Finalidada em: 13/03/2019

Capítulo Único

Eu cambaleava desesperada pelos cantos do bar, meus olhos estavam borrados de rímel, os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar. Eu nunca chorei tanto na minha vida.
Eu nunca me senti tão triste na minha vida.
Joseph era um complemento idiota.
Um idiota e eu o odeio pelo o que me fez. Aquele desgraçado!
Sentei quando me senti zonza e senti dificuldade em respirar. Provavelmente era o efeito das drogas agindo.
Respirei pesadamente e minhas pálpebras aos poucos foram se fechando.
Senti uma movimentação na minha frente e uma voz masculina invadir meus ouvidos, mas eu simplesmente apaguei nos braços do desconhecido.

Abri meus olhos lentamente, com dificuldades para mantê-los abertos por muito tempo.
Me sentei e olhei em volta do quarto totalmente branco e com móveis brancos e novos. Eu não estava em casa.
Na verdade, eu nem me lembro de como era minha casa, tentei me lembrar de algo, mas minha cabeça voltou a doer.
Soltei um gemido de dor e deitei de volta na cama. Minutos depois a porta se abriu lentamente, até que vi a cabeça de alguém
Me sentei assustada.
- Desculpe, eu não queria assustá-la.
Olhei em seu rosto, tentando me lembrar se ele era amigo de Joseph, seu rosto não era desconhecido por mim.
Ele tinha cabelos loiros e lisos, arrumados em um topete para trás e olhos azuis, sua pele era branca e seu sorriso era lindo.
Eu o conhecia, mas de onde?
Ele se aproximou cuidadosamente, como se sua presença fosse me fazer ir embora e eu acompanhava todos os seus movimentos, com meus olhos bem atentos sobre ele.
Ele sentou-se na cama e sorriu. Senti meu estômago se revirar e desviei meu olhar de seus lábios.
Aquele (des)conhecido é lindo...
- Qual é o seu nome? - perguntou
Sua voz era um pouco rouca e grossa.
E eu poderia estar louca, mas sua voz não era estranha pra mim. E não vou mentir, me arrepiei.
- Eu... Hum...
- Você se lembra de algo?
Tentei pensar mas minha cabeça doía demais.
- Eu não me lembro.
- Eu te encontrei na porta do banheiro masculino, você parecia ter dificuldades em respirar e então te ajudei.
- Obrigada.
- De nada... Se estiver com fome, lá embaixo tem almoço, então fique à vontade.
Concordei e me levantei procurando por algo, que nem eu mesma sabia o que era.
- Er... Que horas são? - disfarcei sob seu olhar atento em mim
Ele olhou o relógio no pulso e voltou seu olhar pra mim.
- 13:30
Bufei.
- Preciso ir embora.
- Onde você mora? – perguntou, se levantando
- Eu não sei...
Eu realmente não conseguia me lembrar de nada.
- Você por acaso está perdida? Ou com falta de memória?
- Eu... Não sei.
Ele parou e me encarou, observando minhas mãos inquietas.
- Precisa de algo?
Quase gritei que sim, eu precisava de algo mas me contive.
- Não... Eu estou bem, eu acho. - dei de ombros e comecei a me movimentar, inquieta.
- Não quer almoçar?
- Não, obrigado.
Continuei no meu ritmo frenético com as mãos e as pernas e a inquietação já me incomodava bastante, comecei a andar em círculos ansiosa e necessitada de algo.
Eu precisava de mais um pouco…

Saí correndo do quarto, completamente perdida dentro de tanto espaço.
E desci rapidamente as escadas, escutei seus passos fortes atrás de mim e corri mais rápido, abri a porta da sala e agradeci mentalmente por estar aberta.
Eu precisava só de um pouco, mais um pouco…

Escutei seus gritos me dizendo para parar, mas continuei correndo. Um carro quase me atropelou e parei ofegante no meio do trânsito, buzinas e gritos ecoavam em minha cabeça e sacudi minha cabeça como se aquilo fosse retirar todo o barulho da minha mente.
- Parem, parem! - gritei desesperada
- Chega! Sai!
Carros, buzinas e gritos ainda continuavam em minha mente.
E eu queria só mais um pouco… E olhando além dos veículos na rua, eu o vi.
Sai correndo sem rumo, atrás de um único rosto.
Eu não ligava se ele tinha ficado com outra mulher na minha frente, eu só precisava de mais um pouco daquilo… Que apenas ele poderia me dar.
Desviei das pessoas na calçada e olhei por todos os lados, eu o perdi de vista.
Bufei e continuei caminhando pela rua. Atenta a cada movimento das pessoas e repetindo na minha mente.

Eu só preciso de mais um pouco...

Era noite quando parei em uma esquina, um beco sem saída.
Uns homens ou mulheres, eu nem sabia mais raciocinar, me encaravam. Eu me aproximei e falei aquilo que me perturbava.
- Preciso só de um pouco...
Eles se entreolharam e um homem barbudo se aproximou, me entregando um cigarro nas minhas mãos.
Levei imediatamente até meu nariz e meu coração palpitou. Era exatamente disso que eu precisava.
Sem pensar duas vezes, pedi para o homem acender o cigarro, em seguida, estava com o maço entre meus dedos e sentindo aquela paz que eu tanto queria.
Maldito Joseph. Me dá e depois pega de volta, imprestável!
Mas agora eu o tinha de volta.


- Mais... - murmurei um pouco tonta depois de uns quatros cigarros.
O homem me puxou para perto de um latão e jogou bastante pó ali, me entregou um tubo de uma caneta e novamente sem pensar duas vezes abaixei minha cabeça e inspirei todo o pó, rápido… Muito mais rápido do que Joseph.
Senti minha cabeça girar e as pessoas apareciam contorcidas no meu campo de visão, me sentei no chão molhado e sujo, esperando aquela brisa passar.
Eu já estava acostumada.
Algum tempo depois, lá estava eu novamente inalando aquele pó mágico, que fazia meu coração bater rápido e me trazia paz.

