11. Shine On

Finalizada em: 10/09/2023


“É loucura condenar todas as amizades porque uma te traiu, descrer de todo amor porque um deles te foi infiel. É loucura jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo. Espero que na tua caminhada não cometas estas loucuras. Lembrando que sempre há uma outra chance, uma outra amizade, um outro amor.”
- Zirtaeb Onamaac

Capítulo 1


Sábado, 21pm.

Uma nuvem de fumaça cobria meu quarto, eu já nem sabia quanto cigarros havia fumado e pouco me importava. Suspirei pesadamente me levantei e fui até a escrivaninha. Ao lado do computador estava uma garrafa de vodka pela metade, abri depositando no copo.
Ao fundo tocava qualquer coisa melódica e que não me inspirava muito ânimo. Tomei um gole de vodka que desceu quente pela minha garganta, acendi outro cigarro e me sentei perto da janela.
A cidade estava acesa, muitas luzes que a faziam parecer o céu. As pessoas iam e vinham na rua e eu sabia que eu devia estar lá, me movimento, vivendo sorrindo, mas era insuportavelmente doloroso prosseguir. Dei mais uma tragada no meu cigarro.
Eu estava com 30 anos, jovem demais para viver nessa inércia, porém me sentindo velha o suficiente para recomeçar. Eu tinha um bom emprego em um escritório de contabilidade, um apartamento aconchegante e alguns bons amigos... mas era dele que eu sentia falta. Seus abraços, sua risada, seus beijos e aquela sensação de proteção.
Eu sempre fora uma garota animada, ele costumava me chamar de Taz Mania porque eu simplesmente não parava quieta um segundo, sempre sorrindo e interagindo, cantando, pulando e dançando... minha vida com ele era perfeita (ao menos, era o que eu pensava).
Fechei os olhos por um momento e senti lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto ao mesmo tempo que a lembrança daquele dia vinha à tona.

“- Nick? Onde você estava? Te esperei a noite toda – perguntei sentindo um nó na garganta.
- , eu... desculpe – sua resposta foi fria e estranha.
- Com quem você estava? - questionei.
- Nós precisamos conversar.
- Não, não .... você precisa me dizer o que está acontecendo porra! - gritei
- Hoje é aniversário da , era pra você estar aqui e você simplesmente SUMIU...eu te esperei Nick, a noite toda...
- Eu sei que é aniversário da , mas eu estava resolvendo umas coisas no trabalho e ... - ele não conseguiu terminar a frase.
Uma moça se aproximou, ela vinha do outro lado da rua e estava com olhos marejados. Apertou o casaco perto do corpo e o chamou.
- Nick, vamos.
- Nick vamos? Quem é você? - essa noite parecia um pesadelo. Estava muito frio e nós estávamos parados na calçada em frente a boate onde acontecia o aniversário da minha melhor amiga, da nossa melhor amiga.
- Diana, .. O nome dela é Diana. Me desculpe – ele disse se aproximando.
Nesse momento eu recuei do seu toque e não pude mais controlar as lágrimas. Sabe aquele momento em que você não precisa que te digam a resposta para saber exatamente o que está acontecendo? Eu pude ver sofrimento nos olhos dele, mas o meu coração já se encontrava em pedaços.
- Diana é uma colega, lembra daquela viagem que fiz a trabalho para Boston? - ele limpou a garganta – foi com ela, eu juro que foi apenas uma viagem a trabalho, mas depois da reunião nós fomos a um bar, eu bebi e simplesmente rolou, eu juro... te juro que não foi de propósito.
- COMO NÃO FOI DE PROPÓSITO? - eu gritava, o vento frio cortava a minha pele e secava minhas lágrimas que escorriam pela bochecha – COMO NICK?
- ... tudo que eu te peço é perdão - ele suplicava se aproximando novamente – eu te amo.
- AMA? Nick quem ama não dorme com a colega de trabalho e que merda é essa que ela está aqui? E te chamando ainda por cima – eu passava as mãos pelo cabelo, incrédula.
- Era com ela que eu estava hoje.
- Ah claro, como se ainda não fosse o suficiente... - a raiva subia pela minha garganta, eu queria bater nele, estapear até cansar.
- Não , deixa eu terminar... eu estava com ela pra conversar; ela está grávida e nós dois precisamos, eu preciso decidir o que fazer – ele tentava me convencer ou se convencer, quem sabe - , eu gostaria.
muito de vê-la amanhã com calma e conversar... por hora você precisa ir pra casa e se acalmar.
- Não - respondi – Nossa conversa termina aqui e agora.
- Eu não posso ... eu não consigo decidir nada agora, eu preciso saber o que fazer pra cuidar da Diana e do bebê, mas eu realmente não sei se nós podemos existir agora... eu preciso de um tempo – a voz dele era calma e cansada, eu não o via desde ontem, mas parecia que havia envelhecido dez anos nesse meio tempo.
- Não Nick, não podemos existir realmente, nisso você está certo... não tem espaço para “nós”. Você me traiu, jogou cinco anos de namoro no lixo, jogou nossos planos no lixo. Pouco me importa o que você precisa ou não fazer nesse momento, mas o “nós” acabou – respondi firme.
- Você está terminando comigo? - ele parecia confuso – Eu não quero terminar , eu só quero um tempo para resolver as coisas e depois nós podemos retomar, você pode me perdoar.
- Estou, não precisa me procurar amanhã... não precisa se explicar, aliás eu dispenso toda e qualquer explicação. Nunca mais quero você perto de mim e quanto ao perdão, só o tempo dirá se um dia serei capaz.
- , por favor... - Ele se aproximou e pude perceber que também chorava. Beijou minha bochecha e minha têmpora, vários e vários pequenos beijos espalhados. Eu o amava tanto.
- Vai embora – apenas respondi, sem força para afastá-lo
- não...
- Vai embora Nick – apareceu na porta da boate – ela pediu calmamente.
Ele se afastou de mim, limpou seu rosto com as costas da mão.
- Tudo bem – disse por fim – leva ela pra casa , cuida dela por favor.
apenas assentiu e assim que ele se afastou, ela veio e me abraçou. Naquele momento o choro veio livre, quente, desesperado e eu perdi o controle. Apenas deixei que toda a tristeza e decepção se manifestassem. Ele foi embora e levou com ele uma parte de mim, quebrada para sempre.”



