Fanfic Finalizada

Capítulo Único

O som do galope do cavalo podia ser ouvido de longe, as curvas da floresta eram dominadas em uma montaria perfeita. Os cabelos de esvoaçavam levemente, ele olhava para trás checando se conseguira despistar os dois homens que o seguiam, abaixou-se próximo a um galho de árvore, que acabou por derrubar um dos dois brutamontes. Era muita ousadia querer disputar com ele espaço onde aprendeu a cavalgar e por onde se aventurou toda vida. No entanto, aqueles dois pareciam conhecer o lugar bem até demais. Já impaciente com os trotes atrás de si, virou numa curva brusca, adentrando um vilarejo praticamente desconhecido por ele.
acelerou o cavalo, tentando manter distância o suficiente para que os homens não o encontrassem. Sentia o vento contra seu rosto e a adrenalina tomava conta de seu corpo, quando Aberlado empinou, fazendo com que ele tivesse que se segurar nas rédeas. - Calma, menino, calma! – Falou, passando as mãos pelo quadrúpede.
Analisou o que assustara seu animal, ao descer dele e notou uma menina caída no chão, com um braço sobre o rosto, como quem se prepara para ser atacado.
- Mil perdões, mademoiselle. - Estendeu a mão para a garota, em sinal de ajuda.
Puxou-a para cima e a segurou firme pela cintura. Era uma moça muito bonita aos olhos de , seus cabelos e boca carnuda o colocaram em transe por alguns segundos. Apreciava cada detalhe do rosto bem desenhado.
- Está tudo bem. – Respondeu, hipnotizada pelos olhos do rapaz.
Ele se afastou levemente dela, fazendo com que suas pernas fraquejassem, então a puxou novamente. Os olhos da garota estavam perdidos no do rapaz, por isso não percebeu quando ele a soltou. Permaneceram nesta troca de olhares intensa, onde cada um viajava pelos traços do outro, até que dispersasse.
- Tem certeza que está bem?
- Tenho sim. – Respondeu, dando um passo para trás e passando as mãos por seu vestido, em uma tentativa falha de melhorar a situação.
A certa distância fez uma espécie de reverência.
- ao seu dispor! – Depositou um beijo no dorso de sua mão.
- . – Sorriu. – .
- É um prazer, . – Repetiu o nome da garota no melhor tom que pode.
- O prazer é meu, Sr. . – Fez uma pausa. – É novo por aqui, não?
- Estou de passagem pela cidade, vim visitar um velho amigo. – Curvou seus lábios, e logo exibiu seu sorriso iluminado.
- Posso te apresentar a cidade se quiser. – Ofereceu.
- Eu adoraria, mas antes temos de colher novas amoras para você. – Olhou para a cesta caída no chão.
e começaram a colher as amoras da árvore, ele cortou um dos galhos para que mais frutos viessem ao chão. A garota avistou uma rosada acima dos outros grãos, esticou-se para tentar pegá-la. Sua mãe costumava dizer que são as melhores e mais doces. segurou a cintura da menina e levantou. Ela pode jurar que sentiu borboletas preencherem seu estômago e um calor diferente percorrer seu corpo. Alcançou as amoras rosadas, com um belo sorriso em lábios.
- Experimente, Sr. . – Depositou uma na boca do rapaz.
- Hm... São realmente deliciosas. – Falou após levar uma à boca.
- As melhores do reino, devia passar mais vezes aqui. – Degustou mais algumas.
Após alguns minutos saboreando as frutinhas, ele a ajudou a subir no cavalo branco e se colocou sobre o animal também. Puxou as rédeas, fazendo com que entrassem em movimento. fazia questão de cumprimentar todas as pessoas do vilarejo e contar um pouco sobre cada local pelo qual passavam. Um bar foi visto de longe, alguns homens conhecidos de estavam esparramados pelas cadeiras com copos em mãos, pareceram estranhar algo nele, ou na garota. E mantiveram o olhar fixo em ambos. Ela revirou os olhos para os homens e passou mais algumas coordenadas para o rapaz. Acabou esbarrando em seu cocheiro, que parecia estar à sua procura há algum tempo.
- Tenho de ir, . – Disse abaixando a cabeça. – Moro longe, por trás da floresta, espero que nos encontremos em breve.
Depositou um beijo na bochecha do rapaz e corou levemente.
- Até breve, . – Sorriu novamente.

