11. Peter Pan

Finalizada em 29/07/2022

Capítulo Único

Os dias ensolarados eram os melhores para null, principalmente quando o sol não estava tão quente, mas sim claro e radiante, assim como sua personalidade. Aquele clima o trazia diversas memórias de quando era mais novo e ainda não tinha a perspectiva do tipo de vida que teria no futuro e observando agora, enquanto terminava de arrumar suas coisas para levar a sua nova casa, ele via o quanto havia mudado.

— Senhor null — ele ouviu a voz calma da governanta que o ajudava com algumas coisas chamá-lo, o tirando no mesmo momento do transe que se encontrava enquanto observava o enorme jardim de sua janela — eu encontrei algumas coisas do senhor do colegial, no quartinho lá de cima a algo que o senhor queira levar junto em sua mudança?

Ela trazia a caixa mediana em suas mãos e seus olhos foram diretamente em seu antigo casaco do time de rugby que costumava fazer parte, ele sorriu ao lembrar de como ele e seus amigos se divertiam com aqueles momentos.

— Deixe-a em cima da cama, por favor Yeonsu! — ele disse a mais velha de forma educada, sorrindo. Deixando uma das caixas que estava em suas mãos ao lado da que havia acabado de ser colocada pela mulher no mesmo lugar — faz muitos anos que eu não vejo essas coisas.

Ele observava com carinho cada objeto naquela caixa, como suas medalhas e trofeus, cartas que havia recebido de declarações aleatorias — sua mae sempre dizia que invalidar o sentimentos de alguem o tornava uma pessoa má, o que ele não era e por isso ele não jogava aquele tipo de coisa fora, mesmo que não correspondesse.

— Ah, certo! — a mulher exclamou saindo do quarto por um momento — isso estava envolvido na sua blusa do time, o senhor gostaria que eu deixe aqui, jogo fora? Dou? Ou guardo com as outras coisas não irão com o senhor?

Os olhos de null brilharam quando viu o diário esverdeado, bem pessoalmente decorado com pinturas de flores aleatórias.

— Faz um tempo que eu não vejo isso — ele sorriu pegando o objeto em suas mãos — achei que tinha perdido ou jogado fora.
— Me lembro bem de um dia que o senhor chegou em casa muito alterado com isso em mãos — ela apontou para o diário — de fato o senhor chegou a pedir para que jogassem fora, mas eu o guardei depois de ler algumas páginas. Achei importante.
— A dona dele nunca voltou para buscá-lo — ele sorriu triste para o objeto.
— Pode ser que ela ainda apareça — a mulher disse sorrindo de forma simpática — coisas acontecem por uma razão, às vezes são planejadas para depois.
— Certo! — ele assentiu colocando o diário em suas coisas que seriam levadas — venho buscar o restante amanhã, eu preciso ir me arrumar para a formatura de null.
— Felicite o senhor null por mim! — ela disse olhando a foto dos dois garotos que viu crescer em cima da estante — quem diria que vocês cresceriam tão rápido.
— Nós ainda somos os mesmos engraçadinhos que éramos quando crianças e os mesmos rebeldes que éramos quando adolescentes — ele comentou rindo.
— Eu só me lembro do senhor sendo rebelde — ela brincou — senhor null sempre foi muito mais comportado.
— Isso porque você não passava muito tempo com ele — ele respondeu rindo.

O rapaz se despediu dando um beijo na bochecha da mais velha e entrando no carro em seguida com algumas caixas.

A brisa leve do vento daquele dia estava incrivelmente boa, então, null deixou com que as janelas ficassem abertas enquanto passava pela grande ponte do rio Han. Profundidade normalmente o assustava, desde a época de escola quando em um dia sentado na beira do mar em uma viagem escolar pensou o quão grande, profundo e desesperador poderia ser a imensidão do mar. Aquele sentimento nunca passou, era algo que ele acabou carregando com sigo, um nervosismo que seu peito demonstrava, ele não sabia se era pelo medo/receio ou pela atração, afinal, as águas de uma certa forma eram chamativas. Aquilo lhe lembrou um sentimento que teve e nunca esqueceu, ele conheceu um sentimento parecido alguns anos depois daquele mesmo episódio do mar.

O amor.

Algo que ele já esperava que acontecesse um dia, mas, de forma natural e tranquila.

O que não foi o que aconteceu.

Ele riu vendo o diário por cima de sua blusa do time da escola, levando a lembranças de como seu primeiro — E certamente único — amor, foi completamente o contrário do que ele pensava que seria.

Ela estava mais para uma Cinderella fujona do que uma Wendy que não queria crescer junto dele. E tudo que ele queria, era que aquele tempo não passasse, ele não queria ter que fazer provas de vestibulares ou escolher um curso para fazer na faculdade, ele não queria ter que ser sério em suas escolhas e muito menos ter que pensar em coisas como arranjar um trabalho — Mesmo que tecnicamente não precisasse já que os pais poderiam ajudá-lo sempre que precisasse — ou, simplesmente não queria ter que pensar em formar uma família, casar, enfim, ter responsabilidades.

Se ele soubesse que sentiria tanto arrependimento de não querer aquilo antes, talvez teria feito com que ela ficasse — ela não partiu por isso, ele sequer sabia o motivo, mas talvez, seu lado maduro pudesse deixá-la confortável o suficiente para que dividisse com ele, pelo menos antes dela desaparecer por completo.

Mas, mesmo que ele não tenha tido aquilo por muito tempo, não adiantava de nada continuar lamentando, ele apenas sentia falta dela, do seu sorriso, da forma em que ela ficava tímida com qualquer tipo de elogio vindo dele, ele sentia falta dela por completo.

E por isso, se agarra à lembrança de quando a notou pela primeira vez.

Flashback

— O plano? — null perguntou arqueando as sobrancelhas — óbvio que o plano é convidar null null para o baile.
— Mas para isso, você precisa tomar alguma atitude hoje a noite ou vai acabar continuado na friendzone, você e null cresceram juntos e você sempre a seguiu como um cachorrinho, está na hora de mostrar suas reais intenções, null — null, seu melhor amigo disse chamando a atenção do grupo de amigos reunidos nas arquibancadas enquanto escrevia algo em seu caderno — você já está na mesma a muito tempo, precisa deixar de ser covarde.

null era sempre o dono de bons e úteis conselhos, eles haviam crescido como se fossem irmãos então, estavam acostumados a trazer a realidade nos conselhos que davam, por isso, null nunca se incomodava com a sinceridade que ele dizia aquelas palavras.

— Você é bem sincero às vezes, null — null o amigos mais recém chegado no grupo, disse rindo.
— Você se acostuma — todos os outros disseram juntos.
null é uma parte delicada — null disse pensativo — quer dizer, olha para ela — ele disse apontando com a cabeça para o local em que a garota estava, sentada do lado de fora do prédio — ela é linda, tem amigos em todos os lugares que vai, tem inúmero pretendentes, trata todo mundo bem, eu não sei se…
— Não se menospreze, mesmo ela tendo todos esses amigos, ainda sim ela escolheu você para sempre estar com ela — null, o amigo disse se intrometendo na conversa enquanto comia seu cachorro quente.
— Isso é verdade, mas, eu ainda não consigo dizer se os sentimentos dela são ou serão os mesmos que os meus um dia.
— Você ainda não tentou saber — null disse apertado um dos ombros do amigo — você nunca vai descobrir se não tentar.