Acordei com algumas vozes em minha cabeça. Chacoalhei minha cabeça e me levantei, indo em direção ao latão.
Não me lembro de quantas vezes nessas últimas 7 horas, que eu fui até aquele latão cheirar aquele pó.
Inalei toda aquela maravilha e me encostei na parede… Meu corpo pede por mais...
Peguei mais pó, e inalei rapidamente, 300 vezes mais rápido do que Joseph.
Ele ficaria orgulhoso de mim, sem dúvidas.

Inalei, inalei até sentir minhas narinas doerem e meus pés cederem no chão.
Uma vontade de vomitar se instalou no meu estômago e meu corpo todo doía.
Uma espuma branca escorria pela minha boca e ia até o chão, meu corpo no mesmo momento começou a tremer, a mesma vontade de vomitar se fez presente novamente e não hesitei em tentar colocar pra fora. Mas engasguei com minha própria espuma branca, e um nó se instalou na minha garganta.
Eu tentava respirar, mas eu apenas engasgava e tremia. Meu corpo começou a tremer mais forte e eu me retorcia no chão sujo do beco.
Eu tentei levantar, mas apenas consegui soltar um grito sofrido. Meus pés doíam de tanto que eu me debatia contra o chão e minhas costas se estalavam a cada batida.
Meu corpo começou a formigar e minhas mãos foram para o meu pescoço e logo para o meu corpo todo. Eu me sentia desesperada, sufocada, ofegante, necessitada, quase sem vida...
Um grito silencioso saiu da minha garganta e minhas mãos voaram para o meu pescoço, completamente desesperadas.
Sufocada, ofegante, sem vida… Completamente sem vida.
Meu olhos se reviraram e eu me encontrava cheia de espuma pelo meu corpo, meu corpo se chocava contra o chão em desespero e minhas unhas arranharam minha garganta, em busca de ar.
Sinto o ar me faltar a cada segundo, até que não aguentei com uma força muito maior na minha garganta e apaguei.

Narrativa em terceira pessoa
O loiro andava atento à todos os rostos pela cidade grande de Nova Iorque, completamente desespero pelo sinal da garota que esteve em sua casa mais cedo.
Sempre parava e perguntava a todos sobre a garota. Bufou frustrado e sentou-se debaixo de uma árvore, cansado e frustrado por ter falhado... novamente.
Ele ouviu alguns sons desconexos vindo da esquina, e levantou-se curioso.

Resmungos, batidas contra o chão, gemidos de dor... Ele escutava tudo isso.
Apressou seus passos com o coração acelerado e rezou internamente para não ser quem ele pensava.
E infelizmente ele a viu.
Ali deitada no chão, se debatendo, se arranhando, se contorcendo...
Ele viu a garota fechar os olhos e suas mãos se afrouxaram de sua garganta, imediatamente ele correu até a garota, gritando desesperado:
- Ajuda! Alguém me ajude!
Ele sabia o que tinha acabado de acontecer.
Tocou na cintura dela e a virou para que o vômito não a fizesse engasgar. Pegou seu braço, e tentou sentir sua pulsação.
- Merda. - murmurou baixo quando não sentiu nada.
Se preparou para fazer uma massagem cardíaca e assim o fez.
Repetindo, repetindo, repetindo.
Mas nada parecia fazer a garota abrir os olhos, os olhos tão intensos e vivos que ele costumava ver.
Retirou o celular do bolso rapidamente e ligou para uma ambulância.
- Overdose, por favor... Corram! Agora!
E jogou-o longe dele. Voltou a tentar reanimar a garota mas sempre falhava.
Ignorou qualquer nojo que fosse sentir e fez respiração boca a boca. Mas nada reanimava a garota de olhos castanhos claros.
Sentiu seus olhos arderem e um nó se formar em sua garganta.
- Não, não. - murmurava enquanto reanimava.
Ele não podia ver outra pessoa morrer em seus braços, não por causa da maldita droga. Aquela merda que servia apenas para destruir a vida das pessoas.
Destruir sua vida, destruir as suas vidas.
Não aguentou e chorou enquanto fazia de tudo para reanimá-la, relembrando de tudo o que não fez para ter impedido que ela entrasse nessa vida, ele poderia ter feito mais… Ele sabia disso, mas como?
Ele foi um completamente fraco, ele sabia.
Ouviu sirenes de ambulância se aproximando e continuou seus movimentos urgentes no peito da garota esticada no chão.
- Se afaste, precisamos levá-la imediatamente, afaste-se. - ordenou uma voz grave e forte.
O homem se afastou do corpo jogado no chão e assistiu enquanto os homens colocavam o corpo fraco e sem vida dentro da ambulância.
Uma onda de raiva e tristeza se apossou nele e passou com raiva, as mãos pelos fios de cabelos loiros.
- Você pode acompanhá-la?
Ele assentiu freneticamente e subiu na ambulância.
Ele viu aquilo tudo novamente.
Os médicos tentando reanimar o corpo sem vida de uma pessoa especial para ele.

Em questão de minutos chegaram no hospital. Os médicos saíram correndo da ambulância e ele pulou de lá também, perdido sem saber onde ir.
- Garota sem vida, garota sem vida. - gritavam os médicos
As enfermeiras abriram espaços e rapidamente o corpo da garota foi jogado contra uma maca, e sumindo pelos corredores.
Ele tentou correr, mas dois seguranças fortes o fizeram parar.
- Não é permitido sua entrada, senhor
- Eu preciso, eu preciso vê-la.
- Aguarde aqui, senhor.
Ele xingou alto e sentou-se nos bancos do hospital.
Chorando e rezando em silêncio para Deus cuidar da sua garota.