***


A noite caiu, dirigiu-se ao bar que uma bela moça o apresentara pela manhã. Sentou-se à mesa com alguns rapazes, velhos conhecidos. E fez sinal para que o garçom o trouxesse uma bebida alcóolica.
- Rapazes! – Falou, levantando o copo para um brinde.
- Ora, ora, o que faz aqui? – Esboçou um sorriso.
- Estava fugindo de alguns homens dos alpes. – Respondeu. – E vocês o que fazem aqui?
- Somos daqui, . – Riram baixo.
- Podiam ter me apresentado este lugar antes. Mal cheguei e já conheci mulheres lindas. – Sorriu, sacana.
- Sim! Vimos você com a princesinha. – O mais magro comentou.
- . – O mais cheinho quase cuspiu todo líquido ingerido segundos atrás.
- Conheceu ? – Perguntou com os olhos arregalados.
- Sim. Uma bela moça, não?
- Bela e rica, ! – Fez uma pausa para analisar a expressão do outro homem. – Ela é a mulher mais cortejada do reino, desde o casamento de sua irmã. O homem que a conquistar terá ganhado na loteria.

Fazia exatamente duas horas desde que chegara à floresta que cercava o castelo, em que a menina chamada vivia. Observava, escondido, os guardas que tomavam conta daquele castelo e não via a hora de algum se distrair para poder colocar seu plano em prática. Eram apenas dois homens, mais fácil do que esperava que seria. Será que o rei confiava que nenhum de seus súditos tentaria algum dia adentrar os terrenos do castelo para motivos claramente errôneos? pensou no quão ingênuo era aquele rei, e provavelmente sua possível filha .
Provavelmente, porque, para , parecia quase impossível de acreditar que a garota que ele conhecera na floresta era uma princesa. Afinal, quais as chances de uma garota vestida com sapatos altos de cristal e vestido longo rosa vagando pela floresta ser uma princesa? Poderia fazer parte de alguma encenação de peça local e não filha do rei do país em que morava. Mas, como sempre decidiu ouvir os conselhos de seus amigos e procurar por no palácio, para ter a comprovação.
já entediado, voltou a prestar atenção no trabalho dos guardas e percebeu que um se aproximara o suficiente de onde estava. Poderia ser sua única chance. De forma rápida pulou detrás dos arbustos e atacou o primeiro guarda, colocando sua cabeça dentro de uma sacola de papel, logo o homem estava caído no chão, por respirar uma substância que o faria dormir por algum tempo. Seu corpo foi puxado e colocado para trás do mesmo arbusto que antes se escondia. Agora só faltava um homem.
O segundo guarda notou a ausência do amigo apenas alguns poucos minutos depois, começou a olhar ao seu redor e gritar o nome do guarda adormecido. deu um sorriso travesso e começou a andar em passos largos até o segundo guarda, que estava de costas e não percebeu sua aproximação. Um golpe com uma pedra foi o suficiente para o deixar caído no gramado, inconsciente.
Quem diria que o rei contrataria guardas tão patetas? podia jurar que venceria de todos que trabalhavam naquele castelo.
De forma rápida, passou a rodear o palácio na espera de encontrar a tal sacada decorada com flores rosas que seria o quarto de , segundo seu amigo. Mas naquela escuridão, como diferenciar as cores? Até notar uma varanda branca com detalhes delicados e diferentes das outras que vira, e haviam flores que à rodeavam. Só podia ser aquela. E com um sorriso sacana estampado em seu rosto, começou a escalar a árvore para adentrar o quarto da princesa.

mal acreditou quando viu deitada em uma grande cama dormindo como um anjo entre seus lençóis. Andou pelo quarto silenciosamente, observando cada canto daquele lugar. Jóias e mais jóias espalhadas por todo lugar. Diamante, ouro, pedras preciosas... Então era uma princesa bem rica mesmo.
sentiu seu cotovelo bater em uma taça de cristal e logo a taça estava no chão fazendo um barulho estrondoso.
— Droga! — Xingou baixo antes de ouvir o grito ensurdecedor que começou a dar.
Pulou rapidamente para perto da garota e tapou a boca da menina com sua mão. Mas estava histérica e se debatia tentando se livrar do aperto seguro de .
! — Virou o rosto dela de modo que os dois se encarassem e viu que ela arregalou os olhos compreendendo, devagar tirou a mão de sua boca.
? O que você está fazendo aqui? — Perguntou baixo.
— Ah, eu vim para lhe devolver o lencinho que deixou cair quando nos encontramos. — Ele disse nervoso e puxou um lencinho que estava perto da cama da garota sem que ela percebesse. — Aqui.
— Oh, eu não me lembrava de ter deixado cair meu lencinho... — Ela pegou o lencinho e sorriu para ele. — Obrigada.
— Por nada.
— Mas você poderia ter esperado ao amanhecer. Adentrar meu quarto durante a noite não é muito certo. document.write(Adele). — Ele sorriu de lado para a princesa que sentiu seu coração aquecer. — Tenho que ir agora, me desculpe novamente.
— Tá tudo bem.
— É, além do lencinho eu vim por outro motivo também. — já estava pronto para pular a janela e escalar de volta até o chão quando olhou para e esperou por uma resposta.
— Ah, e qual foi? — A princesa perguntou confusa.
— Ver você. — Ambos sorriram. — Me espere no começo da tarde, virei buscá-la para um passeio.
E após um boa noite, foi embora. E voltou a se deitar, mas dessa vez, sem conseguir dormir, pois o par de olhos pertencentes a ficaram em sua cabeça pelo resto da noite.

