Capítulo 1
Hamptons, NY.
10:01 PM.
— O que mudou nesse verão, ?
As palavras que simplesmente proferiu, com um aperto no coração seguindo da falta de ar conjunta do nó da garganta eram, decerto, seu atestado de desistência daquela história de amor. Amor eterno. Amor que só daria certo em outra vida, mas não nessa.
As mãos suavam frio. As unhas bem-feitas para a ocasião, pintadas de pérola, deslizavam pelo rosto albo e macio daquela que chamara de my summer por outros três verões. Desde os dezesseis. Hamptons nunca fora tão cruel com ambas em todas as suas vidas. , no auge dos vinte anos recém feitos, acariciava o anel de noivado dado pelo noivo sulista e conservador. Não era aquilo que planejaram por anos.
— Eu preciso, ... Eu... — Uma pausa feita devido a falta de coragem em prosseguir. Vestida com o seu belíssimo Vera Wang sob medida, plena em seu traje de noiva, véu e preparativos, as figuras políticas mais importantes dos Estados Unidos aguardavam ansiosos a noiva e a madrinha para o início da cerimônia. Duas indóceis amantes. — Você sabe que eu preciso. — E admirava a sua amada naquele deslumbrante vestido vermelho, provavelmente um Gucci refinado, que tinha um caimento digno da princesa ruiva que era. Suas mãos se encontraram num aperto tristonho, mas forte. Apertavam-se a medida que engoliam suas lágrimas. Não por medo de borrar a maquiagem, e sim por permitir que aquela enchurrada de sentimentos tomasse conta de seus ímpetos e cometessem outra loucura.
Nem mais uma palavra foi dita. O silêncio era o maior das testemunhas. Naquela suíte vazia, ecoando apenas a batida de seus corações, escolheram não falar mais nada. permitiu que seguisse com os preparativos, e assegurou ao seu amor que a esperaria no altar para dar-lhe forças em seguir com tudo isso. Porque é isso o que o amor faz: nos sacrificamos pela felicidade de quem possui a ordem de nossos corações.
[...]
Los Angeles.
22:33 AM.
Prostrada diante do caixão de marfim, a soluços de suas lágrimas abundantes que caíam sem piedade sobre a madeira pesada, chorava e suplicava aos deuses para devolvê-la. Custe o que custar. Porque não era daquela maneira que a sua deveria ser lembrada. Com uma vida inteira pela frente. Sem cor, gelada, e trajando aquele vestido vermelho. Aquele maldito vestido vermelho. Rosas adornavam o redor do corpo sem vida. Nem mesmo seus pais, os insensíveis senhor e senhora , lamentavam da forma que o fazia. Um ano após seu casamento, e o esposo atencioso não fazia ideia do que se passava por trás daquela tórrida amizade. Jeremy sentia-se até culpado agora pelas crises de ciúmes que exultavam quando as duas passavam muito tempo juntas. O rímel borrado, os lábios rachados, e os sonhos despedaçados. Aquela mulher já não encontrava mais forças para derramar tantas lágrimas. Necessitava de ar para respirar. Mas o seu oxigênio jazia morta, num caixão.
[...]
Querida .
Há quanto não te escrevo, ou apenas mando notícias, não é? Acho que você entendeu que isso, de cortar o mal pela raiz, foi uma medida desesperada em te esquecer. Mas eu sou incapaz disso. Incapaz pelo mero fato de que já faz um ano desde o seu casamento. Se passou outro 4 de Julho. O início de um novo verão. E eu não consegui te tirar da minha cabeça ou do meu coração.
Enquanto os fogos explodiam no céu de Los Angeles, eu deslumbrava da minha casa a beleza e a semelhança daqueles em que nós nos beijamos sob suas luzes. Ventava muito em Hamptons. Você estava com medo de sermos descobertas, contudo, me pediu para te beijar forte antes de partir, e suplicamos um juramento onde nos encontraríamos pelo resto dos verões, e escreveríamos uma a outra durante o ano. Promessa mantida com bastante êxito, aliás. Eu, na cidade dos anjos, e você na Grande Maçã, torcendo para que nossos pais não lessem nossas cartas.
A medida das suas palavras, das suas experiências, da forma que continuava a crescer assim como seus cabelos ondulados… A esperteza e a pureza em seus olhos de amêndoa. E o seu perfume inconfundível como se os céus fossem feito de puro jasmim, eu me apaixonava. Louca e perdidamente. A ponto de ansiar uma vida junto da mulher que eu amo, e que sempre desejarei o bem. Entretanto, a vida é uma caixa de surpresas. Boas ou ruins. E que no meu caso, foi péssimo. Eu sei. Pode soar extremamente egoísta tudo isso, e o fato de morrer para não vivenciar a dor em não te ter, completamente egoísta. Admito. A única coisa na qual peço e imploro é para que você seja feliz. Feliz não como poderíamos ter sido, mas feliz por quem é e pelas escolhas que tomou. Feliz pelo caminho que rumou. Feliz pelas vitórias por si só. A minha obsessão precisava terminar aqui, ou eu jamais te deixaria em paz. Sempre atormentada por lembranças que não voltarão ou irão se repetir.
Morrer é o meu refúgio. Morrer é o meu paraíso.
Estarei contando com a piedade dos deuses.
Eu te amo.
Para sempre sua, .