Capítulo 2


Minhas lembranças foram interrompidas pelo toque do meu celular. Me recompus rapidamente e me levantei a procura do objeto que tocava insistentemente em algum canto do meu quarto.
Levantei as almofadas da cama e lá estava ele, brilhando a palavra NOVA MENSAGEM e bem grandes.
Ótimo, mais uma tentativa desesperada da me tirar de casa no fim de semana, era muito chato... nenhum programa realmente bom ela me arrumava, ainda mais agora que ela e estavam juntos e grudados...argh, nojo.
Considerei por um instante desligar o celular, mas conhecendo como eu conhecia, era capaz de estar batendo na minha porta em menos de 5 minutos. Bufei pesadamente e li as mensagens.

, vamos num pub? disse que o primo dele descobriu esse lugar maneiro mês passado e estávamos doidos pra ir lá conhecer... é um pouco afastado, mas acho que vale a pena. Me liga 😉

Pub? Hmm, pelo menos tinha bebida... olhei para o vidro de vodka na metade e em seguida disquei o número da .
- Hey – disse animada no outro lado da linha
- Olá estranha – respondi nem tanto animada assim
- Nossa , fala sério e muda essa voz de desanimo
- Não enche, o que você quer?
- Você leu a mensagem?
- Li.
- Então você sabe o que eu quero
Rolei os olhos.
- Ok, me passa o endereço que eu encontro vocês lá - depositei meu cigarro no cinzeiro
- Não, não.... não vou correr o risco de você não ir – respondeu autoritária – eu passo aí com o em mais ou menos 30 minutos ok?
- Ok – e desliguei, ela odeia que eu desligue sem me despedir, mas ela bem que estava merecendo.

Vamos lá, apenas trinta minutos para me arrumar. Abri a porta do guarda-roupa e comecei a avaliar minhas opções.
A noite não estava muito fria, o que permitiu que eu escolhesse uma saia preta justa, uma blusa preta com transparência e meu salto alto favorito com brilhos.
O celular apitou novamente.
Nova mensagem de .
“Não vá de salto, não é um local muito propicio, xoxo.”
MARAVILHA, era tudo o que eu precisava mesmo. Coloquei os saltos de volta no guarda-roupa e peguei meu tênis da VANS preto.
Fiz a maquiagem, básica e iluminada e leves cachos nos meus cabelos. Sorri por um instante, já havia me esquecido como era bom me arrumar. Borrifei meu perfume Chanel nº5 e prontinho, estava deslumbrante por fora. Ao fundo escutei a buzina do carro do e fui verificar na janela.
estava com metade do corpo pra fora, eu ri.
“ANDA LOGO
- JÁ VOU - gritei de volta.
Dei uma última olhada no espelho, peguei minha bolsa e sai, deixando para trás uma nuvem de fumaça e uma garrafa meio vazia.
- Uaaaau! - disse me olhando de cima para baixo.
- Para com isso cara – respondi abrindo a porta de trás e me deparando com ?
- Uau mesmo, você está a maior gata disse sorrindo
- Caramba, quanto tempo! Eu realmente não esperava te ver hoje – respondi
- veio para ver a banda que vai tocar – se virou para trás - Chanel nº5?
- Minha marca registrada – pisquei
- Vai arrasar – ela respondeu de volta
- Não sei se estou a fim de arrasar, mas não vou mentir que vocês até que estão conseguindo levantar meu animo.
- Deixa de frescura – disse rolando os olhos – estava na hora de sair daquele apartamento e encarar o mundo de uma nova perspectiva
- Você bebeu? - questionei
- Você sabe que a não aguenta meia taça - disse rindo e concordou.
- Calem a boca – respondeu virando para frente
Todos rimos e eu me virei para .
- Qual é dessa banda que você veio ouvir? Aliás, que lugar é esse que estamos indo?
- É um pub novo , chama Belvedere – ele ia me explicando – algumas bandas da cidade e da região tocam lá todos os sábados, é ótimo para conhecer novos talentos
- Interessante – respondi – você ainda trabalha na gravadora?
- Sim, mas as coisas estão complicadas... preciso achar novas bandas, novos talentos, novas músicas ou os caras vão me engolir vivo... não lançamos nada bom há quase um ano
- Sinto muito – sorri sinceramente – acho você vai achar
- Acho que você pode dar sorte – ele respondeu e sorriu
Apenas retribui a gentileza e me virei para a janela, observando o movimento. Sorte era uma coisa que nós dois estávamos precisando e eu não me importaria de encontrá-la nesta noite.


