Última atualização: 12/04/2018

Capítulo Único


O despertador toca, minha cabeça dói, a preguiça toma conta de meu corpo e me nego a levantar. A minha cama com certeza não ajuda a acabar com essa mania de dormir até tarde, eu poderia ficar deitado para sempre. Minha mãe sempre disse que eu deveria me casar com a cama, ela é perfeita pra mim, não há nada que eu queira mais do que ficar sozinho, beber até estar vazio, ficar fora até tarde, beijar todas as mulheres, acordar ao meio-dia e, claro, casar com a minha cama! Ponho-me a sorrir, deitado de barriga para cima, a observar o teto iluminado pelos raios de sol a adentrar pela fresta da cortina mal fechada. Depois de tanto repensar as baboseiras de minha vida, finalmente tomei coragem de abandonar minha fiel companheira e seguir em direção ao banheiro.
No relógio da sala, já passava das três da tarde. Após ter acordado e ido ao banheiro, fui à cozinha, preparei uma daquelas comidas prontas congeladas e saciei-me. Agora, sentado no sofá, assisto a um jogo de futebol qualquer sem prestar muita atenção, estava me sentindo meio estranho hoje, como se alguém tivesse me desligado da tomada. E, por incrível que pareça, hoje eu também não estava muito a fim de curtir à noite, mas eu teria que cumprir com a promessa feita aos caras, era a nossa noite. Tom, meu amigo de longa data, havia acabado de terminar com a namorada e o resto do pessoal marcou um encontro para encher a cara e tentar alegrá-lo um pouco.
Não vou mentir, não sei como e nem tenho vontade de ajudar com assuntos amorosos, porém Tom é meu amigo, acho que só ficar do lado dele o escutando já é o suficiente. Eu nunca fui um cara de namoros, só encontros casuais, e não sou assim por que gosto de ser cafajeste ou qualquer adjetivo para alguém que não goste de um relacionamento sério e vive saindo com várias. Eu acredito que estou mais para um cara indefinido, eu gosto de estar sozinho, também gosto de companhia, mas só para esquentar a cama. Não me vejo casando e tendo filhos, eu só quero continuar a curtir e descobrir a música que há dentro de mim. E tudo o que passamos nessa vida são ensinamentos, talvez com essa vivência livre que me proponho a curtir, eu possa conhecer mais do mundo e ter infinitos momentos, diferentes emoções que me conectam com o “eu inspiracional interior” e assim possa agraciar outras pessoas com músicas cativas. Ouço o barulho do toque do meu celular no quarto e me direciono ao cômodo para atendê-lo.
– Alô? – , cara, você passa aqui em casa? Tô sem carro, tive que pôr para consertar! – James, um dos meus amigos da época de ensino médio.
– Sim, claro! Mas ei, James, você dirige muito mal, toda hora você enfia esse carro em um poste diferente! – disse, provocando meu amigo.
– Eu só não te xingo porque senão você não me dá carona! Enfim, passa aqui às 20 hrs!
– Já falou para a Beth que você vai chegar em casa rebocado hoje? – Beth era a esposa de James, já estavam casados há dois anos.
– Ela sabe! – Sei… Tô vendo você apanhando já! Da última vez você não falou para ela…
– Eu esqueci, porque naquele dia ela estava de plantão no hospital, mas hoje ela não trabalhou, então fiquei o dia todo enchendo o saco dela, cozinhei, lavei banheiro... haha.
– Nem acredito que você está tão algemado assim… Quem te viu, quem te vê! – James era pior do que eu até conhecer Beth na faculdade, ele a empurrou no chafariz da universidade sem querer, mas até se explicar foi uma confusão e enfim… deu no que deu.
– Não enche, ! Eu sei que você vai ser domado também, já está na hora, não acha? Chega de galinhar, amigo! Já está chegando nos 30, idoso!
– Ok, ok, James, você sabe muito bem que isso vai ser difícil, e eu estou mega feliz, não preciso de ninguém, me divirto muito sozinho. Enfim, vou desligar, vou tirar um cochilo.
– Tchau, e não se atrase, seu besta!
Desliguei o telefone e deitei na cama, não sei porque, mas hoje eu estava me sentindo completamente indisposto.

