Capítulo Único
“All day, all night, I remember...”
estava sentada em uma das muitas cadeiras confortáveis ao redor da grande mesa de reuniões. Seus olhos observando os papéis, contratos e diversas folhas de apresentação. Gerente financeira da cadeia de hotéis mais famosa do mundo, ela estava ali para representar sua empresa no projeto do Colosseum, um grande centro de exposições, com quadras de esporte, centros de lazer, teatro, cinema e tudo relacionado a entretenimento, juntos em um único lugar. representaria ali sua rede de hotéis, que era responsável pela hospedagem dos funcionários e, futuramente, dos usuários do Colosseum. A moça olhou para frente, mais especificamente para a ponta da mesa, onde os responsáveis por aquela obra se encontravam. De acordo com a papelada em suas mãos, os responsáveis eram , o engenheiro, e Ethan Johnson, o arquiteto. Os dois conversavam concentradamente, era quase possível ver a aura de parceria que os rondava. encarou curiosa, como se aquela postura fosse familiar... Talvez fosse, uma vez que a moça tinha uma parceria parecida com aquela, com sua melhor amiga, .
Pelo cronograma que tinha em mãos, os líderes do projeto apresentariam seus planos e como o desenvolveriam, em seguida viriam os sócios, em uma espécie de integração, como uma grande empresa em que um setor conhece o outro. Cada sócio falaria da empresa que representava e de sua parte no projeto. O que incluía o texto que ensaiava há, pelo menos, três semanas seguidas, sem parar. Até mesmo no banho ela revia suas palavras, encaixando outras e alinhando de forma coerente. Era seu primeiro trabalho para fora como gerente, e ela não podia falhar.
A garota se pegou com os olhos fixados no engenheiro enquanto sua mente vagava em um lugar distante. No momento em que ela se viu encarando-o, pensou em desviar. Mas havia muitas pessoas ali e ele nem estava olhando de volta. tombou a cabeça, analisando as feições do homem à frente da mesa. O modo como seus braços se mexiam e como sua boca articulava as palavras... Não lhe era estranho. Principalmente o modo como os olhos se fixavam em seu parceiro, e do modo como sorria. pensou que talvez estudara junto com ele no mesmo campus da faculdade, ou talvez tenha encontrando-o no hotel em que trabalhava, em alguns dos eventos que organizou... não conseguia ir além, eram as únicas probabilidades de conhecê-lo de algum lugar. Principalmente, porque ela se obrigava a esconder uma parte do seu passado.
Após alguns minutos, a reunião começou oficialmente, todos fizeram sua parte, inclusive . Perguntas que não estavam em seu cronograma surgiram e ela as respondeu sem hesitar. Aquilo era um passo grandioso para uma garota de interior como ela. Tudo bem que chegar ao cargo da gerência tão cedo tem suas vantagens, porém também tem as desvantagens, como lidar com tantos magnatas do show business em um só lugar. Depois do término da reunião, juntou seus papéis em sua pasta e se direcionou ao coffee break do salão ao lado, que estava plenamente decorado como todo grande evento deve estar. Desde os pequenos talheres e guardanapos às mesas e suas decorações. tivera a sorte de começar muito cedo no ramo hoteleiro e ter passado por todas as áreas, desde a governança, arrumando camas e limpando banheiros, até seu cargo de gerente financeira. Ela fez de tudo, foi camareira, recepcionista, garçonete de eventos, já planejou vários eventos, viajou por diversos países e tem bagagem o suficiente para ser uma master em hotéis. Escolheu a graduação em economia por puro desejo de juntar o útil ao agradável: sua carreira tinha base sólida na hotelaria, mas seu desejo eram os números. Assim se fez a moça que agora adoçava um café expresso direto da máquina e pegava uma tortinha de presunto e frango. Continuou observando as pessoas ao redor, até encontrar-se com os olhos do tal engenheiro. E ver que ele estava se aproximando rapidamente, com os olhos fixos nos dela. "Jesus, qual o nome dele?" ela pensava. Peter? John? Joseph?
- Hey, , certo? – ele disse descontraído, estendendo a mão.
- Isso mesmo, , como vai? – ela lembrou-se do nome e respondeu ao cumprimento, apertando sua mão de modo firme, mas sem machucar.
- Não poderia estar melhor – ele olhou ao redor, como se dissesse que aquilo era o motivo de sua felicidade. – Esses canapés, são bons? – ele olhou de modo divertido o aperitivo que a moça comia. Afirmou veementemente e sem hesitar.
- Sim, são ótimos, deveria experimentar – ele pegou um dos canapés com um guardanapo e fez cara de surpreso quando comeu. Ele era tão... Extrovertido, descontraído.
- Não me leve à mal, mas eu acho que te conheço de algum lugar – não pode evitar que seus olhos se abrissem um pouco mais com aquela revelação, seu espanto era visível, uma vez que compartilhavam do mesmo pensamento.
- Não me leve à mal, mas eu acho a mesma coisa.
- Qual sua teoria? – ele disse enquanto bebericava o copo de suco que estava em sua mão.
- Bom, eu creio que seja do campus da faculdade ou de alguma vez que nos cruzamos pelo hotel em que eu trabalho... – ela disse reticente. – E a sua?
