Prólogo
Tudo era tão perfeito.
Os pássaros cantavam, o céu tinha um azul vivo, as famílias passeavam livremente pelos parques da cidade, os casais se beijavam sentados na relva e os mais atrevidos andavam de bicicleta. E, o melhor de tudo, tinha o meu amor ali comigo.
Ela era maravilhosa. Os seus olhos azuis e os seus longos cabelos castanhos lhe davam um ar angelical. E o seu corpo?! Como eu amava apertar as suas curvas, beijar as suas bochechas, que ficavam rosadas sempre que eu elogiava aquele sorriso doce e sincero.
Ela era adorada.
Ela era amada.
Mas como tudo o que é bom, acabou depressa.
Os pássaros cantavam, o céu tinha um azul vivo, as famílias passeavam livremente pelos parques da cidade, os casais se beijavam sentados na relva e os mais atrevidos andavam de bicicleta. E, o melhor de tudo, tinha o meu amor ali comigo.
Ela era maravilhosa. Os seus olhos azuis e os seus longos cabelos castanhos lhe davam um ar angelical. E o seu corpo?! Como eu amava apertar as suas curvas, beijar as suas bochechas, que ficavam rosadas sempre que eu elogiava aquele sorriso doce e sincero.
Ela era adorada.
Ela era amada.
Mas como tudo o que é bom, acabou depressa.
Capítulo 1
Estávamos em agosto de 2019. A cidade era Lisboa. O país Portugal.
Eu vivia com meus pais e minha irmã mais nova perto do centro da cidade. Era um local espetacular, cheio de vida e pessoas com quem ter uma boa conversa. Tinha arranjado trabalho no café “A Brasileira” havia pouco tempo. É um local emblemático, fundado em 1905 na Rua Garret. Os turistas e locais faziam filas, disputando as mesas geralmente lotadas. Ali, naquele pequeno espaço, conheci o amor da minha vida.
Lembro-me como se fosse hoje. Estava a servir bolinhos de cenoura e chá a uma mesa. Os senhores, alemães, sorriam para mim com simpatia, agradecendo o meu serviço exemplar. Depois de ficar lisonjeado, virei-me em direção ao balcão, para prosseguir com o meu trabalho. Foi nessa altura que a vi entrar, de vestido xadrez e ténis brancos, acompanhada por um casal que, mais tarde, descobri serem seus amigos. Na verdade, ela estava ali apenas para fazer um favor à amiga, que não quis arriscar sair no primeiro encontro sozinha com o rapaz. Os três sentaram-se numa mesa ao canto e logo começaram a ver o menu. Para minha felicidade momentânea, aquela mesa fazia parte das que eu tinha de servir. Educadamente, aproximei-me.
- Os senhores já decidiram o que vão querer? – o casal olhou-me e acenou afirmativamente, mas a rapariga manteve o seu olhar baixo, como se me ignorasse. O rapaz respondeu-me de seguida.
- Sim! Eu vou querer um café curto e um pastel de nata. E tu, gatinha? – a jovem, que não poderia ter mais de 18 anos, ficou imediatamente envergonhada pelo nome com que foi tratada. Tenho a certeza que se tivesse um buraco por onde se esconder, tê-lo-ia feito.
- Bom, fico-me por um descafeinado. , o que vais querer? – Ah! Então era esse o seu nome! A rapariga permaneceu quieta, alienada. A amiga, entendeu a situação, cutucou-a. – ?! Estou a falar contigo! – ouvindo o seu nome ser chamado e sentindo os três pares de olhos a olhá-la expectantes, a jovem abanou a cabeça e respondeu.
- Desculpem, não estava aqui. O que foi? – antes que mais alguém o fizesse, intervim.
- A senhora já sabe o que vai querer? Se quiser posso voltar mais tarde. – Dei o meu melhor sorriso.
- Ah, sim! Apenas um chá.
- Muito bem. Temos uma vasta gama de chás, qual será o escolhido? – Ela pareceu olhar-me verdadeiramente desta vez. As suas pupilas dilataram e um leve sorriso apareceu nos seus lábios.
- Surpreenda-me! – Não entendi aquilo que tentava fazer, mas acenei mesmo assim e saí dali para apresentar ao meu colega os pedidos, para que ele os providenciasse.
Ali, naquele café, cada pessoa tem a sua função. A minha passa apenas por levantar os pedidos e servi-los às mesas. Outros colegas estão encarregues de fazer os pedidos atrás do balcão e, em dias de maior movimento, algumas pessoas são contratadas como reforços.
Em questão de poucos minutos voltava à mesa.
- Aqui têm. – deixei o pedido de para o final. – Tomei a liberdade de pedir chá de frutos do bosque. Espero que lhe agrade.
- Certamente. Obrigada! – sem mais demoras, voltei ao serviço.
O café começava a encher e eu já não tinha mãos a medir. Era uma correria de pessoas em pé a aguardar mesa e pedidos pendentes ao balcão. Quando olhei para a mesa onde o trio estava sentado, eles já lá não estavam. Alguma coisa no meu interior mexeu. Estava dececionado. Quando será que a poderia voltar a ver? Pior, eles terão pago o que consumiram?! Vi uma das minhas colegas passar por mim e resolvi perguntar.