Estrada, carro, arbustos, vento, velocidade…
Meus corpo adorava sensação de dirigir em alta velocidade com as janelas abaixadas e o vento assobiando em meus ouvidos. O rádio tocava uma música que nunca ouvi antes, mas parecia ser sobre algum tipo de liberdade, não conseguia entender a letra, mas a melodia eu conseguia escutar e era muito boa.
A música parou do nada e eu percebi que não estava sozinho no carro, olhei para o lado e havia uma mulher sentada na janela com metade de seu corpo para fora do carro, ela parecia estar curtindo bastante. Seu rosto eu não podia ver, mas eu podia sentir que ela estava sorrindo e, só de pensar, eu acabei sorrindo também. Eu estava feliz de não estar sozinho. Foi então que virei minha atenção para a estrada novamente e só consegui ver faróis em nossa direção, e foi tudo muito rápido. O carro rodava na pista, e então virou, começou capotar, e eu não conseguia olhar e ver se a mulher que estava ao meu lado estava bem. Fechei meus olhos e, quando os abri, estava no carro novamente, mas ele continuava da mesma forma que antes da batida, em velocidade e com as janelas abaixadas. A música começou a tocar novamente, mas dessa vez ela fazia eu me sentir triste e vazio, e menina não estava ao meu lado…


Acordei suando, estranhando o sonho. Não sei se chamava de sonho ou pesadelo, mas ele me deu uma inspiração para compor. Eu não conseguia lembrar a letra da música que tocava no rádio, mas conseguia lembrar das principais notas da melodia. Levantei-me da cama e fui em direção ao meu mini estúdio, em casa. Peguei meu violão e fiquei fazendo combinações, arranjos da música, mas ela parecia incompleta tanto em melodia quanto em letra, então deixei a composição de lado e finalmente fui me arrumar para sair com os caras. Faltavam 30 minutos até o horário combinado para buscar James, mas eu já estava sem paciência. Tranquei o apartamento, peguei o elevador até a garagem, tirei o carro e fui em direção à casa dele. A distância entre minha casa e a de James não era muita, em vinte minutos cheguei à casa dele, desci do carro e fui em direção à porta, tocando a campainha. Quem atendeu à porta foi Beth, ela era incrível, James foi sortudo, dentre todas as namoradas rolos de meus amigos, ela era a garota mais incrível daquele bando, posso sem dúvidas dizer que a considero como amiga.
– Oi, ! Como você está? A princesa demorou milênios no banho, mas já está terminando de se vestir, entre um pouco! – ela disse sorrindo.
– Oi, Beth! Eu não queria incomodar, mas, já incomodando, vou invadir a sua sala! – disse rindo e me encaminhando para a sala da casa de Beth e James.
– Eu só não te dou uns tapas porque estou com a mão suja, estava fazendo torta de limão! Você deveria nos visitar mais vezes, fica nessa sua vidinha de lobo solitário… Não sei como aguenta! – ela se caminhava para a cozinha, que tinha uma abertura para a sala.
– Sabe como é, Beth… Eu gosto de ficar sozinho, seguindo meu caminho, fazendo tudo “on my own”, sabe? – esparramado no sofá da casa enquanto conversava com Beth em outro cômodo.
– Eu acho que esse lobo tem medo de encontrar seu caçador…
– Não tenho medo, só não me vejo, não tenho a necessidade de formar uma família – bufei.
– Não há porquê viver com medo do provável, assim como você caça, pode acabar sendo caçado. Vai que, sei lá, você encontre alguém e essa pessoa fique louca por você? Eu só quero ver o brutamontes negando algo a alguém… Você é muito besta, aposto que vai ceder esse coração rapidinho! – pude ouvir a sua risada.
– Pode rir, Beth… Vai rindo e imaginando coisas, é assim que você passa os dias? Fantasiando a vida dos outros?
– TÔ PRONTO! – James praticamente berrou do andar de cima.
– Aleluia! Achei que daqui a pouco Beth traçaria meu futuro amoroso através do horóscopo! – James foi em direção à cozinha e se despediu de Beth com um beijo, eu já estava de pé perto da porta.
– Tchau, Beth!
– Tchau, ! Se cuida! E, James, volta inteiro, você sempre volta estuporado!
– Tá bom, amor! – berrou James antes de fechar a porta de casa e se encaminhar para carro.
– Onde é que vamos mesmo? – perguntei.
– Naquele pub novo que todos estão comentando que é muito foda, perto do banco lá no centro!
– Ah tá, sei onde é! Veja se alguém mandou alguma mensagem.
– Tom disse que a galera já está toda lá!