- Acho que a mesma... – ele disse também reticente. – Enfim, pelo menos tivemos uma imagem boa um do outro, certo? – ele olhou-a com falsa desconfiança enquanto a garota ria, afirmando. – Já é um começo. Acompanhe-me, quero te apresentar ao Ethan.
o seguiu pelo meio das pessoas no salão, tentando não perdê-lo de vista. Aproximaram-se de uma roda com homens e mulheres muitíssimo bem vestidos. colocou a moça à frente, apoiando suas mãos em suas costas levemente.
- Pessoal, essa é a , aquela que nos fornecerá uma das melhores partes de trabalhar nisso tudo: a parte em que nós dormimos! – todos riram, inclusive , cumprimentando cada um com um aperto de mão e reconhecendo Ethan e mais algumas pessoas, que teriam importância crucial para ela, como o gerente da cozinha e o de compras. Café da manhã e lençóis novos a cada 3 meses andam lado a lado com sua hospedagem.
Tiveram uma conversa casual, algumas vezes rindo pelas piadas que fazia, outras vezes rindo de histórias que contavam sobre as profissões. Passaram a maior parte do tempo se divertindo de verdade, isso era visível.
Após o coffee break, o arquiteto os levou para conhecer uma planta em pequena escala do Colosseum, a mesma "rodinha" que fora feita anteriormente permaneceu e comentavam sobre a estrutura e como ela era genial. Passaram o resto daquela manhã discutindo cronogramas e prazos, tirando dúvidas e esclarecendo tudo. Ao dar 12h30, aproximou-se enquanto verificava alguma pendência do hotel enquanto estava fora.
- Com licença, senhorita – disse cordial e sorrindo elegantemente, tornou sua atenção para ele. – Vai almoçar agora?
- Tenho umas pendências para resolver, mas creio que sim.
- Todos vão almoçar no restaurante aqui perto, mas eu realmente prefiro um belo x-burguer agora. Por acaso você me acompanharia?
Seus olhos eram de um brilhante, enquanto suas sobrancelhas se arqueavam de modo divertido e seu sorriso de lado a forçava a aceitar esse convite.
- Eu adoro junk food – riu, guardando o celular no bolso.
Ambos foram andando calmamente lado a lado até chegarem à praça de alimentação, avistaram o Burguer King e trocaram um olhar quase confidente.
- BK? – ele perguntou com o mesmo sorriso.
- BK – afirmou, também sorrindo.
A cena a seguir poderia considerar-se a mais bizarra de todos os tempos. Dois grandes executivos, com roupas sociais de grife gargalhando, enquanto ambos estavam sujos de ketchup e molho barbecue.
- Ai, meu Deus, , você está todo sujo! – a garota disse rindo.
- Você está mais! – ele disse, tentando se limpar com um guardanapo. – Olhe eles ali, nem estão se divertindo.
apontou com a cabeça para um restaurante ali perto, a maioria dos sócios estavam lá, com caras fechadas e comendo conforme a etiqueta, coisa que e não estavam fazendo nem um pouco.
- Realmente, aqui está bem melhor.
Ela voltou os olhos aos do garoto à sua frente, seu tom de parecia estar mais brilhante a cada momento e aquele maldito sorriso de lado não parecia querer deixar seu rosto. Ele já havia terminado seu lanche e olhava concentradamente para que, completamente envergonhada pelo olhar incisivo que estava recebendo, colocou o último pedaço de lanche na boca, tomando refrigerante logo em seguida.
- Ainda está... – chamou sua atenção, apontando no próprio rosto o lugar em que ainda estava suja. Ela deu um pulo na cadeira, pegando rapidamente o guardanapo e limpando o molho que ainda estava ali. – Você disse que tinha pendências para resolver?
- Sim, é no meu trabalho, mas sabe se virar. Não é nada grave.
- Entendo. Vamos? – ele pegou a própria bandeja, já levantando-se.
já sabia muito bem de onde conhecia a garota, e mal podia acreditar. Depois de tantos anos ela estava ali, à sua frente. Mais madura, responsável, mas não estava diferente de 8 anos atrás. 8 anos. Quanto tempo já faz desde o último adeus. Ele queria tanto tocá-la, abraçá-la e dizer "Hey, sou eu, lembra-se de mim?". Mas deveria esperar o momento certo para dizer. Ela não parecia se lembrar, mas não a culpava, uma vez que ela queria esquecer aquela época. Mas, e se ele tentasse novamente? Foram tantos anos, mas ele nunca se esqueceu. Nem um dia sequer ele dormia sem lembrar-se daquele sorriso. Pensou em voltar, procurá-la, mas ouviu um sábio conselho de sua avó e sabia que era exatamente aquilo que tinha fazer. "Espere, se for pra ser, será. Nem que seja daqui 50 anos".
Depois de um dia inteiro de muitas reuniões, papéis e palestras, já estava um caco. Engana-se quem pensa que essa vida de escritórios não cansa, pelo contrário. Porém, não é um desgaste físico, e sim, mental. Como a estrutura para receber todos ali já estava pronta, logo o quarto de também estava. E era para lá que ela ia, se não fosse o fato de ter esbarrado com e Ethan no corredor de acesso aos elevadores.
- Hey, olha só quem está aqui – disse Ethan
- Estávamos falando de você – trocou um olhar com Ethan e arqueou uma sobrancelha para , que encarou confusa. – Teremos um coquetel mais tarde, na mesma sala do coffee break. Quer aparecer por lá?
- Aprecio o convite, mas estou um pouco cansada... – tentou fazer sua melhor cara de cansada, o que não foi tão difícil.
