FFOBS - 11. Menswear, por Luiza Souza


11. Menswear

Finalizada em: 19/08/2018

Capítulo Único

Bem, eu só trouxe três, não fica me olhando com esses olhos de cachorrinho ー Andy disse tirando as pílulas do meu alcance, ele era alto, muito alto quase-dois-metros tipo de alto e mesmo eu não sendo lá muito baixa ainda assim era uma distância razoável de onde o meu braço conseguia chegar perto das mãos dele. ー Ninguém sabia que você vinha , não é que eu não quero te dar, mas se eu der um para você alguém fica sem. E, sinceramente, não quero que esse alguém seja eu, odeio casamentos.
ーNinguém gosta de casamentos, Andrew ー respondi, ainda tentando alcançar a sua mão ーMas, eu realmente preciso disso, ok? Estou sob muita pressão. É um dia muito difícil para mim e eu preciso muito disso. Não seja malvado, você era tão legal.
ーEu era legal com a que eu conhecia, você é uma estranha agora, passou quase três anos fora, cortou o cabelo, está com essa tatuagem estranha no braço, quem é você? ー ele perguntou enquanto eu parava de me mexer, me sentindo realmente chocada pelas coisas que ele tinha dito, não que elas não fossem verdade, mas, era uma coisa completamente diferente ouvir isso da boca de outra pessoa, era a confirmação que eu era uma pessoa horrível. ーNem anda mais por aí com as próprias drogas.
ーEu não podia trazer as minhas próprias drogas, eu peguei um avião, não queria problemas com a polícia antes do casamento. ー me justifiquei enquanto recostava numa coluna com inspiração grega que os decoradores tinham colocado nos cantos da grande tenda, mamãe finalmente tinha realizado o seu sonho de um grande casamento ao ar livre.
ーBoto fé ー respondeu Andy pegando as pílulas e colocando de volta dentro do paletó pêssego que usava, aparentemente ele estava numa onda floral combinando com toda a decoração estranha da ocasião ー Onde é que você estava mesmo?
ーIrlanda ー respondi sem muito entusiasmo.
ーVocê vai voltar para lá depois disso aqui?
ーNão ーmurmurei de volta, tentando me esconder em sua silhueta magra.
Era o casamento da minha mãe. Todos os meus parentes possíveis reunidos. E eu não queria ver nenhum deles.
ーIsso é ótimo, finalmente vamos te ver aqui na terrinha, quanto tempo que você não mora mais aqui? Três anos? ーEu conseguia ver o quanto ele estava animado, suas bochechas até ficaram um pouco mais vermelhas que o normal que, de um jeito estranho, pareceu combinar ainda mais com toda a vibe flamingo dele.
Andy era um típico garoto rosa, ele era tão branco que ao menor sinal de sol ele se tornava completamente cor de rosa, até mesmo o seu cabelo que era loiro, cor de palha sempre parecia avermelhado como se sempre estivesse à beira de uma insolação. Era bom ver que nós nos últimos quatro anos, o adolescente que se escondia por baixo de diversas camadas de roupas e tecidos escuros finalmente havia aceitado e incorporado essa parte de si, era quase hipnotizante vê-lo tão bem consigo mesmo. Doía saber que eu não estava lá para ver isso acontecer.
ーQuatro anos ー Corrigi.
ーNossa, o tempo passa voando ー Andy sorriu em minha direção, esticando a sua mão e pegando duas taças de espumante cor de rosa do garçom que passava por perto e me entregando uma taça ー Você ainda está namorando aquele cara, como era o nome dele? Troy?
ーNão, nós terminamos e não falamos mais sobre isso.
O fato era a cachorrinha do Troy nos últimos quatro anos."Ei, que tal se mudar pra Irlanda para morar com o Troy?" "claro" "que tal brigar com quase toda a família por um cara?" "claro que sim" "você vai se foder? " "claro que não" bem, eu estava errada.
Peguei a taça rapidamente colocando na boca tomando metade do seu líquido rapidamente, faziam-se anos que eu não bebia nada propriamente A única droga que nós precisamos é o amor baby, era o quero Troy me dizia, bem, quatro anos na droga do amor e eu estava mais fodida que qualquer viciado em crack. Eu não tinha um emprego, um lugar para morar, meu saldo bancário estava no vermelho, não tinha certeza se a minha família me aceitaria de volta e a minha dignidade estava em algum lugar no fundo das fossas marianas.