Fim da narrativa em terceira pessoa

Acordei e tentei abrir meus olhos, lentamente, um por um...
Senti alguns fios no meu pulso e no meu peito e me assustei.
Onde eu estava? O que aconteceu?
Comecei a me mover na cama desesperada, e uma enfermeira colocou suas mãos sob meu peito.
- Acalma-se.
Não sei responder o porquê, mas eu parei.
E tentei respirar normalmente.
Espera, eu estava respirando... Normalmente?
- O que aconteceu? - perguntei.
Minha voz saiu baixa e quase pensei que ela não tinha me ouvido.
- Não se lembra?
Movi minha cabeça em um não.
- Descanse, um médico virá vê-la.
E saiu.

Era noite, constatei isso pela escuridão da janela do quarto totalmente branco.
Um homem um pouco velho e com óculos de grau nos olhos, entrou e me encarou.
- Olá, eu sou o Doutor Samuel, eu te atendi no dia em que você chegou aqui!
Não entendi muito bem mas ele continuou dizendo...
- Você não se lembra como chegou aqui? - perguntou e eu neguei - Seu namorado a trouxe aqui, você estava sem vida, tinha sofrido uma overdose.
Arregalei meus olhos.
- É um milagre ainda estar viva, agradeça ao jovem rapaz depois, ele sempre vinha aqui e as vezes eu o flagrava rezando nos bancos, ele sempre teve esperança de que você acordaria.
Minha cabeça estava uma confusão e eu me sentei. Eu não estava entendendo nada.
O médico riu e se aproximou.
- Ok, vou explicar melhor... Você entrou em coma logo após sua overdose, você estava sem forças e não aguentou, faz dois anos que você chegou nesse hospital e nunca mais saiu desse quarto.
Meus olhos arderam. Eu perdi dois anos da minha vida em uma cama de hospital...
- Você acordou há um mês, mas o rapaz já não aparecia mais... Hoje faz dois meses que não vemos mais ele por aqui.
- Que rapaz?
- Loiro, olhos azuis, alto, branco... Um doce de pessoa.
Meu coração acelerou. Não era possível, era?
- Eu... Não sei o que dizer.
- Eu sei, muita informação... Mas descanse, ainda precisamos de você aqui e iremos realizar alguns exames.
Concordei e o médico se retirou.
Eu tentava processar toda aquela bomba de informação. Não era possível ser quem eu pensava, mas como?
Eu não me lembro dele, não me lembro de ter visto ele antes de ir embora de Nova Jersey. Mas eu não conhecia outra pessoa que não fosse ele.
Sem dúvidas, era ele que cuidava de mim nesse dois anos. , meu primeiro amor que eu tive na minha adolescência, me lembro como se fosse hoje, todos os nossos momentos juntos… E sorri me lembrando do nosso primeiro beijo, do meu primeiro beijo.

Eu estava ansiosa, muito ansiosa… tinha me chamado pra sair, e eu não poderia estar mais feliz. Eu estava radiante, mas nervosa. Escutei barulho de carro, e olhei pela janela, era ele. Ele veio!
Sai desesperada do meu quarto, e desci as escadas, sob os gritos da minha mãe.
Abri a porta e eu poderia ter morrido ali mesmo, ele estava lindo…
Com uma blusa preta, calça jeans clara e um par de tênis, simples, mas aos meus olhos, somente pra mim, ele estava maravilhoso.
- Você está linda. - elogiou.
Eu sorri, envergonhada, mas por dentro, feliz… Ele reparou em mim, ele me acha bonita, pensei.
- Você também não está nada mal. - brinquei com ele
Ele gargalhou.
- Já estive melhor… Mas e aí...Vamos?
Assenti e voltei para dentro de casa, peguei minha bolsa pequena e minha mãe desci as escadas, curiosa.
- Já está indo?
Concordei e recebi um beijo na testa.
- Se cuida, qualquer coisa me ligue.
- Tchau, mãe.
Ela mandou um beijo no ar e sai rapidamente de casa, ansiosa. E ali do lado de fora tinha um carro vermelho.
- Você tem um carro?
Ele sorriu concordando e abriu a porta do carro, para eu entrar. Entrei completamente admirada pela beleza do veículo. Ele entrou em seguida, e colocou o cinto.
- Eu adorei seu carro.
- Obrigado! Eu ganhei essa semana, estou amando também. - falou rindo
Eu como boba que sou, fiquei admirando seu rosto.
- O que foi? - perguntou constrangido
Desviei meu olhar, sorrindo envergonhada.
- Nada, eu só gosto de olhar pra você…
- Por que?
- Não sei… Eu acho você muito bonito, acho que…
- Eu também acho você linda.
Me olhou com seu olhar admirado, parecia que o mundo tinha parado ali… Eu não conseguia desviar de seus olhos, e nem ele dos meus… Aos poucos, inconsciente, nossos corpos se aproximavam e estávamos ali, milímetros de distância… Com nossas narinas tocando uma à outra, e me causando um arrepio pelo meu corpo.
- Eu quero te beijar. - sussurrou contra minha bochecha
Meu coração começou a bater mais rápido...
- Mas eu... Nunca... Você sabe. - eu tentei explicar, com vergonha por nunca ter beijado.
Ele sorriu e acariciou minha bochecha, fechei meus olhos com aquele toque.
- Eu sei… Eu só preciso saber se é isso que você quer, digo, você realmente quer que isso aconteça?
Sem pensar duas vezes, balancei minha cabeça em concordância.
- Eu sempre quis isso, .
- Então… Não se preocupe com nada, linda.
- Você não se incomoda com o fato de eu nunca ter beijado?
- Não, não vejo problema nisso…
Eu sorri e timidamente me aproximei dele, para perto de seus lábios.
- Me beije... Agora.
Ele sorriu e colou seus lábios com o meu
Minhas mãos começaram a tremer, com aquele simples toque dos nossos lábios.
Entreabri meus lábios, sem saber o que fazer e senti novamente seu sabor… Aquilo era maravilhoso!
Devagar, sem pressa nenhuma, nossos lábios se tocavam e se deliciavam, minha respiração estava acelerada, e eu sabia que precisava parar, mas eu não conseguia, eu não queria.
Ele puxou meu lábio inferior devagar e afastou nossas bocas, com sua respiração ofegante e seus lábios avermelhados.
- Uau!
- Esse foi o melhor beijo da minha vida. - falei encantada
- Você terá beijos melhores, minha linda.
- Mas nunca será igual ao seu.
Ele deu um sorriso maravilhoso em resposta e nos beijamos novamente.