- Hey, por acaso não sabes se a mesa 7 pagou a conta? – ela olhou-me com um ar pensativo e em poucos segundos fez-se luz.
- Ah, aquelas duas raparigas e o rapaz? Sim, pediram-me a conta a mim. Disseram que estavam com demasiada pressa, por isso nem te incomodei.
- Ainda bem, por momentos pensei que tivessem saído sem pagar.
- Se isso tivesse acontecido, a Mafalda matava-te. – Mafalda era a nossa gerente. Era a ela que competia a contratação e despedimento de empregados. Era linda, mas uma fera autentica quando se tratava do bem-estar da “Brasileira”.
Nesse dia fui para casa a pensar naqueles olhos azuis e na sua delicadeza. Pensei também no azar que tenho. Não sou mulherengo, mas logo quando me sinto atraído por alguém, não tenho oportunidade de dar uns dedos de conversa. Mal sabia eu, naquela noite quente de agosto, que, em breve, tudo ia mudar.
Uma semana se passou. Estava a limpar algumas mesas e a pensar na quantidade de coisas que precisava fazer ainda nesse dia. Talvez por isso não me tenha apercebido de que alguém se aproximou, mas uma voz harmoniosa cortou o silêncio.
- Olá! – virei-me para ver a dona daquela voz e, tal não foi à surpresa, quando me deparo com os mesmos olhos azuis de há uma semana. Fiquei em transe por alguns segundos, não queria fazer asneira. Ela tinha voltado, isso era bom, não?
- Olá!
- Gostaria de me sentar nesta mesa, se for possível.
- Bom, sim, claro. – Como um cavalheiro que sou, puxei uma das cadeiras e sentou-se, sorrindo. Ela estava a gostar de ter atenção, conseguia ver isso no seu olhar penetrante e provocador. – Quer que lhe traga o menu?
- Não será necessário, já sei o que vou escolher.
- E o que seria?
- Um chá de frutos dos bosques, não é óbvio? – Óbvio? Por que seria óbvio? Sim, eu sou muito tosco.
- Naturalmente. Vou já tratar disso.
- Obrigada! – Durante todo o tempo que esteve no café, sorria quando me apanhava a olhá-la. No final, ao fim de cerca de 30 minutos de mexer no seu telemóvel, pediu a conta e saiu sem dizer uma única palavra. Que rapariga estranha.
Ao fim de uma semana, o mesmo aconteceu. Pediu o chá, aguardou 30 minutos e saiu. E assim foi, durante quase três meses. A nossa troca de palavras pouco se estendeu nesse período. Descobri que o seu apelido era Jones e que vivia em Lisboa. Quando me perguntou o meu nome, respondi que era .
Sabia que ela tinha ficado interessada em mim, mais não fosse por aparecer sempre às quartas-feiras de cada semana. Mas, numa semana em particular, as coisas alteraram-se. Nessa quarta-feira, não apareceu. Fiquei triste e preocupado. Será que se tinha fartado de mim? Ou que alguma coisa lhe aconteceu? Supus que tinha de esperar pela próxima semana.
Ia fechar o café hoje, juntamente com dois colegas. A gerente tinha tido um problema qualquer familiar e não podia vir para fechar, pelo que nos encarregou disso. Saímos os três para a rua e alguém nos esperava.
Era .
A rapariga tinha os cabelos a esvoaçar ao vento e um semblante um tanto carregado. Despedi-me dos meus colegas e aguardei que ela falasse alguma coisa, o que demorou largos minutos. Quando o fez, a sua voz parecia que se ia partir em mil pedaços.
- Não apareci hoje.
- Eu notei.
- Queria pedir desculpa por isso. A minha família estava com problemas e eu não tive forma de sair de perto deles. – Manteve o olhar baixo, envergonhada.
- Não tens de pedir desculpa. A família vem sempre em primeiro lugar. Espero que agora esteja tudo bem. – Ela, então, olhou-me com os olhos marejados e eu senti-me a quebrar. Avancei na sua direção e abracei-a. Não queria assustá-la com esta investida, mas não consigo aguentar ver alguém a chorar e não fazer nada. Sem pressionar o assunto, ficamos abraçados por uma eternidade. Soube tão bem, estar assim. Há muito tempo que não aconchegava uma pessoa nos meus braços. chorava silenciosamente contra mim. Pela primeira vez, notei que ela tinha um cheiro a rosas, mas não era enjoativo. Era viciante.
Quando se acalmou, sentamo-nos num banco de jardim ali perto e conversamos sobre coisas aleatórias. As nossas mãos estavam entrelaçadas. Senti como que se tivéssemos ali um compromisso.
Perdemos a noção do tempo naquele dia. Levei-a até casa no meu carro e despedimo-nos com um beijo na bochecha. A partir dali, não era apenas às quartas que aparecia, mas todos os dias, perto da hora de fechar o café.