O resto do caminho foi tranquilo, ligamos o rádio e a música era muito boa. Nem percebi que já estávamos próximos, até James berrar. Estacionei o carro e então adentramos aquele lugar. Era bem rústico por fora, mas, por dentro, era super moderno e grande. Havia uma parte para dança, uma para jogos, uma mais tranquila e a parte característica de um pub: o bar um pouco mais escuro e suas cadeiras de madeira. A galera estava na parte do bar, onde ficavam as mesas maiores, rapidamente avistei Tom, Rony, e Oliver. Nos juntamos à mesa, e começamos a beber.
– Mas diga aí, Tom, como você está? – perguntei.
– Eu tô bem, Julie e eu terminamos há 3 semanas, vocês cagaram pra mim no dia que eu disse que havia terminado, não entendi esse “encontro para deixar o Tom feliz”.
– Hahaha, pois é, cara, é que eu achei que não saíamos há tempos e usei desse pretexto para nos reunir, se eu falasse para Jessica que era só uma noite de bebedeira, ela iria querer vir, eu queria uma noite “dos caras” e não noite dos “comprometidos”. – Oliver disse, sorrindo.
– Mas que cara sem vergonha! Meu Deus, esse é esperto. Cuidado, vacilão morre cedo, hahaha! – Rony brincou
– Fomos todos trollados pelo Oliver de novo! Enfim, adorei, vamos encher a cara por favor! – ergui meu copo e todos fizeram o mesmo.
– Então no bonde dos garanhões só tem o James e o Oliver acorrentados? – Rony.
– Pois é! – James.
– Quem será o próximo acorrentado? – perguntei.
– Você! – todos em uníssono.
– Nossa senhora! Que praga é essa, galera? Eu amo vocês, pô, cadê a “brotheragem”?
, a gente tem quase certeza de que você é quem vai se emaranhar nessa confusão que é mulher! – Tom.
– Aham, sei… – revirei os olhos.

Depois de bebermos horrores, fomos todos para a pista de dança. Dançamos e conversamos loucamente até quem Tom teve que levar James e Oliver para casa, pois estavam mega bêbados, e Rony foi embora junto para ajudar. Minha noite mal tinha começado, eu preferi continuar alí, o ambiente estava agradável e eu me sentia solto. Pela primeira vez na vida, eu estava dançando por mim e me divertindo por mim, e não para me engraçar para alguém, eu não tinha objetivos para aquela noite a não ser ficar muito louco.
Foi então que eu ouvi um alvoroço no canto da pista e me aproximei, havia uma garota dançando livremente no pole dance, ela parecia leve, não parecia estar bêbada, mas sim feliz. Saí do tumulto que ela havia causado e voltei para o bar, para beber mais algumas. Até que percebo alguém sentar na cadeira ao lado da minha, era aquela mulher que estava dançando. Ela então puxou conversa.
– Afogando as mágoas em bebida? – ela disse e logo após bebeu algo que havia pedido ao barman.
– Não, estou bebendo por mim mesmo, porque quero. – disse um pouco ríspido.
– Não parecia que você estava lidando com algum dilema enquanto dançava, mas agora, falando com você, vejo que alguém pisou no rabo do lobo. – ela disse revirando os olhos e veneno novamente.
– Humpf, lobo… Estou escutando muito isso hoje. Enfim, não estou magoado.
– Só tá sem foder mesmo. Homens! Vocês reclamam de nós, mulheres, mas são insuportáveis quando ficam sem foda.
– Quem é você pra ficar falando merda? Você nem me conhece.
– Se você está dizendo… Eu sou a , eu só falo o que quero falar, não preciso ser “alguém importante” para dizer o que quero dizer. – encabulado, virei-me em sua direção.
– Licença, mas você é maluca! Me deixe em paz.
– Vou, sim, mas cuidado para não pensar em mim quando estiver batendo punheta. – ela terminou a bebida, deixou o copo na bancada, deu uma piscadinha e voltou para a pista de dança.
Que garota louca! Continuei ali no bar, bebendo por mais um tempo, até que decidi ir embora. Se fosse outro dia, eu com certeza teria aproveitado mais, mas aquele dia estava muito estranho. Paguei o que devia e saí do pub. Assim que saí, me deparei com alguém que estava apoiado no meu carro fumando… maconha? Não era cigarro normal, pode apostar nisso! Me aproximei mais um pouco, até que percebi que esse alguém era ela. A garota do bar e do pole dance, a tal maluca da .
– Posso saber por que você está, tipo, apoiada no MEU carro ao invés de outros? – perguntei, indignado.
– Ah, era seu o carro? Eu só gostei da cor dele, então eu decidi ficar por aqui. – ela não estava nem um pouco em si.
– Tá, mas eu gostaria de ir embora, você pode sair de cima da porra do meu carro?
– Uh… ele é muito nervosinho, quer dar um tapa? Você precisa relaxar! – ela me ofereceu seu cigarro suspeito, eu estava nervoso e um pouco alterado por causa da bebida e não neguei a sua oferta. – Isso, te garanto que vai ficar melhor!
– Cara, quem é você, sério? Isso tudo é muito louco. – perguntei ainda desfrutando do cigarro.
– Já te disse quem eu sou, a ! E só! Mas, e aí, vamos dar um passeio? – ela saiu de cima do meu carro, veio em minha direção e começou a procurar algo em meus bolsos.
– Ei, o que você está fazendo?
– Relaxa, não vou te assaltar! AH! Achei, só queria isso! – ela balançou a chave do meu carro e saiu em direção à porta do motorista, eu imediatamente fui atrás dela e então a segurei.
– Cara, você está mega louca, eu não vou deixar você dirigir meu carro, caralho! Eu dirijo! – eu não estava mais respondendo por mim e tudo aquilo parecia uma aventura suicida, não sabia onde estava me metendo, eu só estava indo. – Beleza, ! – ela se soltou de meus braços e passou a mão em meus ombros. – Até que você dá pro gasto, vamos, eu quero ir à praia! Me leve! – ela continuou com as mãos em meus ombros e sussurrou em meu ouvido, eu estava sendo afetado de uma forma que não sabia explicar, talvez tivesse sido a bebida, ou a droga, ou os dois. Então peguei as chaves da mão dela e entrei no carro, ela deu a volta e entrou do outro lado.
– Cara, estamos muito loucos! Isso é doideira! Mas eu não estou nem aí. – liguei o carro e saí dirigindo.
– UHUL! É doideira, sim, mas é só você não matar ninguém, aí fica tudo tranquilo! – ela ria sem parar e cantarolava alguma coisa que eu não conseguia entender – Ei, liga esse rádio!
– Liga aí, eu tô vendo tudo na minha frente menos a estrada, cara, eu tô muito doido!