ーTão ruim assim? ー Andy disse me segurando pelo cotovelo e lentamente me guiando até uma mesa num dos cantos da tenda.
ーSim, tão ruim ー me sentei numa cadeira macia enquanto o rapaz se sentava ao meu lado ーEu estou tão ferrada.
Eu disse, de olhos fechados.
ーEu sempre me fodo, mas dessa vez eu estou vendo como eu estou realmente fodida.
ーIsso não é verdade ー Andy respondeu meio embolado, com a taça em sua boca.
ーÉ sim Andy, eu saí de casa, eu nem comecei a fazer faculdade, estou quebrada e minha única perspectiva de emprego no momento é um pub sujo ou o McDonald's.
, mantenha a classe, McDonald’s não, Burguer King é um pouco mais digno.ーVirei meu olhar lentamente o fuzilando por inteiro.
ーOu eu poderia ser Stripper.
Andrew revirou os seus olhos azuis cor de gelo.
ーEu tinha esquecido completamente o quanto você é dramática ー debochou o garoto cor de rosa, cruzando as suas pernas e olhando em volta, provavelmente atrás de mais espumante cor de rosa. ー sua família é rica, você é nova ainda tem a vida toda pela frente. Eu tenho certeza que Matty arranja alguma coisa para você, já falou com ele sobre isso?
Balancei a cabeça em negação, o que fez Andrew estreitar os seus olhos.
ーJá falou com Matty no geral?
Mordi a parte interna da minha bochecha tentando me esquivar da questão, mais um garçom passou por nós colocando duas fatias de bolo sobre a mesa.
ーComo você volta para casa e não fala com o seu irmão?
ーNa verdade eu não falei com ninguém.
ーEu sou a primeira pessoa que te conhece que você fala em o que? Duas horas de celebração da missa e festa?
ーTalvez.
Andrew colocou os cotovelos sobre a mesa redonda coberta por uma fina cobertura de um tecido que parecia seda branca, com um jarro em forma de árvore da vida num tom de pêssego.
ーEu falei com mamãe antes de entrar no avião.
ーNão conta ー cortou o rapaz ー Por que não falou com eles ainda?
ーVocê acreditaria se eu dissesse que eu estou com medo? ー perguntei, abaixando meu olhar até a barra do meu vestido floral azul claro ー Matty não vai me perdoar, e se eu não falar com ele eu não preciso lidar com isso.
Houve um silêncio ensurdecedor. Eu nunca tinha comentado com ninguém sobre isso. Esse era o real tópico de todo nosso afastamento, era a Sibéria da nossa relação, eu não sabia se ele podia me perdoar por ter saído de casa e deixado Louis, nosso irmão mais novo, sozinho com nossos pais se divorciando.
Quando nossos pais anunciaram o divórcio como se ele já não fosse eminente, Matty já tinha seu apartamento, eu ainda não deveria sair de casa, eu tinha bons planos que poderiam ser facilmente adiados e ficar com a minha doce e quebrada mãe, eu poderia ter ficado com Louis, cuidado dele e protegendo contra a forte de pressão de mamãe assim como Matty fez durante uma boa parte de nossas vidas. Mas, eu não era Matty. Eu nunca fui forte como ele é, ele era sua própria âncora enquanto eu era completamente dependente dele, ele era como o sol e eu mercúrio gravitando em sua órbita de calor e energia.
Eu gostava disso, ainda gosto, a falsa sensação de anarquia. Como se eu pudesse fazer qualquer coisa, quebrar qualquer regra ou parâmetro social e ainda assim tudo fosse ficar bem. Matty é titânio e eu cobre.
ーVocê realmente deveria falar com ele sobre isso, ele é seu irmão e ele te ama, eu sei que ele sentiu a sua falta esses anos, Matthew não pode ficar com raiva disso a vida inteira.
Eu sorri sem humor nenhum.
ーGuardar rancor é especialidade de Matty.
Andrew se aproximou de mim, colocando a sua mão sobre o meu joelho.
ーMatty te ama mais que tudo nesse mundo, você continua sendo a irmãzinha dele, só fale com ele.
ーÉ o dia da mamãe.
ーNão acha que o dia da sua mãe ficaria um pouco melhor com os dois filhos dela voltando a se falar? ー questionou o garoto.
ーNão quero falar sobre isso agora.ー respondi, olhando a minha volta em busca de rostos conhecidos e desconhecidos ー O que eu quero fazer agora é achar alguém para dar uns amassos com um desconhecido como uma pessoa normal.
