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Finalizada em: 22/11/2018

Capítulo Único

Im Changkyun, dispensado do serviço militar.
Inacreditável o quanto aquele simples papel timbrado significava pra mim. Eu havia cumprido meu dever como cidadão sul-coreano e, após dois anos, ali estava minha dispensa oficial do ROKA, o exército coreano. Após dobrar o papel e guardá-lo no meu bolso, olhei para o visor do meu celular, pensando na coincidência que havia sido receber a minha dispensa naquele dia em especial.
14 de maio de 2026.
Eu havia recebido minha dispensa no 11º aniversário do grupo e, assim que eu atravessasse os imponentes portões de ferro à minha frente, que me prometiam a “liberdade” que eu tanto ansiava, Monsta X estaria, depois de longos seis anos, completo novamente. Saber que bem ali, do lado de fora, meus fãs, amigos e familiares me aguardavam, fez com que uma sensação de nostalgia me dominasse, me transportando para o início de tudo.
Não havia sido fácil. Para nenhum de nós sete.
O No Mercy havia sido um começo complicado para minha relação com os outros seis. A minha entrada repentina da reta final do programa de sobrevivência havia desagradado os outros participantes, e foi preciso tempo para que tudo se estabelecesse. Após o debut, nem tudo havia sido flores para nós. Quantas lágrimas havíamos derramado em nosso dormitório, longe dos olhos dos nossos fãs? A sensação de impotência, de que as noites e dias ensaiando e compondo, o sentimento de que nada era suficiente para que conquistássemos o reconhecimento que tanto esperávamos no nosso país.
A cada live gravada, cada desculpa dada aos nossos fãs, cada derrota nos programas musicais, buscávamos entender o que estávamos fazendo de errado. Parecia tão fácil para os outros grupos, por que era tão difícil para nós? Os críticos elogiavam nossos álbuns, havíamos conquistado posições relevantes no exterior, Beautiful havia chegado ao topo da Billboard, mas não havíamos conquistado nosso tão sonhado troféu. O grupo que era famoso fora da Coreia, mas não em sua própria casa.
Mas não iríamos desistir tão fácil, não é mesmo? Nós éramos o Monsta X, e não importava quanto tempo demorasse, iríamos fazer acontecer, um passo de cada vez.
Não aconteceu com Beautiful. Nem com Shine Forever. Mas finalmente havia chegado a nossa vez, com Dramarama.
No dia 14 de novembro de 2017. Seria 14 nosso número da sorte?
Todos nós ansiávamos pela nossa primeira vitória em um programa musical. Havíamos ensaiado nossos discursos por diversas vezes no nosso dormitório, em como agradeceríamos nosso staff, empresa, fãs, familiares, mas nada havia nos preparado para aquele momento. Receber o troféu em nossas mãos, algo que até pouco tempo parecia intocável, fez até com que Shownu Hyung chorasse e se perdesse em palavras no meio de seu discurso. Eu olhava a minha volta e via meus parceiros, meus amigos chorando, sentia meu próprio rosto úmido pelas lágrimas que teimavam em cair, e em minha mente só sabia agradecer. Aquele era o início da retribuição do universo por todo o nosso esforço e era apenas o primeiro de muitos prêmios que iríamos conquistar. Nós não sabíamos naquele momento, mas aquele dia, aquela vitória, havia mudado nossa trajetória dali por diante, e eu não poderia me sentir mais agradecido por aquilo.
E se eu contasse para o Im Changkyun de No Mercy que ele sairia daquele programa com os seis melhores amigos que ele poderia escolher, que seu grupo venceria quatro vezes seguidas nos programas musicais na segunda semana de comeback ainda em 2018, lotaria estádios em todos os países pelos quais havia passado? E se eu completasse dizendo que Monsta X havia conquistado o tão sonhado donsang em 2019? Que sua voz embargada e os olhos vermelhos ao receber o prêmio ainda estavam gravados na sua memória, mesmo sete anos depois?
