que ainda tinham coisas para serem reveladas. Eu sorri de volta e segui para o quarto.
Tomei um banho, querendo aliviar a tensão e o medo do que poderia acontecer assim que meus pensamentos mais íntimos fossem expostos. nunca mais tentou olhar meu caderno, acho que ele também estava com medo.
Quando voltei para a sala, ele ergueu o olhar na minha direção, mas logo retornou para os papeis.
- Você se importa se eu tocar? – Perguntei, apontando para o piano. Ele negou com a cabeça e eu logo sentei, não confiando mais nas minhas pernas para me sustentarem. Com o coração acelerado, eu deixei que meus dedos voassem pelas teclas do piano e minha voz colocasse todas as minhas dúvidas para fora.

(Coloque essa música para tocar)

You used to tell me that you loved me once
Você costumava dizer que me amava
What happened? What happened?
O que aconteceu? O que aconteceu?
Where is all of this coming from?
De onde isso tudo está vindo?
What happened? What happened?
O que aconteceu? O que aconteceu?
You say I'm crazy and there's nothing wrong
Você diz que eu sou louca e que não há nada de errado
You're lying and you know I know
Você está mentindo e você sabe que eu sei
Baby what have we become?
Querido, o que nos tornamos?
What happened?
O que aconteceu?


Senti que o olhar de estava sobre mim assim que o primeiro verso saiu dos meus lábios. Eu não olhava em sua direção, mas eu sabia que ele estava me encarando, com o rosto apoiado sobre as mãos, cotovelos sobre a mesa.

We used to never go to bed angry
Nós nunca íamos para cama com raiva
But it's all we ever do lately
Mas é tudo o que temos feito ultimamente
And you're turning away like you hate me
E você está se afastando como se me odiasse
Do you hate me? Do you hate me? Oh
Você me odeia? Você me odeia? Oh


Soltei a pergunta olhando fundo em seus olhos. Se ele não era capaz de dizer que me amava de volta, então ele me odiava? Será que nosso relacionamento não fazia mais sentido para ele? Eu tinha medo de todas essas perguntas, mas ainda mais das respostas.

You can take this heart
Você pode pegar este coração
Heal it or break it all apart
Curá-lo ou parti-lo ao meio
No, this isn't fair
Não, isso não é justo
Love me or leave me here
Me ame ou me deixe aqui


já havia afastado todos os papeis da sua frente e apenas me encarava. Seus olhos estavam cheios de um sentimento que eu ainda não havia conseguido identificar. Enquanto eu cantava, usando todas as minhas forças para não me entregar ao choro, limpava uma lágrima solitária que havia escorrido pelo seu rosto.

Do you remember when you loved me once?
Você se lembra de quando costumava me amar?
What happened? What happened?
O que aconteceu? O que aconteceu?
And you'd hold me here just because
E você me prende aqui apenas
What happened?
O que aconteceu?


A dor em meu peito estava quase insuportável, eu já não tinha mais tanta certeza que conseguiria chegar ao final da música. Eu evitava encarar , mas seu olhar estava tão pesado e fixo em mim, que eu não conseguia desviar na maior parte do tempo. Era visível o quão desesperada por respostas eu estava, eu precisava saber o que estava acontecendo, e essa seria minha última e desesperada tentativa, porque eu sinceramente não sabia mais por quanto tempo seria capaz de aguentar.
Quando me preparava para entrar na parte final da música, encarei , abaixando todas as minhas defesas e entregando para ele a parte de mim que eu mantinha mais protegida, a parte mais sensível que ele reclamava que eu nunca deixava ele ver.