Assim nasceu a nossa relação. Não demorou para que ambos não conseguíssemos estar longe um do outro. Nas minhas folgas, levava-a até aos recantos mais belos de Lisboa. Quando trabalhava, sentava-se calmamente a ler um livro na mesa habitual. Ela já era da casa. Mafalda, a gerente, divertia-se a conversar com a minha menina enquanto eu estava ocupado e até comecei a ter mais algumas pausas de trabalho, que aproveitava na esplanada, com .
Tudo estava perfeito, ou pelo menos assim eu achava.
era uma rapariga de classe média/alta. Quando terminou o ensino obrigatório, os seus pais deixaram-na escolher entre seguir para o Superior ou arranjar trabalho. Ela ainda esteve um tempo a tirar um curso, mas depois desistiu porque achava tudo aquilo muito aborrecido. Também descobri, eventualmente, porque é que chorou naquele dia. A sua avó tinha acabado de morrer de cancro e a família estava devastada.
A nossa relação perfeita durou dois anos. Durante este tempo, nunca me relacionei apropriadamente com os seus pais, mas ela estava todos os dias com os meus. Íamos para todo o lado juntos. Ela era o amor da minha vida. Tínhamos muitos planos juntos, alguns difíceis de realizar. Eu sabia que tinha a ambição de viajar pelo mundo, mas o meu ordenado de empregado de café não nos deixava margem para passeios. Se calhar, foi por isso que não resultou. Ou então foi tudo uma ilusão minha. Agora nunca vou saber.
Eu vivia com meus pais e minha irmã mais nova perto do centro da cidade. Era um local espetacular, cheio de vida e pessoas com quem ter uma boa conversa. Tinha arranjado trabalho no café “A Brasileira” havia pouco tempo. É um local emblemático, fundado em 1905 na Rua Garret. Os turistas e locais faziam filas, disputando as mesas geralmente lotadas. Ali, naquele pequeno espaço, conheci o amor da minha vida.
Lembro-me como se fosse hoje. Estava a servir bolinhos de cenoura e chá a uma mesa. Os senhores, alemães, sorriam para mim com simpatia, agradecendo o meu serviço exemplar. Depois de ficar lisonjeado, virei-me em direção ao balcão, para prosseguir com o meu trabalho. Foi nessa altura que a vi entrar, de vestido xadrez e ténis brancos, acompanhada por um casal que, mais tarde, descobri serem seus amigos. Na verdade, ela estava ali apenas para fazer um favor à amiga, que não quis arriscar sair no primeiro encontro sozinha com o rapaz. Os três sentaram-se numa mesa ao canto e logo começaram a ver o menu. Para minha felicidade momentânea, aquela mesa fazia parte das que eu tinha de servir. Educadamente, aproximei-me.
- Os senhores já decidiram o que vão querer? – o casal olhou-me e acenou afirmativamente, mas a rapariga manteve o seu olhar baixo, como se me ignorasse. O rapaz respondeu-me de seguida.
- Sim! Eu vou querer um café curto e um pastel de nata. E tu, gatinha? – a jovem, que não poderia ter mais de 18 anos, ficou imediatamente envergonhada pelo nome com que foi tratada. Tenho a certeza que se tivesse um buraco por onde se esconder, tê-lo-ia feito.
- Bom, fico-me por um descafeinado. , o que vais querer? – Ah! Então era esse o seu nome! A rapariga permaneceu quieta, alienada. A amiga, entendeu a situação, cutucou-a. – ?! Estou a falar contigo! – ouvindo o seu nome ser chamado e sentindo os três pares de olhos a olhá-la expectantes, a jovem abanou a cabeça e respondeu.
- Desculpem, não estava aqui. O que foi? – antes que mais alguém o fizesse, intervim.
- A senhora já sabe o que vai querer? Se quiser posso voltar mais tarde. – Dei o meu melhor sorriso.
- Ah, sim! Apenas um chá.
- Muito bem. Temos uma vasta gama de chás, qual será o escolhido? – Ela pareceu olhar-me verdadeiramente desta vez. As suas pupilas dilataram e um leve sorriso apareceu nos seus lábios.
- Surpreenda-me! – Não entendi aquilo que tentava fazer, mas acenei mesmo assim e saí dali para apresentar ao meu colega os pedidos, para que ele os providenciasse.
Ali, naquele café, cada pessoa tem a sua função. A minha passa apenas por levantar os pedidos e servi-los às mesas. Outros colegas estão encarregues de fazer os pedidos atrás do balcão e, em dias de maior movimento, algumas pessoas são contratadas como reforços.
Em questão de poucos minutos voltava à mesa.
- Aqui têm. – deixei o pedido de para o final. – Tomei a liberdade de pedir chá de frutos do bosque. Espero que lhe agrade.
- Certamente. Obrigada! – sem mais demoras, voltei ao serviço.
O café começava a encher e eu já não tinha mãos a medir. Era uma correria de pessoas em pé a aguardar mesa e pedidos pendentes ao balcão. Quando olhei para a mesa onde o trio estava sentado, eles já lá não estavam. Alguma coisa no meu interior mexeu. Estava dececionado. Quando será que a poderia voltar a ver? Pior, eles terão pago o que consumiram?! Vi uma das minhas colegas passar por mim e resolvi perguntar.