- Vamos lá, , só um drink. Não precisa ficar a noite inteira, até porque, nem nós ficaremos! – Ethan disse animado. Olhou para , depois para Ethan. Estreitou as pálpebras ao ver o sorriso de "diz que sim" na cara dos dois e riu baixo.
- Vocês são impossíveis. Ok, apareço lá às 21h.
- Estaremos esperando. – disse, dando passagem para que pegasse o elevador, acenando em despedida antes que a porta se fechasse.
- É ela mesma? – Ethan perguntou curioso
- Sem sombra de dúvidas. – mordiscou seu lábio inferior, enquanto ainda encarava o elevador.
se jogou em sua cama, percebendo que cairia no sono fácil, fácil. Eram 16h34, daria tempo de sobra para dormir até às 19h, pelo menos. Colocou o alarme para despertar esse horário, vestiu uma roupa mais confortável e se embrenhou no edredom de sua cama, dormindo em seguida.
" estava em sua cama enquanto relia um dos livros de Percy Jackson, sua saga preferida. Viu sua mãe adentrar pelo seu quarto, sorrindo enquanto dizia. 'Ele chegou'. rapidamente fechou o livro, colocando-o sobre o criado mudo, andando apressadamente para fora de casa, se despedindo da mãe antes de fechar a porta. Viu o garoto encostado no carro apenas esperando-a. Soltou o sorriso que ela mais adorava, aquele de lado, meio brincalhão. Suas sobrancelhas, meio arqueadas, faziam uma moldura perfeita para o par de olhos brilhantes com um tom de . Ele sempre tinha aquela mesma reação quando encontrava-a e ela sabia disso. Ela andou rapidamente para seus braços, depositando um beijo leve sobre seus lábios e sussurrando um oi em seguida. De repente, o olhar do rapaz tornou-se nebuloso, como se tivesse se lembrado de algo.
- , preciso te levar a um lugar. – Ele disse, meio frio. estranhou sua atitude, mas concordou, entrando no carro.
O caminho inteiro foi silencioso, até chegarem ao alto da montanha, que ficava no entorno da pequena cidade. O pôr do sol se aproximava, mas sentia que aquele seria um pôr do sol diferente, e não especial como sempre fora das outras vezes. Eles sentaram-se no capô do carro, enquanto ele afagava o ombro da garota, puxando-a para si e respirando fundo.
- Tem algo a me dizer? – ela perguntou, tão baixo que duvidou que ele tivesse escutado.
- Eu...
O garoto tentava encontrar as palavras. Na verdade, já tinha encontrado, era simples de dizer, mas não conseguia formular a frase e, muito menos, dizê-la em voz alta. A garota em seus braços olhou-o incisiva, franzindo o cenho e tentando procurar qualquer pista que denunciasse o porquê do comportamento do garoto. Ele puxou a coragem desde o dedinho do pé, dizendo em um só fôlego:
- Eu passei na Imperial College London para engenharia civil.
O que era pra ser uma notícia super fantástica, tornou-se um uma grande bigorna que caiu em cima do coração da garota, estraçalhando-o. Certo, seu melhor amigo, vulgo amigo colorido, havia passado na melhor faculdade de engenharia civil do mundo, isso não acontecia todos os dias, mas tinha que ser do outro lado do mundo? Os dois sabiam o quanto seria difícil viver um longe do outro, ainda mais quando se tem um oceano e milhas de distância separando-os. Era praticamente impossível continuar a mesma coisa, os dois eram tão acostumados um com o outro... Se conheciam desde pequenos, começaram a ter uma ‘amizade com benefício’ aos 16, ele viajou por duas semanas e ela quase ficou louca! Por Deus, eles necessitavam estar um perto do outro!
- Olha... Eu sei o que vai acontecer, sei da sua opinião quanto a ficarmos um longe do outro, mas... É importante para mim – ele dizia, com lágrimas nos olhos – você sabe que é. É meu sonho, assim como cursar economia no MIT é seu sonho.
- A diferença é que o MIT fica em Boston, apenas alguns quilômetros daqui. Eu poderia te ver todos os fins de semana – a garota já estava chorando
- Querida, eu sei, mas... – ele já estava sem palavras. Era o fim e todos sabiam disso.
- Quando você vai? – ela perguntou, olhando para o pôr do sol. O que antes era precioso para ela, agora se tornava triste e melancólico, como uma marca, que ficaria para sempre em sua memória e coração.
- Amanhã de manhã – ela afundou o rosto em seu pescoço, chorando mais alto. – , por favor... Não pense que tudo acabou – ele levantou o rosto da garota pelo queixo – eu vou pensar em você, em nós, todos os dias. Você vai sempre estar em meu coração e eu nunca vou deixar de... – ele hesitou – Eu nunca vou te esquecer. Ainda não acabou.
- O que quer dizer?
- Nancy, minha avó, disse que se for para ser, será. Nem que seja daqui 50 anos.
- Não aguento viver nem um dia longe de você, quem dirá 50 anos.