O médico tinha acabado de sair depois de me passar mais informações da minha vida nesses últimos dois anos, desde como eu cheguei aqui até agora.
Não me surpreendi quando ele disse que ninguém veio me visitar, além de . Sim, ele mesmo me disse que o nome do rapaz angelical - segundo ele - era .
Todo aquele sentimento que estava no meu passado retornou novamente.
Eu sempre amei Bem, desde os meus 16 anos de idade. Eu simplesmente fugi dele depois do pedido de casamento que ele me fez e assim conheci Joseph… Joseph.

Foi ele que me mostrou esse mundo sombrio e escuro que eu vivia desde os meus 20 anos.
Foi ele que me desafiava a fumar mais a cada dia. Foi ele que me transformou em uma vadia viciada.
Foi ele que tirou tudo o que eu tinha de bom em mim. Foi ele que acabou com a minha vida.
E por culpa dele e por minhas decisões estúpidas que eu perdi dois anos da minha vida e o amor da minha vida.
Meus pensamentos foram interrompidos quando a porta se abriu.
Uma enfermeira sorriu e entrou.
- Boa tarde! Nós avisamos ao seu responsável que você acordou, ele provavelmente virá visitar a senhorita logo...
Meu coração parou.
- Sério?
- Claro, ele mesmo disse que retornaria para o hospital, ele quer vê-la, ficou todo feliz com a notícia, coitado... Ele é muito fofo e educado, a senhorita é muito sortuda, viu? - falou meio encantada
Sorri.
- Sim, ele é maravilhoso.
- Aquele rapaz é um anjo, seu anjo da guarda. Ele vinha todos os dias visitar a senhorita, de manhã ele ficava do seu lado e, às vezes à noite, trancava a porta, mas eu sempre escutava uns sussurros, ele rezava pela senhorita, sempre... Ele é um príncipe.
Uma lágrima desceu pela minha bochecha, eu não sabia definir meus sentimentos agora. Talvez culpa, raiva, tristeza, arrependimento.
Eu o larguei por medo, mas mesmo assim, ele sempre esteve do meu lado, me apoiando, cuidando de mim, me amando.
Amando? Será que ele ainda me amava?
- Sabe o que eu faria quando ele entrasse por essa porta? – perguntou.
- O quê?
- Agarraria ele e daria vários beijos, ele merece muitos, muitos beijos.
Quem me dera poder beijá-lo.
- Vou fazer isso.
- Isso! - soltou um grito animado - Bom, tenho que sair... Beijos - acenou e eu dei um tchau.

Fazia exatamente um mês que estávamos juntos, namorando oficialmente. Eu não poderia estar mais empolgada com isso, e espero que minha ideia seja boa.
Separei dois pares de roupas dentro de uma bolsa e desci as escadas indo até a cozinha, e peguei a cesta que estava em cima da mesa.
Saí de casa, andando devagar pelas ruas de Nova Jersey, sorrindo e às vezes dando bom dia para as pessoas.
Não demorou muito e avistei aquele maravilhoso parque na minha frente
Sorri satisfeita, não havia lugar melhor para passar o dia com ele.
E me sentei de baixo de uma árvore, olhei para os lados em sua procura e nada. Não tinha praticamente ninguém ali no parque.
Bufei impaciente e peguei meu celular, fazendo uma chamada para o seu número. Mas nada novamente.
Me senti triste, ele me prometeu que iria vir, ele não pode ter me deixado aqui.
Esperei mais alguns minutos e, a contragosto, me levantei pegando minha cesta. Dei as costas e comecei a andar e bem baixo, escutei sua voz:
- Amor… Minha linda, espere!
Me virei e lá estava ele, correndo em minha direção. Ele se aproximou e parou ofegante, fez um sinal em espera e respirou fundo, depois disse:
- Me desculpe pelo o atraso, linda. Eu tive um problema e não…
Me joguei em seus braços, e o beijei, era impossível não querer beijá-lo, toda hora, todos os dias…
Ele me apertava e eu retribuía todo seu amor através daquele beijo.
Separamos ofegantes e eu sorri.
- Eu te amo, meu amor…
- Eu te amo mais, linda.

- Então, foi você, minha linda e maravilhosa namorada, que fez esse bolinho maravilhoso? - perguntou depois de algumas mordidas no bolinho que fiz
- Sim
- Meu Deus! Eu preciso me casar com você, minha linda.
- Ah, então você só casaria comigo por causa desses bolinhos?
- Óbvio que não… Você faz uma macarronada maravilhosa também.
Quase tive vontade de bater em sua cara, mas me contive, e ele começou a gargalhar.
- Minha linda e preciosa namorada… - toda minha vontade de bater nele sumiu com essas palavras - Quando a gente se casar, vai ser por desejo mútuo, ok? Eu te amo demais, e não duvide, linda… Se você quisesse eu me casaria com você agora mesmo.
- Você tem tanta certeza assim em nós?
- Sim, e eu percebo isso todos os dias, a cada beijo seu, eu sinto… Eu nunca amei ninguém dessa forma, e não tenho dúvidas de que você é o amor da minha vida e a única pessoa que eu quero do meu lado.
Eu sorri, mas para esconder meu desespero, eu o amava também, mas como eu poderia saber que tudo aquilo era verdadeiro? Ele merecia alguém melhor e não uma garota inexperiente do seu lado.
- Eu também te amo… Mas confesso que às vezes tenho medo de você mudar de ideia, amor.
- Não tenha, não há necessidade. Eu nunca vou querer outra pessoa. Eu só quero você.
E eu o beijei, por que simplesmente eu não conseguia ficar sem beijar seus lábios.