estava sentada nos degraus da entrada do castelo, esperando por . Vestia um de seus vestidos floridos e rodados, junto de suas sapatilhas vermelhas e o cabelo louro estava preso em um coque muito bem feito no alto de sua cabeça. Era o primeiro encontro dela e de , e mesmo quase não o conhecendo, podia sentir que ele era o garoto certo para ela. Estava com as cabeças nas nuvens quando escutou um guarda chamar seu nome.
— Vossa alteza, um rapaz está à sua espera.
— Ah, obrigada por avisar. — Deu um sorriso meigo para o guarda e se levantou, começando a andar graciosamente pelo gramado.
— Devo avisar ao rei que a senhorita está indo a um encontro?
— Não será necessário, mas obrigada.
Depois de andar toda a extensa área do castelo durante cinco minutos, ela pôde finalmente ver a cabeleira castanha de se arrepiando com o vento que batia. Sorriu ainda mais e apressou o passo, logo chegando perto do menino, que continha o mesmo sorriso sacana de sempre.
— Vossa alteza. — fez uma reverência exagerada para que riu baixo.
— Me chame de , por favor.
— Tudo bem, . Agora me diga: o quê você acha de ter o melhor encontro de sua vida hoje?
— Então isso é mesmo um encontro? — fez charme.
— É claro. — estendeu uma mão para e logo entrelaçaram-as. — Vamos.

não poderia negar, a havia surpreendido. Depois de encontros que sempre começavam em restaurantes caros e finos, onde só se podia falar aos sussurros, conseguiu conquistá-la com um simples pique-nique no mesmo lugar onde haviam se conhecido alguns dias atrás. Ela ficou tão satisfeita, que não conseguiu conter um sorriso enorme em seu rosto que, de alguma forma, fez também sorrir.
— Gostou? — perguntou ele, enquanto a ajudava a se sentar no grande pano que cobria a grama.
— Adorei. — eles sorriram um para o outro mais uma vez e ofereceu pãezinhos doces para ela. — Estão muito bons!
— Minha avó costumava cozinhar para mim quando era mais novo, acabei aprendendo também. — Bom, eu pensei que seria romântico, delicado e confortável para ambos, pelo visto foi um bom palpite.

O resto da tarde fora repleto de risadas e trocas de olhares entre o casal. estava encantada por , que a impressionava em tudo o que fazia. Cada gesto, cada vez que suas mãos passeavam por seu cabelo, cada vez que seus olhos encontravam os dela... Tudo nele a fazia se apaixonar.
Estavam de mãos dadas caminhando pelo gramado do castelo, quando se deu conta de que já estava apaixonada por . E imaginava que ele sentisse o mesmo, o que fazia dela a garota mais feliz do mundo. Sorriu pensando que eram um casal muito bonito e nem percebeu que já haviam chego a entrada para o palácio. Guardas os observavam.
— Obrigada por ter aceito sair comigo, . — Ele fez um carinho com o polegar na mão da garota que se controlou para não soltar um suspiro apaixonado.
— Foi uma tarde maravilhosa, .
— Espero que possamos repetir mais vezes.
— Eu também.
Em um movimento rápido, levou a mão de até sua boca e depositou um beijo demorado ali. Encarou os olhos da menina com uma expressão indecifrável.
— Tenha uma boa noite, vossa Alteza.
E sem esperar uma resposta, deu as costas para uma atordoada e apaixonada .