Ele não pensou duas vezes antes de beijá-la fervorosamente, como se quisesse gravar cada pedaço, cada gosto dela. E ela devolveu à mesma altura, sentindo o salgado das lágrimas teimosas, que insistiam em cair. Era um beijo de despedida, claro, mas ela sentia uma pequena chama arder em seu coração. Sabia o que era aquilo, sabia que não tinha acabado, que aquilo não era o fim. Então resolveu deixar o destino dar suas cartas, ela aguardaria paciente. Ou não.”
acordou assustada com o sonho. Há muito tempo não tinha aquele sonho, queria enterrar no mais profundo da sua mente após a revolta de saber que não veria o garoto que ela amava – mas não admitia – por muito tempo. Então ela queria esquecê-lo para poder viver sua vida em paz, mas sonhos com momentos repetidos e imaginações de um futuro rondavam sua mente quando a garota ia dormir. Ela se perguntava até quando aquilo iria acontecer, mas conforme o tempo foi passando, ela percebeu que os pensamentos e sonhos foram parando, até não estarem mais tão presentes quanto antes. E também que eles não doíam mais como antes. Pensar naquele seu amigo, quase namorado, agora não fazia mais tanto efeito nela, não conseguia nem imaginar sua própria reação ao revê-lo, talvez nem sentisse mais nada por ele... Talvez...
Ainda tinha suas dúvidas quanto aos seus sentimentos, porque outras pessoas entraram em sua vida depois dele. É difícil ressuscitar algo que, aparentemente, está morto. O alarme a fez sair de seus devaneios e ela levantou-se em um pulo para se produzir para a noite que viria.
ajeitava sua camisa azul royal com detalhes em branco enquanto se olhava no espelhom que dava uma visão de corpo inteiro. Tentava se lembrar da época em que tinha 18 anos, se mudara muito, emagrecera ou ficara mais pálido. Não conseguia lembrar-se fisicamente de si mesmo, mas sabia que suas experiências haviam mudado seu ser. Estava mais aberto à vida, enquanto se trancafiava em sua adolescência, estava mais extrovertido e alegre, como se todos os motivos o fizessem sorrir. Era, definitivamente, uma pessoa feliz. Ajeitou mais uma vez seus cabelos, de modo que ficassem perfeitos para seu próprio gosto. Passou seu melhor perfume, saindo do quarto em seguida. Encontrou com Ethan no andar de baixo, fazendo uma brincadeira com o amigo enquanto riam alto. Andaram lentamente até a tenda branca com luzes de neon colorindo o ambiente. Já passavam das 21h, um arrepio passou no estômago de . “Será se ela vem mesmo?” o pensamento o fazia se lembrar da mulher que convidara mais cedo, acelerando seu coração instintivamente e sentindo um leve bambear nas pernas. Pegou um drink colorido, porém fraco de álcool, encostou-se ao balcão e procurou no meio das poucas pessoas que estavam ali, bebendo socialmente, por uma garota de cabelos caídos nos ombros e sorriso doce. Nada. Ethan estava encarando-o curioso e disse:
- Cara, você tá bem? – olhou-o confuso.
- Sim, por que não estaria? – tomou mais um gole do drink
- Você tá encarando todo mundo quieto... Você não é assim.
- Estou normal.
Quase como instintivamente, seus olhos foram até a entrada principal, onde uma garota, melhor, uma verdadeira mulher entrava, vestida em uma saia de couro preto e uma camiseta estampada. Sobre a camiseta, um blazer preto informal. Ela estava de salto alto, o que a deixava linda, e seus cabelos estavam perfeitamente arrumados em vários cachos grossos. Sua maquiagem marcante dava destaque aos seus olhos e sua boca com batom vermelho. Ela aproximou-se vagarosamente quando avistou com um drink e Ethan com um sorriso no rosto e as mãos nos bolsos. Ao avistar , encostado com aquela camisa social, as mãos de suaram incontrolavelmente e ela não sabia por quê. Desde criança sempre teve essa coisa de "sexto sentido" e sentia um pressentimento, que poderia ser bom ou ruim. Nesse momento, ela não conseguia identificar, mas parecia ser muito bom. aproveitou os últimos segundos antes da garota chegar para apreciá-la mais uma vez da cabeça aos pés e se certificar de que nada mudou.
- Hey, você veio! – Ethan adiantou-se
- Sim – ela sorriu doce. – Aqui está muito bem decorado, adorei – ela olhou ao redor, encantada.
- Bom, tenho que receber uns convidados pessoais. Volto logo! – Ethan saiu, dando tapinhas no ombro de .
- Aceita um drink? – perguntou à , que aceitou com um aceno.
Eles foram até o bar, pediram um drink e, de repente, a música que antes estava calma e baixa, transformou-se em uma música dançante e rápida. mal pode conter seus pés, ela adorava dançar. E sabia disso.
- Quer dançar? – ela afirmou, como se agradecesse que ele tivesse oferecido.
se movimentava timidamente conforme a batida da música, a acompanhava da mesma forma. O olho crítico de decoração de eventos de passeava por cada detalhe do salão improvisado. Era em um espaço aberto, que fora coberto por um chão de madeira improvisado, várias colunas cobertas por pequenas luzes sustentavam a estrutura de ferro e tecidos brancos, que lembravam uma lona de circo. As luzes coloridas dançavam pelo teto e chão, o bar, estrategicamente posicionado no centro do salão, as poltronas e cadeiras almofadadas, as mesas com flores delicadas, que davam um toque très chic ao local, e as poucas pessoas que estavam ali ajudavam a deixar o ar como uma "balada elegante". observou o olhar da garota ao redor, dando um olhar curioso e observando-a com cuidado. Ela se espantou ao saber que o garoto a observava, o que fez com que o mesmo sorrisse maroto.
- Você é bem observadora – ele apontou ainda se movimentando perto dela.
- Trabalhei com evento muitos anos, gosto de observar os detalhes.
- Então me acompanhe, quero te mostrar um lugar. – Ele segurou instintivamente a mão de , de modo suave, para que eles não se perdessem, e foi andando em direção à saída.