- Olá, bom dia! Seu responsável está ali fora, ele quer te ver. - falou o Doutor
Assenti.
Minhas mãos tremiam e eu sentia meu estômago revirando. Ele saiu e alguns segundos depois a porta se abriu novamente.
Meu coração parecia que iria sair pela boca. E ali estava ele.
Cabelos compridos até o ombro, loiros como eu me lembrava, e sua pele branca, e aquele mesmo sorriso lindo.
- Ei, como vai? - perguntou se aproximando, meio hesitante.
Me sentei na cama e dei um sorriso.
- Estou bem
Ele sorriu e ficou me olhando.
- O que foi? - perguntei sem graça
Ele deu de ombros e ajeitou os cabelos.
- Obrigada. - sussurrei - Você foi a única pessoa que se preocupou comigo, muito obrigada.
Eu não queria dizer o que eu realmente pensava em dizer, aquele não era o momento.
- Eu só fiz o que tinha que ser feito.
- Não, você fez mais do que precisava ser feito, sem você eu estaria morta, e mesmo que na época eu não me importasse se eu estava bem ou não, eu sou eternamente grata à você por tudo, por tudo mesmo. - falei sincera.
Ele pareceu processar tudo e depois sorriu. Ele sempre sorria.
- Eu sempre tive esperanças de que você acordaria, eu nunca desisti.
- Eu sei, e obrigada por acreditar em mim, como sempre.
Ele se aproximou e beijou minha testa.
- Eu preciso ir, mas se cuida.
- Você volta?
Ele parou e fechou os olhos.
- Não sei... - falou baixo
Neguei.
- Mas eu... Por favor - supliquei
- Eu volto, eu volto - falou de olhos aberto, saiu de perto de mim e deu às costas.
Eu sabia, ele ainda estava chateado comigo. Mas eu teria o momento certo para dizer tudo.

Estávamos deitados de conchinha no sofá gigante de sua casa, assistindo Harry Potter, mas eu não queria assistir… Eu queria beijar seus lábios, tocá-lo.
Minhas pernas estavam inquietas e senti sua mão pressionando minha perna esquerda
- Linda, fique quietinha… Por favor.
Eu nem tive pensamentos maliciosos com essa frase sussurrada no meu ouvido, junto com a pressão da sua mão na minha perna.
Ele colocou seu queixo entre meu pescoço e inalou meu perfume, e sorriu.
Não me contive, e puxei sua mão.
- Amor, não me distraía… É Harry Potter.
- Dana-se, Harry Potter! - exclamei irritada e virei de costas para a TV e de frente para ele - Quero te beijar, amor… - falei passando minhas mãos pelo seu rosto.
Ele sorriu fraco e retirou minha mão.
- Harry Potter, amor… Eu quero assistir
- Prefere assistir um filme de bruxo do que me beijar?
- Preciso mesmo responder isso? - perguntou com um sorriso de canto.
- O quê?
- Eu te amo, linda. Mas no momento quero assistir.
Dei de ombros e deixei ele focado na TV por alguns minutos, e ele pareceu conformado e colocou seu queixo novamente entre meu pescoço para ver a TV.
Aos poucos, minhas mãos passavam sem pudor pelo seu corpo… Até chegar atrás, e dei um aperto de leve em sua bunda, ele gargalhou baixo e eu continuei subindo minhas mãos nas suas costas largas, arranhei ali e escutei um gemido baixo.
- Você está tentando me distrair novamente, lindinha.
- Eu? Não estou fazendo nada demais…
E novamente, beijei todo seu pescoço devagar e de forma torturante, e senti seus dedos em minha cintura, me repreendendo.
- Amor… Não faça isso.
- Mas eu quero.
- Olha lá o Harry… - apontou para a TV e bufei
- Sem graça.
Mas não desisti, minhas mãos foram para o seu tórax e arranhei de leve o local, ele se remexeu e não disse nada.
Desci minhas mãos e parei naquele local, levemente erguido e apertei de leve.
Ele me apertou em seus braços e sussurrou algo em meu ouvido.
- Eu quero tanto…
- A gente não pode, não… - negou, em um sussurrou.
- Por que?
- Você pode se arrepender, e…
- Para com esse papo de arrependimento, amor, eu não vou. Eu quero você, eu quero que isso aconteça.
Ele concordou e aproximou seus lábios do meu
- Tem certeza?
- Sim.
- Mesmo?
- Completamente.
- Não vai se arrepender?
- Não, não vou.
Sorri e ele me beijou urgente, seu beijo era quente e diferente dos outros beijos. Eu sentia vontade de tê-lo dentro de mim com aquele simples toque.
Separamos ofegantes e ele retirou sua blusa e eu a minha. Em seguida, seus lábios percorriam meu colo e meus seios, apertando e beijando-os, me deixando louca.
Ele parou bruscamente e levantou, me pegou no colo e começou a andar.
- No quarto, como uma bela dama merece
- Cama macia? - perguntei rindo
- Com a cama macia. - concordou
Nós rimos e eu o beijei.
Hoje, seríamos um do outro, por completo.
Eu devo dizer, foi a melhor noite da minha vida.

Duas semanas depois

Fazia duas semanas desde o dia em que me visitou e nunca mais voltou no hospital.
Eu entendo sua atitude, eu também faria o mesmo, depois de tudo o que eu fiz, ele ainda está sendo generoso em ter cuidado de mim.
Eu estava arrumando minha bolsa para sair do hospital. O médico do hospital me entregou um envelope, ele disse que havia um dinheiro para mim.
Um dinheiro que guardava a dois anos. O médico disse que ele sabia que eu iria sair do hospital e que precisaria do dinheiro.
Aceitei, eu não tinha outra opção.
Passei pela recepção e esperei uma atendente.
- Você poderia me dar uma informação?
- Claro, .
- Eu preciso saber do endereço e número de telefone do meu responsável... É urgente.
- O seu responsável é o certo?
- Sim, sim.
- Eu acho que tenho os dados dele, vou verificar aqui. - falou e se afastou, mexendo no computador e digitando rapidamente.
Anotou algo no papel e estendeu pra mim.
- Tem tudo o que você precisa aqui sobre .
Agradeci e esperei algum táxi do lado de fora. Entrei em um e entreguei o endereço para o motorista.