Capítulo 3


Sábado, 22pm

- Céus... para onde vocês estão me levando? - questionei indo um pouco a frente
- Belvedere é um pouco longe do centro respondeu – precisamos pegar essa saída e prosseguir só mais 2km
- Se eu não conhecesse vocês, diria que estão me levando para o meio do mato, para me matar – respondi irônica
- Talvez a gente esteja mesmo – respondeu – por que você acha que te mandei vir sem salto? - ela riu – vamos te dar 10 segundos de vantagem
- Hahaha – muito engraçado - me encostei novamente no banco enquanto pegava uma estradinha apertada
- Relaxa riu – eu também me senti assim a primeira vez que eu vim

Não demorou muito para que o nosso destino se aproximasse. Cerca de cinco minutos depois senti ir desacelerando o carro e ao olhar pela janela vi aglomerado de pessoas ao lado de fora do estabelecimento, conversando, bebendo e rindo.
estacionou o carro um pouco mais abaixo e subimos os quatro, nos misturando aos demais.
- aqui – fez sinal um pouco mais a frente, se dirigindo para uma fila. Eu a segui, com logo atrás.
- Lugar interessante – comentei, olhando ao redor. Na parede ao meu lado estava escrito BELVEDERE em letras garrafais vermelhas, com fundo preto.
- Você vai amar – disse – sua vez – ele disse apontando para frente.

As pessoas a minha frente haviam entrado e o segurança da porta fazia sinal para que eu me aproximasse e estendesse o braço. O fiz e ele então colocou uma pulseira laranja neon, onde estava a data de hoje e o nome do pub.
Adentrei o estabelecimento finalmente e por um momento me senti transportada para uma época distante de hoje. O local não era muito iluminado, apenas o necessário para ser incrível.
A minha frente, havia uma mesa de sinuca onde uma galera jogava animadamente enquanto tomavam cervejas. Ao me virar para direita, bem ao fundo havia um palco não muito grande, com um globo brilhante e vários instrumentos montados. As paredes eram de um cinza cru e alguns discos e guitarras antigas estavam penduradas.
Havia um espaço vazia embaixo e ao redor algumas mesas estavam postas. As messas eram barris pretos, onde muitas outras pessoas se reuniam em volta. Achei a ideia bem criativa.
O local era animado e a música que tocava ao fundo era sensacional. Uma mistura de rock anos 80/90/2000. Muitas lembranças me vinham a mente, bombardeando meu corpo com emoções e por um instante me senti viva novamente, por um momento senti que a velha , sem feridas e sem traumas, estava aqui, brilhando novamente.

- E aí estranha, gostou? - apareceu animada atrás de mim
- é incrível – respondi sincera
- Eu sabia que você ia gostar
- Cadê o e o ?
- Estão no bar pegando alguma coisa para beber – ela apontou para o espaço a esquerda de onde estávamos
- Legal – sorri - você sabe que horas a banda começa?
- Hm, por volta das onze a banda de abertura e depois lá pelas uma da manhã a banda principal..., mas depende do dia, as vezes é uma banda só.
- Chegamos – se aproximou com uma garrafa de água para e um energético para ele – Desculpe , não peguei para você porque não sabia o que ia querer
- Tudo bem, – sorri – eu vou lá, assim aproveito para dar mais uma olhada no lugar
- Vejo você depois – respondeu se dirigindo com para perto do palco

Me aproximei do bar, a fila estava cheia e havia pessoas por toda parte aguardando. A música ao fundo acabou e começou uma nova, Everybody Hurts do R.E.M. Sorri animada e fechei os olhos por um instante absorvendo a melodia.
- Posso ver que essa música te agrada – uma voz grave falou no meu ouvido e imediatamente abri os olhos, me virando para o lado.
- Quem é você? - perguntei para o homem ao meu lado.
- Desculpe, eu não queria te assustar – o rapaz respondeu – meu nome é .
sorria marotamente, sua pele clara praticamente reluzia e seu sorriso perfeito fez meu coração acelerar. Ele estava usando camiseta preta lisa, calça preta e uma bota da mesma cor, havia tatuagens pelo seu braço e seu cabelo estava desgrenhado.
Droga, meu coração não estava desacelerando e agora minha barriga estava fria.
- Não faça mais isso, – respondi com a voz falha - Você quase me matou do coração.
- Desculpe
- Você já disse isso – rolei os olhos
- E você é muito brava – ele riu
- O que você quer?
- Nada... apenas achei incrível a forma como você ficou ao ouvir uma música que gosta – respondeu
- Obrigada – falei – acho – segurei o riso – caso isso seja um elogio
- Pode apostar que é - ele riu
- PRÓXIMO - o rapaz do bar gritou e fez um gesto indicando para eu ir.
- Uma gin tônica, por favor – disse me debruçando no balcão. debruçou ao meu lado.
- E você jovem? - o rapaz do bar perguntou
- Uma dose de whisky, por favor
- É pra já - o rapaz respondeu e se afastou
- Qual seu nome? - perguntou
- – eu disse me virando para ele – mas pode me chamar de
- Certo – ele disse - Você pode me chamar de
- É um prazer
- É a sua primeira vez aqui? - ele perguntou
- Nossa como você pergunta hen – dei uma risada revirando os olhos
- Ué, perguntas são a base para conhecermos uma pessoa
- E quem disse que eu quero te conhecer ? - sorri sarcástica
- Aqui estão - o rapaz voltou com as nossas bebidas – uma gin tônica e uma dose de whisky
- Obrigado – respondemos em uníssono
- Vamos lá - disse e com olhos praticamente pidões - só um bate papo rápido - se aproximou do meu ouvido e sussurrou – prometo