Um homem vestido como um dos serviçais do rei deixou uma mensagem para , era um convite para o jantar no palácio real. Ele não pensou antes de decidir que chamaria para o acompanhar. Deixou o casebre de madeira, ou a pousada no qual estava hospedado e pulou sobre Aberlado, desatando suas amarras. Saíram e direção ao palácio de sua amada.
Ele já havia decorado o percurso. Cada árvore, cada pedra, até mesmo o abrigo de alguns animais. Continuou a galopar por dentre a floresta, até avistar o castelo onde ela vivia. Amarrou Aberlado a árvore. E seguiu o resto de seu percurso a pé, cortava com sua faca alguns cipós que ficavam por dentre seu caminho, e em pouco tempo estava gritando pelo nome de .
A menina apareceu na janela, com um sorriso em lábios. Estava de camisola, por isso sentiu sua bochecha corar levemente. Seus cabelos trançados com um lírio amarelo preso a eles, a deixavam ainda mais delicada, era de uma formosura inigualável e uma beleza surpreendente.
- Desça, . Para que de perto eu possa contemplar sua beleza! – Falou com um sorriso em lábios.
- Espere um minuto, . Terei de me vestir. – Falou um pouco mais alto de seu quarto.
- Esperaria todo o tempo necessário para poder admirar-te mais de perto. – Cortejou.
Ela lançou o lírio que enfeitava seu cabelo para o rapaz, que o agarrou no ar. E selou um beijo na flor
. Em pouco tempo, desceu as escadas correndo, mandou que abrissem o portão e apareceu com um vestido lilás, que caía muito bem nela e com um sorriso em lábios. Depositou mais um selinho estalado na bochecha do rapaz. Mordeu o lábio inferior, enquanto brincava com as mãos da menina.
- Bem, com certeza, sabe do jantar real hoje à noite. – Passou as mãos por seus cabelos, nervoso. – Eu gostaria de ser teu acompanhante, se me permitir. Estou disposto a fazer o pedido pessoalmente a seu pai.
- Mas é claro que irei te acompanhar, . Nem passara pela minha cabeça acompanhar outro homem. – Olhou para cima novamente.
- Te encontro às 19:30 em ponto? – Perguntou.
- Estarei pronta. – Cumprimentou com o vestido.
- Pensarei em você por cada segundo até o fim deste jantar, .
- Eu também, , eu também. – Completou com um suspiro.

***


As horas se passaram. estava em um terno perfeitamente alinhado, seus cabelos, geralmente bagunçados se arrumavam com um gel. Aparentava ser um lord. Esperava convencer a todos. Enquanto terminava de se arrumar, e tentava ajeitar a gravata, pensava em como faria para ficar ainda mais linda do que de costume. Prendeu Aberlado a uma carruagem antiga, que ele passou o dia retocando.
Parou em frente ao palácio de . Olhou para a janela, o quarto estava com as luzes apagadas. Ele se esparramou pela carruagem impaciente. A demora da menina foi maior que a habitual, por vezes pensou que ela tivesse desistido, mas resolveu esperar mais um pouco. E quando colocou os olhos sobre ela em um belo vestido amarelo, mais bonito que todos que já usara, sua maquiagem valorizava ainda mais os lábios provocantes e os olhos .
Seus olhos se arregalaram, era como se ela iluminasse todo o ambiente. A menina passou por Aberlado e alisou sua crina com uma das mãos. em um salto saiu para analisá-la.
- Estás ainda mais bela que em meu sonho mais profundo. – Falou a entregando um buquê de lírios amarelos e depositando em seus lábios um selinho.
Estendeu a mão para a menina e sentou-se ao seu lado na carruagem, enquanto um de seus amigos a pilotava.
- Sabe que a festa é em meu palácio, não sabe, ? – Perguntou vendo sua moradia afastar-se cada vez mais.
- Sei, , mas prometi que te buscaria. – Os olhos da menina se fixaram no vilarejo, iluminado por lampiões, alguns vagalumes que batiam asas por dentre as casas e algumas poucas placas luminosas que exclamavam o nome de seus estabelecimentos.
fez questão de repetir as palavras da garota sobre cada estabelecimento da cidade, contou uma história sobre o vilarejo e conforme se aproximavam da floresta, ele parecia ficar mais nervoso. Ao adentrarem a floresta, mordeu seu lábio inferior.
- Alguns meliantes da cidade dizem que a floresta é encantada, outros que o rei construiu o palácio atrás dela para isolar-se da cidade, já que não queria suas filhas sendo cortejadas. Alguns outros dizem que guardas atiram nos homens que por aqui passam, mas no fundo todos sabemos que isso não passa de boato. O que importa é que está floresta guarda um segredo. De fios longos e olhos . De uma simpatia apaixonante. Encantadora, com uma voz linda e um sorriso que preenche nosso coração. Ao fim desta floresta, encontrei um grande amor. – Declarou-se para ela, que conteve as lágrimas evitando borrar sua maquiagem.
Selou os lábios do rapaz, que logo pediu consentimento para aprofundar o beijo e essa foi concedida de imediato por ela. Eles realizavam movimentos circulares, em uma dança fogosa, cheia de desejo, mas calma, repleta de sentimento.
Assim que pararam em frente ao palácio. jogou uma moeda para seu amigo e seguiu de braços entrelaçados com a sua princesa, para dentro do palácio. Os portões se abriram. Eles adentraram o salão e todos os admiravam, inclusive o pai da moça, que fitava o rapaz como se algo o incomodasse.
Sentaram-se a mesa.
- Não me és estranho, meu rapaz. – O homem de barba grisalha comentou, observando os traços de . – Me lembra um velho amigo! Como se chama?
- . . – Falou e o homem arregalou os olhos.
- Este sobrenome não me é estranho! – Passou o guardanapo pela boca.
Um silêncio se instalou no local, vários homens da alta sociedade cochichavam entre si.