No mesmo instante em que o grupo olhava em direção à mesa em que a garota estava com suas amigas, null notou como elas riram de algo de repente, inclusive null — que nunca foi de te esse tipo de comportamento — notou também que null, seu amigo em comum com null se levantou rapidamente para ajudar a vítima das risadas.

null — alguém que null não sabia o nome naquele momento ou sequer reconhecia seu rosto — tropeçou por culpa de uma das garotas da mesa e seu lanche quase voou de suas mãos, fazendo com que a maioria — incluindo null, que não tinha o costume de fazer esse tipo de coisa — dessem risada.

Ele sentiu pena. Não conseguia ver graça em coisas assim, sempre havia sido uma pessoa que era contra uma humilhação pública por “menor” que fosse.

— Isso não foi legal — null disse olhando a mesma cena que null, que concordou com a cabeça, fazendo os outros dois olharem para o mesmo ponto.

— Aquele não é o null? — null disse se referindo ao garoto que ajudava null com sua bandeja.
— Parece que sim — null disse forçando a vista.
— Eu não sabia que ele tinha uma namorada — null disse arqueando as sobrancelhas.
— Ele não tem — null riu.
— Então quem…— null perguntou por curiosidade mas sem finalizar a fala.
— Aquela é null — null disse reconhecendo o rosto que null ajudou — eles são do mesmo clube, o de cinema.
— Eu nunca vi ela por aqui — null afirmou.
— Porque ela normalmente se esconde na biblioteca — null respondeu — eu já fui algumas vezes com null tirar ela de lá, ela é legal, só tem muita coisa acontecendo na vida dela que faz ela ser meio reclusa.

O assunto morreu ali, com os quatro encarando a cena do amigo de longe dando tapinha de conforto nas costas de null . E null a vendo pela primeira vez em anos de escola.

Flashback Off

null estacionou o carro e desceu sorrindo para o amigo que esperava em frente a sua casa.

— A consideração pela nossa amizade indo de dez a dois pelo seu atraso e mantemos dois porque você me compra comida sempre que eu peço — null disse desencostando da porta de entrada.
— Foi mal — null disse dando a volta no carro pegando a caixa que estava no banco da frente — eu tive que passar em casa antes de vim me arrumar e meu celular morreu, então não tive como te avisar que me atrasaria um pouco para chegar em casa.
— Te perdoo porque a senhora Yeonsu me avisou que enviaria alguns bolinhos de arroz por você, onde estão meus bolinhos, null? — ele olhou desconfiado.
— Calma — null respondeu rindo, tirando a sacola do banco de trás entregando ao amigo.
— Obrigado! — ele disse pegando de sua mão com pressa.
null e null vão nos encontrar no campus alguns minutos antes de começar — null disse entrando na casa.
— Certo! — null disse — e null?
— Ele disse que tinha algo importante para fazer então não sabia quando ia chegar, só disse que nos procuraria assim que chegasse — null disse dando de ombros — ele só comentou que alguém de longe tinha vindo para a formatura e que tinha que ir no aeroporto e passar em outros lugares.
— Entendi — null disse ficando em silêncio em seguida.
null…
— Sim, eu ainda tenho esperanças de que ela apareça null, eu sei que você pediu para que eu esquecesse mas, é complicado — null disse suspirando pesado.
— Você provavelmente é quem mais deve sentir falta dela, mas, não é o único — null disse tentando confortar o amigo de alguma forma.
— Obrigado — ele disse de forma simples, sabendo que aquilo para null bastava.

Era comum eles passarem o dia juntos já que moravam juntos com os outros amigos desde o começo da faculdade, a casa havia virado uma espécie de república porém, de amigos e não tantas festas assim — a não ser quando null voltava de suas competições, que como um clássico patinador profissional e com a postura de certinho, ele era bem festeiro para o gosto dos amigos — o que lembrou null da festa de halloween que deram, a mesma em que eles conversaram pela primeira vez.

Flashback

— Você já combinou de irem vestidos iguais? — null perguntou curioso enquanto se jogava no sofá da sala de estudos que eles costumavam ficar durante a pausa, antes de irem para os vestiários e treinamento.
— Eu perguntei — null respondeu coçando a nuca — Na verdade não, eu disse que ia perguntar agora de tarde.
— Cara, você tá perdendo tempo! — null comentou guarandi o caderno dentro da mochila outra vez — vai lá agora, ouvi ela dizendo a alguns minutos que ia voltar na sala para buscar algumas coisas na sala e parece que ela foi sozinha porque disse que encontrava as amigas na lanchonete.
— Certo — ele disse se levantando — vou ir agora, me desejem sorte.

null caminhou pelos corredores do prédio principal e a cada minuto passa as mãos nas laterais da calça jeans que usava demonstrando seu nervosismo, suas mãos suavam.

— Vocês viram a null? — ele parou em um grupo de pessoas onde viu que algumas das amigas dela estavam.

A garota sorriu simpática, null não se lembrava de seu nome mas também não fazia muita questão, eles não eram próximos.

— Ela foi buscar alguns livros na quinhentos e cinco — ela disse de forma simples.

null estranhou.

Quinhentos e cinco não era a sala dela ou de alguém que ela costumava passar tempo, ele tinha um amigo nessa sala mas eles não se falavam então, estranhou que esse seria seu destino já que não tinham as mesmas matérias.

— Quinhentos e cinco — ele disse olhando os números chegando na porta que estava fechada.

null deslizou a porta com cuidado para não surpreender a amiga e acabou encontrando uma cena que não esperava. null e Félix, o mesmo amigo que ele pensou que ela não teria nenhum tipo de contato, estavam de mãos dadas e lábios também. Um beijo terno, algo que ele desejava desde sempre vindo da melhor amiga.

Ele não queria que soubessem da sua presença mais acabou esbarrando nos cestos em que tinham livros antigos fazendo um barulho enorme, assustando os dois.

— Desculpa, eu só vim procurar por uns livros — ele apontou para o livro de anatomia humana em mãos — biologia.

Ele sorriu amarelo e Félix o olhou com pesar, sabia que o que havia feito tinha sido golpe baixo, afinal, ele sabia que null sempre havia gostado de null.

null — ele disse em quase um suspiro.
— Vou deixá-los a sós — ele respondeu tentando sair dali o mais rápido possível.

null não entendeu, afinal, nunca havia se dado conta dos sentimentos do amigo de infância que sempre havia sido como um irmão para si.

Engraçado como a vida poderia ser para null, ao mesmo tempo que tinha tudo, não tinha o que mais queria. Ele não era de chorar ou se sentir emocional, mas naquele momento ele segurava muito para que não parecesse patético andando pelas pessoas com uma cara de dor absurda, afinal, sim, seu coração doia.

— Desculpe — ele disse rapidamente assim que trombou com uma das pessoas que saía de uma das salas no mesmo momento em que ele passava — eu não te vi.
— T-Tudo bem — ela gaguejou, analisando sua expressão com cuidado — está tudo bem?
— Sim — ele respondeu de forma simples — eu preciso ir, desculpe mais uma vez.
— Tudo bem — ela respondeu.

null não olhou no rosto da garota que esbarrou ou sequer prestou a atenção em quem ela seria, ele apenas se retirou assim que se desculpou, andando em direção a seu carro sem nem mesmo parar onde seus amigos se encontravam com um sorriso no rosto, pensando que tudo havia saído bem.