- Hey, por acaso não sabes se a mesa 7 pagou a conta? – ela olhou-me com um ar pensativo e em poucos segundos fez-se luz.
- Ah, aquelas duas raparigas e o rapaz? Sim, pediram-me a conta a mim. Disseram que estavam com demasiada pressa, por isso nem te incomodei.
- Ainda bem, por momentos pensei que tivessem saído sem pagar.
- Se isso tivesse acontecido, a Mafalda matava-te. – Mafalda era a nossa gerente. Era a ela que competia a contratação e despedimento de empregados. Era linda, mas uma fera autentica quando se tratava do bem-estar da “Brasileira”.
Nesse dia fui para casa a pensar naqueles olhos azuis e na sua delicadeza. Pensei também no azar que tenho. Não sou mulherengo, mas logo quando me sinto atraído por alguém, não tenho oportunidade de dar uns dedos de conversa. Mal sabia eu, naquela noite quente de agosto, que, em breve, tudo ia mudar.
Uma semana se passou. Estava a limpar algumas mesas e a pensar na quantidade de coisas que precisava fazer ainda nesse dia. Talvez por isso não me tenha apercebido de que alguém se aproximou, mas uma voz harmoniosa cortou o silêncio.
- Olá! – virei-me para ver a dona daquela voz e, tal não foi à surpresa, quando me deparo com os mesmos olhos azuis de há uma semana. Fiquei em transe por alguns segundos, não queria fazer asneira. Ela tinha voltado, isso era bom, não?
- Olá!
- Gostaria de me sentar nesta mesa, se for possível.
- Bom, sim, claro. – Como um cavalheiro que sou, puxei uma das cadeiras e sentou-se, sorrindo. Ela estava a gostar de ter atenção, conseguia ver isso no seu olhar penetrante e provocador. – Quer que lhe traga o menu?
- Não será necessário, já sei o que vou escolher.
- E o que seria?
- Um chá de frutos dos bosques, não é óbvio? – Óbvio? Por que seria óbvio? Sim, eu sou muito tosco.
- Naturalmente. Vou já tratar disso.
- Obrigada! – Durante todo o tempo que esteve no café, sorria quando me apanhava a olhá-la. No final, ao fim de cerca de 30 minutos de mexer no seu telemóvel, pediu a conta e saiu sem dizer uma única palavra. Que rapariga estranha.
Ao fim de uma semana, o mesmo aconteceu. Pediu o chá, aguardou 30 minutos e saiu. E assim foi, durante quase três meses. A nossa troca de palavras pouco se estendeu nesse período. Descobri que o seu apelido era Jones e que vivia em Lisboa. Quando me perguntou o meu nome, respondi que era .
Sabia que ela tinha ficado interessada em mim, mais não fosse por aparecer sempre às quartas-feiras de cada semana. Mas, numa semana em particular, as coisas alteraram-se. Nessa quarta-feira, não apareceu. Fiquei triste e preocupado. Será que se tinha fartado de mim? Ou que alguma coisa lhe aconteceu? Supus que tinha de esperar pela próxima semana.
Ia fechar o café hoje, juntamente com dois colegas. A gerente tinha tido um problema qualquer familiar e não podia vir para fechar, pelo que nos encarregou disso. Saímos os três para a rua e alguém nos esperava.
Era .
A rapariga tinha os cabelos a esvoaçar ao vento e um semblante um tanto carregado. Despedi-me dos meus colegas e aguardei que ela falasse alguma coisa, o que demorou largos minutos. Quando o fez, a sua voz parecia que se ia partir em mil pedaços.
- Não apareci hoje.
- Eu notei.
- Queria pedir desculpa por isso. A minha família estava com problemas e eu não tive forma de sair de perto deles. – Manteve o olhar baixo, envergonhada.
- Não tens de pedir desculpa. A família vem sempre em primeiro lugar. Espero que agora esteja tudo bem. – Ela, então, olhou-me com os olhos marejados e eu senti-me a quebrar. Avancei na sua direção e abracei-a. Não queria assustá-la com esta investida, mas não consigo aguentar ver alguém a chorar e não fazer nada. Sem pressionar o assunto, ficamos abraçados por uma eternidade. Soube tão bem, estar assim. Há muito tempo que não aconchegava uma pessoa nos meus braços. chorava silenciosamente contra mim. Pela primeira vez, notei que ela tinha um cheiro a rosas, mas não era enjoativo. Era viciante.
Quando se acalmou, sentamo-nos num banco de jardim ali perto e conversamos sobre coisas aleatórias. As nossas mãos estavam entrelaçadas. Senti como que se tivéssemos ali um compromisso.
Perdemos a noção do tempo naquele dia. Levei-a até casa no meu carro e despedimo-nos com um beijo na bochecha. A partir dali, não era apenas às quartas que aparecia, mas todos os dias, perto da hora de fechar o café.
Assim nasceu a nossa relação. Não demorou para que ambos não conseguíssemos estar longe um do outro. Nas minhas folgas, levava-a até aos recantos mais belos de Lisboa. Quando trabalhava, sentava-se calmamente a ler um livro na mesa habitual. Ela já era da casa. Mafalda, a gerente, divertia-se a conversar com a minha menina enquanto eu estava ocupado e até comecei a ter mais algumas pausas de trabalho, que aproveitava na esplanada, com .