Minutos depois o carro parou em frente à uma casa enorme, parecia uma mansão.
Agradeci e paguei o motorista, desci do carro e caminhei até a porta.
Pensei em tudo o que eu queria dizer e coloquei meus pensamentos em ordem.
Toquei a campainha e esperei ansiosa para saber sua reação. Segundos depois, escutei seus passos se aproximando e minha boca foi ficando seca, ele destravou a porta e abriu.

Apertei a campainha de sua casa, nervosa e segundos depois, a porta se abriu,
- Oi, amor, - sussurrei - Como você está?
Ele não respondeu, me puxou contra seu corpo e me abraçou forte. Seu corpo começou a tremer por causa dos soluços que ele dava e eu tentava, com palavras, confortá-lo.
Eu sabia o que tinha acontecido.
- Eu perdi minha avó… Ela…
- Ei, se acalme.
- Eu a amava tanto, eu nem acredito nisso.
- Eu sinto muito, muito mesmo. - sussurrei acariciando seus fios loiros.
- Eu quero morrer agora… Minha vida é uma merda.
- Ei, não… Eu preciso de você, seus pais, seus amigos, pare com isso!
- Eu não me sinto importante para nada e ninguém agora.
- Mas você é pra mim!
- Amor…
- , eu te amo… Muito.
- Você vai estar pra sempre comigo, não vai?
- Claro! Eu te amo muito.
- Jura?
- Juro.
E ali jurei e infelizmente não mantive minha promessa.

O choque estava visivelmente em seu rosto, eu não sabia o que ele estava pensando.
Seu rosto não tinha uma emoção certa, era uma mistura de espanto, tristeza, felicidade...
Tomei coragem e disparei:
- Boa noite.
Ele não respondeu, continuou com sua expressão sem emoção.
- Hum... Oi, .
Segundos depois, ele saiu do transe e me olhou diretamente nos olhos.
- O que faz aqui?
- Sai do hospital hoje.
- Eu sei, mas... Por que apareceu na minha casa?
Um soco no estômago.
- Eu... Eu apenas... Queria te ver e...
- Entendo, como se sente?
- Não me sinto muito bem.
- Onde dói? - perguntou preocupado
- No meu coração, na minha mente...
- Então... O que eu posso fazer?
Respirei fundo.
- Eu quero me redimir, eu preciso disso. Preciso conversar com você, olhando nos seus olhos e dizer tudo o que eu quero e depois, eu vou embora e meu coração estará melhor.
- Não é uma boa ideia.
Suspirei derrotada. Mas não vou desistir, já fui muito covarde anos atrás, eu mudei agora.
- Apenas alguns minutos, eu prometo.
- Ok... Entre.
Ele me deu passagem pra dentro de sua casa, e me sentei no sofá macio da sala.
- Então...
- ... Eu nem sei por onde eu começo, eu sei que não mereço sua misericórdia, mas eu preciso que você acredite em mim.
Ele não respondeu, apenas sentou-se no sofá, então eu continuei:
- Quando eu te conheci, eu nunca pensei que fosse me apaixonar tão rápido por você e, em pouco tempo nós já estávamos juntos, andando e conversando sobre tudo. Você sempre foi muito bom pra mim, , você tinha tudo o que eu procurava em alguém, por isso eu te amei, sim eu te amei verdadeiramente. Aos poucos nosso relacionamento foi se tornando mais sério e eu não tinha dúvidas de que você era o amor da minha vida, eu sempre acreditei nisso. Ainda acredito. - falei olhando no fundo dos seus olhos - E você fez aquilo... Eu nunca deveria ter reagido do jeito que eu reagi, mas eu era jovem, tola e estúpida, eu simplesmente achei que fugir era a solução. - falei com lágrimas nos olhos
Ele tomou fôlego e disse:
- Você foi uma completa covarde, , muito covarde. Por anos, eu pensei que o problema era eu, mas hoje, eu vejo que o problema não era eu... Nunca foi eu. Eu te amei como eu nunca tinha amado ninguém em toda minha vida e te pedir em casamento era algo muito importante pra mim.
- Eu sei...
- Não, você não sabe. Eu não queria ser somente ser seu amigo e namorado, , eu queria ser seu por completo, ser seu pra sempre. E eu queria isso de você também.
- Acredite, eu também queria...
- Eu me lembro do dia como se fosse ontem, eu estava muito nervoso, como sempre... Comprei seu anel um mês antes e estava esperando o melhor momento para fazer o pedido, algo simples mas que me deixou completamente nervoso. Eu me ajoelhei e me declarei pra você, com todo meu coração e alma - falou com os olhos derramando lágrimas.
Eu também me encontrava chorando.
- Você simplesmente me tirou do chão e me abraçou, eu pensei que você tinha aceitado e internamente eu comemorava, mas suas palavras foram como uma facada no meu coração, cada sílaba, cada letra, eram facas agudas entrando dentro de mim. E você saiu, me abandando sem nem me deixar dizer nada e nem se despedir.

Eu não podia aceitar seu pedido, mesmo sendo algo que eu queria com todo o meu coração. Ser dele por completa, para sempre. Mas eu não podia, céus, eu era apenas um adolescente.
Puxei suas mãos e o abracei, fazendo ele se levantar do chão e chorei em seus braços.
- Esqueça isso, você é completamente maluco de pensar que nós vamos nos casar, eu não quero isso, eu não posso. Nunca mais pense nisso novamente. E me deixe sozinha… Eu… Nem consigo pensar direito, você me surpreendeu! Mas isso não é uma boa ideia, nunca daria certo.
E saí, com meu coração preso a ele para todo sempre. Triste por ter dito “não” ao homem que eu sempre vou amar.