Pelo menos até notarem a realidade.

— Eu sinto muito, null — null disse colocando uma das mãos sobre o ombro de null, demonstrando seu pesar.
— É cara, não se culpe — null disse — todos pensamos que ela sentia o mesmo, não imaginamos o que poderia acontecer.
— Mas olha pelo lado bom — null disse — você descobriu antes de se declarar, pode ser estranho daqui para frente mas nunca vai ter o peso de ter feito a amizade de vocês ficarem estranha.
— Essa ate eu senti null — null comentou — mas, ele não esta errado null.
— O lado bom sequer é esse — null disse de repente sorrindo de lado, fazendo com que os amigos o observassem confusos — o lado bom é que ele vai finalmente poder curtir nossa festa sem se preocupar com ninguem — null riu — solteiro é o melhor status para ir a uma festa.
— Realmente, null nunca aproveitou uma festa por completo, sempre estava cuidando dela — null comentando — sempre foi assim, enquanto null curtia como se não houvesse amanha, ele ficava responsável de ser a baba.



Flashback Off


null enquanto colocava alguma das caixas com suas coisas antigas da casa de seus pais pelo local, ele sorriu se lembrando de como naquela mesma noite, dias depois de encontrá-la pela primeira vez, algo realmente mudaria.

Olhar aquele diário de longe, em meio sua antiga jaqueta, já que ele havia levado ambos para casa, aquilo deixava seu humor bem dividido.

Nostalgia, era esse o nome do que ele sentia naquele momento.

Mas nostalgia não era a única coisa, a saudade também o assombrava.


Flashback On

— Meu deus, null quantas pessoas você convidou dessa vez? — null disse através da musica, olhando o local lotado de conhecido e desconhecidas.
— Algumas…
— No dia em que você faltou por estar no treino individual ele imprimiu flyers de graça na secretaria com a desculpa de que era para algum projeto e literalmente jogou eles pela escada gritando que haveria uma festa de halloween — null disse entregando o amigo.

null olhou perplexo para null e seus amigos que riam da sinceridade do mais novo.

— O que? — null disse dando de ombros — ele ia descobrir mais cedo ou mais tarde, olha o tanto de gente que apareceu.
— Não é como se esse lugar não fosse dos cinco, estamos no último ano e moramos juntos porque nossos pais ou não nos suportam ou simplesmente não aparecem em casa por causa dos trabalhos, isso nos faz donos dessa casa juntos, eu praticamente vivo aqui — null disse tomando um gole da bebida — qual é, nos somos seniors, temos apenas mais alguns meses, uma festa de halloween não machuca ninguém.
— Pelo contrário — null disse animado — eu acho que quero ser dj daqui para frente.
— Você sabe que ser dj não é apenas conectar seu celular na caixa de som e colocar uma playlist boa, não sabe? — null perguntou fazendo todos darem risada.
— Fica quieto, Mario — null disse revirando os olhos.

null estava vestido de Michael Jackson, null com seu macacão e chapéu de Mário, null de vampiro, null como um dos caçadores de fantasmas e null como Peter Pan — puramente porque perdeu a aposta entre eles deixando com que null escolhesse sua fantasia naquele ano.

— Eu não acredito que vocês me fizeram vir vestido de personagem de livro infantil — null reclamou revirando os olhos enquanto arrumava seu pequeno chapéu.
— Talvez você encontre sua TinkerBell essa noite, nunca se sabe — null falou tomando um pouco do líquido em seu copo, enquanto olhava ao redor — e não reclame, era isso ou deixar você usar a mesma roupa de jogador do time da nossa universidade que você já usa todos os dias.
— Não deveria ser Wendy? — null perguntou confuso interrompendo a falação de null.
— Tinkerbell fica para sempre com o Peter Pan já a Wendy vai embora com Michael e John para crescerem — null explicou deixando null, null e null perplexo por ele ter entendido a referência de null.
— E é por isso que nós somos os mais inteligentes nessa amizade — null comentou fazendo um leve toquinho com null.
— Sem dúvidas — null disse rindo.
— Estranhos — null, null e null disseram juntos.

null se separou dos amigos por alguns minutos com a desculpa de veria se algo não estava sendo quebrado pela casa e se as portas dos quartos realmente estavam fechadas. Os amigos assentiram mesmo sabendo que na realidade, o que ele faria seria procurar null pela casa e se martirizar por ter sido um covarde.

O que não era verdade, null sabia no fundo que na realidade não era para ser e simples assim. Mas ainda sim, seguia incomodado com a sensação de ver alguém que gostou a tanto tempo simplesmente escapar dentre seus dedos, principalmente quando a imagem de null e Félix surgiram do outro lado da festa em que estava.

— Se você colocá-los em um pote de sal, talvez eles não sequem tão bem quanto eles poderiam secar nesse momento, com você encarando assim — null disse rindo enquanto bebia um pouco do suco que haviam trazido mais cedo.
— Eu só preciso lidar com a ideia de que tudo que eu imaginei não vai virar realidade um dia — ele disse rindo — principalmente pelo fato de que um dos meus colegas, que sabia sobre — ele fez uma pausa pensando em como colocar aquelas palavras para fora — a minha situação ser a causa.
null, está tudo bem se sentir triste — null disse colocando a mão livre sobre o ombro do amigo — ou traído — ele fez uma careta para o casal — de fato, prova que você é humano — o mais novo riu fazendo null rir também — e você sabe que eu sempre tive minhas dúvidas.
— Obrigado, eu acho? — ele respondeu em tom de pergunta, rindo.
— Disponha — ele respondeu sorrindo — mas é sério, você precisa se liberar disso, não vai te fazer bem.
— É só…— ele fez uma pausa — complicado?
— E eu entendo — o amigo respondeu — mas se prender a isso não vai te fazer bem algum ou mudar as coisas do dia para a noite, você é jovem, vai para a faculdade no ano que vem e não está aproveitando seu último ano por conta de uma trope de melhores amigos para futuros namorados que se tornou na verdade uma trope de amor não correspondido.
— Sério null, você precisa parar de ler essas histórias estranhas que você encontra na internet — null comentou.
— Fanfic não é estranho, é cultura e…— null o olhou com os olhos semicerrados — não me distraia — ele disse — continuando, ficar fixado em algo que não vai desenvolver não vai te ajudar.
— Muito menos encontrar outra pessoa — null disse dando de ombros.
— Claro, ninguém merece ser substituto — null revirou os olhos — mas, isso não te impede de curtir a festa ou de que você conheça outras pessoas que são mil vezes mais interessantes hoje.
— Certo, você me convenceu, eu vou tentar — null disse rindo.
— Obrigado — o mais novo sorriu — agora eu irei me esconder daquela louca me olhando como se eu fosse um pedaço de carne em algum banheiro desocupado — comentou fazendo o amigo dar risada — Divirta-se.
— Você também — ele completou rindo.

null era alguém meticulosamente inteligente, mas quando a questão era sentimentos, ele parecia nunca saber fazer a conta com a fórmula correta, ele sempre continuava fazendo as contas, mas, nunca chegava em um resultado conclusivo. Foi por isso que resolveu deixar as fórmulas de lado e agir impulsivamente chutando um resultado qualquer, estava definitivamente cansado de achar que as coisas estavam indo no caminho certo com as equações corretas, quando na verdade, uma grande bifurcação vinha pela frente o fazendo ver que seu resultado não estava correto.