Tudo estava perfeito, ou pelo menos assim eu achava.
era uma rapariga de classe média/alta. Quando terminou o ensino obrigatório, os seus pais deixaram-na escolher entre seguir para o Superior ou arranjar trabalho. Ela ainda esteve um tempo a tirar um curso, mas depois desistiu porque achava tudo aquilo muito aborrecido. Também descobri, eventualmente, porque é que chorou naquele dia. A sua avó tinha acabado de morrer de cancro e a família estava devastada.
A nossa relação perfeita durou dois anos. Durante este tempo, nunca me relacionei apropriadamente com os seus pais, mas ela estava todos os dias com os meus. Íamos para todo o lado juntos. Ela era o amor da minha vida. Tínhamos muitos planos juntos, alguns difíceis de realizar. Eu sabia que tinha a ambição de viajar pelo mundo, mas o meu ordenado de empregado de café não nos deixava margem para passeios. Se calhar, foi por isso que não resultou. Ou então foi tudo uma ilusão minha. Agora nunca vou saber.
Capítulo 2
Dias depois…
Estava a voltar para o apartamento dos meus pais. Tinha saído do trabalho há uns minutos quando finalmente voltei a ligar o telemóvel. Depois de uma discussão com no dia anterior, resolvi mantê-lo desligado, porque não queria que ela tentasse ligar-me. Ainda achei que ela aparecesse no meu trabalho para continuarmos a discussão, mas ela não o fez, e ainda bem. Para minha surpresa, tinha apenas duas chamadas não atendidas e uma mensagem que dizia:
“Quando resolveres ser um homem decente
e parares com birras
voltamos a falar. “
Que simpatia.
Ignorei por completo a mensagem e entrei em casa. A minha mãe estava a fazer o nosso jantar e o meu pai via televisão na sala. Cumprimentei-os e segui para o quarto, que estava uma confusão, com roupas por todos os lados e um pacote vazio de bolachas em cima da secretária. Não perdi tempo e comecei a arrumar tudo. Uma coisa que sempre primei foi pela organização, nem sei como deixei chegar a este ponto.
Com tudo limpo e arrumado, fui chamado para a mesa de jantar. O resto da noite correu às mil maravilhas: o jantar estava delicioso, a companhia era boa. Mas sentia que faltava algo ali. Ou alguém. A minha mãe depressa entendeu o meu semblante carregado, mas nada disse. Agradeci-lhe por isso, já que a ultima coisa que queria eram questões associadas à desgraça na qual o meu namoro se tinha tornado.
Eu não sei explicar como ou quando é que as coisas descambaram… Bem sei que não sou uma pessoa fácil de contentar, mas parecia arranjar todas as desculpas para discutir comigo, fosse por causa de trabalhar muitas horas, ou porque o restaurante onde a levei não tinha classe, ou até reclamar sobre as atitudes dos meus pais perante certas situações. Antes nada disso interferia no nosso dia-a-dia… Depois de passar horas na cama a pensar, cheguei à conclusão de que ela estava a tentar acabar com o nosso namoro. Era a única explicação plausível. Mas eu pensei que a fizesse feliz… eu dava-lhe tudo, o mundo inteiro se ela me pedisse…
Tanto andei as voltas que resolvi mandar-lhe mensagem.
-“Olá. Podemos conversar?”
Esperei talvez mais de 30 minutos e não recebi resposta. Isso não era normal em , ela retornava sempre poucos segundos depois. Mandei outra.
-“Vamos resolver as coisas, por favor.”
Ainda nada. Ela deveria estar mesmo chateada comigo.
Bolas.
Estranhamente, passou-se quase uma semana até que decidi mandar outras mensagens a . Mas tal como as primeiras, não obtive qualquer resposta.
Nessa noite, acordei em pânico e a soar por conta de um pesadelo. Sonhei que tinha sido raptada e gritava pela minha ajuda, mas eu não me conseguia mexer para a ajudar e um homem enorme mantinha-a amarrada a uma cadeira e batia-lhe sem cessar. Podiam chamar-me de paranoico, mas esta falta de notícias deixava-me ansioso. Eu tinha mesmo de falar com ela.
Mal o dia nasceu preparei-me para ir até casa dela. Não me preocupei muito com a minha aparência, vesti apenas umas jeans e uma blusa preta dos Metallica e pus o perfume que adorava.
Chamei um Uber e pus-me a caminho. A casa da sua família não ficava muito longe da minha, pelo que o trajeto foi rápido. A mãe de veio receber-me à porta com um abraço caloroso e o seu pai com um aperto de mão. Encaminharam-me para uma sala majestosamente decorada, com um olhar dividido. Após uns segundos, o pai de , Fernando, foi o primeiro a falar.
- Bom, meu caro , creio que vieste à procura da , não é verdade? – disse, afagando o seu bigode.
- Sim, ela não me tem dito nada desde a nossa discussão e estou a ficar preocupado…
- Hmm… sim… entendo. Tenho de confessar que esperava que tivesses vindo mais cedo.