Uma onda de arrepio percorreu meu corpo ao ouvir sua voz grave novamente, eu apenas assenti e junto nos dirigimos para uma mesa mais ao fundo.
O local se enchia rapidamente, vozes e risadas altas inundavam o local. escolheu uma mesa mais afastada, de onde pudéssemos ver o movimento, sem que o movimento atrapalhasse qualquer assunto que pudesse surgir entre nós.
- Boa escolha – assenti me sentando e colocando a bebida na minha frente. sorriu.
- Voltando ao papo do bar .... nunca a vi por aqui – ele disse sentando-se perto de mim, nem tão longe para que não ficasse na minha frente e nem tão perto que ficasse ao meu lado... digamos que a distância estava, perfeita.
- É a primeira vez que eu venho – respondi
- Bom acho que isso eu percebi – ele riu
- Engraçadinho você hein – dei de língua
- Desculpe, não posso evitar – piscou – está gostando?
- Sim, é ótimo e isso não posso negar – suspirei – nem me lembro à última vez em que me senti bem em um local assim

Eu não queria dizer nada tão melancólico assim, mas quando eu vi já havia dito e quer saber? Dane-se! Eu não estava a fim mesmo de impressionar ninguém, mesmo que esse ninguém estivesse provocando ondas de arrepio no meu corpo. não respondeu, apenas me encarou como se tentasse me ler, mas sem muito sucesso, continuou a conversa.
- Só ótimo? - deu risada
- Hum... muito ótimo? - eu ri também - não sei, aguardo pela banda para dar meu veredito final
- A banda é ótima
- Acho que você deve ser o dono ou promoter do lugar – dei risada
- Não, mas quase – ele deu um gole em sua bebida
- Mas e você , vem sempre aqui? - perguntei casualmente - não me parece ser sua primeira vez
- Venho quase todos os fins de semana – ele me encarou – talvez eu veja você mais vezes
- Talvez – sorri
- Hey se aproximou me abraçando - finalmente te achei – fiquei te esperando perto do palco – ela apontou ao longe
- Estou aqui com meu novo amigo – fiz careta –
- Já disse que pode me chamar de – ele se levantou e cumprimentou com um beijo no rosto
- Então você pode me chamar de – ela sorriu – e esse é meu namorado
se aproximou dando a mão para .
- E aí cara – cumprimentou – vai tocar hoje?
- Tocar? - perguntei – Você toca?
- Por que a surpresa? - fez uma voz afetada e riu – eu toco e muito melhor que R.E.M – ele mostrou a língua e eu sorri
- D U V I D O - gargalhei
- , eu sei que R.E.M é sua banda favorita, mas o arrebenta – fez um gesto com as mãos e um bico estilo crítico culinário que fez com que todos caíssemos na gargalhada.
- Quem arrebenta? - se aproximou
- meu caro – começou abraçando o rapaz pelo colarinho - Esse é o , e ele vai tocar hoje
- E vou arrebentar – deu uma piscadela para mim e não pude evitar sorrir.
- Opa – cumprimentou – mal posso esperar então - levantou a garrafa de cerveja em um gesto de brinde. Todos brindamos juntos. O clima estava bem agradável e a conversa fluía entre todos, até que se levantou com os rapazes para apresentar seu parceiro de banda, .
- Senhoritas – disse – voltamos já - deu um selinho em e foi se dirigindo para os fundos, seguido por e por último , que se abaixou e sussurrou no meu ouvido.
“Quem sabe o próximo selinho não seja o nosso”.

Eu arfei, todo o ar que havia no meu pulmão e no mundo sumiu. Céus o que estava acontecendo comigo esta noite? Será que foi alguma coisa que colocaram na minha bebida? O calor percorreu meu corpo ao ver se afastar e ondas de arrepios me inundavam.
- Hey – estalou os dedos na minha frente – que bicho te mordeu?
- Oi? Que? - dei um gole na minha gin que estava no final
- Você parecia hipnotizada – ela deu de ombros
- Eu estava observando as pessoas – respondi
- As pessoas ou a pessoa?
- O que você quer dizer?
- Ora , eu não sou cega – se aproximou – o te interessou
- Claro que não - sacudi a cabeça - vou pegar mais uma bebida, você vai querer? - questionei me levantando, mas me agarrou pelo braço
- , está tudo bem você se interessar por outra pessoa – ela sorriu amável - o Nick foi embora, você pode conhecer alguém
- Você quer outra bebida? - perguntei novamente puxando meu braço de volta
- Uma cerveja – suspirou pesadamente e eu saí.

Andei apressadamente para o bar, que nesse momento parecia conter o dobro de pessoas na fila. O que diabos quer me lembrar que o Nick foi embora? Eu sei que ele foi embora, eu sei, eu sei. Fechei os olhos e comecei a respirar pausadamente para em acalmar. Ela não precisava me lembrar disso, ninguém precisava.
Abri os olhos e sorri.
- Uma gin tônica e uma cerveja, por favor.