Love me, baby, please
Me ame, amor, por favor
Cos I could still be the only one you need
Porque eu ainda posso ser a única que você precisa
The only one close enough to feel you breathe
A única perto o suficiente para sentir sua respiração
Yeah I could still be the place where you run
Sim, eu ainda posso ser o lugar que você procura
Instead of the one that you're running from, oh
Ao invés de ser o lugar de onde você está fugindo, oh

You can take this heart
Você pode pegar este coração
Heal it or break it all apart
Curá-lo ou parti-lo ao meio
No, this isn't fair
Não, isso não é justo
Love me or leave me here
Me ame ou me deixe aqu


Assim que o último verso saiu dos meus lábios, eu nos encarávamos, sem saber o que fazer depois de tudo o que havia sido dito. Quanto mais os minutos se passavam, mais claramente eu podia sentir todos os meu muros sendo colocados de volta no lugar, eu não sabia o que esperar.
- Agora você sabe. – Eu disse quando o silêncio estava insuportável. continuou apenas me encarando, ainda sem nada a dizer. Eu balancei minha cabeça e levantei, isso foi o suficiente para despertá-lo.
- Você está fazendo de novo. – Ele disse, seu tom não indicava que estava bravo, apenas desapontado. – Você joga tudo em cima de mim de novo e espera que eu diga alguma coisa.
- Eu disse tudo o que eu precisava, essa situação não dá mais pra se prolongar, . Eu amo você, mas parece que você não sente mais o mesmo. – Rebati, exasperada. Eu estava cansada de abordar a situação de maneira cuidadosa e nunca ter respostas.
- Então é isso? Você acha que eu não te amo mais? – Ele levantou e veio na minha direção.
- Você não fala mais que me ama, mas isso doeria menos se você pelo menos demonstrasse isso. – As lágrimas já corriam livremente pelo meu rosto. – A gente só briga, você diz que está tudo bem e age como se nada tivesse acontecido. Está tudo uma merda, , quando você vai admitir isso pra que a gente possa resolver? – Passei as mãos pelo meu rosto, afastando as lágrimas, e prendi meu cabelo em um coque frouxo, o calor da nossa discussão tomando conta de mim.
- Eu não sei, , o casamento...
- Claro, tinha que ser o casamento. Você está arrependido e quer cancelar tudo? É isso? – Falei de volta, sentindo um nó sendo formado na minha garganta.
- Dizendo dessa forma, parece que é o que você deseja. – Ele riu de maneira irônica. – Quer saber, talvez seja melhor mesmo. – Assim que as palavras saíram da sua boca, eu me afastei dele. A dor era tão intensa que eu precisei me apoiar no piano para não cair.
Afastei meu olhar, encarando qualquer ponto da sala. Menos ele.
- ... – Seu tom de voz suavizou, como se tivesse se arrependido do que havia falado. estendeu um braço em minha direção, mas eu afastei e o contornei, pegando as chaves do carro sobre a mesa.
- Se é isso que você quer, , não sou eu que vou te impedir. Me avise quando tiver uma decisão. – Falei e abri a porta.
- Isso, vai embora. Você está agindo exatamente como meus pais, fugindo da conversa ao invés de resolver tudo.
- Tudo que eu quis foi resolver as coisas entre a gente, mas você nunca foi sincero comigo para que pudéssemos fazer isso. Eu não posso mais lutar por nós dois. – Bati a porta e saí sem rumo.