— Olá, . — disse, assim que encontrou a menina sentada nos degraus do palácio. — ! — sorriu e se levantou correndo para os braços do namorado. Os dois se beijaram por um tempo. — Estava com saudades de você.
— Eu também, linda. — Entrelaçou suas mãos na dela e logo estavam indo de encontro a um cavalo branco que os esperava. — Hoje você terá uma noite incrível.
— Mal posso esperar.
ajudou a subir em seu cavalo branco e começou a conduzir o animal pela propriedade do castelo. Sua intenção era levar para perto do lago, onde havia uma ótima vista para as estrelas e onde uma refeição os esperava. Pique-niques haviam se tornado maravilhosos e os adorava. E naquela noite, havia algo de especial no espaço que havia preparado.
O local estava todo decorado com velas artificiais, pois o vento faria o fogo se apagar caso fossem de verdade. Mas para não importava se as velas não fossem reais, o que importava era a intensão de fazer tudo parecer tão romântico. A princesa então suspirou e a ajudou a descer do cavalo.
— Está tudo tão lindo. — Ela olhou nos olhos de e ambos sorriram.
— É tudo para você.
Os dois se sentaram e começaram a conversar e comer. Era tão fácil manter um assunto agradável com , era tão fácil sorrir quando se estava com ele, e pensava a cada minuto, hora e dia a mais no quanto estava apaixonada pelo garoto.
— Sabe de uma coisa, ? — perguntou depois de um bom tempo e arqueou as sobrancelhas esperando uma resposta. — Acho que é uma boa hora para um banho.
— Um banho? — Arregalou os olhos, mas era tarde demais, já havia se levantado e tirado a camisa que vestia, estava agora desabotoando as calças.
Talvez a imprevisibilidade de fosse uma das coisas que ela mais gostava nele. Então sorriu e balançou a cabeça não acreditando no que estava prestes a fazer. Tirou o vestido rodado que usava rapidamente e atirou junto com as roupas de , que já estava mergulhando na água.
Quando emergiu na superfície, já estava caminhando até o lago. Apenas com suas roupas íntimas. O garoto esqueceu por alguns momentos como se respirava e não conseguia pensar em outra coisa senão em como era sortudo por estar ali. Ele sorriu para ela que retribuiu envergonhada, entrando na água e ficando frente a frente com . — Você é linda. — E logo os dois estavam fazendo o que melhor sabiam: beijar-se.

fez uma careta ao ler a mensagem de em seu celular. Ela o havia chamado para fazer alguma coisa, cavalgar ou jogar uma partida de xadrez, e ele recusara. Nunca havia sido rejeitada por nenhum garoto e isso fez com que seu coração pesasse por um momento.
— Você parece triste. — Uma criada que trabalhava para ela disse.
disse que irá até a cidade resolver alguns assuntos e que não sabe que horas volta. — Suspirou antes de falar a triste realidade. — Resumindo, ele me dispensou.
Depois de um tempo sendo consolada, se viu sozinha em seu quarto, lembrando da noite em que havia escalado as paredes do castelo e as árvores apenas para entrar ali e lhe entregar um lencinho. Pensou em tudo o que ele já havia lhe falado. As promessas de amor que ele havia feito. Em cada beijo e toque que compartilharam. Talvez ele não tivesse a dispensado porque quisesse, só estava ocupado, afinal ele era um garoto direito e não um vagabundo.