— Eu achei que Thinkerbell fosse loira — a voz dele soou nos ouvidos da garota que estava parada em frente a bancada da cozinha analisando as pessoas da festa.

null depois de se despedir de null se perdeu pela festa, dançou um pouco, conversou com amigos, com garotas até resolver que aquelas interações sociais, eram suficientes para aquele dia.

Mudando de opinião ao ver-la encarando as pessoas da festa com um sorriso indecifrável nos lábios.

— Pois é — ela comentou sem olhá-lo — parece que ela resolveu mudar o visual.
— Eu, particularmente acho que combina muito mais essa cor — ele completou se colocando ao lado dela.

null quando viu a figura se estabelecer a seu lado, pela primeira vez o olhou e se surpreendeu ao ver de quem se tratava.

null — ela disse surpresa, limpando a garganta em seguida — achei que peter pan fosse ruivo.
— Como você sabe o meu nome e eu não sei o seu? — ele respondeu sorrindo e voltando o assunto no fato dela saber seu nome, ignorando a tentativa dela de que aquilo passasse despercebido — um pouco injusto, eu diria.
null — ela respondeu voltando a olhar para a frente, constrangida com a repentina interação.
— Ah, espera — ele disse de repente — eu conheço esse nome de algum lugar.
— Provavelmente não…
— Tenho certeza que sim — ele retrucou pensativo.
— Então deve ser porque é muito comum — Ela respondeu sem olhá-lo e isso despertou nele a desesperada necessidade de fazê-la olhá-lo mais uma vez.

null! — ele disse de repente se lembrando — você é do mesmo clube que o null, certo? null falou sobre você.
— Aquele patinador de araque — ela disse rindo — aposto que ele falou mal de mim outra vez.
— Por mais que pareça mentira e por vir dele, estranhamente ele falou bem de você — ele respondeu tranquilo.
— Isso é uma surpresa — ela respondeu — normalmente quando falo com pessoas que conhecem ele, elas sempre me dizem que ele sai por aí me chamando de Barbie introvertida.
— Barbie introvertida? — ele perguntou curioso.
— Longa história — ela respondeu.
— Eu tenho todo o tempo do mundo — tomou um gole da sua bebida, se virando de frente para ela, que estava olhando para frente.

Naquela noite, null e null passaram juntos conversando e vagando pelo jardim da casa, se sentando de frente para a piscina com os pés na água e jogando conversa fora, se escondendo e principalmente, se conhecendo como nunca tiveram a oportunidade.

Ele desejou tê-la conhecido antes, ele desejou que null os tivesse apresentado, desejou poder ter tido aquela conversa com ela antes. Era tão interessante ver-la falar sobre as coisas que gostava e explicar coisas que ele sequer entendia mas concordava, por um momento ele desejou ter tudo isso antes de se sentir como estava se sentindo antes.

— É sério — ela disse rindo — ele simplesmente voou na garota e eu fiquei no canto olhando sem reação e principalmente, sem entender nada — ela soltou uma risada alta — e foi assim que eu conheci Kim null.
— Eu não fazia ideia de que aquela história sobre o novato que tinha atacado a sênior depois de ouvir ela falando mal de sorvete de menta com chocolate era ele — null soltou uma risada alta e relaxada.
— As aventuras de Kim null — ela disse rindo.
— Sua risada é gostosa de ouvir — ele disse de repente, fazendo com que ela ficasse com as bochechas vermelhas no mesmo instante — e você fica com vergonha muito fácil, me faz querer fazer mais elogios — ele comentou rindo, enquanto arrumava uma mecha do cabelo dela que havia soltado do coque que trazia, para trás da orelha.
— Por favor, não! — ela respondeu sem graça — eu nunca sei o que responder ou como reagir.
— Você não precisa — respirou fundo olhando para ela — apenas aceite e está tudo bem.

Ela o encarou, o deixando com uma imensa e impulsiva vontade de beija-lá. Seus olhos eram algo de outro universo, eles pareciam conter estrelas de tão brilhantes que eram e quando ela sorria algo o puxava mais para eles.

Seu sorriso era lindo, sim, de fato, mas o que mais lhe chamava a atenção era o sorriso do seus olhos. Eles, com todas as inseguranças visíveis que ela poderia ter como por exemplo, quando recebia um elogio e ficava frustrada por não saber como reagir, ou até mesmo com as confusões internas que tinha consigo mesma como null havia comentado naquele dia, eles ainda conseguiam ser mais sinceros do que a maioria dos olhos que já havia visto.

— Tudo bem se eu te beijar? — ele perguntou do nada, a surpreendendo mais uma vez.
— Sim — ela respondeu segura, mesmo não sabendo se era algum tipo de piada ou não.

null então, a beijou.

Com uma de suas mãos na nuca dela e outra na cintura, ele a aproximou de si, juntando seus lábios, não era um beijo faminto ou desesperado, mas sim, paciente e conhecedor, novo para ambas partes. As mãos dela deixavam um carinho cuidadoso em seus fios de cabelos e aquela sensação de tê-la ali não era igual nenhuma outra que ele havia tido anteriormente, nem mesmo quando null o beijou bebada em uma das festas que foram quando eram calouros.

Era uma sensação diferente, nova e não esperada, como se todos os relógios do mundo tivessem parado, assim como as pessoas, a música e o tempo. Como se ele, junto dela fosse a única coisa certa a acontecer naquele momento.


Flashback Off


— Você fez a reserva no Soowon como combinamos? — null perguntou enquanto ajeitava sua própria gravata desengonçadamente.
— Sim senhor, reserva para seis porque null me mandou mensagem dizendo que teria que levar alguém com ele, algo assim — null respondeu de dentro do banheiro.
— Certo — null comentou — acho melhor nós apressarmos, ou vamos nos atrasar.
— Só vou passar meu perfume e já estou indo, vai pegando as coisas — null respondeu pegando o frasco de cor preta

null que já estava pronto foi do quarto para a sala recolhendo as coisas que iriam precisar levar como carteira, celulares, coisas necessárias como a chave do carro de null que estava perdida pela casa e null não encontrava de forma alguma. Ele andou pela casa procurando pela mesma parando de repente em uma parte onde as fotos ficavam, ele analisou a foto dele e de null de quando eram pequenos no primeiro dia de aula, a foto de todos do grupo de amigos no primeiro dia de faculdade e por fim, ele passou pela foto em que ela estava.

Ele sorriu vendo a foto, null revirava os olhos por alguma piada sem graça que null — que na foto gargalhava — havia feito, null apontava para a foto reclamando que nenhum deles estava levando aquele momento a sério, null olhava confusa para a máquina pois não havia entendido a piada, null segurava a risada e null massageava as têmporas também segurando a risada. Era a foto mais cheia de reação e que representava eles possível, além de mostrar como eles realmente eram um com o outro.

Ele sentia falta dela.

Flashback

— Porque você escuta tanto essa música? — a pergunta de null era inocente mas, como se diria que não soava tão inocente assim pelo verdadeiro significado de algo que ele não fazia ideia?

null não fazia ideia de como responder a pergunta, afinal, aquilo se tratava de quem ela era no fundo.