Horas mais tarde, quando voltei para o apartamento, depois de estacionar em um lugar vazio e chorar até não ter mais lágrimas, vi que as luzes ainda estavam acesas. Quando abri a porta, vi sentado no sofá, com meu caderno de anotações em suas mãos. Respirei fundo, indo em sua direção. Estendi minha mão para ele, querendo meu caderno de volta. apenas balançou a cabeça, negando.
- Eu não li. – Ele disse, com os olhos fixos no caderno. – Eu quero, eu preciso mais que tudo, mas eu não li. – Ele levantou seu rosto em minha direção e pude ver que não fui a única a chorar até não aguentar mais. – Por favor. – sussurrou. Eu podia sentir que ele estava tão triste e quebrado como eu. Eu apenas assenti e sentei no outro sofá, logo deitando e encarando o teto.
Não sei quanto tempo levou para ler e processar tudo, mas assim que o ouvi fechar o caderno, levantei meu olhar em sua direção. Ele me encarou com um olhar triste e culpado.
- Eu fui um completo idiota.
- Foi. – Confirmei, sentindo o cansaço tomar conta do meu corpo, eu não iria mais fingir. levantou e se ajoelhou de frente para o meu rosto. Ele passou uma mão pelo meu rosto, afastando meu cabelo dos olhos. Era a primeira vez em muito tempo que ele me olhava de maneira tão intensa e íntima assim. – O que foi? – Eu perguntei, não entendendo suas ações.
- Eu amo você, . – Senti minha respiração falhar. – Me desculpe se eu dei a entender qualquer coisa diferente disso. Eu amo você. – Eu o encarava, meu coração acelerado. Eu logo sentei e sentou ao meu lado, ainda me olhando. – Eu vi de perto o que a separação causou aos meus pais, e só a possibilidade de algo assim acontecer com a gente me apavora. Eu sou um professor, eu não sou uma pessoa famosa e não estou acostumado com pessoas me seguindo por aí e tirando fotos. Você já parou pra imaginar o quanto isso me deixa desconfortável? Eu não estou dizendo que é sua culpa, eu não poderia ter mais orgulho de tudo o que você conquistou, mas ainda é algo que eu tenho que lidar. – Ele respirou fundo antes de continuar. – Eu não vou largar meu trabalho para te seguir pelo mundo. Eu amo você, , mais do que eu jamais vou ser capaz de falar ou expressar, mas eu não vou abandonar minha carreira.
- Eu jamais pediria pra você fazer isso. – Falei, com a voz embargada.
- Eu sei, mas e nas suas turnês pelo mundo? – Ele perguntou, bem baixinho. Eu senti a tensão nos meus ombros diminuírem à medida que ele me falava cada um de seus medos.
- Eu posso conciliar as turnês mundiais com as suas férias, assim você poderia ir comigo, se quisesse. Durante o período escolar, eu posso fazer os shows aqui por perto, assim a gente não fica tanto tempo longe. – Eu pensei em uma solução rápida. – É claro que a gente pode sentar e discutir isso melhor, montar os calendários de um jeito que a gente passe o máximo de tempo juntos. - passou um dos braços pela minha cintura e me trouxe para mais perto.
- Isso pode dar certo. – Ele soltou o ar bem devagar. – Eu tenho tanto medo de perder você, que não consegui enxergar que quase causei exatamente isso. – Seu abraço se intensificou ao redor de mim.
- Por que você não me falou isso antes?
- Eu não conseguiria me perdoar se me colocasse entre você e seu trabalho, eu sei o quanto isso é importante pra você.
- Você é mais. – Eu disse e me virei em sua direção. – Eu amo você, , e eu preciso que você fale comigo. – Ele limpou uma lágrima que escorreu pelo meu rosto, beijando levemente meus lábios.
- Me perdoa. – Ele beijou meu rosto. – Me perdoa. – Ele continuou dizendo e distribuindo beijos por todo lado. – Eu amo você. – me beijou intensamente, liberando todo o desespero dos últimos dias. Nosso beijo era urgente, como se nossa proximidade nunca fosse o bastante, sempre precisava de mais.
Rapidamente nossas roupas estavam longe e me carregou até o quarto. Nossas mãos percorriam o corpo um do outro, buscando o contato que por tantos dias esteve ausente.
Nós precisávamos um do outro, da maneira mais íntima que pudesse acontecer.

- . – chamou, quando já estávamos quase pegando no sono, cansados demais do dia longo e conturbado que tivemos. Apenas murmurei qualquer coisa, para ele saber que eu ainda estava consciente. – Eu jamais escolheria te deixar. – Me aconcheguei mais a , com um sorriso nos lábios.
- Eu amo você. – Eu disse. beijou minha nuca.
- Eu amo você. – Ele respondeu.


Duas semanas depois...