ーIsso vai ser difícil, acho que metade dos seus ex peguetes estão aqui.
ーEntão isso vai ser fácil. ー repliquei, com um sorriso tímido brotando em meus lábios.
Meus olhos escanearam a tenda havia muito mais conhecidos do que estranhos naquele lugar teoricamente, seria fácil me distrair e fugir da festa tempo o suficiente para não ser confrontada por Matty.
Do outro lado do salão mamãe parecia radiante com seu novo marido, suas mãos em constante contato uma com a outra e quando as suas mãos não podiam ficar juntas os seus braços, cabeças ou quaisquer outras regiões dos seus corpos achavam um meio de se tocar. Eles se amavam.
O nascimento do amor é uma das coisas mais bonitas que se pode presenciar, o primeiro encontro, o primeiro beijo, as primeiras palavras bonitas. E, pela milionésima vez que meu avião pousou no aeroporto, eu me senti um lixo. Agora tudo parecia uma grande confirmação de como isso era verdade, como eu era de fato um lixo de pessoa.
ーEu preciso de alguma coisa mais forte ー falei para Andrew, que apenas acenou com a cabeça enquanto tomava um pouco da sua bebida de forma sensual, olhando um outro rapaz que estava duas mesas afastada de nós.
Open bar era a melhor coisa de casamentos, fiz o meu caminho rapidamente até ele desviando de todos os possíveis parentes com suas perguntas constrangedoras. Colocando os meus cotovelos sobre o bar eu sorri para o bartender.
ーO que eu posso lhe oferecer hoje senhorita? ー o moço com uma barba pontiaguda de cor escura me perguntou.
ーVocê tem sunset? ー perguntei olhando os seus braços a mostra coberto por tatuagens.
ーNão diria que é uma garota que gosta de rum ー o bartender sorriu para mim, seus olhos levemente comprimidos, como se estivessem me analisando ー Vou ficar te devendo um sunset.
Meu rosto se retorceu num biquinho, apoiando o resto do meu peso no balcão do bar.
ーO que você tem de mais forte aí para mim? ー perguntei em contrapartida.
ーGarota do céu, mal chegou e já está tentando um coma alcoólico? ー uma voz conhecida se esgueirou ao meu lado, .
Olhar para ele fez meu estômago por um segundo explodir em fagulhas de gelo, e, por quase um minuto eu não soube o que responder perdida na sua presença. Ele era o kit ideal para se ter uma crush. Mais velho, bonito, atencioso e amigo do meu irmão.
era tão tipicamente asiático em todos os traços do seu rosto, os seus olhos escuros em contraste com a sua pele levemente pálida, os cabelos escuros estavam muito mais curtos dessa vez do que nas minhas lembranças dele, seus lábios ainda eram levemente rosados e rechonchudos encontrando o caminho para as minhas bochechas e suavemente as beijando. Eu me senti como uma adolescente de novo.
ーÉ sempre um bom tempo para um coma, consegue imaginar passar do mínimo de oito horas de sono? ー respondi, ainda me sentindo meio abobada, riu colocando uma de suas mãos sobre a minha cintura, meio casualmente.
Tudo sobre ele era meio casualmente, o perfeito equilíbrio entre um gesto casual e algo profundamente premeditado. Yin e Yang em forma de agir, eu costumava me perder na sua dualidade.
ーDormir? Nunca ouvi falar dela, quem é? ー respondeu, tirando as suas mãos do meu corpo e ficando ao meu lado, me inclinei levemente na direção do copo que estava ao seu lado, agora posicionado sobre o balcão.
ーO que está bebendo?
ーBourbon.
Minha atenção se voltou ao bartender.
ーEu vou beber o que ele está bebendo.
Prontamente o rapaz na minha frente colocou um copo de vidro sobre o balcão servindo a bebida junto com algumas pedras de gelo. No final do processo eu o agradeci, pensando como eu me afastaria de e voltar a minha caçada por alguém para transar e dar o fora do casamento.
ーEntão…
ーOnde você esteve? ー me perguntou antes que eu pudesse falar qualquer coisa. ー O pessoal comentou que você estava na Tailândia, mas você não está bronzeada nem nada, então suponho que seja mentira.
ーO que porra eu faria na Tailândia? ー O rapaz tomou um gole da sua bebida, escondendo um sorriso.