- Você nunca me procurou para eu poder me explicar...
- E você nunca me procurou para eu saber o motivo do seu sumiço.
Olhávamos com culpa e tristeza, uma batalha que não queríamos ceder.
- Joseph foi minha pior decisão.
- Eu sinto muito por você ter percebido isso depois de quase ter morrido.
Eu poderia chorar mas suas palavras eram as mais pura verdade.
- Sim... , Eu ainda te amo, e muito.
Ele não me olhava, seus olhos miravam o chão.
- Eu fui uma idiota, estúpida, uma vadia sem coração, eu sei que fui. Mas eu cresci, eu precisei passar pela pior experiência da minha vida para perceber que eu nunca poderia ter saído do seu lado, ... eu fui infantil, eu fui fraca.
- Você nem ao menos conversou comigo depois daquele dia, se você tivesse dito "não" eu ainda continuaria amando você, . Nada iria mudar, nunca. Eu iria respeitar seu momento, eu iria te esperar, mas você não ligou para o meu coração, você pisou nele e quebrou em mil pedaços.
- Eu sinto muito. - falei com o choro preso na garganta e não aguentei. - Eu sempre penso em você, , sempre... Meu coração sempre ficou em Nova Jersey com você, ele sempre foi seu, e sempre será.
Comecei a chorar e ele se aproximou, tocando meu rosto e encostando seu nariz na minha bochecha.
- Eu queria tanto que você me perdoasse... Eu te amo tanto, , tanto...
Ele chorou, ele chorou desesperado e agoniado no meu pescoço. Toquei carinhosamente em seus cabelos loiros e fiz um carinho ali e me lembrei de quantas vezes no passado eu adorava passar as mãos pelas suas mechas.

- Eu adoro seu cabelo. - falei enquanto passava meus dedos entre suas mechas loiras.
- Muito obrigado, linda…
- Se nós se casar, e um dia, eu tiver algum filho com você… Ele seria lindo com a cor dos seus cabelos.
- E se for uma menina?
- Ela seria linda também… Com os cabelos loiros encaracolados. - falei sorrindo e ele gargalhou.
- E seria mais linda, com a cor dos seus olhos.

- Eu teria te esperado, ... Você sabia disso. - falou contra meu pescoço.
- Por que você cuidou de mim? Por que não me largou e me deixou morrer no hospital?
Ele se apertou contra mim e eu apertei seus ombros.
- Você não se lembra, mas eu te ajudei quando você estava drogada, em um bar... Eu vi tudo, tudo...
- Tudo?
- Aquele cara nunca te mereceu, . Você não merecia ter visto aquilo.
- Eu sempre desconfiei que ele me traía, mas ele me drogou e me deixou ver tudo, por que ele sabia que eu não conseguiria fazer nada.
- Eu sinto muito. - murmurou no meu ouvido.
- Eu me arrependo tanto de tudo o que eu fiz, tanto. Mas eu te amo, .
Ele saiu dos meus braços e ficou andando de costas pra mim.
- Eu não quero ouvir que você me ama também, eu só quero uma coisa. O seu perdão, apenas isso.
Ele não respondeu.
Ficamos naquele silêncio constrangedor por minutos e me levantei, ele não iria ceder. Então fui embora.
Sai de sua casa destruída e quebrada por dentro, com um sentimento de solidão e culpa no meu coração. Mas segui em frente…
Me hospedei em um hotel qualquer e fui tomar um banho relaxante, e fiquei com aquela angústia a semana inteira.

Mas não saía da minha mente.
Eu o amava, com todo meu coração. Eu só precisava dele ao meu lado.
Saí decidida do hotel e fiz meu caminho novamente para sua casa. Toquei a campainha e a porta demorou a abrir.
E lá estava ele, lindo como sempre.
- Você de novo…
- Preciso conversar de novo com você, , por favor.
Ele assentiu e abriu a porta para eu entrar. Ficamos em silêncio, em pé.
Até que sua voz rouca me despertou:
- Eu já te perdoei, desde o dia da sua overdose. Eu te perdoei, por isso sempre cuidei de você e nunca desisti, o que eu sentia era forte demais para ser lembrado com aquela lembrança ruim.
- Sentia?
Silêncio novamente.
Me aproximei e o abracei por trás.
Seu corpo estava quente e parecia perfeito junto com o meu, como sempre foi.

Estávamos deitados depois de uma noite de amor, eu passava minhas mãos pelo seu peito e sua mão acariciava minhas costas.
Ele me puxou mais perto e cheirou meu pescoço, depois beijou carinhosamente meus lábios e separou, sussurrando no meu ouvido:
- Me abraça?
Não hesitei e puxei seu corpo em um abraço apertado.
- Está tudo bem?
Ele assentiu.
- Eu só gosto do seu corpo contra o meu, eles parecem perfeitos juntos.