- Você precisa parar de andar pulando por aí. – Taylor implicou assim que cheguei toda animada, logo de manhã. Apenas dei de ombros e segui para o estúdio, já que estávamos na fase final da produção do meu próximo álbum. Senti meu celular vibrando no bolso.

“Odeio acordar com você longe de mim. Como foi que saiu sem eu nem perceber?”

Com um sorriso idiota nos lábios, respondi a mensagem de :

“Você estava muito cansado da noite passada ;)”

“Isso é verdade, não que eu esteja reclamando ;)”

“Eu queria que você passasse aqui no estúdio hoje.”


Mandei para , já apreensiva. Eu não fazia ideia de como ele iria reagir com a surpresa que eu havia planejado.

“Eu dou aula até às 18h. Assim que eu sair, passo aí.”

“Vou ficar te esperando então.”


Voltei minha atenção para os produtores e logo já estava completamente imersa no álbum. Assim que decidimos voltar nos detalhes apenas no dia seguinte e todos foram embora, arrumei o estúdio para a chegada de .
Ajeitei uma cadeira no centro do estúdio e deixei as luzes baixas, e o sofá para que se sentasse de frente para mim. Assim que o relógio marcou 18h, eu sabia que em menos de quinze minutos ele estaria ali.
Nervosa, peguei o violão e comecei a dedilhar as cordas, ansiosa demais para me manter parada enquanto o esperava. Assim que ouvi o barulho da porta sendo aberta, ergui meu olhar para encarar entrando.
- Cadê todo mundo? – Ele perguntou, enquanto vinha em minha direção.
- Todos já foram. – me deu um beijo rápido e olhou ao redor, desconfiado.
- O que você está aprontando? – Ele arqueou uma sobrancelha, mas seguiu em direção ao sofá que eu apontei. Assim que ele sentou, com os cotovelos apoiados sobre os joelhos, eu comecei.

(Coloque essa música para tocar)

Your hand fits in mine like it's made just for me
Sua mão se encaixa na minha como se fosse feita só para mim
But bear this in mind It was meant to be
Mas mantenha em mente, isto era destino
And I'm joining up the dots with the freckles on your cheeks
E estou ligando os pontos com as sardas em suas bochechas
And it all makes sense to me
E tudo faz sentido para mim

I know you've never loved your little crooked smile
Eu sei que nunca amou seu pequeno sorriso torno
But I swear it's one of the best that i've seen in a while
Mas eu juro que é um dos melhores que tenho visto há algum tempo
All the things you see as your flaws, well I adore them
Todas as coisas que você vê como suas falhas, bom, eu as adoro
And i'll love them endlessly
E eu as amarei para sempre

I won't let these little things slip out of my mouth
Não vou deixar essas pequenas coisas saírem da minha boca
But if I do, It's you
Mas se deixar, é você
Oh it's you they add up to
Oh, é você que elas formam
I'm in love with you and all these little things
Estou apaixonada por você e por todas essas pequenas coisas


me encarava com um sorriso nos lábios. Desde nossa conversa duas semanas atrás, nós conseguimos acertar todas as nossas diferenças e, enfim, estávamos bem. Ele parecia mais confiante com relação ao nosso casamento a cada dia que se passava, nossos ensaios eram sempre cheios de muitas risadas, assim como todos os nossos momentos juntos.
Mas eu ainda sentia que precisava fazer algo por ele, ainda mais depois da última música que escrevi sobre nós.

You can't go to bed without a cup of tea
Você não consegue ir para a cama sem uma xícara de chá
And maybe that's the reason that you talk in your sleep
E talvez seja por isso que você fala enquanto dorme
And all those conversations are the secrets that I keep
E todas essas conversas são os segredos que eu guardo
Though, it makes no sense to me
Embora isso não faça sentido para mim


Sua gargalhada alta quando mencionei seu chá antes de dormir quase me fez perder o ritmo da música para acompanha-lo. Eu o amava tanto, e eu precisava que ele entendesse que eu amava cada pequeno detalhe, que eu jamais deixaria que a fama e a minha carreira se colocassem entre a gente.