— Eu apenas…— ela fez uma pausa pensando — gosto dela.
— Entendo — ele respondeu de volta sem dar muita importância — você tem um bom gosto, null .
— Obrigado wonie — ela respondeu sorrindo.
— Eu acho legal como você e null se entenderam bem — ele sorriu sincero e ela fez o mesmo — eu sei que ele parece alguém aberto e super extrovertido, mas no fundo, ele é alguém que não sabe lidar com esse tipo de conexão, demora muito até que ele se abra — ele olhou para o amigo que estava caminhando em direção aos dois depois de sair de sua aula — mas, com você foi bem rápido e fácil, o que apenas me faz entender que ele realmente deve gostar de você.

null realmente se dava bem com o mais novo, ela amava a maneira que null admirava o melhor amigo e como o protegia, fazendo o mesmo com ela desde que se juntou a seu grupo de amigos. Ele era alguém bom, alguém que ela sempre quis por perto.

— É, eu acho que talvez ele goste — ela respondeu observando o sorriso de null enquanto falava com os outros no caminho —céus, eu espero que sim.

null sorriu ao ouvir aquilo.

null merecia alguém como null que passou tanto tempo escondida dele.

Flashback off


Não era como se ele não tivesse ficado com raiva do que aconteceu na época. Já faziam alguns anos e ele não conseguia esquecer o quão destruído null havia chegado tarde da noite em sua casa depois de perambular pela chuva, não, ele não havia esquecido o quão perdido o amigo havia se sentido.

Mas, também não era como se não a tivesse perdoado assim que a viu se desmanchar na manhã seguinte, procurando pelo conforto de um ombro conhecido e confiável.

Poderia ter sido null que era seu melhor amigo, ou, até mesmo null que era seu Porto Seguro, mas ela precisava dele. E ele sabia que era porque era o único que saberia cuidar da pessoa que ela estava deixando — contra sua vontade — melhor do que qualquer pessoa.

— Hey, achei as chaves no quarto — null disse tirando a atenção de null da fotografia.

Ele pareceu abalado, com a repentina volta à realidade.

null eu acho que preciso te contar uma coisa antes de irmos — null disse sério.

Flashback

— Eu não sei o que fazer, null — ela disse entre soluços — prefiro que seja assim, prefiro que ele me odeie do que me espere sem ao menos saber se eu voltarei um dia.
— Ele sempre vai te esperar, não importa o que você fale ou faça — ele disse fazendo carinho na cabeça dela, tentando acalma-la.
null, eu não vou mudar de ideia, não vim aqui para que você me aconselhe ou me convença do contrário, eu vim apenas pedir algo que já sei que você fará por vontade própria…
— Estou ouvindo — ele respondeu.
— Cuide dele, ok? — ela pediu com sinceridade, se levantando, ficando de frente para o amigo — não deixe com que ele sofra, não deixe com que ele esqueça de comer ou se estresse demais com trabalhos e provas da faculdade quando tudo isso passar, esteja com ele e quando ele arranjar outra pessoa, faça ela se sentir da mesma forma que eu me senti com todos vocês.
— Ela não será você — ele falou tranquilo — ela nunca será você para mim, para null, null, null e principalmente para null, eu não posso te prometer nada.

Ela o encarou sério.

— Eu não entendo o porquê de você cortar contato com todos nós — ele disse se estressando com a situação.

null não era de se estressar, irritar ou explodir com nada e ninguém.

— Porque não podemos simplesmente nos manter em contato? — ele quase implorou com essa pergunta, afinal, também não queria perdê-la.
— Porque…— ela se calou, não conseguia dizer.
— Porque você não nos quer mais com você? É isso? — ele riu sarcástico — não tem outra explicação, não somos importantes para você, null ? isso tudo que você está fazendo é uma encenação? Para sentirmos pena de você e você não precisar sentir remorso no futuro?

Ela nunca havia visto ele daquela forma, ou falando daquele jeito com ninguém, então ela se assustou sentindo seu coração se contorcer.

— Apenas, por favor se cuidem — ela disse baixo se levantando do sofá imediatamente, pegando uma pequena sacola de papel de dentro de sua mochila — isso — fez uma pausa suspirando — eu fiz isso para vocês um tempo atrás, eu ia entregar em um momento diferente desse mas eu tenho quase certeza de que não vai existir mais nada assim.

Ela riu triste.

— Se quiser pode entregar o de null e os outros em suas formaturas, mas, pode abrir o seu antes — ela disse deixando a pequena sacola em cima da mesa de vidro próxima a eles — desculpa ter vindo sem avisar.

Ela saiu pela porta e ele apenas respirou fundo.

A única coisa que sabia da situação era de que null viajaria e que por alguma razão não poderia manter contato e antes de que fosse, terminou com null o deixando totalmente no escuro sobre tudo.

Ele estava irritado.

Mas não imaginou que ela fosse partir e não voltar mais, por isso, quando null o chamou para acompanhá-la até o aeroporto ele se recusou, decidido que apenas voltaria conversar com ela depois que ela voltasse.

O que nunca aconteceu.

Flashback off

— Você tinha isso todo esse tempo? — null disse olhando para o anel que havia tirado da caixinha de dentro da bolsa de papel.

null balançou a cabeça positivamente, se sentindo extremamente culpado.

— Eu nunca disse nada porque ela mesma me disse para entregar o de todos na formatura — ele refletiu — menos o meu, que eu fui abrir apenas um ano depois, já que tinha esperanças da sua volta.
— Ela foi te ver antes de ir — null disse se sentindo estranho.

O presente de null era uma pequena pulseira esverdeada feita à mão, com seu nome gravado.
Ela havia brincado uma vez com eles sobre fazer pulseiras da amizade e acabou virando algo entre eles, por isso decidiu fazê-las. A de null era amarela, a de null azul, a de null roxa e por fim a de null que era vermelha, simbolizando a ligação que os dois tinham.

null, diferente dos outros, também tinha um anel, o favorito dela e que ele tanto gostava de mexer quando ligava seus dedos com os dele.

— Nós discutimos antes dela ir e eu achei que era algo bobo, que nos entenderíamos depois que ela voltasse mas…
— Ela nunca voltou — null completou.

null assentiu triste.

— Obrigado, null — null disse de repente deixando o amigo confuso.
— Se você não tivesse guardado isso ou se você não tivesse me entregado isso hoje, eu provavelmente não estaria me formando — ele riu observando o anel.
— Hm? — null o olhou confuso.
— Eu provavelmente teria deixado tudo por aqui e ido atrás dela, independente de onde ela estivesse — ele riu — ela fez você me dar isso hoje de caso pensado, ela sabia que eu a procuraria, agora eu posso fazer isso sem nenhum impedimento.
— Provavelmente — ele concordou — mas…

O celular de null tocou.

— Alô — ele atendeu — já estamos saindo, dez minutos e já chegamos aí.

Era null do outro lado da linha junto de um barulho alto de pessoas falando no fundo.

— Guarde nossos lugares — null disse antes de desligar, se virando para null no mesmo momento — precisamos ir.
— Certo — null disse ainda confuso, se levantando — null, espera.
— Huh? — null o olhou esperando que ele dissesse algo.
— Você não está bravo ou incomodando por não ter dito nada ou te dado isso antes? — Perguntou.
— Não, null — o amigo sorriu — eu sei quando você faz o melhor por mim, e, se você pensou que seguir o plano original dela de me entregar na formatura era o melhor caminho, eu confio.

null não sabia explicar o quanto se arrependia de não ter visto os sinais de que ela poderia estar passando por algo grande antes de partir, ele sempre notou que ela era fechada mas sempre achou que teria tempo suficiente para que ela se abrisse com eles. Como agora, vendo aquela cena e null principalmente, se arrependeu de não ter agarrado a oportunidade de implorar que ela ficasse ou pelo menos, a oportunidade de se despedir.