- Lamento… não queria pressioná-la e o tempo foi passando…
- Claro, claro, meu querido, nós entendemos perfeitamente. Mas… - disse Maria, a mãe de .
- Mas? Aconteceu alguma coisa? – Nesta altura o meu coração já batia mais rápido do que seria saudável. O casal entreolhou-se uma vez mais. O que se estava a passar ali?
- Sabes, , não temos boas notícias. – Fernando estava claramente desconfortável com a situação. Maria remexeu-se no sofá, apertou as suas mãos uma na outra e desvendou o mistério.
- A foi-se embora, querido. Lamento. – No início, não quis acreditar.
- Embora? Como assim, embora? Para onde? – Por esta altura já estava levantado e tentava captar todas as expressões que me pudessem indicar tratar-se de uma brincadeira de muito mau gosto.
- Não sabemos para onde. Há dois dias, quando acordámos, ela já cá não estava. Deixou-nos uma carta e outra para ti. Queres que a vá buscar? – Pena. Maria estava com pena de mim.
- Quero. Mas não entendo. Por que é que ela havia de fugir? A nossa discussão não foi assim tão grave quanto isso. – Maria saiu para ir buscar a carta e Fernando aproveitou para se aproximar de mim e dar-me palmadas nas costas. Percebi que ele não sabia muito bem o que fazer para eu me sentir melhor. Não me admiro, com a minha cara deveria parecer um fantasma.
- Posso perguntar o tema dessa discussão? – disse Fernando.
- Nós discutimos porque… ela queria usar o dinheiro que tinha guardado para fazermos umas férias… longe daqui… e eu não aceitei. Não podia aceitar. O dinheiro dela devia ser gasto em algo importante, não em algo fútil. – Maria voltou e estendeu-me a carta. Tinha o meu nome na capa, escrito com a letra de .
- Vamos dar-te alguma privacidade. Se precisares de alguma coisa, estaremos no escritório. Vamos, querido. – Não abri logo a carta. Não sabia o que ia encontrar ali dentro. Acho que não queria saber, na verdade. Mas a curiosidade falou mais alto.
“Querido ,
Não sabes o quanto me custa estar a escrever esta carta. Agora podes estar furioso comigo, mas espero que um dia me possas perdoar. Não fui capaz de me despedir de ti, sou demasiado fraca. Sei o quão dececionado deves estar e eu não suportaria olhar-te nos olhos e dizer-te aquilo que precisas de ouvir, vendo que ias ficar despedaçado.
A nossa história foi maravilhosa. Não poderia ter sido diferente, já que tu és um rapaz maravilhoso. Mas eu preciso de mais… Sou uma egoísta, bem sei. Tu não tens reparado que eu ando distante. Só tens olhos para o trabalho, ultimamente. No início da nossa relação tu eras outro e eu era outra. Eras carinhoso… gentil… tu vivias para me fazer feliz… As coisas mudaram tanto… Eu vejo que ainda me amas, talvez até mais do que no começo de tudo, só que o amor nem sempre é suficiente para manter uma relação. Eu também ainda te amo, sabes?
Depois da nossa última discussão tomei a decisão de sair daqui. Eu sinto que a minha vida já não tem razão de ser, não tenho rumo.
Não consigo mais viver desta maneira. Desculpa.
Conheci alguém há uns dias atrás. Ele prometeu levar-me daqui e mostrar-me o mundo e, por mais estúpido que possa ser, eu aceitei. Tu sabes que eu sempre desejei sair do país e esta é a minha oportunidade. Bem sei que não é por mal, mas tu nunca ansiaste por viajar e não quiseste ver que esse era o meu maior sonho. Gostava que tivesses sido tu a pedir-me para sair daqui. Teria sido tão bom.
Talvez um dia voltemos a encontrarmo-nos na nossa Lisboa. Sei o quanto adoras esta cidade.
Nas horas em que te sentires só, lembra-te: tu não estás sozinho. Eu estou aqui contigo, mesmo estando longe, estarás sempre no meu coração.
Nunca te esqueças disso.
Estava a voltar para o apartamento dos meus pais. Tinha saído do trabalho há uns minutos quando finalmente voltei a ligar o telemóvel. Depois de uma discussão com no dia anterior, resolvi mantê-lo desligado, porque não queria que ela tentasse ligar-me. Ainda achei que ela aparecesse no meu trabalho para continuarmos a discussão, mas ela não o fez, e ainda bem. Para minha surpresa, tinha apenas duas chamadas não atendidas e uma mensagem que dizia:
e parares com birras
voltamos a falar. “
Ignorei por completo a mensagem e entrei em casa. A minha mãe estava a fazer o nosso jantar e o meu pai via televisão na sala. Cumprimentei-os e segui para o quarto, que estava uma confusão, com roupas por todos os lados e um pacote vazio de bolachas em cima da secretária. Não perdi tempo e comecei a arrumar tudo. Uma coisa que sempre primei foi pela organização, nem sei como deixei chegar a este ponto.