ーEntão estava realizando o seu sonho de ser uma artista em Paris? ー meus olhos se estreitaram.
ーPor que você achou que eu estaria fazendo isso? ー respondi, sentindo uma sensação de inquietude tomar conta do meu corpo.
ーVocê sumiu, você é uma boa desenhista, sempre falou que gostaria de morar em Paris, viver da sua arte.
ーComo você sequer se lembra disso? ー sorri, recostando a lateral do meu copo nos meus lábios.
ーPor que eu me lembro das coisas, uma das vantagens de prestar atenção nos detalhes. ー me respondeu, diminuindo o som da sua voz conforme a música de fundo diminuía para algo mais calmo. ー Quer dançar?
Meus olhos se desviaram do rosto dele para a pista de dança, onde mamãe e seu novo marido rodopiavam, lentamente mais casais se uniam a eles.
ーAcho melhor não.
ーPor que está tão inquieta, ? Não parou de se mover um segundo desde que eu cheguei, eu estou…?
ーNão! ー me exasperei ー Você nunca incomoda, casamentos me deixam nervosa.
ーGostaria de ir para fora da tenda? Tomar um ar fresco?
ーIsso seria maravilhoso.
Segurando uma de minhas mãos me guiou pelo aglomerado de pessoas entrelaçando suavemente nossos dedos, e, mais uma vez eu não sabia se era algo casual ou calculado de sua parte. Seu dualismo mais uma vez confundia meus pensamentos. Mas, com nossas mãos juntas era bom. Me lembrava tempos antes de eu foder com tudo.
Do lado de fora a brisa de verão acariciava nossos rostos, jogando meus cabelos em todas as direções possíveis, era quase como o verão de muitos anos atrás quando ainda éramos adolescentes, antes de eu conhecer Troy, antes de eu me mudar pra Irlanda, quando eu achei que o verão podia durar para sempre, só eu o que viesse pela frente. Ele me guiou até uma parte mais afastada da tenda, um tronco retorcido no chão onde nos sentamos.
ーEu estava na Irlanda ー lhe informei, observando ele esticar o seu paletó, procurando algo lá dentro.
ーO que caralho tem na Irlanda? ー respondeu, puxando um cigarro e colocando entre os seus lábios.
ーMuita gente ruiva, batata, whisky artesanal e muito célticos.
ーMas por que?
ーNão sei ー respondi com sinceridade, mesmo depois de anos eu ainda não sabia por que eu tinha ido embora, eu sabia que não conseguia lidar com o divórcio, que eu não conseguiria lidar com tudo que eu conhecia de família ser destruído. Mas nada disso era uma boa razão para fugir sem dar notícias, não era um bom motivo para aparecer de volta do nada. ー Eu realmente não sei.
ーVocê pelo menos viu um gnomo? ー ele perguntou, mesmo a sua expressão estando tranquila, como se falasse muito sério o humor estava na sua voz.
ーNenhumzinho.
Ele sorriu, colocando uma de suas mãos sobre o meu joelho.
ーSenti sua falta, . ーSeu olhar em mim estava sério, seus olhos escuros atraindo os meus de forma hipnotizante.
ーSenti sua falta também, . ー respondi, sentindo meu coração palpitar, como se estivesse tremendo, levitando dentro do meu corpo. Já tinha se passado tanto tempo como eu ainda me sentia desse jeito sobre ele?
Suas mãos macias sobre o meu corpo, os olhos dele nos meus me faziam esquecer de tudo, era como se naquele momento só restasse nós nesse lugar, não haviam preocupações.
Suavemente ele se aproximou de mim, colocando sua boca sobre a minha, como um sonho, suas mãos avançaram sobre o meu corpo, tocando o meu rosto, instintivamente minhas mãos tocaram seu cabelo, seu rosto, suas costas, cada pedaço que eu podia tocar, sentir, eu sentia como se quisesse consumi-lo, fazer dele uma parte de mim, nunca mais soltar.
Apesar da minha intensidade mantinha a velocidade do beijo calma, como se estivesse apreciando o momento, se deliciando nele enquanto a chama que ele havia despertado em mim crescia cada vez mais, como se quisesse me consumir, me destruir.
Eu me afastei, mantendo nossas testas coladas minha respiração pesada.
ーVocê ainda me ama? ー perguntei, meu cérebro em curto circuito.
se afastou completamente de mim, se colocando de pé, pela primeira vez parecendo nervoso, ou até mesmo irritado.