A praia era longe e a estrada escura, e tinha muitas árvores. Parecia a estrada do meu sonho. , ainda cantando a música que tocava no rádio – a qual eu não conseguia entender, pois estava muito fora de mim –, abaixou o vidro do carro e pôs seu corpo para fora, exatamente como no sonho, mas, diferente dele, eu conseguia ver o sorriso dela, era… bonito?! Ei, ei, se acalme, lembre-se: sem adjetivos, sem perguntas, não vai haver nenhuma criação de laço.
Lembrei que no sonho o carro colidiu, então voltei minha atenção para a estrada novamente e pude perceber que estava na pista errada, logo pus o carro na via correta e, alguns minutos depois, um caminhão passou. Estranho, isso está muito parecido com o sonho.
– Ei, você tem belos olhos. – disse , tirando-me de meus pensamentos.
– Obrigado, eu acho?! – disse sem jeito.
– Estamos quase chegando e eu estou começando a ficar sóbria, aff… Mas, não se preocupe, eu tenho mais algumas coisas ilegais. – ela sorriu maliciosamente para mim, quem era essa garota?
– Você é muito louca, e eu sou mais louco ainda por estar indo até a praia a essa hora com você. Aliás, como sabe meu nome?
– É porque eu sou uma espiã! – ela colocou o dedo indicador rente a sua boca – Shhhhh, não conta pra ninguém! – e começou a rir.