Capítulo 4


Sábado, 23pm

Voltei para a mesa após alguns minutos ou vários, quem sabe, e e já estavam de volta. Mas não vi .
- Cheguei – sorri entregando a cerveja para – Cadê o ?
- Se arrumando – respondeu – Eles vão tocar daqui a pouco, conhecemos o parceiro dele, lá atrás, me pareceram com um talento promissor
- Eles são cara – disse animado - já vi o tocar várias vezes e tipo, é muito top – ele se jogou na cadeira
- , sua empolgação é linda de se ver – dei risada e ele mostrou a língua, afetado
- Você vai ver , vai amar – piscou
Será mesmo que eu iria? Quem sabe.
- Talvez eles sejam o novo talento que você esta procurando disse bebericando sua cerveja
- Eles me disseram que irão cantar uma música nova hoje, de autoria própria... vamos ver – finalizou
Os meninos estavam absortos em seu próprio mundo e eu encarava minha bebida.
- Hey disse se aproximando mais ao meu lado
- Oi – sorri para ela
- Estou feliz por você estar aqui – ela me abraçou
- Nhé... que coisa mais melosa – dei risada – isso não faz muito seu estilo
- Eu sei que não ok? Sou empoderada demais para esses gestos, mas como achei que você fosse morrer derretida no seu apartamento antes de sair de novo, então eu abro essa exceção - piscou
- Você é tão exagerada – rolei os olhos
- Custa você dizer um obrigada?
- Obrigada , por não me deixar morrer derretida – fiz cócegas nela
- Chega – ela me empurrou e eu ri
- Agora sério , o que você achou do ?
- Está tentando me desencalhar também? - perguntei tentando desesperadamente mudar de assunto
- Não é isso – ela pigarreou – mas ele me pareceu bem interessado em você... fora que é gato pra caramba – ela dizia empolgada – e eu bem que vi seus olhinhos brilhando como um gato do Sherek
- É mesmo – dei risada
- SABIA que você tinha achado isso – ela gritou vitoriosa
- Shiu – eu disse - cala a boca
- Ele é muito interessante mesmo – comecei – mas não sei se ainda é a hora, fora que eu nem o conheço
- , conhecer alguém é fácil... se permita – disse baixinho
- Eu sei... mas é como se eu me sentisse culpada por isso entende?
- Pior que eu entendo, mas e ai ? Vai sempre ser isso... menina não dá, fora que você não pode se sentir culpada por querer ser feliz, sério não faça isso com você
Eu não respondi nada, apenas fitei minha mão enquanto processava o raciocínio da .
conhece o faz um tempo, estudaram juntos no colégio e acabaram se encontrando novamente aqui... é um cara legal
- E está sozinho? - perguntei
- Ele é um solitário - deu de ombros
- Então somos dois – rebati
- Você é tão difícil – suspirou - você precisa se permitir brilhar novamente... pensa nisso. - Ela se levantou
- Minha vez de ir ao bar... quer alguma coisa ?
- Mais uma gin – respondi
- Claro, já volto.

Observei se afastar na multidão e tentei espantar os pensamentos para longe. Não era hora de pensar em questões sobre onde vim ou para onde vou. Hoje era um fim de semana atípico na minha rotina e eu só queria não sentir.
voltou com as bebidas cambaleando do bar. Continuamos a conversar e muitos minutos e várias gins tônicas depois, o silêncio reinou.
Parei de falar e comecei a prestar atenção ao meu redor. e se levantaram e eu os segui. A música de fundo sumiu e um homem subiu ao palco, era . Bati palmas animada e riu.
Não sei se eram as luzes ou o efeito do álcool, mas caramba! Ele conseguiu ficar ainda mais bonito com aquele cabelo desgrenhado e seu ar “to-nem-ai-pra-nada". Sua guitarra era vermelha e reluzia, ele ficava perfeito em cima do palco, dava pra ver que nasceu pra isso. Me levantei e fui chegando mais perto do palco, algo nele agia em mim como um imã, que me puxava cada vez mais em sua direção.

- HEY GALERA – ele gritou – Espero que estejam animados essa noite, por que vamos arrebentar nesse palco
- Uhuuulll – gritava e eu ria, maior tiete esse
- A música de abertura e da nossa autoria, se chama Shine On e eu realmente espero que gostem – finalizou e então todos começaram a gritar e assoviar e o barulho da sua guitarra tomou conta do lugar.
A melodia era rápida e dançante e sua voz grave me hipnotizava. A bateria ditava um ritmo nada convencional e todos ao redor pulavam. A música era incrível.

I'm feeling alive, I'm walking the line
(Eu me sinto vivo, estou seguindo em frente)
But there's a feeling inside, pipe for the fun
(Mas há um sentimento dentro, fumo para me divertir)
No way to escape, same thing everyday
(Sem saída, mesma coisa todo dia)
So I jump on the train, what's all in the pain?
(Então eu pulo no trem, o que é toda essa dor?)


Eu não conhecia o e ele não me conhecia, mas essa letra... tudo nela se encaixava na minha vida, tudo se encaixava em como eu me sentia, como pode isso? Me joguei nesse momento e quando dei por mim, estava dançando enquanto me encarava de cima do palco, ele tentava mais não conseguia me decifrar e eu tão pouco a ele, mas a nossa sintonia era inegável.




But I
(Mas eu)
Let love shine on
(Deixo o amor brilhar)
Trapped in a world where your dreams aren't Worth
(Preso em um mundo onde seus sonhos não valem nada)
And your feels outshine the feeling that you wanna be free
(E seus sentimentos ofuscam o sentimento de querer ser livre)
So be anything you wanna be
(Então seja tudo o que você quiser ser)
Let love shine on
(Deixe o amor brilhar)


Não era só a melodia da sua guitarra que era eletrizante, mas seu olhar penetrante me consumia e sua voz penetrava na minha mente, por uma noite eu me senti como uma chama acesa, incendiando tudo ao meu redor antes de apagar.

Domingo, 01:30 am.