Coisa que null sequer teve.

— Vamos? — null despertou o amigo de suas reflexões, enquanto colocava em si aquele anel e a pulseira de cor vermelha que havia recebido.
— Sim — o mais novo respondeu, colocando a sua em seu pulso também.

Flashback

Na noite de inverno em que null havia escolhido quebrar o coração de null, uma leve briza fria, do lado de fora da casa em que ele vivia com os meninos, atingia de forma um pouco mais pesada. O céu quase sem indícios de estrelas e até mesmo a lua coberta pelas nuvens deixavam claro que apenas o que iluminava eram as luzes do bairro, dando um tom fosco e sem vida naquela noite.


— Eu sei que você não está falando sério, null — null disse em um tom ainda surpreso — eu consigo ver em seus olhos que você diz uma coisa querendo dizer o completo oposto.
— Uma pessoa nem sempre vive de momentos felizes, null — ela disse ignorando seu argumento.

null deu um passo à frente ficando colado a ela.

— E com certeza eu já tive todos momentos felizes e bons permitidos pela vida, então agora ela quer me tirar tudo de bom que eu tenho — ela disse mais para si mesma do que para ele.
— Me conte o que está acontecendo, meu amor — ele disse deixando um leve carinho em seu braço — nós podemos resolver juntos, independente do que seja.
— Não — ela disse baixo — não podemos, null.

A verdade era que null nunca havia sido dona de si, se aventurar de cabeça com null na vida que nunca achou que teria, foi algo que nunca imaginou. Desde o começo teve regras a seguir, seus pais eram mais como cientistas do que pais e seu irmão mais velho sempre havia sido o experimento número um, levando ela a ser o experimento número dois, aquele que precisava a todo custo estar no mesmo patamar que seu irmão mais velho, se não mais alto.

Por isso, suas notas sempre haviam sido altas, por isso não ia a festas, por isso nunca havia feito nada que levasse seus pais a impor medidas mais rígidas, porque ela já sabia como eles eram.

Conhecer null, foi como se o próprio inverno tivesse uma forte relação de amizade, cumplicidade e principalmente amor, instantânea com o verão.

Ela nunca havia experimentado aquele tipo de sensação antes.

Por um coincidência onde os pais não estavam na cidade e o irmão simplesmente a mandou ir viver um pouco o que nunca teve, ela acabou parando com os amigos naquela festa não tão desconhecida assim. null, sempre, desde o início havia sido alguém para ela e mesmo que ela pudesse nunca ter sido visível para ele, ela ainda o admirava de longe. null, um de seus amigos de clube, sempre a encorajou a fazer algo a respeito, mas, ela sabia que não duraria muito se tentasse e realmente funcionasse, ela não queria trazer confusão a mais ninguém, a dela já era suficiente. Então ela apenas se contentava em escrever sobre ele em seu Diário favorito. Os dois haviam estudado juntos antes da faculdade também, então ela tinha várias coisas em que se apoiava, afinal, escrever fazia com que ela acreditasse que um dia poderia mudar as coisas.

Mas nunca aconteceu.

Mesmo que o inverno tenha encontrado o verão, ela não conseguia tocá-lo sem se culpar o temer que um dia, teriam que se separar.

O que aconteceu bem antes do imaginado.

— É sobre os seus pais? — ele perguntou aflito pelas lágrimas que começavam a se formar nos olhos tristes da namorada — nós podemos conversar com eles, tentar alguma coisa — ele a abraçou — droga, se for necessário nós podemos nos casar amanhã, eu não me importo, poderíamos fazer isso agora mesmo se você me aceitar — ele suspirou pesadamente — ai você seria um assunto único e exclusivamente meu — ele a afastou por um momento, encarando seu rosto avermelhado — me deixa te ajudar, meu amor, me deixa resolver as coisas para você, só — ele respirou fundo — não me deixa no escuro, não me deixa ter que me sentir ressentido pelo resto a vida por aceitar e respeitar uma decisão tão repentina como essa.

Ele quase implorou e o coração de null simplesmente se partiu ao meio por ter que ouvir aquelas palavras.

— Não tem nada a ver com eles — entre soluços, ela mentiu.

Ele a olhou perdido, sem saber o que pensar, mas sem se afastar, querendo mantê-la perto de si até que mudasse de ideia e dissesse que aquilo não passava de algo momentâneo, talvez uma brincadeira de mal gosto, mas, nada real.

— Eu preciso ir — ela foi a primeira a quebrar o silêncio depois de alguns minutos — tenho que fazer algumas coisas ainda hoje.

Ela mentiu mais uma vez já que a única coisa que faria seria chorar até que não tivesse mais lágrimas restantes,

null …
— Seja feliz, null — ela disse se afastando — de todo meu coração te desejo isso, seja feliz com alguém que possa ser feliz com você. Se forme, seja um ótimo médico já que você já é um ser humano incrível — ela sorriu triste — crie uma família, encontre alguém que goste de ir a cafés e restaurantes diferentes nos dias de semana, alguém que ame viagens espontâneas para cidades próximas nos finais de semana como você — ela sorriu mais uma vez guardando em sua mente cada recordo — seja feliz com alguém que possa ser feliz com você e obrigado por me fazer entender que eu poderia ser amada.

No final ele a fez entender que mesmo que não tivesse o amor de seus pais, ela podia ser amada. Não apenas por ele, mas por todos que se adaptaram a ela, como o grupo de amigos que havia feito onde cada um deles demonstrava aquilo de uma forma diferente.

— Essa é — ele disse e respirou fundo, antes que ela saísse dali — e sempre será apenas você, null .

Vendo que não obteve uma resposta, apenas o fraco soluço da garota como som entre o silencio.

— Eu não sei o que está acontecendo e sei que provavelmente você tem suas razões de me manter distante — ele continuou — mas a oferta está de pé, se não for agora, talvez em nossa formatura — ele suspirou — se nenhum de nós tiver alguém e não podermos seguir em frente, volte para mim, resolva suas coisas e volte, no momento em que sentir que está pronta, volte e — ele caminhou em direção a ela — se case comigo.
null…
— Porque eu sinceramente, não me vejo sem você — ele a abraçou por trás, sussurrando — estou te deixando ir, porque sei que um dia você volta e saiba que quando voltar, tudo vai estar da mesma forma, eu estarei esperando por você e teremos nossa pequena família em nossa própria casa, com nossos filhos, gatos cachorros, sobrinhos, tudo que quisermos.

Aquelas palavras, junto com o pequeno beijo abaixo da orelha que ele deixou nela, encerram uma fase na vida de cada um, fazendo com que ambos, que no dia anterior pertenciam um ao outro, passassem a estranhos no dia seguinte.

null partiu para uma vida completamente diferente em um lugar desconhecido, de forma obrigada, mas nunca esquecendo-se do que viveu e sentiu por aquele pequeno período de tempo ao lado de null.

Flashback off



— Vocês demoraram — null, null disseram juntos, se aproximando dos dois amigos que se aproximavam do campo onde as cadeiras estavam.
— Aqui — null entregou a beca de null e null a de null.