Chegamos à praia, estacionei o carro e descemos dele. A lua estava linda e reluzia no mar. O clima estava agradável e o som das ondas era reconfortante. tirou um isqueiro de sua bolsa e outro cigarro suspeito, e o acendeu.
– Você é o diabo em pessoa, garota! – disse a ela enquanto acendíamos o cigarro, sentados na areia da praia.
– Sim, pode apostar, prazer , o diabo em pessoa, hoje vim em sua direção! – ela me estendia a mão e eu só consegui reparar nos seus cabelos ao vento e seu rosto iluminado pelo brilho da lua, ela era bonita, eu devia estar muito “alto” para admitir a mim mesmo, mas ela era linda, ela era...
– Meio que meu tipo. – disse em voz alta sem perceber.
– O diabo aqui? – ela sorriu, com os olhos quase fechando, ela também estava muito “alta”.
– Eu disse alto sem querer, mas é isso mesmo! – sorri e provavelmente meus olhos quase se fechavam também, devido ao efeito da droga.
– A gente está tipo a música da Lana Del Rey, “High by the beach”, isso é incrível! – gargalhamos juntos, sem entender direito o porquê. – Seus olhos estão mais brilhantes do que nunca, eu gosto da cor deles! São lindos.
– Eles não são nada comparado a você – estava muito louco, mas estava falando a verdade. Então se inclinou e me beijou.
Um beijo nada calmo, mas perfeito para aquele momento, não demorei e a segurei pela cintura, coloquei-a em no meu colo e continuamos a nos beijar fervorosamente. As carícias e os beijos foram ficando mais quentes e eu senti a necessidade de passar as minhas mãos por debaixo de sua blusa, ela então fez o mesmo. Nossas mãos deslizavam sobre o corpo um do outro e então começamos a nos despir, até estarmos completamente nús, levei-a até o capô do carro a deitei nele. Distribuí beijos em seu pescoço e fui trilhando um caminho pelo seu corpo, logo em seguida chegando aonde devia. Ela agarrou meus cabelos e eu continuei a acariciá-la, até que se sentisse satisfeita. então desencostou seu corpo do capô do carro e me beijou. Em seguida, abaixou e trabalhou aonde meu corpo ansiava pelo dela. Impaciente, a segurei pela cintura, apoiei novamente seu corpo ao capô do carro e então a penetrei. Foram longos momentos de prazer na madrugada, até que acabamos deitando na areia e cochilando até o sol começar a incomodar as nossas vistas.
Acordamos a observar o sol nascer e as ondas do mar, até que correu em direção ao mar e me puxou, eu fui obrigado a segui-la. A água estava gelada, mas nós acostumamos à temperatura.
era louca, mas eu estava gostando dessa loucura, me senti bem ao lado dela, esse “encontro” havia sido imprevisível de todas as formas. Ela jogava água em mim e eu retribuía a brincadeira, tentávamos afogar um ao outro. Parecíamos “juntos”... Prefiro nem pensar em outras palavras além dessa, mas esse momento que eu estava vivendo era diferente, e não sei dizer o porquê.
– É, parece que você não foi para casa se divertir com sua mão ontem! – ela disse, interrompendo meus pensamentos.
– Pois é! Eu fodi com você, e não pensando em você. – disse, chegando mais perto dela e segurando sua cintura.
Eu acho que o termo certo é “ fodeu você”! – ela me deu um beijo e separou nossos corpos em seguida, caminhou em direção ao carro e às nossas coisas, demorei um pouco a reagir, mas logo saí da água, tomando o mesmo caminho.

O trajeto de volta foi um tanto quanto silencioso, não foi estranho, só estávamos cansados e aproveitando a estrada. Ela, de vez em quando, olhava para mim, mas focava a sua atenção na paisagem da estrada, em respirar o ar puro e sentir o frescor do vento balançando seus cabelos. De vez em quando, eu me pegava a olhando também. Eu a deixei no endereço que ela me falou, ela me deu um selinho somente e saiu do carro sem olhar para trás, só estendendo a mão em um aceno, ainda estando de costas. Então eu a vi entrar no seu prédio, fiquei alguns minutos em frente a ele e só depois tomei coragem de sair com o carro dali.

Passaram-se alguns dias e semanas, e eu já havia saído algumas vezes com os caras e também fazia visitas aquele bar, não sabia o porquê disso, afinal só foi um encontro inusitado e maluco, não é? Um mês se passou e eu ainda me sentia estranho. Havia conversado com James sobre a situação e ele obviamente ficou dizendo baboseiras, que preferi ignorar. Uma belo dia, estava em casa no tédio, não havia saído com ninguém após e também não havia a encontrado em lugar algum. Lembrei-me do sonho que tive tempos atrás e da música que estava compondo, então fui em direção ao meu mini estúdio e comecei a ter inspirações para a letra da música.
À medida que ouvia a melodia, lembrava do sonho, lembrava da noite surreal com , lembrava do que senti e do que sentia agora. Mas, apesar de tudo, o que eu sentia, eu queria seguir meu próprio caminho, eu só queria estar sozinho. Terminei a música e fui dormir.

Eu estava em pé do outro lado da estrada e via o carro do sonho anterior já batido e esfumaçado, caminhei em direção a ele, lembrando que antes havia uma garota nele. Queria saber se ela estava bem. Quando cheguei lá, olhei o interior do carro destroçado e não vi ninguém. Eis que senti alguém tocar meus ombros, então virei-me. Era ela, , a menina dos meus sonhos, ela sorria para mim daquele seu jeito sapeca, e eu me senti confrontado. Ela era linda, mas um diabo, eu não a queria, não podia…
– Você poderia me oferecer o mundo, querida. Mas eu vou ficar só com isso… – eu disse a ela, segurando seu rosto, que ainda sorria.