A música cessou e os meninos agradeciam animadamente ao público dessa noite, a casa estava cheia e muitas pessoas aplaudiam. anunciou uma pausa programada e informou que em minutos estariam retornando.
Acho que encontrou sua banda sucesso.
Eu não fazia ideia de quanto tempo estava dançando, mas estava quente e abafado ao meu redor, senti meu cabelo grudar na nuca e a minha garganta estava seca, eu precisava de ar.
Rapidamente me desvencilhei das pessoas ao meu redor, abrindo um caminho apertado rumo a saída. Fazia tempo que eu não ficava no meio de tantas pessoas assim e por um momento comecei a me sentir nervosa, encurralada. Droga de saída, não chega nunca!
Quando finalmente consegui sair eu me senti aliviada. Respirei fundo e passei por uma porta que levava a um corredor do lado de fora, senti a brisa leve da noite soprar o meu rosto. Arrumei meu cabelo e o prendi em um coque, me abanando com as mãos, fechei os olhos por um momento para sentir minha temperatura voltar ao normal.
- Aceita uma água? – uma voz grave já conhecida perguntou ao pé do meu ouvido e eu senti um arrepio percorrer todo o meu corpo quando seu hálito quente tocou a minha pele.
- ... – me virei rapidamente em sua direção e nossos rostos ficaram colados. Eu pude sentir sua respiração ofegante e seus olhos faiscando enquanto observava meus lábios.
Meu coração batia acelerado e o desejo que pairava entre nós era sólido. Não houve tempo para resposta, fechou os olhos e me beijou de forma abrasadora enquanto sua língua procurava a minha intensamente. Eu apenas cedi, retribui o beijo com a mesma vontade e de toda a minha alma, passei minhas mãos pelos seus cabelos e o segurei firme, puxando-o para mim. Um breve gemido escapou de seus lábios, aprofundei o beijo enquanto ele me segurava pela cintura e me puxava para si como se quisesse nos fundir.
Impossível saber há quanto tempo estávamos ali, até que partiu o beijo e ainda me segurando perto de si, sussurrou:
- Eu esperei a noite toda por isso
Eu apenas sorri e pude sentir minhas bochechas corarem. Me soltei de seus braços para me recompor. Ajustei minha blusa e arrumei o cabelo.
- Não sei o que dizer.... – Respondi com a voz fraca
- Você não gostou?
- Não é isso ... é só que já faz muito tempo – olhei para ele e não precisei dizer mais nada
- O que te fizeram ? Porque esse olhar tão triste... – O rosto de estava com uma mistura de curiosidade com sofrimento, como se ele pudesse sentir toda a tristeza que meu coração carregava.
Eu não respondi.
- Preciso de ar... só, por favor... – supliquei
- Tudo bem... eu tenho que voltar – colocou as mãos nos bolsos e pigarreou – Só não vai embora ok?
- Ok – assenti e ele sorriu enquanto se virava para retornar lá para dentro.
Não consegui entrar, apenas me dirigi até a porta e fiquei observando o palco de longe. subiu, pegou sua guitarra e interagiu com as pessoas animadamente.
Abri minha bolsa e peguei um cigarro.
Eu não o conhecia nem a 24 horas, mas o sentimento que ele provocara em mim fora tão forte. Eu não sentia isso a tanto tempo ou quem sabe se alguma vez realmente senti. Eu estava morta por dentro. Fazia um ano que apenas tristeza habitava dentro de mim, presa pelos meus próprios sentimentos e sufocada de ódio e rancor.
Desde a traição, eu me senti derrubada, sozinha mesmo em um mar de pessoas e com um vazio tão grande que nem os meus sonhos ousavam aparecer.
Mas hoje... hoje foi diferente. Foi como a música que ele cantou, foi como se eu estivesse pronta para brilhar novamente.
Senti como se conhecesse de outras vidas, seu olhar, seu cheiro...era tudo impecavelmente lindo e agradável e eu me senti segura. Não vou ser hipócrita, eu também esperei por esse beijo desde que o vi no bar.