Com tudo limpo e arrumado, fui chamado para a mesa de jantar. O resto da noite correu às mil maravilhas: o jantar estava delicioso, a companhia era boa. Mas sentia que faltava algo ali. Ou alguém. A minha mãe depressa entendeu o meu semblante carregado, mas nada disse. Agradeci-lhe por isso, já que a ultima coisa que queria eram questões associadas à desgraça na qual o meu namoro se tinha tornado.
Eu não sei explicar como ou quando é que as coisas descambaram… Bem sei que não sou uma pessoa fácil de contentar, mas parecia arranjar todas as desculpas para discutir comigo, fosse por causa de trabalhar muitas horas, ou porque o restaurante onde a levei não tinha classe, ou até reclamar sobre as atitudes dos meus pais perante certas situações. Antes nada disso interferia no nosso dia-a-dia… Depois de passar horas na cama a pensar, cheguei à conclusão de que ela estava a tentar acabar com o nosso namoro. Era a única explicação plausível. Mas eu pensei que a fizesse feliz… eu dava-lhe tudo, o mundo inteiro se ela me pedisse…
Tanto andei as voltas que resolvi mandar-lhe mensagem.
-“Olá. Podemos conversar?”
Esperei talvez mais de 30 minutos e não recebi resposta. Isso não era normal em , ela retornava sempre poucos segundos depois. Mandei outra.
-“Vamos resolver as coisas, por favor.”
Ainda nada. Ela deveria estar mesmo chateada comigo.
Bolas.
Estranhamente, passou-se quase uma semana até que decidi mandar outras mensagens a . Mas tal como as primeiras, não obtive qualquer resposta.
Nessa noite, acordei em pânico e a soar por conta de um pesadelo. Sonhei que tinha sido raptada e gritava pela minha ajuda, mas eu não me conseguia mexer para a ajudar e um homem enorme mantinha-a amarrada a uma cadeira e batia-lhe sem cessar. Podiam chamar-me de paranoico, mas esta falta de notícias deixava-me ansioso. Eu tinha mesmo de falar com ela.
Mal o dia nasceu preparei-me para ir até casa dela. Não me preocupei muito com a minha aparência, vesti apenas umas jeans e uma blusa preta dos Metallica e pus o perfume que adorava.
Chamei um Uber e pus-me a caminho. A casa da sua família não ficava muito longe da minha, pelo que o trajeto foi rápido. A mãe de veio receber-me à porta com um abraço caloroso e o seu pai com um aperto de mão. Encaminharam-me para uma sala majestosamente decorada, com um olhar dividido. Após uns segundos, o pai de , Fernando, foi o primeiro a falar.
- Bom, meu caro , creio que vieste à procura da , não é verdade? – disse, afagando o seu bigode.
- Sim, ela não me tem dito nada desde a nossa discussão e estou a ficar preocupado…
- Hmm… sim… entendo. Tenho de confessar que esperava que tivesses vindo mais cedo.
- Lamento… não queria pressioná-la e o tempo foi passando…
- Claro, claro, meu querido, nós entendemos perfeitamente. Mas… - disse Maria, a mãe de .
- Mas? Aconteceu alguma coisa? – Nesta altura o meu coração já batia mais rápido do que seria saudável. O casal entreolhou-se uma vez mais. O que se estava a passar ali?
- Sabes, , não temos boas notícias. – Fernando estava claramente desconfortável com a situação. Maria remexeu-se no sofá, apertou as suas mãos uma na outra e desvendou o mistério.
- A foi-se embora, querido. Lamento. – No início, não quis acreditar.
- Embora? Como assim, embora? Para onde? – Por esta altura já estava levantado e tentava captar todas as expressões que me pudessem indicar tratar-se de uma brincadeira de muito mau gosto.
- Não sabemos para onde. Há dois dias, quando acordámos, ela já cá não estava. Deixou-nos uma carta e outra para ti. Queres que a vá buscar? – Pena. Maria estava com pena de mim.
- Quero. Mas não entendo. Por que é que ela havia de fugir? A nossa discussão não foi assim tão grave quanto isso. – Maria saiu para ir buscar a carta e Fernando aproveitou para se aproximar de mim e dar-me palmadas nas costas. Percebi que ele não sabia muito bem o que fazer para eu me sentir melhor. Não me admiro, com a minha cara deveria parecer um fantasma.
- Posso perguntar o tema dessa discussão? – disse Fernando.
- Nós discutimos porque… ela queria usar o dinheiro que tinha guardado para fazermos umas férias… longe daqui… e eu não aceitei. Não podia aceitar. O dinheiro dela devia ser gasto em algo importante, não em algo fútil. – Maria voltou e estendeu-me a carta. Tinha o meu nome na capa, escrito com a letra de .
- Vamos dar-te alguma privacidade. Se precisares de alguma coisa, estaremos no escritório. Vamos, querido. – Não abri logo a carta. Não sabia o que ia encontrar ali dentro. Acho que não queria saber, na verdade. Mas a curiosidade falou mais alto.
Não sabes o quanto me custa estar a escrever esta carta. Agora podes estar furioso comigo, mas espero que um dia me possas perdoar. Não fui capaz de me despedir de ti, sou demasiado fraca. Sei o quão dececionado deves estar e eu não suportaria olhar-te nos olhos e dizer-te aquilo que precisas de ouvir, vendo que ias ficar despedaçado.