Atordoado, era como me sentia ao acordar. Eu não sabia novamente como reagir a esse sonho, e o principal, eu não sabia o que estava sentindo. Eu só continuava a repetir para mim mesmo que estava tudo bem, que eu estava vivendo minha vida normalmente, mas por que estava me sentindo estranho? Sentia-me… incompleto?
É verdade que tinha me balançado, mas só ao ponto de compôr uma música! Afinal, músicos escrevem sobre suas experiências, não é como se eu tivesse algum tipo de sentimento concreto pela pessoa, eu só estava transpassando para a música os meus sentimentos em relação à minha vida pessoal e o meu jeito de ser. Mas por que, diabos, eu estava me questionando? Diabo… Me pego a sorrir, lembrando da analogia que ela fez a si mesma. Isso tudo é culpa dela, chega! Irei parar de pensar na mesma, ela não significa nada, só a vi uma vez!
Uma semana após o sonho, recebi um convite para tocar na inauguração de um novo bar na cidade. Já havia terminado completamente a música e pretendia tocá-la hoje. Me arrumei, coloquei o meu violão no carro e fui em direção ao tal novo bar. Meus amigos estariam lá, inclusive Beth, Jessica e Julie. Ela e Tom haviam reatado o namoro. Chegando ao local, a galera já estava lá então fui cumprimentá-los.
– Hey, ! Arrasa hoje! – Beth disse.
– Farei o possível! – disse sorrindo.
– Eita, mas o que temos aqui… Um humilde? O que aconteceu com você? – James brincou.
– Eu sei o que aconteceu, tô vendo que alguém amarrou o garanhão! hahaha – todos da mesa riram quando Rony se pronunciou me zoando.
– Ei, toma cuidado, Rony, ele vai ficar bravinho! – Oliver, ainda rindo.
– Ou! Tá bom, chega! Vocês são uns amigos horríveis! ahahah – Julie.
– Bom, seus malas, eu vou indo! – disse, sem réplica, não estava com paciência para explicar minha posição novamente.

Os equipamentos já estavam organizados e ligados, só faltava subir ao palco, e foi o que fiz. Cumprimentei a platéia que ali estava e pude ouvir assobios e alguns gritos de meus amigos. Comecei então a tocar as músicas que havia escolhido, algumas eram covers, mas a maioria era autoral. Decidi então tocar a música que recém havia saído do forno.
– Então, galera, hoje eu vou encerrar com uma música nova. Ela é a tradução do que eu sempre fui ao longo desses anos, e creio que muitas pessoas são ou já foram esse tipo de pessoa. Que nega a todo custo qualquer tipo de sentimento ou relacionamento, digamos que um pouco mais sério, e sempre foge. Acreditando que estar sozinho é a melhor opção! Pelo menos é isso que eu sempre me fiz acreditar e vivenciar. E, através de um sonho e uma pessoa em especial, eu me vi questionando se esse jeito que levo a vida é o melhor para mim. Então a música é sobre negar a todo custo esse lado “um pouco mais sentimental” e viver só para o eu interior e o que ele acha que acredita ser o melhor para ele. Ela se chama “On My Own”. – pude ouvir aplausos, alguns assobios e novamente barulhos de meus amigos.

(play)

Everybody's got somebody
I just wanna be alone
Well, I don't need no one
Have too much fun
Out here on my own
(Todo mundo tem alguém
Eu só quero estar sozinho
Bom, eu não preciso de ninguém
Me divirto muito
Por aqui, sozinho)


A imagem de com os cabelos ao vento vinha em minha mente e eu ainda não conseguia dizer o porquê, eu me sentia abalado. Eu não queria me sentir assim, mas parecia inevitável. Talvez se eu tentasse entender um pouco sobre essa contradição, que eu estava vivendo na minha própria vida através da letra dessa música, eu pudesse classificar esse sentimento.

I'll drink 'till it's empty
Stay out 'till it's dead
I'll wake up at midday and marry my bed
I'll kiss all the women
Get punched in the head
You could offer the world, baby
But I'll take this instead, yeah
(Bom, eu irei beber até estar vazio
Ficar fora até estar tarde
Eu acordarei ao meio-dia e casarei com a minha cama
Eu beijarei todas as mulheres
Levo um empurrão na cabeça
Você poderia me oferecer o mundo, querida
Mas eu vou ficar com isso)


Long came the devil, caught my eye
She's kind of my type
Chelsea baby drives me crazy
But there's one thing on my mind
(Depois veio o diabo, chamou minha atenção
Ela é meio que meu tipo
Garota de Chelsea me enlouquece
Mas há apenas uma coisa na minha mente)