Por alguma razão — provavelmente por terem pego matérias mais demoradas — mesmo que null e null sendo mais novos, os anos de faculdade de null, null e null foram grandes suficientes para que uma formatura coletiva acontecesse, então, todos eles se formavam juntos naquele dia.

null ainda não chegou? — null perguntou olhando ao redor.

null e null negaram com a cabeça e null imediatamente olhou seu celular que notificou uma mensagem do mais novo.

— Ele está aqui — null disse olhando ao redor — disse que se atrasou pego tráfego do aeroporto até aqui mas que já estacionou, ele pediu para guardamos o lugar dele.
— Certo! — null disse — diga para ele se apressar que já está para começar.

Os pais de null podiam ser vistos de longe, assim como os de null, null, null e do próprio null que sorriam brilhante enquanto abraçavam alguém que null não conseguia ver direito, ao menos, sabia distinguir ser uma figura feminina.

null correu animado na direção dos amigos que os repreenderam por ter demorado tanto e não terem conseguido tirar uma foto antes da cerimônia começar.

— Eu tinha assuntos extremamente importantes para resolver antes disso — ele disse revirando os olhos — para ser sincero, vocês deveriam estar me agradecendo.
— Agradecendo? — null perguntou confuso.
— Você vai entender mais tarde — null disse antes da cerimônia dar início.

Tudo ocorreu de forma normal, emocionando a todos de tal forma que pareceu levar o tempo consigo, assim que a cerimônia terminou, os amigos se abraçaram se felicitando e felicitando a seus colegas, fotos foram tiradas e finalmente os familiares puderam se aproximar felizes pela conquistas de seus pais e conhecidos.

— Onde ela está? — null perguntou aos pais baixinho.

A mãe dele com a mão em seu próprio peito, apontou com a cabeça para a direção dos banheiros.

— Ela disse assim que a cerimônia acabou, que iria ao banheiro e não voltou mais — respondeu sentida pela situação.

null assentiu, pronto para ir atrás de quem precisava mas, ouviu seu nome ser chamado antes de sair dali.

null — null o chamou, fazendo com que ele se virasse rapidamente — precisamos ir, temos meia hora ainda mas, melhor nos apressarmos por conta do trânsito.

null desde o começo havia pensado que aquele era o momento perfeito para tudo que havia planejado, mas, não era o momento certo.

— Podem ir na frente — ele respondeu — eu ainda preciso cuidar de algo antes de ir, posso ir de carona com meus pais então não se preocupem, encontro vocês lá no horário certo, daqui meia hora.

null foi para um lado do campus deixando os amigos confusos para trás, já havia dias que ele estava agindo estranho e seus amigos não sabiam dizer o motivo mas sabiam que no momento que ele quisesse contaria a eles, por isso estavam relaxados com a situação.

null, null, null e null se despediram de seus familiares e seguiram juntos para o carro de null e null se separando para que fossem ao restaurante com a reserva feita.

— Reserva para seis em nome de null — null disse assim que chegaram juntos ao lugar.

Foram guiados até a mesa reservada que também era uma parte privada do restaurante e se sentaram, conversando sobre coisas aleatórias enquanto esperavam null chegar. Estavam felizes, haviam sido cansativos anos para aquele pleno momento, sequer sabiam explicar o sentimento que sentiam.

— Vocês se lembram do quarto semestre quando null tentou se confessar na frente de todos? — null comentou tomando um gole do líquido que tinha em seu copo.
— Eu achei que ela te conhecesse bem, mas depois daquele dia eu percebi que você quem a conheceu bem quando sentia algo por ela, ela simplesmente não dava a mínima — null comentou.
— Não a julgo — null soltou uma risada fraca — afinal, eu gostei dela por anos
— E ela apenas se aproveitou da situação depois que…

null não terminou sua fala, sempre evitava aquele assunto para não magoar o amigo com as lembranças.

— Você sabe que está tudo bem falar dela, não sabe? — null comentou sorrindo para o amigo.
— Eu apenas não quero, você sabe — ele fez uma pausa — te trazer lembranças tristes.
— Lembrar dela nunca seria algo triste, null — ele disse tranquilizando o amigo.
— Nós estávamos falando dela antes de sair de casa — null disse — e eu me lembrei de algo, que ela deixou comigo para que entregasse a vocês hoje.
— Hoje? — null perguntou confuso.
— No dia de nossa formatura — ele explicou — eu abri o meu um pouco depois dela ter me dado, mas porque antes de tudo, ela me permitiu. Eu ainda demorei, já que pensei que ela voltaria logo.
— Ah! — null exclamou — são as pulseiras que ela sempre dizia que iria fazer.
— No final ela acabou fazendo mesmo — null disse, analisando a dele com todo cuidado possível.

A porta de repente se abriu mostrando um null tímido atrás da atendente que o levou até onde estavam.

— Você demorou! — null, null e null disseram juntos.
— Eu tive uns contratempos — ele disse coçando a nuca nervoso.

null olhou para null sério e suspirou.

null espero que você consiga dessa vez — ele disse deixando o amigo confuso — tem alguém te esperando na mesa reservada de número sete, ela vai te acompanhar — disse se referindo à atendente — vocês podem voltar aqui assim que terminarem.
— Do que você está…
— O senhor poderia me seguir, por favor? — a atendente disse interrompendo null.
null se você me arrumou um encontro às cegas no dia da comemoração de nossa formatura eu juro que te mato — Ele disse entre dentes.
— Confia — foi a única coisa que null disse antes de entrar e se sentar no lugar de null.

O mesmo seguiu a mulher a sua frente apreensivo, já pensando na desculpa que daria assim que entrasse na sala.
— Está é sua reserva — a mulher disse parando de repente em frente a uma das portas — se quiserem realizar o pedido, podem apertar o chamador que está em cima da mesa.

null não teve tempo de agradecer ou ao menos assentir, quando viu, a mulher já havia partido deixando ele para trás, nervoso com o que viria em seguida. Alcançou o puxador da porta e respirou fundo, abrindo a porta, mostrando uma figura feminina de costas com um sobretudo preto cobrindo seu corpo e seus longos cabelos escuros caindo sobre seus ombros.

— Olá — ele disse de forma estranha, sem saber o que fazer ou como agir, já que sequer sabia porque estava ali.

A garota de cabelos cumpridos se virou e tudo pareceu estar em slow motion para null assim que ele reconheceu a pequena marca de nascença que ela tinha no pescoço, parecida com a dele.

null — ele disse quase em um suspiro, procurando ar para puxar a seus pulmões em seguida.
— Olá, null — ela disse sem graça.

null não se moveu, não é como se ela esperasse um beijo de saudade ou um abraço de proteção, afinal, tantos anos se passaram, ela sabia que as coisas não seriam como antes e por isso de início foi contra esse plano doido de null.

Ela ainda o amava, mais que tudo depois de todos esses anos, mas não queria parecer a garota que voltou depois de partir por anos, mesmo ele tendo dito para que ela voltasse, ela sempre soube que não seria daquela maneira que funcionaria.

Presas em seus pensamentos com a falta de resposta dele, ela sequer notou quando ele começou andar em sua direção, a prendendo em seu abraço protetor.

— Você está aqui de verdade — ele disse baixinho.

Aquela frase quebrou o coração dela mais uma vez, ele realmente havia esperado por ela.