A nossa história foi maravilhosa. Não poderia ter sido diferente, já que tu és um rapaz maravilhoso. Mas eu preciso de mais… Sou uma egoísta, bem sei. Tu não tens reparado que eu ando distante. Só tens olhos para o trabalho, ultimamente. No início da nossa relação tu eras outro e eu era outra. Eras carinhoso… gentil… tu vivias para me fazer feliz… As coisas mudaram tanto… Eu vejo que ainda me amas, talvez até mais do que no começo de tudo, só que o amor nem sempre é suficiente para manter uma relação. Eu também ainda te amo, sabes?
Depois da nossa última discussão tomei a decisão de sair daqui. Eu sinto que a minha vida já não tem razão de ser, não tenho rumo.
Não consigo mais viver desta maneira. Desculpa.
Conheci alguém há uns dias atrás. Ele prometeu levar-me daqui e mostrar-me o mundo e, por mais estúpido que possa ser, eu aceitei. Tu sabes que eu sempre desejei sair do país e esta é a minha oportunidade. Bem sei que não é por mal, mas tu nunca ansiaste por viajar e não quiseste ver que esse era o meu maior sonho. Gostava que tivesses sido tu a pedir-me para sair daqui. Teria sido tão bom.
Talvez um dia voltemos a encontrarmo-nos na nossa Lisboa. Sei o quanto adoras esta cidade.
Nas horas em que te sentires só, lembra-te: tu não estás sozinho. Eu estou aqui contigo, mesmo estando longe, estarás sempre no meu coração.
Nunca te esqueças disso.
Para sempre tua,
.”
Capítulo 3
Todo o meu mundo desmoronou depois de ter lido aquelas palavras. Então era isto que tinha para me dizer? Pareceu-me surreal. Depois de tudo o que fiz por nós. Depois de lhe dar todo o meu amor… ela foge com o primeiro ricaço que encontra. Sentia raiva dela. Raiva de mim. Nojo.
E ainda dizem que o amor nos faz bem.
Não…
Se o amor é tudo o que dizem, por que é que eu estava na fossa por conta deste amor, se é que se poderia chamar assim?
Que idiota que me sentia. Acreditar que no amor não se sente dor? Pura mentira. Quis gritar e rasgar aquela carta, mas uma força qualquer sobre-humana não me deixou. Estava dividido entre tentar encontrá-la e pedir explicações ou abraçar a dor. Escolhi a segunda opção. Fiquei trancado no quarto por dias. O meu mundo estava, tão repentinamente, mais frio. Acabei por ser despedido do café, uma vez que a minha chefe se fartou de esperar que eu me recompusesse. Não posso criticá-la, já que ela tentou por várias vezes falar comigo, mas eu mandei-a embora.
A minha vida estava um caco. Os meus pais não sabiam o que fazer para me puxar de volta para a vida. Eu só queria ter de novo nos meus braços. Sonhava que ela me implorava para a seguir, que chorava por me ter de volta, para que ficássemos juntos para a eternidade. Às vezes até achava que ela me chamava. A nossa mente é realmente poderosa…
O tempo foi passando. Os dias já não pareciam tão negros como antes. Aos poucos a minha cabeça começava a formar novos planos de vida. Inscrevi-me num curso superior de psicologia, comecei a frequentar um ginásio. Ainda não era capaz de me relacionar com outra pessoa, mas suspeitava que isso podia estar prestes a mudar.
É incrível como o tempo, realmente, cura todas as feridas.
E ainda dizem que o amor nos faz bem.
Não…
Se o amor é tudo o que dizem, por que é que eu estava na fossa por conta deste amor, se é que se poderia chamar assim?
Que idiota que me sentia. Acreditar que no amor não se sente dor? Pura mentira. Quis gritar e rasgar aquela carta, mas uma força qualquer sobre-humana não me deixou. Estava dividido entre tentar encontrá-la e pedir explicações ou abraçar a dor. Escolhi a segunda opção. Fiquei trancado no quarto por dias. O meu mundo estava, tão repentinamente, mais frio. Acabei por ser despedido do café, uma vez que a minha chefe se fartou de esperar que eu me recompusesse. Não posso criticá-la, já que ela tentou por várias vezes falar comigo, mas eu mandei-a embora.
A minha vida estava um caco. Os meus pais não sabiam o que fazer para me puxar de volta para a vida. Eu só queria ter de novo nos meus braços. Sonhava que ela me implorava para a seguir, que chorava por me ter de volta, para que ficássemos juntos para a eternidade. Às vezes até achava que ela me chamava. A nossa mente é realmente poderosa…
O tempo foi passando. Os dias já não pareciam tão negros como antes. Aos poucos a minha cabeça começava a formar novos planos de vida. Inscrevi-me num curso superior de psicologia, comecei a frequentar um ginásio. Ainda não era capaz de me relacionar com outra pessoa, mas suspeitava que isso podia estar prestes a mudar.
É incrível como o tempo, realmente, cura todas as feridas.
Fim!
Nota da autora: Sem nota.
Nota da beta:
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