Capítulo 5


Domingo, 03am

O show dentro do pub acabou e as pessoas se dispersaram da frente do palco, devido ao calor grande parte vinha para fora e para o bar, em busca de algo para refrescar.
- vinha em minha direção, se espremendo entre as pessoas até chegar a mim
- Não a vi na segunda parte do show... está tudo bem? – perguntou preocupada
- Claro, ótimo – sorri, mas eu era péssima nisso. Nunca conseguia esconder nada de e estava nítido na minha face que algo havia acontecido
- O que você está me escondendo ?
Eu não disse?
- Droga – fechei os olhos – ... eu beijei o .
- O QUE?
- Cala boca – dei um tapa no braço dela – Sua escandalosa
- Ai ai – ela esfregava o braço – Sua louca, como isso aconteceu?
- Foi no intervalo – sorri – foi tão bom, até agora não sei descrever o que senti... estou tão confusa . O me provoca uma coisa estranha e o cheiro dele é tão bom.
- Imagino, está na seca a tanto tempo... era de se esperar que umas bitocas te animassem
Rolei os olhos e mostrei a língua.
- O que eu faço? – perguntei apreensiva, levando minhas mãos a boca, para por fim roer todas as minhas unhas.
- Ué beija mais – deu de ombros – que pergunta idiota
- Me diz por que eu ainda te peço conselhos ?
Essa menina me deixava incrédula. Vozes se aproximavam, virei o rosto e vi nossos devaneios sendo interrompidos pelos meninos que vinham conversando e rindo animadamente.
- Oi gata – se aproximou beijando
- Oi disse com um sorrisinho no canto dos lábios.
Não pude deixar de sorrir também.
- Oi
- Olá para vocês todos, estranhos – disse sorrindo e todos rimos
- Então, para onde vamos agora – perguntou
- Vocês eu não sei, mas tem como me levar para casa? – fiz beicinho e cara de anjo – estou cansada – suspirei.
- Eu levo você – disse e todos olharam para ele.
Engoli em seco.
- Você – sussurrei
e se entreolharam e sorriu abaixando a cabeça.
- Eu acho ótimo ele te levar pigarreou – já mora do outro lado da cidade e me consome muito tempo – fez careta enquanto mostrava o dedo do meio para o amigo.
- Quanta sutilidade amor – olhou para o amado incrédula – Vai com ele , aproveita – piscou.
- Vocês me cansam – respondi tentando não parecer tão envergonhada de ver meus amigos me empurrando para cima dele. Sorri e me virei para que aguardava pacientemente – Você pode me levar mesmo? Não quero te atrapalhar
- De boa, não me atrapalha em nada – Ele respondeu – vai levar os instrumentos na van e eu estou com meu carro.
- Dito isto então, melhor irmos todos – deu as mãos para – Nos vemos amanhã para conversar
- Claro – respondeu – te mando a localização do restaurante que falei, almoçamos e verificamos o que pode ser feito
- Ótimo – sorriu – Tchau – deu um beijo no meu rosto
- Tchau – sorri
Todos nos despedimos animadamente e nos separamos a caminho do estacionamento. e eu andamos devagar até o carro, que estava estacionado em uma garagem atrás do pub. Nenhuma palavra foi dita o caminho todo, a tensão reinava entre nós... mas era uma tensão boa.
- Estacionamento para os músicos? – quebrei o silêncio
- Sim –
- Parece que o gostou da sua banda
- Ele é um cara legal – respondeu – amanhã vamos nos ver para conversar um pouco
- Que bom – eu disse sincera
- É mesmo – respondeu e riu
- Por que você riu? – levantei as sobrancelhas olhando para ele
- Só estava lembrando das suas bochechas mais cedo – ele parou e me olhou – vermelhas de vergonha pelos seus amigos
- Desculpe – minha voz saiu baixa – eles me matam de vergonha e as bochechas nem ficaram tão vermelhas assim... foi o calor – respondi – esse é seu carro?
Estávamos parados em frente a um Mustang preto com detalhes em vermelho. Era lindo.
- É sim – ele respondeu acionando o alarme – gostou?
- É muito bonito – respondi – combina com você
- Obrigado – ele respondeu abrindo a porta para mim – pode entrar
- Obrigada – sorri e me sentei, o cheirinho do carro também era agradável
entrou calmamente, colocou o sinto de segurança, indicando para que eu fizesse o mesmo. No rádio ele optou por algo bem relaxante com uma melodia bonita.
- Que cavalheiro abrindo aporta do carro
- Ué – ele me olhou confuso
- Era de se esperar que um futuro rock star não fosse tão gentil assim – eu disse e ele riu chacoalhando a cabeça
- Você não conheceu muitos caras legais não é mesmo ?
Eu não respondi.
- Tudo bem, agora você me conheceu – ele disse pegando na minha mão e fazendo com que eu olhasse nos seus belos olhos – minha mãe me ensinou como tratar uma dama
Nós dois rimos e ele soltou minha mão para ligar o carro. Saímos noite adentro, ele havia perguntado onde eu morava e eu respondi. Nada mais foi dito então. No meio do caminho ele colocou sua mão direita sobre a minha perna e eu arrepiei com seu toque. Ele não se afastou e eu também não queria isso. Será que ele me beijaria de novo? Eu esperava que sim.
Após algum tempo diminuiu a velocidade e foi estacionando em frente ao meu prédio. O barulho do motor parou e a única coisa audível dentro do carro era a música baixa do rádio e nossa respiração.

se virou para mim e se inclinou, tirando meu cinto de segurança. Eu soltei um som inaudível pelos lábios e ele sorriu.
- Te assustei?
- Você vai me beijar de novo? – sussurrei
- É isso que você quer?
Apenas assenti. se aproximou mais ainda e eu fechei os olhos, seus lábios percorreram a minha boca e nos beijamos novamente, apaixonadamente e eu sentia o gosto daquele beijo por cada centímetro do meu corpo.
Às vezes parávamos, nos olhávamos e ele colocava uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, me fazia carinho por fora e seus gestos me faziam carinho por dentro. Nossa conexão era inegável, por onde ele estava todo esse tempo?
Voltamos a nos beijar, sem a menor noção de tempo, apenas nos conhecendo. Parti o beijo alguns minutos depois e soltou em gemido em negação.
- Não – sorri – tudo bem, eu só ... – acho que eu iria ficar vermelha de novo, mas vamos lá
- Sim?
- Você quer subir? – perguntei fechando os olhos em seguida e ele riu, fazendo carinho na minha bochecha
- Você quer que eu suba?
- Quero – abri os olhos e ele não ria mais, apenas me olhava com desejo.
Domingo, 04am