— Sim — ela respondeu na mesma altura — e você esperou.
— Como eu disse que faria — ele respondeu, a apertando mais em seu abraço, como se ela fosse escapar outra vez.
— Você ainda tem o mesmo plano de antes em mente? — ela perguntou apoiando sua cabeça de forma cansada em seu ombro, ainda nos braços deles.
— Me casar com você? ter filhos, cachorros, gatos e tudo que quisermos? — ele perguntou e ela assentiu — eu nunca deixei eles de lado.

Ela sorriu e ele pode sentir seu coração disparar.

— E você? — ele não segurou a pergunta.
— Nunca deixei de pensar neles — ela respondeu suspirando, sentindo suas lágrimas aparecerem contra sua vontade — eu…

Ela fez uma pausa, não terminando sua fala.

— Você o que? — ele perguntou a afastando um pouco, para olhar em seus olhos.
— Eu amo você, null — ela disse — de fato, eu sempre amei e nem por um segundo enquanto estive obrigatoriamente longe de você, deixei de pensar em nós, em como teria sido se eu apenas naquele ponto de loucura tivesse aceitado sua proposta, me desculpa se eu não fui corajosa o suficiente para ir contra a vontade deles, eu…
— Shhh! — ele disse trazendo ela para seu abraço mais uma vez quando viu que ela estava entrando em uma crise repentina — não se preocupe com o passado quando temos nosso presente e futuro bem aqui, você só precisa aceitar a proposta agora e vai saber como teria sido antes, eu prometo te compensar todos esses anos perdidos.
— Mas já fazem anos — ela disse confusa.
— Eu te disse aquele dia que seria a mesma pessoa para você quando você decidisse voltar — ele sorriu para ela — talvez eu seja até melhor, você merece o melhor.
— Mas e se eu não for a mesma? — ela perguntou com os olhos brilhando.
— Pois eu me adapto a essa — ele respondeu sorrindo — eu aprendo sobre seus novos gostos e desgostos, eu aprendo sobre você outra vez, afinal, no fundo, você ainda é aquela mesma garota vestida de tinkerbell que eu encontrei na festa de halloween que o null convidou todo mundo que não conhecia.


Epílogo

— Papai — a garotinha chamou fazendo ele se virar em direção a ela — o que é isso?

null arregalou os olhos vendo o que a filha trazia em mãos.

— Porque você tem isso? — null quase gritou vendo o Diário junto da antiga jaqueta do time da faculdade de null nas mãos da pequena.
— Ah, isso — ele deu uma risadinha sem graça — isso meu amor — ele disse, pegando ela no colo — é a maior prova de amor da mamãe pelo papai, além de você, é claro.
— Não é um livro? — ela perguntou confusa, analisando o que tinha em mãos.
— É igual — ele respondeu rindo — é como se a mamãe tivesse escrito um livro sobre o papai durante os anos de escola e começo da faculdade.
— Como assim? — ela perguntou confusa.
— Quando eu e a mamãe nos conhecemos ela já sabia quem eu era — eu soltou uma risada baixa, vendo a mulher revirar os olhos.
— E você não conhecia ela? — a garotinha perguntou.
— Seu pai estava ocupado nessa época com outras coisas — a mulher disse provocando — ele só foi notar a mamãe alguns anos depois.
— Anos? — perguntou arregalando os olhos.
— Mamãe se escondia muito bem nessa época — null disse — se não fosse pelo tio null, teria demorado mais de tão bem que ela se escondia.
— Mas aí eu não tinha nascido — a pequena disse triste.

O pai riu fazendo carinho na cabeça dela.

— Você teria nascido de um jeito ou de outro — ele disse — sabe porque?
— Porque? — ela ergueu a cabeça curiosa com a resposta do pai.
— Porque o papai teria ido até o fim do mundo para encontrar você e a mamãe, de qualquer jeito, nós sempre fomos destinados a nos encontrarmos e termos você, eu sei disso — ele respondeu sorrindo.
— Até o Sammy e a Sansa? — a garotinha disse se referindo ao gato e a cachorra que tinham.
— Até o Sammy e a Sansa — ele afirmou rindo.

A mulher observava os dois sorrindo, se tivesse imaginado que seria daquela forma, teria arriscado tudo para tê-los mais cedo.

— Hora do banho, porquinha — ela disse para a garotinha — já mexemos demais aqui por hoje, papai trabalha amanhã então ele precisa descansar, continuamos com a aventura nas coisas antigas dele uma outra hora.
— Posso ficar com isso? — ela disse apontando para a jaqueta e o diário.
— Pergunta para a mamãe — ele disse — dá um beijo e um abraço bem apertado nela que eu tenho certeza que ela deixa.

E assim a pequena fez, fazendo a mãe e o pai rirem juntos.

— Certo, certo, mas isso — ela disse apontando para a jaqueta — precisa ser lavada antes e isso — ela disse se referindo ao diário — você pode ficar se prometer cuidar bem, afinal, é a história do papai e da mamãe.
— Eu prometo — ela disse dando um beijo na mãe.
— Certo — ela sorriu — agora vai me esperar no banheiro enquanto eu pego sua roupa.
— Tá bom — ela respondeu alegre — tchau papai.
— Te vejo daqui a pouco — ele respondeu rindo e vendo ela sumir pela porta.

null pegou a caixa que estava olhando colocando no lugar que estava antes vendo a mulher tossir de forma falsa.

— Pode me explicar porque você tem isso ? Eu achei que tinha perdido na mudança — ela perguntou colocando as mãos na cintura.

Ele riu se aproximando dela e depositando um beijo na mesma.

— Uma noite antes de você terminar comigo ele caiu da sua bolsa no carro — ele respondeu — nunca tive como devolver e apenas o mantive comigo todos esses anos.
— E porque você não contou antes? — ela perguntou envergonhada.
— Porque eu sabia que você ia agir assim — ele respondeu rindo — mas não se preocupe, eu não li.
— Não — ele respondeu — null e null leram.

Ele soltou uma gargalhada.

— E você deixou? — perguntou indignada.
— Quando eu vi, eles já estavam faltando apenas dez folhas para acabar — null arrumou uma mecha de cabelo que caía sobre o rosto dela — mas pelo menos eu tentei.
— Sei — ela respondeu revirando os olhos, fazendo ele dar risada.

Ela ameaçou sair do quarto para ir dar banho na filha que a esperava, mas null segurou seu braço com delicadeza, impedindo que ela se fosse.

— Obrigado — ele disse de repente, fazendo ela olhá-lo confuso.
— Pelo que? — ela riu.
— Por ter me escolhido como sua família — ele disse deixando o coração dela aquecido, como de costume.
— Obrigado — ela disse também.
— Pelo que? — ele repetiu a pergunta anterior dela.
— Por ser a minha família — ela sorriu — e principalmente por me mostrar o que realmente é ter uma família.


FIM



Nota da autora: Sinceramente terminaria isso aqui chorando e não é nem brincadeira. O jeito que eu amei esses dois é fora do normal, em adiantado já peço desculpa pelo drama constante, drama definitivamente é o meu ramo KKKKK espero que vocês tenham gostado desses dois. Eles me lembraram muito meus pps de 10. So Far Away e 02. Triste para sempre e para ser sincera foi um pouco ambientada pelos dois. A questão da medicina, dela ter problemas familiares mas com desenvolvimentos diferentes, o que me fez amar mais ainda escrever sobre eles.

Espero que vocês tenham gostado assim como eu, obrigado por terem lido.

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Xoxo Caleonis <333


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