Para a surpresa de , eles voltaram para o prédio e entraram no elevador, apertou o botão do último andar e eles começaram a subir.
- Para onde vamos? – ela perguntou um tanto desconfiada.
- Para o meu escritório e o de Ethan, você vai adorar.
Ela se perguntou por que adoraria mais um escritório em sua vida, sendo que vivia dentro de um, praticamente, mas não questionou. Rapidamente chegaram ao último andar, a porta se abriu, revelando outra porta, com leitor de digitais. encostou o polegar e a porta se abriu para um enorme escritório cheio de papéis enrolados e separados em uma estante moderna, própria para aquele tipo de armazenagem. Havia livros grossos e duas escrivaninhas com um notebook em cada. Na parede paralela à de entrada, uma cortina de tecido pesado e grosso se estendia por toda a parede. abriu os braços, sorrindo, enquanto olhava maravilhada o lugar. Além das duas escrivaninhas, havia também uma grande mesa de arquiteto, com réguas enormes e uma grande folha de plantas de terreno.
- Uau – foi tudo que ela conseguiu dizer
- Ainda tem mais. – foi até o canto da sala, puxando suavemente uma corda, que revelava o que estava por trás da cortina.
Se tivesse uma câmera fotográfica em seu cérebro, provavelmente teria tirado centenas de fotos da visão que tivera a seguir. A cortina abriu-se, revelando o vasto espaço que o Colosseum seria construído, e o cavalete de arquitetura estava estrategicamente posicionado para que ficasse com a visão panorâmica que a janela trazia. Era possível ver os limites da propriedade determinados por muros iluminados, era possível ver a festa que estava acontecendo na tenda logo à frente deles. Era possível ver tudo. Imagine quando o Colosseum estivesse pronto?
foi andando a passos lentos até encostar no vidro da janela, ainda boquiaberta. Ficou mais maravilhada ao notar a pequena sacada que ficava a baixo aquela parede de vidro, como um pequeno espaço de descanso.
- Quer ir lá? – perguntou ao seu lado, ela apenas afirmou com a cabeça.
abriu a porta de vidro disfarçada no meio da janela e ambos saíram para a sacada. pode ver o céu estrelado, o que se tornara sua paixão desde o ocorrido com o pôr do sol. Ao encostar-se o parapeito, ela ergueu a cabeça e contemplou a lua cheia e as estrelas iluminadas. Consideravelmente longe da cidade, o céu ficava mais estrelado e era simplesmente lindo.
- Sempre gostei de ver as maravilhas naturais que o céu proporciona – disse de repente, fitando-a de um jeito estranho.
- Eu também – ela sorriu de lado, agora olhando para o horizonte.
- Um dos meus preferidos é o pôr do sol – ele comentou e subitamente lembrou-se do episódio com seu “melhor amigo colorido”.
De repente, pegou-se perdida em pensamentos. Não se lembrava de por que tinha ficado tão afetada com a ida dele para a Inglaterra. Eles se gostavam muito como amigos, era óbvio, mas ficavam de vez em quando. E, quando ela pensou que finalmente começariam a namorar, ele foi embora. Portanto, ela queria esquecê-lo e viver sua vida, coisa que conseguiu fazer.
- Onde você estudou? – ele perguntou, fazendo-a despertar de seus devaneios.
- Estudei no MIT, Massachusetts Institute of Technology. E você?
- Estudei no Imperial College London. Não é do campus da faculdade que nos conhecemos, .
Ela ouviu o apelido, antes muito utilizado pelos seus amigos, sair dos seus lábios dele, e o som pareceu ter destravado várias engrenagens enferrujadas em seu cérebro, pondo-as para funcionar. Subitamente, seu estômago deu um nó. Ela resolveu olhá-lo nos olhos, dessa vez ele não estava com o rosto brincalhão e sim, sério. Seu semblante estava completamente diferente do que ela vira quando chegara ali. Ela buscou mais fundo nos olhos dele, ligando todos os pontos e reconhecendo aquela íris, finalmente.
- ... – ela disse mais para si mesma. Estava tudo tão claro agora.
- E aqui estamos nós de novo. 8 anos depois.
Eles não se abraçaram ou choraram ao perceberem o reencontro. Pelo contrário, ficou estática, olhando-o com um misto de vontades. Isso incluía vomitar, desmaiar, sair correndo, gritar, pular daquele parapeito ou simplesmente abraça-lo e dizer que sentiu sua falta. estava louco de vontade de poder tocá-la mais uma vez, até mesmo de beijá-la mais uma vez. Vários flashbacks vinham na cabeça dos dois, ressuscitando memórias perdidas no tempo.
(Sente-se com um velho amigo)
Like time it never stops
(Como se o tempo não tivesse parado)
From the cradle to the coffin
(Do berço ao caixão)
We drink until we drop
(Nós bebemos até cair)
“Os dois jovens estavam voltando da festa de um dos amigos. Haviam bebido além da conta e tropeçavam pela calçada, rindo e falando bobagens.
- , olha, eu acho que meu dedo é torto – o garoto colocou o dedo próximo demais do rosto da garota, fazendo-a ficar vesga e os dois caírem na gargalhada.
- Não, seu tonto, claro que não.
- Tonto? Repete? – ele olhou-a, desafiador
- E você vai fazer o quê? – ela colocou as mãos na cintura, olhando-o intimidadora.
- Apenas repita... – ele aproximou-se um passo
- Tonto – ela sibilou.