I know you've never loved anyone like this before
Eu sei que você nunca amou alguém dessa forma antes
Your parents they had enough of their marriage when you were four
Seus pais se divorciaram quando você tinha quatro anos
So you've never really known what love should be
Então você nunca realmente soube o que o amor deveria ser
But now you're trying and it's perfect to me
Mas agora você está tentando e é perfeito para mim


Eu sabia que mencionar seus pais poderia trazer memórias desagradáveis, mas o fato dele estar tentando já era prova que não seríamos como eles. Nós faríamos dar certo.

You'll never love yourself half as much as I love you
Você nunca irá se amar com metade da intensidade com que eu amo você
You'll never treat yourself right darlin', but I want you to
Você nunca irá se tratar bem, querido, mas quero que você faça isso
If I let you know, I'm here for you
Se eu lhe disser estou aqui para você
Maybe you'll love yourself like I love you
Talvez você se ame como eu amo você

I've just let these little things slip out of my mouth
Simplesmente deixei essas pequenas coisas saírem da minha boca
'Cause it's you, Oh it's you
Porque é você, oh, é você
It's you they add up to
É você que elas formam
And I'm in love with you and all these little things
Estou apaixonada por você e por todas essas pequenas coisas


Assim que terminei de cantar, fez menção de se levantar, mas eu fui mais rápida e me ajoelhei a sua frente. Tirei uma caixinha do bolso e a abri para ele. Nela, uma pulseira com o símbolo do infinito representava tanto meu amor por ele, como sua paixão pela Matemática, apenas parecia certo.
- Eu amo cada pequena coisa, cada pequeno momento, por mais bobo que seja. Cada minuto ao seu lado importa, e eu sei o quanto você tem tentado fazer dar certo, mesmo com tudo que você passou com seus pais quando era mais novo. E eu te amo ainda mais por isso. – Seus olhos estavam brilhando com as lágrimas, e eu já não o conseguia enxergar muito bem devido as minhas.
- ...
- Eu sei que você já fez isso há mais de um ano e que agora faltam pouco mais de dois meses para o casamento, mas eu... – Respirei fundo. – Eu queria fazer algo especial pra você, não queria que a última música sobre a gente fosse aquela. – O encarei. – , eu amo você, e eu sei que o infinito ainda é pouco perto de todos os momentos que quero passar ao seu lado, de todas as pequenas coisas que eu ainda quero descobrir. – ajoelhou a minha frente, limpando as lágrimas do meu rosto. – Você quer casar comigo? – Perguntei, me sentindo uma idiota, mas o sorriso no rosto dele me dizia diferente.
- Não há nada no mundo que eu queira mais. – Eu retirei a pulseira e coloquei no pulso dele. beijou minha mão direita, na qual o anel que ele havia me dado quando me pediu em casamento estava. – Eu amo você, , e eu ainda não acredito que você fez isso tudo pra mim. – Eu joguei meus braços sobre seu ombro, o abraçando fortemente. Afastei meu rosto do vão do seu pescoço para beija-lo.
- Apenas me ame. – Eu disse, querendo colocar de vez um ponto final naquela nossa fase ruim.
- É só o que eu pretendo fazer. Para sempre.


Fim.



Nota da autora: Oi, pessoas! Tudo certinho?
Ai, gente, eu amo tanto essa música. Não sei se perdoei as meninas por nunca terem cantado essa coisa maravilhosa ao vivo. Por mais triste que seja, e por mais que eu tenha chorado um bom tanto escrevendo, espero que tenha ficado boa e que gostem. Não conseguiria me perdoar se estragasse uma das minhas músicas preferidas da Little Mix!
Bom, é isso. Espero do fundo do coração que tenham gostado, e eu ficaria eternamente grata se me dissessem o que acharam!
Até a próxima!
Larys




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