Batidas ecoaram vindo da porta do quarto de e a garota se levantou imediatamente para abrir. se encontrava lá, sorrindo para a menina surpresa.
! — Ela correu para os braços de seu namorado que lhe deu alguns beijos.
— Não iria conseguir dormir sem vê-la. — disse. — Vamos dar uma volta? Você aproveita para me contar como foi seu dia.
De mãos dadas, fizeram o caminho para fora do castelo e começaram a andar pela propriedade. Fazia uma noite bonita e o céu estava todo estrelado, criando um clima romântico. estava feliz agora e então começou a falar sem parar sobre como fora seu dia.
— Acredita que me submeteram à aulas de boas maneiras? Como se eu fosse alguma histérica que só faz besteira, como minha irmã. — Ela balançava a cabeça indignada. — Então tive que aturar 5 horas dentro de uma sala aprendendo como me comportar e... já havia parado de escutá-la e agora escutava seus próprios pensamentos. Não havia saído durante o dia e a tarde para resolver negócios. Apenas não queria ter que lidar com de novo. Não queria mais ficar vendo-a todos os dias, mas não sabia o porquê. Talvez estivesse cansado de bancar o príncipe que ele não era para , ou talvez estivesse com medo de estar nutrindo algum sentimento real por ela.
— Um momento, linda, vamos nos sentar aqui? — Ele perguntou de repente e ela concordou, parando de falar. Se sentaram na grama mesmo, mas não colocou seus braços ao redor do ombro dela e nem a puxou para mais perto como sempre fazia. tentou ignorar isso.
— As estrelas são bonitas, não são? Eu tenho um telescópio e gosto de olhar as constelações, é como se fosse algo de outro mundo. — Ela disse quando percebeu que ele olhava para o céu.
Mas não lhe respondeu, assim como não havia respondido nenhuma palavra do que ela dissera sobre como foi seu dia.
preciso lhe perguntar uma coisa e preciso que seja sincero com isso. — concordou com a cabeça e esperou pelo que quer que fosse dizer. — Você vai me pedir em casamento?
O garoto pulou da grama e se pôs de pé assim que ouviu a pergunta. Casamento?
— Ca... Casamento? — Ele gaguejou de olhos arregalados e sentiu seu rosto enrubescer. — Eu e você... Casamento?
— Droga. — Ela também se levantou. — Esquece que eu falei isso.
Mas continuava com a mesma expressão de choque, deixando chateada. Havia sido uma pergunta tão ruim assim? Ele não queria se casar com ela também? Se ele a amava como dizia, por que estava assim?
Deu as costas para e estava prestes a andar de volta para o castelo quando sentiu a mão dele segurando delicadamente seu braço. Olhou para trás e viu que ele se esforçava para voltar com sua expressão casual de sempre.
— Desculpe, , eu me expressei errado. — Ele começou e virou totalmente para si próprio, mas ela estava de cabeça baixa, se recusando a olhar em seus olhos. Ele levantou o queixo dela com uma mão e seus olhos se encontraram. — Eu quero casar com você. Meu Deus, seria ótimo casar com você e ter filhos, passar a vida toda ao seu lado. Mas quero lhe proporcionar mais coisas do que posso agora. Somos jovens e nos amamos, temos muito para viver um com o outro ainda, e pode ter certeza de que quando chegar o momento certo, você me verá ajoelhado a sua frente, usando paletó e gravata, segurando uma caixinha de veludo e colocando um anel em seu dedo. , nós com certeza iremos nos casar algum dia, eu lhe prometo isso. Me desculpe por ter reagido daquele jeito à pergunta.
não sabia o que responder, então apenas beijou , com todo o amor e a paixão que sentia e conseguia demonstrar. Estava apaixonada. Completamente entregue aos encantos de . Estava vivendo um sonho tão bom e não queria acordar dele nunca mais. havia se tornado o final feliz que sempre tanto almejou.

usava um vestido de alças vermelho e rodado, como já estava acostumada e gostava do que via no espelho. Faziam algumas horas desde que entrara no ateliê da cidade para pedir que sua costureira lhe fizesse alguns novos vestidos e ver se já havia algum pronto que ela gostasse. E simplesmente havia amado o vestidinho vermelho. Na verdade, não queria mais tirar aquele vestido de jeito nenhum.
— Esse ficou tão lindo! — Ela sorriu para seu reflexo e depois para a costureira.
— Fiz para você, . — A mulher respondeu voltando ao trabalho.
Então começou a imaginar em como aquele vestido ficaria bonito para uma saída durante a noite com , e em quais jóias combinariam. Havia aquele par de brincos de diamante e aquela pulseira de pedrinhas brilhantes, mas o que destacaria era o colar que usaria. Um colar revestido por pequenas pedras de diamante; um presente escolhido a dedo por seu pai durante uma viajem para um reino longínquo.
— Irei comprar alguma coisa para tomar, já volto. — comunicou e pegou uma pequena bolsa com dinheiro.
Sabia que na outra rua havia uma sorveteria ótima, e um sorvete era tudo o que precisava em um calor como o que estava fazendo naquela manhã. Quando chegou até a sorveteria pediu um grande sorvete de chocolate com creme e enquanto esperava, observou o movimento da rua. Estava tão entretida olhando para as pessoas, que quase não reconheceu o cabelo castanho de bagunçado pelo vento.
Sorriu e pegou o sorvete, o pagando logo em seguida. Saiu da sorveteria e estava pronta para atravessar a rua e falar com quando um homem mal encarado parou em frente ao garoto. Eles trocaram algumas palavras que não conseguiu escutar e então tirou uma caixa média de dentro do casaco que vestia, em troca, recebeu um envelope do homem. O homem falou mais alguma coisa e concordou com um aceno de cabeça, então começaram a andar apressadamente pela rua.
os seguiu até um beco estreito e se posicionou escondida de modo que pudesse ver o que fariam, e se tivesse sorte, escutar o que diriam.
— Você sabe, , preciso ver se é realmente o que você diz que é. — O homem falou. — Vá em frente, abra a caixa.
Inicialmente não conseguira ver o que havia dentro da caixa, mas então o homem levantou o objeto e ela pôde ver. Um colar, com pequenas pedras de diamante. Idêntico ao seu. Levou as mãos à boca surpresa. Não, não faria algo como roubá-la, não mesmo. Deveria ser engano, deveria ser outro colar parecido.
E pensando que aquele colar não poderia ser o seu, foi embora do beco sem ser percebida por ninguém.