Beijei sua nuca e depois seu pescoço.
- Eu te amo, eu te amo... - sussurrei em seu ouvido
Ele respirou profundamente e virou-se, pegou meu rosto entre suas mãos grandes e colocou sua testa na minha.
- A dor que eu senti quando te vi sem vida naquele maldito chão era muito maior do que a dor do dia em que você rejeitou meu amor...
- Eu nunca rejeitei seu amor... Eu ainda o quero. - murmurei contra seus lábios.
- Eu prometi cuidar de você se você saísse viva, e quero cumprir essa promessa, mas não torne as coisas difíceis, por favor.
- , eu quero mudar, quero ser diferente, por você, por nós. Você me libertou e me tirou daquele mundo sombrio e incompleto, por sua causa eu ainda consigo respirar... Eu não tenho dúvidas de que você é o amor da minha vida, eu nunca tive, eu te amo demais.
Estávamos em uma guerra interna, entre aceitar o amor e viver o amor, juntos.
Puxei seu corpo contra o meu e colei minha boca na sua. Nossos línguas se encontram e aquela sensação de anos atrás voltaram.
Ele acariciava minha cintura e eu o apertava como se ele ainda fosse meu.
Separamos, ofegantes e toquei sua bochecha, deslizando meus dedos por ali.
- Se eu pedisse uma segunda chance, você me daria?
Puxou-me contra seu corpo e enterrou seu rosto no meu pescoço, suspirando fortemente.
- Eu também prometi uma coisa... Eu prometi que se você me pedisse para ser seu novamente, eu não negaria, eu seria seu de novo.
Me apertei mais em seus braços e lágrimas caíram de meus olhos.
- Eu sinto muito por tudo...
- Xí, para com isso. - falou baixo contra meus lábios - Você sempre foi meu ponto fraco, , e sempre será.
- Eu te amo. - olhei no fundo de seus olhos e notei emoção no fundo deles - Eu te amo e não vou parar de repetir isso, eu te amo, .
Ele riu fraco.
Pegou meus rosto entre suas mãos e passou seus nariz pelo meu rosto, beijando cada centímetro. Parou nos meus lábios e nos beijamos novamente, com mais intensidade.
- Eu sempre te amei, .
Definitivamente meu coração parou de bater. Sorri completamente feliz.
Ele sorriu e pegou-me no seu colo. Beijando cada pedaço de pele descoberta, mordendo, lambendo...
- Senti sua falta, .
Seus lábios voltaram para o meu colo e ficaram ali. Não aguentei e tirei minha blusa. Seus olhos olharam admirados para os meus seios, e passou sua língua por ali, apertando, beijando, amando cada pedaço meu.

Encontrávamos nus e quentes, muito quentes. Fazia alguns minutos que nos beijávamos com fúria e saudade, sua boca não abandonou a minha por nenhum segundo, separamos para respirar e explorar nossos corpos, suas mãos eram firmes e decidida.
Eu não sabia explicar o quanto estava sendo especial para mim. Estávamos tão conectados e envolventes que ele nem se lembrou de se proteger, eu também não liguei muito.
Eu só queria compensar o tempo perdido sem seu corpo junto ao meu.
Ele entrou em mim lentamente e eu fechei meus olhos, aproveitando de cada sensação, de cada célula se abrindo para recebê-lo.
Enterrou sua cabeça no meu pescoço e apertou forte minha cintura, entrando por completo em mim. Gememos no mesmo instante. Agarrei seus ombros e me deliciei de suas estocadas fortes em mim, de cada pedaço que ele me beijava e apertava.
Não iríamos aguentar muito, nossos corpos se contorciam e tremiam sobre o outro, mas não queríamos nos soltar.
Revirei meus olhos de prazer depois de uma sensação prazerosa, seu quadril revirava e fazia minhas costas arquear, totalmente entregue a ele.
Aumentou seus movimentos dentro de mim, fundo e forte, ele me beijou desesperado e separou bruscamente para gemer alto, totalmente entregue ao nosso prazer.
Eu não aguentei e fiz o mesmo, aproveitando de cada segundo dos nossos corpos juntos. Minha intimidade pulsava e eu suspirei cansada. Ele retirou-se de dentro de mim e deitou do lado direito da cama, me puxando pela cintura. Beijou meu rosto e falou no meu ouvido, me fazendo arrepiar:
- Te amo, meu amor.
E eu sorri. Eu sorri por quê mesmo perto da morte, ele foi o único que realmente se importou, me libertou, me salvou.
Grudei nossos corpos e beijei seu rosto.
- Você realmente me perdoou?
- Claro que sim, meu amor.
Meu amor...
Quanto tempo sem ouvir essas duas palavras, eu me encontrava no auge da felicidade.
Eu me sentia completamente feliz.
- Eu te amo, nunca duvide disso.
- Se você não rejeitar outro pedido de casamento meu...
Gargalhamos e eu bati levemente em seu peito.
- Estou brincando, linda.
Me aninhei em seus braços e pernas, e me senti leve com o toque dos seus dedos nos meus fios de cabelo.
Aquela sensação...
Mas me despertei, eu precisava falar uma coisa.
- ...
- Por que não me chama de amor?
- Você quer?
- Eu sempre quis, e sempre vou querer.
Sorri e puxei seus lábios com os meus.
- Eu quero dizer algo importante.
Ele me olhou sério, e respirei fundo.
- Eu errei, mas eu quero ser melhor a cada dia, por você e com você. Tudo é por você, amor... Eu... Você aceita casar comigo?
Ele ficou surpreso.
- Hum... Eu quero me casar com você, quero ser sua esposa, quero ter filhos lindos com você, quero te beijar todos os dias, quero sentir seu calor, seu amor, quero ser sua para o resto da minha vida. Aceita ser meu para sempre?
Ele mordeu os lábios e eu pensei que ele queria rir, mas então percebi que ele segurava as lágrimas. Até que elas caíram e ele me puxou para um abraço apertado.
- Eu te amo, amor. E quero ser seu pra sempre, quero ter filhos lindos na nossa casa, quero te amar, quero te abraçar, quero sentir você todos os dias. Minha linda.
Eu dei um sorriso largo. Mas tão largo que eu não sei como não rasgou meu rosto.
- Minha futura esposa maravilhosa, senhora , eu te amo.
- Meu futuro esposo lindo, maravilhoso , eu te amo também.
E nós abraçamos felizes e eu senti que aqueles braços eram o lugar certo que eu tinha que estar.
Ele era minha salvação, ele era minha luz na escuridão, meu refúgio, minha libertação. Ele era e sempre será meu tudo.




Fim.



Nota da autora: Olá, amores! Meu Deus, devo dizer que quase fugi completamente da letra da música, quase não entrego a tempo! Mas aqui está e espero que vocês tenham gostado, foi um pouco difícil escrever essa fic pelo fato de eu nunca ter feito algo com esse tema, e não ter um conhecimento geral sobre drogas e etc... Mas dei meu máximo! Gostei de escrever sobre esse casal, e adoro esse pp maravilhoso, e tudo nessa fic, comentem o que acharam, e se quiserem entrem no grupo no Facebook! Beijos.





Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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