Foi tudo muito rápido, logo estava sobre os ombros de , esperneando, tentando descer, e gritando enquanto ria. Os dois foram daquele jeito, gritando e rindo, até a casa de . Para sua surpresa, seus pais não estavam em casa. No caminho até ali, ela percebeu que o efeito do álcool já estava passando. Avistou um bilhete grudado na porta, que dizia que eles haviam ido a uma festa, sem previsão de horário para voltar.
- Todo mundo resolveu se divertir hoje, huh? – brincou.
- Bacana, vou ficar sozinha mesmo. Obrigada, tonto – ela repetiu o xingamento mais uma vez.
- Agora vai ser pior... – falou entredentes, mostrando as mãos em forma de garra. arregalou os olhos e entrou em casa correndo, com em seu encalço.
Os dois caíram no sofá enquanto fazia cócegas na amiga sem piedade. Depois de muito tempo assim, eles ficaram rindo fraco, enquanto estava sobre a menina. Ele ajeitou seus cabelos, ainda sorrindo fraco. O silêncio reinou. fez um carinho leve na bochecha dela e beijou o canto do lábio entreaberto de , que ficou sem reação. As respirações ofegantes da brincadeira anterior se misturavam. roçou o nariz no da menina, fazendo com que os dois se arrepiassem. Lentamente, suas bocas se aproximaram, roçando uma contra a outra sem pressa, sem urgência. queria aquilo há muito tempo, hoje era a oportunidade perfeita. Se reclamasse, daria a desculpa de que estava bêbado e não se lembrava de nada. Finalmente os dois se beijaram. No início, foi estranho, já que eles estavam acostumados apenas com a amizade. Mas logo que descobriram o gosto um do outro, não queriam parar. estava surpreendida por ter gostado tanto de beijar o melhor amigo. Oh céus, isso estava errado! Eles eram praticamente irmãos! Mas as carícias de , o gosto do seu beijo e a maciez dos seus lábios afastavam qualquer voz que queria atrapalhar aquele momento."
- Não pode ser... - estava despertando dos seus devaneios e reconhecendo pequenos detalhes no rosto do rapaz. não tinha ligado o nome à pessoa, ficou tão chateada com , que simplesmente enterrou-o com seu nome e todas as memórias. Ninguém seria capaz de recobrá-la, porque já fazia tanto tempo...
- Pode sim. Na verdade, é sim. Sou eu, – ele sorriu, aproximando-se devagar. Seus dedos e suas mãos formigavam para tê-la em seus braços mais uma vez.
- Não pensei que te encontraria de novo. Ainda mais nestas circunstâncias.
- Você está casada? – perguntou apressado, como se as "circunstâncias" fossem essas.
- Não, é que... Eu mudei, você mudou...
(Sim, nós crescemos na mesma rua)
Small town under the hill
(Pequena cidade embaixo da montanha)
- Nossas condições de vida mudaram, mas eu continuo sendo o , você continua sendo a .
- Desde quando você se mudou para Londres, eu não fui mais a mesma.
(Mas os sonhos foram perdidos e enterrados bem embaixo do sol)
- Desde quando eu fui pra Londres, eu só pensava em te reencontrar. Dougie me ajudou, dizendo como você estava. Quando soube que já tinha me esquecido, tentei te esquecer... Não consegui.
(Todo o dia, toda a noite, continuo pressionando para voltar)
All day, all night, I remember
(Todo dia, toda noite, eu me lembro)
- , eu era jovem. Nós éramos jovens. Nem tínhamos nada sério. Era como uma... Brincadeira.
"- Finalmente! – exclamou ao ver a menina chegar à lanchonete que haviam marcado. Ela tentou cumprimentá-lo com um beijo no rosto, mas ele virou, dando um selinho e deixando corada.
- Desculpe... – ele sorriu, encantador. Não que não quisesse beijá-lo, até mesmo porque tinha gostado na última vez, mas sentia vergonha. – Estive pensando...
- Sobre?
- Nós.
Um arrepio correu pela espinha da garota. Ela também estivera pensando sobre os dois, pensando que, se namorassem, tinham uma probabilidade de não darem certo e estragarem a amizade. Ela não queria perdê-lo, por nada nesse mundo.
- Eu admito que sempre quis te beijar... – ele começou –, mas não encontrava uma brecha. E percebi que você gostou do que aconteceu no fim de semana. Queria saber uma posição sua, se acha que devemos levar isso mais a sério, se devemos esquecer e fingir que nada aconteceu...
mordeu sua bochecha por dentro em um ato de nervosismo. Não queria fingir que esqueceu, mas não queria levar a sério. Como explicar?
- Olha... Eu admito que fiquei surpresa com isso. Mas não quero fingir que nada aconteceu. Porém, acho cedo e precipitado se nós começássemos a ter algo sério pelo fato de termos nos beijado. Não sei o que fazer.
- Penso da mesma forma. Você queria... Continuar? – ele corou. – Digo, a gente continuar se... – gesticulou tentando encontrar a palavra certa –, relacionando dessa forma?
- Sim – disse baixo e afirmando levemente com a cabeça.
- Então... O que nós somos?
- Já ouvi falar disso. Amigos que se beijam, mas não namoram e nem deixam de ser amigos. Amigos com benefícios.