10:01 PM.
— O que mudou nesse verão, ?
As palavras que simplesmente proferiu, com um aperto no coração seguindo da falta de ar conjunta do nó da garganta eram, decerto, seu atestado de desistência daquela história de amor. Amor eterno. Amor que só daria certo em outra vida, mas não nessa.
As mãos suavam frio. As unhas bem-feitas para a ocasião, pintadas de pérola, deslizavam pelo rosto albo e macio daquela que chamara de my summer por outros três verões. Desde os dezesseis. Hamptons nunca fora tão cruel com ambas em todas as suas vidas. , no auge dos vinte anos recém feitos, acariciava o anel de noivado dado pelo noivo sulista e conservador. Não era aquilo que planejaram por anos.
— Eu preciso, ... Eu... — Uma pausa feita devido a falta de coragem em prosseguir. Vestida com o seu belíssimo Vera Wang sob medida, plena em seu traje de noiva, véu e preparativos, as figuras políticas mais importantes dos Estados Unidos aguardavam ansiosos a noiva e a madrinha para o início da cerimônia. Duas indóceis amantes. — Você sabe que eu preciso. — E admirava a sua amada naquele deslumbrante vestido vermelho, provavelmente um Gucci refinado, que tinha um caimento digno da princesa ruiva que era. Suas mãos se encontraram num aperto tristonho, mas forte. Apertavam-se a medida que engoliam suas lágrimas. Não por medo de borrar a maquiagem, e sim por permitir que aquela enchurrada de sentimentos tomasse conta de seus ímpetos e cometessem outra loucura.
Nem mais uma palavra foi dita. O silêncio era o maior das testemunhas. Naquela suíte vazia, ecoando apenas a batida de seus corações, escolheram não falar mais nada. permitiu que seguisse com os preparativos, e assegurou ao seu amor que a esperaria no altar para dar-lhe forças em seguir com tudo isso. Porque é isso o que o amor faz: nos sacrificamos pela felicidade de quem possui a ordem de nossos corações.
Los Angeles.
22:33 AM.
Prostrada diante do caixão de marfim, a soluços de suas lágrimas abundantes que caíam sem piedade sobre a madeira pesada, chorava e suplicava aos deuses para devolvê-la. Custe o que custar. Porque não era daquela maneira que a sua deveria ser lembrada. Com uma vida inteira pela frente. Sem cor, gelada, e trajando aquele vestido vermelho. Aquele maldito vestido vermelho. Rosas adornavam o redor do corpo sem vida. Nem mesmo seus pais, os insensíveis senhor e senhora , lamentavam da forma que o fazia. Um ano após seu casamento, e o esposo atencioso não fazia ideia do que se passava por trás daquela tórrida amizade. Jeremy sentia-se até culpado agora pelas crises de ciúmes que exultavam quando as duas passavam muito tempo juntas. O rímel borrado, os lábios rachados, e os sonhos despedaçados. Aquela mulher já não encontrava mais forças para derramar tantas lágrimas. Necessitava de ar para respirar. Mas o seu oxigênio jazia morta, num caixão.
Querida .
Há quanto não te escrevo, ou apenas mando notícias, não é? Acho que você entendeu que isso, de cortar o mal pela raiz, foi uma medida desesperada em te esquecer. Mas eu sou incapaz disso. Incapaz pelo mero fato de que já faz um ano desde o seu casamento. Se passou outro 4 de Julho. O início de um novo verão. E eu não consegui te tirar da minha cabeça ou do meu coração.
Enquanto os fogos explodiam no céu de Los Angeles, eu deslumbrava da minha casa a beleza e a semelhança daqueles em que nós nos beijamos sob suas luzes. Ventava muito em Hamptons. Você estava com medo de sermos descobertas, contudo, me pediu para te beijar forte antes de partir, e suplicamos um juramento onde nos encontraríamos pelo resto dos verões, e escreveríamos uma a outra durante o ano. Promessa mantida com bastante êxito, aliás. Eu, na cidade dos anjos, e você na Grande Maçã, torcendo para que nossos pais não lessem nossas cartas.
A medida das suas palavras, das suas experiências, da forma que continuava a crescer assim como seus cabelos ondulados… A esperteza e a pureza em seus olhos de amêndoa. E o seu perfume inconfundível como se os céus fossem feito de puro jasmim, eu me apaixonava. Louca e perdidamente. A ponto de ansiar uma vida junto da mulher que eu amo, e que sempre desejarei o bem. Entretanto, a vida é uma caixa de surpresas. Boas ou ruins. E que no meu caso, foi péssimo. Eu sei. Pode soar extremamente egoísta tudo isso, e o fato de morrer para não vivenciar a dor em não te ter, completamente egoísta. Admito. A única coisa na qual peço e imploro é para que você seja feliz. Feliz não como poderíamos ter sido, mas feliz por quem é e pelas escolhas que tomou. Feliz pelo caminho que rumou. Feliz pelas vitórias por si só. A minha obsessão precisava terminar aqui, ou eu jamais te deixaria em paz. Sempre atormentada por lembranças que não voltarão ou irão se repetir.
Morrer é o meu refúgio. Morrer é o meu paraíso.
Estarei contando com a piedade dos deuses.
Eu te amo.
Para sempre sua, .
Fim
Nota da autora: Espero que aproveitem a leitura!