colocou um capuz sobre a cabeça e saiu rumo à cidade. Seu coração a pedia que tudo aquilo fosse mentira, mas sua racionalidade queria saber até que ponto fora babaca. Com os olhos ardendo seguiu caminho. Parou em uma das feiras perguntando por Sam, um homem muito respeitado, conhecido por investigador profissional.
Bateu no casebre abandonado, onde diziam que ela poderia encontrá-lo. O homem de barba comprida e cabelos vermelhos, estava sentado avaliando alguma jóia. Logo percebeu a presença da menina. Fixando seus olhos sobre ela.
- O que fazes aqui? – Perguntou grosseiro.
- Queria informações sobre alguém. – Respondeu calma.
- Não trabalho como investigador há muito tempo. – O senhor continuou suas atividades normais.
- É muito importante. – Retirou o capuz, mostrando, por completo, seu rosto.
O homem fez uma reverência debochada.
- Ó, vossa majestade, porque não me dissestes que eras tu da família real? – Continuou a provocar. – Acha que isso realmente influência em algo?
- Posso lhe pagar muito bem, Sam!
O homem avaliou o saquinho de moedas douradas. Era uma quantia generosa. Decidiu aceitar as moedas, depois de avaliar a proposta por algum tempo.
- Aceito a proposta, Srta. , mas saiba que é meu último trabalho. – Fez uma careta.
- Não pediria mais que isso. – Respondeu contente.
- Qual o nome do dito cujo? – Estava impaciente.
- . – Suspirou – Pelo menos foi esse o nome que ele me disse.
- Volte hoje mais tarde, terei as informações necessárias. – Respondeu firme.
A garota assentiu e andou lentamente em direção ao bar, pedindo uma dose de bebida alcóolica para aliviar seu estresse, coisa que ela não era acostumada a fazer.
O bar tinha uma vista privilegia da pousada, ficou olhando na direção do quarto que o rapaz costumava a estar. E surpreendentemente avistou não apenas uma silhueta, mas duas. Uma feminina e uma masculina que não a agradaram. Um homem de chapéu grande se sentou ao lado da garota.
- Sim, . Este é o seu . – O homem falou jogando uma moeda para cima, ela o reconheceu como o cocheiro do baile.
- Ele não me pertence mais. – Respondeu fria, enquanto o choro estava preso na garganta.
Ao cair da noite, ainda no mesmo bar, com o nível de lucidez não tão alto, pode observar o homem se aproximar, sua barba vermelha, atraiu o olhar de todos ali presentes. Se jogou em uma cadeira a frente da garota.
- . Um ladrãozinho procurado em 15 cidades próximas, sua cabeça está valendo pouco mais de 30 mil moedas. – Sorriu vitorioso com as lágrimas que escorriam livremente pelos olhos de .
Era isso, tudo foi uma farsa. Ele a enganou para roubar seu dinheiro. Todo o amor. Tudo. Afinal quem mandou ela ser essa idiota que acreditava em contos de fadas, que realmente pensava que um príncipe encantado ia aparecer em cima de um cavalo branco e que juntos, seriam felizes para sempre.

terminou de arrumar sua mochila com roupas e dinheiro e colocou nos ombros. Pretendia ficar fora por algum tempo, em um lugar onde não havia ninguém que soubesse quem ele era e que se interessasse por saber. Um lugar longe de . Ajeitou os cabelos arrepiados e colocou um óculos escuro. Pronto, agora podia ir embora. Saiu do pequeno apartamento em que morava e foi para o estábulo ao lado, onde estava seu cavalo.
O cavalo já estava pronto, e em menos de cinco segundos, já galopava com seu cavalo pelas ruas da cidade, em busca de seu refúgio. sentia o vento bater em seu rosto e gostava da sensação, era uma sensação de liberdade, algo que ele já não experimentava a muito tempo.