O garoto sorriu de lado, segurando a mão dela em seguida. Logo pediram um sorvete e conversaram, como se todo aquele constrangimento não tivesse existido. Desde então, sempre que podiam, eles se beijavam docemente, sem intenções a mais. Apenas porque gostavam de estar daquele jeito. Era uma bolha impenetrável, um mundo somente deles e que só eles entendiam. Não assumiam para ninguém, e eram extremamente felizes daquela forma. Até eles começarem a se gostar de verdade. Do tipo de sentir ciúmes, de chorar sentindo saudade, de querer ficar perto o tempo inteiro. E ficou mais difícil ainda com a despedida de e a não oficialização daquele romance. Ambos ficaram frustrados.”
(Nós éramos jovens, éramos selvagens, estávamos meio caminho livre)
We were kids on the run on a dead-end street
(Nós éramos crianças na corrida a um beco sem saída)
- Você sabe que essa brincadeira ficou séria, – ele disse calmo, fazendo a garota fugir de seu olhar.
Ela não queria admitir que aquele reencontro mexera com seu coração mais que o desejado. Ela queria expulsar todos aqueles sentimentos, aquela maldita frase de Nancy, queria esquecer que estava ali, em sua frente. Queria ignorar o modo como suas pernas estavam bambas em cima do peep toe e como seu corpo parecia formigar querendo abraçá-lo de uma vez por todas, eliminando qualquer resquício de distância que existia ali.
(Mas olhando para trás no meu espelho retrovisor)
You know the view used to be much clearer.
(Você sabe o ponto de vista costumava ser muito mais claro)
se perguntava por que raios a garota não deixava de ressentimentos e ficava feliz em vê-lo. Perguntava-se o por que de tanta dúvida da parte dela, o que estaria se passando em sua cabeça para não admitir que também estava com uma imensa vontade de matar a saudade. Não sabia por que tanto orgulho.
- ... Você ficou mais linda do que já era – ela ignorou o fato do seu estômago ter dado mais uma volta. – Desculpe, mas... Eu quero muito te abraçar agora – ele andou mais um passo e quase recuou um.
Olhou em seus olhos e eles estavam marejados. Seu coração despedaçou-se. Sabia que ele estava sendo sincero. Acima de uma paixão de adolescência, ele era seu melhor amigo. E, pela amizade, ela faria aquele esforço. Relaxou os músculos e respirou fundo antes de aproximar-se mais dele, vendo-o abrir os braços e envolvê-la como nunca antes.
Ele estava mais alto e mais forte, seu perfume mudara. Ela estava com os cabelos maiores e com mais corpo que ele se lembrava. Seu perfume de flores parecia o mesmo.
aspirou fortemente e se aconchegou ainda mais nos braços dele, engolindo todo o orgulho e se entregando de vez à saudade. E realmente, como ela sentira saudade. Por mais que tentasse ignorar a todo custo à existência dele, tinha sonhos com ele, acabava não o esquecendo. Ele, tão paciente, sabia que aquele momento chegaria, só deveria esperar a hora certa. E a hora era aquela. estava novamente em seus braços e nada mais importava.
(Mas nós rimos e choramos até não existir mais lágrimas)
Yeah, tonight can we just hold on to those 18 years?
(Sim, essa noite podemos apenas nos segurar naqueles 18 anos?)
se sentia novamente aquela garota de 18 anos, que se obrigava a viver intensamente, a não medir esforços pelas pessoas que ama e, principalmente, de se entregar por inteiro, sem receios. sentia a extrema necessidade de protegê-la e de andar ao lado dela para sempre, assim como seus sonhos, de quando tinha 18 anos, mandavam e ele nunca se esqueceu. Ele sabia exatamente como e com quem queria aquele futuro que estava vivendo agora. Não tinha planejado que fosse dessa forma – que os dois se separassem –, mas agora tudo fazia sentido: o destino realmente queria os dois juntos, não importa o que aconteça. A moça em seus braços pensava exatamente o mesmo, que mesmo depois de todo esse tempo, eles poderiam recomeçar. Ela queria aquilo mais que tudo. Inebriada pelo cheiro que exalava de , ela poderia ficar daquele jeito para sempre.
- Não pense no que aconteceu, . Vamos ficar apenas com aqueles 18 anos – ele sussurrou em seu ouvido e pode senti-la respirar profundamente.
Ela olhou em seus olhos, aquele que sempre invadia sua alma. Ela sentia seu peito se aquecer e de repente seu estômago parecia dar voltas, se divertindo com toda essa situação. Seu cérebro não demorou para processar o que aconteceria, acariciava seu rosto levemente enquanto parecia gravar cada detalhe de seu rosto. Aproximando-se, encostou seu nariz ao dela, misturando suas respirações. Ela encostou levemente suas mãos na cintura do garoto, abraçando-o delicadamente. E então seus lábios se tocaram, como desconhecidos, pela primeira vez. Depois de amadurecerem, era como se tivessem se tornado outras pessoas. Por mais que tivessem vivido todo aquele tempo na infância, agora era como se fosse a primeira vez. As lembranças iam permanecer para sempre, mas aquele novo começo seria melhor do que se tivessem ainda vivendo junto todo esse tempo. Por quê? A vida nos faz aprender muitas lições. Entre elas, aprendemos a ver o lado bom em algo que dá errado. Talvez, se tudo não tivesse dado errado, os dois não estariam juntos agora. Juntos, se beijando na sacada do prédio, à luz das estrelas. Ambos os corações explodindo de felicidade por, finalmente, estarem juntos. Todo aquele sentimento de quando tinham 18 anos voltou à tona. O momento estava propício para aquilo, eles sabiam o que estavam sentindo, por mais que antes quisessem esconder.