Meu coração estava acelerado e tudo, absolutamente tudo em mim pegava fogo. Descemos do carro e pegou a minha mão, subimos para meu apartamento em silêncio e ao chegar lá, bateu a porta atrás de nós antes de me puxar pela cintura para si. Não deu tempo de pensar em mais nada, ele me beijou de forma quase desesperada e eu retribui, eu o queria tanto que nada mais importava. Ele puxou meu cabelo e beijou toda a extensão do meu pescoço.
Tirei sua jaqueta e a joguei no chão, ele puxou minha blusa para cima partindo o beijo por um segundo e logo voltando, seus lábios não saiam da minha pele quente. Joguei a cabeça para trás apenas absorvendo aquele momento.
Alguns minutos depois estávamos praticamente despidos, na minha cama. tinha o corpo perfeito, minhas mãos desenham seus músculos abdominais e passeavam pelos seus braços.
- Eu gosto muito das suas tatuagens – olhei para ele que me encarava.
- E eu estou gostando muito dessa noite – sorriu e voltou a me beijar.
Abracei ele e minhas unhas fincaram em sua pele. Nos amamos sem pressa, de forma ardente, talvez até apaixonada, apenas aproveitando cada detalhe de nós mesmos, nos conhecendo centímetro por centímetro. Eu me senti viva com ele, eu podia sentir devolvendo meu brilho meu brilho.
Algum tempo depois, deitou-se ao meu lado e me puxou para seu peito, estávamos cansados e ofegantes. Eu pousei a mão na sua pele e fiquei desenhando qualquer coisa, esperando até que um de nós dissesse algo.
- Sem palavras – ele disse e eu não vi, mas pude apostar que estava sorrindo.
- Acho que a noite foi bem produtiva – ri e puxou meu rosto para cima, olhando nos meus olhos.
- Sabia que quando eu a vi, não foi por acaso – ele disse sério – algo em você me chamava.
- Como um imã?
- Sim, como um imã – ele beijou minha testa me aconcheguei. Fechei os olhos e apenas senti a respiração de até finalmente pegar no sono.


Capítulo 6


Domingo, 08am.

Senti um raio de sol nos meus olhos e os abri lentamente. A luz inundava meu quarto, olhei para o relógio ao lado da cabeceira que indicava serem oito horas.
dormia pesadamente ao meu lado, coberto por uma camada fina de lençol. Céus, ele ainda era mais lindo na luz do dia. Eu não pude deixar de sorrir, parecia até que eu havia dormido com um cabide na boca.
Me levantei delicadamente para não o acordar, peguei a primeira camiseta que vi pela frente e a minha calcinha que estava jogada, corei por um segundo lembrando a noite anterior. A vesti e sai do quarto, seguindo para a cozinha, pensei em fazer um café para nós... nada muito incrementado para ele não achar que sou emocionada demais, porém gostoso o suficiente para quem sabe, fazê-lo ficar perto?
- Essa camiseta fica linda em você – disse atrás de mim e eu dei um pulo de susto.
- – me virei – você quase me matou. Ele se aproximou e me encostou na bancada, me deu beijo suave e sussurrou:
- Bom dia .
- Bom dia – sorri – dormiu bem?
- Igual uma pedra – ele se afastou beijando minha testa e abrindo a geladeira – se importa?
- Não, pode abrir e pegar o que quiser – sorri me virando novamente para a bancada – estou fazendo café, aceita?
- Opa – ele disse – vou fazer panquecas para a gente.
- Uau que prendado – respondi – quer ajuda?
- Não precisa – ele respondeu – se quiser tomar um banho, te chamo quando estiver pronto.
- Assim eu me sinto mal – fiz bico – você está na minha casa e eu devia fazer o café.
- Eu dormi aqui de penetra, me deixa fazer ... você já fez muito – sorriu malicioso e eu corei.
- Tudo bem – me dei por vencida – você vai embora depois?
se virou com um olhar confuso.
- Eu não estou te expulsando – apressei em explicar – mas não precisa ficar se não quiser.
- , eu não sei o que está acontecendo agora, mas a noite passada foi a melhor da minha vida, foi se eu encontrasse o que eu estava procurando a muito tempo – ele dizia se aproximando – e eu sei que você sente isso também – tocou meus braços e puxou meu rosto para o seu – eu não pretendo ir embora, eu quero você... quero te conhecer, quero te amar.
Eu sorri, meu coração praticamente explodia dentro do peito.
- Eu também acho que quero isso , eu quero sim – respondi.
- Então me deixa fazer o café da manhã para a gente? – ele disse me colocando em cima do balcão e me enchendo de beijinhos. Deus, eu me sentia uma adolescente, que delícia.
- Então eu vou para o banho e já volto – me despedi dele com um longo selinho e ele me abraçou bem apertado. Pulei da bancada e deixei ele a vontade.
Segui novamente para o quarto, iria escolher uma roupa bem bonita. Hoje era o início de algo novo na minha vida, se iria durar? Eu realmente esperava que sim, mas quem sabe... eu só sabia que nesse momento eu estava muito feliz.
Eu não sei se eu estava apenas dopada de hormônios, mas eu me sentia bem. estava certa em dizer que Nick havia ido embora, porque ele realmente foi. Por incrível que pareça pensar nisso nesta manhã já não era tão doloroso.
Eu senti raiva por tanto tempo que não me permitia conhecer novas pessoas e nem sentir novas sensações e amores, porque talvez na minha cabeça eu ainda me sentia presa ao Nick.
Não vou negar que ele fora o amor da minha vida e que tudo o que ele fez jamais será apagado da minha memória, mas ele não era o amor para a minha vida. Cliché né? Enfim, talvez nem o amor da minha vida ele fora. As vezes estamos tão acomodados com um relacionamento e não enxergamos que talvez ele não fosse tão perfeito assim.
Minha mãe sempre costumava dizer que aquilo que é para ser nosso, sempre chega até nós de algum jeito. chegou de forma repentina e acendeu em mim uma vontade de viver e amar novamente, que era inexplicável.
Se isso acontecer com você, não se sinta mal. Relacionamentos que se acabam é como um luto que temos que viver... não se sinta mal por chorar, mas não se deixe ficar presa nesse sentimento de perda para sempre, se permita brilhar novamente, sonhar novamente, viver novamente.
A vida é uma só, esteja pronta para vive-la.

We gotta learn how to appreciate
(Temos que aprender a apreciar)
Stop the hate, stop the hate
(Pare o ódio, pare o ódio)
Let love shine on
(Deixe o amor brilhar)


FIM



Nota da autora: Sem nota.



Nota da scripter: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

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