Depois de 3 horas de viagem, finalmente chegou onde queria. Um chalé confortável perto de uma aldeia afastada da cidade. Aquele chalé fora de seus avós antes de morrerem, e ele adorava aquele lugar. Não sabia exatamente porque escolhera ir para lá ao invés de outra cidade cheia de bares e garotas. Talvez precisasse pensar. Pensar na bagunça que chamava de vida.
Jogou a mochila na poltrona e se deitou na grande cama do chalé. Estava com tanto sono. Poderia pensar em outro momento. Isso, poderia pensar mais tarde, ou quem sabe nunca. Adormeceu em segundos e sonhou com cabelos louros e vestidos rodados, e sabia exatamente quem era a dona desses pertences.

estava fazendo a cobertura dos pãezinhos que adorava quando a lembrança do primeiro encontro com o atingiu. Ele havia feito pãezinhos para ela. Ele nunca havia feito pãezinhos para ninguém além de si mesmo. Então, por que ele fizera para ela? Fechou os olhos imaginando o que fazia naquele momento. Estaria ela pensando nele em algum lugar também? Depois de tudo o que aconteceu, se estivesse não seriam coisas nada boas.
Logo seus pãezinhos estavam prontos, e depois de dar a primeira mordida percebeu que não estavam tão gostosos assim. Depois de comê-los com , comê-los sozinho era como uma tortura. Para falar a verdade, tudo naquele lugar estava sendo uma tortura. Estava li a apenas 3 dias e já não aguentava mais.

Havia um pequeno lago naquela aldeia, e estava encostado em uma árvore sentado nas folhas enquanto o encarava. Por algum motivo idiota, não saía de sua cabeça e ele não fazia a menor ideia de como fazê-la sair. Sentia falta do sorriso constante dela e de sua voz meiga. Sentia falta de seu olhar e de sua risada. E Deus, como sentia falta de seus beijos. O que estava acontecendo?
suspirou frustrado, nunca havia se sentido assim. Nunca havia sentido essa saudade doentia e absurda de ninguém. E além da saudade, sentia arrependimento por tudo o que fez para . Ela nunca o perdoaria.
— O que eu devo fazer agora, Deus? — Ele perguntou olhando para o céu. — Tento esquecê-la, mas não consigo. Como esquecer alguém que se ama?
Então notou o que falou. Como esquecer alguém que se ama. Ama. Amor. Levantou rapidamente e finalmente percebeu. Ele a amava. Ele amava . Tinha certeza disso. E não conseguia se imaginar sem ela ao seu lado. Sem conter um sorriso correu até o chalé e arrumou suas coisas da forma mais rápida que podia.
Montou em seu cavalo branco e partiu de volta para a cidade de onde não deveria ter saído. Iria até o castelo de . E iria provar para ela que estava arrependido e o quanto amava.
Mal podia esperar para gritar que amava .

Ainda em seu quarto, ouviu um galope, uma voz imperativa que tanto a atraía, mas não podia ser ele. Ela não queria que fosse ele. Sua roupa rasgada, seus olhos inchados, os cabelos bagunçados, foram alguns dos resultados da passagem de por sua vida. Pela primeira vez em sua vida ela se entregou a uma paixão, rendeu-se a um homem. E ele quebrou seu coração. Acabou com toda a magia do amor. O garoto apareceu montado em Aberlado, seus cabelos desalinhados, seu sorriso sacana. Como ela pode acreditar que ele fora apaixonado por ela? Era um rapaz que gostava de beber, amigo de meliantes do vilarejo.
Trazia consigo um buquê de rosas vermelhas. Olhava para na janela, desarrumada, mas não se importava. Há pouco tinha descoberto o quão importante ela poderia ser para ele e tentou arriscar tê-la consigo.
- , eu sei que eu errei. Sei que não te contei que eu realmente era, mas você despertou um sentimento novo em mim. Eu quero você. Eu amo você. Quer casar comigo?
A garota soltou uma risada abafada.
- Você me roubou! Me fez juras de amor, enquanto pensava na vadia que ia pegar a noite. Você nunca me amou, . NUNCA. – Dito isso virou um balde repleto de água sobre a cabeça do rapaz.




Fim.



Nota da autora: Lai: Escrever essa história foi algo maravilhoso, mas só foi maravilhoso assim por eu ter a Lavi a escrevendo comigo. Ela é uma autora maravilhosa e agora uma amiga maravilhosa também. Espero que gostem, pois essa é a primeira fanfic de outras que viram em breve de nós duas!
Lavi: Escrever com a Lai foi maravilhoso, pois ela é uma ótima escritora e além de tudo virou uma amiga para mim. Nós fizemos essa fic praticamente em dois dias, ou seja, corremos muito com ela. Espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei.



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