- Que tal se fizermos uma nova memória, dessa vez com esse céu lindo e estrelado? – sussurrou, acariciando os cabelos da garota.
- Que tipo de memória?
- O dia em que começamos a caminhar juntos novamente.
Ambos sorriram um para o outro, e não hesitaram em colar os lábios novamente e acabar com qualquer resquício de distância, que o tempo ou as circunstâncias pudessem criar. O futuro a Deus pertence, já diziam os antigos. Quem sabe o que aconteceria daqui pra frente?
2 anos depois...
- !!! Meu vestido enganchou!!! – gritava atordoada, enquanto estava presa em algum ponto do quarto que nem ela sabia.
- Mulher, deixa de escândalo! – desenroscou o vestido branco da amiga, que estava preso no gancho da porta do banheiro.
- Eu tô bem? Tô apresentável? – perguntava desesperada e afobada.
! – segurou os ombros da garota com firmeza. – Você. Está. Linda. Deixa de paranoia! Agora, você vai sair por aquela porta, grudar no braço do teu pai, andar por aquele tapete vermelho, dizer sim e ir ser feliz em Paris com seu boy magia, entendeu?
As duas caíram na gargalhada e se abraçaram. sabia de toda a história de e , apoiava os dois e até ajudou no casamento da amiga. Seria em uma chácara, e elas estavam dentro da casa se arrumando. Era um domingo ensolarado e de clima fresco, seu vestido branco e com rendas foi especialmente moldado para ela e tudo estava dentro dos conformes. Como era madrinha, saiu primeiro, ficou junto com seu pai.
- Pensei que você tivesse virado uma mulher depois de sair de casa. Depois, pensei que tivesse virado depois de formada. Depois, pensei que seria depois de virar gerente. Agora, percebo que você está se tornando uma mulher de verdade se casando. Talvez eu mude meu conceito quando tiver uns netos... – ele disse brincalhão
- Netos? No plural? – os dois riram e se abraçaram. Lágrimas ameaçaram cair do rosto de .
- Não chore, você está tão linda! – ela olhou para cima, na tentativa de afugentar as lágrimas. – Eu amo você – o pai beijou a testa da filha, que não precisou dizer nada. Seu pai a conhecia muito bem para saber que ela o amava e que, se falasse algo agora, acabaria em prantos.
Quando um trompete soou com o toque famoso da marcha nupcial, soube que deveria se mover para o altar. Foi o que fez, junto de seu pai. Viu tantas pessoas ali, sua família, amigos, todos sorrindo emocionados. E viu . Seu sorriso, combinado com seus olhos marejados, deixavam-no mais lindo que o normal. Quando chegou ao seu lado, foi recebida com um beijo na testa. E, quando chegou a hora, ambos disseram sim um para o outro. Disseram sim para toda aquela história. Juntos ou separados, eles diriam sim. Algumas coisas são feitas para dar certo. E essa era a história deles. Após a cerimônia, entregou um bilhete à sua esposa e sussurrou para que ela abrisse quando estivessem no avião. A festa se passou com muita comemoração e celebração pelo acontecimento. As tradições de jogar o buquê e cortar a gravata foram seguidas, depois que tudo terminou e eles puderam finalmente sair de toda aquela loucura e embarcarem no avião, dormiu exausta. Acordou no meio do voo com a abraçado, dormindo profundamente. Retirou o bilhete do bolso o mais calmamente possível, para que seu esposo não acordasse. Nele estava escrito "Abra a janela". Ela obedeceu e se deparou com um lindo por do sol. Completamente diferente de todos os outros, por estarem acima das nuvens. Abaixo da frase uma setinha indicando para ver o verso do papel.
A garota se pegou chorando enquanto fazia uma nova memória com aquele pôr do sol. O dia em que foi consumada a união dos dois. Ela olhou para , que agora estava acordado, fitando-a curioso.
- Eu não aguentaria esperar 50 anos – ela sussurrou, ainda com lágrimas nos olhos. Ele beijou seus lábios delicadamente.
- Eu amo você – sussurrou em seu ouvido e abraçou-a fortemente.
Não precisou ouvir a resposta para saber que ela também o amava. E, só por ela estar ali, só por ela der dito sim, não só hoje, como todos os outros dias, já valia por todo o tempo em que ficaram longe, em que a saudade apertou, em que o choro veio. Só por ela finalmente ser dele pelo resto da vida, compensava todo o sofrimento passado. No fundo, ele ainda se sentia um garoto de 18 anos perto dela. Mal ele sabia, mas ela também se sentia da mesma forma. E, por mais que criassem momentos e história juntos, eles sabiam que aquele sentimento só existia por causa dos 18 anos.
Fim
Nota da autora: Oooooi gente linda! Essa é minha primeira fic postada em qualquer lugar dessa internet que pessoas que eu nem conheço podem ler, estou mega nervosa, pois sou super insegura! Escrevo desde os 12 anos (tenho 18 hehe), mas nunca postei nada por pura vergonha hahaha Se tivermos um resultado positivo com 18 years, eu posto mais coisinhas haha. Adorei ter escrito 18 years, porque amo essa coisa de nostalgia e reencontros, é justamente sobre isso que a música fala. Adorei ter conhecido Daughtry também, graças à Lara <3 e enfim haha obrigada por ter lido até aqui, se gostou deixe um comentário, por favor ^-^
Beijoooos ;*
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