Eu só queria me sentir como antigamente, mas eu não conseguia. Era como se tivesse me oferecendo o mundo, e eu negando o fato de talvez estar interessado em alguém. Afinal, eu sempre fiquei melhor sozinho! Eu poderia continuar bebendo todas, pegando todas as mulheres que eu quisesse. Mas por que eu não quero? , , não consigo te tirar da cabeça…
Você me deixa maluco, desde quando eu te vi naquele bar, eu senti algo estranho. E então você veio falar comigo. Você é imprevisível, maluca, toda errada... Bonita, cativante, vive sem se importar com o que dizem de você! Você se faz o diabo, mas é um anjo que caiu bem na minha frente e nega a sua pré-existência angelical. Seria você lúcifer? Estaria eu caindo junto a você?

I'll drink 'till it's empty
Stay out 'till it's dead
I'll wake up at midday and marry my bed
I'll kiss all the women
Get punched in the head
You could offer the world, baby
But I'll take this instead, yeah
(Bom, eu irei beber até estar vazio
Ficar fora até estar tarde
Eu acordo ao meio-dia e caso com a minha cama
Eu beijo todas as mulheres
Levo um empurrão na cabeça
Você poderia me oferecer o mundo, querida
Mas eu vou ficar com isso)


And if you ask me around
I should decline
Don't take it to heart
Your company's fine
But I get on better with mine
(Mas se você pedir para que eu fique por perto
Eu deveria negar
Não leve pro lado pessoal
Sua companhia é ótima
Mas eu fico melhor com a minha)


Everybody's got somebody
I just wanna be alone
(Todo mundo tem alguém
Eu só quero estar sozinho)


Estaria eu te amando? Mesmo tendo passado metade de uma noite e metade de um dia com você? Isso que me incomoda é amar você? Isso é algum feitiço? Eu não sei, mas vou descobrir. Você é meio que meu tipo. Você é única, não consigo me enxergar ao lado de ninguém... Estou eu amando? E logo você?

I'll drink 'till it's empty
Stay out 'till it's late
I'll wake up at midday and marry my bed
I'll kiss all the women
Get punched in the head
You could offer the world, baby
But I'll take this instead, yeah
(Bom, eu irei beber até estar vazio
Ficar fora até estar tarde
Eu acordarei ao meio-dia e casarei com a minha cama
Eu beijarei todas as mulheres
Levo um empurrão na cabeça
Você poderia me oferecer o mundo, querida
Mas eu vou ficar com isso)


Eu não sei... A confusão entre a razão e emoção é real, estou perdido, mas eu fico com o que tenho agora. As lembranças de você... Não sei se te encontrarei novamente, mas agora eu posso realmente dizer, eu nunca quis ficar sozinho. Nunca quis viver por mim mesmo, estava esperando viver por alguém, e esse alguém poderia ser você.

I'll drink 'till it's empty
Stay out 'till it's late
I'll wake up at midday and marry my bed
I'll kiss all the women
Get punched in the head
You could offer the world, baby
But I'll take this instead, yeah
(Bom, eu irei beber até estar vazio
Ficarei fora até estar tarde
Eu acordarei ao meio-dia e caso com a minha cama
Eu beijarei todas as mulheres
Levo um empurrão na cabeça
Você poderia me oferecer o mundo, querida
Mas eu vou ficar com isso)