ーO que? ー ressoou, era uma pergunta que eu sabia que ele realmente não queria uma resposta. ーVocê sumiu , você me deixou para trás.
ーEu sinto muito, eu não deveria.
ーNão, eu que não deveria, mas eu queria te entender, por que você fez isso comigo, com todo mundo, nós ficamos preocupados, procuramos por você, de repente você surge em algum lugar avisando que fugiu com outra pessoa, tem alguma ideia de como eu me senti? Eu achei que você gostasse de mim, achei que agora... ー ele sorriu amargamente, colocando as suas mãos na sua cintura ー Achei que você estaria diferente, que talvez as coisas entre nós pudessem ser boas, mas você me pergunta isso, se eu ainda a amo depois de você ter me traído, me abandonado como um idiota. Você já me amou em algum momento ou eu era apenas mais uma distração?
saiu, pisando forte me deixando sozinha naquele lugar, meu coração que antes tremia de felicidade agora parecia pequeno, vazio. Eu entendia o motivo dele ter reagido de tal forma, no fundo eu sabia que merecia aquilo, eu merecia pior, mas o sentimento de culpa não evitou que as lágrimas chegassem aos meus olhos. Era difícil saber se era pior voltar e ter que lidar com tudo isso ou realmente sumir de vez.
ーVocê está horrível ーUma voz perto de mim disse, obviamente a última pessoa no mundo que eu gostaria de ver agora, Matty, meu irmão.
ーObrigada por reparar Matthew, é bom saber que tanta erva não ferrou com seu cérebro e você ainda pode reparar nesses detalhes e segurar uma colher, me responde uma coisa você ainda consegue segurar seu amiguinho quando vai dar uma mijada? ー ele me olhou de canto com aquele sorriso sacana que eu nunca consigo tirar do rosto dele.
ーSim maninha, obrigada por se importar, mas mesmo se eu não conseguisse segurar o meu pau eu teria uma fila de garotas que adoravam segurá-lo.
Eu franzi o nariz e coloquei a língua para fora com a imagem mental garota qualquer tocando nele.
ーVocê é nojento ー Sussurrei limpando o meu rosto e tentando ignorar as respostas espertinhas dele.
ーAchei que você me ligaria por uma carona. ー eu revirei os meus olhos.
ーAgora não Matty, eu realmente não preciso mais ouvir sobre essas coisas hoje, eu só quero ir embora.
ーVocê acabou de chegar ー ele respondeu sua voz soando meio desapontada.
Levantei o meu rosto vendo um feixe de luz refletindo no seu rosto, colocando um tom avermelhado no rosto dele, e, nas minhas analogias Matty sempre é o fogo. Ele é quente, despretensioso, tem uma plena noção do seu poder, sabe que ele é o calor que dá a vida e que pode tirá-la. Ele pode construir e pode queimar.
Matty é o fogo límpido e eu sou a fumaça que ele emite, por mais que fujamos sempre terminamos juntos, ele é a minha âncora quando tudo vai para merda é com ele que eu me reestruturo.
ーVocê não tem que sentir pena de mim, Matty.
ーComo eu não vou sentir pena de você? Eu sou seu irmão mais velho, eu sou totalmente incrível, você tenta, como não sentir pena? ー respondeu, num tom brincalhão.
ーBabaca.
ーEu sou uma estrela do rock.
ーVocê é um bundão.
ーE eu não estou bravo com você, se for por isso que você está me evitando. ー ele disse, se sentando ao meu lado no lugar que minutos atrás estava ー Eu realmente não estou, só senti muito a sua falta.
ーPode me perdoar?
ーNão tem nada a ser perdoado, você é minha irmãzinha, eu costumava entrar em brigas para te defender, a menos que você vire neo nazi, não tem nada no mundo que você possa fazer para eu não te desculpar ou sentir alguma coisa negativa em relação a você.
Meus olhos se encheram de lágrimas novamente, me inclinei em sua direção, me apoiando em seus ombros, senti os braços dele a minha volta. Ele cheirava a cigarro e perfume.
ーTe amo ー sussurrei.
ーVamos dançar, tem um monte de gente para você ver e muita vergonha para nós passarmos. ー Ele respondeu me passando uma garrafinha levemente aberta, peguei a garrafinha de sua mão aproximando do meu nariz, era sunset.
As coisas iam ficar bem.


Fim



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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