Ah, e aquele #1 no chart coreano conquistado no primeiro comeback de 2019? Como foi comemorado. Sua cabeça ainda doía ao lembrar da bela ressaca sofrida no dia seguinte. Mas havia valido a pena, como havia.
Acho que ele abriria um sorriso tímido, me abraçaria e responderia, com sua voz mansa: “ E você tinha alguma dúvida disso?”.
Em 2020, nossas músicas no topo dos charts coreanos e nossa carreira internacional já consolidada, o medo voltou a nos assombrar quando surgiu o assunto que evitávamos falar, mas não tínhamos mais como fugir: o alistamento. Shownu Hyung foi o primeiro e não sabíamos o que esperar da recepção dos fãs. Perguntas pessimistas pairavam sob as nossas cabeças. Será que eles nos esperariam ou iriam atrás de outros grupos mais novos? Nossas dúvidas haviam sido infundadas. Eles eram nossos monbebes, que haviam lutado conosco desde o início, que viravam as noites votando e fazendo stream, que mandavam mensagens e conforto no fan cafe e nas redes sociais. Eram nossa força motriz e nos apoiaram com ainda mais intensidade nesse momento delicado, a cada unit e solo lançados, cada alistamento e dispensa. Assim como não existiria Monbebe sem Monsta X, não existiria Monsta X sem Monbebe.
Não seríamos nada sem nossos fãs, e eles estarem lá para nós quando mais precisávamos dessa certeza, foi o que nos motivou a dar o nosso melhor durante esse tempo de hiatus.
Eu já podia ouvir as frases de encorajamento dos fãs do lado de fora, me animando a atravessar aqueles portões e ir de encontro a eles. Como eu sentia falta disso, desse contato.
Andando em passos largos, cumprimentei o porteiro, atravessando os portões. Em seguida, parei estático diante da multidão que me esperava. Naquela proximidade, conseguia ouvir as frases com mais exatidão, os gritos vindos de todas as partes. Algumas pessoas carregavam cartazes, outras balões. A energia que elas me passavam era fora do normal, era quase como a energia que eu sentia ao estar no palco. Eu me sentia amado, confortado, querido, e não havia sensação melhor do que aquela.
Ali, em frente à multidão, como de costume, estavam meus amigos. Jooheon era o primeiro, inconfundível com seu peculiar casaco laranja e suas covinhas. Ao seu lado, Shownu sorria com os olhos na minha direção, com sua posição de líder e irmão mais velho. Chae coçava os olhos mareados, provavelmente por ter madrugado para estar ali, enquanto se apoiava sorridente em Wonho, que parecia estar chorando. Eu não conseguia acreditar que ele havia conseguido chorar em todas as dispensas. Até na sua própria. Kihyun escondia sua boca com as mãos, enquanto seu corpo todo tremia em resposta. Ele estava rindo do Wonho. Mais certo do que 2 + 2 é 4. E Minhyuk iria falar em 5, 4, 3, 2, 1...
- Finalmente você saiu! - Minhyuk começou a falar, gesticulando como o bom tagarela que era. - Sabe quanto tempo estamos esperando aqui fora? Por que demorou tanto? Shownu Hyung já não tem mais idade para ficar tanto tempo em pé… - Olhei para Shownu, que ria confuso, enquanto tentava acompanhar a conversa - Kihyun já reclamou umas dez vezes eu deixei a porcaria da xícara de café na mesa, o Wonho já tá quase inundando Seul, Jooheon tá parecendo um farol de trânsito e bem, Hyungwon só tá sendo ele mesmo.
- Também senti sua falta, Minhyuk. - O abracei, ouvindo-o rir em resposta e uma multidão de braços nos abraçarem por todos os lados. - Senti falta de todos vocês.
E ali, no meio daquele abraço, eu sabia. Estava finalmente em casa.





FIM!



Nota da autora: Sem nota.




Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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