A música terminou e meus questionamentos também. A platéia parecia ter gostado da música nova e meus amigos também. Mas agora que eu havia descoberto ter sentimentos por , eu me sentia um pouco estranho. Eu sabia o endereço dela, mas o que eu faria lá? Um homem dessa idade chegaria na porta de uma mulher, desesperado? Não! Eu preferia negar até a morte que estava sentindo algo por aquela mulher…
Eu me dirigi à mesa de meus amigos após sair do palco, ficamos conversando, mas com certeza todos perceberam que eu estava em outro mundo. Ficamos mais umas duas horas naquele bar, jogando conversa fora. E então a galera decidiu ir embora, mas decidi permanecer, bebendo mais algumas. Mais uns minutos se passaram e eu decidi ir embora. Peguei meu violão e fui em direção a onde o carro estava estacionado.
Quando cheguei lá, me deparei com o inesperado. Ou melhor, a inesperada e imprevisível .
Eu não sabia como reagir, então eu acabei sorrindo um pouco demais… Eu acho.
– OI! – disse, desfazendo o sorriso bobo da minha boca.
– OI! – ela também sorria, mas do jeito sapeca de sempre dela.
– Vejo que você veio me ver… Gostou?
– Umh... Náa! – ela fez algumas caretas e depois voltou a sorrir. – Seria melhor você não ter ficado emocionalmente atingido. Sabe, você estava cantando uma música de garanhão! Tinha que parecer um!
– Eu não estava conseguindo! – bufei em meio a um sorriso sem jeito.
– Eu vi! – do nada ficamos em silêncio por alguns segundos.
– EU… – dissemos juntos.
– Pode falar! – ela disse e eu percebi o seu rosto sempre confiante mudar de expressão, a qual eu não sabia identificar.
– Eu sei que pode ser doideira, eu tô “tacando” isso na sua cara do nada, mas eu me senti abalado na música porque estava pensando em você! – soltei de uma vez, e continuei. – Eu acho que esses dias eu tentei fazer de tudo, mas tudo me levava a pensar em você. E eu te acho maravilhosa, surreal, maluca... Mas eu também sou um maluco, e daqueles que se apaixonou com um encontro só, eu nunca achei que isso fosse acontecer comigo! E eu nunca achei que estaria dizendo isso na segunda vez que vejo a garota, no caso... você! Mas eu acho que posso estar te amando. – eu a vi ficar estática por segundos, até que ela respirou e se pronunciou sobre todos os meus sentimentos que desatei a falar.
– Eu não sei como te dizer isso, mas essa não é a segunda vez que você me vê. Você já me viu muitas vezes. – fiquei confuso com o que ela havia dito.
– O quê? – ela respirou fundo e soltou o ar pela boca após me escutar soar confuso.
– A gente... Nós estudamos juntos, . Mas eu nunca fui uma pessoa perceptível na sala. E, posso notar pela sua cara, você nem sequer me reconheceu. Mas eu já esperava isso. Eu nunca quis me fazer presente. Sempre te observei de longe e... Eu sempre te admirei, mas nunca cheguei de fato a falar com você! Era difícil gostar de uma pessoa que eu sabia que não dava a mínima para mim, mas não era culpa sua, era minha! Eu deveria ter me feito visível! – eu podia ver os olhos dela marejados.
, eu... – ela não deixou que eu terminasse.
– Você sempre foi um cara muito legal! E eu sempre acreditei que, de alguma forma, essa admiração que eu sentia por você seria retribuída. Eu sei que parece loucura, mas eu só deixei o tempo agir. Eu nunca te segui, ou stalkeei. Só deixei o tempo fluir, eu pensava que assim o sentimento que eu sentia sumiria e eu encontraria uma pessoa que gostasse de mim e vice-versa. Mas não aconteceu... Não sabia que você ia ao bar naquele dia. Mas, quando eu te vi, eu não resisti, eu tinha que falar com você de qualquer forma. Fiquei tão nervosa que devo ter agido como uma vadia, eu me contive por todos esses anos, não sabia se você se lembraria ou não de mim, não sabia se ainda te admirava, não sabia de nada. Mas, depois daquele dia, eu tive certeza... Desculpa, mas eu te amo! – ela disse, olhando para o chão. Limpei as lágrimas que desciam de seu rosto sem permissão e levantei seu rosto. Na verdade, eu lembrava da do ensino médio, mas a menina daquela época não existia mais, estava diferente, era uma mulher, incrível, assim como antigamente. Eu deveria ter percebido antes...
– Eu não te reconheci, ... Você está mudada, eu me lembro de você. Sempre te achei incrível, nunca quis te incomodar! Não era de meu feitio perturbar as garotas da escola, eu só estava sempre no meio da galera. E acabei me tornando "da galera" sem querer. Mas eu quero que você me perdoe! Perdão por demorar a retribuir, mas... Desculpa, hoje sou eu quem amo você! – eu a beijei suavemente, era surreal, a noite estava sendo surreal. Ela era surreal, e eu otário. Ela era brilhante e eu um merda. Eu não queria mais viver por mim mesmo nunca mais, eu não a merecia, mas eu a amava? Ela cortou o nosso beijo e então se afastou um pouco.
– Não foi de propósito, eu juro! – ela me olhou nos olhos, ainda emocionada.
– Não se preocupe, eu entendo! Eu também não quis ser um otário de propósito.
– Não é isso… Eu acho que... Eu estou grávida!

“Long came the devil, caught my eye. She's kind of my type. , baby, drives me crazy…”




Fim.



Nota da autora: Penei para finalizar em 2 dias! Queria escrever muito mais coisas. Mas gostei de terminar desse jeito! Foi um prazer escrever essa música da ficstape do Niall. Meus vizinhos já sabem a letra todinha da música!





Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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